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Teoria Geral do Direito - Direito e Moral

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Análise de alguns aspectos da obra “Lições preliminares de Direito” de 
Miguel Reale. 
 
Direito e Moral 
Um dos maiores problemas da Filosofia Jurídica é a diferença entre Direito e Moral. 
Para que possamos compreender melhor essa diferença, é necessário analisar 
algumas teorias. 
A teoria do mínimo ético do filósofo inglês Jeremias Bentham, desenvolvida por 
diversos autores futuramente, consiste em dizer que, o “Direito representa apenas o 
mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver”. 
Nesse entendimento, deve-se atribuir forças para que certos preceitos éticos sejam 
obedecidos, tendo em vista que nem todos querem realizar de maneira espontânea 
as obrigações morais necessárias para uma sociedade. A Moral é cumprida de 
forma espontânea, sem a interferência de terceiros, o ato por si só nos atrai a 
praticá-lo. A Moral é incoercível e o Direito é coercível. Vejamos um exemplo. 
Ex: um pai que deve pagar pensão (evidentemente um preceito de ordem jurídica e 
moral) para o filho, e assim o faz sem que haja uma decisão judicial obrigando-o, 
age de acordo com a Moral. Contudo, se é necessário que uma sentença transitada 
em julgado o force a pagar o valor devido para a criança, este age em conformidade 
com o Direito. Portanto, esse pagamento só se tornará um ato Moral no momento 
que o pai entender que está realizando um ato que irá enriquecê-lo espiritualmente, 
e não somente cumprindo uma obrigação judicial. 
 
O que distingue o Direito e a Moral é a coercibilidade (expressão que serve para 
mostrar a compatibilidade entre Direito e força). Alguns filósofos do Direito o 
enxergavam como uma efetiva expressão da força. Hans Kelsen define o Direito 
como “ a ordenação coercitiva da conduta humana”. Jhering simbolizava a atividade 
jurídica com a espada e a balança: “o Direito não seria o equilíbrio da balança se 
não fosse garantido pela força da espada”. 
 
Ante o exposto, resta claro que podemos obedecer ou não uma norma imposta a 
todos nós. Essas normas são impostas sempre por terceiros (legislador, juízes, etc). 
Tais normas valem de forma objetiva, ou seja, devemos cumpri-las ainda que não 
 
 
concordemos. Essa validade objetiva das normas impostas por terceiros, que nos 
obriga juridicamente a cumpri-las, acima das pretensões dos sujeitos de uma 
relação, é denominada de heteronomia. 
 
Outra forma de distinguir as normas morais e as normas jurídicas, é que estas 
possuem uma Bilateralidade Atributiva, sendo conceituada da seguinte forma: 
“proporção intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de uma relação ficam 
autorizados a pretender, exigir, ou a fazer, garantidamente algo”. Dentro desse 
conceito, há alguns elementos complementares: 
 
A. Para que haja Direito, é necessário que exista uma relação entre duas ou 
mais pessoas (bilateralidade em sentido social, como intersubjetividade); 
B. Deve haver uma relação objetiva entre os sujeitos, isto é, incapaz de ser 
reduzida, unilateralmente, a qualquer dos sujeitos (bilateralidade em sentido 
axiológico) 
C. da proporção estabelecida deve resultar a atribuição garantida de uma 
pretensão ou ação, que podem se limitar aos sujeitos da relação ou 
estender-se a terceiros (atributividade) 
 
Vamos exemplificar para ficar mais claro: imagine uma relação de compra e venda 
de um imóvel, em que o comprador entrega um valor para o vendedor, e em 
decorrência disso, o vendedor lhe entrega a posse do imóvel. Dentro dessa relação 
jurídica, houve todos os elementos da bilateralidade atributiva. Relação entre duas 
pessoas (A); relação objetiva de compra e venda, a qual não poderia ser reduzida a 
uma pessoa somente (B); garantia de pretensão ou ação, ao qual seria, a entrega 
do imóvel, mediante pagamento (C). 
 
 
Teoria Tridimensional do Direito 
 
Miguel Reale, ao analisar os diversos sentidos da palavra Direito, chegou a 
conclusão que eles correspondem a três aspectos básicos, discerníveis em todo e 
qualquer momento da vida jurídica, que devem ser analisados de acordo com seu 
momento histórico-cultural: um aspecto normativo (o Direito como ordenamento e 
 
 
sua respectiva ciência); um aspecto fático (o Direito como fato, ou sua efetividade 
social e histórica) e um aspecto axiológico (o Direito como valor de Justiça). 
Resumindo, os três aspectos básicos, seriam: fato, valor e norma. 
Quando houver um fenômeno jurídico, haverá sempre um fato, seja ele econômico, 
histórico, cultural; um valor, que representa o significado e a valoração que uma 
sociedade dá a esse determinado fato, estabelecendo a ação dos homens no 
sentido de preservar ou certa finalidade ou objetivo; e uma norma que representa a 
integração entre o fato e o valor. 
 
Exemplo básico: um indivíduo comete um assassinato (fato); o que se busca 
preservar é a vida do ser humano (valor); regra que estabelece que o se o indivíduo 
tirar a vida de outrem, irá ser punido gravemente (norma).

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