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Tcc Abuso sexual infantil intrafamiliar

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Assis 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 
SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCIELA DE BARROS SCHWARZ 
 
 
ABUSO SEXUAL INFANTIL INTRAFAMILIAR: A INTERVENÇÃO DO 
ASSISTENTE SOCIAL NO CREAS – ASSIS/SP 
Assis 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABUSO SEXUAL INFANTIL INTRAFAMILIAR: A INTERVENÇÃO DO 
ASSISTENTE SOCIAL NO CREAS – ASSIS/SP 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel 
em Serviço Social. 
 
Orientador: Profª. Mileni Alves Secon 
 
FRANCIELA DE BARROS SCHWARZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a toda a minha família. 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço a Deus em primeiro lugar e a toda minha família, 
principalmente ao meu sobrinho que foi a inspiração para este tema. 
Aos meus amigos. 
A Profª tutora Jôsi Greffe, que me orientou de forma expecional e 
respondeu prontamente e de forma muito atenciosa a todas as minhas dúvidas. A 
todos os tutores virtuais e presenciais que contribuíram para agregar conhecimento 
a minha vida acadêmica e profissional e a todos os meus colegas de turma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A impunidade gera a audácia dos maus. 
Carlos Lacerda 
 
 
 
 
 
 
 
 
SCHWARZ, Franciela de Barros. Abuso sexual infantil intrafamiliar: A intervenção 
do assistente social no CREAS – ASSIS/SP. 2019. 52f. Trabalho de Conclusão de 
Curso (Graduação em Serviço Social) – UNOPAR, Assis/SP, 2019. 
RESUMO 
A presente pesquisa deseja explorar sobre o abuso sexual infantil intrafamiliar. Esta 
forma de abuso ocorre dentro das famílias e são consideradas como incestuosas, 
em alguns casos, a família se coloca em silêncio diante dos fatos que estão 
ocorrendo, devido à necessidade que estão vivendo em determinado momento. O 
abuso sexual é todo ato sexual que ocorre sem o consentimento do indivíduo, com 
ou sem penetração. Então, pode ser desde uma carícia até ao estupro. O CREAS – 
Centro de Referência Especializado de Assistência Social – é uma instituição que 
visa atender as necessidades da população, que se encontra em risco pessoal e 
social, cujos direitos foram violados. Neste caso, o CREAS – Assis/SP atua em 
vários problemas nesta cidade e também atende aos casos de abuso sexual infantil. 
Diante disso, o objetivo principal é avaliar as praticas e as possíveis intervenções do 
assistente social no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência 
Social) Assis/SP frente à situação de vulnerabilidade social do abuso sexual infantil. 
A justificativa para a elaboração deste estudo refere-se ao um episódio de abuso 
próximo a minha convivência familiar. Por isso, torna-se relevante entender acerca 
deste tema e conhecer as suas possíveis formas de prevenção. A metodologia 
utilizada é a pesquisa bibliográfica, a qual o acervo é encontrado majoritariamente 
pela internet, desde artigos, livros, teses e outros. Os resultados encontrados fazem 
menção de que a intervenção do assistente social frente aos casos de abuso sexual 
infantil ocorre de maneira sigilosa e o principal intuito é restabelecer a vítima na 
sociedade. Portanto, o assistente social do CREAS – Assis/SP atua de modo 
expecional e de uma maneira que acolha as vítimas, para que os casos sejam 
averiguados e o suspeito agressor possa ser punido. É importante ressaltar neste 
contexto, que a integridade física e psicológica da criança é o foco para ela ser 
inserida na sociedade novamente. 
 
 
Palavras-chave: Abuso sexual infantil intrafamiliar. Criança. CREAS – Assis/SP. 
Assistente Social. Integridade física e psicológica. 
 
 
 
 
 
 LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 01: Rede de proteção a criança e adolescente no Brasil..............23 
Figura 02: Dados sobre a violência sexual no Brasil: 2011-2017............26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CRAS: Centro de Referência da Assistência Social 
CREAS: Centro de Referência Especializado de Assistência Social 
LOAS: Lei Orgânica de Assistência Social 
PNAS: Política Nacional de Assistência Social 
NOB: Norma Operacional Básica 
SUAS: Sistema Único de Assistência Social 
PSE: Proteção Social Especial 
PSE/MC: Proteção Social Especial de Média Complexidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................111 
 
CAPÍTULO 1: O ABUSO SEXUAL INFANTIL 
INTRAFAMILIAR............................Erro! Indicador não definido.3 
1.1 O ABUSO SEXUAL INFANTIL 
INTRAFAMILIAR................................................Erro! Indicador não definido.3 
1.1.1. Consequências do abuso sexual 
infantil.........................................................Erro! Indicador não definido.7 
1.1.1.1 Os possíveis meios de prevenção contra o abuso sexual infantil e sua 
abrangência no contexto da 
atualidade......................................................................2Erro! Indicador não 
definido. 
 
CAPÍTULO 2: BREVE CONTEXTO HISTÓRICO SOCIAL DO CREAS – BRASIL: 
IMPORTÂNCIA DO CREAS-ASSIS/SP....................................................................29 
2.1 A LEGALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL....................................................29 
2.1.1 Proteção Social Especial de Média Complexidade: CREAS/BRASIL..............30 
2.1.1.1 Compreensão quanto à responsabilidade social do CREAS ......................... 33 
2.1.1.1.1. A importância do CREAS – ASSIS/SP.......................................................38 
2.1.1.1.1.1. A intervenção do assistente social nos casos de abuso sexual infantil.42 
 
3 METODOLOGIA......................................................................................................47 
 
4 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 51 
 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 
 
 
 11 
1 INTRODUÇÃO 
 
A presente pesquisa deseja investigar sobre a intervenção do 
assistente social diante dos casos de abuso sexual infantil intrafamiliar. A princípio o 
olhar do assistente social será conduzido pela instituição do CREAS – Centro de 
Referência Especializado de Assistência Social: Assis/SP – cujo respaldo refere-se a 
prestar serviços para a população a fim de garantir atendimento a famílias e 
indivíduos em situação de risco pessoal e social que tenham seus direitos violados. 
Desta maneira, segundo Tonon e Aglio (s.d) versam que a ação do Serviço Social 
direciona-se para o enfrentamento das condições sociais, desde as mais diversas 
áreas, intervindo nas situações de vulnerabilidade e risco social, para contribuir em 
uma abordagem local indo além da demanda apresentada. O Assistente Social 
assume o papel de protagonista em um novo modelo social, cujo propósito é a 
promoção da cidadania, da construção e da fortificação das redes sociais e da 
articulação entre ações e serviços. 
O principal objetivo do Assistente Social é garantir os direitos dos 
cidadãos e atendê-lo em suas dificuldades com relação aos problemas sociais. 
Diante disso, será abordado sobre o abuso sexual infantil intrafamiliar. Esta forma de 
abuso ocorre dentro das famílias e refere-se a casos entre pais, padrastos e filhos 
(as). O ato pode ocorrer com ou sem a penetração, cuja violência pode ser física ou 
psicológica. Então, desde a carícia até o estupro, podem ser consideradas formas de 
abuso sexual. Pesquisas apontam, como o Boletim Epidemiológico do Brasil, do 
Ministério da Saúde, que grande parte dos casos ocorremnas residências, na faixa 
etária do um aos cinco anos, a maioria do sexo feminino, abusadas por homens 
(pais, padrastos, tios e outros). Neste caso, são situações consideradas incestuosas. 
Como justificativa ao estudo, constata-se a vontade e necessidade 
de se pesquisar sobre este tema primeiramente se foi dado a um fato ocorrido 
próximo a minha convivência familiar e também devido a observação em campo de 
estágio onde se constatou relevante aumento do número de denúncias recebidas. 
Pretende-se, contudo, analisar as práticas do assistente social no 
atendimento às vítimas e conhecer suas abordagens, intervenções e prevenções 
implantadas junto a rede deste município para que assim no exercício profissional já 
se tenha uma boa qualificação através do conhecimento obtido minimizando o 
 12 
problema, oferecendo as vítimas superação e reintegração social através do saber 
ético e profissional. 
Tendo em vista os problemas expostas acima, salienta-se que será 
levantada a seguinte questão: “Qual é a intervenção do assistente social diante dos 
casos de abuso sexual infantil?”. Por assim dizer, a fundamentação teórica com 
relação a esta problemática terá como base a concepção de vários autores que 
avaliam este tema. 
Neste sentido, este trabalho desenvolve-se com base em uma 
fundamentação teórica de natureza bibliográfica, sob o amparo da metodologia 
qualitativa consistindo no exame de livros, periódicos, teses, artigos científicos, 
dicionários, etc. Para a elaboração dessa pesquisa foi realizado um levantamento 
bibliográfico sobre o tema, refletindo sobre a intervenção do assistente social nos 
casos do abuso sexual infantile e possui ideias de diferentes autores da área 
expostas de um modo reflexivo e crítico. 
O objetivo principal será avaliar as praticas e as possíveis 
intervenções do assistente social no CREAS (Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social) Assis/SP frente a situação de vulnerabilidade social do abuso 
sexual infantil. Além do mais, os objetivos específicos que pretendem completar tal 
intento pretendem: identificar as consequências do abuso sexual infantil no âmbito 
intrafamiliar; apontar possíveis meios de prevenção contra o abuso sexual infantil e 
promover a reflexão sobre o trabalho do assistente social com as famílias em 
situação de violência atendidas pelo CREAS/Assis/SP. 
Inclusive o estudo está dividido em dois capítulos: o primeiro refere-
se ao abuso sexual infantil intrafamiliar. O segundo trata-se sobre o breve contexto 
histórico social do CREAS – Brasil: Importância do CREAS-Assis/SP. 
Neste âmbito, o primeiro capítulo irá explorar acerca do abuso 
sexual infantil intrafamiliar, trazendo concepções também das consequências desses 
abusos para a vida das crianças e os possíveis meios de prevenção contra estes 
abusos. Bem como, irá apontar a respeito do abuso sexual infantil na atualidade. 
O segundo capítulo irá apontar a respeito do histórico social do 
CREAS-BRASIL. É necessário expor sobre o CREAS/BRASIL, para que o leitor 
possa compreender a sua abrangência nacional e sua influência acerca de 
Assis/SP. O capítulo trará acerca da intervenção do assistente social com relação 
aos abusos sexuais infantis. 
 13 
Portanto, a pesquisa deseja abarcar de forma profunda sobre o 
abuso sexual infantil intrafamiliar e seus impactos na formação da vida da criança. 
Ainda, é importante ressaltar sobre o papel do assistente social neste parâmetro, 
pois ele é um agente que irá propor ações para que a vítima seja reintegrada a 
sociedade novamente. É um tema delicado, impactante e preocupante com os 
dados, os quais mostram que não é somente responsabilidade do assistente social 
alterar este quadro, mas da sociedade como um todo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
CAPÍTULO 1: O ABUSO SEXUAL INFANTIL INTRAFAMILIAR 
 
1.1. O ABUSO SEXUAL INFANTIL INTRAFAMILIAR 
 
O tema proposto nesta pesquisa gera certa polêmica, por se tratar 
de um assunto que infringe os direitos da criança, com relação ao seu corpo. A 
criança é um sujeito em desenvolvimento e quando vivência esse ato sexual não 
concedido, sendo praticado com violência física ou não, ela passa para outra fase da 
vida, da qual é recheada de consequências para a sua adolescência e vida adulta. 
Por isso, é importante compreender sobre o que é o abuso sexual infantil 
intrafamiliar, as suas consequências, os seus possíveis meios de prevenção e sua 
abrangência na atualidade. 
Neste âmbito, Eghari (2006, p.10) explica que: 
 
Ao longo dos anos, muitas crianças vêm sendo abusadas sexualmente 
dentro de suas próprias famílias, em um local onde deveriam receber 
carinho, atenção e principalmente respeito, são molestadas pela pessoa na 
qual depositaram sua confiança e sua vida, e agora, é a causa de sua 
humilhação e sofrimento. Tais crianças passam anos ou mesmo suas vidas 
guardando um segredo que só lhes causam mal, não tendo coragem ou até 
mesmo o espaço para revelar ao que tiveram que se submeter. 
Acontecimentos como esses atingem famílias no mundo inteiro, não tendo 
preferência por raça, credo ou classe social, apenas são repetidas ao longo 
da história em um ciclo que parece não ter fim. 
 
Percebe-se que as crianças são abusadas no seio de suas famílias 
e muitas guardam em silêncio esse momento aterrorizado vivido por elas, seja por 
medo ou outros fatores. Ainda, verifica-se que o abuso não possui classe social, 
etnia, raça, gênero, isto é, pode estar presente em qualquer família. 
Ainda, pode-se compreender: 
 
O abuso sexual infantil é uma forma de violência que envolve poder, coação 
e/ou sedução. É uma violência que envolve duas desigualdades básicas: de 
gênero e geração. O abuso sexual infantil é freqüentemente praticado sem 
o uso da força física e não deixa marcas visíveis, o que dificulta a sua 
comprovação, principalmente quando se trata de crianças pequenas. O 
abuso sexual pode variar de atos que envolvem contato sexual com ou sem 
penetração a atos em que não há contato sexual, como o voyeurismo e o 
exibicionismo. As pesquisas apontam que, quando se trata de abuso sexual 
ocorrido no espaço doméstico e familiar, há uma maior predominância do 
homem como agressor e da mulher como vítima. Os meninos também são 
vítimas de abuso sexual, mas a incidência maior acontece fora da família, 
em geral perpetrado por adultos não parentes. (ARAÚJO, 2002, p. 4) 
 
 
 15 
 
Reforça-se que: 
 
Entende-se o abuso sexual como uma espécie de violência que envolve a 
prática de qualquer ato de natureza sexual entre uma criança ou 
adolescente com pessoa que possui um estágio psicossexual mais 
avançado, sendo a vítima utilizada pelo perpetrador para a sua gratificação 
ou estimulação sexual. Os atos que caracterizam o abuso sexual podem 
variar desde a manipulação da genitália, carícias, voyeurismo, 
exibicionismo, bem como o ato sexual, com ou sem penetração. No que 
concerne ao contexto da prática do abuso sexual, este poderá ocorrer tanto 
no ambiente familiar, como fora deste. (MATTOS E LIMA, 2012, p. 3) 
 
Compreende-se que o abuso sexual pode não deixar marcas físicas, 
cujo ato ocorre com ou sem a penetração. Atualmente, a mídia mostra 
constantemente casos de abuso sexuais infantis, praticados em diversas situações. 
Essas notícias causam comoções nos telespectadores. Então, o abuso sexual pode 
ser qualquer ato sexual não concedido pela vítima, classificado desde uma carícia 
não desejada até ao estupro. 
Dando continuidade, Araújo (2002) denota que o abuso sexual é um 
fator complexo e difícil. Considera-se como difícil, porque se trata de uma violência 
que acontece dentro da família. Bem como, é difícil aos profissionais, pois em 
determinados casos, ficam sem saber como agir diante do problema. Neste caso, o 
abuso sexual infantil é um problema que agrega questões legais de proteção à 
criança e punição doagressor, além de situações terapêuticas de atenção à saúde 
física e mental da criança, por conta das consequências psicológicas em relação ao 
abuso. Essas consequências relacionam-se aos seguintes elementos: idade da 
criança; duração do abuso; condições em que ocorre; violência ou ameaças; grau de 
relacionamento com o abusador e ausência de protetores parentais. Além disso, a 
revelação do abuso sexual repercute em uma crise familiar e na rede de 
profissionais. 
Eghari (2006) reitera que o ser humano possui contato com as 
demais pessoas, para que seja estabelecido um convívio social e a permanência da 
espécie. Um exemplo seria o núcleo familiar, no qual acontecem trocas de afeto e 
conforme o tempo torna-se mais intensa e comprometida com o outro. 
Sendo assim, Madanes (1997 apud Eghari 2006) enfatiza que o 
aspecto mais intenso é o amor, por meio deste sentimento o indivíduo agressor 
adquire uma possessividade invasiva e a violência revela-se como maior. Isto é, 
 16 
quanto mais ligação e dependência ao objeto, mais intensa a violência será. Neste 
caso, a violência pode ser de cunho psicológico, físico e sexual. 
Neste âmbito, Sanderson (2005) mencionado por Eghari (2006) 
retrata que o abuso sexual infantil possui uma natureza social, visto que é 
influenciado pela cultura e tempo histórico que ocorre, cujo aspecto é difícil de ser 
definido universalmente. Desta maneira, o abuso sexual pode ser extrafamiliar e 
intrafamiliar. 
Habigzang (2005) citado por Eghari (2006) aponta que os casos 
extrafamiliares referem-se ao abuso sexual envolvido na pornografia, exploração 
infantil e por pessoas que possuem acesso as crianças em diversas situações. Já, o 
intrafamiliar acontece dentro de casa e são praticados por pessoas próximas, as 
quais possuem o papel de cuidar dessas crianças. Além do que, podem ser 
denominados como incestuosos (praticados por pais ou padrastos). 
Como também, Souza (2013) explana que o abuso sexual 
intrafamiliar de crianças e adolescentes não se restringe apenas aos aspectos 
raciais, sendo praticados por homens e mulheres, considerados como “normais”. 
Enfatiza-se que os ambientes familiares deveriam representar os modos de conforto, 
amor e confiança, cujos elementos constituem as personalidades dos indivíduos, 
contudo, quando ocorre esse tipo de violência, há uma “proteção por conspiração do 
silêncio”. 
Assim sendo, entende-se: 
 
A categoria do abuso sexual intrafamiliar, também pode ser entendida como 
incesto, que, comumente, dura um longo período e pode ser praticado com 
o conhecimento e cobertura de outros membros da família. Em nossa 
cultura, o incesto é uma das formas de abuso sexual mais frequente, sendo 
este o que geralmente causa consequências – em nível psíquico – 
extremamente danosas às vítimas. (FLORENTINO, 2015, p. 1) 
 
Depreende-se que o abuso sexual intrafamiliar refere-se aos abusos 
que existem dentro de casa e são considerados incestuosos, os quais ocorrem com 
conhecimento de alguns membros familiares ou não. Deste modo, este tipo de 
abuso revela-se como impactante, já que envolve membros próximos afetivos da 
criança, o qual causa grande comoção nas pessoas, porque se refere a um ato 
considerado “desumano” e que acarreta em grandes problemas para a vida posterior 
dessa criança, tanto na fase da adolescência quanto na fase adulta. É uma relação 
sexual com ou sem penetração - não desejada pela vítima - que acontece 
 17 
precocemente e sem entendimento real daquele ato presente na vida da criança. 
Isto é, ela conhecerá as questões sexuais baseada na violência psicológica ou 
física, que deixará marcas profundas em sua memória. 
Um dado relevante para se atentar é que “faz-se importante salientar 
que o abuso sexual não se caracteriza somente pelo contato sexual, mas também 
por inúmeras ações de adultos que estejam envolvendo a criança para questões 
sexuais”, declara Eghari (2006). 
Lima e Diolina (s/d) afirmam que o progresso dos princípios morais e 
legais em defesa das crianças e dos adolescentes amplia-se a cada ano, contudo, 
as políticas públicas e a criações de diversos órgãos não impedem desse crime 
prevalecer. Tanto que os serviços prestados as crianças e aos adolescentes 
constatam que os casos de abuso expandem gradativamente. Esses abusos 
revelam transtornos e sequelas, muitas vezes irreparáveis a vítimas, principalmente 
quando essa ação violenta ocorre no seio da própria família. 
Constata-se que os casos de abuso sexual infantil intrafamiliar são 
incestuosos e são atos que podem ocorrer com ou sem a penetração, tendo uma 
violência psicológica ou física. Os laços afetivos de tais famílias que vivenciam esses 
casos tornam-se desestruturantes, já que são cometidos por pais, padrastos ou 
outros. Isto é, a figura do pai não funciona como um responsável que deveria selar 
pela vida da sua filha. Acontece uma mudança radical na vida da criança, da qual 
levará consequências para a sua vida futura: fases da adolescência e adulta. Além 
de ser uma infância interrompida, confusa e distorcida. 
 
1.1.1. Consequências do abuso sexual infantil 
 
As consequências com relação ao abuso sexual são inúmeras. Por 
assim dizer, essas consequências influenciam de forma abrangente na formação do 
ser humano e isso acarreta em marcas que poderão permanecer por uma vida 
inteira. Essas consequências serão descritas por diversos autores e assim o leitor 
poderá entender a respeito da alteração do desenvolvimento humano das vítimas 
que passam por essa situação. 
No dizer de Lima e Diolina (s/d), os estudiosos verificam que as 
consequências para quem sofre abuso sexual na infância e na adolescência 
decorrem dos recursos psíquicos próprios de cada sujeito. Os recursos psíquicos 
 18 
provêm da interação entre a vivência pessoal, elementos hereditários, relação de 
objeto, identificação e modelo familiar. Em meio a este contexto, estudos confirmam 
que o abuso sexual na infância e na adolescência simboliza um grande impacto. 
Para Tilman (1993) citado pelas autoras, a violência sexual contra a criança e o 
adolescente causam danos ao desenvolvimento normal da personalidade, 
envolvendo as funções do ego em nível afetivo, comportamental e nas inter-
relações. 
Outro ensinamento de Lima e Diolina (s/d) é que vários autores 
abordam sobre as consequências ao longo prazo no indivíduo, que inclusive pode 
transformar-se em uma patologia definida. Além do mais, os danos variam de 
indivíduo para indivíduo, conforme a sua subjetividade, situação emocional, 
estímulos e influências do meio em que o ser está incluso. Por certo, as 
consequências descritas ao longo prazo são: 
 
Físicas: dores crônicas gerais, hipocondria ou transtornos psicossomáticos, 
alterações do sono e pesadelos constantes, problemas gastrointestinais, 
desordem alimentar. 
Comportamentais: tentativa de suicídio, consumo de drogas e álcool, 
transtorno de identidade. 
Emocionais: depressão, ansiedade, baixa autoestima, dificuldade para 
expressar sentimentos. 
Sexuais: fobias sexuais, disfunções sexuais, falta de satisfação ou 
incapacidade para o orgasmo, alterações da motivação sexual, maior 
probabilidade de sofre estupros e de entrar para a prostituição, dificuldade 
de estabelecer relações sexuais. 
Sociais: problemas de relação interpessoal, isolamento, dificuldades de 
vínculo afetivo com os filhos. (LIMA E DIOLINA, S/D, p. 12) 
 
 
Acrescenta-se também: 
 
Ao discorrer sobre as consequências do abuso sexual praticado contra 
crianças e adolescentes, é essencial pensar o quanto é monstruosa a 
deturpação da condição física, biológica ou orgânica, pois o abuso sexual 
compreende uma violação do corpo da vítima que, muitas vezes, sai com 
ferimentos na própria pele.7 Desta forma, é possível apontar como 
consequências orgânicas: lesões físicas gerais; lesões genitais; lesões 
anais; gestação, doenças sexualmente transmissíveis; disfunções sexuais;hematomas; contusões e fraturas. Usualmente, a vítima sofre com 
ferimentos advindos de tentativas de enforcamento; lesões genitais que não 
se dão somente pela penetração e sim por meio da introdução de dedos e 
objetos no interior da vagina das vítimas; lesões que deixam manifesto o 
sadismo do agressor, como queimaduras por cigarro, por exemplo; 
lacerações dolorosas e sangramento genital; irritação da mucosa da vagina; 
diversas lesões anais, tais como a laceração da mucosa anal, 
sangramentos e perda do controle esfincteriano em situações onde ocorre 
aumento da pressão abdominal. (FLORENTINO, 2015, p. 3) 
 
 19 
As autoras reforçam que são diversas sequelas existentes na vítima 
que sofre abuso sexual. Isto é, refere-se a uma violência física e psicológica, uma 
marca vigente a cada dia e que na maioria das vezes não se apaga. 
Pelo olhar dos autores com relação às consequências do abuso 
sexual, observa-se que são muitas e isto interfere não apenas na relação sexual 
futura, contudo, na própria afetividade com amigos e familiares. Na questão física, o 
corpo é afetado por meio de lesões e dores. Na questão psicológica, afeta o próprio 
desenvolvimento comportamental, social e emocional. A criança cresce com 
interferências negativas que a acompanharam ao longo de sua vida, por isso é muito 
importante o apoio familiar e o tratamento terapêutico. 
Ocorre a seguinte observação com relação ao transtorno de 
estresse pós-traumático: 
 
Neste sentido, retoma-se a discussão para o campo subjetivo, debatendo 
uma questão que, imediatamente, praticamente todas as vítimas de abuso 
sexual passam após a situação abusiva – estresse pós-traumático ou 
Transtorno de Estresse Pós-Traumático, como costuma ser nomeado por 
alguns autores. O transtorno de estresse pós-traumático – TEPT8 - está 
ligado a experiências in-comuns da existência humana que causam um 
impacto emocionalmente severo no indivíduo, deixando consequências que 
afetam a saúde física e mental. (FLORENTINO, 2015, p. 141) 
 
Como também, existe a questão do segredo: 
 
Outra situação que compromete a vida das crianças e adolescentes vítimas 
de abuso sexual é o segredo. O segredo carrega uma proibição de 
verbalizar os fatos que é explícita em certos casos, mas pode ser ligada ao 
modo de comunicação não-verbal, predominantemente quando o abuso e 
abusador estão no meio familiar. Esta vítima busca manter o segredo das 
situações vividas, seja por temor de sofrer sanções e castigos por ambos os 
genitores, seja por sentir sobre seus ombros a responsabilidade de manter o 
equilíbrio e integridade da família. (FLORENTINO, 2015, p. 142) 
 
Nota de uma importante revelação: 
 
É possível afirmar que a criança ou adolescente facilmente encontrará 
razões para se sentir culpada diante de uma situação de abuso sexual. Por 
isso, é essencial ouvir a criança e permitir que se expresse ao nível de sua 
culpa, pois o que ela pode dizer e sentir no plano consciente, e também no 
inconsciente, talvez seja muito diferente de nossas projeções e de nossa 
lógica enquanto adultos. (FLORENTINO, 2015, p. 142) 
 
 
O segredo causa angústia e sofrimento para a vítima, por isso o 
correto seria que a qualquer mudança de comportamento realizado pela criança, 
seja observado atentamente pela mãe ou por outra pessoa confiável, para que o 
 20 
abuso sexual seja interrompido. A voz da criança é muito importante neste estágio, 
independente de sua faixa etária, para que o abusador possa ser punido e a criança 
seja estabelecida em seu meio social. 
Florentino (2015)1 salienta que nos casos de abuso sexual 
intrafamiliar, a família revela-se como um espaço de insegurança, medo, 
desconfiança, conflitos e incertezas, aspectos que não eram para ser cabíveis ao 
âmbito da família. Nesta situação, acontece uma inversão de papéis, da qual a 
criança é tida como uma parceira pseudo-igual no relacionamento sexual e os 
papéis familiares acabam ficando confusos. Evidencia-se que a família deveria ser 
um lugar de crescimento, confiança e apoio, mas, na realidade, ocorre uma 
descaracterização desses fatores. 
Ainda, Florentino (2015) denota que o comportamento social das 
vítimas caminha-se para a destruição do modo de como se relacionam e de 
confiança nas pessoas, isto é, compartilham menos, ajudam menos e se vinculam 
menos com as outras crianças. 
O comportamento social das vítimas traz a seguinte nota: 
 
O comportamento sexual inadequado pode ser considerado como outro 
sintoma muito característico de crianças sexualmente abusadas. O 
comportamento sexual inapropriado é caracterizado por brinquedo ou 
brincadeiras de cunho sexual com bonecas; introduzir objetos ou dedos no 
ânus ou na vagina; masturbação excessiva; comportamento sedutor; 
conhecimento sexual inapropriado para a idade e pedido de estimulação 
sexual para adultos ou outras crianças. (FLORENTINO, 2015, p.143) 
 
Assimila-se que a mudança de comportamento das vítimas, seja por 
meio de brincadeiras ou outras atitudes (masturbação, comportamento sedutor) são 
expressões que necessitam ser observadas por adultos. São atitudes que podem 
ocorrer no ambiente escolar, familiar e outros, então, cabe ao adulto se atentar aos 
fatos para que o abuso seja descoberto o mais breve possível e sua interrupção 
possa acontecer (casos contínuos). 
Como se não bastasse à mudança de comportamento social, 
Romaro e Capitão (2007) mencionados por Florentino (2015) fazem menção a 
outros tipos de transtornos, tais como: disfunção sexual (falta ou perda de desejo 
sexual); impotência sexual; disfunção orgástica (orgasmo inibido); ejaculação 
precoce; vaginismo não orgânico (oclusão de abertura vaginal); dispaurenia não 
 
1 Concepção em Furniss (1993); Gabel (1997); Romaro; Capitão (2007). 
 21 
vaginal (dor durante o ato sexual) e ninfomania (desejo sexual impulsivo). 
Diante disso, cabe a seguinte reflexão: 
 
Em suma: não é possível generalizar ou delimitar perfeitamente os efeitos 
do abuso sexual, uma vez que a gravidade e a extensão das consequências 
dependem de particularidades da experiência de cada vítima. Dentro desta 
perspectiva, é importante pensar o assunto sob a ótica da singularidade de 
cada indivíduo – criança ou adolescente – para não cair em num 
reducionismo ou generalismo da questão. Cada criança ou adolescente que 
sofre abuso sexual é uma potencial vítima de uma ou mais consequências 
descritas anteriormente. Por isso, é importante que o psicólogo que venha a 
deparar-se com tais casos – em alguma política pública ou em consultórios 
particulares – tenha a sensibilidade necessária e esteja capacitado para 
enfrentar essa situação extrema-mente complexa e desafiadora. 
(FLORENTINO, 2015, p. 144) 
 
A criança e o adolescente que sofre abuso das mais diversas formas 
apropriam-se de mudanças nas várias áreas do seu convívio na sociedade, desde 
comportamental; transtornos e outros déficits de vivência externa. Então, verifica-se 
que o abuso é totalmente negativo para a vítima e este ato influência na sua 
formação como ser humano e na sua integridade física e emocional. 
 
1.1.1.1. Os possíveis meios de prevenção contra o abuso sexual infantil e sua 
abrangência no contexto da atualidade 
 
O tema exposto ao longo deste capítulo é impactante, visto que se 
refere às crianças e revela o quanto as consequências afetam o desenvolvimento 
humano desses sujeitos. Diante disso, este assunto requer refletir sobre os possíveis 
meios de prevenção contra os abusos. Em vista disso, os meios de prevenção 
existem, contudo, é necessário também o envolvimento forte da família para que os 
casos sejam denunciados e o agressor seja punido. 
Neste sentido, Carvalho et al (s.d) salientam que as crianças são 
sujeitos de direitos, isto é, possuem direitos garantidos pela legislação brasileira, que 
necessita ser respeitada por todos. As crianças caracterizam-se como indivíduos em 
desenvolvimento e sua sexualidade não deveser tratada como a de uma pessoa 
adulta. Tanto as crianças como os adolescentes precisam ser protegidos 
integralmente e isto acarreta na garantia a saúde, educação, segurança e todos os 
direitos. 
Cumpre aqui ressaltar, segundo os autores, que nem toda pessoa 
que abusa da criança ou adolescente é um pedófilo. Visto que a pedofilia é um 
 22 
transtorno de personalidade agregado por crianças pré-púberes, ou seja, geralmente 
abaixo de 13 anos. A pessoa caracterizada como pedófila, necessita ter um 
diagnóstico de um psiquiatra. Então, atenta-se ao dado que muitos casos de abuso 
e exploração sexual são cometidos por pessoas que não apresentam esse tipo de 
transtorno. Neste caso, “o que caracteriza o crime não é a pedofilia, mas o ato de 
abusar ou explorar sexualmente uma criança ou um adolescente” destacam 
Carvalho et al (s.d, p. 11). 
Como também, os autores explicam que os maiores números são de 
origem de baixa renda, porque é mais comum essas famílias procurarem os serviços 
de proteção a criança e adolescente. Os autores alertam que se alguém tiver alguma 
suspeita ou conhecimento de um abuso ou violência contra a criança e o 
adolescente, é necessário que façam as denúncias nos seguintes canais: conselho 
tutelar da cidade; disque 100 (telefone ou e-mail: quedenuncia@sedh.gov.br) canal 
gratuito e anônimo; escola, por meio dos professores, diretores e orientadores; 
delegacias especializadas ou comuns; polícia militar, rodoviária e federal; número 
190 e pornografia na internet: www.disque100.gov.br. 
É importante apresentar sobre a rede de proteção de criança e 
adolescente no Brasil: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:quedenuncia@sedh.gov.br
 23 
Figura 01: Rede de proteção a criança e adolescente no Brasil. 
 
Fonte: Campanha de Prevenção à Violência Sexual contra crianças e adolescentes – Cartilha 
Educativa. Disponível em: 
<http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/sedh/cartilha_educativa.pdf>. Acesso em: 07 de 
setembro de 2019. 
 
Por meio deste quadro, pode-se compreender sobre a rede de 
proteção a criança e o adolescente e como funciona o processo de hierarquização 
até que a denúncia seja realmente comprovada. Por assim dizer, declara-se também 
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/sedh/cartilha_educativa.pdf
 24 
que refere ao um processo demorado, visto que precisam de provas, testemunhas e 
outros aspectos, para que o abusador seja punido e a vítima reintegrada a 
sociedade. 
Santos (2018) aborda sobre a prevenção do abuso sexual na 
perspectiva da promoção a saúde. Sendo assim, compreende-se acerca deste 
assunto: 
 
 
São as possibilidades identificadas em alguns ideais e princípios da PS – 
Promoção da Saúde - (Concepção holística de saúde, Equidade, 
Intersetorialidade, Empoderamento, Participação Social, Ações Multi-
estratégicas e Sustentabilidade) que levam a crer no potencial das 
estratégias de prevenção do abuso sexual para promover a saúde de 
crianças. Por buscar compreender o sujeito de forma integral, como um ser 
biopsicossocial, e por considerar a saúde como processo complexo 
resultante da articulação de diferentes fatores como alimentação, justiça 
social, ecossistemas, renda e educação e fruto das ações do Estado e da 
singularidade, autonomia e participação dos sujeitos, na perspectiva da 
promoção, a saúde não pode ser atribuída à responsabilidade de uma única 
área de conhecimentos e práticas. (SANTOS, 2018, p. 36) 
 
Acrescenta-se também: 
 
Nesse conceito é possível visualizar o aspecto promotor da prevenção ao 
objetivar a qualidade de vida, buscar melhora contínua e se basear em 
ações educativas participativas. [...] a prevenção primordial, que visa evitar 
o surgimento de problemas relacionados à saúde, vida social, econômica e 
cultural; a prevenção primária, ações voltadas para evitar doenças e 
agravos trabalhando em cima de suas causas; a prevenção secundária, que 
busca a identificação e correção prévia do problema; e a prevenção 
terciária, que atua nos problemas já ocorridos com foco na redução de 
danos e integração de pessoas. Vale salientar, no entanto, que a 
perspectiva de prevenção relacionada à promoção da saúde não restringe 
sua ação exclusivamente aos sujeitos ou indivíduos, neste estudo às 
crianças, mas propõe intervenções que integrem os “diversos sujeitos” e 
setores que podem contribuir para a ocorrência, perpetuação e 
enfrentamento da problemática, neste caso o abuso sexual. (SANTOS, 
2018, p. 37) 
 
 
A autora faz referência a uma prevenção na perspectiva da 
promoção a saúde, na qual a criança e adolescente será restituído em sua 
integridade física e emocional. Deste modo, as ações direcionam-se a saúde, vida 
social, econômica e cultural. Atenta-se que este tipo de prevenção refere-se quando 
o abuso já ocorreu, contudo, é de extrema relevância para a restituição do indivíduo 
na sociedade. 
Ainda, Santos (2018) contempla a respeito das tecnologias 
educacionais, a qual se refere a uma ferramenta de atividades para prevenção da 
 25 
violência e abordagem de assuntos como educação para sexualidade de crianças. 
Então, acompanha-se: 
 
A adoção do termo Tecnologia educativa, para referir-se às metodologias 
construídas para instrumentalizar profissionais(ou fruto das aprendizagens 
da prática de trabalho desses)e outros atores sociais, nas ações de 
intervenção sobre o abuso sexual contra crianças, resulta de um processo 
de pesquisa sobre como essas ferramentas são nomeadas pelos seus 
criadores e qual termo seria mais adequado para abarcar a diversidade de 
propostas e nomenclaturas que essas recebem. (SANTOS, 2018, p. 38) 
 
E mais: 
 
[...] as tecnologias educativas voltadas para prevenção da violência sexual e 
promoção da saúde de crianças se tratam de subsídios no formato de livros, 
manuais, cadernos, programas, jogos, kits, entre outros. São consideradas 
não só aquelas destinadas para o público infantil, mas, também, as 
ferramentas idealizadas para famílias, profissionais das mais diversas 
áreas, organizações comunitárias, instituições, entre outros atores sociais, 
que podem contribuir para a prevenção da violência sexual na infância. 
Foram consideradas tecnologias propostas por instituições de origem 
governamental e não governamental, nacional, internacional e 
transnacionais, de domínio público e privadas. (SANTOS, 2018, p. 40) 
 
 
Acredita-se que as tecnologias educativas podem ser um viés que 
auxilie na prevenção do abuso sexual. Atualmente, é visível o uso da tecnologia, por 
diferentes setores na sociedade, a tecnologia com a internet é utilizada por grande 
parte da população, para diversos fins. Diante disso, constata-se que esta 
ferramenta pode contribuir e muito na prevenção do abuso sexual. 
Fernandes (2019) versa que o dia 18 de maio é declarado como o 
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e 
Adolescentes. Esta data possui como objetivo de conscientizar a sociedade e 
reafirmar a responsabilidade de todos em garantir os direitos das crianças e 
adolescentes. Desta maneira, a escola inclui-se neste cenário, como uma instituição 
que necessita assumir o seguinte papel: prevenção, identificação e combate ao 
abuso sexual infantil. 
Para se atentar a abrangência deste tema como forma de 
conscientização, toma-se como base os seguintes dados: 
 
 
 
 
 
 26 
Figura 02: Dados sobre a violência sexual no Brasil: 2011-2017. 
 
Fonte: Boletim Epidemiológico, 27 do Ministério da Saúde. Disponível em: 
<https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/junho/25/2018-024.pdf>. Acesso em: 07 de 
setembro de 2019. 
 
Esta tabela apresentada refere-se como uma enorme preocupação 
para a sociedade, mesmo que o item “abuso sexual” não esteja de forma explicita na 
tabela, observa-se que as mais diversas formas de violência sexual cresceram nos 
últimos anos. Como também, nas residências inserem-se os maiores números. Énecessário refletir sobre o porquê estes números aumentaram e se as prevenções 
estão realmente auxiliando na diminuição destes números. Neste caso, é preciso 
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/junho/25/2018-024.pdf
 27 
que a sociedade de forma coletiva almeje diversas formas e estratégias, para que as 
crianças e adolescentes sejam protegidas dos tipos de violência sexual. 
A escola pode funcionar como uma instituição de prevenção e 
combate ao abuso sexual, segundo a autora. Além do mais, a vítima pode ser 
observada no ambiente escolar, por meio dos seguintes sinais: comportamento 
isolado; dificuldades nas relações com os amigos; medo da figura adulta; 
comportamento hipersexualizado; baixa no rendimento escolar; demonstração de 
raiva, tristeza e ansiedade. 
Para Fernandes (2019), com base em estudos de outros autores – 
Jane Felipe de Souza – é necessário que a escola discuta questões relacionadas ao 
gênero e sexualidade. 
Jane Felipe de Souza citada por Fernandes (2019) explica que a 
escola é um ambiente de produção e circulação do conhecimento. Desta maneira, é 
preciso tratar de todos os assuntos e de todas as dúvidas, as crianças necessitam 
entender que seus corpos não estão disponíveis e que algumas atitudes dos adultos 
não devem ser aceitas. Em relação ao abuso, a criança pode até sentir prazer, por 
ser um ato sedutor e não violento. 
Para Jean Von Hohendorff, mencionado por Fernandes (2019), os 
professores precisam conhecer os tipos de violência sexual. Bem como, é 
necessário que existam nas escolas uma educação sexual. Neste caso, a educação 
sexual evidencia-se na ideia de trabalhar com noções corporais, as alterações que o 
corpo passa, higiene e explicar que as pessoas não podem tocar no corpo, sem a 
devida permissão e instruí-las em caso de ter ou acontecer um toque ruim. Ainda, é 
preciso que o professor esteja disposto em ouvir a criança. Caso a criança relate 
alguma situação de abuso, a orientação proposta é que a vítima tenha um adulto de 
referência para participar da conversa, caso não exista esse adulto, o caso deve ser 
encaminhado ao conselho tutelar. É importante destacar que os casos suspeitos 
também podem ser encaminhados ao Conselho tutelar, não necessariamente 
precisa-se ter a certeza primeiramente. 
Como também, existem as principais leis que priorizam a vida da 
criança e do adolescente com relação à violência sexual. Então, podem-se 
acompanhar os artigos que compõem a Constituição Federal de 1988 e o ECA – 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
O que diz a Constituição Federal de 1988: 
 28 
 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
[...] § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual 
da criança e do adolescente. 
 
Acrescenta-se o Estatuto da Criança e do Adolescente: 
 
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus 
direitos fundamentais; 
[...] Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio 
de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (LEI Nº 8.069, DE 13 
DE JULHO DE 1990) 
 
 A legislação prioriza os direitos da criança e do adolescente e insere 
o ato sexual como crime, o qual acarreta na prisão do agressor. Contudo, o processo 
de prisão do possível acusador leva tempo e necessita de provas, dependendo do 
ato que realiza na criança, este não aparece em exames e outras evidências, por 
isso é extremamente importante acreditar na palavra da criança, porque esta se 
refere a um forte indicio do que ocorre em casa e inclusive pode evitar casos piores. 
Bem como, completa-se que muitos casos passam impune, por ausência de provas, 
mesmo assim, é muito relevante a denúncia, até no anonimato. É preciso que o 
possível acusador seja realmente punido diante dos fatos que ocorreram dentro de 
casa. 
O abuso sexual infantil intrafamiliar na atualidade atribui-se ao sexo 
feminino como vítimas, a maior parte da faixa etária do 1 aos 5 anos, realizadas pelo 
homem na figura de pai, padrasto, tios e outros. Grande parte dos casos são 
considerados incestuosos e as suas consequências influenciam na formação do ser 
humano na fase da adolescência e vida adulta. Pelo olhar dos autores e figuras 
expostas delineadas neste tópico, percebe-se que os casos evoluíram, isto se revela 
como um dado que precisa ser destacado para a sociedade. Quais são os reais 
motivos dos abusos acontecerem? Por que ocorrem de forma concedida por pares 
próximos?. Essas são questões que precisam ser refletidas pela sociedade e 
principalmente apontar soluções que possam diminuir esses números. 
 29 
CAPÍTULO 2: BREVE CONTEXTO HISTÓRICO SOCIAL DO CREAS – BRASIL: 
IMPORTÂNCIA DO CREAS-ASSIS/SP 
 
 
2.1. A LEGALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
A profissão de assistente social foi regularizada por meio de várias 
legislações. Inclusive, a principal delas atribui-se a Constituição Federal de 1988. 
Este profissional requer lidar com as situações sociais em que a população vive, 
desde necessidades básicas até situações complexas. É um agente que prioriza o 
ser social, para ser reintegrado a sociedade. 
Neste sentido, Sposati (2009 apud PEREIRA ET AL. 2011) aborda 
que a Constituição Federal de 1988 foi um marco para o Brasil no seu processo de 
redemocratização e assim influenciou no histórico de proteção social do país, 
fortalecendo os direitos humanos e sociais, no que tange a responsabilidade pública 
e estatal. Neste sentido, Pereira et al. (2011) retrata que a Assistência Social foi 
conceituada pela Constituição de 1988, a qual refere-se a uma política pública de 
direitos e não contributiva. Desta maneira, a Assistência Social começou a integrar o 
Sistema de Seguridade Social, as políticas da Saúde e da Previdência Social, que 
se instituem na Política de Proteção Social, a qual sistematiza as outras políticas 
sociais direcionadas à promoção e a garantia da cidadania. 
Na visão de Pereira et al. (2011), a legalização da Assistência Social 
como política pública, dever do Estado e direito do cidadão, interrompeu com os 
paradigmas e concepções conservadoras de caráter benevolente e assistencialista. 
Quanto a legislação pública, pode-se assimilar que: 
 
A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742/1993) - ratificou 
e regulamentou os artigos 203 e 204 da Constituição Federal, assegurando 
a primazia da responsabilidade do Estado na gestão, financiamento e 
execução da política de Assistência Social. Sua organização, em todo país, 
tem respaldo legal na diretriz da descentralização político – administrativa, 
coroando, portanto, o pacto federativo ao estabelecer responsabilidades e 
atribuições entre os três entes federados e considerar o comando único das 
ações em cada esfera de governo. (PEREIRA ET AL., 2011, p. 12) 
 
 
Em relação ao financiamento, a LOAS obteve a sua estruturação com 
base nos fundos da assistência social – nacional, dos Estados, DF e municípios, na 
qual a gestão funciona como um órgão responsável pela política da assistência 
 30 
social na respectiva esfera federativa. Acrescentou o direito da participação direta ou 
representativa da população na produção, controle e avaliação das ações da 
assistência social, através dos Conselhos de Assistência Social – Nacional, do DF, 
Estaduais e dos municípios – alémdas Conferências, espaços democráticos e 
deliberativos. (PEREIRA ET AL., 2011) 
Neste âmbito participativo foi aprovada em 2004, a Política Nacional 
de Assistência Social – PNAS, implantada pelos dispositivos da Constituição Federal 
de 1988 e da LOAS. Por este ângulo, explica-se o que é o PNAS: 
 
A PNAS/2004 reorganiza projetos, programas, serviços e benefícios de 
assistência social, consolidando no país, o Sistema Único de Assistência 
Social – SUAS, com estrutura descentralizada, participativa e articulada com 
as políticas públicas setoriais. Nesse sentido, demarca as particularidades e 
especificidades, campo de ação, objetivos, usuários e formas de 
operacionalização da Assistência Social, como política pública de proteção 
social. (PEREIRA ET AL, 2011, p. 13) 
 
 
Com este ponto de vista, segundo Pereira et al. (2011) foi aprovada 
em 2005 a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social 
(NOB/SUAS), além da descrição acima, considera as particularidades e diversidades 
das regiões, assim como a realidade das cidades e meio rural. 
Os autores denotam que em 2011, a Lei nº 12.435, de 6 de julho de 
2011 (Lei do SUAS) regulamenta a institucionalidade do SUAS, o qual assegura 
avanços significativos, destacando o cofinanciamento federal, influenciado pelo 
fortalecimento da gestão, serviços, programas e projetos de assistência social. 
As principais legislações descritas neste tópico evidenciam o quanto 
é importante a profissão do assistente social para a sociedade. É uma profissão que 
foi regularizada pela Constituição Federal de 1988 e que se apóia em vários 
atributos para que o profissional a exerça de forma qualitativa. Então, refere-se a um 
indivíduo que enfrentará diversas situações. Nessas situações, soluções terão que 
ser apontadas e acompanhamentos deverão ser realizados, para que o cidadão 
possa estar em vivência formidável com a sociedade. 
 
2.1.1. Proteção Social Especial de Média Complexidade: CREAS/BRASIL 
 
Será descrito sobre a proteção social especial de média 
complexidade. Deste modo, os autores verificam que o SUAS possui dois níveis de 
 31 
proteção, os quais são: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial. Por 
conseguinte, a Proteção Social Básica contêm vários serviços, direcionados aos 
programas e projetos e benefícios da Assistência Social, cujo propósito é precaver 
as situações de vulnerabilidade e riscos pessoais e sociais (violência intrafamiliar 
física e psicológica, abandono, negligência, abuso e exploração sexual, situação de 
rua, ato infracional, trabalho infantil, afastamento do convívio familiar e comunitário, 
idosos em situação de dependência e pessoas com deficiência com agravos 
decorrente de isolamento social), por violação de direitos; devido ao 
desenvolvimento de potencialidades e aquisições e fortalecimento de vínculos 
familiares e comunitários. 
Ocorre a definição do CRAS: 
 
O Centro de Referência da Assistência Social – CRAS é a unidade pública 
estatal, descentralizada, responsável pela organização e oferta de serviços 
de Proteção Social Básica. É a referência, no seu território de abrangência, 
da oferta da atenção às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade 
social no âmbito do SUAS. Deve estar localizado nos municípios e no 
Distrito Federal em áreas de fácil acesso a estas famílias e indivíduos. Todo 
CRAS, obrigatoriamente, desenvolve “a gestão da rede socioassistencial de 
proteção social básica do seu território” (MDS, 2009, p.11) e oferta o Serviço 
de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF. Em conformidade com 
a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, além do PAIF, outros 
serviços podem ser ofertados ou referenciados ao CRAS. (PEREIRA ET 
AL., 2011, p. 17) 
 
 
Do mesmo modo, a Proteção Social Especial organiza os serviços, 
programas e projetos de caráter especializado, o qual possui a finalidade de 
colaborar para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, assim, acontece 
a consolidação das potencialidades e aquisições quanto a proteção de famílias e 
indivíduos para o enfrentamento das situações de risco pessoal e social, por 
violação de direitos. No contexto dessa organização da PSE, é de suma relevância 
compreender o aspecto socioeconômico, político, histórico e cultural que influência 
nas relações familiares, comunitárias e sociais, neste caso, podem gerar conflitos, 
tensões e rupturas, requerendo um trabalho especializado. (PEREIRA ET AL., 2011) 
Os autores frisam que conforme os níveis de agravamento, natureza 
e especificidade do trabalho social, organiza-se o PSE em dois níveis de 
complexidade: Proteção Social Especial de Média Complexidade (PSE/MC) e a 
Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Em síntese, a PSE/MC oferece 
serviços, programas e projetos de caráter especializado que exigem maior 
 32 
infraestrutura técnica e operativa, que inserem competências e atribuições definidas, 
dirigidas ao atendimento a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e 
social, por violação de direitos. “Devido à natureza e ao agravamento destas 
situações, implica acompanhamento especializado, individualizado, continuado e 
articulado com a rede” reiteram Pereira et al. (2011, p. 20). 
Constituem os serviços de referência da PSE/MC: 
 
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS): 
Unidade pública e estatal de abrangência municipal ou regional. Oferta, 
obrigatoriamente, o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a 
Famílias e Indivíduos (PAEFI). 
Centro de Referência Especializado para População em Situação de 
Rua (Centro POP):Unidade pública e estatal de abrangência municipal. 
Oferta, obrigatoriamente, o Serviço Especializado para Pessoas em 
Situação de Rua. 
• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos 
(PAEFI); Serviço Especializado em Abordagem Social; Serviço de Proteção 
Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de 
Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC); 
Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas 
e suas Famílias; Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. 
(PEREIRA ET AL., 2011, p. 21) 
 
Logo, a Proteção Social de Alta Complexidade oferece serviços 
especializados em diversas modalidades e equipamentos, o qual garante a 
segurança acolhida a indivíduos ou famílias afastadas temporariamente do núcleo 
familiar ou comunitários de origem. Possibilita-se a proteção integral dos sujeitos 
atendidos, assegurando o atendimento personalizado e em pequenos grupos, 
atribuindo o respeito as diversidades (ciclos de vida, arranjos familiares, raça/etnia, 
religião, gênero e orientação sexual). O objetivo principal é a preservação das 
famílias ou regaste da convivência familiar e comunitária. (PEREIRA ET AL., 2011) 
Integram-se os seguintes serviços: 
Serviço de Acolhimento Institucional, nas seguintes modalidades: Abrigo 
institucional; Casa-Lar; Casa de Passagem; Residência Inclusiva. 
• Serviço de Acolhimento em República; 
• Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; 
• Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de 
Emergências. (PEREIRA ET AL., 2011, p. 22) 
 
Quanto ao conceito sobre o CREAS, se expressa: 
 
Considerando a definição expressa na Lei nº 12.435/2011, o CREAS é a 
unidade pública estatal de abrangência municipal ou regional que tem como 
papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios, da oferta de 
trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação 
de risco pessoal ou social, por violação de direitos. Seu papel no SUAS 
define, igualmente, seu papel na rede de atendimento. (PEREIRA ET AL., 
2011, p. 23) 
 33 
 Para os autores, o papel do CREAS compreende a disponibilização 
dos serviços especializados, caracterizados como continuado para famílias e 
indivíduos em risco pessoal e social, por violaçãode direitos, consoante a tipificação 
nacional de serviços socioassistenciais. Envolve também, a gestão de processos de 
trabalho na unidade, ampliados pela coordenação técnica e administrativa da 
equipe, o planejamento, o monitoramento e avaliação das ações, a organização e 
execução do trabalho social na esfera dos serviços ofertados, o relacionamento 
cotidiano da rede e o registro de informações, sem prejuízo das competências do 
órgão gestor de assistência social em relação a unidade. 
 
2.1.1.1. Compreensão quanto à responsabilidade social do CREAS 
 
O CREAS é uma importante instituição que visa atender as 
necessidades da população e restituir os direitos dos cidadãos perante a sociedade. 
Desta maneira, Pereira et al. (2011) explana que o planejamento do CREAS exibe a 
proposta da Unidade e dos Serviços ofertados, contemplando os objetivos e metas, 
para serem alcançadas em um dado período de tempo, assim como os meios e 
recursos primordiais para o seu alcance. Como também este planejamento indica as 
reflexões a respeito das ações desenvolvidas, os processos de trabalho adotados e 
os resultados alcançados. 
Do ponto de vista destes autores, o planejamento precisa ser 
participativo, dinâmico e contínuo, para que transite em todos os processos do 
CREAS, propiciando mudanças, ajustes e medidas corretivas. Para isso, é 
importante que a equipe inclua em seu cotidiano profissional, reuniões para planejar 
e acompanhar as atividades, discutir fatores relevantes da Unidade e dos serviços, 
cujo intuito é aperfeiçoar, qualificar e revisar as ações desenvolvidas. 
Segundo Pereira et al. (2011) a gestão de processos de trabalho 
para a equipe técnica direciona para um campo que tenha trocas de informações, 
experiências e conhecimentos, fundamental para a qualificação das ações 
desenvolvidas na Unidade. O trabalho em equipe é interdisciplinar, o qual adota 
estratégias que viabiliza a participação e o compartilhamento de concepções para 
todos os integrantes da equipe. 
Em relação ao sigilo, pode-se considerar que: 
 
A atuação em equipe deve considerar os princípios éticos de cada profissão 
 34 
e o respeito ao sigilo profissional no CREAS. Para tanto, cabe a cada 
profissional, junto com a Coordenação, quando for o caso, avaliar os 
aspectos que podem ser compartilhados com a equipe para integrar as 
ações, de modo a evitar exposições desnecessárias da vida e das situações 
vivenciadas pelos usuários. Nessa perspectiva, ainda, é importante que a 
coordenação do CREAS, em conjunto com a equipe, avalie e defina as 
informações que irão compor os relatórios (de acompanhamento familiar, de 
atividades da Unidade, relatórios para o órgão gestor de Assistência Social, 
para os órgãos de defesa de direitos, quando for o caso, dentre outros) e, 
igualmente, a troca de informações de uma forma geral com a rede, 
observadas as questões relativas à ética profissional. (PEREIRA ET AL., 
2011, p. 55) 
 
 
Nesta acepção, a coordenação dos recursos humanos e o trabalho 
em equipe interdisciplinar define momentos de integração e reflexão em equipe, que 
contribui para o aprimoramento do trabalho desenvolvido. São sugeridas as 
seguintes atividades para a melhoria do trabalho em equipe e o desenvolvimento do 
trabalho social, as quais são: reuniões em equipe; reuniões para estudo de caso e a 
supervisão e assessoria de profissional externo. 
 Os estudiosos apontam que o CREAS está associado ao conjunto 
de leis e normatizações, referentes às políticas de assistência social e que regulam o 
SUAS. Neste contexto, os serviços especializados pelo CREAS precisam garantir a 
segurança socioassistenciais, conforme inscrito no PNAS e na Tipificação Nacional 
de Serviços Socioassistenciais, assim, fica incluso a Segurança da Acolhida; 
Segurança de Convívio ou Vivência Familiar e a Segurança de Sobrevivência ou de 
Rendimento e de Autonomia. 
A Segurança da Acolhida representa o conhecimento com relação a 
cada família e o sujeito em sua particularidade, promovendo informações relativas 
ao trabalho social e aos direitos que possam acessar, para a construção de um 
ambiente de expressão e diálogo. Além do que, necessita conter os seguintes 
elementos: estrutura física adequada, equipe técnica direcionada a escuta e 
recepção e profissionais qualificados. 
A Segurança de Convívio direciona-se para um serviço de forma 
continuada, o qual, expressa fortalecimento, regaste ou o desenvolvimento de 
vínculos familiares, comunitários e sociais. Possui como propósito a construção de 
projetos individuais e coletivos, que proporciona a vivência de novas interações 
familiares e comunitárias, além da participação social. 
A Segurança de Sobrevivência expressa o respeito a autonomia das 
famílias e indivíduos, cuja intenção é a superação de condições adversas, 
 35 
provenientes de situações vivenciadas. Essa independência familiar e pessoal, na 
qualidade dos laços sociais, precisa integrar o acesso aos serviços, benefícios e 
programas de transferência de renda. 
Os autores salientam que as competências do CREAS são 
determinantes para o papel efetivo do SUAS, o qual abrange a essas expectativas: 
• clarificar o papel do CREAS e fortalecer sua identidade na rede; 
• evitar sobreposição de ações entre serviços de naturezas e até mesmo 
áreas distintas da rede que, evidentemente, devem se complementar no 
intuito de proporcionar atenção integral às famílias e aos indivíduos; 
• evitar a incorporação de demandas que competem a outros serviços ou 
unidades da rede socioassistencial, de outras políticas ou até mesmo de 
órgãos de defesa de direito; 
• qualificar o trabalho social desenvolvido. (PEREIRA ET AL., 2011, p. 
25) 
 
 
Cumpre aqui ressaltar que o CREAS não deve ocupar lacunas 
relativas a ausência de atendimento na rede, proporcionada por outras políticas 
públicas e órgãos de defesa de direito; além do seu papel não ser confundido com 
outras políticas ou órgãos, nem as funções de sua equipe com as de equipes 
interprofissionais de outros atores na rede; não assumir investigação para a 
responsabilização dos autores da violência, pois o seu papel institucional é 
estabelecer o seu papel e competências do SUAS. (PEREIRA ET AL., 2011) 
Pereira et al. (2011) denota que outro aspecto relevante é que os 
demais serviços de defesa e responsabilidades não sejam instalados no mesmo 
imóvel que o CREAS. Neste caso, os serviços de “Disques” denúncias relacionados 
a situações de violência e violação de direitos precisam localizar-se em 
determinados locais que não sejam o CREAS. Ainda afirmam que o CREAS não 
pode ser administrado por entidades e órgãos privados de assistência social. Bem 
como o CREAS não pode sofrer interrupções com questões relativas a alternância 
de gestão ou qualquer outro motivo. 
Os referidos autores realçam sobre os eixos norteadores que 
influenciam na organização e desenvolvimento do CREAS, precedido pelos 
princípios e diretrizes do PNAS e nos conceitos e parâmetros do SUAS. Então, 
esses eixos são: atenção especializada e qualificação do atendimento; território e 
localização; acesso a direitos socioassistenciais; centralidade na família; mobilização 
e participação social; e trabalho em rede; além da concepção compartilhada pela 
equipe na atuação profissional para o desenvolvimento do trabalho social. Serão 
descritos apenas alguns eixos. 
 36 
A atenção especializada e a qualificação do atendimento refere-se 
as intervenções mais complexas relacionadas a violação de direitos, as tensões 
familiares e comunitárias, as quais exigem conhecimentos e habilidades técnicas 
mais específicas por parte da equipe, tendo as ações integradas com a rede. As 
singularidades de cada família/indivíduo precisam ter uma atenção específica, 
conforme a orientação e construção do Plano de Acompanhamento Individual ou 
familiar. O trabalho social especializado pelo CREAS requer uma equipe profissionalinterdisciplinar, com profissionais de ensino superior e médio, habilitado em 
determinada função em detrimento de sua capacidade técnica. 
A equipe especializada representa: 
Nesse sentido, numa perspectiva dialética, deve agregar instrumentos 
técnicos e operativos, bases teórico-metodológicas e ético-políticas, que 
possam proporcionar uma aproximação sucessiva e crítica à realidade 
social, donde emergem as situações atendidas. (PEREIRA ET AL., 2011, p. 
28) 
 
 
O acesso a direitos socioassistenciais contêm os seguintes direitos 
assegurados pelos serviços oferecidos pelo CREAS, os quais são: 
• Atendimento digno, atencioso e respeitoso, ausente de procedimentos 
vexatórios e coercitivos; 
• Acesso à rede de serviços com reduzida espera e de acordo com a 
necessidade; 
• Acesso à informação, enquanto direito primário do cidadão, sobretudo 
àqueles com vivência de barreiras culturais, de leitura e de limitações 
físicas; 
• Ao protagonismo e à manifestação de seus interesses; 
• À convivência familiar e comunitária; 
• À oferta qualificada de serviços. (PEREIRA ET AL., 2011, p. 31) 
 
O trabalho social no CREAS aponta para o reconhecimento do 
protagonismo e da autonomia dos usuários, englobados pelas decisões e respostas 
a situações que convivem. Assim sendo, os sujeitos precisam ser vistos como 
autônomos e protagonistas, não apenas como objetos de intervenções, para obter 
acesso aos serviços e órgãos de direitos (direito a escuta e participação ativa nos 
projetos e decisões na trajetória de vida individual e familiar). (PEREIRA ET AL, 
2011) 
Os autores mostram que o CREAS precisa informa o usuário sobre o 
funcionamento da Unidade e os procedimentos inseridos ao longo do 
acompanhamento. Devem-se apresentar as informações relacionadas a respeito dos 
benefícios, serviços, competências e atribuições a cada rede e ainda a forma de 
acesso dos mesmos. 
 37 
Os estudiosos explicitam em seus pressupostos sobre a centralidade 
da família que indica a construção e expressão das relações familiares entre os seus 
membros. Neste sentido, a família não pode ser responsabilizada pelos 
componentes que vivenciam em seu cotidiano, no entanto, precisa contextualizar a 
situação vivenciada para restituir o papel do Estado, que se constitui por direitos e 
por meio de políticas sociais, que agrega instrumentos de apoio e sustentação 
necessária para proteção social das famílias. 
Na visão de Pereira et al. (2011), o CREAS ao coordenar as ações 
que focalizam a família, precisa compreender a sua composição, relações de 
convivência, estratégias de sobrevivência, os diversos padrões familiares e a relação 
com o contexto social. Esses aspectos demonstram que as famílias não podem ser 
rotuladas como “estruturadas” e “desestruturadas”. 
O trabalho social retrata: 
O trabalho social com centralidade na família no CREAS visa ao 
fortalecimento da sua função de proteção e atenção a seus membros, 
prevenindo, mediando e fortalecendo condições para a superação de 
conflitos. Essa perspectiva é fundamental para prevenir a recorrência e/ou 
agravamento de processos que gerem e/ou acentuem situações de 
violência, abandono, negligência ou qualquer outro tipo de situação de risco 
pessoal e social, por violação de direitos. Nessa direção, o trabalho social 
proposto pelo CREAS deve primar pelo acesso das famílias e indivíduos a 
direitos socioassistenciais e inclusão na rede, tendo em vista o 
empoderamento e a potencialização de seus recursos e capacidade de 
proteção. (PEREIRA ET AL., 2011, p. 34) 
 
 
É importante mencionar, conforme a concepção dos autores, que a 
centralidade da família também pode representar um espaço contraditório, no qual o 
lugar de proteção pode direcionar para a violência e a violação de direitos. Por 
conseguinte, o empoderamento familiar e de cada membro para o enfrentamento 
das situações preconiza na reconstrução das relações familiares, para a direção de 
uma nova construção de referência familiar e comunitária, como melhor alternativa 
para assegurar a proteção. 
Os pesquisadores consideram que a violação dos direitos em 
decorrência ou em função do ciclo de vida, gênero, orientação sexual, deficiência, 
alcoolismo, uso de drogas, condições materiais, contexto cultural e outros, nestes 
casos, o CREAS necessita reconhecer as singularidades e definir a organização das 
metodologias e intervenções de forma adequada. 
A mobilização e a participação social necessita referenciar a 
participação social dos usuários para a concretização de ações que promovam as 
 38 
intervenções nos territórios direcionados a mobilização social, como forma de 
prevenção e enfrentamento das situações de risco pessoal e social, por violação de 
direitos. Por este ângulo, os usuários podem participar ou organizarem associações, 
movimentos sociais e populares, comissões locais, podem participar das instâncias 
de controle social, como os conselhos de direitos e de políticas públicas, os quais 
são espaços importantes de decisão e deliberação. (PEREIRA ET AL, 2011) 
Os autores enfatizam acerca do trabalho em rede que promove a 
articulação das políticas sociais, a sua elaboração, execução, monitoramento e 
avaliação, os quais são fatores que superam a fragmentação e possibilitam a 
integração das ações, guardando as especificidades e competências de cada área. 
Acrescenta-se também sobre os órgãos de defesa de direitos para a investigação e 
acusação das responsabilidades dos autores da violência, os quais são: Conselhos 
Tutelares, Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Organizações da 
Sociedade Civil (Centros de Defesa, Fóruns de Defesa de Direitos), Delegacias, 
entre outros. 
Por fim, este tópico mostrou que a legalização da Assistência Social 
foi um dos passos importantes para a institucionalização do CREAS no país. O 
CREAS assume uma responsabilidade social excepcional, porque envolve o ser 
humano para a superação dos conflitos, tensões, violação de direitos, riscos 
pessoais e sociais, então, o trabalho social formada por uma equipe interdisciplinar é 
de suma relevância para promover a autonomia e integridade do sujeito. 
 
2.1.1.1.1. A importância do CREAS – ASSIS/SP 
 
O CREAS foi fundado em 2010 na cidade de Assis interior do Estado 
de São Paulo. Além do que, Assis foi fundada em 1905 e hoje tem 114 anos, com 
aproximadamente um pouco mais de 100.000 mil habitantes. O CREAS tem a 
missão de prestar serviços para esta população a fim de garantir atendimento a 
famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social que tenham seus direitos 
violados. Toda proposta de ação está na PNAS/2004 (Política Nacional de 
Assistência Social) e contemplada na resolução n°109/09 da CNAS (Conselho 
Nacional de Assistência Social), referente à Tipificação Nacional de serviços 
Socioassistenciais que organiza por níveis de complexidade do SUAS, oferecendo o 
CREAS Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade. São 
 39 
considerados serviços de média complexidade aqueles que oferecem atendimentos 
às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiar e 
comunitário não foram rompidos. 
Na cidade de Assis, o CREAS oferta os seguintes serviços, para os 
seguintes usuários: 
❖ Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Família e 
Indivíduos – PAEFI. Usuários: Famílias e Indivíduos que vivenciam violações de 
direitos por ocorrência de: 
a) Violência Física, psicológica e negligência; 
b) Violência Sexual: abuso e/ou exploração sexual; 
c) Afastamento do convívio familiar devido à aplicação de 
medida socioeducativa ou medida de proteção; 
d) Tráfico de pessoas; 
e) Abandono; 
f) Vivência de trabalho infantil; 
g) Discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou 
raça/etnia; 
h) Descumprimento de condicionalidades do PBF (Programa 
Bolsa Família) em decorrência de violação de direitos; 
❖ Serviço Especializado em AbordagemSocial. Usuários: 
crianças, adolescentes, jovens, adultos e famílias que utilizam espaços públicos 
como forma de moradia e/ ou sobrevivência; 
❖ Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com 
Deficiência, Idosos (as) e suas Famílias. Usuários: Pessoas com deficiência e idosos 
(as) com dependência, seus cuidadores e familiares. 
O serviço de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à 
Comunidade (PSC), este serviço vem sendo realizado por uma Organização Não 
Governamental da cidade referenciado junto ao CREAS. 
Os serviços acima citados são de natureza do Ministério do 
Desenvolvimento Social (MDS), aprovado pelo Conselho Nacional de Assistência 
Social (CNAS) por meio da Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009, da 
Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. 
Faz articulação junto a rede de atenção intersetorial. Desta forma 
envolve os conselhos municipais; serviços, programas e projetos de instituições não 
 40 
governamentais e comunitárias; sistema de segurança pública; gestores e técnicos 
de várias áreas profissional; universidades e demais órgãos do Sistema de Garantia 
de Direitos, uma vez que esta rede possibilita acompanhamento especializado, 
individualizado e continuado. 
As principais ações e atividades que constituem o trabalho social 
essencial a serem realizados pela equipe do CREAS são: acolhida; escuta; estudo 
social; diagnóstico socioeconômico; monitoramento e avaliação do serviço; 
orientação e encaminhamentos para a rede de serviços locais; construção de plano 
individual e/ou familiar de atendimento; orientação sócio-familiar; atendimento 
psicossocial; orientação jurídico-social; referência e contra-referência; informação e 
comunicação e defesa dos direitos; apoio a família na sua função protetiva; acesso à 
documentação pessoal; mobilização, identificação da família extensa ou ampliada; 
articulação da rede socioassistenciais; articulação com os serviços de outras 
políticas públicas setoriais; articulação interinstitucional com os demais órgãos do 
Sistema de Garantia de Direitos; mobilização para o exercício da cidadania; trabalho 
interdisciplinar; elaboração de relatórios e/ou prontuários; estímulo ao convívio 
familiar, grupal e social; mobilização e fortalecimento do convívio e de redes sociais 
de apoio; dentre outros. 
Todas as ações do CREAS fundamentam-se em direitos e garantias 
expressas na Constituição Federal do Brasil – CFB, na Lei Orgânica da Assistência 
Social – LOAS, Política Nacional de Assistência Social – PNAS, Norma Operacional 
Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS, no Estatuto da 
Criança e Adolescente – ECA, Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha, Guia de 
Orientação nº1 do Ministério de Desenvolvimento Social de Combate a Fome – MDS 
e outras legislações complementares. 
Os casos atendidos são recebidos através do disk denúncia 
(disque100), encaminhado pela rede socioassistenciais, Ministério público, Poder 
judiciário, Conselho Tutelar e através da comunidade que são as denúncias por 
demanda espontânea presencial ou anônima. 
Atualmente a instituição conta com 1 coordenadora, 2 técnicas 
assistentes sociais, 1 psicóloga, 1 auxiliar administrativo, 1 auxiliar de serviços 
gerais (incluída pela inclusão social frente de trabalho) e 1 advogado comissionado. 
Está aberto para atendimento ao público, de segunda à sexta-feira das 07h30 às 
17hs. 
 41 
Seu órgão gestor é a Prefeitura Municipal de Assis junto ao fundo de 
assistência social do município de Assis e sua responsável é a Secretária Municipal 
de Assistência Social é Nadir Blefari de Almeida. 
Os recursos financeiros são repassados pelo governo federal e 
municipal para o fundo municipal de assistência social e assim transferido 
diretamente ao CREAS. 
A instituição presta atendimento para cerca de 60 famílias ou 
indivíduos em situação de violação de ambos os sexos abrangendo somente a 
cidade de Assis. Os usuários tem faixa etária de 0 à 94 anos sendo de todas as 
classes econômicas. Atualmente a maioria dos casos são de negligência/abandono, 
maus tratos e exploração financeira à idosos. Houve aumento significativo de casos 
durante o ano de 2018. 
As tomadas de decisões dos casos em acompanhamento se da 
através de reuniões com equipe técnica interna e reuniões junto à rede 
socioassistencial. Quando não se obtém êxito e o caso se torna mais complexo é 
representado ao Ministério Publico. 
O serviço social na instituição conta com a assistente social 
Jaqueline Pereira Mendonza, Bacharel em Serviço Social, CRESS N° 50749/SP 9ª 
REGIÃO, que exerce sua profissão na instituição acerca de 9 meses e trabalha 
durante a semana cumprindo 6 horas diárias e 30 horas semanais. 
Atende 23 casos em média ao mês e a predominância se da a 
violação dos direitos do idoso. 
A profissional faz acompanhamento familiar e ou/ individual cujo os 
direitos estejam violados e orienta a população na identificação de recursos para 
atendimento e defesa de seus direitos, contribui com a defesa e a efetivação de 
direitos sociais e com a melhoria da qualidade de vida dessa população. Sempre 
compromissada com os valores e princípios norteadores do código de ética da 
profissão, sendo pró ativa, responsável, resolutiva e flexível a frente das questões 
sociais existentes. Os atendimentos diários da parte da assistente social apresentam 
vários pontos dos quais, clareza e perspicácia se mostram necessários no momento 
da escuta. 
O trabalho da profissional é interdisciplinar na sua prática, pois 
agrega saberes para atuação onde a fragmentação do saber encontra seu limite e 
atua para melhor resolução dos problemas junto a sua equipe técnica contando com 
 42 
outros profissionais de outras áreas como exemplo a psicologia. Pode-se dizer ainda 
que a atuação da mesma condiz plenamente com o código de ética do assistente 
social, levando em consideração o respeito, a ética e o sigilo profissional que a 
demonstra junto aos colegas de trabalho. 
O Projeto Ético Político está em consonância com o projeto 
societário brasileiro, onde os direitos e deveres dos cidadãos sejam reconhecidos, 
respeitados e garantidos, na busca por uma sociedade mais justa, livre e autônoma. 
Em conjunto da responsabilidade social com a qualidade dos serviços prestados, 
observa se a real atuação da profissional no intuito de fortalecimento da 
reconstrução de vínculos familiares e comunitários para o enfrentamento das 
situações de risco por violações de seus direitos. 
Constata-se que o CREAS é uma instituição que está ligada aos 
acontecimentos da cidade de Assis e inclusive presta os seus serviços de forma 
qualitativa e atenciosa. É um órgão importante para a cidade e que prioriza os 
direitos dos cidadãos para a vivência em sociedade. 
 
2.1.1.1.1.1. A intervenção do assistente social nos casos de abuso sexual infantil 
 
O assistente social é um sujeito que irá interferir na situação do 
abuso sexual infantil de forma sigilosa e tentará investigar como o caso aconteceu 
para depois apontarem soluções plausíveis. Por assim dizer, Tonon e Aglio (s/d) 
versam que a ação do Serviço Social direciona-se para o enfrentamento das 
condições sociais, desde as mais diversas áreas, intervindo nas situações de 
vulnerabilidade e risco social, para contribuir em uma abordagem local indo além da 
demanda apresentada. O Assistente Social assume o papel de protagonista em um 
novo modelo social, cujo propósito é a promoção da cidadania, da construção e da 
fortificação das redes sociais e da articulação entre ações e serviços. 
No tocante a violência sexual contra crianças e adolescentes, os 
autores afirmam que existem os desafios aos assistentes sociais, principalmente 
com a consolidação do ECA, porque atualmente há a inversão dos valores, “que 
permite a visão destes como seres inferiores e passíveis de qualquer forma de 
violência” reiteram Tonon e Aglio (s/d,

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