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Lesões Proliferativas Benignas da Cavidade Oral

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Isabela Trarbach Gomes
LESÕES PROLIFERATIVAS BENIGNAS DA CAVIDADE ORAL
 
· Possuem comportamento autônomo.
· Não são infiltrativas.
· Não possuem capacidade metastática.
 
· Serão estudadas: lesões reacionais, lesões proliferativas não neoplásicas e neoplasias benignas.
 
· Papiloma escamoso:
· Terminação oma indica neoplasia, e escamoso é a indicação da célula que vai ter ação proliferativa.
· É uma proliferação benigna do epitélio pavimentoso estratificado induzida pelo HPV.
· A proliferação resulta em uma lesão papilar ou verruciforme.
· O HPV dos tipos 6 e 11(são de baixa oncogenicidade) são os mais comumente associados (possuem baixa taxa de virulência e infectividade).
· Transmissão do vírus:
Acredita-se que esteja envolvida com o contato sexual, não sexual, disseminação pela saliva, objetos contaminados e pelo leite materno. O período de incubação dura em média de 2 a 8 semanas. Os pacientes com o vírus da imunodeficiência adquirida apresentam uma maior predisposição para o desenvolvimento de lesões pelo HPV.
· Sítios de predileção: palato, língua e lábios.
· Lesão de tecido mole mais comum em palato mole.
 
· Características Clínicas:
· Nódulo exofítico de consistência amolecida, assintomático, normalmente pediculado (pode ser séssil), com numerosas projeções na superfície semelhantes a dedos que conferem uma aparência de couve-flor.
· As projeções podem ser pontiagudas ou embotadas.
· A lesão pode ter coloração branca a ligeiramente avermelhada dependendo do grau de ceratinização.
· Geralmente é um nódulo solitário e de tamanho máximo de aproximadamente de 0,5cm.
· Obs: Normalmente a lesão é assintomática e solitária, mas, alguns pacientes (principalmente os imunossuprimidos) podem desenvolver lesões maiores e múltiplas, chamadas de papilomatoses.
· condiloma acuminado, xantoma verruciforme, verruga vulgar, hiperplasia epitelial focal (doença de Heck), carcinoma verrucoso e carcinoma de células escamosas são os principais diagnósticos diferenciais.
 
· Características histopatológicas:
· Proliferação epitelial em que pode ser observada ilhas de tecido conjuntivo que dão suporte a essa lesão.
· Microscopicamente, o papiloma escamoso é caracterizado pela presença de projeções digitiformes (epitélio pavimentoso estratificado queratinizado) suportadas por focos de tecido conjuntivo fibrovascular em meio as projeções de tecido epitelial proliferativo. Além dessa característica, é importante a presença de células modificadas pela inclusão viral, que apresentam citoplasma claro e núcleo pequeno e intensamente corado (núcleo picnótico). Essas células são chamadas de Coilócitos (registra a presença do vírus) e normalmente são encontradas nas camadas mais superiores do tecido epitelial.
O tecido conjuntivo pode apresentar inflamação e, além disso, a camada de ceratina é espessa nas projeções brancas, e o epitélio exibe um padrão de maturação normal.
 
· Tratamento e prognóstico:
· Excisão cirúrgica incluindo a base da lesão.
· Recidiva incomum.
· Não apresentam transformação maligna, aumento contínuo ou metástase.
 
· Verruga vulgar:
· Diferentemente do papiloma, é comum encontrarmos lesões múltiplas.
· É um hiperplasia benigna e focal do epitélio pavimentoso estratificado, induzida pelo HPV, sendo o do tipo 2 o mais frequente.
· É contagiosa e pode se espalhar para outras partes do corpo, pele ou mucosa por autoinoculação.
·  A verruga vulgar, embora seja uma lesão bastante comum em pele, também pode acometer o tecido da mucosa oral, onde apresenta características clínicas muito semelhantes ao papiloma escamoso. Em pele, essa lesão é caracterizada por um aumento de volume séssil ou pediculado, de superfície áspera e papilar. As lesões da mucosa oral geralmente apresentam coloração esbranquiçada e frequentemente são encontradas em vermelhão de lábio e região anterior da língua. As mãos e os dedos são os locais mais comuns em pele.
 
· Características Clínicas:
· Na mucosa oral as lesões são encontradas na borda do vermelhão do lábio, na mucosa labial, ou parte anterior da língua.
· A verruga aparece geralmente como uma pápula ou nódulo assintomático com projeções papilares ou superfície áspera e irregular.
· Pode ser pediculada ou séssil.
· Tamanho de aproximadamente 5mm. Ele permanece constante a menos que a lesão seja traumatizada.
· Lesões múltiplas e agrupadas são comuns (já no papiloma escamoso o comum é a lesão ser solitária).
 
· Características Histopatológicas:
· É caracterizada por uma proliferação de epitélio pavimentoso estratificado queratinizado hiperplásico, com projeções pontiagudas com tecido conjuntivo entremeado.
· Infiltrado de células inflamatórias crônicas é observado no tecido conjuntivo de suporte
· Cristas retas e alongadas tendem a convergir para o centro da lesão dando o aspecto de taça.
· Uma proeminente camada de células granulares (hipergranulose) exibe grânulos de querato-hialina enrugados e intensamente corados
· Abundantes coilócitos são vistos na camada espinhosa superficial.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Excisão cirúrgica, remoção por laser crioterapia ou eletroterapia. Além disso, pode-se recorrer a curetagem e a agentes ceratinolíticos.
· Todos os tratamentos devem se estender até a base da lesão para evitar recidivas.
 
· Condiloma Acuminado:
· Neoplasia benigna. É uma proliferação de epitélio pavimentoso estratificado induzida pelo HPV na região anogenital, boca e laringe.
· A maioria dos casos são atribuídos aos tipos 6 e 11, a coninfecção com os outros tipos (2, 53, 54) incluindo o 16 e o 18 também são frequentes.
· Considerado uma IST (infecção sexualmente transmissível).
· Pode ser um indicador de abuso sexual quando essas lesões são encontradas em crianças.
· Transmissão ocorre principalmente pela relação sexual ou trauma (o atrito). Além disso, estudos da infecção em cavidade oral e orofaringe de crianças têm sugerido que a transmissão vertical das mães com infecção genital pode ocorrer no período perinatal ou in utero.
· Os condilomas anogenitais e orais podem estar presentes simultaneamente.
· Período de incubação: 1-3 meses.
· Autoinoculação de mucosa adjacente é possível.
 
· Características Clínicas:
· Lesão exofítica, firme e de base séssil, rósea, bem delimitada e indolor com projeções curtas e embotadas.
· Geralmente encontra-se agrupado com outros condilomas.
· O tamanho varia de 1-3 cm (a lesão é geralmente maior que a lesão do papiloma escamoso).
· São encontradas mais frequentemente no palato mole, lábio e freio de língua.
· O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras lesões causadas pelo papilomavírus e algumas malignidades como o Carcinoma Verrucoso e o de células escamosas.
 
· Características Histopatológicas:
· Microscopicamente a lesão se assemelha bastante as duas lesões precedentes.
· É uma proliferação benigna de epitélio pavimentoso estratificado acantótico com discreta queratosa e projeções superficiais papilares.
· Ilhas de tecido conjuntivo suportam as projeções papilares epiteliais que são mais embotadas e maiores do que no papiloma escamoso e na verruga vulgar.
· Criptas preenchidas de queratina são frequentemente vistas entre as projeções papilares.
· A superfície do epitélio é madura e diferenciada, mas dentro da camada espinhosa há frequentes coilócitos.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Excisão cirúrgica e avaliação do indivíduo e parceiro(a).
· Procedimentos a laser tem sido analisados quanto ao risco em que a equipe cirúrgica e paciente ficam da transmissão do HPV pelo ar.
 
 
· Hiperplasia Epitelial Focal/ Doença de Heck/ Hiperplasia Epitelial Multifocal:
· Proliferação de epitélio pavimentoso, atribuída ao HPV 13 e 32.
· Primeiramente descrita em americanos nativos e inuítes. Atualmente é relatada em muitas populações e grupos étnicos.
· Ela afeta muitos membros de uma mesma família: está tendência familiar pode estar relacionada à suscetibilidade genética ou transmissão do HPV entre os membros da família.
· Fatores de risco adicionais: padrão socioeconômico baixo, moradia superlotada, falta de higiene, má nutriçãoe indivíduos HIV+
· O termo hiperplasia epitelial multifocal é mais adequado porque os pacientes geralmente apresentam múltiplas lesões.
 
· Características Clínicas:
· Mais comum em crianças e adolescentes, as outras faixas etárias também podem ser afetadas.
· Sítios mais comuns: mucosas labial, jugal e lingual.
· Existem as variantes clínicas papulonodular e papilomatosa.
· A primeira caracteriza-se por nódulos e pápulas róseas, superfície lisa e com predileção pelas mucosas jugal e labial e comissura labial.
· Já a segunda, aparece como nódulos de aparência pedregosa, rosa-pálido na língua e gengiva inserida.
· Em ambas as variantes clínicas as lesões individuais possuem tamanho entre 0,1-1cm discretas e bem delimitadas.
· Podem se coalescer e apresentar uma aparência fissurada.
 
· Características Histopatológicas:
· Abrupta e marcante acantose da superfície do epitélio.
· Em virtude de a espessura do epitélio se estender superiormente, as cristas epiteliais lesionais têm a mesma profundidade que as cristas epiteliais normais
· As cristas são mais largas e confluentes e por vezes em formato de clava.
· Alguns queratinócitos superficiais apresentam coilócitos. Outros demonstram um núcleo alterado semelhante a uma figura de mitose (célula mitosoide).
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Regressão espontânea têm sido relatadas depois de meses ou anos e relaciona com a raridade da doença nos adultos.
· Excisão cirúrgica conservadora pode ser realizada para diagnóstico ou proposta estética ou para lesões sujeitas a trauma recorrente.
· Recidiva rara e parece não existir potencial de transformação maligna.
 
*OBS: As lesões precedentes foram proliferações de tecido epitelial.
 
· Hiperplasia Fibrosa Inflamatória/ Epúlide Fissurada/ Epúlide por Dentadura:
· Hiperplasia de tecido conjuntivo fibroso semelhante à uma neoplasia, que se desenvolve em associação às bordas de uma prótese total ou parcial mal adaptada.
· Epúlide é um termo genérico que se refere a qualquer aumento de volume da gengiva ou do rebordo alveolar. ---> granuloma periférico de células gigantes, fibroma ossificante periférico e a epúlide congênita são exemplos.
 
· Características Clínicas:
· Se apresenta como uma única ou múltiplas pregas de tecido hiperplásico no vestíbulo alveolar. As bordas da prótese associada se encaixam perfeitamente dentro da fissura, entre as pregas.
· É uma massa exofítica firma à palpação podendo ser séssil ou pediculada, é bem delimitada com uma superfície lisa.
· A lesão pode se apresentar eritematosa e ulcerada, entretanto essas características estão associadas à lesão (traumas) e não fazem parte dela.
· Ocasionalmente casos hiperplasia fibrosa inflamatória apresentam áreas com hiperplasia papilomatose inflamatória.
· A lesão tem tamanhos que variam de 1 cm a lesões que envolvam a maior parte do vestíbulo.
· Essa lesão se desenvolve usualmente na face vestibular do rebordo alveolar, mas lesões na face lingual também podem ser encontradas.
· Atinge adultos de meia-idade e idosos.
· Pode afetar tanto a maxila quanto a mandíbula. A porção anterior é mais afetada que a porção posterior.
· Pode-se encontrar ao invés de pregas uma lesão com formato de folha. Que é uma massa plana de coloração rósea, aderida ao palato por um estreito pedículo.
 
· Características Histopatológicas:
· Hiperplasia de tecido conjuntivo fibroso.
· O epitélio de revestimento é hiperqueratinizado e demonstra hiperplasia irregular das cristas epiteliais.
· Podem existir áreas focais de inflamação, principalmente na base das fissurar, entre as pregas.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Remoção cirúrgica com exame microscópico do tecido removido.
· A prótese mal adaptada deve ser refeita ou corrigida para prevenir recidiva da lesão.
 
· Fibroma Traumático/ Fibroma de Irritação:
· Ainda existem questionamentos sobre se ele é uma hiperplasia ou uma neoplasia. 
· Por enquanto, essa lesão pode ser entendida uma hiperplasia reacional do tecido conjuntivo fibroso em resposta a irritação ou trauma local.
· Um fibroma é uma neoplasia benigna rara.
· O fibroma traumático não é uma neoplasia verdadeira, na verdade, trata-se de uma lesão hiperplásica relacionada com algum agente agressor.
· Após cessar o hábito (sucção, mordidas...) pode haver regressão, essa regressão é mais bem-sucedida em pequenas lesões.
 
· Características Clínicas:
· Locais comuns: mucosa jugal (ao longo da linha de oclusão, mucosa labial, língua e gengiva.
· A lesão se apresenta como um nódulo de superfície lisa e coloração rosada, similar à coloração da mucosa normal. Em pacientes negros a lesão pode se apresentar cinza-acastanhada. A superfície também pode se apresentar branca em decorrência da hiperqueratose, resultante da irritação contínua.
· Podem ser sésseis ou pediculados.
· Variam de 1,5cm a menos de tamanho.
· A lesão usualmente não produz sintomas, a menos que ocorram ulcerações traumáticas secundárias em sua superfície
 
 
· Características Histopatológicas:
· Aumento de volume nodular do tecido conjuntivo fibroso, recoberto por epitélio pavimentoso estratificado.
· O tecido conjuntivo é geralmente denso e colagenizado.
· A lesão não é encapsulada, e o tecido conjuntivo de mistura gradualmente ao tecido conjuntivo vizinho.
· O epitélio de superficie geralmente apresenta atrofia das cristas epiteliais devido ao aumento de volume do tecido subjacente. Entretanto, a superfície pode exibir hiperqueratose secundária a trauma.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Excisão cirúrgica conservadora.
· Recidiva rara.
· É importante que o tecido excisado seja encaminhado para o exame microscópico, já que outras neoplasias malignas e benignas podem simular a aparência clínica do fibroma por irritação.
 
· Hiperplasia Papilomatosa Inflamatória:
· Crescimento de tecido reacional que geralmente desenvolve-se abaixo da dentadura.
· A condição está relacionada com certos fatores, que são: prótese mal-adaptada, má higiene da prótese removível, uso da prótese removível por 24 horas por dia, Candida Albicans. Pg 191, Neville.
 
· Características Clínicas:
· Usualmente ocorre no palato duro, abaixo da base da dentadura.
· Podem envolver a abóboda palatina, toda a superficie do palato e menos frequentemente no rebordo alveolar inferior do palato e na área de uma hiperplasia fibrosa inflamatória.
· Geralmente assintomática.
· Mucosa se apresenta eritematosa com uma superfície pedregosa ou papilar.
· Muitos casos estão associados à estomatite por dentadura.
 
· Características Histopatológicas:
· Mucosa exibe numerosos crescimentos papilares na superfície que são recobertos por epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico tecido conjuntivo varia de frouxo e edematoso a altamente colagenizado.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Remoção da prótese pode permitir a remissão do eritema e do edema, e os tecidos podem retornar à sua aparência próxima da do normal.
· Uso de terapia antifúngica tópica ou sistêmica.
· Para casos mais avançados e para lesões colagenizadas pode-se optar pela remoção do tecido hiperplásico através de excisão cirúrgica antes de ser confeccionada uma nova prótese.
 
· Granuloma Piogênico:
· Crescimento nodular da cavidade oral de natureza não neoplásica.
· O termo piogênico foi originalmente usado porque acreditava-se que a lesão fosse causada por uma infecção, entretanto, hoje acredita-se que o granuloma piogênico não está relacionado a esse fator.
· A lesão representa uma resposta tecidual a uma irritação local ou a um trauma---> lesão reacional.
· Uma resposta proliferativa a algum tipo de irritação local que pode ser causada por um trauma constante de baixa intensidade (como por exemplo o aparelho ortodôntico) ou até mesmo pela presença de biofilme dentário.
· Não é um granuloma verdadeiro. GRANULOMA: massa ou nódulo de tecido cronicamente inflamado, com focos circunscritos à maneira de grânulos, geralmente associado a um processo infeccioso.
· É uma proliferação de tecido de granulação.
· Muitas vezes essa lesão está relacionada com a gravidez, também sendo conhecida comogranuloma gravídico --> A condição apresenta predileção pelo sexo feminino, principalmente mulheres grávidas. Acredita-se que o aumento do estrogênio e da progesterona durante a gravidez associado fatores irritantes estejam relacionados com o surgimento da lesão.
 
· Características Clínicas:
· Aumento de volume com superfície lisa ou lobulada.
· Usualmente pediculada, mas pode ser séssil.
· Bastante sangrante.
· Superfície e geralmente ulcerada e sua coloração varia do rosa, ao vermelho, ao roxo (depende da idade da lesão).
· As lesões jovens têm aparência altamente vascular enquanto as lesões mais antigas tendem a se tornar mais colagenizadas (sangram menos) e apresentar coloração rosa. --> Lesões mais maduras podem sofrer fibrose dando origem a nódulos bastante semelhantes às hiperplasias fibrosas.
· O tamanho varia de mm a cm.
· O crescimento é indolor, de comum sangramento. Exibem um crescimento rápido.
· O sítio mais comum da lesão é gengiva. Lábios língua e mucosa jugal também são outras localizações comuns.
· A Epúlide Granulomatosa, que é uma lesão caracterizada pelo aumento de volume nodular de tecido de granulação e que se desenvolve em um local de extração recente podem lembrar os granulomas piogênicos.
· Não há envolvimento do tecido ósseo. A perda óssea pode existir, mas talvez por um problema periodontal.
 
· Características Histopatológicas:
· Proliferação vascular, além desses numerosos vasos sanguíneos, podemos observar a presença de um infiltrado inflamatório misto, composto por neutrófilos, plasmócitos e linfócitos. O tecido epitelial acima pode estar ulcerado ou normal.
 
· Tratamento e prognóstico:
· Excisão cirúrgica conservadora.
· Parte do tecido deve ser avaliado microscopicamente para afastar o diagnóstico de lesões mais graves.
· Nas lesões gengivais deve haver excisão da região subperióstica e raspagem dos dentes para remover qualquer tipo de irritação contínua.
· Taxa de recorrência é mais alta em pacientes que removeram a lesão durante a gravidez.
· Geralmente, posterga-se o tratamento de lesões que se desenvolveram durante a gravidez a não ser que sejam detectados problemas funcionais ou estéticos significativos.
 
· Lesão Periférica de Células Gigantes:
· Lesão reacional causada por irritação local ou trauma.
· Lesão causada por hiperparatireoidismo deve ser distinguida da lesão periférica ou central de células gigantes por exames laboratoriais (cálcio, fósforo, fosfatase alcalina e paratormônio) e investigar uma insuficiência renal --> tumor marrom do hiperparatireoidismo (o hiperparatireoidismo está associado ao metabolismo ósseo).
· A distinção do granuloma piogênico e da lesão periférica de células gigantes é feita através de exames radiográficos e microscópicos.
· O tumor marrom do hiperparatereoidismo é mais comum na localização intraóssea e simula uma lesão central de células gigantes.
 
· Características Clínicas:
· Ocorre exclusivamente na gengiva ou no rebordo alveolar do edêntulo.
· Aumento de volumo nodular de coloração que varia do vermelho ao vermelho-azulado.
· Geralmente possuem tamanho menor a 2cm de diâmetro.
· Pode ser séssil ou pediculada, e ainda, ulcerada ou não.
· Assemelha-se ao granuloma piogênico na gengiva.
· Nessa lesão pode-se observar radiograficamente uma reabsorção em forma de taça do osso alveolar subjacente (daí a importância do exame radiográfico).
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Excisão cirúrgica local abaixo do osso subjacente
· Os dentes adjacentes devem ser cuidadosamente raspados para remover qualquer fonte de irritação e minimizar o risco de recidiva.
 
· Fibroma Ossificante Periférico:
· Difere dos dois precedentes na constituição microscópica, porque a lesão é formada por células que vem do ligamento periodontal.
· É um crescimento gengival de natureza reacional.
· Nas radiografias pode-se observar pontos radiopacos. O produto mineralizado se origina de células do periósteo e ligamento periodontal.
 
· Características Clínicas:
· Ocorre exclusivamente na gengiva.
· Nódulo, séssil ou pediculado.
· Se origina usualmente na papila interdental.
· Coloração varia de vermelho à rosa.
· A superfície pode ou não ser ulcerada.
· Lesões vermelhas e ulceradas são usualmente confundidas com o granuloma piogênico e as de coloração rósea, são clinicamente semelhantes aos fibromas.
· O tamanho gira em torno dos 2 cm.
· Ocorre mais em jovens.
 
· Características histopatológicas:
· Não muito abordada em sala.
· Microscopicamente podemos observar uma proliferação de células fusiformes que se assemelham a fibroblastos, alguns vasos sanguíneos e depósitos de material calcificado que podem apresentar-se na forma de pequenos focos ou trabéculas ósseas. O epitélio pode se apresentar ulcerado ou hiperplásico, na lâmina própria subjacente as células fusiformes estão imersas em um tecido conjuntivo fibroso frouxo. Em alguns casos podemos observar a presença de células gigantes multinucleadas.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Excisão cirúrgica local com envio do espécime para o exame histopatológico.
· A excisão deve ser feita subperiosticamente já que recidivas são mais comuns nesse tipo de lesão quando a base do fibroma é deixada.
· Dentes adjacentes devem ser raspados com finalidade de remover qualquer fator irritante.
 
· OBS: Granuloma Piogênico, Lesão Periférica de Células Gigantes são semelhantes!!!
 
· Lipoma:
· Neoplasia benigna de gordura.
· Possui patogênese incerta, mas parecem ser mais comuns em indivíduos obesos (o metabolismo de lipomas é independente da gordura corpórea normal).
 
· Características Clínicas:
· Aumento de volume nodular, séssil ou pediculado.
· Superfície lisa de consistência macia.
· Normalmente assintomática, sendo percebida tardiamente.
· O tamanho varia em torno dos 3cm.
· Lipomas mais superficiais na mucosa podem ter coloração amarelada enquanto os mais profundos apresentam uma superfície de cor rosa.
· Mucosa jugal e o vestíbulo bucal são os sítios mais comuns.
· Obs: alguns casos na mucosa jugal podem não ser um lipoma e sim uma herniação do coxim gorduroso através do músculo bucinador, que ocorre geralmente após um trauma.
 
· Características Histopatológicas:
· Adipócitos maduros cobertos de mucosa normal; neoplasia bem circunscrita que pode apresentar uma fina cápsula fibrosa.
 
· Tratamento e prognóstico:
· Remoção cirúrgica com a cápsula fibrosa.
· Após a biópsia observa-se que o espécime não imerge na solução de formol a 10%.
 
· Hemangioma:
· A denominação "hemangioma" tem sido usado comumente como um termo genérico tanto para lesões neoplásicas quanto para lesões hamartomatosas. Neste texto, dividiremos essas lesões vasculares em dois grandes grupos, os hemangiomas congênitos e as malformações vasculares.
· Os hemangiomas congênitos são neoplasias vasculares caracterizadas pela proliferação de células endoteliais. Essas lesões ocorrem ao nascimento, podendo sofrer regressão com o passar da idade e desaparecendo por volta da primeira infância. As malformações vasculares representam lesões relacionadas com a morfologia dos vasos sanguíneos, ou seja, são vasos que apresentam sua estrutura alterada, geralmente exibem dilatação. Essas lesões são persistentes e acompanham o crescimento do indivíduo, não havendo regressão como ocorre nos hemangiomas congênitos.
· As lesões vasculares podem ser classificadas quanto ao tipo de vaso (arterial, venoso ou misto) e quanto ao fluxo sanguíneo (em baixo ou alto fluxo). A grande maioria dos "hemangiomas" orais são lesões de baixo fluxo. No geral, essas lesões são mais prevalentes em indivíduos do sexo feminino, ocorrendo mais em pacientes brancos. 
 
· Características Clínicas:
· Os hemangiomas congênitos aparecem ao nascimento, normalmente como lesões únicas, e no início são representadas por lesões telangiectásicas planas. Durante as primeiras semanas de vida, os hemangiomas tendem a se desenvolver de forma bastante rápida, e, após isso, passam por um período de remissão até o completo desaparecimento da lesão
· As lesões apresentam superfície lisa ou irregular, consistênciafibroelástica e geralmente são indolores. Hemangiomas localizados mais profundamente nos tecidos, podem exibir coloração arroxeada. Ulcerações, infecções secundárias e hemorragias são possíveis complicações associadas a essa patologia.
·  As manchas "vinho do porto" ou "nevo flâmeo" são lesões que frequentemente acometem a face (geralmente unilateral, acompanhando as regiões do nervo trigêmeo). Essa mácula é um importante sinal para o diagnóstico da síndrome de Sturge-Weber. O retardo mental e a presença de calcificações intracranianas são características importantes.
· As lesões intraósseas são raras e geralmente representam malformações vasculares e costumam produzir sintomatologia dolorosa, aumento de volume, sangramentos espontâneos e mobilidade dentária, embora a maioria dessas lesões sejam assintomáticas. A mandíbula é comumente mais afetada que a maxila.
· Considerações: neoplasia benigna mais comum na infância.
· Predileção para região de cabeça e pescoço.
· Frequente na mucosa jugal, lábios e língua.
· Na língua causa a macroglossia.
· Superfície aumentada de coloração arroxeada.
· Para auxiliar o diagnóstico é necessária uma manobra semiológica --vitropressão ou diascopia que causa a evasão do sangue presente nos vasos submetidos a pressão e, por isso, a mudança de cor da lesão.
· A biópsia incisional é contraindicada em determinados casos.
· Pode ocorrer em tecidos moles ou ser uma lesão intra-óssea (características imaginológicas variadas).
· Diagnóstico diferencial: Sarcoma de Kaposi (não vai ter vitropressão positiva).
· A síndrome de Sturge-Weber possui associação com o hemangioma. Além disso, a lesão se apresenta na área inervada pelo nervo trigêmeo. Apresenta calcificações intracranianas (relacionadas com a demência, epilepsia), crises convulsivas e hiperplasia gengival.
· Na dúvida e há um hemangioma que se localiza em tecido duro aconselha-se fazer uma punção (eu é mais fácil de se controlar que uma incisão)
 
· Tratamento e Prognóstico:
· O hemangioma deve ser tratado quando existe risco de trauma durante a fala, mastigação e por acidentes --> devido a possibilidade de sangramento abundante.
· Radioterapia contraindicada--> nunca.
· Escleroterapia.
· Interferon. (parecido com o tratamento das varizes para redução dos vasos)
· Embolização --> hemangioma intra-ósseo.
 
· Linfangioma:
· Tumor de origem vascular, vasos linfáticos.
 
· Características Clínicas:
· Muito frequente na língua, o que pode levar a Macroglossia.
· Elevações de pequena dimensão, dando a superfície um aspecto pedregoso.
· Faz-se a vitropressão que se for um linfangioma vai ser negativo.
· No caso de linfangioma pode-se fazer remoção cirúrgica com segurança--> faz-se necessário um aumento da área de excisão (ressecção radial) e mesmo assim existe risco de recorrência por ser uma neoplasia não bem circunscrita como é possível observar também no hemangioma.
 
· Nevo melanocítico:
· Aumento da deposição de células névicas com deposição de melanina.
· Na cavidade oral pode ser vista mais frequentemente no palato e gengiva.
· A vitropressão ajuda a distinguir o nevo de um hemangioma.
· A mancha melanocítica é associada com questões raciais ou hábito de fumo.
· Doença de Addison.
· Tatuagem por amálgama.
· Principal diagnóstico diferencial é o melanoma.
· Melanoma: As lesões de melanoma apresentam características fáceis de se reconhecer aprendendo-se a regra do ABCD:
· Assimetria: formato irregular
· Bordas irregulares: limites externos irregulares
· Coloração variada (diferentes tonalidades de cor)
· Diâmetro: maior que 6 milímetros (o diâmetro de um lápis)
· Nessas avaliações contamos com a história do paciente, avaliação clínica e exames microscópicos.
 
· Neurofibroma:
· Neoplasia benigna dos nervos periféricos.
· Se origina de uma mistura de tipos celulares, incluindo as células de schawnn e os fibroblastos perineurais.
 
· Características Clínicas:
· Pode se originar como lesões solitárias ou como componentes da neurofibromatose do tipo 1.
· As lesões solitárias são mais comuns em adultos jovens.
· Elas se apresentam como lesões indolores, amolecidas e de crescimento lento, que variam em tamanho de pequenos nódulos a grandes aumentos de volume.
· A pele é a localização mais frequente, mas na cavidade oral não é raro.
· Língua e mucosa jugal são os sítios mais comuns.
· Raramente pode ser encontrado intraósseo, produzindo uma imagem radiográfica radiolúcida, uni ou multiloculada, bem ou mal delimitada.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· Excisão cirúrgica.
· Recidiva rara.
· Todo paciente com neurofibroma deve ser avaliado clinicamente para a possibilidade de neurofibromatose.
· Risco remoto de malignização da lesão.
 
· Neurofibromatose do Tipo 1/ (NF1) / Doença de Von Recklinghausen):
· Condição hereditária.
· Variedade de mutações no gene NF1 em um determinado local responsável por uma proteína supressora tumoral conhecida como neurofibromina.
 
· Características Clínicas e Radiográficas:
· Os pacientes apresentam múltiplos neurofibromas, que podem ocorrer em qualquer lugar do corpo. As lesões possuem coloração café com leite.
· A aparência clínica pode variar de pequenas pápulas a grandes nódulos amolecidos, grandes bolsas e aumentos de volume pediculados na pele.
· As neoplasias geralmente começam a aparecer durante a puberdade e vão se desenvolvendo ao longo da vida.
 
· Tratamento e Prognóstico:
· O tratamento é direcionado para a prevenção ou manejo das complicações.
· Os neurofibromas faciais podem ser removidos por motivos estéticos.
· Uma das complicações temidas é o desenvolvimento de câncer (o mais frequente é um tumor maligno da bainha do nervo periférico).
· O aconselhamento genético é extremamente importante para todos os pacientes com neurofibromatose.
 
· Neoplasias Musculares:
· Muito raras.
· Características variáveis.
· Podem ocorrer intraósseo.
· Leumioma (m. liso).
· Radomioma (m. esquelético).

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