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DIREITOS HUMANOS ETAPA 2

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TEMA: A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE DIREITOS HUMANOS: AS 
LUTAS DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E OS DIREITOS 
CONSTITUCIONAIS
DIREITOS HUMANOSDIREITOS HUMANOS
Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVI
Fone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011.
Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a Lei 9.610/98.
Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito
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Home-page: www.uniasselvi.com.br
Direitos Humanos
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Conteudista
Thiago Rodrigo da Silva
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Eloisa Amanda Rodrigues
Revisão:
José Roberto Rodrigues
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados.
1A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
1 INTRODUÇÃO
Direitos Humanos deixou de ser uma carta de proposição e passou a 
se transformar em um conceito fi losófi co-jurídico. Este é um dos principais 
motivadores a pontuar certas perspectivas normativas no mundo ocidental no 
que tange aos direitos das minorias (sociais, culturais, étnicas, etc.) e pessoas em 
situação de risco social. O princípio básico da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos é que todo ser humano é igual. Esta foi a grande novidade imposta 
pela declaração de direitos. Todavia, podemos traçar alguns antecedentes 
históricos que explicam a construção do conceito de direitos humanos. Um 
conceito formado na história do Ocidente, em suas tensas relações com os 
povos de culturas distintas daquelas de raiz greco-romana. 
 Os principais conceitos utilizados no mundo ocidental, no que tange 
ao direito e à política, são de inspiração greco-romana. A ideia de cidadania, 
a exemplo das ideias de política e república, possui esta origem. Porém, as 
sociedades da antiguidade clássica não são exemplos de direitos igualitários 
entre todos os seres humanos. A escravidão era a base de toda a produção 
econômica. Assim, a desigualdade era profunda em sociedades altamente 
hierarquizadas. O poder máximo era o do chefe de família, extremamente 
respeitado na Roma Antiga. Este poder chegava ao ponto de um pai poder 
matar seu fi lho, sem ser importunado legalmente por tal atitude. 
 O cristianismo, surgido no interior da sociedade romana, foi uma das 
primeiras ideologias a pregar uma igualdade inerente a todos os seres humanos. 
As pregações de Jesus, em sua utopia de paz, amor e solidariedade entre as 
pessoas, foram amplamente divulgadas. Segundo as palavras do apóstolo 
Paulo: “Destarte, não pode haver nem judeu nem grego; nem escravo nem 
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” 
(Gálatas: 3: 28).
Em outras passagens, o apóstolo dos gentios afi rma ser a Igreja um único 
corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo (Coríntios: 12: 27). No cristianismo primitivo, 
uma noção de igualitarismo entre os membros de mesma fé foi uma tônica. 
Tônica que se transforma com algumas ideias de teólogos dos séculos IV e V, que 
pregavam que fora da igreja não haveria salvação. “Aos poucos, o carisma religioso 
igualitário cedeu espaço para a construção de uma sociedade fundamentada na 
ideia de uma natureza desigual dos indivíduos” (GOMES, 1997, p. 3-60). 
 A sociedade medieval e moderna, de profunda inspiração em 
ideologias do cristianismo ocidental, tinha como princípio fundamental 
que todos os indivíduos são naturalmente diferentes. Esta noção era 
tradicionalmente mantida através de uma sociedade estamental. Isto é, o 
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados.
2 Direitos Humanos
status conferido pelo nascimento garantiria aos indivíduos uma posição fi xa na 
sociedade. Havia os oratores, bellatores e laboratores. Isto é, os sacerdotes 
religiosos (padres e freiras), os nobres guerreiros, além dos servos. Neste tipo 
de organização social, denominado como feudal ou patrimonialista, a relação 
entre os indivíduos não é a de portadores de direitos, mas sim de portadores 
de deveres. Os deveres não eram perante a lei, mas perante o seu superior 
hierárquico na sociedade. Assim, os castigos físicos e as humilhações várias 
ocorriam entre mestres e aprendizes nas escolas e corporações de ofício, 
entre acadêmicos e professores nas universidades, entre maridos e esposas 
ou entre pais e fi lhos nos lares. A sociedade do Antigo Regime, também 
denominada Sociedade Estamental ou Feudal, foi uma forma de organização 
social na qual as barbáries poderiam ocorrer. A escravidão, que inicia no 
começo da expansão ibérica (portuguesa e espanhola) para o sul da península 
e posteriormente para a África, acabou por ser uma extensão das ideias e 
práticas europeias para outras regiões do mundo (DOYLE, 1991).
FIGURA 1 – CRISTIANISMO
 FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo>. Acesso em: 2 out. 2012.
A Reforma Protestante e a Descoberta da América foram eventos 
responsáveis por um início de transformação nas sensibilidades dos homens 
no Ocidente. A Reforma Protestante teve como um de seus princípios a 
ideia de sacerdócio universal dos seres humanos (DELUMEAU, 1989). Isto é, 
todos os cristãos tinham condições de entender o que estava escrito na Bíblia. 
Com isto, todos devem ser dignamente tratados e alfabetizados, para que 
possam viver de acordo com os ditames do Evangelho. Durante o processo 
de descoberta e conquista da América se desenvolveu a chamada Escolástica 
Ibérica Quinhentista, na qual os autores se esforçaram por compreender e 
defender o direito dos indígenas. Estudiosos como Francisco de Vitória, além 
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3A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
do frei Bartolomeu de Las Casas, defendiam o chamado direito dos gentios. 
Isto é, o direito dos povos que não são cristãos. Em grande parte, as teorias 
elaboradas pelos teólogos em muito pouco foram postas em prática no 
processo de conquista americana, pois a intolerância foi uma das marcas do 
verdadeiro genocídio que vitimou as populações ameríndias.
Podemos compreender estas ações como representantes de um 
período da história do mundo conhecido como Absolutismo. Isto é, um tempo 
no qual o poder da nobreza era absoluto. O poder absoluto era legitimado 
pela religião. Não somente em teóricos como Jean Bodin, que em O poder real 
segundo as sagradas escrituras afi rmava ser o rei um enviado de Deus, como as 
relações cotidianas dos indivíduos eram regidas pelos ditames da fé cristã. 
Com o Iluminismo, em meados do século XVII e no Século 
XVIII, considerado o Século das Luzes na França, outros 
ideais passaram a permear os imaginários. A ideia de um 
mundo no qual os ditames sociais e morais não seriam ditados 
pela religião, mas sim pelo poder do Estado, foi a principal 
formulação dos fi lósofos iluministas. Voltaire, no livro Tratado 
sobre a tolerância, no qual criticava os costumes sociais que 
diferenciavam católicos e protestantes. Montesquieu, em 
O Espírito das Leis, pode ser considerado como um dos 
principais formuladores de limites ao poder real. Sua principal 
formulação é o conceito de um poder tripartite, composto 
pelo Legislativo, Executivo e Judiciário. Outra formulação 
iluminista importante é que todo o poder emana do povo, e 
por ele deve ser exercido (CORVISIER, 1976, p. 368-374). 
FIGURA 2 – VOLTAIRE
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire>. Acesso em: 2 out. 2012.
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4 Direitos Humanos
Não somente os iluministas, como também os socialistas no 
século XIX, passaram a ter uma visão crítica do mundo e da 
realidade social. Pois, na Europa, estava se processando a 
Revolução Industrial, situação na qual milhares de homens, 
mulheres e crianças trabalhavam em fábricas insalubres, 
instaladas nas poluídas cidades, além de contar com 
péssimos salários. Owen, Charles Fourrier, Sant-Simon, além 
de Karl Marx e Engels, foram os principais formuladores de 
propostas nas quais os trabalhadores poderiam viver com 
maior conforto e dignidade. Os socialistas não eram os 
únicos a pleitear uma vida com maior dignidade no mundo da 
Revolução Industrial. As igrejas cristãs tinham também uma 
política clara de tentativa de solucionar os problemas da 
sociedade. Nos países protestantes eram comuns os pastores 
do proletariado. Nos países de maioria católica surgiram 
movimentos como a Juventude Operária Católica, fundada 
pelo Monsenhor Cardjam, na Bélgica. Todavia, a encíclica papal 
Rerum Novarum, de autoria do pontífi ce Leão XIII, foi uma das 
principais oposições dos cristãos católicos à exploração do 
homem pelo homem na sociedade capitalista (PIERRAD, 2002, 
p. 238-280). 
No século XX, as ideias sociais se transformaram com a Revolução 
Russa de 1917 (HOBSBAWN, 2000). Pois, a partir daquele momento, um 
Estado se afi rmava portador de uma nova forma de organização social, 
baseada no igualitarismo através da Ditadura do Proletariado. Contudo, a 
ditadura do proletariado acabou por se transformar em uma ditadura na qual 
os funcionários da burocracia do Estado soviético se apossaram do papel 
desenvolvido pela burguesia na exploração econômica do trabalho humano. 
Os diversos crimes cometidos por Joseph Stalin, líder máximo da revolução e 
que punia seus adversários de formas cruéis, como pena de morte e degredo 
na Sibéria, foram uma triste prova de que o materialismo-dialético marxista 
não foi efi caz em estabelecer justiça social para os homens e as mulheres.
No século XX, outros ideais sociais permearam a defesa de direitos dos 
homens. As igrejas cristãs continuaram a desenvolver ideários de solidariedade. 
Porém, o principal fator para a constituição do conceito de direitos humanos 
foi o amplo desenvolvimento das ciências humanas. Pois o desenvolvimento 
das ciências sociais permitiu às sociedades humanas uma maior consciência 
das formas com as quais as estruturas organizacionais e institucionais se 
desenvolvem e podem ser aprimoradas. 
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5A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
2 A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DIREITOS HUMANOS COMO 
RESULTADO DAS LUTAS DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA
 Podemos entender a sociedade civil organizada como um conceito 
sociológico criado pelo sociólogo italiano Antônio Gramsci, intelectual que 
viveu no início do século XX e perseguido pelo fascismo. “O objetivo deste 
conceito é compreender a importância de associações criadas pelos indivíduos 
como possibilidade de representação da sociedade perante o governo” 
(BOBBIO, 2003, p. 33-52). Associações criadas para a defesa das crianças, dos 
animais e das mulheres conquistam respeito e simpatia por parte dos órgãos 
do Estado, e por vezes são responsáveis pela melhora da vida da população. 
Grupos de representação organizados muitas vezes tiveram maior efi ciência que 
os partidos políticos e as “vanguardas de esquerda” na transformação social.
Todavia, os grupos organizados tiveram as mais distintas infl uências em 
seu ideário. Pois a construção do conceito de direitos humanos passa por vários 
e distintos ideais. O pensamento cristão, o iluminismo, as ideias socialistas e 
liberais infl uenciaram as sensibilidades na construção do conceito. Porém, outro 
dado importante foram os mais distintos movimentos sociais que questionaram 
a exploração e aviltamento da dignidade dos seres humanos. Podemos citar o 
movimento abolicionista, o movimento sufragista, o movimento pelos direitos 
das crianças e das mulheres, como principais motivadores.
O movimento abolicionista ganhou corpo no Ocidente a partir do século 
XIX, quando importantes nações (em especial a Inglaterra) encamparam esta 
luta como uma política nacional a ser imposta a outros países. O surgimento 
do abolicionismo inglês data ainda do século XVIII, no interior de igrejas 
protestantes, em especial os Quakers e Metodistas.
Uma das acusações de alguns países era a de que o movimento 
abolicionista inglês não desejava apenas a promoção humana, 
mas sim a expansão de assalariados, futuros consumidores dos 
produtos produzidos na Grã-Bretanha. Independente das 
motivações, foi uma importante pressão política a realizada 
por ingleses, inclusive para a extinção da abolição em nosso 
país (CARVALHO, 2009, p. 83-84). 
O movimento sufragista foi muito forte em diversos países do mundo 
nas primeiras décadas do século XX, em especial nos anos posteriores à Primeira 
Guerra Mundial. Tratou-se da luta das mulheres pelo direito de voto. Esta luta 
por participação política é uma extensão da ideia democrática no Ocidente. O 
direito de votar e de participar de eleições foi conquistado paulatinamente 
em diversos países ocidentais. Após a Segunda Guerra Mundial, praticamente 
todos os países ocidentais já haviam concedido o direito às mulheres.
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6 Direitos Humanos
FIGURA 3 – DIREITOS FEMINISTAS
FONTE: Disponível em: <http://rentfrockrepeat.com/site/2012/03/08/international-
womens-day-2012/suff ragettes/>. Acesso em: 2 out. 2012.
O movimento pelo direito das crianças se originou ainda no século XIX. 
Porém, até a segunda metade do século XX o trabalho infantil era uma tônica 
no mundo capitalista. As crianças trabalhavam em condições aviltantes, e, 
com suas mãos e corpos pequeninos, eram as prediletas para encargos nos 
quais os adultos tinham difi culdades, como na limpeza de chaminés, além de 
algumas máquinas das linhas de produção têxtil e automotivas. Somente nas 
décadas fi nais do século XX o trabalho infantil começou a ser duramente 
combatido, pois o trabalho era considerado até mesmo saudável, por ser 
portador de valores morais positivos. Todavia, a ideia básica que hoje permeia 
as legislações nos mais variados países é a de que o lugar de criança é na escola. 
Sendo inclusive os pais penalizados caso as crianças venham a ter sua mão de 
obra explorada. 
Os movimentos sociais são um dos principais motivadores para a conquista 
de direitos humanos e sociais, tanto no Brasil como ao redor do mundo. 
3 DE UM CONCEITO SOCIOLÓGICO AO CONCEITO JURÍDICO: 
DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
A Declaração Universal dos Direitos Humanos se relaciona de forma 
íntima com a política externa brasileira, pois foi na presidência de um brasileiro 
como secretário-geral das Nações Unidas, o chanceler Oswaldo Aranha. 
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7A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
Porém, a construção de noções e de direitos humanos no Brasil foi o resultado 
de diversas lutas sociais. Uma das primeiras leis que envolveram a dignidade 
da pessoa humana no Brasil foi a Lei Afonso Arinos. Datada de 1951, considera 
o racismo crime inafi ançável. Outras leis foram paulatinamente criadas, porém, 
a grande marca da materialização do conceito de direitos humanos como um 
dispositivo legal no Brasil foi a Assembleia Nacional Constituinte de 1988. 
As constituições brasileiras após a independência de Portugal foram 
expressões dos tempos nas quais foram escritas. A primeira Constituição data 
de 1824, e foioutorgada, isto é, imposta, pelo Imperador D. Pedro I, tendo 
durado por todo o período imperial. Durante a República, o Brasil conviveu 
com vários textos constitucionais: 1891, 1934, 1937, 1946, 1967/69, 1988. 
Destas várias constituições, as de 1934, 1946 e 1988 foram as mais democratas, 
pois o texto constitucional foi fruto de uma assembleia nacional constituinte, 
sendo a última promulgada após a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
existirem enquanto carta da ONU. 
Estas se materializaram em leis que compõem a Constituição Cidadã, 
promulgada por uma Assembleia Nacional Constituinte em 1988, sendo um 
marco como forma de manutenção da democracia no Brasil. Com a liderança 
de Ulisses Guimarães, político que se destacou na oposição à ditadura militar 
no Brasil, a Constituição brasileira incorporou diversos conceitos de direitos 
humanos internacionalmente reconhecidos, além de em alguns casos ser mais 
avançada que a legislação internacional. 
A educação, a saúde, a família e o trabalho são direitos constitucionais 
no Brasil. Assim como existem leis específi cas para garantir direitos e deveres 
aos menores de idade, às mulheres, aos idosos e aos defi cientes físicos. 
Os movimentos sociais foram os principais vetores para que o conceito 
de diretos humanos conseguisse penetrar no Brasil da atualidade. 
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8 Direitos Humanos
FIGURA 4 – FESTA NO PLENÁRIO DO CONGRESSO EM COMEMORAÇÃO À 
PROMULGAÇÃO DA CONSTITUINTE
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Promulga%C3%A7%C3%A3o-Constitui%C3%A7%C3%A3o-1988.jpg>. Acesso em: 
2 out. 2012.
4 AS IMPLICAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
 As implicações dos direitos humanos não ocorrem somente em casos 
extremos, como em guerras ou nas maiores calamidades públicas. Podemos 
observar as mais distintas implicações dos direitos humanos nas mais cotidianas 
ações, a exemplo de variadas formas que a Carta de 1948 relaciona com o 
nosso cotidiano. 
Na arguta observação feita pelo então representante da Unesco no 
Brasil, Jorge Werthein, em 1998, quando se comemoravam os 50 anos da 
Carta de 1948:
O conjunto dos direitos humanos constitui um rol inesgotável 
de direitos e garantias fundamentais. A garantia e realização 
de todo o conjunto acaba por gerar expectativas nem sempre 
plenamente atendidas. Nos países em desenvolvimento, 
as limitações políticas e dos meios econômicos tornam 
especialmente difícil a realização dos direitos econômicos, 
sociais e culturais. Não se pode aceitar este valor como 
uma permissão para a violação desta classe de direitos. Os 
governos devem esforçar-se para garanti-los, na medida 
de suas possibilidades, gradativamente, sem retrocessos 
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9A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
e, especialmente, fazendo uso de alternativas como a 
parceria com a sociedade civil e a cooperação internacional. 
(WERTHEIN, 1998, p. 61-62) 
Esta visão foi em grande parte seguida pelos governos brasileiros nas 
duas últimas décadas. Com o fi m da ditadura militar e o restabelecimento 
da forma democrática de governo, mesmo com os problemas econômicos 
enfrentados, as sucessivas gestões presidenciais açambarcaram as temáticas 
pertinentes aos direitos humanos em seus programas de governo e nas políticas 
públicas da União. Podemos destacar alguns pontos nos quais observamos 
destaques e avanços, como no respeito às minorias étnicas e a diversidade 
religiosa brasileira, assim como a ampliação de direitos concernentes às 
mulheres, crianças e adolescentes. 
O respeito às minorias étnicas que habitam o território brasileiro, em 
especial os indígenas, é uma realidade em construção. Ainda existe muito 
preconceito contra os primeiros habitantes das terras brasileiras, além de 
uma falta de assistência mais intensa por parte da Fundação Nacional do Índio. 
Todavia, as demarcações dos territórios indígenas continuam a serem feitas. 
Assim como existem políticas públicas para a inclusão de negros e indígenas 
em algumas universidades federais.
O mesmo respeito à diversidade se observa em relação à fi liação 
religiosa dos brasileiros. Vivemos em um país no qual a diversidade de crenças 
acaba por diminuir a proporção de membros da maioria religiosa estabelecida: 
a Igreja Católica Apostólica Romana. Porém, as minorias religiosas e a religião 
dominante são igualmente tratadas perante as leis do Estado Nacional 
Brasileiro, respeitando o artigo 18 da Declaração Universal, que garante o 
direito à liberdade de crença, opinião e religião. O Estado brasileiro é laico, 
em afi nidade com os parâmetros da declaração.
A proteção social da família, da infância e da mulher, direito garantido 
nos artigos, está aos poucos, no Brasil, sendo adequada à realidade nacional 
e respeitada. Em 1985 surgiu uma legislação para as mulheres, o Estatuto da 
Mulher. Em 1991 foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente. Esses 
estatutos pioneiros foram complementados por outros que garantem direitos 
a outras categorias sociais, como o Estatuto do Idoso e o Estatuto da Igualdade 
Racial. Alguns programas governamentais, como Bolsa Família, são algumas 
tentativas para se possibilitar que os direitos humanos possam se ampliar a 
todos os cidadãos brasileiros. 
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10 Direitos Humanos
FIGURA 5 – DIREITOS
FONTE: Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fi chaTecnicaAula.
html?aula=1505>. Acesso em: 2 out. 2012.
Por vezes, a mídia e o pensamento conservador brasileiro, representados 
por alguns políticos e jornalistas, apontam os defensores dos direitos humanos 
como representantes de interesses estrangeiros no Brasil. Um dos principais 
problemas seria quando das rebeliões em presídios ou nas críticas aos métodos 
arcaicos de algumas polícias estaduais, que são acusadas de torturar marginais 
ou, mesmo, de colocar seres humanos em celas com condições degradantes à 
dignidade da pessoa humana. Por vezes, afi rmam existir direitos apenas para 
bandidos, enquanto os trabalhadores viveriam com medo devido à violência 
que assola as principais cidades brasileiras. 
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11A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
FIGURA 6 – DIREITOS HUMANOS
FONTE: Disponível em: <http://www.direitoshumanos.com.br/>. Acesso em: 2 out. 2012.
Todavia, estes argumentos conservadores partem de princípios 
equivocados. Pois, não são apenas para os bandidos presos ou menores 
em confl ito com a lei que as determinações de direitos humanos servem. 
Algumas medidas para os trabalhadores e chefes de família, como o seguro-
desemprego e as melhoras nas condições de trabalho fabril, são algumas 
das principais conquistas que alguns princípios básicos da ideia de direitos 
humanos nos possibilitam. Assim como a ampliação dos direitos das mulheres, 
como as delegacias especiais e a recente Lei Maria da Penha, que coloca os 
agressores domésticos contra donas de casa na cadeia, é também um exemplo 
de conquistas de direitos humanos. 
Por fi m, podemos lembrar que a constante ampliação de instituições 
de ensino, tanto no nível superior quanto na educação básica, é também uma 
demonstração da importância que as noções de direitos humanos possuem na 
vida cotidiana dos brasileiros. Existe hoje uma ampliação de vagas tanto no 
ensino básico quanto no ensino superior, a partir da Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional, de 1996. Estes aumentos no número de matrículas são 
inegáveis avanços. 
Porém, temos muito a avançar enquanto nação na temática dos direitoshumanos. Pois, apesar do aumento de matrículas, a qualidade do ensino 
brasileiro ainda é modesta, visto o desempenho do Brasil perante os sistemas 
de avaliação internacional. A violência contra a mulher, o aliciamento de jovens 
para a prostituição, o tráfi co e o uso de drogas, assim como a impunidade e 
Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados.
12 Direitos Humanos
a corrupção em todos os níveis, são importantes desafi os da ampliação da 
temática de direitos humanos no Brasil. 
Muito pode e deve ser melhorado. Porém, estas melhoras só serão 
possíveis com a ampla participação da população nos ditames políticos do 
Brasil nos próximos anos. Pois é a participação ampla da população o principal 
vetor da ampliação dos direitos humanos, responsável pela melhora na 
qualidade de vida da população brasileira. 
5 OS LIMITES DO CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS: AS 
QUESTÕES DE GÊNERO, AS QUESTÕES AMBIENTAIS E AS 
GUERRAS INJUSTAS
 Os direitos humanos enquanto conceito apresentam hoje, no corpo 
social, algumas limitações. Estas poderão ser vencidas com a criação de um 
novo conceito, ou com a ampliação do conceito existente. As duas principais 
limitações da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 estão 
relacionadas às causas de gênero e à questão do meio ambiente. 
 A presença da mulher no mercado de trabalho após a Revolução 
dos Costumes advinda na sociedade ocidental nos anos de 1960-70 alterou 
as relações entre homens, mulheres, idosos e crianças. Pois, uma família 
patriarcal com pai provedor, mãe dona de casa e fi lhos infl uenciados pela 
escola, pela família e pela religião está se transformando em uma instituição 
social em extinção. No lugar da família patriarcal clássica, outras alternativas 
de núcleos familiares estão presentes no mundo da pós-modernidade. As 
famílias alternativas, como as oriundas de relações homoafetivas, ou de casais 
divorciados ou de países em que a poligamia é aceita (em geral de tradição 
maometana), por vezes não são contempladas com a declaração de direitos, 
muito vaga em questões específi cas às mulheres e aos homossexuais. 
 A mulher possui necessidades específi cas em seus direitos. Pois a 
declaração silencia sobre alguns aspectos, como o respeito incondicional às 
gestantes, além de silenciar sobre o crime de estupro, infelizmente comum 
nos mais distintos países, regiões e classes sociais. No dizer da antropóloga 
Graciela Rodrigues (1998, p. 94):
O paradigma masculino do Humano implica uma hegemonia 
do poder patriarcal, que se expressa não só na linguagem, 
mas também no invisível exercício cotidiano do poder 
de opressão sobre as mulheres e na sutil aceitação cultural 
da subordinação. Considerando, então, que quando se 
fala em Direitos Humanos se faz referência aos direitos 
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13A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
de alguns homens (brancos, heterossexuais e com recursos 
econômicos) da Europa e dos Estados Unidos (o que marca 
o caráter eurocêntrico dos princípios), torna-se necessária e 
urgente uma redefi nição que possa incorporar o princípio de 
pluralidade e captar a diversidade das diferenças humanas.
Além das questões de gênero, as questões ligadas ao meio ambiente 
também não são contempladas no texto. O direito de viver em um mundo 
livre de poluição, de ter disponível e gratuitamente água potável, por 
exemplo, não faz parte do repertório mínimo de direitos, mesmo sabendo-
se que a água potável e o ar puro são condições básicas para a sobrevivência 
da espécie humana. A questão ambiental é fundamental, porém é uma das 
mais lamentáveis lacunas. Este silêncio da Carta pode ser explicado pelo 
momento em que o documento foi escrito. Nos anos 1940 era presente a 
ideia de um progresso ininterrupto, e a crença de que os recursos naturais 
eram inesgotáveis ainda permeava as consciências. Somente nos anos 1970, 
com o amplo desenvolvimento da microbiologia, dos estudos físico-químicos, 
os homens tiveram a noção clara de que os recursos da natureza podem se 
esgotar. A poluição dos mares, em especial das águas internacionais, fora 
silenciada.
Outra limitação do texto é a questão das guerras injustas. O texto não 
aponta uma limitação clara para a declaração de guerras injustas. Os países 
centrais do sistema capitalista, com assento no Conselho de Segurança, por 
vezes decretaram ataques injustos a nações do Oriente Médio, como ocorreu 
nos anos 1950, quando uma coalizão militar, comandada pela Inglaterra e pela 
França, invadiu o Egito, sem o consentimento da ONU. Recentemente, novos 
ataques realizados por países ocidentais a nações no Oriente Médio, em busca 
de pilhar o petróleo ali existente, nos revelam o quanto seria necessário impor 
limites aos países possuidores de bombas atômicas em sua infi nita ganância. 
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14 Direitos Humanos
AUTOATIVIDADE
1 Explique por que o termo “direitos humanos” pode ser considerado um 
conceito fi losófi co ou sociológico.
2 Explique o papel dos movimentos da sociedade civil organizada na 
formulação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
3 Explique por que, no Brasil, os direitos humanos deixaram de ser apenas 
um conceito fi losófi co ou sociológico para se transformar em direitos 
estabelecidos por leis.
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15A Construção da Ideia de Direitos Humanos: As Lutas da Sociedade Civil 
Organizada e os Direitos Constitucionais
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Paz e Terra, 2003. 
CARVALHO, José Murilo de. O papel das religiões: como as igrejas infl uenciaram os 
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Rio de Janeiro: Garamond, 1998..
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16 Direitos Humanos
GABARITO 
1 Explique por que o termo “direitos humanos” pode ser considerado um 
conceito fi losófi co ou sociológico. 
R.: O acadêmico terá de apresentar em sua resposta uma argumentação 
que aponte a Carta de direitos humanos de 1948 como o resultado da 
formulação de diversos grupos que criticaram a exploração de alguns 
seres humanos sobre outros. Cristãos, socialistas, iluministas, entre 
outros grupos intelectuais, pregaram ao longo da história valores como 
respeito, igualdade e paz. 
2 Explique o papel dos movimentos da sociedade civil organizada na 
formulação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
R.: Oacadêmico terá de apresentar em sua resposta uma argumentação 
que aponte a ação dos movimentos sociais. Pois estes, ao levantarem 
bandeiras em defesa do direito de crianças, mulheres, idosos e 
trabalhadores, demonstraram para a sociedade que todas as classes 
sociais, todos os gêneros e todas as idades merecem respeito por 
parte do Estado e das demais instituições sociais representantes da 
coletividade.
3 Explique por que, no Brasil, os direitos humanos deixaram de ser apenas 
um conceito fi losófi co ou sociológico para se transformar em direitos 
estabelecidos por leis. 
R.: O acadêmico terá de apresentar em sua resposta uma argumentação 
que aponte a importância do conceito de direitos humanos na 
Assembleia Nacional Constituinte, responsável por promulgar a 
Constituição de 1988. Além disto, é importante citar que existem 
no Brasil leis específicas para camadas da população que vivem 
em situações de maior vulnerabilidade, como idosos, crianças e 
portadores de necessidades especiais.

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