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Autor: Elídio Mula Page i UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL Departamento de Protecção Vegetal Projecto Final Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae) na FAEF. Autor: Elídio Mula Supervisora: Professora Doutora Luísa Alcântara Santos Maputo, Novembro de 2017 Autor: Elídio Mula Page ii Elídio Mula Avaliação do efeito dos pesticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae) na FAEF. Projecto Final submetido ao Departamento de Protecção Vegetal da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Universidade Eduardo Mondlane, em cumprimento de um dos requisitos exigidos para obtenção do grau de Licenciada em Engenharia Agronómica, Sob a supervisão da Professora Doutora Luísa Alcântara Santos Autor: Elídio Mula Page iii Dedicatória A minha amada mãe Gloria Américo Mula (em memória) por ter sido Pai e mãe ao mesmo tempo de um rapaz e três meninas, e por me ter criado no meio de tanta dificuldade e pela fé de que seu único menino podia ser alguém na vida, pelo amor, conselhos, aprendizado e inspiração e onde quer que esteja mãe sinta o orgulho da tua primeira sorte já formado na área que tanto investiste com pouco que tinhas e por tudo que sou e sei graças a você. Aos meus queridos avós Américo Vaila Mula (em memória) e Aida Américo Mula (em memória) por tudo que fizeram por mim e que deles aprende os valores da vida. As minhas queridas irmãs Isaura Mula, Aida Mula, Jesualda Manuel Chongo, e Argentina Rafael Langa (sobrinha) Pelo amor e pureza em seus sorrisos que não me fizeram desistir nas dificuldades e me deram força para levantar, que sirva de inspiração a elas. Aos meus queridos tios Mário Américo Mula, Adelaide Américo Mula, Elias Américo Mula e Vasco Américo Mula, por me ter dado o apoio directo e indirecto de coração aberto, força, carinho e por ter aprendido muito com eles quando era adolescente. Ofereço: Elídio Mula Autor: Elídio Mula Page iv Agradecimentos A DEUS, por estar sempre presente na minha vida, pelas Graças que me tem concedido a cada dia; A supervisora, Professora Doutora Luísa Alcântara Santos, pela confiança, simplicidade, acompanhamento paciência e dedicação na realização do trabalho; Ao senhor Adão, Moisés, dona Inês, dona Adélia, pela colaboração e acompanhamento; Aos meus docentes, Eng. João Nuvunga, Dr. Domingos Cugala, Eng. Lourenco Manuel, Eng. Amândio Muthambe, Dr. Firmino Mucavele (em memoria), Eng. Jerónimo Ribeiro, Carlos Ribeiro, Dra. Ivone Muocha, Dr. Orlando Quilambo, Eng. Luís Artur, Dr. Tomás Chiconela; Ao meu Grande irmão, companheiro, parceiro Ambrósio Adélia Cossa (Kanbana) que esteve sempre na minha vida em todo momento bons e maus ajudando no que podia; Aos meus amigos (irmãos), Adérito Moiane, António Biza, Euclides Munhice, Emídio Guambe, Emídio Beula, Eusébio Beula, João Carlos Moiane (em memoria), Sebastião Moiane, Ferreira Biza, Farão, Leovegildo, Francisco Biza, Constantino Mangue por tanta coisa bonita e indescritível que passamos juntos; A turma de 2009 e 2010, em especial Jairo Chiridza, Lucas Chiau, Emanuel Malai, Ivan Lmbela, Luciano de Castro, Kobe, Belmiro Amburete, Geraldo Silvério (em memoria), Mussage Abacar, Constantino Chemane, Bento Mate, Quilambo, Sândia Dias, pela caminhada académica em momentos bons e maus; Ao colega que fez parte dessa caminhada, em especial a Evaristo Massango pela disponibilidade e ajuda nas dificuldades académicas; As minhas queridas amigas e colegas Fausa pedro Chunguana e Adia Francisco Nhautse, pelo apoio; E a todos que directa e indirectamente tornaram possível a realização do presente trabalho. Muito Obrigado Autor: Elídio Mula Page v Resumo Brassicaceae (Cruciferae) são hortaliças cultivadas em todas as regiões do mundo. A couve é alimento importante na nutrição humana, e constitui grande fonte nutricional e de receita para as famílias de baixa renda que habitam nas regiões suburbanas. A praga que atenta contra a sua produção, e contribuí para a redução do seu valor nutricional e comercial é a traça-da-crucíferas (Plutella xylostella). Diversos insecticidas químicos como organofosforados, carbamatos e piretróides têm sido usados contra a traça-das-crucíferas. Entretanto, o uso contínuo e indiscriminado desses pesticidas tem seleccionado populações resistentes. Para além disso, estes insecticidas destroem a fauna auxiliar e deixam resíduos na vegetação. A utilização de insecticidas selectivos em programas de controlo biológico é uma alternativa eficaz e não contaminante. Sendo que vários estudos tem relatados que diversos biopesticidas têm oferecido bons resultados no controle da P. xylostella em relação aos demais pesticidas convencionais. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos pesticidas (Bacillus thuringiensis (Bt), Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e metamedofos) em diferentes doses no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella L) e seus impactos nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Usou-se o delineamento DBCC e cada bloco foi composto por 11 parcelas facto que totalizou 33 parcelas (3 blocos * 5 tratamentos) contando com o tratamento controlo. O Espaçamento entre as parcelas foi de 3m e apresentava uma área de 7,28m2 (2.8m*2.6m) onde foram alocadas 36 plantas (30cm * 70cm). A área total ocupada pelo ensaio foi de 1100m2 e nesta área foi plantado 1620 plantas. Em cada parcela foram observadas as 12 plantas da área útil. Foram avaliadas as seguintes variáveis: Densidade da Plutella xylostella, Nível médio de ataque, Grau de parasitismo, Número de pés comercializáveis, Rendimento e Margem líquida. As variáveis foram submetidas à análise de variância (ANOVA) usando o pacote estatístico STATA13 e a comparações de médias, pelo teste de Tukey e Fisher a 5% de significância. A maior densidade média da traca verificou-se no tratamento controlo e Metamedofos. A maior escala de nível médio de ataque também verificou-se no tratamento controlo e Metamedofos. Foi identificado o parasitóide Cotesia plutellae que registou maior grau de parasitismo no tratamento Lufenuron, Bt e tratamento controlo. As doses maiores de Lufenuron, Emamectin Benzoato, Spinosad, Bt apresentaram maior rendimento, número de pés comercializáveis e margem líquida seguido das doses menores dos mesmos pesticidas. Autor: Elídio Mula Page vi Lista de siglas e abreviaturas ANOVA Análise da Variância Bt1 Bacillus thuringiensis (5g/10l de água) Bt2 Bacillus thuringiensis (5g/10l de água) CE Condutividade Eléctrica DBCC Delineamento de Blocos Completamente Casualizados EB1 Emamectin Benzoate (3ml/10l de água) EB2 Emamectin Benzoate ( 4ml/10l de água) EC Emulsão Concentrada FAEF Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal FAO Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação GABA Ácido Amino Butírico G.P Grau de parasitismo IGI Insect Growth Inibitors Lufenuron1 Lufenuron (12ml/10lde água) Lufenuron2 Lufenuron (10ml/10l de água) MIP Maneio Integrado de Pragas MT Metamidofos OMS Organização Mundial de Saúde N.M.A Nível Médio de Ataque Spinosad1 Spinosad (3ml/10l de água) Spinosad2 Spinosad (2ml/10l de água) s.a Substancia Activa Sec. Século TDC Traça da Couve UEM Universidade Eduardo Mondlane. Autor: Elídio Mula Page vii Lista de Figuras Figura 1: Ciclo de vida de Pluttela xylostella……………………………………………7 Figura 2: Larva da Plutella xylostella colectada no campo…………………………….24 Figura 3: Larva da Plutella xylostella colectada no laboratório….…………………….25 Figura 4: Densidade da Pluttela xylostella……………….……………………………30 Figura 5: Nivel Medio de Ataque.……………………………………………………...32 Figura 6: Percentagem de parasitismo da Cotesiap pluttelae…….………………….…….34 Figura 7: percentagem de pés comercializáveis……………………………………….36 Figura 8: Rendimento da couve……………………………………………………….38 Lista de tabelas Tabela 1: Descrição técnica das doses……………………………………………...22 Tabela 2: Doses de pesticidas……………………………………………………….23 Tabela 3: Correlação das variáveis………………………………………………….39 Tabela 4: Margem líquida da couve…………………………………………………40 Autor: Elídio Mula Page viii Índice Dedicatória.................................................................................................................................. i Agradecimentos......................................................................................................................... ii Resumo....................................................................................................................................... iii Lista de Abreviaturas................................................................................................................ iv Lista de Figuras......................................................................................................................... v Lista de Anexos.......................................................................................................................... v 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 1.1. Antecedentes ............................................................................................................................ 1 1.2. Problema de estudo .......................................................................................................... 2 1.3. Objectivos: ........................................................................................................................... 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 4 2.1. Brassicaceae ......................................................................................................................... 4 2.1.1. Couve ............................................................................................................................. 5 2.2. A traça das crucíferas (TDC) Plutella xylostella L. ......................................................... 6 2.3. O controlo biológico............................................................................................................. 7 2.3.1. Inimigos Naturais .............................................................................................................. 8 2.3.1.1. Parasitóides............................................................................................................ 9 2.5. Regulação de Populações ............................................................................................... 11 2.6. Controle Biológico Natural ............................................................................................ 12 2.7.1.1. Bacillus thuringiensis (Bt) ........................................................................................ 14 2.9.1.1.1. Funcionamento do Insecticida Bt e seu o impacta sobre inimigos naturais .......... 14 2.7.1.2. Spinosad.................................................................................................................... 15 2.7.1.3. Lufenuron.................................................................................................................. 16 2.7.1.4. Emamectin Benzoate ................................................................................................. 17 Autor: Elídio Mula Page ix 2.7.1.5. Metamidofos ............................................................................................................. 18 3. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 21 3.1. Descrição da Área de Estudo ............................................................................................. 21 3.2. Materiais ............................................................................................................................. 22 3.3. Delineamento Experimental e Tratamentos ....................................................................... 22 3.5. Campo Definitivo ............................................................................................................... 24 3.5.2. Observações feitas no campo ...................................................................................... 25 3.5.3. Observações no laboratório ......................................................................................... 26 3.6. Colheita .............................................................................................................................. 26 3.7. Variáveis medidas .............................................................................................................. 27 3.7.1. Densidade populacional da TDC ................................................................................. 27 3.7.2. Nível Médio de Ataque da TDC (N.M.A) ................................................................... 27 3.7.3. Grau de parasitismo da P. xylostella L. por C. plutellae. ............................................ 27 3.7.4. Percentagem de pés comercializáveis .......................................................................... 28 3.7.5. Rendimento da couve .................................................................................................. 28 3.8. Análise da margem líquida ................................................................................................. 28 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 31 4.1 Densidade da Plutella xylostella ......................................................................................... 31 4.2. Nível Médio de Ataque .................................................................................................. 33 4.3. Percentagem de Parasitismo ........................................................................................... 34 4.4. Percentagem de Pés Comercializáveis ........................................................................... 37 4.5. Rendimento .................................................................................................................... 38 4.6. Correlação das variáveis: densidade media, nível médio de ataque, percentagem de Parasitismo, percentagem de pés comerciáveis e Rendimento da couve. ................................. 40 4.7. Margem líquida da cultura de couve ..............................................................................41 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 43 5.1. Conclusões ......................................................................................................................... 43 5.2 Recomendações ................................................................................................................... 44 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 46 7. Anexos ...................................................................................................................................... 55 Autor: Elídio Mula Page x Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Antecedentes Brassicaceae (Cruciferae) é uma das famílias de hortaliças de uso mais antigo, originária da Europa, representada por 350 gêneros e 3200 espécies (Castelo Branco et al., 1996), são cultivadas em todas as regiões do mundo. A couve destaca-se entre as plantas hortícolas como um dos alimentos importantes na nutrição humana, e constitui grande fonte nutricional e de receita para as famílias de baixa renda que habitam nas regiões suburbanas (Monnerat et al., 2004). Sendo rica principalmente em cálcio, ferro, vitamina A, niacina e ácido ascórbico (França et al., 1985). Entre as varias pragas que atentam contra a sua maior produção, e contribuem para a redução do seu valor nutricional e comercial, destaca-se a traca-da-cruciferas (TDC) cujo nome cientifico e Plutella xylostela (Linnaeus) lepdoptera: plutelladae). A P. xylostella é originária da região mediterrânea, destaca-se como a mais importante praga em várias regiões do globo, independente das condições climáticas (Rahn., 1983). O período mais crucial desta praga é larval, causando grandes prejuízos à cultura chegando a atingir até 100% de perdas na produção (Kao et al.,1992). Pelo que o custo estimado para o seu controle pode chegar a 50% do custo total da produção (Carballo et al., 1989). O que muitas vezes inviabiliza a cultura e diversas formas de controlo a esta praga foram propostas e utilizadas, mas infelizmente o uso contínuo e desordenado dos produtos químicos ocasionou o aparecimento de populações altamente resistentes. Assim, outras técnicas de controlo têm sido pesquisadas, entre elas a utilização de inimigos naturais, a adoção do controle biológico e de práticas culturais (Sereda et al., 1997, Castelo Branco et al., 1996). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 2 1.2. Problema de estudo Entre as pragas que atacam as brássicas destaca-se a traça-da-couve, que causa grandes perdas nestas hortícolas pela desfolha, devido a voracidade de suas lagartas (Cheng, 1986). O seu controle é executado, principalmente, pela aplicação de insecticidas pelos agricultores (Cheng et al., 1999). Diversos insecticidas químicos como organofosforados, carbamatos e piretróides têm sido usados contra a traça-das-crucíferas (Krishnaiah & Mohan, 1983, Mohamad & Ismail, 1988). Entretanto, o uso contínuo e indiscriminado desses pesticidas tem seleccionado populações resistentes, obrigando os produtores a utilizarem doses cada vez mais elevadas (Ooi, 1986). Além disso, esses insecticidas destroem a fauna auxiliar (Fan & Ho, 1971), deixam resíduos na vegetação e em inúmeros casos, contaminam o meio ambiente (Carballo et al.,1989). Em função do ataque de pragas os agricultores devem adoptarem medidas de controlo, as quais devem ser selecionadas de forma a se buscar a sustentabilidade ambiental e económica. Tais sustentabilidades são favorecidas pela adopção de tácticas de controlo que causam poucos danos ao ambiente, a adoção do controle biológico e de práticas culturais. Porém, a maioria desses procedimentos são preventivos, e em situações de ataque severo o agricultor lança mão de medidas terapêuticas, dentre as quais a mais amplamente difundida e adoptada é o controlo químico. Logo, é de fundamental importância seleccionar insecticidas eficientes no controle da praga e selectivos em favor de seus inimigos naturais (Serenda et al., 1997, Castelo Branco et al., 1996). Dentre os agente do controle biológico da traça-da-couve encontra-se as espécies Cotesia plutellae e Diadegma semiclausum. Porem, todo o potencial de controlo destes inimigos naturais pode ser ameaçado pelo emprego indevido de insecticidas não selectivos (Kao et al., 1992). Para protecção de inimigos naturais, é essencial o uso de insecticidas eficientes contra as pragas e relativamente seguros aos inimigos naturais (Villas Bôas et al., 1990, Zhang, 2001). Apesar da importância da selectividade na preservação do controle biológico em Brassica, praticamente pouco se conhece a respeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt), Spinosad, Lufenuron e Emamectin benzoate). Nesta ordem de pensamento pretende-se com este trabalho, avaliar o efeito destes insecticidas no controlo desta praga e o impacto dos mesmos no controlo biológico no sul de Moçambique. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 3 1.3. Objectivos: Geral ➢ Avaliar o efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e metamedofos) em diferentes doses no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella L) e o seu impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Específico ➢ Determinar a densidade e nível médio de ataque da P. xylostella L. submetida a cinco pesticidas Bacillus thuringiensis (Bt) spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e metamedofos) em diferentes doses na cultura da couve. ➢ Determinar a percentagem de parasitismo da Plutella xylostella L. por Cotesia plutellae ➢ Determinar o número de pés comercializáveis e o rendimento da cultura de couve. ➢ Analisar a margem líquida de cinco pesticidas (Bacillus thuringiensis (Bt), Spinosad, Lufenuron, Emamectinan benzoate e metamedofos) em diferentes doses na cultura da couve. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 4 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Brassicaceae Brassicaceae (= Cruciferae) é uma das famílias de hortaliças de uso mais antigo, originária da costa ocidental na zona da europa Mediterrâneo, representada por 350 géneros e 3200 espécies (Castelo Branco et al., 1996), são cultivadas em todas as regiões do mundo. Este grupo de oleícolas que é formado pela Couve, couve-flor, repolho, brócolos, couve-manteiga, couve-de- bruxelas, mostarda nabo, rabanete, rúcula, colza, canola e tem baixo custo de produção. Esses alimentos são de grande importância para uma alimentação saudável e também para a geração de renda e emprego, pois o seu cultivo não requer grandes extensões de terra (Gallo et al., 2002). Segundo os dados da (FAO), (2004), a produção mundial de couve para o ano de 2004 estimou- se em 68,2 milhões de toneladas. Em 2010, houve um crescimento lento, mas constante na importação e na exportação de todo o Mundo,com cerca de 97% direccionado para os países da União Europeia e o continente Africano ficando com a menor produção destacando-se mais a África do sul. Uma das limitações do cultivo deste grupo de hortaliças no Mundo tem sido a incidência de insectos-pragas, destacando-se: o pulgão da couve (Brevicoryne brassicae) (L, 1758) (Hemiptera: Aphididae), o pulgão verde (Myzus persicae) (Sulzer, 1776) (Hemiptera: Aphididae), a lagarta da couve (Ascia monuste orseis) (L, 1819) (Lepidoptera: Pieridae), a lagarta rosca (Agrotis ipsilon) (Hulfnagel, 1767) (Lepidoptera: Noctuidae), a lagarta-mede-palmo (Trichoplusia ni) (Hueb., 1802) (Lepidoptera: Noctuidae), a broca da couve (Hellula phidilealis) (W., 1859), a mosca branca (Bemisia tabaci) (Hemiptera: Aleyrodidae) (Genn, 1889) (Gallo et al. 2002) e a traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) (L, 1758) (Lepidoptera: Plutellidae), considerada a mais destrutiva das pragas, devido aos sérios danos causados à cultura, podendo ocasionar perda total nos campos de produção (Talekar, 1992). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 5 2.1.1. Couve A couve é (Brassica olerácea L. var. Acephala) uma hortícola de origem Mediterrâneo, e que actualmente se encontra expandida nas regiões tropicais e subtropicais (Filgueira, 2008). A couve é a mais conhecida e consumida, tem folhas grandes e lisas, recobertas por um tipo de serosidade, que lhe dá brilho e resistência, cor é do tipo verde-brilhante, Fonte de betacaroteno e vitamina C e E. Boa fonte de ácido fólico, cálcio, ferro e potássio. Contém bioflavonóides e outras substâncias que protegem contra o cancro (Filgueira, 2008). Segundo Filgueira (2008) e Chale (2005), a couve apresenta as seguintes características: a) Raiz: é aprumada com abundantes raízes secundárias superficiais; b) Caule: apresenta uma forma erecta, que produzem diversos rebentos, que pode variar em altura desde os quarenta centímetros até um metro e vinte centímetros de altura; c) Folhas: são verdes, pecioladas, espessas, ligeiramente carnudas, lisas e tenras e folhas lisas com variações em tons de verde; d) Flores: são pequenas, brancas ou amarelas, agrupadas em grandes inflorescências do tipo racemo, as vezes em corimbos; e) Fruto: é do tipo síliqua, de formato cilíndrico e ligeiramente comprido. Propagação por sementes - semeia-se em lugar sombreado (bandejas), transplantando as mudinhas com cerca de um palmo de altura, deixando-as a 50 cm em todos os sentidos Colheita 50 dias após o plantio das mudas e 90 dias após a semeadura Colhe-se praticamente o ano todo Uma boa planta produz cerca de 4 a 5 kg de folhas por ano (Chale, 2005). Em Moçambique, a cultura de couve (Brassica olerácea var. acephala) é produzida pelo sector familiar nas zonas baixas ou com sistemas de regadio e tem como finalidade o consumo e venda nos mercados locais. A sementeira é geralmente feita em viveiros, de modo a garantir melhores cuidados às plântulas. Os cuidados permitem obter plântulas de qualidade que aumentam as possibilidades do sucesso no campo definitivo. Ela pode ser produzida durante todo ano sendo os Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 6 meses de Março e Julho os mais favoráveis e os meses de Outubro a Janeiro os menos favoráveis (Chale, 2005). 2.2. A traça das crucíferas (TDC) Plutella xylostella L. A traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (L., 1758) (Lepidoptera: Plutellidae), é um insecto cosmopolita, lepidóptero e é originário provavelmente da região Mediterrânea e actualmente encontrasse disseminado por todos os continentes (Monnerat, 2004). É um insecto de ciclo curto, e desenvolve bem acima de 20ºC de temperatura, pois em condições mais quentes o ciclo pode se dar em apenas 12 dias, e em dias frios, esse período vária de 15 a 20 dias. O comportamento fisiológico da P. xylostella depende de factores como temperatura, fotoperíodo, humidade relativa e escassez de alimento (Crema, 2004). O número de gerações está em torno de cinco a 10 por ano, dependendo das condições climáticas e da disponibilidade de alimento, o que faz com que as populações dessa praga variem muito de um ano a outro (Castelo Branco & Villas Bôas, 1997; Dias et al., 2004). Segundo IMENES et al. (2002), a ovoposição se dá na face inferior das folhas e os ovos são muito pequenos de coloração esverdeada e arredondados. Após três ou quatro dias os ovos eclodem e as lagartas de primeiro instar “minam” as folhas, alimentando-se do parênquima por dois ou três dias. Em seguida, abandonam as “minas” e passam a alimentar-se da epiderme, perfurando as folhas e inutilizando-as para a comercialização. As lagartas atingem o máximo desenvolvimento com 8 a 10mm de comprimento, após 9 ou 10 dias da eclosão, a uma temperatura de 28ºC, humidade relativa de 60% e fotoperíodo de 12h (França & Medeiros, 1998). Quando completam o desenvolvimento larval, empupam no interior de um pequeno casulo de seda produzido pela lagarta, na face inferior das folhas (Figura 1). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 7 Figura 1. Fases de desenvolvimento de Plutella xylostella: Figura 1. Ciclo de vida da TDC. Fonte: © A. M. Varela, ICIPE. 2.3. O controlo biológico Segundo Lim, (1986), o controle biológico é um fenómeno natural, a regulação do número de plantas e animais pelos inimigos naturais, os agentes bióticos de mortalidade. Envolve o mecanismo da densidade recíproca, o qual actua de tal forma que sempre uma população é regulada por outra população, ou seja, um ser vivo é sempre explorado por outro ser vivo e com efeitos na regulamentação do crescimento populacional, e assim mantendo o equilíbrio da natureza. O controlo biológico foi definido por Debach (1968) como “a acção de parasitóides, predadores e patógenos na manutenção da densidade de outro organismo a um nível mais baixo do que aquele que normalmente ocorreria nas suas ausências”. O controlo biológico, diferentemente do químico, não apresenta efeito imediato e total, em geral seu efeito pode estar abaixo do necessário, sendo preciso integrar com outro método de controlo, como por exemplo o uso de insecticidas selectivos aos inimigos naturais (Lim, 1986) Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 8 2.3.1. Inimigos Naturais Os organismos vivos que actuam como agentes de controlo biológico constituem o grupo dos inimigos naturais, o qual é formado pelos parasitóides, predadores e patógenos. Os dois primeiros são denominados agentes entomófagos e, o último, entomopatogênico. Quanto aos entomófagos, embora exista um grande número de organismos que se alimentam de insectos, como pássaros, lagartos, sapos, tamanduá, a ênfase aqui é para insectos que se alimentam de insectos. Do ponto de vista económico, um inimigo natural efectivo é aquele que é capaz de regular a densidade populacional de uma praga e mantê-la em níveis abaixo daquele de dano económico estabelecido para um determinado cultivo. No geral, os inimigos naturais, em particular,os parasitóides e predadores mais efectivos, devem apresentar as seguintes características: adaptabilidade às mudanças das condições físicas do meio ambiente, um certo grau de especificidade a um determinado hospedeiro/presa, alta capacidade de crescimento populacional com relação a seu hospedeiro/presa, alta capacidade de busca, particularmente em baixas densidades do hospedeiro/presa, sincronização sazonal com o hospedeiro/presa e capacidade de sobreviver nos períodos de ausência do hospedeiro/presa, e capaz de modificar sua ação em função de sua própria densidade e do hospedeiro/presa, ou seja, mostrar densidade recíproca (Debach et al., 1991). Segundo Hagen et al., (1968) Parasitóides – dentro da entomologia considera-se o termo parasitóide, ao insecto que parasita um hospedeiro, completa o seu ciclo em um único hospedeiro e usualmente mata esse hospedeiro. Suas larvas exibem o hábito parasítico, e os adultos são de vida livre, se alimentando de néctar, substancias açucaradas etc. Os parasitóides estão, em sua maioria, dentro da Ordem Hymenoptera, e poucos na Ordem Diptera (Família Tachinidae). Atacam e se desenvolvem em todos os estágios dos insectos, ou seja, ovo, larva (ninfa), pupa e Lista adulto. Alguns exemplos de parasitóides: Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 9 2.3.1.1. Parasitóides ✓ Chelonus curvimaculatos e Chelonus sp. (Braconidae) atacam ovos e larvas; ✓ Cotesia plutellae, Apanteles eriophyes e Habrobracon (Braconidae) e Peribaea sp. (Tachinidae) atacam a fase larval; ✓ Diadegma sp. (Ichneumonidae) e Oomyzus sp. (Eulophidae) atacam as larvas e pupas; ✓ Diadromus colaris (Ichneumonidae), Hockeria sp., Brachymeria sp. e Proconura sp. (Chalcididae) atacam a fase de pupa. ✓ Diadegma insulare (Cresson) (Hymenoptera: Ichneumonidae) ou Microplitis plutellae (Muesbeck) (Hymenoptera: Braconidae) atacam a fase larval e pupas; ✓ Diadromus subtilicornis (Gravenhorst) (Hymenoptera: Ichneumonidae) ataca a fase de pupa. Existem os parasitóides primários, aqueles que se desenvolvem em hospedeiros não parasitóides, ou seja, seus hospedeiros são fitófagos, saprófagos, polenófagos etc. E os hiperparasitóides, que são parasitóides que se desenvolvem em outro parasitóide (o parasitóide do parasitóide). Também existem os endoparasitóides, ou seja, o parasitóide que se desenvolve dentro do corpo do hospedeiro, podendo ser solitário, quando várias larvas se desenvolvem até a maturidade em um único hospedeiro. E o ectoparasitóide, espécie que se desenvolve fora do corpo do hospedeiro (a larva se alimenta inserindo as peças bucais através do tegumento do hospedeiro), podendo ser também solitário e gregário (Hassell, 1978). Como categorias do parasitismo, pode- se citar o multiparasitismo, situação na qual mais de uma espécie de parasitóide ocorre dentro ou sobre um único hospedeiro, e o superparasitismo, fenómeno no qual vários indivíduos de uma mesma espécie de parasitóide podem se desenvolver em um hospedeiro. No caso de um menor número de hospedeiros, em relação ao número de parasitóides, o superpararasitismo pode actuar como um mecanismo de regulação da população do parasitóide em função daquela do hospedeiro. E no multiparasitismo, pode ocorrer a competição, levando a morte de um dos parasitóides (Hassell, 1978). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 10 2.3.2. Predadores São indivíduos de vida livre, usualmente maior do que as presas requerem um grande número de presas para completar o seu ciclo de vida, e podem apresentar o comportamento predatório, tanto no estágio ninfal (larval) como adulto. Quanto ao hábito alimentar podem ser mastigadores ou sugadores. Estão presentes em várias ordens de insectos, sendo as mais importantes (Gallo, D. et.al. 2002): Coleoptera (Famílias Coccinellidae, Carabidae), Diptera (Familias Syrphidae, Asilidae), Hemiptera (Famílias Anthocoridae, Pentatomidae, Reduviidae), Neuroptera (Família Chrysopidae), Hymenoptera (Família Vespidae), Dermaptera (Famílias Forficulidae, Labiduridae). Alguns exemplos de insectos predadores, Orius insidiosus, Chrysoperla externa, Labidura riparíamos, Cycloneda sanguinea, Porasilus barbiellinii, Brachygastra lecheguana, Podisus nigrispinus. 2.4. Cotesia plutellae 2.4.1. Origem e distribuição Cotesia plutellae é originária da Europa, e mais tarde disseminou-se em todo mundo acompanhando a disseminação da Plutella xylostella. A Cotesia plutellae é um parasitóide oligófago de Plutella xylostella, que ocasionalmente tem sido parasitóide de outras espécies de lepidópteros (Lim 1982; Talekar e Shelton, 1993). De acordo com Talekar & Shelton (1993) A P. xylostella é considerada uma praga exótica em muitos países. Portanto, não é clara a informação sobre o País pioneiro na ocorrência da C. plutellae antes da introdução de P. xylostella. Existem, no entanto, relatórios que referenciam a C. plutellae como sendo um parasitóide de uma vasta gama de lepidópteros incluindo outras pragas de brássicas, mas os dados de campo indicam que P. xylostella é o seu hospedeiro preferido (Lim, 1982). O estudo feito em Moçambique verificou-se que houve ocorrência na Beira, Província de Sofala e Vale de Infulene, Província de Maputo (Chale, 2005; Agostinho, 2013). A Cotesia plutellae (Hymenoptera: Braconidae) é o mais abundante parasitóide larval de Plutella xylostella na África do Sul, no Leste África (Lim, 1982). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 11 Os parasitóides identificados são Cotesia plutellae e Oomyzus sokolowskii. Em Manica, o único parasitóide identificado foi Cotesia plutellae. (Caniço, 2013). Cotesia plutellae pode atacar uma gama de famílias de Lepidoptera. Pesquisas apontam que, embora seja amplamente assumido ser parasitóide específico, foi registado em várias outras espécies de Lepidópteros (Agostinho, 2013). A importância de C. plutellae na gestão de P. xylostella é baseada em dois factos a uma ampla tolerância térmica (Talekar & Yang, 1991). e altos níveis de parasitismo mesmo com a elevada aplicação dos insecticidas (; Ooi, 1992; Waladde et al., 2001). A C. plutellae parasita todos quatro estágios larvais da P. xylostella, mas prefere a segunda e a terceira (Talekar & Yang, 1991;). A uma temperatura de 25ºc C. plutellae completa o seu desenvolvimento (ovo – larva) em cerca de 7-8 dias (Kfir, 1997). A Cotesia plutellae é abundante apenas em baixas altitudes, na África Austral é o parasitóide mais abundante, tanto em baixa (<500m) e em alta elevações (>1000m) (Talekar e Shelton, 1993; Kfir, 1997). 2.5. Regulação de Populações Controle se refere a factores de supressão, que destroem uma percentagem fixa da população independentemente da densidade da população (Debach, P. 1968). O efeito da chuva eliminaria (hipoteticamente) 80% da população de um pulgão sem importar se a densidade do pulgão é de 10 mil ou um milhão/ha; similarmente aconteceria com o controle de uma praga com insecticida. Assim uma população pode ser reduzida rápida e substancialmente por meio desse controle, mas, os efeitos do controle são geralmente curtos e seguidos de uma rápida ressurgência da praga (Gallo, D. et.al. 2002). Em contraste, regulação inclui o efeito dos factores do meioambiente cuja acção é determinada pela densidade da população, ou seja, se destrói uma percentagem mais alta quando se incrementa a população e vice-versa. Por exemplo, ao aumentar a densidade de uma praga, se incrementa também a disponibilidade de recursos alimentares e ou local de reprodução do factor Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 12 regulador (parasitóide ou predador), o que permite incrementar também sua própria população. Esse aumento do inimigo natural traz como consequência um aumento na percentagem de mortalidade da praga como resultado do parasitismo ou predação, até chegar a um certo nível máximo (os inimigos naturais nunca eliminam 100% de seus hospedeiros/presas); inversamente, ao decrescer a população da praga, a densidade do inimigo natural também diminui como resultado dos efeitos de escassez de alimento, dispersão e outros factores, o qual resulta em um decréscimo na percentagem de mortalidade da praga pelo parasitóide/predador. Este processo garante a não extinção do hospedeiro/presa, o qual evita também a extinção do parasitóide/predador. Assim, o factor regulador está perfeitamente inserido dentro do contexto do controle biológico de pragas (Debach, 1968). 2.6. Controle Biológico Natural O conceito “balanço da natureza” se define como a tendência natural das populações de plantas e animais de não crescer até o infinito, nem decrescer até a extinção, como resultado de processos reguladores (como os inimigos naturais) em ambientes não perturbados (ecossistemas naturais). Assim, o controle biológico natural envolve as acções combinadas (factores bióticos e abióticos) de todo o meio ambiente na manutenção das densidades características da população, ou seja, o equilíbrio natural. Muitos organismos-praga potenciais podem ser mantidos em densidades muito abaixo dos níveis de danos por inimigos naturais que ocorrem naturalmente no campo. Em ecossistemas naturais, uma enorme quantidade de espécies de inimigos naturais mantém insectos fitófagos em baixas densidades populacionais. Mesmo em agro-ecossistemas, muitas pragas potenciais são mantidas em níveis que não causam danos, por meio da acção dos inimigos naturais que ocorrem naturalmente (Debach, 1968). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 13 2.7. Controlo Químico É o uso de pesticidas que é substância ou mistura de substâncias de natureza química ou biológica usada para controlar qualquer agente causador da praga ou doença (Segeren et al., 1994). Segundo o França, (1985) insecticidas químicos é o método mais usado pelos produtores para controlar P. xylostella, pois, aparentemente, é o que traz os melhores resultados, de forma rápida, prática e eficiente na redução dos prejuízos ocasionados pela praga. Sendo os mais utilizados os organofosforados, carbamatos e piretróides (Dias et al., 2004). A maioria destes insecticidas tem acção semelhante em organismos alvos e não alvos, representando um perigo para os insectos benéficos, para os animais selvagens e para o homem (Chen, 1996). Aplicações mais frequentes de insecticidas, e o aumento da dose do produto utilizado, e a substituição do produto por outro insecticida, geralmente mais tóxico são as principais consequências do estabelecimento da resistência a insecticidas (Georghiou, & Saito, 1983). a) Intervalo de segurança: É o intervalo de tempo que tem de ser mantido entre a última aplicação do pesticida e a colheita, e garante um nível de resíduos nos produtos agrícolas tratados sem problemas toxicológicos para o consumidor. Ele deve ser observado no uso de todos pesticidas aplicados sobre uma cultura (Segeren et al., 1994). b) Classe toxicológica: Feita com base na dose letal que mata 50% dos animais experimentais expostos ao produto por uma ou mais vezes durante um tempo máximo de 24horas expresso em mg de produto/kg do animal ensaiado (Segeren et al., 1994). c) A resistência a insecticidas É definida como a habilidade herdada de uma população ou de um organismo de sobreviver à dose de um insecticida, que seria letal para a maioria dos indivíduos da espécie (Lim, 1986). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 14 2.7.1. Pesticidas 2.7.1.1. Bacillus thuringiensis (Bt) O Bacillus thuringiensis (Bt) é uma das mais importantes fontes de agentes de controlo de insectos na agricultura moderna. Originalmente desenvolvido como um pesticida microbiana na década de 1930, os produtos formulados Bt que usam esporos de bactérias e toxinas são agora importantes alternativas altamente selectivas para insecticidas sintéticos no controle de insectos, particularmente na silvicultura, horticultura, controle de doenças por vectores, maneio integrado de pragas e agricultura orgânica (Roh et al., 2007). 2.9.1.1.1. Funcionamento do Insecticida Bt e seu impacto sobre inimigos naturais Segundo Infonet-Biovision, (2012) O Bt para agir, deve ser ingerido por um hospedeiro susceptível, quando ingerido produz proteínas que reagem com as células da mucosa do estômago da praga em questão. As proteínas produzidas paralisam o sistema digestivo do insecto, fazendo o insecto parar de alimentar dentro de horas. As pragas que ingerem a toxina podem viver por vários dias sem causar nenhum dano adicional para a cultura, acabando por morrer, eventualmente, de fome. O uso Bt como insecticida tornou-se uma ferramenta importante em muitos programas de MIP tem sido a promoção de formulações pulverizáveis de Bt, com base em Bt var. E aizawai e Bt var. Kurstaki como os insecticidas de escolha para traça da couve e outros insectos da mesma ordem. Como essas formulações são altamente específicos e foram inicialmente muito eficaz, sem qualquer impacto sobre os inimigos naturais, estes são ideal componente para o maneio da traça da couve (Shelton et al., 2007). Devia se abraçar o uso do Bt, mas Segundo Grzywacz et al. (2010) a utilização de formulações pulverizadas de Bt é registada em África e ainda não foi reportada a resistência da traça da couve contra o Bt mas a sua utilização é limitada por que como este é relativamente caro em relação aos insecticidas tradicionalmente utilizados. O Bt var. Aizawai e Bt var. Kurstaki são muito eficazes no controle de infestações da traça-da- couve. kurstaki Var Bt. Kurstaki é amplamente usado em um intervalo semanal e uma taxa de 0.5/ha (Infonet-Biovision, 2012; Seif e Nyambo, 2013). Este tipo de estratégia proporciona Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 15 controlo efectivo desta praga. No entanto, a utilização contínua de Bt pode induzir o desenvolvimento de resistência. O Bt controla a traça e não prejudica insectos benéficos. Insecticidas Bt devem ser aplicados quando as lagartas estiverem ainda pequenas. As pulverizações podem ser feitas em intervalos de 5 a 7 dias, quando as populações são elevadas (Infonet-Biovision, 2012; Seif e Nyambo, 2013) recomendam uma periodicidade de 7 dias. Num estudo conduzido por Vilas Boas et al. (2004) onde avaliaram o impacto dos insecticidas sobreinimigos naturais, o produto a base de Bt (Bacillus thuringiensis var kurstaki) teve uma alta eficiência de controlo da traça com um baixo impacto no nível de parasitismo. 2.7.1.2. Spinosad Segundo Thompson et al., (1997). Spinosad é agente de controlo de insectos obtidos por fermentação da bactéria actinomiceto (Saccharopolyspora spinosa). Esta espécie rara foi encontrada em amostras de solo na ilha do Caribe em 1982. O ingrediente activo é composto por dois metabólitos, espinosina A e espinosina D. Spinosad controla muitas pragas como é o caso das lagartas, tripes e dípteros minadores Spinosad é um insecticida, usado para o controlo de pragas que atacam frutas, hortícolas, plantas ornamentais, relva e grãos armazenados. A classe toxicológica desse pesticida é III. Tem actividade de contacto em todas as fases de vida dos insectos, desde ovos, larvas e adultos. Para o controlo dos ovos a aplicação deve ser directa, mas larvas e adultos podem ser efectivamente controlados através do contacto com as superfícies tratadas. (Salgado, 1998). Segundo Salgado, (1998) o modo de acção de Spinosad é completamente novo, tornando-se uma ferramenta de gerenciamento de resistência útil. Um novo mecanismo de actividade sobre os receptores de acetilcolina nicotínica foi identificada como a causa principal de morte, tem efeitos adicionais sobre o ácido gama-aminobutírico ou receptores GABA, apesar de não ter sido mostrado que estes efeitos contribuem para a actividade insecticida, os insectos alvos morrem por exaustação num período de 1 a 2 dias. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 16 Resíduos de Spinosad na superfície da folha são degradados rapidamente péla acção da luz solar; na água a degradação (hidrolise) é lenta. No entanto, em água exposta a luz solar, a foto- degradação ocorre rapidamente. Quando aplicado no solo os micróbios degradam o Spinosad em outras Spinosinas que podem persistir no solo durante vários meses e permanecem biologicamente activas (Saunders & Brett, 1997). Spinosinas que podem persistir no solo durante vários meses e permanecem biologicamente activas (O’Neil, 2001). 2.7.1.3. Lufenuron Os reguladores de crescimento foram descobertos como venenos estomacais, de acção lenta, que interferem especificamente na deposição da quitina, um dos compostos da cutícula dos insectos (Reynolds, 1987; Silva et al., 2006). Os reguladores de crescimento exercem sua acção tóxica em formas imaturas, particularmente durante a ecdise, no entanto, actuam também sobre os adultos, afectam a viabilidade dos ovos (Ávila e Nakano, 1999; Lovestrand e Beavers, 1980). O lufenuron (Zool 5%) com 50g/litro de substância activa, pertence a classe toxicológica IV (pouco tóxico), faz parte do grupo de insecticida regulador de crescimento, conhecido. Os reguladores de crescimento foram descobertos como venenos estomacais, de acção lenta, que interferem especificamente na deposição da quitina, um dos compostos da cutícula dos insectos (Reynolds, 1987; Silva et al., 2006). Os reguladores de crescimento exercem sua acção tóxica em formas imaturas, particularmente durante a ecdise, no entanto, actuam também sobre os adultos, afectam a viabilidade dos ovos (Ávila & Nakano, 1999; Lovestrand e Beavers, 1980). O lufenuron (Zool 5%) com 50g/litro de substância activa, pertence a classe toxicológica IV (pouco tóxico), faz parte do grupo de insecticida regulador de crescimento, conhecido internacionalmente como (IGR), Insect Growth Regulators, inibidor da síntese da quitina. Os IGRʼs geralmente são de baixa toxicidade para mamíferos e são praticamente específicos contra Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 17 artrópodes. Impedem o desenvolvimento normal da cutícula dos insectos. Isso interfere na sua acção muscular como por exemplo, na formação de quitina, produzindo uma lesão no momento da muda, pupa e ecdise (Dhadialla, 1998; Tunaz & Uygun, 2004). Segundo Dhadialla et al., (1998), a acção ocorre principalmente via ingestão na fase larval, no entanto, para algumas espécies, também tem sido observado efeito ovicida quando aplicado directamente sobre os ovos e/ou através da ingestão pelos adultos, reduzindo a fecundidade, a fertilidade e a longevidade. Alguns insecticidas pertencentes ao grupo dos reguladores de crescimento são: Lufenuron (Match 50 CE) e novalurom (Rimon 100 EC), metoxifenozida (Intrepid 240 SC) e tebufenozida (Mimic 240 SC, diflubenzuron, flufenoxuron, nuvaluron, teflubenzuron e triflumuron controlam pragas nas fruteiras como pessegueiros e citrinos, cultura da soja, e as brássicas (Arioli et al., 2004; Grutzmacher, 2005). Dentre vários estudos relacionados com aplicação de Lufenuron para o controlo de Plutella xyllostella na couve, foi elaborado na África do sul com o tema “ Embryo-larvicidal. Activities of Lufenuron on immature stage of Diamondback Month” e Efeito de lufenuron e azadiractina sobre adultos de Plutella xylostella (Lepidoptera: Plutellidae), no Brasil. 2.7.1.4. Emamectin Benzoate Emamectin benzoate, também conhecido como emamectina, Biokmetine 5% EC (emulsão concentrada), com 50g/litro de s.a (substância activa), pertence a classe toxicológica III (medianamente tóxico) é um biopesticida e acaricida sistémico age por contacto ou inalação, com período de segurança de 3-14 dias, agónico de GABA (Gama-amino butírico) (Marodin, 2007). Emamectin benzoate, também conhecido como emamectina, Biokmetine 5% EC (emulsão concentrada), com 50g/litro de s.a (substância activa), pertence a classe toxicológica III (medianamente tóxico) é um biopesticida e acaricida sistémico age por contacto ou inalação, com período de segurança de 3-14 dias, agónico de GABA (Gama-amino butírico) (Marodin, 2007). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 18 É agonista de GABA, como o nome sugere, agem de modo oposto ao dos ciclodienos e fenilpirezóis, ou seja, inibem o sistema nervoso central, competem com GABA, ligando-se ao seu receptor específico na membrana pós-sináptica e estimulando o fluxo de Cl- para o interior da célula nervosa, desta forma imitando o efeito calmante do GABA (Marodin, 2007). A ligação das avermectinas com o receptor de GABA é essencialmente irreversível. Os sintomas de intoxicação incluem ataxia e paralisia. Actividades visíveis como alimentação e oviposição cessam pouco tempo após a exposição, mas a morte propriamente dita pode ocorrer só depois de alguns dias (Marodin, 2007). O Emamectin benzoate é indicado para as culturas do algodão, Batata, Café, Citrinos, Feijão, Maçã, Melancia, Morango, Pepino, Pimento, Tomate e Roseira, para controlo de Ácaro branco Ácaro da falsa ferrugem, Ácaro vermelho, Traça-do-tomateiro (Marodin, 2007). Dentre vários estudos relacionados com aplicação de Emamectin benzoate, o “Degration Dynamics Emamectin benzoate on Cabbage Under Subtropical conditions of Punjab, India” e “Efficacy of Emamectin benzoate end Bacillus thuringiensis at controlling diamondback moth populations on Cabbage in Florida” em que o Emamectin benzote mostrou-se ser mais eficaz quando aplicado alternado com Bacillus thuringiensis. 2.7.1.5. Metamedofos É um pesticida organofosforado (insecticida e acaricida)de largo espectro de acção, obtido como subproduto do acefato é um SL (Solúvel em água) com 535g/litro de substância activa, é um insecticida e acaricída pertencente ao grupo de organofosforados juntamente com, clorpirifós, profenofós, paration metílico e os carbamatos (metomyl, benfuracarb, carbosulfan). Também conhecido comercialmente como Monitor, Nitofol, Swipe, Nuratron, Vetaron, Filitox, Patrole, Tamanox, SRA 5172 ou Tamaron) de largo espectro de acção (Tomlin, 1994). O Metamidofos é tóxico para vários organismos podendo afectar directamente o sistema nervoso, pois provoca a inibição das enzimas colinesterases. Tal facto causa acúmulo de Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 19 acetilcolina, o que causa distúrbios dos centros nervosos, sendo que exposições muito intensas provocam sucessivas sinapses, seguidas de paralisação respiratória e morte (Tomlin, 1994). Faz parte da classe toxicológica I, a sua acção ocorre por contacto. A inibição da acetilcolinesterase resulta em acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica, causando hiperexcitabilidade do sistema nervoso central devido à transmissão contínua e descontrolada de impulsos nervosos. Os sintomas de intoxicação incluem tremores, convulsões e, eventualmente, colapso do sistema nervoso central e morte (Hassal, 1990). O Metamedofos é aplicado no controlo de pragas, tais como besouros, pulgas, minhocas, carrapatos, ácaros, lagartas, moscas e percevejos, na protecção de diversas culturas, como Algodão, Batata, Feijão, Tomate, Tabaco, Pimento, Milho, Brócolis, Couve-flor, Repolho, Morango, Pêssego e Soja (Hassal, 1990). 2.8. Selectividade Na natureza há um equilíbrio biológico entre plantas, predadores, parasitóides, patógenos e demais componentes bióticos e abióticos do meio ambiente ecossistémico. Os insecticidas podem apresentar dois tipos de selectividade: Selectividade fisiológica e selectividade ecológica. A selectividade fisiológica consiste no uso de insecticidas que sejam mais tóxicos à praga do que aos seus inimigos naturais, em face das variações fisiológicas na sensibilidade destes organismos ao insecticida. Já a selectividade ecológica é obtida através do uso de técnicas de aplicação do insecticida que minimizem o contacto entre o insecticida e o inimigo natural (Pedigo, 1988). 2.9. Maneio Integrado de Pragas Segundo Knodel, (2008); Imenes et al., (2002) é um sistema ou conjunto técnicas apropriadas e métodos de forma a manter a população da praga a níveis abaixo daqueles capazes de causar dano económico ou regras baseadas em princípios ecológicos, considerações económicas e Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 20 sociais para a tomada de decisão sobre o controle; Integrado e significa o uso harmonioso de diferentes métodos para o controle de uma determinada espécie de organismo e Pragas com o interesse do homem. Para o controlo da Plutella xylostella pode aplicar-se o maneio integrado que pode resultar em aplicação de controlo químico (aplicação de pesticida) que sejam selectivos aos parasitóides e duma certa forma natural ocorrendo o controlo biológico e reduzindo assim a densidade da praga e os danos causados por ela, Contudo muitos autores relatam que os métodos de controlo que se destaca são o método cultural, método químico, mecânico, biológico (inimigos naturais como parasitóides) (Monnerat & Bordat 1998; Monnerat et al., 2002; Imenes et al., 2002). O nível crítico de dano da praga é de duas larvas por planta ou um a dois furos por planta (Matsubana, 1982). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 21 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Descrição da Área de Estudo O presente ensaio foi conduzido no campo experimental da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) localizado na cidade de Maputo entre as latitudes 25° 57’ 07” e 25° 57’ 09” S, longitudes 32° 36’ 05” e 32° 36’ 10” E, e altitude de 60 m. Segundo a classificação de Koppen o clima da região, é do tipo Aw (clima tropical chuvoso de savana) onde a precipitação média anual é de cerca de 767 mm, sendo Fevereiro o mês mais chuvoso com 137 mm, e Agosto o mês mais seco com 12 mm e a temperatura média anual de 22,8°C. O solo é de textura arenosa com teor de matéria orgânica igual a 0,26% nos primeiros 20 cm de profundidade. Nas camadas abaixo de 75 cm a água média disponível é de 16,7 mm/m. O pH do solo é de 5,81 e a condutividade eléctrica (CE1:2,5) é de 0,06 dS.m-1 e a infiltração básica do solo é de 379 mm/h (Ferreira, 2004). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 22 3.2. Materiais A pesquisa teve como os seus principais matérias: ➢ Pulverizadores, ➢ Pesticidas (Bacillus thuringiensis (Bt), Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamidofos), Tabela 1: Descrição tecnica dos pesticidas usados como tratamentos ITE Nome comum Nome comercial Abreviaturas Quantidade local de compra 1 Bacillus thuringiensis Halt 5%WP Bt 500g AGRIFOCUS 2 Spinosad Tracer 48% SC Spinosad 0,5l AGRIFOCUS 3 Lufenuron Zool 5% EC Lufenuron 2,5l AGRIFOCUS 4 Emamectin Benzoato Biomectin EB 1l AGRIFOCUS 5 Metamidofos Volmet 58,5% SL Metamidofos 1l AGRIFOCUS ➢ Semente de couve Tronchuda portuguesa ( Brassica oleracea, grupo variedade Acephala), ➢ Frascos, ➢ Lupa, ➢ Pincele, ➢ Aspirador da boca. ➢ Etiquetas, ➢ Fita métrica. 3.3. Delineamento Experimental e Tratamentos O delineamento experimental adoptado foi de blocos completamente casualizados (DBCC), com 11 tratamentos como resultado de 5 pesticidas em diferentes doses (Bacillus thuringiensis (Bt) Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 23 Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamidofos), controlo e aplicados na couve (Tronchuda Portuguesa) os tratamentos são indicadas na Tabela 1. Tabela 2: tratamentos e doses usadas por pesticida Doses Metamedofo Lufenuron EB Bt Spinosad I 10ml/10 L agua 12ml/10 L de agua 4ml/10 L de agua 10g/10 L agua 3ml/10 L agua II 8ml/10 L agua 10ml/10 L de agua 3ml/10 L de agua 5g/10 L agua 2ml/10 L agua O delineamento apresentou três blocos e cada bloco foi composto por 11 parcelas facto que totaliza 33 parcelas (3 blocos * 5 tratamentos) contado com o tratamento controlo, espaçamento entre as parcelas era de 3m e apresentava uma área de 7,28m2 (2.8m*2.6m) onde foram alocadas 36 plantas (30cm * 70cm). A área total ocupada pelo ensaio foi de 1100m2 e um total de 1620 plantas (Anexos 2). 3.4. Práticas culturais no ensaio 3.4.1. Viveiro No mês de Julho de 2013, efectuou-se a montagem do viveiro, na qual consistiu na preparação dos canteiros de 1m² e em seguida a sementeira com 100g de semente de couve variedade Acephala, em sulcos equidistânciados á aproximadamente10 cm entre linhas. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 24 3.5. Campo Definitivo Antecedendo a transplantação preparou-se a área, iniciada por uma lavoura mecânica com charrua de aiveca e o seu respectivo parcelamento de acordo com a casualização do campo (Anexo2). Feitas as actividades, a transplantação efectuou-se nas primeiras horas do dia 07 de Agosto de 2013 à qual seguiu-se com rega por aspersão. Durante todo o ciclo da cultura foi efectuada regularmente a rega por aspersão num intervalo de 2-3 dias, 2-3 horas de exposição dos aspersores no campo (com excepção dos dias próximo a pulverização, que necessitou de aumento de rega em dias consecutivos, para a posterior não ocorrer a rega, com vista a causar menor impacto aos pesticidas aplicados), foi feita a rega localizada com regador de 13litros. No dia 18 de Agosto de 2013, foi realizada a retancha e deu-se início ao controlo de infestantes, que foi realizado três vezes durante o ensaio num intervalo de 30 dias. Efectuou-se o método mecânico de monda e a sacha. A 28 de Agosto de 2013 foi realizada a adubação de cobertura com NPK, baseado no cálculo de necessidade nutricional da área de 1100m² (Anexo7). 3.5.1. Aplicação dos insecticidas Após 35 dias a transplantação (19/09/ 2013), foi realizada a primeira pulverização dos insecticidas, as demais ocorreram aos 45, 58 e 68 dias respectivamente após a transplantação. Foram realizadas aplicações de cada insecticida durante todo ciclo da cultura. As diferentes quantidades de pesticidas foram aplicadas por 10 litros de água, após ser feita a respectiva calibração na área de estudo, que resultou em uma calda por pesticida aplicado no campo em cada tratamento (3 talhões) com o pulverizador. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 25 3.5.2. Observações feitas no campo Cada parcela continha 36 plantas. Foram observadas, e excluídas as plantas que estavam nas bordas (efeito bordadura) e colhidas todas as larvas encontradas nas 12 plantas da área útil em cada talhão, para avaliação de percentagem de parasitismo de traça de couve (TDC) no campo (Figura 2). Foram contadas nas 12 plantas o número de larvas e registado na ficha (Anexo1), para a determinação de densidade (larva/planta) por cada talhão. Registou-se na ficha (Anexo 1), os danos causados pela Plutella xylostella (furos nas folha) nas 12 plantas de área útil em cada talhão. Com base na escala de Filho (2010), para a determinação do nível médio de ataque (N.M.A), na qual verificou-se plantas sem dano (1), danos de 1-20% (2), danos de 21-40% (3), danos de 41-60% (4) e danos de 61-80% (5). As observações foram efectuadas um dia antes da aplicação dos respectivos pesticidas. Figura 2: Larva de Plutella xylostella identificada e colectada numa das plantas em análise no campo. Fonte: © A. M. Varela, ICIPE. Observações feitas no campo ➢ Número de lagartas vivas da Plutella xylostella L. ➢ Número de furos. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 26 3.5.3. Observações no laboratório As larvas colectadas no campo foram levadas ao laboratório da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal. De dois em dois dias eram feitas as observações e respectivo preenchimento da ficha (número de parasitóide e hospedeiro) (Anexo 1). Foi feita a troca de alimento (folhas frescas de couve) às larvas colocadas em cada frasco de cada parcela. Contou-se as larvas que passaram para pupa, depois adulta e as parasitadas que morreram. Figura 3: Frascos contendo larvas de Plutella xylostella colhidas no campo, a Cotesia plutellae identificada no campo e adulto da Plutella xylostella no laboratório. Observações feitas no laboratório ➢ Número de lagartas do hospedeiro (Plutella xylostella L) ➢ Número de parasitóides (Cotesia plutellae). 3.6. Colheita No dia 11 de Novembro de 2013, 93 dias após a transplantação foi realizada a colheita da couve. Tendo em consideração o intervalo de segurança de cada insecticida, pesou-se e calculou-se o rendimento adquirido dos pés comercializáveis de couve e fez-se preenchimento da respectiva ficha de colheita (Anexo3). Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 27 3.7. Variáveis medidas 3.7.1. Densidade populacional da TDC A Densidade foi calculada (estimada) como sendo a razão entre o número de larvas colectadas e o número de plantas observadas por cada parcela. δ= nlr/ npl Onde: δ – numero de larvas ou pupas por unidade de planta nlr - número total de larvas e npl - número de plantas seleccionadas. 3.7.2. Nível Médio de Ataque da TDC (N.M.A) Para se determinar o nível médio do ataque atribuiu-se valores de uma escala de 1 a 5 proporcionais à percentagem da área destruída. FILHO et al. (2010), a saber: 𝐍𝐌𝐀 = 𝚺𝐏𝐨𝐧𝐭𝐮𝐚çã𝐨 𝐧𝐚 𝐞𝐬𝐜𝐚𝐥𝐚 (𝟏 − 𝟓) ∗ 𝐧𝐫. 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐫𝐯𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐧𝐚 𝐩𝐨𝐧𝐭𝐮𝐚çã𝐨𝐧𝟎𝐝𝐞 𝐧𝐫. 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐫𝐯𝐚𝐝𝐚𝐬 3.7.3. Grau de parasitismo da P. xylostella L. por C. plutellae. O grau de parasitismo foi estimado após a contagem do número de parasitóides emergidos como sendo a razão percentual entre o número total de pupas ou adultos dos parasitóides e o total de indivíduos de hospedeiros colectados em cada parcela (Waladde & Leutle, 2000). Gp (%) = npo*100 / nihp Onde: Gp = grau de parasitismo. npo = número de parasitas observadas nihp = número de indivíduos hospedeiros Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 28 3.7.4. Percentagem de pés comercializáveis Na colheita, foi avaliada o número de pés comercializáveis quanto ao valor comercial, com base na seguinte escala de valores e o preenchimento da devida ficha de campo (anexo 3): ✓ 1= Folhas sem dano; ✓ 2= Folhas com furos pequenos (ate 2mm); ✓ 3= Folhas com furos grandes; ✓ 4= Plantas com folhas totalmente danificadas. Deste modo, segundo Castelo Branco et al., (1996) a percentagem de pés comercializáveis foi estimada nas plantas que receberam valores 1 (folha sem dano) e 2 (folhas com furos pequenos). 3.7.5. Rendimento da couve Para o cálculo de rendimento, foi feito a respectiva pesagem dos pés comercializáveis de cada parcela e convertidas o peso em toneladas por hectare. 3.8. Análise da margem líquida Foram entrevistados 30 produtores em três locais do cinturão verde da cidade de Maputo nomeadamente: Hulene, Infulene (Coca-Cola) e Infulene (2M) que são as principais zonas de produção e abastecimento da couve no mercado da cidade e província de Maputo, como objectivo de se obter informação do preço ao produtor de modo a efectuar o cálculo da margem líquida. Os custos variáveis foram calculados para cada tratamento, com base no preço de cada pesticida adquirido para o estudo. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 29 Fez-se o orçamento cultural (considerado o custo fixo) após o estudo e com base na ficha no anexo 8. Adquiridos todos os dados (custo fixo, variável, preço do produto), foi determinada a margem líquida a partir das seguintes fórmulas: ML = VP – (CV + CF) VP = Y*P CV = q*p Onde: VP = Valor de produção (Mt). P = Preço por unidade do produto (Mt/kg) q = Quantidade de factor produtivo (kg ou Ton) p = Preço por unidade do factor produtivo (Mt/un) Y = Produção total (Ton) CV = Custos variáveis (Mt) ML = Margem bruta (Mt/ha). 3.9. Análise de Dados Os dados colhidos no campo experimental e no laboratório da FAEF foram submetidos à ANOVA usando-se o software STATA 13 com o seguinte modelo: Yijk = μ + τi + υj + ԑij Onde: Yij – é o valor observado na parcela j que recebeu tratamento i, Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 30 μ - Média geral, τi – efeito do bloco j, υj – efeito do tratamento i, ԑijk – erro experimental. As médias foram comparadas usando-se o teste de Tukey a 5% de nível de significância. Foram utilizados os testes de Shapiro-wilk para testar a normalidade e de Breusch-pagan a homoskedasticidade dos dados ao nível de significância de 5% dos diferentes parâmetros medidos (densidade, nível médio de ataque, percentagem de parasitismo e percentagem de pés comercializáveis, rendimento). O pacote estatístico STATA 13 foi usado para fazer a análise da correlação pelo coeficiente de Pearson entre as variáveis densidade, nível médio de ataque, percentagem de parasitismo e a percentagem de pés/cabeças comercializáveis. O excel foi usado para esboçar gráficos e elaborar tabelas. Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 31 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Densidade da Plutella xylostella O resultado de análise de variância mostrou uma diferença significativa (p=0.00) a 5% de nível de significância em relação a densidade (número de lagartas por planta) da Plutella xylostella entre tratamentos (anexo 5.1). O tratamento controlo apresentou maior densidade (4.08 lagartas/planta), seguido do Metamedofos 1 e 2 (2.5 e 3.08 lagartas/planta respectivamente). Apesar de apresentar densidade que estatisticamente difere entre si, e Lufenuron1 (12ml) com (1.25 lagartas/planta), Lufenuron2 (10ml) com (1.53 lagartas/planta), EB2 (Emamectin benzoate2, 3ml) com (1.833 lagartas/planta), Spinosad2 (2ml) com (1.25 lagartas/planta), Bt1 (10g) com (1.75 lagartas/planta) e Bt2 (5g) com (1.75 lagartas/planta), apresentaram densidade que estatisticamente não diferiram entre si, e são relativamente maiores que EB1 (Emamectin benzoate1, 4ml) com (0.75 lagartas/planta) e Spinosad1 (3ml) com (1 lagartas/planta), estes dois pesticidas apresentaram o valor mais baixo de densidade e estatisticamente não diferiram entre si. (Figura 4). Figura 4: Densidade média da Plutella xylostella. 4.08a 2.5bc 3.08ac 1.25bd 1.53bd 0.75d 1.83bd 1d 1.25bd 1.75bd 1.75bd 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 D e n si d ad e ( n r. la ga rt as /p la n ta ) tratamentos (Pesticidas em doses) Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 32 Medias seguidas pelas mesmas letras não diferem estasticamente pelo teste de Fisher-Hayter a 5% de significância. (anexo 5.1) Os resultados obtidos neste ensaio mostram que existe alta densidade no tratamento Metamedofos, facto que pode ser explicado pela resistência da TDC a este produto como resultado do uso indiscriminado deste insecticida na zona onde o ensaio foi conduzido. Segundo Krishnaiah & Mohan (1983), Mohamad & Ismail (1988) diversos insecticidas químicos como organofosforados, carbamatos e piretróides têm sido usados contra a traça-das-crucíferas. Entretanto, o uso contínuo e indiscriminado desses insecticidas tem seleccionado populações resistentes, obrigando os produtores a utilizarem doses cada vez mais elevadas (Ooi, 1986). Os resultados do Lunfenurom coincidem com os do Castelo Branco (2001), que demostrou que a aplicação de Lufenuron causa uma taxa de mortalidade das lagartas que pode atingir 67 à 72%. Este pesticida, por ser um regulador de crescimento, influencia a emergência de adultos e a fertilidade de fêmeas, segundo França e Castelo Branco (1996), podendo contribuir para a redução da população da praga em campo. De acordo com Matsubara (1982) a maior ocorrência da Plutella xylostella e observada em meses de menor precipitação, entre Julho e Setembro sendo este o período crítico de ataque da praga, contudo, durante o experimento foi verificado dias consecutivos de precipitação, factor este que influenciou os resultados da densidade obtidos no estudo. Porque de acordo com Harcourt, (1963) as larvas da traça da couve são susceptíveis ao afogamento que resulta em uma alta mortalidade durante o período chuvoso (56 %), devido a acção mecânica da chuva que remove as larvas para o solo ou para água acumulada nas axilas das folhas (Anexo 4). O Emamectin benzoate aplicado sem alternação e alternado com o Bacillus thuringiensis (Berliner) ssp. Aizawai (Bta), Bacillus thuringiensis ssp. Kurstaki (Btk), foram avaliados no controlo da Plutella xylostella em três locais da Flórida, tendo os resultados mostrado que a aplicação de Emamectin benzoate alternado com Bacillus thuringiensis e mevinphos mostraram ser mais eficazes comparativamente quando aplicado sem alternação com estes pesticidas (Gary et al.,1995). Segundo o estudo Villas Bôas et al., (2004) no seu estudo com tema insecticidas para o controle da traça-das-crucíferas e impactos sobre a população natural de parasitóides, no qual identificou Avaliação do efeito dos insecticidas (Bacillus thuringiensis (Bt). Spinosad, Lufenuron, Emamectin Benzoate e Metamedofos) no controle da traça-da-couve (Plutella xylostella) e o impacto nos inimigos naturais (Cotesia plutellae). Autor: Elídio Mula Page 33 o Spinosad, Indoxacarb e Bacillus thuringiensis var. kurstaki como produtos mais eficientes para o controle de P. xylostella, justifica a baixa densidade observada nas parcelas que receberam o tratamento Spinosad. 4.2. Nível Médio de Ataque O resultado de análise de variância mostrou uma diferença significativa (p=0.0021) a 5% de nível de significância em relação a escala de nível médio de ataque da Plutella xylostella entre tratamento (anexo 5.2). O maior valor de nível médio de ataque foi verificada no tratamento controlo e Metamedofos2 (2.28), que estatisticamente não diferiram entre si, seguido na escala pelo Metamedofo1 (1.44), EB2 (1.17), Lufenuron2 (1.03) e Lufenuron1 (0.94), Bt1 (0.81), EB1 (0.78), que estatisticamente não diferiram entre si. Destes encontramos Spinosad1 (0.72), Bt2
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