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2013 SiStemaS multimídia Prof.ª Danice Betania de Almeida Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Danice Betania de Almeida Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 006.7 A447s Almeida, Danice Betania Sistemas Multimídia / Danice Betania de Almeida. Indaial : Uniasselvi, 2013. 169 p. : il ISBN 978-85-7830-841-4 1. Sistemas Multimídia. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III apreSentação Caro(a) acadêmico(a)! Parabéns, você está recebendo o Caderno de Estudos da disciplina de Sistemas Multimídia. O estudo de sistemas multimídia é importante por oferecer uma grande quantidade de recursos interativos ao usuário nos ambientes computacionais. Obtém-se um sistema multimídia utilizando recursos de hardware e software, criando aplicações integradas e interativas com sons, textos, gráficos, animações etc. Deste modo, o computador tem a capacidade de armazenar, processar e apresentar de forma interativa as informações multimídia, sendo possível criar contextos nos quais se pode dar uma relação de diálogo concreta e abstrata controlada pelo usuário. Este material didático foi construído com o intuito de prover ao(à) acadêmico(a) uma visão geral dos sistemas multimídia e suas aplicações. Lembre-se, você não está só nos seus estudos. Conte com o professor da disciplina, o(a) tutor(a) interno(a) e o serviço on-line sempre que precisar de ajuda ou de alguma orientação. Enfim, este Caderno de Estudos busca instigar você, caro(a) acadêmico(a), a pesquisar mais sobre os assuntos aqui tratados. Desejamos sucesso na sua caminhada em busca do conhecimento! Prof.a Danice Betania de Almeida IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA ................................................ 1 TÓPICO 1 – MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO ........................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 MULTIMÍDIA ....................................................................................................................................... 5 2.1 CONCEITO DE MÍDIA ................................................................................................................... 5 2.2 TIPOS DE MÍDIA ............................................................................................................................. 7 3 HIPERMÍDIA ........................................................................................................................................ 8 3.1 APLICAÇÃO DOS SISTEMAS HIPERMÍDIAS .......................................................................... 11 4 HIPERTEXTO ....................................................................................................................................... 13 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 26 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 2 – TECNOLOGIA PARA MULTIMÍDIA .......................................................................... 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 TIPOS DE MÍDIAS .............................................................................................................................. 33 2.1 MÍDIAS CAPTURADAS VERSUS SINTETIZADAS .................................................................. 33 2.2 MÍDIAS DISCRETAS VERSUS CONTÍNUAS ............................................................................. 34 3 REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO MULTIMÍDIA ............................................................ 34 4 SISTEMAS MULTIMÍDIA ................................................................................................................. 36 5 TIPOS DE DADOS MULTIMÍDIA .................................................................................................. 37 5.1 TEXTO ............................................................................................................................................... 37 5.1.1 Soluções .................................................................................................................................... 37 5.1.1.1 Mapeamento de informação .............................................................................................. 37 5.2 IMAGEM ........................................................................................................................................... 38 5.2.1 Formatos de imagens ............................................................................................................. 39 5.3 SOM (FALA) .................................................................................................................................... 39 5.3.1 Digitalização da voz ............................................................................................................... 40 5.3.2 Áudio não voz ......................................................................................................................... 40 5.3.3 Representação simbólica da música: o padrão MIDI ........................................................ 40 5.3.4 Operações básicas para edição de som ................................................................................ 41 5.4 ANIMAÇÃO ..................................................................................................................................... 41 5.4.1 Animação convencional assistida por computador ........................................................... 42 5.4.2 Animações tridimensionais ................................................................................................... 43 5.5 VÍDEO................................................................................................................................................ 43 5.6 GRÁFICOS ........................................................................................................................................44 5.7 ÁUDIO ............................................................................................................................................... 46 6 CONTEÚDO MULTÍMIDIA .............................................................................................................. 47 7 REQUISITOS DAS APLICAÇÕES MULTIMÍDIA ....................................................................... 48 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 51 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56 Sumário VIII UNIDADE 2 – ORGANIZANDO UM PROJETO MULTIMÍDIA ................................................. 57 TÓPICO 1 – PRODUÇÃO DE MULTIMÍDIA ................................................................................... 59 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59 2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE MULTIMÍDIA ................................ 60 3 O CICLO DE VIDA .............................................................................................................................. 60 4 FORMAÇÃO DE EQUIPE ................................................................................................................... 62 5 DIREITOS AUTORAIS ....................................................................................................................... 62 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 63 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 64 TÓPICO 2 – O PROCESSO TÉCNICO ............................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 ATIVAÇÃO ............................................................................................................................................ 65 3 ESPECIFICAÇÃO ................................................................................................................................. 66 4 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................................ 67 5 OPERAÇÃO ........................................................................................................................................... 67 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 68 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 71 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 72 TÓPICO 3 – DISTRIBUIÇÃO DE CONTEÚDOS MULTIMÍDIA ATRAVÉS DA INTERNET .............................................................................................. 73 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73 2 PADRÕES DE INTEROPERABILIDADE ........................................................................................ 74 2.1 O PADRÃO H.323 ............................................................................................................................ 75 2.2 O PADRÃO T. 120 ............................................................................................................................ 77 3 ALGORITMOS DE COMPREENSÃO ............................................................................................. 79 3.1 ALGORITMO DE COMPRESSÃO DE ÁUDIO ........................................................................... 80 3.2 ALGORITMO DE COMPRESSÃO DE IMAGEM E VÍDEO ...................................................... 83 4 MODALIDADE DE TRANSMISSÃO .............................................................................................. 88 5 PROTOCOLOS RTP E RTCP ............................................................................................................. 90 6 FERRAMENTAS DE DISTRIBUIÇÃO ............................................................................................. 91 6.1 VIDEOCONFERÊNCIA .................................................................................................................. 93 6.2 SERVIDOR DE VIDEOSTREAM .................................................................................................... 95 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 97 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 TÓPICO 4 – AMBIENTES E FERRAMENTAS DE TRANSMISSÃO MULTÍMIDIA .............101 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101 2 FERRAMENTAS DA MICROSOFT ................................................................................................101 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................109 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................110 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111 UNIDADE 3 – TIPOS DE SOFTWARE MULTIMÍDIA ..................................................................113 TÓPICO 1 – FERRAMENTAS DE AUTORIA ..................................................................................115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 FUNDAMENTOS DAS FERRAMENTAS DE AUTORIA ..........................................................117 3 FERRAMENTAS BASEADAS EM PÁGINAS OU FICHAS ......................................................117 IX 4 FERRAMENTAS BASEADAS EM ÍCONES .................................................................................117 5 FERRAMENTAS BASEADAS NO TEMPO ..................................................................................118 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................119 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................120 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................121 TÓPICO 2 - SOFTWARE MULTIMÍDIA ...........................................................................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123 2 ADOBE PHOSTOSHOP ....................................................................................................................124 3 MICROSOFT POWERPOINT ..........................................................................................................124LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................126 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127 TÓPICO 3 – INTERFACES MULTIMÍDIA.......................................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 INTERFACE HOMEM-MÁQUINA (IHM) ....................................................................................130 2.1 INTERFACE E INTERAÇÃO .......................................................................................................132 3 MULTIMÍDIA E INTERFACE HOMEM-MÁQUINA .................................................................134 4 USABILIDADE NA MULTIMÍDIA ................................................................................................139 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................141 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................144 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................145 TÓPICO 4 – ERGONOMIA DE INTERFACES MULTIMÍDIA ...................................................147 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147 2 CONCEITO DE ERGONOMIA .......................................................................................................148 3 PRINCÍPIOS ERGONÔMICOS PARA INTERFACES ...............................................................149 3.1 NORMA ISO 9241 ..........................................................................................................................151 3.2 CRITÉRIOS ERGONÔMICOS DE BASTIEN E SCAPIN .........................................................152 4 O ESTUDO ERGONÔMICO DOS SISTEMAS DE COMPUTADOR .....................................156 5 A ERGONOMIA COGNITIVA NA CONCEPÇÃO DE SISTEMAS COMPUTACIONAIS ...................................................................................................157 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................160 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................162 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................165 X 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • conceituar mídia, hipertexto, hipermídia; • identificar os tipos de mídia; • compreender as aplicações de sistemas hipermídia. Esta unidade está dividida em dois tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO TÓPICO 2 – TECNOLOGIA PARA MULTIMÍDIA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 1 INTRODUÇÃO A palavra multimídia significa alguma coisa que consegue se comunicar de várias maneiras. No entanto, Galindo (2002, p. 82) afirma que a “multimídia significa a integração de fala, texto, vídeo, áudio, telecomunicações, eletrônica de diversão e tecnologia de computador, resultando em profunda mudança das conhecidas formas de comunicação humana e midiáticas”. Ainda, segundo Wilke (1995, p. 10), “a integração na multimídia é baseada em condições técnicas, ou seja, nas inovações tecnológicas que sempre aceleram a comunicação e a tornam mais completa, versátil e eficaz”. Segundo Vaughan (1994), a multimídia é qualquer combinação de texto com arte gráfica, som, animação e vídeo transmitida por computador, e permite ao usuário visualizar o projeto, controlar quando e quais elementos serão transmitidos. Assim, multimídia passa a se chamar multimídia interativa. Deste modo, a combinação de diferentes formatos (texto, imagens, ilustrações, áudio, videoclipes) apresenta uma interatividade que caracteriza os documentos multimídia. Entretanto, as figuras transportam o mundo real para o lúdico. A animação ajuda a expressar melhor uma ideia. Muitos usam o termo animação para descrever qualquer tipo de imagem em movimento. A verdade é que todos os elementos citados, individualmente, não têm nada de novo, pois já existem há muitos anos. O que é novo é a forma como os computadores podem interligar esses elementos. FONTE: Disponível em: <http://tede.unifenas.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=70>. Acesso em: 22 nov. 2013. Um livro ou um artigo impresso em papel possuem uma determinada estrutura e são representados de uma maneira sequencial, porém, existe a possibilidade de leitura individual de parágrafos, seções e capítulos, embora os autores considerem que seus leitores façam uma leitura sequencial. O hipertexto e a hipermídia têm sua principal característica baseada no acesso não linear à informação. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 4 Não existe uma única sequência de leitura, mas o leitor pode escolher o “caminho” de leitura que deseja seguir. A estrutura destes variados “caminhos” pode ser representada por um grafo, contendo nós e ramos. Os nós representam unidades de informação, que podem ser elementos de texto, imagens, áudio ou vídeo, por exemplo. Os ramos proveem ligações (links) para outras unidades de informação. Nas palavras de Lévy (1996, p. 44), “a leitura de uma enciclopédia clássica já é de tipo hipertextual, uma vez que utiliza ferramentas de orientação, que são os dicionários, índices, thesaurus, atlas, quadros de sinais, sumários e remissões ao final dos artigos”. Contudo, o suporte digital apresenta diferenças consideráveis em relação aos hipertextos anteriores à informática. A Wikipédia, enciclopédia aberta e livre, é um bom exemplo da inserção de elementos no texto por parte do leitor, pois nela qualquer pessoa pode editar textos, em qualquer momento, mesmo que não seja cadastrado. Assim sendo, os sistemas hipermídia também podem ser encontrados na rede mundial de computadores, internet, serem extremamente abertos e possuírem um grau elevado de interatividade com o usuário. FONTE: Adaptado de: <http://www.ime.usp.br/~isotani/artigos/monografia.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2013. Através da associação do hipertexto, que procura simular o processo de associação realizado pela mente do indivíduo, e multimídia, que é o uso simultâneo de dados em diferentes formas de mídia que, por fim, define a hipermídia (imagens, textos e sons), que se tornam disponíveis na medida em que o indivíduo percorre as ligações existentes entre eles. A figura a seguir mostra a relação entre hipertexto, multimídia e hipermídia. Pode-se perceber que dois conjuntos representam a multimídia e o hipertexto, e uma junção entre eles forma a hipermídia. FONTE: Disponível em: <http://www.decom.ufop.br/reinaldo/site_media/uploads/2011/bcc361/ dissertacaoreinaldotvi.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2013. FIGURA 1 – RELACIONAMENTO ENTRE HIPERTEXTO, MULTIMÍDIA E HIPERMÍDIA Multimídia HipertextoHipermídia FONTE: Disponível em: <http://www.decom.ufop.br/reinaldo/site_media/uploads/2011/bcc361/dissertacaoreinaldotvi.pdf>. Acesso em: 1 out. 2013. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 5 De acordo com Maenza (1993, p. 29), “o hipertexto é a combinação de texto, em linguagem natural, com a capacidade do computador para saltos interativos ou apresentação dinâmica de um texto não linear”. Num software, por exemplo, algumas partes do texto são destacadas; quando o usuário “clicar” com o mouse em determinadas palavras, ele poderá ter acesso a mais informações sobre o texto ao ser remetido para outra parte do software. Já a hipermídia é considerada como uma extensão ao conceito de hipertexto, adicionando-se a capacidade multimídia. Sendo assim, a hipermídia passa a ser um sistema de acesso do usuário para buscar informações dentro de um software multimídia, lembrando que a hipermídia é uma forma de apresentação de informações, em que a sequência em que elas serão recebidas é decidida pelos usuários, no momento da recepção. Assemelha-se a uma enciclopédia com referências cruzadas ou a um atlas geográfico, no sentido de que para se consultar uma determinada página não é necessário ter lido as anteriores, como nos livros convencionais. 2 MULTIMÍDIA Conforme Greenfield (1987), cada meio de comunicação para determinados tipos de informação apresenta características que o tornam mais adequado do que outros. Neste contexto, as mídias desempenham papéis complementares no processo de aprendizado, o que aponta em direção a um sistema de multimídia. A palavra multimídia é composta de duas partes: o prefixo multi e o radical mídia. Veja a seguir o significado de cada uma dessas partes. FONTE: Adaptado de: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:or_623_ YkmMJ:ead05.proj.ufsm.br/moodle_capacitacao/pluginfile.php/6228/mod_folder/content/2/ hipermidia.pdf%3Fforcedownload%3D1+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 22 nov. 2013. 2.1 CONCEITO DE MÍDIA Observa-se que o prefixo multi, como muitas palavras de origem latina, utiliza esse radical “multus”, que significa numerosos, no sentido multicolor – várias cores, ou multiforme –, várias formas. O radical mídia também é originário da palavra latina medium, que significa centro; mencionando termo multimídia, ele se refere aos tipos de informação, se é alfanumérico, vídeo, imagens etc. Dessa forma, o termo multimídia se refere a vários tipos de informações que podem ser armazenadas em dispositivos e editadas, e quando transmitidas produzem uma combinação de imagens, textos, sons etc. Esses produtos multimídia estão inovando a forma de produzir informação. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 6 Pode-se definir o termo multimídia como um conjunto de informações apresentadas através de uma combinação de elementos de mídia. Quando se analisa o termo multimídia, pode-se afirmar que este termo é empregado para denominar uma combinação de vários elementos de mídia. FONTE: Adaptado de: <http://tede.unifenas.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=70>. Acesso em: 22 nov. 2013. Um sistema multimídia pode se diferenciar de outros sistemas através das seguintes características: • Independência entre mídias: um nível de independência satisfatório entre as mídias deve existir. Na maioria das vezes, mídias, como contenham sons e imagens, são capturadas simultaneamente e armazenadas na mesma mídia de armazenamento. Dessa forma, as mídias com essas características com existência de um grau de dependência entre elas não podem ser consideradas multimídias. • Integração suportada por computador: o computador é uma ferramenta que suporta essa relação e sincroniza a apresentação simultânea de várias ao mesmo tempo, de maneira que elas interajam entre si. • Comunicação: é importante que exista a capacidade de comunicação entre sistemas multimídia. Ela deve suportar aplicações distribuídas através de redes de computadores, como videoconferência. Esse tipo de exemplo possui características que são denominadas sistemas multimídia distribuídos. A multimídia é, basicamente, a utilização de diversos meios de comunicação, permitindo uma comunicação mais natural com as máquinas, usando nossos sentidos, visão, audição e tato, assim o diálogo homem- computador torna-se mais intuitivo, espontâneo e agradável. FONTE: Adaptado de: <https://sites.google.com/site/cinemapedagogia/impactos-economicos>. Acesso em: 22 nov. 2013. Além disso, favorece a organização, recuperação, restauração e reestruturação de informação em todos os campos, tanto científico como tecnológico, para obter acesso a informações adequadas, precisas e oportunas. Mayer (2001 apud CARVALHO, 1999, p. 245) considera o termo multimídia muito abrangente e perspectiva-o segundo três pontos de vista: (a) os meios, no sentido de aparelhos, utilizados para apresentar a mensagem, de que são exemplo a tela do computador, gravadores de vídeo e de áudio, projetores; (b) os modos de apresentação, isto é, os formatos utilizados para apresentar a mensagem: texto, imagens, animações, som; e (c) os sentidos implicados na recepção da mensagem, isto é, o receptor tem que ter dois ou mais sentidos envolvidos na decodificação da mensagem. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 7 2.2 TIPOS DE MÍDIA Os tipos de mídia podem ser classificados em: consoante à sua natureza espaçotemporal, consoante à sua origem, interação e divulgação. O tipo consoante à sua natureza espaçotemporal é dividido em: estáticos e dinâmicos. Tipo consoante estático: é aquele cuja apresentação envolve apenas a dimensão espacial; não se altera com o tempo, como, por exemplo, textos e imagens. A apresentação do texto pode ter três formas possíveis: • Representado por texto não formatado e apela apenas a conjuntos de caracteres, existindo só um estilo. Apresenta forma de texto não formatado, por exemplo, o texto produzido pelo Notepad do Ms Windows. • Aparência do texto é mais rica e apresenta fontes e dimensões para os caracteres. A aparência no écran pode ser igual à aparência em páginas impressas. Apresenta forma de texto formatado, por exemplo, o texto produzido pelo MS Word. • O formato de representação permite navegar entre quaisquer informações de texto que se designam por nós, por intermédio de hiperligações (links) que se formam entre as partes dos nós de texto. Apresentação da forma de hipertexto define-se como sendo um texto não linear. A apresentação das imagens pode ter duas formas possíveis: • Imagens bitmap: correspondem a fotografias e são descritas em termos de pixels. • Gráficos: correspondem a esquemas e são descritos em termos de objetos. Tipo consoante dinâmico: inclui os tipos de informação multimídia cuja apresentação exige uma reprodução contínua ao longo do tempo, como, por exemplo, áudio, vídeo e animação. Dessa forma, multimídia é mais que uma tendência tecnológica de mídias, pois apresenta vantagens em relação aos sistemas lineares de organização da informação, ela associa os conteúdos por contexto, relações lógicas semânticas. Apresenta também um grande benefício da multimídia comparado aos sistemas lineares de organização da informação: é a facilidade que tem para “folhear” e “navegar” entre os elementos da rede informacional estabelecida. Ela possibilita que os conteúdos sejam interligados logicamente, por associações de contexto e semânticas, criando uma atmosfera estimulante e favorável para a descoberta. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade RealceLucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 8 • Áudio: corresponde à reprodução eletrônica do som nos formatos analógico ou digital (CDs). • Vídeo: o vídeo é uma representação eletrônica de uma sequência de imagens. Formato: digital (DVDs). • Animação: no formato digital, obedece ao movimento sequencial de um conjunto de gráficos que vão sofrendo alterações ao longo do tempo. Quanto à sua origem, os tipos de mídia podem ser Capturados e Sintetizados: • Aquelas imagens, vídeos, áudios, entre outros, que são capturados, importados para computador através da utilização de hardware e software específicos, como os scanners e as câmaras digitais. • Aqueles textos, gráficos e animações que são sintetizados, produzidos pelo próprio computador através da utilização de hardware e software específicos. Quanto à sua interação, existe quem diferencie as categorias da multimídia linear e não linear. • Na multimídia linear, o utilizador não tem qualquer tipo de controle no desenrolar do processo. • Na multimídia não linear há interatividade com o utilizador. Quanto à sua divulgação, podemos encontrar dois tipos, on-line e off-line: • A divulgação on-line pode ser realizada por meio de uma rede informática local ou do WWW, apresenta a disponibilidade de uso imediato dos conteúdos multimídia. • A divulgação off-line de conteúdo multimídia é executada através do emprego de suportes de armazenamento do tipo digital, por exemplo, tipo óptico, CD e DVD. FONTE: Adaptado de: <http://tede.unifenas.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=70>. Acesso em: 22 nov. 2013. 3 HIPERMÍDIA A hipermídia tem uma capacidade de conteúdo imensa, é o meio e a linguagem das “novas mídias”, às quais pertence a internet. Como exemplos, cinema interativo, os jogos de computador, a TV interativa, o vídeo interativo, entre outros. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 9 Alguns autores apresentam o conceito de hipermídia como um sinônimo de hipertexto e multimídia. Porém, vale ressaltar que a característica máxima que deve diferenciar a hipermídia desses outros conceitos de hipertexto e multimídia é o alto nível de interatividade, por exemplo, o uso das plataformas de aprendizagem pelos usuários. FONTE: Adaptado de: <http://hipermidias.wordpress.com/2007/10/05/hipermidia-o-que-e-isso/>. Acesso em: 22 nov. 2013. Os sistemas hipermídia apresentam a produção de sentidos que diferem dos processos midiáticos que antecedem os suportes digitais e a disseminação de conhecimentos. Importante salientar que a conjunção da imaterialidade, interatividade e velocidade, três elementos que se associam a outros e resultam como principal traço do que podemos denominar. Isso demonstra que os diferentes processos de construção no campo digital operam interconexões de narrativas, com informações vinculadas, instantaneidade, multiplicidade. A teleinformática, de certa maneira, ao materializar a noção de interface, potencializa os sistemas hipermídia enquanto um complexo de produção significante não sequencial ramificado de texto, imagem e som. FONTE: Disponível em: <http://geografia010ufscar.blogspot.com.br/>. Acesso em: 22 nov. 2013. O conceito de hipermídia foi definido nos anos 60 por Theodor Nelson, que já se reportava ao texto eletrônico como escrita ramificada que sugere ao leitor caminhos antecipadamente estabelecidos, permitindo abertura do texto e, logo, possibilitando a circularidade por parte do usuário referente às estruturas significantes digitais. Dessa forma, hipermídia pode ser definida como um conjunto de mensagens elásticas que podem ser esticadas e encolhidas de acordo com a ação do leitor. É uma ampliação do hipertexto, assinalando a narrativa com alto grau de interconexão, a informação vinculada. A integração do texto, as imagens dos mais diversos tipos, fixas e em movimento, e do som, música e ruído, em uma nova linguagem híbrida, mestiça, complexa, que é chamada de ‘hipermídia’, trouxe mudanças para o modo como entendíamos não só o texto, mas também a imagem e som (SANTAELLA, 2007a, p. 286). A hipermídia, primeiramente, apresenta-se como uma ferramenta para recuperação de informações para a aprendizagem. Dessa forma, ela possui muitas aplicações educacionais, especialmente por razão de sua flexibilidade e capacidade de exploração de informações. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 10 Estes documentos armazenados em computadores podem, hoje, apresentar imagens, textos e sons combinados, formando assim o que se conhece por hipermídia. FONTE: Disponível em: <http://tede.unifenas.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=70>. Acesso em: 22 nov. 2013. As propriedades referentes à estruturação associativa da hipermídia são: • uma rede de objetos de informação coligados como nós; • vários links que interligam entre os nós de informação; • instrumentos de autoria que permitem aos usuários construir nós de informação e links; • as janelas de browser, que apresentam facilidades que permitem aos usuários ver um ou mais objetos da rede, também admitem aos usuários ver não só a estrutura hierárquica, mas as associações da rede hipermídia. FONTE: Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta96/tei/cap2/Cap2.htm>. Acesso em: 22 nov. 2013. A hipermídia, por apresentar dados compostos de imagens, sons, textos, pode ser considerada uma extensão do conceito de hipertexto, com um sistema multimídia, porém com a característica adicional dos sistemas de hipertexto, possibilitando uma leitura não linear. FONTE: Adaptado de: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2000_E0111.PDF> Acesso em: 22 nov. 2013. A hipermídia não deve ser considerada somente como uma nova técnica, mas como mais um recurso que vem somar, no sentido de proporcionar a transmissão de conteúdos preexistentes, podendo ser comparada a uma nova linguagem dependente da criação de hipersintaxes, capazes de refuncionalizar linguagens que não seriam encontradas juntas naturalmente, combinando-as e retecendo-as em uma mesma malha multidimensional. A estrutura hierárquica de nós e coleções de nós interligados possibilita a organização do material didático preparado pelo autor, bem como oferece ao aprendiz um conteúdo informacional que pode ser explorado de inúmeras maneiras. A contribuição da manipulação de vídeos, sons e animações adicionadas ao texto permite a aprendizagem multissensorial e passa a ideia de uma grande capacitação para sistemas de educação. Observa-se que com o largo emprego dos computadores pessoais dotados de recursos gráficos, consequentemente as informações encontram- se armazenadas em formato digital, apresentando textos, imagens, sons, constituindo a hipermídia; assim, podem ser acessados a partir de estruturas não lineares de consulta. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 11 “A hipermídia integra as características do hipertexto com o enfoque da multimídia interativa, oferecendo ao usuário uma nova forma de acessar a informação e gerar conhecimento” (PALANGE, 2012, p. 68). 3.1 APLICAÇÃO DOS SISTEMAS HIPERMÍDIAS Após estudos desenvolvidos abordando os conceitos que abrangem a linguagem hipermidiática, apresentando suas características e sua influência frente à utilização deste recurso na educação, serão explanados alguns tipos de aplicativos para a utilização dessa linguagem. O fotolog, podcast, hipervídeo e hiper-história são apenas alguns exemplos de utilização de hipermídias. O surgimento de novas aplicaçõesé um processo contínuo. FONTE: Adaptado de: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/55686/000858961. pdf?sequence=1>. Acesso em: 22 nov. 2013. O fotolog, em suma, é uma página pessoal para postagem de fotografias, que permite usar recurso como a associação de legendas às fotos para que estas possam ser descritas. Alguns fotologs admitem a inserção de textos, uso de imagens, assim os diferenciam frente aos blogs, ou seja, fotologs podem ser considerados uma mistura de álbuns de fotografia com blogs. Os podcasts apresentam sistemas de áudio ou vídeo em formato de arquivos nos quais o usuário pode inscrever-se e realizar download via RSS (Really Simple Sindication), oferecendo a possibilidade de edição e distribuição. Vale lembrar que o termo ‘podcasts’ origina-se com o acrônimo das palavras “public on demand” e “broadcast” (VASCONCELOS; ARAÚJO; LEÃO, 2008). Primeiramente, os usuários devem inscrever-se em agregadores (softwares que organizam as informações), para receber as mídias, que apresentam conteúdo de áudio, texto, som, por exemplo, sem a obrigação de acesso direto a um website. Vasconcelos, Araújo, Leão (2008) citam como exemplo de agregadores o Doppler, o iTunes e o Juice. Os podcasts, inicialmente, faziam uso de arquivos de áudio, no entanto, passaram a ser utilizados também recursos de vídeo, sendo reconhecidos também como vodcasts ou vidcasts (VASCONCELOS; ARAÚJO; LEÃO, 2008). O acesso aos podcasts é feito através de dispositivos portáteis do computador e seu uso poderá ser largamente difundido na área educacional, por apresentar flexibilidade e o acesso ao conteúdo sem a necessidade de estar em sala de aula, por exemplo. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 12 Dessa forma, os podcasts expõem finalidades como exercícios de audição, revisar vocabulário, ouvir entrevistas com falantes nativos de outras línguas, compartilhar anúncios, revisar pontos principais de palestras ou aulas, dar feedbacks ou orientações, reduzir efeitos de isolamento e promover inclusão, entre outras. Um uso comum do podcasts que evidenciou bons resultados na compreensão de conceitos refere-se ao acesso às palestras gravadas em sala de aula, apresentando algumas pesquisas. Os hipervídeos, frequentemente encontrados no hipertexto, realizando inúmeras relações dialógicas entre autor e usuário, podem ser considerados uma unificação de vídeo e com a navegação não linear. Para Vasconcelos, Araújo e Leão (2008), usando conexões espaçotemporais, o hipervídeo aceita delinear uma área no vídeo-fonte por um intervalo de tempo determinado, vinculando-a a outros conteúdos e vídeos disponíveis na rede. Os hipervídeos aceitam uma interação do usuário, determinando a todo o momento qual o próximo conteúdo que lhe interessa acessar. Através do uso de tecnologias baseadas em multimídia interativa é possível integrar o uso de imagens, cores, som, vídeo, texto e animação que possibilite ao aluno o controle e a manipulação desses objetos. Ainda para o autor, possuem uma história principal com sub-histórias que são acessadas conforme a ação do usuário, levando-o de leitor a explorador e construtor, através da interação propiciada pelas estruturas dos sistemas hipermídia. FONTE: Disponível em: <http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie2000/papers/178/>. Acesso em: 22 nov. 2013. “Esta possibilidade de interação com os diversos cenários apresentados aguça a curiosidade da criança, instigando-a a explorar a hiper-história” (SANCHEZ, 1993, apud MARIA; MANTOVANI; SARMENTO 2009, p. 3). Conforme Sanchez (1993, apud MARIA; MANTOVANI; SARMENTO, 2009), as hiper-histórias advêm da hipermídia em forma de histórias, através da junção de aspectos estáticos e dinâmicos. Assim, as hiper-histórias são a versão eletrônica, do mesmo modo que os hipertextos. “Importante destacar que ao desenvolver uma hiper-história devemos atender aos requisitos técnicos e pedagógicos de qualidade de software educacional, tais como: interface, interação e feedback” (MARIA; MANTOVANI; SARMENTO, 2009, p. 4). Para Sanchez (1993, apud MARIA; MANTOVANI; SARMENTO, 2009), são três os itens fundamentais que compõem uma hiper-história: as telas que apresentam os contextos através dos quais o educando irá navegar, podendo ainda possuir outros subcontextos; já as ligações consideram o relacionamento de um ambiente a outro, através da utilização de objetos específicos; e as entidades são os objetos (estatísticos ou dinâmicos) e personagens que se incluem na história. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 13 Assim, acredita-se, com o estudo feito até aqui, que a compreensão das potencialidades da linguagem hipermidiática e da exploração dos recursos computacionais, que fazem uso dessa forma de apresentação da informação, permite que se planeje sua utilização em contextos educacionais, de maneira a estimular o envolvimento dos educandos. A utilização dos recursos hipermidiáticos pode ser ainda potencializada ao associá-los com recursos computacionais que estimulem a interação e o trabalho em grupo. 4 HIPERTEXTO Hipertexto é um sistema de representação de conhecimento no qual diversos elementos de conhecimento podem ser montados de maneiras diferentes, de acordo com as diferentes perspectivas dos usuários do sistema. Através de ligações (links), o hipertexto oferece mecanismos para se descobrir as ligações conceituais entre seções de assuntos relacionados (DUNCAN, 1989). FONTE: Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:or_623_ YkmMJ:ead05.proj.ufsm.br/moodle_capacitacao/pluginfile.php/6228/mod_folder/content/2/ hipermidia.pdf%3Fforcedownload%3D1+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 22 nov. 2013. Os hipertextos possuem uma habilidade em desenvolver múltiplas ligações entre os conteúdos, e múltiplos níveis de representação desses conteúdos. Deste modo, existe um grande grau de liberdade do usuário para explorar, organizar, reorganizar no formato de representação hipertextos esses conteúdos. O hipertexto é livre, interativo e não sequencial entre os conteúdos, e entre estes e o utilizador, processo este que é organizado preferencialmente conforme as necessidades e estilos do usuário. Os hipertextos virtuais surgiram com o advento da tecnologia computacional e da internet. A inserção desse meio de escrita e leitura virtual “permite uma nova forma de textualidade” (MARCUSCHI, 2001, p. 94), pois permite a hipermodalidade, a integração de várias mídias, como vídeos, no mesmo espaço, gerando o efeito de simultaneidade nas interações textuais, além de aumentar a textualidade à medida que o leitor opta por ativar os links, deixando o texto mais dinâmico. O pai da ideia de hipertexto é Vannevar Bush, por ter escrito um artigo em 1940, intitulado “As we may think”. Nessa época não foram dadas todas as características conferidas ao hipertexto, porém, propriedades como nós de informações, ligações e o tipo de suporte já eram conhecidas. Foi cunhado por Theodor Holm Nelson, filósofo, sociólogo e pioneiro da tecnologia da informação, que, em 1964, definiu o termo hipertexto: “escritura eletrônica não sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao leitor o acesso a um número praticamente ilimitado de outros textos, a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo real” (MARCUSCHI, 2001, p. 86). Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 14 Uma última avaliação do hipertexto pretendido por Bush (1945) e Nelson (ANO) será traduzida aqui com as palavras de Neitzel (2001, p. 239), por estarmos inteiramente de acordo com elas. A ideia inicial de Bush, ao idealizar um sistema que mais tarde Theodor Nelson conceituou de hipertexto, era desenvolver um produto cuja descentralidade fosse total. Ambos desejaram compor um modelo de sistemahipermidiático aberto, onde os textos fossem confusamente espalhados, anarquicamente embaralhados, misturados, organizados de forma rizomática, porque não haveria um ponto único de comando central. O conceito hipertexto está ligado a uma concepção de textualidade, em que a informação é apresentada em um espaço no qual pode ser acessada de forma não linear, com uma textualidade que funciona por associação, e não mais por sequências fixas antecipadamente estabelecidas. Através de características como topologia, essa não linearidade do hipertexto é descrita, autônoma das ações que o sistema suporte, o todo é sustentado, formato em rede, sem início e fim definidos (reticularidade), múltiplas passagens podem ser adotadas pelo usuário (multilinearidade), e interação do usuário, por exemplo, com cliques, inserção de dados etc. (manipulação). Na realidade, a não linearização é uma condição da própria construção do hipertexto, de sua estrutura e não somente um modo de leitura. Veja, caro(a) acadêmico(a), se pensarmos em uma palavra, podemos criar várias representações desta informação, assim ocorre com os hipertextos ao clicarmos com o mouse sobre um link. Isto é possível, criando uma topologia semelhante à ilustração a seguir, com vários caminhos que poderão ser percorridos e uma infinidade de links disponíveis, caracterizando um texto aberto, livre, solto, sem fronteiras definidas, em uma interface com a dinâmica com que passeia o processo de comunicabilidade. FIGURA 2 – TOPOLOGIA FONTE: Disponível em: <http://paginas.fe.up.pt/~ssn/disciplinas/cdi/www/4.html>. Acesso em: 30 set. 2013. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 15 Desse modo, as particularidades do hipertexto, como a hierarquização e não linearidade, proporcionam a sensação de ligação de ideias, evidenciando semelhança entre a forma de pensar e a leitura hipertextual, pois os pensamentos ocorrem com desvios e retornos, de maneira rápida, com ligações entre diferentes esquemas conceituais, não deixando de apresentar sentido. Os links proporcionam uma variedade de caminhos para o hiperleitor, tornam a leitura de hipertexto ágil e ilimitada, sendo importante na produção de sentido. Assim, o leitor deverá ter um objetivo definido para não se perder diante de tantas informações à sua disposição, pois a cada link clicado há uma série de ideias, informações, percursos. FONTE: Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/aveonline40/banco_objetos_ crv/%7B42C149C0-6C5A-4BD5-8D43-DD164A43B214%7D_Dissertacao%20final.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2013. Sendo assim, hipertexto é a forma de exposição das “informações através de uma rede de nós interconectada por links que pode ser navegada livremente pelo leitor de um modo não linear” (RAMAL, 2002, p. 87). Observa-se que os nós são pontos no documento que podem integrar unidades expressivas. As unidades estão em forma de imagens, frases, palavras, números, entre outros símbolos que, se observados e compreendidos, têm valor. Por exemplo, se um determinado estudioso de física, depois de muitos anos, se deparasse na internet com uma equação raríssima, e se também estivesse associada a um artigo científico raro, seria motivo de grande alegria, mas caso fosse um leigo quem a encontrasse, talvez a reação fosse de apatia. Assim, neste exemplo, para o estudioso de física a equação significou um “nó”, porque seus modelos mentais permitiram decifrá-la. Dessa forma, o nó não é um objeto, é uma abstração, é aquela impressão que surge quando lemos e entendemos alguma coisa que lembra outra, que nos interroga. Lembramos que o exemplo mental não é a forma técnica do sujeito, mas todo o conjunto sociocultural no qual ele está inserido, e a concretização deste elemento é feita através dos links. O link é o conceito fundamental do hipertexto, por ser um recurso técnico imprescindível na construção dos sistemas hipertextuais. No hipertexto o link une os nós, promove o salto de um ponto a outro. FONTE: Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/161/16172406.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2013. O link é uma ligação, ou seja, uma ligação ocorre entre no mínimo duas partes. Os links, para serem eficientes, têm necessariamente de focalizar as palavras-chave do conteúdo. Segundo Mendes (2012, p. 45), Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 16 a produção de links também necessita ser realizada com cautela, devendo estes estar amarrados uns aos outros com certa ordem semântica, de modo a contar com elementos-chave que liguem as porções de informação e ativem os diversos tipos de conhecimento armazenados na memória do leitor. A expressão linkadas deve permitir ao usuário estabelecer, ao navegar pelo hipertexto, criando conexões com informações relevantes, para que seja capaz de construir uma progressão textual dotada de sentido. Os links permitem a navegação e propiciam ao leitor uma centralização e descentralização do conteúdo, tornando cada leitor hipertextual diferente, mesmo que seja referente ao mesmo leitor, uma vez que “cada atualização é um evento único” (KOCH, 2007, p. 27). Dessa forma, os links são ferramentas efetivas para fazer com que um hipertexto dê vida aos vários textos ramificados, sendo indispensáveis para a navegação e fazendo com que a interação textual seja algo interessante no hipertexto. O hipertexto pode ser visto como dispositivo tanto material e intelectual, que permite, por intermédio dos links, podermos acessar os demais hipertextos que circulam na internet, criando, dessa maneira, estruturas textuais que são atualizadas pelas práticas e pela história individual de cada leitor. O hipertexto é uma prática multimodal que abrange os procedimentos de escrita e de leitura atualizados na tela do computador, não é apenas um apoio material ou um único texto. Segundo Garcia (2009), as categorias de hipertexto se dividem em duas: o exploratório e o construtivo, sendo que o exploratório tem por característica a manutenção de sua autoria original e a ênfase na função do leitor como explorador do conhecimento. Já o hipertexto construtivo é caracterizado pela autoria coletiva e pela multimodalidade, com ênfase na ação do sujeito leitor, o qual tem a possibilidade de obter uma produção própria. FONTE: Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/55686/000858961. pdf?sequence=1>. Acesso em: 22 nov. 2013. Ambos mantêm uma relação dentro de um continuum hipertextual que vai depender da atividade, dos objetivos e propósitos de cada hiperleitor. Um site como o da Wikipédia, por exemplo, que é uma enciclopédia aberta à colaboração, seria do tipo construtivo, porque se pode alterar seu conteúdo, inclusive com o acréscimo de links, como se pode conferir no convite à edição, no tópico: como posso ajudar?, localizado no centro da página e também no tópico editar, à direita da figura a seguir. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 17 FIGURA 3 – SITE WIKIPÉDIA FONTE: Disponível em: <http://wikipedia.html>. Acesso em: 30 set. 2013. De acordo com Gomes (2007), há, do ponto de vista da construção de hipertextos, quatro modelos principais: O modelo sequencial, segundo explicações de Gomes (2007, p. 93), é o que mais se aproxima dos textos impressos, pois “nele, o percurso de leitura é linear e, no máximo, bidirecional, isto é, o leitor pode apenas ir e voltar sequencialmente”. No modelo hierárquico, o autor explica que há uma entrada principal para o documento e, através dela, tem-se acesso a vários arquivos num mesmo nível hierárquico (no modelo sequencial). O acesso ao nível hierárquico subsequente só é possível a partir do nível imediatamente anterior. FONTE: Disponível em: <http://alinguagemdosec21.blogspot.com.br/>. Acesso em: 23 nov. 2013. Observa-se queo modelo reticulado possibilita uma grande liberdade de acesso, no entanto não integra todos os documentos, sendo que alguns deles só podem ser alcançados por intermédio de outros. Desse modo, o modelo em rede é não hierárquico e descentralizado, admitindo que todos os documentos possam ser acessados a partir de qualquer ponto, conforme a figura a seguir. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 18 FIGURA 4 – MODELOS DE CONSTRUÇÃO DE HIPERTEXTOS Modelo Sequencial Modelo Hierárquico Modelo em RedeModelo Reticulado FONTE: Disponível em: <http://lingtec.blogspot.com.br/>. Acesso em: 2 set. 2013. A estrutura mais simples, o “modelo sequencial”, se assemelha ao que temos no texto linear, no qual a palavra segue palavra, um parágrafo posterior a outro parágrafo, página após página. O leitor tem duas escolhas: seguir em frente ou retornar. A estrutura de grade (modelo reticulado) é também, segundo Neitzel (2001), bem familiar, pois nela as informações podem ser agrupadas por conveniências ou afinidades, como, por exemplo, temos nos mapas de cidades planejadas em blocos ou quadras, ou ainda, nos tabuleiros de xadrez ou de gamão. A autora acrescenta que: A forma como os conteúdos são reunidos nos índices, organizados seguindo uma lógica de agrupamento por temática, lembra esse tipo de formação. Cada coluna de grade é um comando de um determinado programa; o leitor pode ler de cima para baixo para compreender qualquer dado das colunas ali disperso, ou pode deslizar pelas filas para comparar a sintaxe de variados comandos (NEITZEL, 2001, p. 119). O modelo hierárquico, ou a estrutura arborescente, é uma organização de informações de forma hierárquica, que se opõe à estrutura em forma de teia, ou ao modelo de rede. Essa estrutura é a que melhor atende, pois sua arquitetura é a única que realmente permite o cruzamento total e irrestrito de informações. Essas diferenças entre hipertexto são importantes porque se relacionam diretamente ao aspecto interativo e, portanto, à consideração de quem anuncia. Além disso, fornecem indícios para não tratarmos de maneira genérica hipertextos que possuem natureza distinta em função de sua estrutura e propósitos, situando-se em espaços sociodiscursivos diferentes que, por estarem nos mesmos espaços, se confundem. TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 19 A web já não é mais a mesma e, portanto, nem o hipertexto. Em sua avaliação, vivemos hoje a terceira geração da hipertextualidade, que se caracteriza pela colaboração e participação dos internautas na escrita coletiva de hipertextos. A primeira fase da web, em seus primeiros dez anos, foi caracterizada pela publicação de homepages isoladas, marcada principalmente pela linguagem HTML (Hyper Text Markup Language), uma expressão inglesa utilizada para referenciar "Linguagem de Marcação de Hipertexto", e pelo sistema de envio de informações produzidas off-line via FTP (File Transfer Protocol), também uma sigla de expressão inglesa, que indica um protocolo de transferência de arquivos entre computadores em redes TCP/IP a um servidor. Esses hipertextos eram bastante vinculados ao meio impresso, com rodapés, remissões e índices que faziam a interligação de diferentes textos. Com o avanço das tecnologias informáticas, hipertextos de segunda geração emergem da web, nos quais o link confere velocidade à conexão entre diferentes documentos digitais. Contudo, o programador do hipertexto ainda mantinha consigo o poder da escrita, na medida em que deixava poucas oportunidades para o internauta deixar suas marcas, pois ele apenas poderia decidir quais links poderia seguir, e não criar os seus próprios. FONTE: Adaptado de: <http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/links_multi.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2013. Hoje, os hipertextos atingem a terceira geração, não só por se apresentarem em uma estrutura integrada de funcionalidade e conteúdo, mas por permitirem a abertura dos documentos à intervenção dos participantes do sistema, ou seja, à participação dos internautas em formas multidirecionais de leitura, a exemplo do que ocorre com os blogs, o webjornalismo etc. Um dos exemplares de hipertexto mais representativos dessa geração é a Wikipédia, já referida. Segundo Lévy (1996), o hipertexto representa um apoio digital que aceita novos tipos de leitura. No hipertexto as informações estão conectadas por meio de elos associativos, chamados de links, que conduzem o leitor na construção de uma direção de leitura composta por uma rede de textos singular e personalizada. Hipertexto é um texto em formato digital reconfigurável e fluido. Ele é composto por blocos elementares ligados por links que podem ser explorados em tempo real na tela. A noção de hiperdocumento generaliza, para todas as categorias de signos (imagens, animações, sons etc.), o princípio da mensagem em rede móvel que caracteriza o hipertexto (LÉVY, 1996, p. 27). O hipertexto é composto de elementos de informação, imagens, páginas, sequências musicais, de ligações entre esses nós, “botões que efetuam a passagem de um nó a outro” (LÉVY, 1996, p. 44). Desse modo, o hipertexto é organizado de Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 20 maneira não linear, resultando em um texto digitalizado, o qual circula nas redes locais ou mundiais, onde “cada participante é um autor e um editor em potencial, esse texto é diferente do texto impresso” (LÉVY, 1996, p. 44). Na era das tecnologias digitais, os sistemas digitais contam com uma estrutura e ícones do hipertexto que são indispensáveis. No momento em que movimentamos o cursor na tela, este assume a forma de uma mão em alguns pontos da superfície textual. O ícone da mão que indica a região de entrada situa um processo de semelhança com o gesto de marcar para alguma coisa, utilizando o dedo indicador. Este ícone, em algumas áreas do texto digital, apresenta a localização de uma janela, entrada esta que pode ser consultada ou não, conforme o interesse do leitor. FONTE: Disponível em: <http://www.celsul.org.br/Encontros/06/Individuais/122.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2013. O texto é posto em movimento, envolvido em fluxo, vetorizado, metamórfico. Assim, está mais próximo do próprio movimento do pensamento, ou da imagem que hoje temos deste. Perdendo sua afinidade com as ideias imutáveis que supostamente dominariam o mundo sensível, o texto torna-se análogo ao universo de processos ao qual se mistura (LÉVY, 1996, p. 48). O aparecimento do ícone na tela representa um chamado ao usuário navegador que irá decidir se aceita ou não esse chamado, deixando-se seduzir pela possibilidade de explorar outros textos eletrônicos. Por isso, consideramos que o hipertexto produz um processo de leitura não linear, ou seja, fragmentado em blocos de textos, e o leitor-navegador é obrigado a parar a leitura para decidir se deseja entrar, abrir a janela em destaque na superfície textual. FONTE: Disponível em: <http://www.celsul.org.br/Encontros/06/Individuais/122.pdf>. Aceso em: 25 nov. 2013. Lévy (1998a), considerando o princípio da não linearidade da estrutura hipertextual, propõe seis princípios abstratos do hipertexto: 1- Princípio da metamorfose apresenta a rede hipertextual não estável, pois está em construção constante. 2- Princípio de heterogeneidade apresenta as conexões e os nós da rede hipertextual, heterogêneos, porque retêm sensações, imagens, sons, palavras. As mensagens estão decompostas em multimodais, multimídias, digitais, analógicas, sendo constituídas a partir de todos os tipos de associações. 3- Princípio de multiplicidade apresenta o encaixe das escalas: qualquer nó ou conexão pode compor toda uma rede. 4- Princípio de exterioridade apresenta a adição de novos elementos. Resulta na composição e na recomposição constante de um exterior indefinido,porque a rede não possui unidade orgânica. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 21 5- Princípio de topologia apresenta o curso das ocorrências, é uma questão de caminho, porque funciona por proximidade. 6- Princípio de mobilidade dos centros apresenta a rede, não possui centro, pois é composta por diversos centros que são como pontas luminosas móveis que saltam de um nó a outro. A multimídia encontra-se em transformação permanente, pois o apoio informático do hipertexto traz princípios básicos de interação por meio da tela. É importante citar os princípios de interação: diagramática, sensoriomotora, a representação figurada e dos comandos; o uso do mouse que possibilita ao usuário operar sobre o que ocorre na tela de forma intuitiva, os menus que disponibilizam as operações e a tela gráfica. Para Lévy (1998b), o hipertexto compõe uma rede original de interfaces. Ele é formado de traços provenientes de várias outras mídias. Desse modo, o aspecto dinâmico e multimídia, especificidades do hipertexto, surge devido a seu suporte de inscrição ótica ou magnética e a seu ambiente de consulta, que está constantemente em movimento, à medida que se redobra e desdobra à vontade para formar um grande metatexto caleidoscópio. Neste sentido, Marcuschi (2001) também faz considerações das principais particularidades do hipertexto, explicando que o mesmo admite múltiplas entradas e percursos a seguir e que sua diferença em relação ao texto linear impresso está na inovação dessas inúmeras escolhas e inferências poderem ser feitas on-line. Para Marcuschi (2001), algumas características vão definir a natureza do hipertexto, determinando a ele a decisão de ser principalmente virtual e descentrado, apresentando as seguintes características: • Flexibilidade textual na forma de redes digitais navegáveis, diferentemente dos textos convencionais, e sua principal característica é o texto digital, ou seja, a não linearidade. • A ausência de estabilidade admite ao usuário navegar e escolher constantemente nas conexões essencialmente virtuais, ou seja, volatilidade. • A ausência de limites textuais sugere uma escrita e uma leitura sem restrição, podendo se desenvolver infinitamente, caracteriza a topografia. • Garante os possíveis retornos e fugas, uma vez que o autor deixa de ter o domínio do tópico e o leitor obtém o controle cognitivo e informacional do hipertexto, caracteriza a fragmentariedade. • Estabelecimento de uniões a várias fontes, como dicionários, enciclopédias, museus, obras científicas, entre outros, que caracteriza a acessibilidade ilimitada. Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 22 • Integração de várias linguagens, musical, cinematográfica, visual e gestual, que caracteriza a multissemiose. • Ligada à interconexão interativa e à conexão da multissemiose com a acessibilidade infinita, vinculando o leitor navegador com vários autores por meio de uma coincidência em tempo real, o que resulta na menção de uma interação verbal face a face, caracteriza a interatividade. Portanto, conforme Marcuschi (2001), o hipertexto proporciona um conjunto de probabilidades na sua estrutura que demandam ações e determinações cognitivas por parte do leitor navegador, a partir de uma série de referências não contínua. Essa ocorrência textual da mídia digital é uma forma de organização cognitiva e referencial que demanda a revisão de conceitos como linearização e referenciação, pois o hipertexto se realiza por meio de opções escolhidas sucessivamente on-line. Observa-se que esse modelo de estruturação textual deixa ao leitor do ciberespaço ser também coautor do texto final. Dessa forma, o hipertexto constitui-se de procedimentos de escrita e leituras eletrônicas, que ocorrem em um ambiente distinto e original, o suporte digital. O autor também afirma que o leitor desempenha função mais ativa do que o leitor do texto impresso, porque este opta por ações e toma decisões a partir da multiplicidade de caminhos oferecidos pelo hipertexto. Para Marcuschi (2001), a leitura convencional de texto, como em um livro, na qual as informações são dispostas de modo linear, é quebrada na ocasião em que as expectativas vinculadas a essa estrutura não se ratificam na leitura do hipertexto. Essa leitura realizada por meio de diversos percursos possibilita maior liberdade de navegação por discursos espalhados por imensas redes digitais. FONTE: Adaptado de: <http://www.celsul.org.br/Encontros/06/Individuais/122.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2013 Segundo Marcuschi (2001), a diferença central entre o hipertexto e o texto impresso, linear, reside na possibilidade de diversas escolhas para leituras e interferências on-line. A inovação trazida pelo hipertexto está na apresentação virtual, pois o hipertexto é uma virtualidade, e não um texto fisicamente realizado. Portanto, para o autor, “estamos chegando à ausência da página, à decomposição da linearidade textual e à desmontagem da própria noção tradicional de texto” (MARCUSCHI, 2001, p. 81). Para Xavier (2004), o texto eletrônico não estabelece ao leitor navegador uma ordem rigorosa, que estabeleça os percursos de leituras. As trilhas podem ser percorridas ou não, pois são apresentadas pelo enunciador que recomenda algumas alternativas, em detrimento de outras, ao enunciatário. Dessa forma, este último tem à sua disposição ligações para outros textos, elos que representam uma Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 23 inovação sem precedentes no momento de se produzirem textos. A característica não linear pode quebrar “as isotopias que garantiriam a continuidade do fluxo semântico responsável pela coerência, tal como ocorre em uma leitura de texto convencional” (XAVIER, 2004, p. 73). Na esteira da leitura do mundo pela palavra, vemos emergir uma tecnologia de linguagem cujo espaço de apreensão de sentido não é apenas composto por palavras, mas, junto com elas são encontrados sons, gráficos e diagramas, todos lançados sobre uma mesma superfície perceptual, amalgamados uns sobre os outros, formando um todo significativo e em que sentidos são complexamente disponibilizados aos navegantes do oceano digital (XAVIER, 2004, p. 171). Essa estrutura hipertextual propiciou a origem de um formato de texto em que numerosos discursos hipertextualizados em rede podem ser acessados por usuários localizados em qualquer ponto da Terra. Essa inovação em forma de enunciação inaugura a nova ordem material do discurso, em que não satisfaz a leitura das palavras, mas exige do enunciatário competências discursivas para lidar com um espaço de produção da linguagem multissemiótica. Por isso, a tecnologia digital auxilia o acontecimento discursivo que resulta na multiplicação das formas de produção do sentido, devido às inúmeras escolhas que oferece. Quando essa tendência de vários modos de enunciação permite ao leitor navegador realizar uma leitura sinestésica em um único suporte, no qual “palavras, imagens e sons se fundem, digitalmente, para produzir sentidos” (XAVIER, 2004, p. 6), o hipertexto é semiolinguístico, da integração e superposição dos seguintes modos de enunciação: verbal, sonoro e visual. Para Xavier (2004), esses elementos enunciativos convergem em um mesmo suporte digital de leitura e, portanto, de produção de sentidos. Esse suporte hipertextual forma uma nova maneira de se produzir as representações e os sentidos, “corporalidade”, pois a materialidade do texto traz em si marcas dos procedimentos por meio dos quais faz sentido para o leitor, apresentando as expectativas frente a essa inovadora. A leitura do hipertexto requer operações cognitivas, nas quais o enunciatário toma decisões, realiza retomadas, ações essas que são negociadas on-line, gerando sentidospor meio de procedimentos linguísticos que, junto com outros modos de enunciação, estruturam esse novo discurso. Dessa forma, o hipertexto comporta vários percursos de leitura, uma vez que, por meio dos links, o leitor alcança uma leitura não linear, através de interconexões que podem dirigi-lo para dentro do ambiente de leitura, ou levá- lo para outros lugares. O link do texto eletrônico direciona e monitora a relação intertextual com outros discursos, na medida em que os discursos fazem sentido em sua relação com outros discursos e a recuperação instantânea de intertextos é possível com o clique do mouse. Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 24 [...] ainda que os suportes impressos e digitais dos textos sofram alterações profundas em termos de configuração, nenhum deles chegará a desaparecer, mesmo porque cada qual dinamiza práticas culturais específicas surgidas de necessidades diferenciadas nas sociedades do mundo contemporâneo (SILVA, 2003, p. 15). Para Silva (2003), a leitura virtual demanda escolhas e inferências diversas daquelas necessárias para a leitura de textos em papéis. As diferenças entre a leitura do texto virtual e a leitura do texto em papéis dividem-se em: dimensão atitudinal e física. Observa-se que na dimensão física, apresenta-se na posição horizontal o texto virtual, e na vertical o texto impresso. Em relação à dimensão atitudinal, o usuário navegador necessita ser seletivo na presença das informações que lhe são oferecidas. Segundo Silva (2003, p. 14), “a produção e a circulação de textos virtuais trazem grandes desafios para a educação formal das novas gerações”. A expansão do texto virtual acontece em diferentes contextos sociais, sendo que no Brasil o emprego dos computadores como ferramenta de trabalho, estudo e pesquisa se desenvolve em passo acelerado. A ampliação do número de usuários é expressiva, a capacidade para se manusear o computador é pré-requisito para o exercício de várias profissões, o que possibilita o surgimento de modos de aprendizagem e de trabalho antes pouco conhecidos. Assim sendo, destaca Filho (2000, p. 32): [...] as tecnologias digitais possuem uma importância fundamental na construção do conhecimento, podendo mediar a constituição do hipertexto enquanto processo de produção de sentido. Através do hipertexto constituído, principalmente pelos aparelhos digitais móveis, a produção textual encontra potencialidades multimodais, o que possibilita o enriquecimento de alternativas de ensino e aprendizagem. O hipertexto transforma a relação de autor e usuário, de produção e consumo. Há uma redefinição dos papéis, e são adquiridas novas capacidades para a escrita e a leitura. A narrativa contempla diversos pontos de vista, sem começo e final, permitindo a conversação. O leitor pode seguir as indicações de novas relações de conteúdo ou ignorá-las através de links. Para Xavier (2004), essas ligações digitais, além de conduzirem os usuários quanto às várias opções disponíveis de diálogo entre os diversos meios, como texto verbal, som e imagem, mobilizam o leitor tanto para dentro quanto para fora do texto, amarram e gravam dados, geram uma interação explícita entre produtor hipertextual-hiperleitor-hipertexto e são consideradas importantes ferramentas na construção de sentido do texto. Quanto à construção de texto, ele é formado pelas escolhas dos links, uma nova pontuação, remete o leitor para novas leituras, assim o leitor constrói e reconstrói um novo texto. Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 25 Assim, essa constante mobilidade do leitor no hipertexto, em busca da construção de sentido, demonstra a todo instante a instabilidade na construção do saber, algo que se torna explícito em sua estrutura. FONTE: Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/aveonline40/banco_objetos_ crv/%7B42C149C0-6C5A-4BD5-8D43-DD164A43B214%7D_Dissertacao%20final.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2013. Resumidamente, “hipertexto é o espaço virtual inédito e exclusivo, no qual tem lugar um modo digital de enunciar e construir sentido” (XAVIER, 2004, p. 29). Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MULTIMÍDIA 26 HIPERMÍDIA - SURGIMENTO E EVOLUÇÃO A hipermídia é um termo criado pelo sociólogo, filósofo e pioneiro de sistemas de informação estadunidense Ted Nelson, em 1960. Utilizada como uma extensão do termo hiperlink, a hipermídia promoveu a fusão dos vários tipos de mídia - como o áudio, vídeo, texto e gráficos – para criar um meio de comunicação único, de leitura não linear, características próprias e gramática peculiar. Apesar de o termo ter sido criado nos anos 1960, a ideia de hipermídia já vinha sendo proposta desde meados de 1945, com o artigo “As we may think”, de Vannevar Bush. Em seu trabalho, Bush propôs a criação de uma máquina chamada Memex, capaz de armazenar várias informações em sua memória. Com essa máquina, segundo Bush, os conhecimentos poderiam ser somados e guardados em um único lugar, além de poderem ser acessados rapidamente quando fosse necessário. Na época, a ideia soou como futurista e utópica. A máquina não saiu do papel, mas foi a precursora da ideia de hipertexto. A partir da ideia de Vannevar Bush, Ted Nelson começou a trabalhar no que posteriormente viria a ser o Projeto Xanadu. A ideia principal do projeto era que o leitor poderia seguir uma não linearidade de leitura do documento eletrônico. Tal ideia anunciava o que viria a ser chamado de hipertexto – sistema de informações cujos documentos possuem referências internas para outros documentos. Enquanto Ted Nelson procurava amadurecer o conceito de hipertexto, na década de 1960 o inventor estadunidense Douglas Engelbart desenvolveu e apresentou o primeiro sistema computacional colaborativo, chamado de NLS (o NLine System). O NLS foi o primeiro sistema a empregar o uso prático do hipertexto: links, o mouse (inventado pelo próprio Engelbart em associação a Bill English), GUI e informações organizadas por relevância, fizeram parte do sistema. Suas demonstrações ficaram conhecidas como The mother of all Demos, ou A mãe de todas as demonstrações. Apesar do seu sucesso, o NLS começou a entrar em desuso em meados de 1969. O principal motivo eram as dificuldades de aprendizado e desenvolvimento do sistema – eram utilizados métodos de programação pesada e muitas vezes os usuários sentiam-se forçados a aprender códigos que não serviam para nada realmente útil. Com a chegada da ARPANET, que também empregava o hipertexto, muitos pesquisadores que trabalharam no NLS abandonaram o projeto e seguiram para a Xerox-PARC. Em 1981, a Xerox desenvolveu a estação de trabalho Star, primeira comercial a utilizar tecnologias que hoje fazem parte dos computadores pessoais. Janelas com interface gráfica, ícones, pastas, mouse, servidor de arquivos e impressoras e LEITURA COMPLEMENTAR Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce Lucas Andrade Realce TÓPICO 1 | MULTIMÍDIA, HIPERMÍDIA E HIPERTEXTO 27 e-mail faziam parte do sistema. O conceito de hipermídia começava a amadurecer com a utilização de widgets e tornava-se cada vez mais uma extensão do hipertexto. Em 1979, Steve Jobs realizou uma visita aos laboratórios de desenvolvimento da Xerox e soube do desenvolvimento de uma tecnologia de interface gráfica. Pela visita Jobs ofereceu ações da Apple e retomou o desenvolvimento do Lisa e do Macintosh. Em 1984 Steve Jobs e a Apple apresentaram o Macintosh 128k, a primeira máquina construída totalmente em torno de interface gráfica – mais do que nunca a hipermídia estava presente na informática. Suas bases estavam solidificadas e prontas para serem desenvolvidas. Em 1987, a Apple desenvolveu o primeiro aplicativo bem-sucedido baseado em hipermídia. Tratava-se do hypercard, aplicação que combinava banco de dados
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