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AS CONFIGURAÇÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂMBITO DA ASSESSORIA E CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL NA GRANDE NATAL/RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS – CCSA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARIA ANGÉLICA BARBOSA MARINHO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CONFIGURAÇÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂMBITO 
DA ASSESSORIA E CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL NA GRANDE 
NATAL/RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
MARIA ANGÉLICA BARBOSA MARINHO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CONFIGURAÇÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂMBITO 
DA ASSESSORIA E CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL NA GRANDE 
NATAL/RN 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Serviço Social da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte (PPGSS-
UFRN), como requisito parcial à obtenção do 
título de mestre em Serviço Social. 
Área: Sociabilidade, Serviço Social e Política 
Social. 
Linha de pesquisa: Serviço Social, Trabalho e 
Questão Social. 
 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Carla Montefusco de 
Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA 
 
 
Oliveira, Maria Angélica Barbosa Marinho de. 
 As configurações do trabalho do Assistente Social no âmbito da 
Assessoria e Consultoria no Serviço Social na grande Natal/RN / 
Maria Angélica Barbosa Marinho de Oliveira. - 2019. 
 130f.: il. 
 
 Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais 
Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Natal, 
RN, 2019. 
 Orientadora: Prof.ª Dr.ª Carla Montefusco de Oliveira. 
 
 
 1. Trabalho - Assistente Social - Dissertação. 2. Processos de 
Trabalho - Dissertação. 3. Assessoria - Dissertação. 4. Consultoria 
- Dissertação. 5. Serviço Social - Dissertação. I. Oliveira, Carla 
Montefusco de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
III. Título. 
 
RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 364-45:331 
 
 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
 
 
 
MARIA ANGÉLICA BARBOSA MARINHO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
AS CONFIGURAÇÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂMBITO 
DA ASSESSORIA E CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL NA GRANDE 
NATAL/RN 
 
 
 
Dissertação de mestrado apresentada à Banca 
Examinadora, como exigência parcial para a 
obtenção do título de mestre em Serviço Social 
da Universidade Federal do Rio Grande do Rio 
Grande do Norte. 
 
 
Aprovada em: ____/____/____ 
 
 
 
 
___________________________________________ 
Dr.ª Carla Montefusco de Oliveira 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/PPGSS 
Presidente 
 
 
 
___________________________________________ 
Dr.ª Maria Dalva Horácio da Costa 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/PPGSS 
Examinador interno 
 
 
 
___________________________________________ 
Dr.º Maurilio Castro de Matos 
Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ 
Examinador externo à Instituição 
 
 
 
___________________________________________ 
 Dr.ª Rita de Lourdes de Lima 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/PPGSS 
Examinador Suplente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família multiespécie e à amiga Carla 
Montefusco 
AGRADECIMENTOS 
 
Valeu a pena, sou pescador de ilusões! Um pescador que teima adentrar nesse mar, às 
vezes tão perverso, do conhecimento. E quanto mais longe chego, mais quero entrar. 
Perverso, porque tem o incrível poder de desvelar o que não está aparente, às vezes até o que 
está posto, mas difuso, e isto significa em muitas situações o sofrer. O sofrimento de entender, 
mas de pouco poder fazer para mudar uma realidade tão cruel. 
Este trabalho foi escrito em meio a uma conjuntura muito difícil e perversa, que 
estamos a enfrentar desde 2018 no nosso país. Um cenário de acirramento da luta de classes e 
intensificação das expressões da questão social. Uma realidade de condições objetivas muito 
difíceis para todos nós das áreas humanas: professores, alunos, ativistas, cientistas, 
ambientalistas, minorias em geral; e que me afetou bastante em vários âmbitos. Como 
dizemos no Serviço Social: em minha totalidade. 
Por muitas vezes questionei a necessidade de continuar, questionando-me se valeria a 
pena, se não seria perda de tempo. Esse tempo tão corrido, tão curto e que na maioria das 
vezes não conseguimos vivê-lo com plenitude e qualidade nessa sociedade, mas sempre uma 
“força estranha” conseguia me empurrar. Então, o primeiro agradecimento vai para essa força 
estranha que me faz renascer, ressurgir e seguir todos os dias. Uma força que continua a 
insistir em me tornar a exceção da minha realidade: Jesus Cristo! 
Há uma realidade de condições objetivas muito duras, mas uma vontade ainda maior 
de superá-las. Esse trabalho é mais um fruto dessa superação diária da classe que vive do 
trabalho. Uma classe que teima em querer conquistar, nesta sociedade, o espaço que é seu por 
direito, como preconiza a Constituição Federal: “todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança [...]” (BRASIL, 1988, 
p. 9). 
Esta dissertação é uma construção coletiva que envolve vários atores e autores que 
perpassam minha história acadêmica e de vida. Como somos seres sociais, nunca estamos 
sozinhos nas nossas construções, pois tudo é fruto de nossas relações. 
Agradeço à minha querida orientadora, amiga e companheira desde a graduação, Carla 
Montefusco. Sem suas orientações e apoio, não sei o que seria de mim, nada disso teria se 
concretizado. Um exemplo de profissional: humana, dedicada e acima de tudo justa e 
competente. Consegue sempre extrair dos seus orientandos o melhor, mesmo diante de tantas 
adversidades, com palavras de incentivo, respeito, conforto e carinho. À senhora, todo o meu 
amor e gratidão! 
Às minhas filhas: Maria Carolina e Maria Cecília, que mais uma vez, em um intervalo 
curto de tempo, tiveram que entender a minha ausência nos momentos de produção. Ao meu 
esposo, Arlindo Aldson, que mais uma vez acreditou, me incentivou, me deu colo e muitos 
abraços nos momentos em que precisei. Aos meus filhos felinos: Mingau, Panqueca, Bela, 
Gabriel e Loki, que com seus ronronados terapêuticos conseguiam recarregar minhas 
energias. Ao meu filho canino, Eros, meu chocolate com pimenta, agradeço as lambidas de 
amor. Sempre recorria a vocês e continuava por vocês. Muito obrigada! 
À minha irmã do coração, Suzérica Helena, que mais uma vez está comigo nesta 
caminhada, me incentiva e colabora com o seu olhar profissional do Serviço Social na 
construção deste trabalho. Ao meu irmão Júnior, que sempre contribui com minhas 
produções, traduz meus resumos e me orienta com o seu olhar de jornalista na redação dos 
trabalhos. Aos dois, meu amor e minha eterna gratidão! 
Ao corpo Docente que compõe o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social 
(PPGSS) da UFRN, em especial aos que contribuíram diretamente por meio dos componentes 
curriculares para esta produção. À secretária da Pós-Graduação, carinhosamente conhecida 
por Lucinha, pela sua dedicação e disponibilidade em sempre poder auxiliar os docentes e 
discentes. E a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil 
(CAPES) - Código de Financiamento 001, que apoiou a realização do presente trabalho. 
Às professoras que compuseram a Banca de Qualificação deste trabalho: Eliana 
Andrade da Silva, pelo carinho,respeito e preciosas contribuições; e a Maria Dalva Horácio 
da Costa, pela generosidade, respeito, incentivos, por aceitar, o nosso convite e nos 
acompanhar nesse percurso desde a qualificação, com sugestões valiosas e apontamentos 
pertinentes para a construção desse trabalho. 
Ao Maurilio Castro de Matos, que contribui com meus trabalhos desde a graduação, 
por meio das suas produções sobre a temática da Assessoria e Consultoria no Serviço Social e 
pela sua disponibilidade e generosidade em participar do momento da defesa desta pesquisa. 
A todas as Instituições pesquisadas e Assistentes Sociais entrevistadas, pela 
receptividade e atenção, ao aceitarem participar da pesquisa. Agradeço por me deixarem 
adentrar os espaços ocupacionais de cada uma e compartilhar suas ricas experiências 
profissionais. 
Às minhas companheiras de turma do mestrado, que são a mais pura expressão da 
diversidade e da classe trabalhadora. A vocês, guerreiras, todo o meu carinho e gratidão! A 
todos (as) os (as) trabalhadores e trabalhadoras que contribuem diretamente ou indiretamente 
para o sucesso de todos os discentes, dentro e fora dessa Universidade. 
Por fim, mais um ciclo se finaliza e só consigo ter a certeza de ter dado o meu melhor, 
dentro das condições objetivas e subjetivas que me foram impostas neste momento. O 
mestrado é um processo de grande aprendizagem, mas também de muito esforço intelectual e 
dedicação. Diante desse acúmulo de conhecimentos adquiridos até o momento, intenciono 
devolvê-lo de forma qualitativa para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, 
com o compromisso de prestar um serviço humanizado e de qualidade para os meus usuários 
e, quem sabe, discentes. 
“Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe. Só levo a certeza de que muito pouco 
eu sei, ou nada sei” (Almir Sater e Renato Teixeira). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[...] o planejamento é responsável e também 
decorrência do uso da razão pelo homem nos 
diferentes contextos e períodos históricos, isto é, 
no desenvolvimento da humanidade. 
 
Kathiuça Bertoll (2016, p.335) 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as configurações do trabalho do 
Assistente Social no âmbito da Assessoria e Consultoria no Serviço Social na Grande 
Natal/RN, na perspectiva de que o processo dialético da sociedade contemporânea exige dos 
Assistentes Sociais, além do compromisso com a classe trabalhadora, uma atuação crítica e 
planejada. Esta, direcionada pelos princípios ético-políticos explícitos e conscientes, por meio 
da articulação permanente das capacidades teórico-metodológica, técnica-operativa, e ético-
política do Serviço Social. Como objetivos específicos o estudo buscou mapear as áreas de 
atuação e formas de inserção dos Assistentes Sociais na Assessoria e Consultoria no Serviço 
Social na Grande Natal/RN; identificar os instrumentais de trabalho utilizados pelos 
Assistentes Sociais no desenvolvimento dos processos de Assessoria e Consultoria no Serviço 
Social na Grande Natal/RN; e apreender os projetos e ações desenvolvidos pelo Serviço 
Social nas áreas de atuação mapeadas. Consiste em uma pesquisa de abordagem qualitativa, 
com procedimentos metodológicos de análise fundamentados na perspectiva do materialismo 
histórico-dialético, que combina pesquisa bibliográfica, documental e empírica. Na pesquisa 
empírica a coleta de dados se deu por meio da realização de seis entrevistas semiestruturadas 
com Assistentes Sociais, que desenvolvem atividades caracterizadas como de Assessoria e 
Consultoria no Serviço Social na Grande Natal/RN. A investigação evidencia que a 
Assessoria/Consultoria se dá tanto no campo das atribuições privativas em matéria de Serviço 
Social, quanto no das competências profissionais no campo do conhecimento coletivo. Há, 
nos espaços pesquisados, a utilização do planejamento como um dos principais instrumentais 
de trabalho que contribuem, mediante condições contraditórias da sociedade capitalista, para o 
desenvolvimento de ações ancoradas na perspectiva democrática e na efetivação dos direitos 
sociais, com vistas à emancipação política e humana dos sujeitos. As profissionais 
entrevistadas mencionam como desafiador o acúmulo de atividades que tem sido imposto ao 
Serviço Social. Predominou nos espaços pesquisados a Assessoria ao campo da gestão das 
políticas sociais, o que indica que o Serviço Social, apesar de todos os desafios impostos, tem 
se colocado, nos espaços investigados, para além de executor terminal das citadas políticas. 
 
Palavras-chave: Trabalho. Processos de Trabalho. Assessoria. Consultoria. Serviço Social. 
ABSTRACT 
 
The present work has as general objective to analyze the configurations of the work of the 
Social Worker in the scope of the Advisory and Consulting in the Social Work in Grande 
Natal/RN, from the perspective that the dialectic process of contemporary society demands 
from Social Workers, in addition to the commitment to the working class, a critical and 
planned action. This, guided by the explicit and conscious ethical-political principles, through 
the permanent articulation of the theoretical-methodological, technical-operative, and ethical-
political capacities of Social Work. As specific objectives the study sought to map the areas of 
operation and ways of insertion of the Social Workers of the Advisory and Consultancy in 
Social Work in Grande Natal/RN; identify the work tools of Social Workers, used in the 
development of the processes of Advising and Consulting in Social Work in Grande 
Natal/RN; and apprehend the projects and actions developed by the social service in the 
mapped areas of activity. It consists of a research with a qualitative approach, with 
methodological procedures of analysis based on the perspective of dialectical historical 
materialism, which combines bibliographical, documentary and empirical research. In the 
empirical research, the data collection took place through the accomplishment of six semi-
structured interviews with social workers, who develop activities characterized as Advisory 
and Consultancy in the Social Work in Grande Natal. The research shows that the Advisory / 
Consultancy takes place both in the field of private attributions in the Social Work, as in the 
field of professional skills in the field of collective knowledge. In the researched spaces, there 
is the use of planning as one of the main work tools that contribute, through the contradictory 
conditions of capitalist society, to the development of actions anchored in the democratic 
perspective and in the realization of social rights, with a view to political emancipation of the 
subjects. The interviewed professionals mention as challenging the accumulation of activities 
that has been imposed on social service. In the researched spaces, there was a predominance 
of advisory services in the field of social policy management, which indicates that, despite all 
the challenges imposed, the social service has been placed in the investigated spaces in 
addition to being the terminal executor of these policies. 
 
Keywords: Work. Work processes. Advisory. Consulting. Social service. 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABESS – Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social 
ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
ATSP – Assistência Técnica e Supervisão de Programas 
BH – Belo Horizonte 
CBAS – Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais 
CBCISS – Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais 
CE – Código de Ética 
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social 
CNAT – Campus Natal Central 
CRESS – Conselho Regional de Serviço Social 
ENESSO – Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social 
ENPESS – Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social 
GT –Grupo de Trabalho 
HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes 
IDEB – Índice de desenvolvimento da Educação Básica 
IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 
LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social 
MPC – Modo de Produção Capitalista 
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra 
NMS – Novos Movimentos Sociais 
ONG – Organização Não Governamental 
ONGs – Organizações Não Governamentais 
PIC – Práticas Integrativas e Complementares 
PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 
PEP – Projeto Ético-Político 
PEPSS – Projeto Ético-Político do Serviço Social 
PPA – Plano Plurianual 
PPGSS – Programa de Pós-Graduação em Serviço Social 
PUC-SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
QDD – Quadro de Detalhamento das Despesas 
RN – Rio Grande do Norte 
SISMUD – Plano Municipal de Drogas e Sistema Municipal de Políticas Públicas Sobre 
Drogas 
SUAS – Sistema Único de Assistência Social 
SUS – Sistema Único de Saúde 
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso 
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Quadro 01 – Desenvolvimento da Vida Profissional .............................................................. 53 
Quadro 02 – Construção do Modelo de “Assessoria” em Serviço Social .............................. 55 
Quadro 03 – Perfil Profissional das Entrevistadas .................................................................. 78 
Quadro 04 – Perfil das Instituições, Ações e Projetos ............................................................ 93 
Gráfico 01 – Distribuição, por estado, da inserção de práticas integrativas e Complementares 
– PICs no SUS, relativa aos questionários respondidos ........................................................ 105 
Quadro 05 – Esquema Simplificado do Ciclo dos Projetos .................................................. 107 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14 
2 O SERVIÇO SOCIAL COMO TRABALHO: A INSERÇÃO DO ASSISTENTE 
SOCIAL NOS PROCESSOS DE TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE ........... 23 
2.1 Institucionalização e renovação: o caminho para a inserção do Serviço Social nos 
processos de trabalho no Brasil ........................................................................ ...................23 
2.2 Instrumentalidade e Serviço Social: a articulação das capacidades do Assistente 
Social nos processos de trabalho ......................................................................................... 40 
3 ASSESSORIA E CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE E SUAS PARTICULARIDADES HISTÓRICAS ............... 49 
3.1 As configurações da Assessoria e Consultoria no Serviço Social na década de 1980: 
um resgate de literatura do passado para entender o presente ........................................ 49 
3.2 Determinações que levaram à efervescência da Assessoria e Consultoria no Serviço 
Social ...................................................................................................................................... 58 
4 ASSESSORIA E CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL NA GRANDE 
NATAL/RN: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NOS ESPAÇOS SÓCIOS 
OCUPACIONAIS ................................................................................................................... 76 
4.1 As configurações da Assessoria e Consultoria no Serviço Social na Grande 
Natal/RN: perfil profissional das entrevistadas ................................................................. 76 
4.2 Projetos e ações desenvolvidos pelo Serviço Social na esfera da Assessoria e 
Consultoria na Grande Natal/RN ....................................................................................... 91 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 110 
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 114 
APÊNDICES ......................................................................................................................... 120 
Apêndice A - Roteiro da Entrevista Semiestruturada .................................................... 120 
Apêndice B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE .......................... 122 
ANEXOS................................................................................................................................ 126 
Anexo A – Parecer Consubstanciado do CE .................................................................... 126 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A década de 1990 no Brasil propicia o crescimento da demanda de Assessoria e 
Consultoria Social devido à expansão dos canais de participação popular advindos da 
Constituição Federal de 1988, um marco na transição democrática e na nacionalização dos 
direitos humanos no País, bem como da descentralização das políticas públicas e da 
institucionalização da sociedade civil
1
 por meio de Organizações Não Governamentais 
(ONGs). No entanto, ao mesmo tempo em que avançam tais conquistas advindas da 
Constituição de 1988, tem-se o avanço do neoliberalismo
2
 em sua lógica mais perversa. 
O receituário neoliberal
3
 no Brasil influencia demasiadas mudanças no Estado que 
impactam o mundo do trabalho (e vice-versa), tendo repercussões diretas em sua dinâmica, 
perceptível na maneira como responde às carências da sociedade e como se comporta em 
relação aos movimentos e organizações populares, que se fortalecem e conquistam um 
significativo espaço nas discussões de pautas no período de redemocratização do País. 
Essas novas configurações, e premências dos movimentos sociais brasileiros são 
determinantes para o crescimento da Assessoria e Consultoria Social, visto que a demanda 
principal passou a ser a de capacitação técnica das lideranças populares para atuarem nos 
instrumentos de participação popular como coparticipantes das políticas públicas. É nesse 
momento que a Assessoria e Consultoria vivem sua efervescência no Brasil, dada a 
necessidade de atender essas novas exigências técnicas de gestão, implementação e avaliação 
de políticas públicas. 
O Assistente Social, inserido nesse contexto de transformações societárias, sofre 
rebatimentos que incidem diretamente na sua atuação profissional e no processo de 
amadurecimento da categoria. Esse movimento fecunda constantes debates dentro da 
categoria sobre o exercício profissional, que lhes requer objetivos profissionais exequíveis, 
assim como a qualificação de suas práticas operativas, com vistas a atender, sobretudo, aos 
princípios do Projeto Ético-Político do Serviço Social (PEPSS). 
 
1
 A sociedade civil é aqui transformada em uma esfera supostamente situada para além do Estado e do 
mercado, cabendo a ela uma atuação na área social, sob o invólucro da solidariedade, da filantropia e 
do voluntariado (DURIGUETTO; SOUZA; SILVA, 2009, p. 16). 
2
 “[...] compreende uma concepção de homem (considerado atomisticamente como possessivo, 
competitivo e calculista), uma concepção de sociedade (tomada como um agregado fortuito, meio de o 
indivíduo realizar seus propósitos privados) fundada na idéia da natural e necessária desigualdade 
entre homens e uma noção rasteira da liberdade (vista como função da liberdade de mercado)” 
(BRAZ; NETTO, 2007, p. 226, grifo dos autores). 
3
 A fórmula neoliberal para sair da crise pode ser resumida em o máximo para o capital e o mínimo 
para o social. 
15 
 
Devido a esse processo de renovação profissional, o Serviço Social transita de uma 
profissão puramente executora na área das políticas sociais, para compor equipes de gestores 
e elaboradores destas. Assim, surgem as novas competências para o profissional de Serviço 
Social,que passa a ser cada vez mais requisitado para atuar como assessor e/ou consultor 
social nas organizações de naturezas diversas, principalmente no que concerne à formulação, 
elaboração e avaliação de programas, projetos e políticas públicas. 
As constantes mudanças presentes na atual conjuntura exigem dos assistentes sociais 
não só o compromisso com a classe trabalhadora, mas uma atuação crítica e planejada. Esta 
deve estar sempre alicerçada em princípios ético-políticos explícitos e conscientes, por meio 
da articulação consistente das habilidades teórico-metodológicas e técnico-operativas. 
Apesar da temática da Assessoria e Consultoria no Serviço Social datar dos anos de 
1970, é a partir dos anos 1990 que essa discussão ganha maior evidência, com sua inclusão 
tanto no debate profissional, quanto no cotidiano do exercício profissional do Assistente 
Social, já que a lei nº 8662 de 07 de junho de 1993, que dispõe sobre a regulamentação da 
profissão, vem por meio dos seus artigos 4º e 5º consolidar essa intervenção planejada como 
uma atribuição privativa e competência profissional do Assistente Social: 
 
Art. 4o Constituem competência do Assistente Social: 
VIII – prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às 
matérias relacionadas no inciso II
4
 deste artigo; IX – prestar assessoria e 
apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no 
exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; 
Art. 5o Constituem atribuições privativas do Assistente Social: 
III – assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e 
indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social. 
(BRASIL, 1993, pp.45-46). 
 
A lei n° 8662/1993 reforça a importância da Assessoria e Consultoria na 
contemporaneidade e consolida a expansão dessas atividades na profissão. O Assistente 
Social então transita de um caráter meramente executor terminal das políticas públicas para 
ocupar posições de análise e intervenção no procedimento integral da elaboração das políticas 
sociais junto aos órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e 
organizações populares. 
 
4
 O inciso II possui a seguinte redação: “elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e 
projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil.” – Lei 
8.662, de 7 de junho de 1993. 
16 
 
Nesse cenário, este estudo se desenvolve no âmbito do exercício profissional do 
Assistente Social e retrata as configurações do trabalho do Assistente Social no âmbito da 
Assessoria e Consultoria no Serviço Social na Grande Natal/RN
 5
. 
É de extrema importância provocar a categoria profissional para o aspecto positivo da 
consolidação da apreensão da Assessoria e Consultoria como atribuições privativas, 
competências e possibilidades de inserção profissional para o Assistente Social. Trata-se de 
tema abordado dentro do Serviço Social desde os anos 1970 e presente nas atividades 
profissionais até a atualidade, mas ainda com incipiência, divergências conceituais e 
obscurantismo de entendimento sobre seu processo de desenvolvimento na categoria. 
Dessa forma, há grande necessidade de se pesquisar a temática dentro do Serviço 
Social, pois a escassa sistematização provoca no interior da categoria, dentre outras coisas, a 
dificuldade de acesso e expansão do debate, e, consequentemente, a ausência de compreensão, 
por parte de alguns profissionais, sobre o que se caracteriza como procedimentos de 
Assessoria e Consultoria Social no exercício profissional. 
A partir dessas inquietações, é objetivo geral do estudo analisar as configurações do 
trabalho do Assistente Social no âmbito da Assessoria e Consultoria no Serviço Social na 
Grande Natal/RN. São objetivos específicos: mapear as áreas de atuação e formas de inserção 
dos Assistentes Sociais da Assessoria e Consultoria no Serviço Social na Grande Natal; 
identificar os instrumentais de trabalho dos Assistentes Sociais utilizados no desenvolvimento 
dos processos de Assessoria e Consultoria no Serviço Social na Grande Natal; e apreender 
projetos e ações desenvolvidos pelo Serviço Social nas áreas de atuação mapeadas. 
Assim, são trazidas para o debate questões que permeiam as esferas do Trabalho, dos 
Processos de Trabalho e da Assessoria e Consultoria no Serviço Social, com o intuito de 
desvelar a forma como os processos de trabalho ocorrem, seus desafios e contradições ante as 
mudanças e exigências contemporâneas nos diversos espaços socio-ocupacionais. 
Por essa razão, evidencia-se a importância de produções que possibilitem a elucidação: 
dos instrumentais e técnicas utilizados no desenvolvimento desses procedimentos; de que 
mesmo esse processo de trabalho sendo derivado da administração, quando realizado no 
Serviço Social, precisa ser adaptado e direcionado pelo PEPSS; da inevitabilidade de 
 
5
 Constitui a Região Metropolitana de Natal o núcleo urbano com efetiva conurbação formado pelos 
municípios de: Natal, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Extremoz. Além de outros 
municípios próximos sem nenhuma cornubação como: Ceará-Mirim, São José de Mipibu, Nísia 
Floresta, Monte Alegre, Vera Cruz, Maxaranguape, Ielmo Marinho, Bom Jesus, Arês e Goianinha. 
(RN, 2019). A amostra da pesquisa considerou apenas os municípios com efetiva cornurbação com 
Natal. 
17 
 
articulação das três dimensões na sua aplicabilidade; e da indispensabilidade de 
esclarecimento do equívoco de se atrelar a Assessoria e Consultoria no Serviço Social às 
terceirizações existentes nas empresas e organizações. 
A motivação pelos estudos que discutem a temática da Assessoria e Consultoria no 
Serviço Social surgiu inicialmente em decorrência do contato da pesquisadora com o 
componente curricular opcional Oficina de Assessoria e Consultoria, na graduação em 
Serviço Social na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no semestre 2015.2. 
Posteriormente, em 2016.1, tornou-se produto da experiência do estágio curricular 
obrigatório, realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande 
do Norte (IFRN) campus Natal Central (CNAT), por meio do projeto de intervenção 
intitulado: Plano de trabalho: Construindo a identidade do exercício profissional do Serviço 
Social do IFRN–CNAT, que possibilitou a vivência experimental nos parâmetros de uma 
Assessoria e Consultoria. 
Diante das necessidades evidenciadas na experiência do estágio, houve a construção 
coletiva e execução com a equipe de Serviço Social do IFRN–CNAT do referido projeto, cujo 
objetivo foi propiciar um momento de Educação Permanente para os profissionais da 
Instituição mediante um distanciamento necessário da rotina diária, para uma reflexão teórica 
mais aprofundada. Em sequência, essa experiência do estágio originou o Trabalho de 
Conclusão de Curso (TCC), intitulado: ASSESSORIA/CONSULTORIA COMO 
POSSIBILIDADE DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL 
DO ASSISTENTE SOCIAL: análise de uma experiência. O trabalho analisou, de forma geral, 
a Assessoria/Consultoria como possibilidade de Educação Permanente para o Serviço Social, 
mais especificamente por meio do surgimento do processo dentro do Serviço Social; da 
importância da qualificação e da Educação Permanente na concretização do exercício 
profissional na direção do Projeto Ético-Político (PEP) na contemporaneidade; da 
possibilidade da Assessoria/Consultoria se tornarem mediação na Educação Permanente do 
Assistente Social no exercício profissional; e na compreensão da importância do planejamento 
para a qualificação dos serviços prestados aos usuários do Serviço Social. 
Assim, a retomada dessa temática na pesquisado mestrado se tornou importante para 
identificar as áreas de atuação e formas de inserção dos Assistentes Sociais da Assessoria e 
Consultoria no Serviço Social na Grande Natal/RN, por meio de uma reflexão crítica dos 
processos de trabalho dentro das diversas áreas de atuação. Orientada pelas seguintes questões 
norteadoras: Quais são as áreas de atuação e formas de inserção do Assistente Social na 
esfera da Assessoria e Consultoria no Serviço Social na Grande Natal/RN? Quais são os 
18 
 
instrumentais de trabalho utilizados por esses profissionais do Serviço Social no 
desenvolvimento desse processo? Quais ações e projetos são desenvolvidos pelo Assistente 
Social nas áreas de atuação mapeadas? 
A realização deste estudo tem relevância acadêmica, social e profissional, pois 
pretendeu contribuir com o acúmulo teórico acerca da Assessoria e Consultoria no Serviço 
Social, ao considerar que existem experiências de Assessoria e Consultoria com diversas 
perspectivas políticas. Assim, a qualificação dos profissionais para exercer tais funções se faz 
necessária para o aprimoramento e fortalecimento profissional da categoria na direção do 
PEPSS. 
Em razão disso, ressalta-se a relevância deste estudo na intenção de contribuir para 
uma melhor compreensão das lacunas ainda existentes no Serviço Social sobre a temática da 
Assessoria e Consultoria e, consequentemente, fortalecer no exercício profissional a execução 
dos processos de trabalho sempre na direção do PEPSS. 
A pesquisa também possibilita a divulgação e produção do conhecimento sobre o tema 
da Assessoria e Consultoria Social, que ainda é escassa no Serviço Social. Considerando o 
levantamento realizado em outubro de 2017, em um dos periódicos de maior relevância para a 
categoria na atualidade, a Revista Serviço Social & Sociedade
6
, entre os anos de 2010 a 2017 
pôde-se verificar a publicação de apenas 03 (três) artigos relacionados ao tema da consultoria 
social, de forma sequencial. Em pesquisas realizadas em outubro de 2017 e abril de 2019, nos 
Bancos de Dissertações e Teses dos Programas de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) 
das universidades do nordeste brasileiro: UFRN (2011-2018), UFPB (2011-2018), UFPE 
(2011-2018) e UERN (2016-2018), só foi identificada 01 (uma) tese que abordava a temática 
supracitada, defendida na UFPE. Nos bancos de Teses e Dissertações da UFRJ (2011-2018) e 
da PUC-SP (2011- 2017) foram detectadas apenas 05 (cinco) dissertações que abordavam o 
tema da consultoria social, 04 (quatro) na PUC-SP e 01 (uma) na UFRJ. Isso comprova que 
há necessidade de produção do conhecimento nessa área de atuação no Serviço Social e 
aponta também para a relevância do debate acerca da especificidade de uma realidade no 
Nordeste, a qual se faz importante para analisar as particularidades desses espaços de atuação 
nas diversas áreas da Grande Natal/RN. 
 
6
 Identifica-se: no ano de 2013, em seu n.114, artigo de autoria de Maria Cristina Giampaoli, mestra 
em Serviço Social pela PUC-SP, intitulado Serviço Social em empresas: consultoria e prestação de 
serviço; no ano de 2014, em seu n.118, o de autoria de Fernanda Caldas de Azevedo, doutoranda da 
PUC-SP, intitulado Consultoria empresarial e Serviço Social: expressões da precarização e da 
terceirização profissional; e no ano de 2015, em seu n.122, de autoria da Márcia Regina Botão 
Gomes, mestra em Serviço Social, pela UFRJ, intitulado Consultoria Social nas empresas: entre a 
inovação e a precarização silenciosa do Serviço Social. 
19 
 
Esta dissertação, quando envolve em seu desenvolvimento os profissionais (ativos, do 
cotidiano profissional) e apresenta os resultados parciais e finais para as instituições, incentiva 
a possibilidade da produção romper os muros da academia e se concretizar também dentro dos 
espaços socio-ocupacionais, pois provoca a reflexão de vivências e a análise dos processos de 
trabalho. Isso, imprescindível diante das diversas transformações conjunturais do cenário de 
atuação do Assistente Social (marcado pelo aprofundamento das expressões da questão social, 
que se manifesta com diversidade e movimento constante), possibilitando ao profissional 
apreender melhor a realidade na qual atua e está inserido. 
Para isso, emprega-se o método materialista histórico-dialético que, de acordo com 
Netto (2011), não define um conjunto de regras a serem aplicadas ao objeto de investigação, 
pois este só pode ser observado e compreendido dentro da totalidade de suas relações com o 
meio material. O objeto tem suas relações determinadas pelas condições materiais em que está 
inserido, surgindo, assim, a necessidade de um contato prévio com aquele dentro de sua 
realidade, que se apresenta em constante movimento. 
A vivência empírica possibilitou apreender o movimento da realidade no campo das 
ideias e dos processos de trabalho do Assistente Social na consolidação da Assessoria e 
Consultoria, transformando as relações do fenômeno em síntese, as quais foram externadas 
por meio do concreto pensado, reprodução ideal da realidade. Após sucessivas aproximações 
e avaliações desse concreto pensado, buscaram-se formas de o refutar, a fim de pensá-lo no 
âmbito da contradição das relações sociais, o que proporcionou um movimento constante de 
tese, síntese e antítese. 
A abordagem para conduzir a pesquisa aos seus resultados sobre a realidade que se 
investigou foi a qualitativa. Pelo entendimento de que este seja o tipo mais adequado para o 
objeto em questão. Esse tipo de metodologia busca compreender o fenômeno dentro de sua 
realidade social, que possui particularidades distintas, influenciadas pelas relações sociais de 
produção e reprodução de uma sociedade que está em constante movimento e modificações. 
A abordagem se aplica aos estudos que envolvem histórias, relações, representações, crenças, 
percepções e opiniões, todos esses, produtos das compreensões que os homens fazem das suas 
relações de vivência, produção e reprodução, pensamentos e sentimentos. A abordagem 
qualitativa é caracterizada também “pela empiria e pela sistematização progressiva de 
conhecimento até a compreensão da lógica interna do grupo ou do processo em estudo” 
(MINAYO, 2013, p.57). 
Trata-se de uma análise do problema em que se busca entender as influências sofridas 
nos âmbitos econômico, cultural e social. Não se determinam apenas suas variáveis, mas faz-
20 
 
se uma análise profundada de seus determinantes. Acredita-se, assim como Minayo (2013), 
que esse tipo de metodologia teórica permite desnudar processos sociais ainda ocultos em 
uma realidade e favorece a elaboração de novas abordagens, revisão e ideação de novos 
conceitos e categorias no percurso da investigação. 
No tratamento dos dados obtidos na pesquisa utilizou-se a análise de conteúdo por ser 
uma técnica que possibilita responder e legitimar pressupostos sobre dados de uma 
determinada conjuntura, por meio de procedimentos especializados e científicos. 
Concordando com Minayo (2013), entende-se que essa análise parte inicialmente de uma 
leitura das falas das entrevistada, para um aprofundamento posterior, ultrapassando as 
orientações explícitas no material. Para isso, frequentemente os procedimentos buscam 
“relacionar estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) 
dos enunciados dos textos com os fatores que determinam suas características: variáveis 
psicossociais, contexto cultural e processo de produção da mensagem” (MINAYO, 2013, p. 
57). Com esse conjunto de movimentos analíticos se pretende dar consistência interna à 
produção. 
O percurso de desenvolvimento da pesquisa foi acompanhado pela revisão 
bibliográfica e documental, realizado com o intuito de apreender os debates propostos pelos 
autores por meio de leituras que possibilitassem o embasamento para a análise da temática, 
especificamente nas questõesque transpassam as discussões sobre trabalho & trabalho 
profissional: Marx (2014), Antunes (1999), Iamamoto (2015), CFESS (2009) e Guerra 
(2014); e sobre a Assessoria, Consultoria & Serviço Social: Mattos (2010); Vasconcelos 
(1998) e Gomes (2010). Aliadas à revisão bibliográfica, foi realizada ainda a pesquisa e a 
análise de documentos normativos, como a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei n° 
8.662/1993), o Código de Ética do(a) Assistente Social CFESS/CRESS (1993), entre outros, 
necessários ao embasamento dos objetivos propostos. 
Com esse direcionamento, entre os meses de abril a junho de 2017, foi realizada a 
pesquisa exploratória com o apoio do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) da 14ª 
Região (Rio Grande do Norte) no intuito de identificar o quantitativo de Assistentes Sociais 
em exercício envolvidos em atividades de Assessoria e Consultoria no Serviço Social na 
Grande Natal/RN. Contudo, não foi possível identificar qualquer registro desses profissionais, 
visto que as fichas cadastrais não contemplam essa especificidade. 
Diante disso, foi realizado um mapeamento por meio de sondagem junto a 
profissionais da categoria para a localização das Assistentes Sociais com auxílio do 
mapeamento estratégico, que buscou identificar profissionais a partir de um critério inicial, o 
21 
 
qual estabelecia como participantes da pesquisa Assistentes Sociais que deveriam ter 
desenvolvido ou estar desenvolvendo atividades com características de Assessoria e 
Consultoria no Serviço Social na Grande Natal/RN nos últimos 03 (três) anos nos diversos 
espaços socio-ocupacionais do Serviço Social. 
A partir do mapeamento mencionado foi possível a identificação e delimitação 
intencional de uma amostra composta por 06 (seis) Assistentes Sociais localizadas nas 
seguintes áreas de atuação do Serviço Social: 01 (uma) na Assistência Social; 01 (uma) em 
Movimento Social; 01 (uma) em ONG; 02 (duas) no Sociojurídico e 01 (uma) na Saúde. O 
interesse e a disponibilidade das profissionais do Serviço Social para colaborar com a 
pesquisa (como participantes entrevistadas) foram determinantes na seleção da amostra. 
Das 06 (seis) Assistentes Sociais entrevistadas, 05 (cinco) atuam em entidades 
públicas de natureza estatal, 01 (uma) na esfera federal; 03 (três) na estadual, 01 (uma) na 
municipal e 01 (uma) no terceiro setor. As 05 (cinco) profissionais que atuam nas instituições 
estatais possuem apenas um vínculo empregatício, enquanto a do Terceiro Setor possuem 
dois. Para facilitar a leitura e identificação das entrevistadas foram expressos em notas de 
rodapé breves perfis das entrevistadas. 
A qualificação das Assistentes Sociais entrevistadas pode ser assim explanada: 01 
(uma) tem título de especialista, mestra e doutora; 02 (duas) têm titulação de especialistas; 01 
(uma) é mestranda e 01 (uma) tem o título de bacharel. Destas, 04 (quatro) realizaram a 
graduação em instituições de ensino públicas e 02 (duas) em privadas. Sobre o período de 
conclusão do curso, 02 (duas) se formaram antes de 1996 e 04 (quatro) se formaram depois 
dos anos 2000. 
Antes de iniciar a pesquisa empírica, o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação 
do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFRN – Hospital Universitário Onofre Lopes 
(HUOL), conforme prevê a Resolução Nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde
7
. 
Posteriormente à autorização do comitê, iniciamos a pesquisa e agendamos as entrevistas 
semiestruturadas, por meio de contato telefônico com as 06 (seis) Assistentes Sociais 
selecionadas. 
As entrevistas ocorreram nos locais de trabalho das Assistentes Sociais durante o 
segundo semestre de 2018, tendo duração de, em média, 60 (sessenta) minutos. Todas as 
entrevistas foram realizadas de forma individual, considerando as disponibilidades de 
 
7
 O parecer consubstanciado do CEP está disponível no Anexo A desta dissertação. 
22 
 
horários. O instrumental utilizado pela pesquisadora para a coleta de dados no campo foi a 
entrevista semiestruturada
8
, orientada por roteiro pré-estabelecido. 
Em consonância com a Resolução Nº 510/2016, para manter a confidencialidade e o 
sigilo das informações repassadas pelas Assistentes Sociais entrevistadas, seus nomes foram 
substituídos por pseudônimos. Estes, no decorrer do trabalho, foram destacados em itálico e 
expressos por meio de dois nomes para facilitar a identificação e a leitura. Do mesmo modo, 
os nomes das instituições empregadoras foram substituídos por letras. 
Esta pesquisa pretendeu contribuir para uma maior apreensão da realidade da 
Assessoria e Consultoria como processos de trabalho nos mais variados espaços ocupacionais 
nos quais o Serviço Social se insere. Por inferência, buscou ainda possibilitar melhor 
compreensão a respeito dos instrumentais utilizados pelo Assistente Social em sua atividade. 
Ademais, buscou-se com este estudo auxiliar o Assistente Social em sua prática profissional 
no que concerne a uma leitura crítica mais apurada da realidade, com o direcionamento 
voltado para a concretização do PEPSS e, consequentemente, para a melhoria na qualidade 
dos serviços prestados aos usuários. 
A pesquisa aqui apresentada está estruturada em 04 (quatro) capítulos que tratam do 
debate acerca das configurações do trabalho do Assistente Social no âmbito da Assessoria e 
Consultoria no Serviço Social na Grande Natal/RN. O primeiro capítulo constituído da 
introdução, é o que ora se apresenta. 
O segundo capítulo engloba o debate acerca do Serviço Social como trabalho, com a 
inserção do Assistente Social nos processos de trabalho na sociedade brasileira a partir da 
institucionalização até a renovação intelectual da profissão. Situa-se a Assessoria e 
Consultoria como um desses processos de trabalho no qual o Serviço Social se insere. 
No terceiro capítulo a Assessoria e Consultoria no Serviço Social brasileiro é abordada 
como processo de trabalho em que o Assistente Social passa a se envolver mais intensamente 
a partir da década de 1980, com efervescência na década de 1990, em um cenário de 
redefinição do papel do Estado e das suas relações com o mercado e a sociedade. O capítulo 
aborda também esclarecimentos sobre os processos de Assessoria e Consultoria no Serviço 
Social no que concerne às modalidades que se vinculam à categoria na contemporaneidade. 
No quarto capítulo, apresentam-se as configurações do trabalho do Assistente Social 
no âmbito da Assessoria e Consultoria no Serviço Social na Grande Natal/RN. A partir dos 
relatos das Assistentes Sociais entrevistadas, provocou-se o debate acerca das áreas de 
 
8
 O roteiro das entrevistas foi previamente elaborado e está disponível no Apêndice A desta 
dissertação. 
23 
 
atuação, formas de inserção e principais instrumentais utilizados nas ações e projetos de 
Assessoria e Consultoria desenvolvidos pelo Serviço Social na Grande Natal/RN. 
Nas considerações finais, são elencadas inferências decorrentes das análises 
estabelecidas e apontam-se possibilidades de novos estudos, advindas de ideias afloradas 
durante o desenvolvimento da pesquisa e apreensão do objeto de estudo. 
 
2 O SERVIÇO SOCIAL COMO TRABALHO: A INSERÇÃO DO ASSISTENTE 
SOCIAL NOS PROCESSOS DE TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE 
 
No presente capítulo realiza-se um debate a respeito do Serviço Social como trabalho 
a partir da inserção do Assistente Social nos processos de trabalho no Brasil, estando o 
capítulo estruturado em duas seções: a primeira retrata o caminho para a inserção do Serviço 
Social nos processos de trabalho no Brasil a partir da institucionalização e renovação 
intelectual da profissão. Com base nessas reflexões, na segunda seção apresenta-se a 
discussão sobre a instrumentalidade no Serviço Social como capacidade de articulação das 
dimensões que constituem a profissão nos processos de trabalho emque se insere o (a) 
Assistente Social, situando-se a Assessoria e Consultoria como um destes processos que 
utilizam os instrumentais da profissão, balizados pelos seus aspectos teóricos, políticos e 
éticos. 
 
2.1 Institucionalização e renovação: o caminho para a inserção do Serviço Social nos 
processos de trabalho no Brasil 
 
A inserção do Serviço Social nos processos de trabalho
9
 na contemporaneidade é 
decorrente de um longo caminho percorrido pela categoria profissional na sociedade 
brasileira. Esse caminho se inicia com o Serviço Social tradicional
10
, cuja entrada na divisão 
social e técnica do trabalho foi proveniente da institucionalização da profissão, tendo 
continuidade com a renovação e o amadurecimento intelectual do Serviço Social, períodos 
 
9
 Os processos de trabalho são os meios que mediatizam a ação do sujeito sobre o objeto ou a matéria-
prima sobre o qual incide a ação. 
10 As temáticas aqui mencionadas encontram-se já bastante aprofundadas nas obras de autores como 
Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica 
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2006); Ditadura e Serviço Social: uma análise do serviço social no 
Brasil pós-64 (NETTO, 2011), entre outras. 
24 
 
estes indispensáveis à maturação histórica e à qualificação da profissão para o atendimento 
das demandas postas pela sociedade. 
O Serviço Social no Brasil surge na década de 1930 sob a perspectiva tradicional, a 
fim de atender às novas situações emergentes no país, de miséria e pauperização da classe 
trabalhadora, decorrentes do aprofundamento das expressões da questão social oriundas do 
período de industrialização/urbanização no capitalismo monopolista, como forma de 
intervenção da Igreja Católica, do Estado e do Mercado nos problemas sociais. Estas 
intervenções tendo sido marcadas pela forte influência de teorias de cunho conservador
11
. 
A expressão questão social, de acordo com Netto (2001), foi empregada recentemente 
no discurso e na literatura, utilizada há aproximadamente 170 anos sobretudo a partir da 
terceira década do século XIX, e divulgada até a metade deste século por críticos da sociedade 
e filantropos nos mais diferentes espaços políticos
12
. O termo surge para dar conta do 
fenômeno do pauperismo na Europa Ocidental, que sofria os rebatimentos da industrialização, 
iniciada na Inglaterra no quarto período do século XVIII
13
. 
 
Com efeito, a pauperização (neste caso, absoluta) massiva da população 
trabalhadora constituiu o aspecto mais imediato da instauração do 
capitalismo em seu estágio industrial-concorrencial. […] O desenvolvimento 
capitalista produz, compulsoriamente, a “questão social” – diferentes 
estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da “questão social”; 
esta não é uma sequela adjetiva ou transitória do regime do capital: sua 
existência e suas manifestações são indissociáveis da dinâmica específica do 
capital tornado potência social dominante. A “questão social” é constitutiva 
do desenvolvimento do capitalismo. Não se suprime a primeira conservando-
se o segundo (NETTO, 2001, pp. 42-45). 
 
No Brasil, a questão social se torna aparente na década de 1930, período histórico que 
propiciou o surgimento do Serviço Social e, por conseguinte, sua institucionalização. Diante 
de uma conjuntura de desenvolvimento industrial, êxodo rural, urbanização e crescimento 
desordenado das cidades polos industriais, se intensifica a pauperização da classe 
trabalhadora, no feixe das contradições existentes nas relações sociais entre a burguesia e o 
proletariado no processo de produção e reprodução da vida social. Iamamoto e Carvalho 
(2006), na tradição marxista, apreendem a questão social como: 
 
11
 Serviço Social Tradicional (conservadorismo): ocorre nesse período a formação conservadora de 
seus membros, atrelada à doutrina social da Igreja, que tem caráter doutrinário e conservador, com 
influência europeia do neotomismo na reatualização dos pensamentos de São Tomaz de Aquino. 
12
 “Desde um legitimista francês como Armand de Melun a um jovem revolucionário alemão como F. 
Engels (cf. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. S. Paulo, Global, 1986). Curiosamente, a 
expressão „questão social‟ emerge praticamente ao mesmo tempo em que surge, no vocabulário 
político, a palavra socialismo” (NETTO, 2001, p.42).
 
13
 Para maior aprofundamento ver Capitalismo Monopolista e Serviço Social (NETTO, 2011). 
25 
 
[...] as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe 
operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu 
reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a 
manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o 
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, 
mais além da caridade e repressão (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006, 
p.77). 
 
Essa concepção de questão social evidencia as contradições entre o capital e o 
trabalho, manifestadas no cotidiano
14
 da vida social pela correlação de forças entre burguesia 
e proletariado, na esfera da produção e reprodução das relações sociais. Nesse embate surge a 
necessidade de intervenções concretas nas expressões da questão social, orientadas à 
manutenção da classe trabalhadora e que garantam a esta os mínimos de sobrevivência para 
continuar a atuar na acumulação do capital. 
A partir da institucionalização profissional
15
 o Serviço Social é requisitado, 
principalmente pelo Estado e suas instâncias, para atender as necessidades sociais mediante 
políticas públicas. Logo, o Assistente Social adentra instituições de diferentes áreas de 
atuação como: medicina curativa, medicina preventiva, jornalismo, puericultura, recuperação 
motora, seguro, distribuição de auxílios, conjuntos habitacionais, assessoria jurídica, 
indústrias, entre outras. Isto possibilita a incorporação da profissão a inúmeros processos de 
trabalho particulares a cada uma dessas instituições (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006). 
Nessa perspectiva a Assessoria e Consultoria no Serviço Social se define como um 
desses processos de trabalho, não exclusivos da profissão, mas nos quais o Serviço Social se 
insere dentro dos diversos espaços socio-ocupacionais. Esses processos são constituídos por 
uma diversidade de técnicas e instrumentais utilizados pelos Assistentes Sociais para dar 
respostas e buscar soluções à pluralidade de questões que lhes são colocadas em diversas 
áreas profissionais a partir da institucionalização da profissão. 
 
O assistente social ingressa nas instituições empregadoras como parte de um 
coletivo de trabalhadores que implementa as ações institucionais, cujo 
resultado final é fruto de um trabalho combinado ou cooperativo, que 
assume perfis diferenciados nos vários espaços ocupacionais. Também a 
relação que o profissional estabelece com o objeto de seu trabalho -, as 
 
14
 “Como uma das esferas da vida social, o cotidiano é o lugar da reprodução dos indivíduos, por isso 
um espaço ineliminável e insuprimível. Não obstante considera-se o cotidiano uma mediação 
elementar entre o particular e o universal, pelas suas características: heterogeneidade, espontaneidade, 
imediaticidade e superficialidade. Pela sua estrutura, ele limita as possibilidades de os homens se 
concentrarem inteiramente nas atividades que realizam, tendo em vista essas características” 
(GUERRA, 2017, pp. 53-54). 
15
 Atualização do Conservadorismo: nesse período a profissão sofre influência norte-americana, em 
busca da tecnificação do Serviço Social, atrela suas teorias ao funcionalismo e positivismo. 
26 
 
múltiplas expressões da questão social, tal como se expressam na vida dos 
sujeitos com os quais trabalha -, dependem do prévio recorte das políticas 
definidaspelos organismos empregadores, que estabelecem demandas e 
prioridades a serem atendidas (IAMAMOTO, 2015, p.421). 
 
Essa pluralidade de questões é gerada dentro da sociedade capitalista, as quais são 
oriundas da contradição nas relações sociais entre o capital e o trabalho, em que a produção 
dos meios de subsistência é coletiva, mas a riqueza produzida é apropriada de forma privada. 
Uma sociedade que consegue, em seu movimento contraditório, alcançar ao mesmo tempo um 
grande desenvolvimento das forças produtivas, atrelado ao crescimento da miséria e 
pauperização da maioria da população. 
A inserção do Assistente Social na divisão social e técnica do trabalho visa 
inevitavelmente colaborar na reprodução dessas relações sociais capitalistas e na conservação 
das condições mínimas da força de trabalho, por meio das diversas iniciativas de políticas 
sociais, que têm a intenção de mitigar as condições de pauperismo em que vive a classe 
trabalhadora, no âmbito das relações de produção e reprodução do capital. 
A condição de pauperismo é uma manifestação da questão social, esta inerente ao 
modo de produção capitalista. Suas expressões estarão presentes enquanto este modo de 
produção organizar a sociedade e suas sequelas não serão extintas, apenas amenizadas por 
meio de iniciativas como as políticas sociais, as quais, apesar de serem conquistas históricas 
dos trabalhadores, são providas pelo Estado no âmbito da sociabilidade capitalista, por isso 
não conseguem superar essencialmente o referido modo de produção. O desaparecimento da 
pauperização e degradação das condições de vida da classe trabalhadora estão condicionados 
à superação dessa ordem. 
Para este momento, o entendimento da questão social que Iamamoto (2015) apresenta 
vai além da ideia exclusiva de desigualdade social entre pobres e ricos, reduzida a 
dificuldades do indivíduo ou a “situação social problema”. Contempla uma tentativa de 
decifrar a origem dessas desigualdades sociais no contexto de acumulação do capital, que não 
é consoante com equidade. Além de também constatar as formas de luta e resistência, material 
e simbólica, operada pelos indivíduos em seu enfrentamento. 
Em conformidade com o pensamento de Iamamoto (2015, p.57), que alcança nos 
meios profissionais e acadêmicos do Serviço Social brasileiro hegemonia, acredita-se que a 
questão social é o objeto de trabalho e intervenção do Assistente Social, responsável por sua 
fundação como especialização do trabalho. 
 
27 
 
[...] Questão Social apreendida como o conjunto das expressões das 
desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a 
produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais 
amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se 
privada, monopolizada, por uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 2015, p. 
27). 
 
Por conseguinte os assistentes sociais em seu exercício profissional trabalham no meio 
urbano e rural com inúmeras expressões da questão social, manifestadas por meio das taxas de 
desemprego; da precariedade das condições de trabalho; do desmonte dos direitos sociais; da 
ausência de proteção social; da falta de acesso à segurança, saúde e educação pública de 
qualidade; da intensificação da miséria, pobreza e desigualdades sociais, criminalização dos 
trabalhadores, entre outras, vivenciadas por seus usuários em seu cotidiano, nas relações de 
desigualdades presentes no âmbito econômico, social e político. Por essa razão a 
 
insistência na questão social está em que ela conforma a matéria-prima do 
trabalho profissional, sendo a prática profissional compreendida como uma 
especialização do trabalho, partícipe de um processo de trabalho. [...] A 
análise da “prática” do assistente social como trabalho, integrado em um 
processo de trabalho permite mediatizar a interconexão entre o exercício do 
Serviço Social e a pratica da sociedade (IAMAMOTO, 2015, pp. 59-60). 
 
Destarte, o Serviço Social caracteriza-se nas relações sociais de produção e reprodução 
da sociedade capitalista como uma profissão interventiva na esfera da questão social e suas 
expressões. Esta possui com o Serviço Social uma relação de fundamento básico de sua 
existência mediada por um conjunto de progressos socio-históricos e teórico-metodológicos 
característicos dos processos de trabalho em que se insere. 
Para pensar no trabalho do Assistente na contemporaneidade, torna-se importante 
retomar o sentido ontológico desta categoria. Na tradição marxista, entende-se que o 
desenvolvimento da sociedade é intrínseca à maneira como o homem se relaciona com a 
natureza e a transforma teleologicamente, produz seus meios de vida para a garantia de sua 
subsistência e, por conseguinte, desenvolve suas relações sociais por meio desse movimento 
de transformação. 
 
Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a 
natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, 
regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com 
a natureza como uma de suas forças. Coloca em movimento as forças 
naturais do seu corpo – braços e pernas, cabeças e mãos –, a fim de 
apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida 
humana. Atuando assim sobre a vida externa e modificando-a, ao mesmo 
tempo modifica a sua própria natureza (MARX, 2014, p. 211). 
 
28 
 
A forma como o ser humano modifica a natureza, e ao mesmo tempo se modifica é o 
que o diferencia dos animais das demais espécies. Pois enquanto os demais animais trazem 
em seu código genético a base do “processo educativo” para a sua vida inteira, o ser humano 
necessita, por meio de suas relações sociais, construir a sua capacidade de aprendizagem, 
conduzida na espécie humana em grau maior pela consciência. 
Ou seja, “o homem, ao contrário dos animais, não nasce „sabendo‟ o que deve fazer 
para dar continuidade à sua existência e à da sua espécie. Deve receber esse cabedal de 
instrumentos através de outros indivíduos que já estão de posse deles” (TONET, 2005, p. 
136). Disposto a elucidar esse processo, Marx (2014) infere que: 
 
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera 
mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que distingue o pior 
arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente a sua construção antes 
de transformá-la em realidade. No fim do processo do trabalho aparece um 
resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador 
(MARX, 2014, p. 211-212). 
 
A capacidade de perceber as necessidades a partir da realidade concreta e então buscar 
alternativas reflexivas, como os instrumentos de trabalho (concreto pensado) para resolvê-las, 
é exclusivo da espécie humana. Assim, o trabalho é a capacidade adquirida pelo homem para 
transformar a natureza. Então “pressupomos o trabalho sob forma exclusivamente humana” 
(MARX, 2014, p. 211). 
O trabalho como fundamento para o desenvolvimento das forças produtivas é o que 
determina em cada momento histórico o modo de produção vigente. Portanto, o trabalho 
primordial dá origem ao comunismo primitivo, assim como o trabalho do escravo funda o 
modo de produção escravista; o trabalho do servo o modo de produção feudal e o trabalho do 
proletariado o modo de produção capitalista. (ENGELS, 2012). 
O grau de dependência da natureza em cada etapa do desenvolvimento da sociedade é 
mensurado pela evolução do seu potencial produtivo. As possibilidades e limitações de cada 
período histórico, condicionado ao nível de progresso das forças produtivas, determina a 
organização das sociedades no que se refere às relações sociais e culturais, ao trabalho e ao 
modo de produção. 
Esse progresso das forças produtivas ocasiona um grande avanço no domínio dos 
povos sobre a natureza. Toda essa mudança na relação do homem com a natureza e com a 
produção vai culminar no surgimento do excedenteprodutivo, que traz consigo alterações 
como a divisão social do trabalho e das classes. Por conseguinte, vem a superação de cada 
29 
 
etapa da sociedade e a origem dos novos modelos de produção e sociabilidades ao longo dos 
tempos. 
O desenvolvimento da sociedade é inerente à forma como o homem transforma a 
natureza para garantir sua subsistência. O grau de progresso das forças produtivas é o que 
determina a organização do trabalho, as relações sociais, e o modo de produção vigente em 
cada etapa da sociedade. 
A dinâmica da sociedade capitalista se mostra instável com períodos de crescimento e 
depressões, que oportunizam as crises inerentes ao capital. Ao mesmo tempo em que com o 
movimento do ciclo econômico
16
 consegue se recuperar e permanecer vigente até os dias 
atuais. O maior nível de desenvolvimento das forças produtivas alcançado até o momento é o 
da sociedade capitalista. Em contrapartida, suas longas ondas de expansão e depressão 
provocam contínuas metamorfoses no mundo do trabalho, com implicações diretas para a 
classe trabalhadora, dentre as quais estão o desemprego estrutural, o crescente contingente de 
trabalhadores em condições precárias, além da alteração na relação do homem com a 
natureza, com a degradação do meio ambiente, conduzida pela priorização de uma lógica 
social orientada pela produção de mercadorias e valoração do capital (ANTUNES, 1999). 
 
A análise teórica e histórica do Modo de Produção Capitalista – MPC 
comprova que a crise não é um acidente de percurso, não é aleatória, não é 
algo independente do movimento do capital. Nem é uma enfermidade, uma 
anomalia ou uma excepcionalidade que pode ser suprimida no capitalismo. 
Expressão concentrada das contradições inerentes ao MPC, a crise é 
constitutiva do capitalismo: não existiu, não existe e não existirá 
capitalismo sem crise (NETTO; BRAZ, 2007, p. 157, grifo dos autores). 
 
Portanto, o Serviço Social como “uma especialização do trabalho, uma profissão 
particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo da sociedade
17
” 
 
16
 “O ciclo econômico é constituído por quatro fases: a crise, a depressão, a retomada e o auge. A 
crise, que pode ser desencadeada por incidentes econômicos ou políticos, a produção diminui, o 
desemprego generaliza e a classe trabalhadora sofre com a pobreza extrema; a depressão, com a 
produção estagnada e mercadorias sendo vendidas a preços reduzidos; a retomada, quando as 
empresas sobreviventes absorvem as que fecharam, incorporam novas tecnologias, retomam a 
produção, os preços das mercadorias são elevados e o desemprego diminui; e o auge, quando há a 
retomada de injeção de capital nas empresas, com o intuito de eliminar a concorrência, ampliando a 
produção e a quantidade de mercadorias lançadas no mercado. Até o mercado começar a sofrer 
novamente com a superprodução, nova crise se instaurará e o ciclo recomeça” (NETTO; BRAZ, 2007, 
pp. 159-160, grifo dos autores). 
17
 “À medida que a satisfação das necessidades sociais se torna mediada pelo mercado, isto é, pela 
produção, troca, e consumo das mercadorias tem-se uma crescente divisão do trabalho social. Esta 
pode ser considerada nas suas formas gerais (no mercado mundial, por grupos de países, no interior de 
um país, entre agricultura e indústria, cidade e campo), passando pelas formas singulares e particulares 
dentro de ramos de produção, até a divisão do trabalho no interior das empresas. Essa divisão 
30 
 
(IAMAMOTO, 2015, p.22) não está isenta desses determinantes e necessita cada vez mais 
apreender a realidade a partir de uma perspectiva crítica e de totalidade, por meio dos 
fundamentos teórico-metodológicos aliados a uma atitude reflexiva diária do exercício 
profissional e de seus processos de trabalho. 
Nessa reflexão pensa-se o Serviço Social como trabalho, em sua dupla determinação 
para a análise do exercício profissional do Assistente Social. Como objeto de seu trabalho tem 
a questão social em suas múltiplas expressões, que impõe a necessidade da ação profissional 
para intervir e transformar essa realidade contida na teia das relações sociais cotidianas, 
vivenciadas pelos sujeitos dentro dos processos sociais. 
Ao discorrer sobre esse debate, Iamamoto (2015) infere que: 
 
Em decorrência, o caráter social desse trabalho assume dupla dimensão: a) 
enquanto trabalho útil atende a necessidades sociais (que justificam a 
reprodução da própria profissão) e efetiva-se através de relações com outros 
homens, incorporando o legado material e intelectual de gerações passadas, 
ao tempo em que se beneficia das conquistas atuais das ciências sociais e 
humanas; b) mas só pode atender às necessidades sociais se seu trabalho 
puder ser igualado a qualquer outro enquanto trabalho abstrato –, mero 
coágulo de tempo de trabalho social médio –, possibilitando que esse 
trabalho privado adquira um caráter social (IAMAMOTO, 2015, p. 421). 
 
Como já abordado, o Assistente Social está inserido em diferentes espaços socio-
ocupacionais, junto a organizações e instituições de diversas naturezas. Essa inserção está 
relacionada ao modo de organização do trabalho na sociedade capitalista e suas 
particularidades no âmbito das políticas sociais (a fragmentação, a superespecialização, o 
controle da força de trabalho, entre outros) e como ele se organiza para responder às 
expressões da Questão Social. Na maioria dessas instituições os profissionais do Serviço 
Social atuam em equipes multidisciplinares, com ações coletivas de trabalho e procuram 
respostas aos desafios e demandas do contexto, com a incorporação e/ou desenvolvimento do 
instrumental técnico-operativo efetivo nos processos de trabalho. 
De acordo com Marx (2014), é no processo de trabalho que o objeto sofre uma 
transformação pela ação do homem, orientada para um fim. O processo finaliza ao concluir-se 
o produto. Com isso o trabalho fica incorporado ao objeto sobre o qual se atuou. Assim, 
 
 
determina a vinculação de indivíduos em órbitas profissionais específicas, tão logo o trabalho assume 
um caráter social, executado pela sociedade e através dela. Com o desenvolvimento das forças 
produtivas do trabalho sob a égide do capital, o processo de trabalho passa a ser realizado sob a forma 
de cooperação de muitos trabalhadores e meios de trabalho, verificando-se, ao mesmo tempo, um 
parcelamento das atividades necessárias à realização de um produto, sem precedentes em épocas 
anteriores” (IAMAMOTO, 2015, p. 419). 
31 
 
Pelo processo de trabalho o homem trasmuda a forma inicialmente dada pelo 
objeto. Para tanto, há que conhecer as leis imanentes ao objeto, adequar-se à 
sua natureza, organizar os elementos necessários a dispô-los adequadamente, 
no sentido de que realizem o processo de transformação. A razão encarna os 
meios e instrumentos e os governa com sua astúcia de modo que, ao final 
desse processo, o objeto apareça sob uma forma superior, embora mantenha 
sua essência ou substância (GUERRA, 2014, p. 219). 
 
Nesse entendimento o Serviço Social e seus profissionais constroem respostas aos 
desafios e demandas atuais, com instrumentos efetivos nas ações de trabalho, os quais 
ultrapassam a noção restrita de um conjunto de técnicas e passa a abarcar “o conhecimento 
como um meio de trabalho, sem o que esse trabalhador especializado não consegue efetuar 
sua atividade ou trabalho” (IAMAMOTO, 2015, p.62). 
Tal percepção só se torna possível com a maturidade intelectual da profissão que, entre 
outras coisas, desenvolveu as capacidades teóricas, metodológicas, éticas e políticas dos 
Assistentes Sociais, acionadas no exercício de seu trabalho, para fazer a leitura da realidade, 
planejar e direcionar a ação. Essas capacidades são adquiridas emseu processo formativo e 
compõem seus meios de trabalho. 
Em uma das entrevistas realizadas na pesquisa aqui apresentada, a Assistente Social 
Carla Lírio
18
, destaca essa ideia ao tratar da sua concepção sobre os instrumentais: 
 
Mas a questão dos instrumentais, eles são construídos no seu cotidiano com 
a finalidade, com a intencionalidade do profissional, baseado no seu 
conhecimento teórico, ético, político. Na sua dimensão metodológica. Então 
a gente constrói, não é, aqueles instrumentais fixos. [...] vou usar esse 
mesmo instrumental que usei no outro caso? Não! É outra realidade, é uma 
outra situação que vai me demandar outras medidas, outros instrumentos 
para que eu possa chegar, se aproximar dessa realidade e poder atingir o 
objetivo da minha intencionalidade (Carla Lírio, 2018). 
 
Percebe-se no relato da entrevistada que os instrumentais são constitutivos dos 
processos de trabalhos e não norteadores dessa ação. Será o Assistente Social, por meio de 
uma leitura de cada realidade posta, que irá escolher, e até mesmo elaborar, o melhor conjunto 
de instrumentais, necessários para atingir o objetivo de sua intencionalidade. Esta escolha, 
contudo, permeada pela finalidade da ação, sendo, em outras palavras, mediada pela dimensão 
política/teórica que o profissional pretende dar à ação. 
É nessa direção que o Serviço Social brasileiro redesenha suas concepções teóricas, 
políticas e metodológicas para intervir na realidade. Busca romper com as raízes 
assistencialistas e filantrópicas que marcaram o nascimento da profissão em um período de 
 
18
 Assistente Social há 09 anos na área do Sociojurídico em Instituição Pública Estadual em Natal/RN. 
Formada em 2002 pela UFRN. 
32 
 
renovação
19
 acadêmica, profissional e social
20
. O Serviço Social, em um movimento dialético 
de reflexão orientado pelos determinantes da realidade, passa a questionar-se e redefinir-se no 
que diz respeito aos posicionamentos profissionais. 
Como todo processo dialético, não há unanimidade na categoria dos(as) Assistentes 
Sociais sobre os debates em torno dos caminhos profissionais, porém é possível pensar que 
hegemonicamente a profissão se compreende como classe trabalhadora e coloca seus serviços 
e ideais profissionais a proveito dessa mesma classe. Na perspectiva de defesa da democracia, 
da liberdade, da igualdade e justiça social, com vistas à emancipação humana e a superação da 
sociabilidade capitalista. 
Esse período de renovação inicia-se com a vertente modernização conservadora, que 
em consonância com Netto (2011), se expressa em dois seminários de teorização organizados 
principalmente pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais 
(CBCISS), sistematizados no Documento de Araxá (1967), considerado afirmação dessa 
perspectiva modernizadora, e no Documento de Teresópolis (1970) a cristalização desta. A 
marca principal da vertente é o esforço de teorização e instrumentalização do Serviço Social, 
marcado pela perspectiva funcionalista, para a integração da população aos planos nacionais e 
regionais de desenvolvimentismo do País. 
Já os seminários de Sumaré (1978) e Alto da Boa Vista (1984), também sistematizados 
em documentos, iniciam o movimento de deslocamento do Serviço Social da perspectiva da 
modernização conservadora para a vertente da Reatualização do Conservadorismo, que tenta 
recuperar elementos da herança histórica conservadora da profissão com base teórico-
metodológica considerada nova. Em um esforço de se vincular a matrizes intelectuais mais 
modernas de inspiração fenomenológica com aspecto psicologizante da prática profissional, 
priorizando as concepções de pessoa, diálogo e transformação social dos sujeitos. 
A vertente Intenção de Ruptura, a partir da década de 1970, promove a crítica ao 
tradicionalismo da profissão, com a pretensão de romper com a herança teórico-metodológica 
do pensamento conservador existente na categoria, por meio da aproximação com a tradição 
marxista, que perdura até os dias atuais. Nessa perspectiva, podem-se destacar três elementos: 
 
19
 “Entendemos por renovação o conjunto de características novas que, no marco das constrições da 
autocracia burguesa, o Serviço Social articulou, à base do rearranjo de suas tradições e da assunção do 
contributo de tendência do pensamento social contemporâneo, procurando investir-se como instituição 
de natureza profissional dotada de legitimação prática, através de respostas a demandas sociais e da 
sua sistematização, e de validação teórica, mediante a remissão às teorias e disciplinas sociais” 
(NETTO, 2011, p. 131). 
20
 Ver José Paulo Netto, Ditadura e Serviço Social: Uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64 
(NETTO, 2011). 
33 
 
a sua emersão com o método de BH (marxismo sem Marx), a consolidação acadêmica com a 
reflexão de Marilda Villela Iamamoto e o espraiamento com o adensamento das tendências 
democráticas. Desse modo, 
 
Foi no contexto de ascensão dos movimentos políticos das classes sociais, 
das lutas em torno da elaboração e aprovação da Carta Constitucional de 
1988 e da defesa do Estado de Direito, que a categoria de assistentes sociais 
foi sendo socialmente questionada pela prática política de diferentes 
segmentos da sociedade civil. E não ficou a reboque desses acontecimentos, 
impulsionando um processo de ruptura com o tradicionalismo profissional e 
seu ideário conservador. (IAMAMOTO, 2009, p. 4). 
 
Notadamente, o desenvolvimento do Serviço Social brasileiro não acontece de forma 
endógena, está atrelado ao desenvolvimento socio-histórico das relações capitalistas no País. 
Assim, o movimento de renovação do Serviço Social “conecta-se ao processo de saturação do 
espaço nacional pelas relações capitalistas, no andamento posto pela „modernização 
conservadora‟ promovida pelo regime autocrático burguês”
21
 (NETTO, 2011, p. 306). 
Na perspectiva de Netto (2011) essa conjuntura caracteriza o surgimento de um corpo 
profissional afinado com as realidades sociopolíticas e ideoculturais da sociedade brasileira, 
que transcende às pressões do “ciclo autocrático burguês”
22
. Uma vez que se apresentam 
novas demandas para o Serviço Social brasileiro e exige-se dele respostas modernas. Estas 
tanto no tocante à conservação, quanto na perspectiva de contestação do status quo. 
Dentro da categoria presencia-se ao mesmo tempo uma parte que corrobora e reforça o 
Serviço Social tradicional e outra, constituída dos segmentos mais dinâmicos da profissão, 
que deflagra resistência, se mobiliza na contestação tanto da política atual, quanto da prática 
profissional conservadora. Essa segunda, a partir do III Congresso Brasileiro de Assistentes 
Sociais (CBAS) de 1979, conhecido como Congresso da Virada, se vincula à classe 
 
21
 Regime instaurado no Brasil a partir do golpe de 1964, que tem o Estado como centro articulador e 
meio coesionador da autocracia burguesa. “[...] O Estado que se estrutura depois do golpe de abril 
expressa o rearranjo político das forças socioeconômicas a que interessam a manutenção e 
continuidade daquele padrão, aprofundadas a heteronomia e a exclusão. Tal Estado concretiza o pacto 
contrarrevolucionário exatamente para assegurar o esquema de acumulação que garante a prossecução 
de tal padrão, mas, isto é crucial, readequando-o às novas condições internas e externas que 
emolduravam, de uma parte, o próprio patamar a que ele chegara e, de outra, o contexto internacional 
do sistema capitalista, que se modificava acentuadamente no curso da transição dos anos cinquenta aos 
sessenta. Readequado, aquele esquema é definido em proveito do grande capital, fundamentalmente 
dos monopólios imperialistas.” (NETTO, 2011, p. 27, grifos do autor). 
22 “Entendemos que o ciclo autocrático burguês recobre três

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