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COMPLICAÇÕES PÓS OPERATÓRIAS Prof. Danilo Faria - Complicações PO são frustantes e de díficil tratamento - Apesar das habilidades técnicas do cirurgião, as complicações são uma possibilidade real - Risco de complicações diminui com: Cuidadosa avaliação pré operatória Realização cuidadosa dos tempos e técnica cirúrgica Vigilância pós operatória - Pronta resposta a complicação faz diferença marcante entre uma complicação breve e inconveniente e uma complicação devastadora e incapacitante COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA Seroma: - Coleção de gordura liquefeita, soro e linfa sob a incisão, no TCSC - Complicação benigna, particularmente comum em grandes dissecções de TCSC e obesos - Líquido claro, amarelado, viscoso - Abaulamento na ferida operatória, com desconforto e ocasionalmente com drenagem pela FO - Aspiração sob técnica asséptica associada a curativo compressivo está indicada - Seroma reacumula após 2 aspirações, em geral deve ser esvaziado com abertura na FO, parcial ou completa - Se houver tela na FO, esta deve ser retirada na presença de infecção secundária Hematoma: - Coleção anormal de sangue, em geral no TCSC, ou em espaço na cavidade após exérese de um órgão - Mais preocupantes que os seromas pelo maior risco de infecção secundária - Formação relacionada com hemostasia, fatores de coagulação, coagulopatia - Manifestações variáveis, abaulamento, tumefação em expansão ou dor na incisão - Pode comprimir estruturas (pescoço e extremidades), causar anemia e consumo de fatores de coagulação com coagulopatia secundária - Abaulamento macio, azul-arroxeado, por ventura com drenagem pela FO - Previne-se com correção de distúrbios de coagulação e suspensão de medicamentos que alterem a cascata de coagulação e agregação plaquetária: Pesar risco benefício de sangramento X eventos tromboembólicos - Hemostasia adequada e drenagem de espaços grandes com potencial acúmulo de líquidos - Hematomas pequenos em geral são reabsorvidos - Hematomas maiores ou em expansão necessitam ser evacuados cirurgicamente Eventração e Evisceração (Deiscência da FO): - Deiscência é separação das camadas musculoaponeuróticas Deiscência de FO: Pele Eventração: Aponeurose, com pele íntegra Evisceração: Pele e aponeurose com saída de conteúdo abdominal - Entre as complicações mais temidas por necessidade de reoperação, infecções e hérnia incisional - Mais frequente entre o sétimo ao décimo dia de PO, mas pode ocorrer em qualquer período desde POI - Erros técnicos: suturas muito próximas ou distantes da margem, ou sob tensão - Complicações da FO: infecção de FO, hematomas - Outros fatores: Pressão Intrabdominal (PIA) aumentada, uso de corticóides - Não há diferença entre suturas contínuas ou separadas: avaliar o fechamento contínuo em pacientes de risco, pois a abertura de um ponto afeta toda a cicatriz - Em 25% a drenagem de líquido claro em grande volume precede a deiscência - Pode haver evisceração súbita, sem sinais anteriores - Enventrações pequenas, no décimo ao décimo segundo dia de PO, podem ser tratadas de maneira conservadora com curativos e cinta abdominal - Eviscerações devem ser tratadas com cirurgia Cobrir alças com compressa úmidas com SF até a cirurgia Explorar cavidade abdominal em busca de abscessos, hematomas ou deiscência de anastomose - Aponeurose forte e intacta, ressutura de parede - Aponeurose infectada ou necrótica, desbridar e avaliar ressutura - Tensão na sutura, sem infecção, avaliar uso de telas - Tensão na sutura, infecção ou impossibilidade de fechamento, fazer peritoniostomia Evitar aumento da PIA Fechamento primário após 7 a 10 dias Cicatrização por segunda intenção com provável hérnia incisional - Alternativa á peritoniostomia são os curativos a vácuo Pressão negativa na FO Bomba á vácuo, reservatório com conectores de tubos e espuma com poros abertos, gaze e curativo oclusivo Cobertura imeadiata da parede, minimiza a PIA, contrai a ferida e remove líquidos, induz a proliferação celular Acelera a cicatrização e permite fechamento da aponeurose em 85% das vezes Infecção do Sítio Cirúrgico: - Problema significativo para os cirurgiões - Representam fator de risco para deiscências da FO e hérnia incisional - São responsáveis por 40% das infecções hospitalares - Superficiais, Profundas ou Intracavitárias Superficiais: Pele e TCSC Profundas: Aponeurose e músculo Intracavitária: órgãos e espaços internos - Contaminação do local cirúrgico com microrganismos da flora do paciente ou quebra da técnica asséptica e antisséptica da equipe e ambiente - 50% são bactérias Gram +, sendo o S aureus o mais comum - 1/3 apresentam bacilos Gram-, E coli e Pseudomonas - Em cirurgias de TGI predominam Gram - - Estreptococos e Clostridium são raros - Em geral ocorrem no quinto ao sexto dia de PO, e 80 a 90% ocorrem nos primeiros 30 dias - Superficiais e profundas apresentam eritema, dor, edema, com flutuação e por vezes drenagem de secreção - Pode haver leucocitose e febre - Profilaxia pré operatória é recomendada para cirurgias potencialmente contaminadas e contaminadas e em procedimentos com uso de prótese - Cirurgias infectadas o ATB é terapêutico e não profilático - Cirurgias limpas o uso é controverso - Uso de prótese: Cefalosporina de primeira geração (Cefazolina) - Trato GI, via biliar e cólon: Cefalosporina de segunda geração (Cefoxitina) - Deve ser administrado na indução anestésia, 30 minutos antes da incisão, para que haja concentração em nível tecidual na exposição da ferida - Não deve ser mantido por longo tempo no PO Dose única Replicação de acordo com tempo da cirurgia Suspenso no máximo no primeiro dia PO O tratamento dependa da profundidade da infecção Superficiais e profundas a drenagem e abertura da FO costumas ser eficientes Se houver comprometimento da aponeurose, realizar a abertura da FO e irrigação com SF Intracavitários necessitam de reabordagens ou drenagens percutâneas, a depender do comprometimento da cavidade ATB tópicos são pouco úteis, e terapia EV em geral é necessária Classificação de Feridas Cirúrgicas: COMPLICAÇÕES DE TEMPERATURA Febre: - Causada por bactérias ou suas toxinas, traumas ou como SIRS por respostas a citocinas - Até 2/3 dos pacientes tem febre PO - 1/3 são causadas por infecção - Teoria dos 5W’s - Atelectasia é a principal causa de febre nas primeiras 48 horas - Infecções mais comuns são ITU, BPC, infecções de FO, infecção de CVC entre a segundo e sétimo dia no PO - Febres altas entre o quinto ao oitavo dia no PO são preocupantes - ITU comum no PO Relacionada com permanência da sonda vesical de demora (SDV) > 2 dias E. Coli relacionada a SVD de curto prazo Outras bactérias e Candida SVD prolongada - Infecção de Cateter Venoso Central (CVC) Intraluminal: microrganismos que colonizam o cateter ou local de infusão Extraluminal: contaminação da pele na inserção Estafilococos, bactérias hospitalares multirresistentes e fungos Em geral, exigem remoção do CVC - Sempre avaliar pulmões, FO, trato urinário, TGI, panturrilhas e uso de medicamentos - Hmg e Hmc, urina 1 e urocultura, RX tórax são essenciais - ATB e tratamento dirigido a causa da febre Hipotermia: - T < 35 graus C - Em traumas em locais frios, reanimação ou lavagem de cavidade com líquidos frios, exposição de grande áreas abdominais - 50% dos traumas em hipotermia - 80% das cirurgias eletivas estão sujeitas a hipotermia - Anestésicos prejudicam a termorregulação - Intensa sensação de frio e tremor - Intensa resposta do SNP com vasoconstrição e aumento da PA, aumento do risco de isquemias e arritmias - Casos graves apresentam bradicardia,hipotensão, queda na FR e coma - Climatização da sala cirúrgica, uso de colchões e mantas térmicas e infusão de líquidos mornos Hipertermia Maligna: - Crise hipermetabólica potencialmete fatal durante ou após anestesia geral em indivíduos susceptíveis - Doença autossômica dominante, 1:30 a 50 mil - Mutação altera a regulação de Ca2+ no músculo esquelético - Anestésicos halogenados (halotano, sevoflorano) e relaxantes musculares despolarizantes (succinilcolina) elevam o cálcio mioplasmático Indivíduos susceptíveis expostos tem liberação anormal de cálcio, com ativação prolongada dos filamentos musculares, rigidez e hipermetabolismo Hipóxia celular, acidose lática e hipercapnia Morte dos miócitos, rebdomiólise, mioglobinúria IRA, CIVD, isquemia intestinal e Síndrome Compartimental - Identificação dos susceptíveis com história familiar ou pessoal de mialgia após exercício, tendência a febre, dor muscular e intolerância a cafeína - Manifestações clínica são variáveis, taquicardia, arritmia, acidose, rigidez muscular, taquipnéia, hipercapnia, hipóxia, rubor da pele, hipotensão, febre e alterações hidroeletrolíticas - Incapacidade de abrir a boca por espasmo do masseter é sinal patagnomônico precoce - Dantrolene é o relaxante muscular de escolha FABIANA SANTI CUNHA T10