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CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA Prof. Isaac Neto - Histórico - Indicações e contra - Alterações sistêmicas - Materiais e vídeos DEFINIÇÃO Cirurgia na qual o acesso as cavidades corpóreas se faz através de incisões mínimas Leva a: - Redução do trauma metabólico no PO - Redução da dor - Alta mais precoce - Retorno mais rápido ao trabalho - Menores complicações relacionadas a parede abdominal *Videolaparoscopia e robótica só traz benéficos HISTÓRICO 1901: 1a videolaparoscopia em animais 1910: 1o VLP em humanos 1990: introdução da VLP no Brasil 1998: cirurgia robótica FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - Insuflação de gás no peritônio, espaço pré peritoneal ou retroperitônio causa aumento da pressão intra abdominal (chega a 12- 15) - Semelhante a síndrome compartimental, levando a: Redução retorno venoso Prejuízo a ventilação Deprime a circulação Reduz função renal Aumento da pressão intra-craniana (alguns pacientes são operados em Trendelemburg) EFEITOS PULMONARES - Redução da incursão diafragmática - Redução da capacidade vital e complacência - Redução da capacidade funcional residual - Aumento do espaço morto alveolar - Absorção do CO2 pode levar a distúrbios acido-básicos - Aumento da concentração final de CO2 *Os pacientes portadores de DPCO, sepse e de baixo DC são contraindicados para videolaparoscopia pois os pacientes não suportam insuflação do pneuperitônio EFEITOS CIRCULATÓRIOS - Redução do fluxo sanguíneo para estômago, ID, IG e fígado - Cardíaco: Aumento da PVC devido aumento pressão intra-torácica Redução da pré carga Aumento da RVP – pós carga Aumento da PA média - Compressão da VCI (pela pressão intra-abdominal muito alta): reduz retorno venoso - Redução do fluxo sanguíneo para as extremidades inferiores - Efeitos indiretos sobre o SRAA - Os efeitos circulatórios dependem da pressão intrabdominal, posição do paciente, absorção do CO2, estratégia ventilatória, técnica cirúrgica e natureza e duração do procedimento - Efeitos circulatórios: dependem da PIA, posição do paciente, absorção de CO2, estratégia ventilatória, técnica cirúrgica e natureza e duração do procedimento PA média Aumentada Resistência vascular periférica Aumentada FC Inalterada Pressão capilar pulmonar Aumentada Pressão venosa central Aumentada Débito cardíaco Reduzida EFEITOS RENAIS - Redução do debito urinário por redução do fluxo sanguíneo e ativação do SRAA (vasoconstrição renal) Pode ser revertido com administração de volume EFEITOS NA COAGULAÇÃO - Ativação do sistema de coagulação e fibrinolítico - Posição do paciente pode desencadear a tríade de Virchow - Redução do fluxo sanguíneo para MMII - Aumento do risco de TVP e TEP (pelos efeitos do CO2 e da pressão intrabdominal aumentada ocorre redução do fluxo sanguíneo dos MMII e ativação dos sistema de coagulação) EFEITOS NA IMUNIDADE E RESPOSTA INFLAMATÓRIA - Menor ativação de fatores celulares e humorais EFEITOS NA PRESSÃO INTRACRANIANA - Aumento da PIC devido efeitos do CO2 na circulação cerebral e do aumento da PVC e posição de Trendelenburg INDICAÇÕES - Qualquer cirurgia que o cirurgião tenha capacidade técnica de executar, exceto em situações de contra indicações - Depende das contra indicações CONTRA INDICAÇÕES - A única contraindicação absoluta para esta abordagem é a impossibilidade de o paciente ser submetido a anestesia geral. - Todos os pacientes devem ter suas condições cardiovascular e respiratória analisadas antes da decisão quanto a sua cirurgia - Situações como grandes tumores abdominais ou visceromegalias, hipertensão portal, coagulopatias, aneurismas de aorta grandes e distensão de alças podem representar obstáculos à realização segura de qualquer operação por laparoscopia, devendo o cirurgião contra-indicar esta abordagem MATERIAIS - Microcâmera - Laparoscópio: 0,30 ou 45° - Monitor - Fonte de luz - Insuflador eletrônico (permite que o CO2 insufle a cavidade abdominal) *Agulha de Veress – para insuflar CO2 na região umbilical onde a aponeurose é mais delgada *Trocater – onde passa a câmera; pode ser descartável (menor probabilidade de lesão de órgão intrabdominal) ou permanente - Há formas de aprender como simuladores (baixo custo, longa duração) e prática em animais (estrutura complexa, elevado custo, curta duração, similar a realidade) *Primeiro passo é puncionar na região do umbigo com agulha de Veress e realizar a inserção da agulha em ângulo de 45 graus (90 graus tem chance de atingir vísceras) CUIDADOS - Posicionamento adequado do paciente - Úlceras de pressão (verificar tempo cirúrgico) - Lesão nervosa (pelo estiramento dos membros) - Queda do paciente da mesa (fixar paciente na mesa) INICIO DA CIRURGIA - Para iniciar a cirurgia, fazemos um pneumoperitônio: 8-15mmHg - Insuflação de CO2 - Torna a cavidade peritoneal um espaço real e expondo as vísceras de maneira adequada à realização do ato cirúrgico - Dificuldades para realizar a videolaparostomia: obesidade, cirurgias previas, dermolipectomias, grandes hérnias, hepatopatia, DPOC e gravidez avançada - Complicações: perfuração de vísceras e vasos, arritmias (12%), TEV, atelectasia DISPOSIÇÃO DA EQUIPE - Posição do paciente conforme a cirurgia que iremos fazer - Paciente em Trendelenburg, lateral esquerdo; Posicionamento da equipe: POSIÇÃO DOS TROCATERS - Depende dos orhaps *Posição da equipe na colectomia direita: COMPLICAÇÕES 1. Lesão vascular - Geralmente na introdução da agulha ou do 1o trocarte - Incidência: 0,02-0,3% - Mortalidade: 15% - Fatores responsáveis: cirurgião inábil ou inexperiente, impossibilidade de afiar o trocarte ou colocar o paciente em posição adequada, inserção inadequada da agulha de Veress, desvio lateral da agulha, pneumoperitônio inadequado, incisão pequena - Vaso mais afetado: aorta, a. ilíaca comum, veia cava inferior 2. Lesão intestinal - 0,04-0,3% - 2a causa mais comum de óbito 3. Complicações com o acesso: hérnias, ISC, recidiva de câncer 4. Complicações do pneumoperitônio: CO2 pode se difundir no tórax = pneumotórax, pneumomediastino, embolia gasosa e enfisema subcutâneo - Se evoluir com bradicardia, hipotensão e arritmias na hora da insuflação do CO2 indica uma embolia gasosa = interromper o pneumoperitônio e mudar a posição do paciente (0,0014% com mortalidade de 30%) DIFICULDADES - Substituição da visão tridimensional por bidimensional - Posicionamento instável da câmera - Ergonomia cirúrgica - Perda dos graus de liberdade normal para a manipulação dos instrumentais CIRUGIA ROBÓTICA - Equipamento controlado por computador que pode ser programado para auxiliar no posicionamento e manipulação dos instrumentos cirúrgicos - Tenta minimizar os efeitos indesejáveis da videolaparoscopia - Tipos: Passivos: toda energia para impulsionar o sistema é gerado pelo cirurgião Semi-ativos: combinam a capacidade de uma certa função autônoma com outras funções desempenhadas pelo cirurgião Ativos – movidos à energia que atuam com significativa dependência do robô Vantagens: - Ergonomia - Precisão dos movimentos - Elimina tremores - Visão de 3 dimensões (VLP 2D) - Menor curva de aprendizado - Maior amplitude de movimentos Desvantagens: - Perda do feedback tátil - Perda de noção de força - Maior tempo cirúrgico - Custo - Salas amplas FABIANA SANTI CUNHA T10