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I Simpósio Nacional de Gestão e Engenharia Urbana Universidade Federal de São Carlos - 25 a 27 de Outubro de 2017 Cidades e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ___________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________ EFEITO DA CONTAMINAÇÃO DE ÓLEO DIESEL NOS PARÂMETROS DE COMPRESSIBILIDADE DE UM SOLO LATERÍTICO DACIOLO, L. V. P.1; CORREIA, N. S.2 ; PORTELINHA, F. H. M.3 1Universidade Federal de São Carlos, leonardodaciolo@hotmail.com, ncorreia@ufscar.br, fportelinha@ufscar.br RESUMO Apesar da existência de inúmeras técnicas de remediação para solos contaminados por biocombustíveis, políticas de reaproveitamento destes solos na engenharia civil crescem a medida em que a remediação, bem como a total remoção destes solos, tornam-se inviáveis ou de alto custo. Atualmente, solos contaminados com óleo de motores ou biocombustíveis podem ser reutilizados na construção civil, em usinas de produção de asfalto ou camadas de sub-base de pavimentos, além de poderem ser reaproveitados como material de cobertura ou camadas de fechamento em aterros sanitários. No entanto, a contaminação afeta diretamente as propriedades geotécnicas destes solos, podendo diminuir drasticamente sua capacidade de suporte e consequentes aumentos de recalques, principalmente na condição de solos sobre tanques de armazenamento com vazamentos. Assim, é importante que sejam investigadas as alterações nos parâmetros de compressibilidade destes solos pós-contaminação. O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito da contaminação de óleo diesel nos parâmetros de compressibilidade de um solo laterítico, por meio de ensaios de adensamento de laboratório. O solo utilizado é coluvionar, areno-argiloso laterizado, presente em grande parte do campus da Universidade Federal de São Carlos. O contaminante utilizado foi o óleo diesel, o qual foi adicionado à massa seca de solo em diferentes porcentagens (8% e 12%), sendo estas indicativos de níveis de contaminação por derramamento. Os resultados mostram que o solo contaminado se tornou mais compressível a medida em que o nível de contaminação aumentou, o que foi verificado pelo índice de compressão e coeficiente de compressibilidade volumétrica. Verificou-se que pequenas quantidades de óleo diesel são suficientes para alterar as propriedades geotécnicas deste solo, sendo um importante indicativo da necessidade de estudos do comportamento para potencial reuso na engenharia civil. Palavras-chave: Solo Contaminado, Biocombustíveis, Solo Laterítico, Propriedades Geotécnicas, Compressibilidade. ABSTRACT In spite of the existence of numerous remediation techniques for soils contaminated by biofuels, policies for the reuse of these soils in civil engineering increase as these techniques, as well as the possible total removal of these soils, become unviable or of high cost. Nowadays, engine motor oil or biofuels can be reused in the civil construction industry, in asphalt plants or sub-base layers of pavements, as well as cover material or at closure layers in landfills. Nevertheless, the contamination directly affects the geotechnical properties of these soils, leading to a drastic reduction on its capacity support and mailto:leonardodaciolo@hotmail.com mailto:ncorreia@ufscar.br consequent increases of settlements, mainly in the condition of soils under storage tanks. Thus, it is important to investigate the changes on compressibility parameters of these soils. The objective of this research is to evaluate the effect of diesel oil contamination on the compressibility parameters of a lateritic soil by means of laboratory consolidation tests. The diesel oil, which was added to the dry weight of soil samples in different percentages (8% and 12%), simulates the levels of spill contamination. The soil used is a coluvionar, lateralized sand-clay, which is found in a large part of the campus of the Federal University of Sao Carlos. The results show that the contamination increased the volumetric compressibility and soil consolidation coefficients. It was verified that small amounts of diesel oil are sufficient to alter the geotechnical properties of this soil, being an important indicative of the need of investigations for potential reuse oh this soil in civil engineering. Key-words: Contaminated Soil, Geotechnical Properties, Compressibility, Biofuels, Lateritic Soil. 1 INTRODUÇÃO O decreto estadual de São Paulo, nº 59.263/2013, define áreas contaminadas como “área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria que contenha quantidades ou concentrações de matéria em condições que causem ou possam causar danos à saúde humana, ao meio ambiente ou a outro bem a proteger” (SÃO PAULO, 2013). Embasados em instrumentos legislativos como este, os órgãos ambientais reguladores têm se mobilizado nos últimos anos para fiscalizar, cadastrar, monitorar e intervir em áreas contaminadas por todo o território nacional. De acordo com o relatório de áreas contaminadas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), das 5662 áreas contaminadas cadastradas, 4137 (73%) são ralacionadas às atividades de postos de combustíveis, sendo destaque a presença de substâncias como solventes aromáticos, hidrocarbonetos, metais, TPH, solventes halogenados e combustíveis automotivos, como o óleo diesel (CETESB, 2016). Atualmente, os projetos geotécnicos visam atender a um menor custo possível, com máximo reuso de materiais e diminuição de recursos naturais. Políticas de orientação de reuso de solos contaminados por derivados de petróleo objetivam fornecer orientações sobre o manuseio, descarte e/ou reutilização destes solos, tais como a Petroleum- contaminated Soil Guidance Policy, do Departamento de Conservação Ambiental do Estado de Nova Iorque (NYS Regulations and Enforcement, 2010). Esta norma indica o reuso de solos contaminados como material de cobertura ou camadas de fechamento de aterros sanitários, em usinas de produção de asfalto e camadas de sub-base de pavimentos. Com este enfoque, diversos trabalhos mostram as alterações nas propriedades geotécnicas dos solos pós-contaminação por derivados de petróleo demonstrando a importância desta investigação para fins de reuso ou para o desenvolvimento de técnicas de remediação (AL-DUWAISAN e AL-NASEEM, 2011; RAHMAN et al., 2011; SIM & CHOON, 2012; IJIMDIYA, 2013; KHOSRAVI et al., 2013; OTA, 2013; DAKA, 2015; ESTABRAGH et al., 2016; NASEHI et al., 2016, entre outros). Um dos parâmetros geotécnicos de grande interferência na concepção de projetos é a compressibilidade do solo, relacionada a diminuição do seu volume sob ação das cargas aplicadas, sendo esta uma das principais causas de recalques nas obras. Entende-se por adensamento do solo a redução gradativa desse volume (ou índice de vazios) quando o solo está saturado, devido às solicitações impostas e a drenagem da água dos poros. A velocidade com que tal redução acontece depende de aspectos físicos do solo, como granulometria, índice de vazios e a permeabilidade. Segundo Ota (2013), o efeito do adensamento do solo pode inviabilizar soluções para projetos, sobretudo relacionados às fundações, sendo frequentemente um limitante mais agravante do que as características de capacidade de carga e resistência ao cisalhamento do solo. A adição de contaminantes oleosos ao solo pode causar um aumento em sua compressibilidade, ocasionando maiores taxas de recalque correspondentes às cargas aplicadas. A pesquisa de Ijimdiya (2012), com argila de baixa plasticidade contaminada com óleo de motores, demonstrou que houve significativo aumento da compressibilidade volumétrica e dos coeficientes de adensamento do solo com aumento do teor de contaminante. A pesquisa de Kermani e Ebadi (2012), também com argila de baixa plasticidade mas contaminada com petróleo bruto, mostrou que a compressibilidadeaumenta de forma distinta à medida em que o teor de contaminante aumenta. Ota (2013) verificou que uma argila caulinítica contaminada com petroleo bruto apresentou valores de coeficientes de adensamento aumentando com o incremento do teor de contaminação. O autor também relata que os coeficientes de adensamento diminuem com menor intensidade para tensões acima de 100 kPa, e que esse efeito é atribuído a redução do volume de vazios devido ao óleo preso nos mesmos. Já Habib-ur-Rehman et al. (2007) avaliou uma argila de alta plasticidade contaminada com petróleo bruto e verificou que seu índice de compressão foi aumentado em três vezes. Na literatura, são escassos os relatos sobre o comportamento de compressibilidade de solos lateríticos predominantemente arenosos expostos à agentes contaminantes. Assim, o presente trabalho avaliou um solo areno-argiloso, adicionando à sua composição 8 e 12% de óleo diesel, sendo estas taxas representativas de contaminação no solo. De forma a verificar alterações na compressibilidade deste solo pós-contaminação, foram investigados os coeficientes de adensamento, índices de compressão e coeficientes de compressibilidade volumétrica, os quais foram analisados por meio de ensaio de adensamento. 2 PROGRAMA EXPERIMENTAL 2.1 Solo O solo utilizado nesta pesquisa é uma areia argilosa laterítica SC de acordo com a classificação SUCS ou LA’ de acordo com a classificação MCT, muito comum no estado de São Paulo. O solo foi coletado na região norte do campus da Universidade Federal de São Carlos, em São Carlos-SP. Ensaios de caracterização deste solo são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Propriedades do solo na condição natural Propriedades Natural Especificação Fração areia (%) 70 Fração silte (%) 2,7 ABNT NBR 7181/1984 Fração argila (%) 27,3 Peso específico dos sólidos (kN/m³) 26,2 ABNT NBR 6508/1984 Limite de liquidez (%) 33,4 ABNT NBR 6459/1984 Limite de plasticidade (%) 21,5 ABNT NBR 7180/1984 Índice de plasticidade (%) 11,9 - Peso específico seco máx. (kN /m³) 17,7 ABNT NBR 7182/1986 Teor de umidade ótimo (%) 14,5 Fonte: Autores (2017) A composição da argila presente neste solo ocorre predominantemente por minérios cauliníticos e alta taxa de concentração de ferro e alumínio, tanto na forma de óxidos como de hidróxidos. 2.2 Contaminante Foi empregado como contaminante à base de hidrocarbonetos, o combustível óleo diesel, coletado em postos de abastecimento do município de São Carlos - SP. Este contaminante foi empregado nesta pesquisa, nos teores de 8% e 12%. A densidade unitária do óleo diesel é de 0,803 (g/cm³) a 20°C e viscosidade μ = 7,64 (mm²/s) a 40°. 2.3 Processo de contaminação e ensaio de adensamento O solo laterítico foi inicialmente destorroado, peneirado na malha #4 (4,76 mm) e seco ao ar. Ao atingir o equilíbrio higroscópico com o ambiente, foi ensacado e armazenado durante 24 horas. Posteriormente, procedeu-se com a contaminação por óleo diesel, a qual se deu pela mistura manual do óleo com o solo, em teores de 8 e 12%, relativos a massa seca do solo. Como ressalva de Ota (2013), o óleo diesel possui compostos voláteis a temperatura ambiente, sendo a porcentagem de contaminante permanescente no solo, variável com a composição do contaminante, composição química do solo e propriedades termodinâmicas de ambos materiais. No entanto, de acordo com os estudos de Khosravi et al. (2013), a perda de óleo é inferior a 3% da massa de óleo imposta no solo, sendo, portanto, considerada não significativa. Assim, para se obter a real umidade do solo contaminado, foram retiradas novas cápsulas e o solo foi ensacado novamente no período de um dia para a interação do contaminante com as partículas de solo. Para a mensuração dos parâmetros relacionados ao adensamento, foram realizados ensaios nos quais monitoram-se deslocamentos verticais de um corpo de prova em determinados intervalos de tempo, para variados estágios de carregamento empregados. O corpo de prova foi moldado e saturado, sendo posteriormente confinado lateralmente por um anel rígido, o que possibilitou apenas ocorrências de deformações verticais. Também foram alocadas pedras porosas no topo e na base do corpo de prova, de forma a possibilitar a expulsão da fase líquida de seus vazios (redução da poropressão). Deste ensaio, foram obtidos parâmetros característicos do estado natural do solo (tensão de pré-adensamento), indicadores de taxas de redução de vazios, deformabilidade e velocidade na qual estes fenômenos ocorrem. Posteriormente à contaminação do solo, foram moldados os corpos de prova nos parâmetros ótimos de compactação Proctor Normal para cada teor de contaminante, considerando grau de compactação (GC) igual a 95%. Para o ensaio de adensamento, os corpos de prova foram saturados com água durante 24h, prosseguindo o ensaio seguindo as recomendações da ABNT NBR 12007 (1990). As leituras foram realizadas através de extensômetros com precisão de 0,01 mm e os carregamentos aplicados através de discos metálicos de diferentes massas, alocados em um sistema de alavanca de forma a amplificar a carga. A Figura 1 apresenta o ensaio de adensamento. Figura 1 - Ensaio de Adensamento com solo contaminado Fonte: Autores (2017) Foram realizados sete estágios de carregamentos (12,5; 25; 50; 100; 200; 400 e 800 kPa) para os dois teores de contaminação e o solo natural. 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS As análises foram realizadas comparando os resultados obtidos do solo natural com o solo contaminado. Dentre estes resultados, destacam-se as alterações nos índices de compressão, coeficientes de adensamento e coeficientes de compressibilidade volumétrica. 3.1 Variação do índice de compressão A Figura 2 apresenta as variações existentes nos índices de vazios com a tensão aplicada das amostras estudadas. Verifica-se um aumento da compressibilidade do solo a partir da contaminação, observado geometricamente pelo aumento da inclinação das curvas apresentadas. Constata-se uma drástica redução no índice de vazios do solo, variando de 0,694 – 0,477 (condição natural); 0,651 – 0,404 (para 8% de óleo diesel); 0,702 – 0,317 (para 12% de óleo diesel). São apresentadas as curvas referentes às parcelas de carregamento (C), descarregamento (D) e índice de vazios inicial (I). Figura 2 - Variação do índice de vazios com o logaritmo da tensão Fonte: Autores (2017) 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 10 100 1000 Ín d ic e d e V a z io s Logaritmo da Tensão (kPa) C 0% C 8% C 12% D 0% D 8% D 12% I 0% I 8% I 12% Observa-se que o solo contaminado se torna mais compressível a medida em o nível de contaminação aumenta. Isso pode ser observado pelo nível de tensões e a resposta do índice de vazios, os quais passam a ser mais preenchidos por óleo. De acordo com Kermani e Ebadi (2012) o aumento da tensão aplicada sobre o solo contaminado resulta no aumento da compressibilidade, uma vez que a força aplicada às partículas de solo supera a força de atrito interna e forças de atração entre os grãos, processo facilitado pela lubrificação ocasionada pela contaminação. A Figura 3 apresenta o resultado do índice de compressão (𝐶𝑐) para os diferentes teores de contaminação. Os resultados mostram um aumento nos valores de 𝐶𝑐 com o aumento na porcentagem de contaminação com óleo diesel. De acordo com Ota (2013) que encontrou a mesma tendência para o petróleo bruto, este aumento nos valores de 𝐶𝑐 pode ser devido ao fator mecânico, como a viscosidade do contaminante, que aumenta o deslizamento das partículas devido a sua lubrificação; e também é atribuído a estrutura aberta do solo contaminado devido à presença de óleo. Neste estudo, o valore de 𝐶𝑐 foi de 0,069 para 8% de contaminação com óleo diesel, enquanto na pesquisa de Ota (2013), o valor de 𝐶𝑐 foi de 0,082 para o petróleo bruto. Figura 3 - Variação da tensão de pré-adensamento e dosíndices de compressão e descompressão com a porcentagem de contaminação Fonte: Autores (2017) Nota-se também um gradativo aumento do índice de descompressão 𝐶𝑑, evidenciando o aspecto elástico do solo contaminado, a partir da expansão apresentada frente ao alívio do carregamento imposto 3.2 Variação do coeficiente de adensamento O coeficiente de adensamento (𝐶𝑣) é um parâmetro de consolidação do solo relacionado à velocidade na qual o adensamento ocorre. Sua obtenção pode ser dada através de dois métodos: Taylor (deslocamento vertical em função da raiz quadrada do tempo) ou Casagrande (logatitmo do tempo), os quais fornecem resultados próximos. Neste trabalho optou-se pelo cálculo através do método de Taylor, decorrente do acentuado deslocamento vertical nos trechos iniciais do ensaio, sobretudo pela granulometria do solo. A Figura 4 apresenta o resultado da variação do coeficiente de adensamento com o aumento do teor de contaminante. Para maiores tensões, os valores de 𝐶𝑣 apresentaram tendência de diminuição para 8% de contaminação, seguida de aumentos com 12% de óleo diesel. Valores também não lineares foram encontrados no trabalho de Ijimdiya (2013) 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10 0 4 8 12 Ín d ic e d e ( D e s ) C o m p re s s ã o % Contaminação Cc Cd que avaliou uma argila de baixa plasticidade com óleo de motores. Segundo o autor, os motivos para o aumento de valores de 𝐶𝑣, com maior contaminação por óleo, podem ser resultantes do recalque inicial e extrusão de óleo da matriz do solo com o aumento do carregamento através do processo de adensamento ao longo do tempo. Figura 4 - Variação do coeficiente de adensamento com a contaminação Fonte: Autores (2017) Na pesquisa de Ota (2013) com argila caulinítica contaminada com petróleo bruto, os valores de 𝐶𝑣 aumentaram com o incremento da porcentagem de contaminação. 3.3 Variação do coeficiente de variação volumétrica O coeficiente de variação volumétrica (𝑚𝑣) é um parâmetro relacionado à deformabilidade do solo. Os resultados relacionados ao 𝑚𝑣 são apresentados Figura 5. Como esperado, os valores de 𝑚𝑣 aumentaram conforme o incremento dos teores de óleo diesel no solo, e diminuíram a medida em que as tensões aumentaram. Para tensões acima de 200 kPa, este parâmetro tendeu a apresentar comportamento constante mesmo com o aumento da taxa de contaminação com óleo diesel. Comportamentos similares dos coeficientes de variação volumétrica são evidenciados nos trabalhos de Ijimdiya (2013), Kermani & Ebadi (2012) e Ota (2013). Figura 5 - Variação do coeficiente de variação volumétrica com a porcentagem de contaminação. Fonte: Autores (2017) 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 0 4 8 12 C o e fi c ie n te d e A d e n s a m e n to - C v (1 0 -3 c m ²/ s ) % Contaminação 12,5 kPa 25 kPa 50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa 800 kPa 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 0 4 8 12 C o e fi c ie n te d e V a ri a ç ã o V o lu m é tr ic a - m v ( M P a -1 ) % Contaminação 12,5 kPa 25 kPa 50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa Os resultados obtidos permitiram confirmar o efeito lubrificante do óleo diesel nas partículas do solo, de forma a propiciar um aumento na deformabilidade destes materiais. No que tange às análises de compressibilidade, as alterações nos parâmetros mecânicos do solo necessitam ser remediadas a fim de sua aplicação como camada-suporte em obras geotécnicas, garantindo maior controle nas deformações por elas apresentadas. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos resultados, verificou-se que: • A contaminação com baixos teores de óleo diesel provocou significativas mudanças nos parâmetros de compressibilidade do solo laterítico estudado. Observou-se que o solo contaminado se tornou mais compressível a medida em que o nível de contaminação aumentou, o que foi constatado pelo nível de tensões e a resposta do índice de vazios. O índice de compressão do solo passou de 0,075 na condição natural para 0,095 para 12% de contaminação. Tal aumento pode ser atribuído à lubrificação das partículas pelo óleo, permitindo uma melhor configuração intergranular e facilidade de acomodação; • Os valores de coeficientes de adensamento pós-contaminação apresentaram tendência de diminuição para 8% de óleo diesel, seguido de aumentos com 12%. Valores não lineares também foram encontrados no trabalho de Ijimdiya (2013), os quais estão associados à acomodação das partículas e extrusão de óleo durante o processo de adensamento; • Os valores de compressibilidade volumétrica aumentaram conforme incremento dos teores de óleo diesel no solo, e diminuíram a medida em que as tensões aumentaram. Para tensões acima de 200 kPa, este parâmetro teve uma tendência de comportamento constante, mesmo com o aumento da taxa de contaminação com óleo diesel. O solo areno-argiloso laterítico estudado tornou-se mais susceptível à recalques elevados e apresentou ganhos na velocidade de consolidação pós-contaminação de óleo diesel. Desta maneira, o seu reuso em condições contaminadas necessita de considerações sobre os parâmetros geotécnicos ou tratamento através de técnicas de melhorias de solo, como reforço ou encapsulamento de contaminantes com estabilizantes químicos, de forma a atender às solicitações de projeto. 5 REFERÊNCIAS AL-DUWAISAN, D. B.; AL-NASEEM, A. A. Characterization of Oil Contaminated. International Conference on Environmental Science and Technology, IPCBEE, 2, 2011. Singapura: LACSIT, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459 – Solo: Determinação do Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, 1984. ____. NBR 6508 – Solo: Massa Específica dos Grãos. Rio de Janeiro, 1984. ____. NBR 7180 - Solo: Determinação do Limite de Plasticidade. Rio de Janeiro, 1984. ____. NBR 7181 - Solo: Análise Granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. ____. NBR 7182 – Solo: Ensaio de Compactação. Rio de Janeiro, 1986. ____. NBR 12007 – Solo: Ensaio de Adensamento Unidimensional. Rio de Janeiro, 1990. NYS Regulations and Enforcement. Department of environmental conservation. Petroleum-Contaminated Soil Guidance Policy. 2010. Disponível em: <http://www.dec.ny.gov/regulations/30902.html#purpose>. Acesso em 20 mar. 2017. CETESB. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Texto explicativo - Relação de áreas contaminadas e reabilitadas no Estado de São Paulo, 2016. Disponível em: <http://areascontaminadas.cetesb.sp.gov.br/wp- content/uploads/sites/45/2013/11/Texto-explicativo-1.pdf>. Acesso em 26 mar. 2017. ESTABRAGH, A. R.; BEYTOLAHPOUR, I.; MORADI, M, JAVADI, A.A. Mechanical behaviour of clay soil contaminated with glycerol and ethanol. European Journal of Environmental and Civil Engineering, 20, issue 5, 2016. IJIMDIYA, T. S.; IGBORO, T. The compressibility behavior of oil contaminated soils. Electronic Journal of Geotechnical Engineering, v. 17 Y, p. 3653–3662, 2012. IJIMDIYA, T.S. The Effects of Oil Contamination on the Consolidation Properties of Lateritic Soil. Development and Applications of Oceanic Engineering (DAOE), v. 2, n. 2, p. 53– 59, 2013. KERMANI, M.; EBADI, T.. The Effect of Oil Contamination on the Geotechnical Properties of Fine-Grained Soils. Soil and Sediment Contamination: An International Journal, v. 21, n. 5, p. 655–671, 2012. OTA, J. O.. The effect of light crude oil contamination on the geotechnical properties of kaolinite clay soil. 2013. 345 f. Thesis (PhD). Anglia Ruskin University, Cambridge, United Kingdom. RAHMAN, Z. A; HAMZAH, U, AHMAD, N. B. Engineering Geological Properties of Oil- Contaminated Soils, Sains Malayiana, vol. 40 (4), 2011, 293-300 SÃO PAULO (Estado). Decreto no 59.263, de 5 de junho de 2013. Regulamenta a Lei nº 13.577, de 8 de julho de 2009, que dispõe sobre diretrizes e procedimentos para a proteção da qualidade do solo e gerenciamentode áreas contaminadas, e dá providências correlatas Diário Oficial, São Paulo, SP, 6 jun 2013. SIM Y.L.; CHOON, Y. L. (2012) Some Geotechnical Properties of Palm Biodiesel Contaminated Mining Sand and Weathered Granite Soil. International Journal of Advance Science, Engineering,Technology and Reseach, 1(4): p. 1 – 8, 2012. Agradecimentos Os autores agradecem à equipe do Laboratório de Geotecnia da UFSCar (LabGEO/UFSCar), pelo apoio e auxílio nesta pesquisa. PARA A SUBMISSÃO DO TRABALHO COMPLETO PREENCHER, OBRIGATORIAMENTE, O FORMULÁRIO ABAIXO: Área: (indicar apenas uma área) Geotecnia e Geoprocessamento Gestão e Planejamento Urbano Habitação Saneamento e Recursos Hídricos Tecnologias Aplicadas Transportes e Mobilidade Urbanismo Subárea: (indicar pelo menos 1 (uma) e no máximo 3 (três) subáreas) 1. Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário 2. Ações Sociais 3. Acústica Urbana 4. Acessibilidade 5. Assentamentos Humanos 6. Cidades Inteligentes 7. Climatologia Urbana 8. Conforto Ambiental, Desempenho e Eficiência Energética 9. Drenagem Urbana e Hidrologia 10. Ecotécnicas Aplicadas ao Ambiente Urbano 11. Economia Solidária 12. Energias Renováveis 13. Ensino 14. Estudos de Impacto Ambiental 15. Estudos de Impacto de Vizinhança 16. Geologia Aplicada ao Planejamento 17. Geoprocessamento Aplicado 18. Geotecnologia 19. Governança Metropolitana 20. Habitação de Interesse Social 21. Infraestrutura Urbana 22. Inovação Tecnológica em Materiais e Processos 23. Logística Urbana 24. Mapeamento de Riscos e Desastres Urbanos 25. Mapeamento Geotécnico e Cartográfico 26. Modelagem e Simulação de Sistemas 27. Planejamento Ambiental 28. Planejamento Habitacional e Projetos Urbanos 29. Planejamento Urbano e Regional 30. Políticas Públicas e Legislação Urbana 31. Poluição Urbana 32. Projeto de Intervenções Urbanas 33. Reciclagem e Reaproveitamento de Materiais 34. Recuperação de Áreas Degradadas e Reabilitação Ambiental 35. Recursos Hídricos 36. Resíduos Sólidos 37. Segurança de Tráfego 38. Sistemas de Avaliação de Qualidade de Infraestrutura 39. Sistemas de Informações Geográficas 40. Sustentabilidade em Projetos e Sistemas Urbanos 41. Transferência Tecnológica
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