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2011 Contabilidade internaCional Prof.ª Aline Fernandes de Oliveira Czesnat Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof.a Aline Fernandes de Oliveira Czesnat Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657 C998c Czesnat, Aline Fernandes de Oliveira Contabilidade internacional /Aline Fernandes de Oliveira Czesnat. Indaial : Uniasselvi, 2011. 225 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-496-6 1. Contabilidade internacional. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci III apresentação Caro(a) acadêmico(a)! A contabilidade vem passando por várias mudanças nos últimos anos. Nesse sentido, no ano de 2007, a Lei das Sociedades por Ações sofreu alterações. Estas mudanças ocorridas na normatização da contabilidade tiveram como objetivo harmonizar as normas contábeis nacionais às normas contábeis internacionais. Assim, o objetivo do processo de harmonização é fazer com que as informações contábeis disponibilizadas aos usuários não sejam tão diferentes, independente do país onde se encontram. Pensando nisso, elaborou-se este Caderno de Estudos, que permitirá ao(à) acadêmico(a) obter um conhecimento a respeito do processo de harmonização contábil e seu reflexo nas normas contábeis brasileiras. Assim, a fim de atingir este objetivo, este caderno foi dividido em três unidades, a saber: a Unidade 1 foi dividida em quatro tópicos, em que o primeiro aborda desde a evolução do ensino da contabilidade no Brasil, ao surgimento da lei das sociedades anônimas, ou Lei nº 6.404/76 e sua reformulação pela Lei nº 11.638/2007. No Tópico 2 é apresentado o processo de harmonização das normas contábeis brasileiras às normas contábeis internacionais, suas vantagens e desvantagens e as principais dificuldades encontradas pelo Brasil neste processo, assim como as informações contábeis, suas caraterísticas e seus usuários. Já no tópico terceiro são discutidos os principais órgãos nacionais e internacionais responsáveis pela harmonização contábil, seguido pela apresentação das normas contábeis internacionais, conhecidas como IFRS. Encerrando-se o Tópico 4, abordam-se as principais divergências encontrados no critério de reconhecimento e mensuração na contabilidade nacional e internacional. A Unidade 2 compreende o início da convergência das demonstrações contábeis brasileiras para as demonstrações contábeis internacionais. Neste capítulo foram abordados o BP, a DRE e a DMPL. Assim, esta unidade foi dividida em cinco tópicos. O Tópico 1 apresenta o Pronunciamento Técnico 26, que trata da apresentação das demonstrações contábeis; no Tópico 2 é apresentado o balanço patrimonial e sua nova estrutura, seus grupos, suas alterações como exclusões e introdução de novos grupos. Aborda-se também o teste de recuperabilidade aplicado ao grupo do imobilizado e do intangível. No Tópico 3 são apresentadas as alterações sofridas no grupo do passivo e no patrimônio líquido, também com exclusões e introdução de novas contas. No Tópico 4, estão as demonstrações do resultado do exercício, com suas alterações e o novo modelo de DRE. E por fim, no Tópico 5 é apresentado IV o DMPL, com as movimentações que afetam e não afetam as contas do patrimônio líquido de uma organização, o pronunciamento contábil que trata especificamente desta demonstração e suas formas de elaboração. Na terceira e última unidade do Caderno de Estudos, tratou-se sobre as novas demonstrações contábeis incluídas entre as demonstrações contábeis obrigatórias pela Lei nº 11.638/2007 e também sobre as notas explicativas. Assim, esta unidade foi dividida entre três tópicos. No Tópico 1 foi apresentada a DFC, seu conceito, suas contas, formas de elaboração e por fim os modelos de cada método. No Tópico 2 é apresentada a DVA, seguem o conceito e objetivo, empresas obrigadas a sua elaboração e publicação, as contas presentes nesta demonstração contábil e por fim sua forma de elaboração. No último tópico desta unidade, foram discutidas as notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis obrigatórias. Apresentando os assuntos que devem compor as notas explicativas, tanto na visão da legislação contábil quanto na visão do Comitê de Pronunciamentos Contábeis como na visão da Comissão de Valores Mobiliários. Nas unidades deste Caderno de Estudos, apresentou-se um breve resumo sobre a contabilidade internacional. Nesse sentido, espera-se que o acadêmico(a) tenha um conhecimento sobre as novidades trazidas pela contabilidade internacional na contabilidade nacional, ampliando seu conhecimento quanto as alterações que as normas contábeis estão passando. Prof.ª Aline Fernandes de Oliveira Czesnat V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 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Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA VI VII UNIDADE 1 – PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL ........................... 1 TÓPICO 1 – CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL ............... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 EVOLUÇÃO DO ENSINO CONTÁBIL NO BRASIL ................................................................... 3 2.1 LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS OU LEI Nº 6.404 DE 1976 ............................................ 5 2.1.1 Noções gerais de uma sociedade anônima ......................................................................... 8 2.1.2 Classificação das S.A. ............................................................................................................. 9 2.1.3 Sociedade anônima aberta ..................................................................................................... 9 2.2 CENÁRIO CONTÁBIL HOJE: SURGIMENTO DA LEI Nº 11.638/2007 ................................. 10 2.3 SOCIEDADE DE GRANDE PORTE ............................................................................................. 13 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17 TÓPICO 2 – A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ..............................................................................19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS NACIONAIS ÀS NORMAIS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS .............................................................................. 20 2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ............................ 21 2.2 RAZÕES QUE LEVAM AS DIFERENÇAS INTERNACIONAIS .............................................. 23 2.2.1 Aspectos do sistema legal do país ........................................................................................ 24 2.2.2 Influência e status da profissão contábil .............................................................................. 26 2.2.3 Ensino contábil e estrutura teórica contábil ........................................................................ 27 2.3 INFORMAÇÃO CONTÁBIL .......................................................................................................... 28 2.3.1 Características qualitativas da informação contábil .......................................................... 30 2.3.2 Usuários e suas características .............................................................................................. 36 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 – ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL ................................................................................................... 43 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43 2 ORGANISMOS NACIONAIS RESPONSÁVEIS PELA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ..... 44 2.1 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC ............................................................. 44 2.2 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS - CPC ....................................................... 45 2.3 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM.................................................................... 48 2.4 INSTITUTO DOS AUDITORES INDEPENDENTES DO BRASIL – IBRACON ..................... 51 2.5 ORGANISMOS INTERNACIONAIS RESPONSÁVEIS PELA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL ........................................................................................................................................ 52 2.6 INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD – IASB .......................................... 52 2.6.1 International Financial Reporting Standards - IFRS ............................................................... 54 2.7 FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD - FASB ..................................................... 57 2.8 SECURITIES AND EXCHANGE COMMISSION – SEC ............................................................. 58 2.9 THE INTERNATIONAL ORGANIZATION OF SECURITIES COMMISSION - IOSCO (Organização Mundial das Comissões de Valores Mobiliários) ............................................... 58 sumário VIII 2.10 ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT - OECD (Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica) .......................................... 59 2.11 EUROPEAN UNION - UNIÃO EUROPEIA (EU) ..................................................................... 60 2.12 THE INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS – IFAC FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE CONTADORES) .................................................................................. 60 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 62 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63 TÓPICO 4 – PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS ... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS ....................... 66 2.1 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 66 2.2 CONTABILIZAÇÃO DO LEASING FINANCEIRO................................................................... 68 2.3 CONTABILIZAÇÃO DO GOODWILL ........................................................................................ 70 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 72 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 74 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75 UNIDADE 2 – ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ..... 77 TÓPICO 1 – PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CONTÁBIL 26: APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................................................................. 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 PRONUNCIAMENTO TÉCNICO 26 – CPC 26............................................................................... 79 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 82 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83 TÓPICO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL ........................................................................................... 85 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85 2 BALANÇO PATRIMONIAL .............................................................................................................. 85 2.1 ATIVO CIRCULANTE .................................................................................................................... 88 2.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE .......................................................................................................... 89 2.2.1 Imobilizado .............................................................................................................................. 90 2.2.2 Mensuração do custo.............................................................................................................. 91 2.2.3 Avaliação do ativo imobilizado ............................................................................................ 92 2.3 EXTINÇÃO DA CONTA ATIVO DIFERIDO .............................................................................. 93 2.4 ATIVO INTANGÍVEL ..................................................................................................................... 94 2.4.1 Definição de ativo intangível ................................................................................................ 95 2.4.2 Reconhecimento e mensuração do ativo intangível .......................................................... 96 2.4.3 Mensuração do ativo intangível após o seu reconhecimento .......................................... 97 2.4.4 Vida útil dos ativos intangíveis ............................................................................................ 97 2.4.5 Amortização do ativo intangível .......................................................................................... 98 2.4.6 Exemplosde ativos intangíveis ............................................................................................ 99 2.5 TESTE DE RECUPERABILIDADE DO ATIVO (IMPAIRMENT) .............................................. 99 2.5.1 Exemplo prático desta situação, evidenciado por Coelho e Lins (2010) ......................... 101 2.5.2 Contabilização da perda ........................................................................................................ 102 2.6 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO ATIVO ANTES E DEPOIS DA ALTERAÇÃO ....... 103 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 105 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 106 IX TÓPICO 3 – PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................................................ 109 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 109 2 PASSIVO ................................................................................................................................................ 109 2.1 PASSIVO CIRCULANTE ................................................................................................................ 109 2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE ..................................................................................................... 110 2.3 AVALIAÇÃO DO PASSIVO ........................................................................................................... 110 2.4 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO PASSIVO ANTES E DEPOIS DAS ALTERAÇÕES .................................................................................................................................. 110 2.5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................................................ 111 2.5.1 Exclusão de contas do PL ...................................................................................................... 111 2.5.2 Novas contas do patrimônio líquido ................................................................................... 113 2.5.2.1 Criação da conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP) .............................. 114 2.5.2.2 Exemplo do lançamento em uma conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP) apresentado por FIPECAFI, (2010) .............................................................. 114 2.5.3 Criação da conta de Reserva de Incentivos Fiscais ............................................................ 115 2.5.4 Classificação da conta ações em tesouraria ......................................................................... 116 2.6 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ANTES DE DEPOIS DAS ALTERAÇÕES ......................................................................................................................... 117 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 118 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 119 TÓPICO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................ 121 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 121 2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ............................................................. 121 2.1 ALTERAÇÕES NA APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ....................................................................................................................................... 122 2.2 REGIME DE CAIXA E O REGIME DE COMPETÊNCIA .......................................................... 123 2.3 COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DE DEPOIS DAS ALTERAÇÕES .............................................................. 123 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 125 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 126 TÓPICO 5 – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ............... 129 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 129 2 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO - DMPL .................... 129 2.1 MOVIMENTAÇÕES QUE AFETAM AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................ 130 2.2 MOVIMENTAÇÕES QUE NÃO AFETAM O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................ 131 2.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO SEGUNDO O CPC 26 ........................................................................................................................................... 131 2.4 ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................................................................................................................... 132 2.5 ESTRUTURA DA DMPL COM A LEI Nº 11.638/07 ................................................................... 141 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 146 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 149 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 150 UNIDADE 3 – NOVA DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E COMPLEMENTOS ..................... 153 TÓPICO 1 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .............................................................. 155 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 155 2 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC ...................................................................... 156 X 2.1 EMPRESAS OBRIGADAS A ELABORAR A DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC .................................................................................................................................... 156 2.2 OBJETIVOS E FINALIDADES DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – DFC ..... 157 2.2.1 Caixa e equivalentes de caixa ................................................................................................ 158 2.3 TRANSAÇÕES QUE AFETAM O CAIXA ................................................................................... 159 2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS MOVIMENTAÇÕES EM FLUXO DE ATIVIDADES ....................... 160 2.4.1 Atividades operacionais ......................................................................................................... 160 2.4.2 Atividades de investimento ................................................................................................... 162 2.4.3 Atividade de financiamento .................................................................................................. 164 2.5 MOVIMENTAÇÕES DE INVESTIMENTO E DE FINANCIAMENTOS QUE NÃO AFETAM O CAIXA DA EMPRESA .............................................................................................. 165 2.6 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .......................................................... 165 2.6.1 Método a ser elaborado no Brasil ......................................................................................... 166 2.6.2 Método direto ......................................................................................................................... 166 2.6.3 Método indireto..................................................................................................................... 167 2.7 DIFERENÇAS ENTRE OS MÉTODOS DIRETO E INDIRETO ................................................. 167 2.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS ENTRE OS DOIS MÉTODOS .......................................... 168 2.9 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .............................................. 169 2.9.1 Elaboração da demonstração do fluxo de caixa pelo método direto .............................. 170 2.9.2 Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto ........................ 180 2.9.2.1 Técnica para demonstrar as atividades operacionais ........................................... 181 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 184 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 185 TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ..................................................... 187 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 187 2 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA ............................................................ 187 2.1 OBJETIVO, FINALIDADE E CARACTERÍSTICAS DA DVA .................................................. 187 2.2 OBRIGATORIEDADE DA DVA .................................................................................................... 189 2.3 VALOR ADICIONADO .................................................................................................................. 190 2.4 ÍNDICES QUE O VALOR ADICIONADO SERVE COMO IMPORTANTE INDICADOR ... 190 2.5 COMPOSIÇÃO DA RIQUEZA DA DEMONSTRADA NA DVA ............................................ 192 2.5.1 Riqueza criada pela própria empresa .................................................................................. 192 2.5.2 Riqueza recebida em transferência ....................................................................................... 192 2.6 ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO .................................. 193 2.7 MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ............................................ 193 2.7.1 Componentes da DVA ........................................................................................................... 194 2.8 EXEMPLO DE ELABORAÇÃO DA DVA .................................................................................... 197 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 202 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 203 TÓPICO 3 – NOTAS EXPLICATIVAS ................................................................................................. 207 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 207 2 NOTAS EXPLICATIVAS ..................................................................................................................... 207 2.1 NOTAS EXPLICATIVAS CONFORME A LEI DAS SOCIEDADES POR AÇÕES .................. 208 2.2 NOTAS EXPLICATIVAS DE ACORDO COM O CPC ................................................................ 210 2.3 NOTAS EXPLICATIVAS DE ACORDO COM A CVM .............................................................. 211 2.4 INFORMAÇÕES CONTIDAS NAS NOTAS EXPLICATIVAS .................................................. 213 2.4.1 Critérios de avaliação ............................................................................................................ 213 2.4.2 Investimentos em outras empresas quando relevante ...................................................... 214 2.4.3 Ônus, garantias e outras responsabilidades eventuais ou contingentes ........................ 214 2.4.4 Taxa, data de vencimento, e outras garantias ..................................................................... 214 XI 2.4.5 Ações do capital social ........................................................................................................... 215 2.4.6 Opção de compra de ações .................................................................................................... 215 2.4.7 Ajuste de exercícios anteriores .............................................................................................. 215 2.4.8 Eventos subsequentes ............................................................................................................ 215 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 216 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 218 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 219 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 221 1 UNIDADE 1 PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você será capaz de: • proporcional ao(à) acadêmico(a) o conhecimento sobre as mudanças ocor- ridas no cenário contábil nacional devido ao processo de harmonização contábil mundial. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) auxiliarão na apropriação dos conhecimentos. TÓPICO 1 – CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL TÓPICO 2 – A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL TÓPICO 3 – ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL TÓPICO 4 – PRINCIPAIS DIVERGÊNCIAS NO CRITÉRIO DE RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO O cenário contábil no Brasil está passando por uma grande mudança nos últimos anos. No ano 2000 foi enviado ao Poder Legislativo um projeto de lei no qual se tinha o objetivo de alterar a lei das Sociedades Anônimas, Lei nº 6.404/76. Em 2007, tal projeto de lei foi aprovado, sendo criada a Lei nº 11.638 de 2007. Esta nova legislação teve como objetivo fazer alterações na lei das Sociedades Anônimas atualizando as regras contábeis nacionais, as normas contábeis internacionais, levando o Brasil à harmonização contábil mundial. Porém, antes de se adentrar no processo de convergência às normas internacionais, é preciso compreender que o ensino da contabilidade no Brasil e o cenário normatizado, ou seja, a legislação na qual as empresas brasileiras estão sujeitas. Para isto faz-se uma breve excursão à criação e à evolução do ensino da contabilidade no Brasil, à legislação das Sociedades Anônimas e à criação do novo grupo de empresas classificados como Sociedades de Grande Porte. 2 EVOLUÇÃO DO ENSINO CONTÁBIL NO BRASIL O ensino da contabilidade no Brasil, como conhecemos, é algo recente, podendo datá-lo do século XX. No entanto, em 15 de julho de 1809, foi dado o primeiro passo ao ensino da contabilidade no país. Neste ano foi promulgado um alvará às escolas de comércio da época, para lecionarem contabilidade, intituladas de “aulas práticas”. Mais tarde, em 1863, o já criado Instituto Comercial do Rio de Janeiro começa a oferecer a disciplina “Escrituração Mercantil”, a fim de tornar seus alunos aptos a realizarem a escrituração contábil. A criação do primeiro Código Comercial Brasileiro em 1850 pode ser considerada o ponto de partida para o ensino oficial da contabilidade na Brasil, uma vez que: “A promulgaçãodo primeiro Código Comercial Brasileiro por meio da Lei nº 556, de 25 de junho de 1850, trouxe a obrigatoriedade de as empresas manterem a escrituração contábil, seguirem uma ordem uniforme para os registros contábeis UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 4 e o levantamento, ao final de cada ano, dos balanços gerais. Ao determinar o uso das partidas dobradas reforça a necessidade do ensino comercial [...]”. (PELEIAS; BACCI, 2004, p. 41 e 42). Porém, a primeira escola especializada no ensino da contabilidade, segundo Iudícibus (2004), surgiu em 1902, com a criação da Escola Alvares Penteado. No entanto, apenas em 1931 foi criado o primeiro curso de contabilidade propriamente dito. Este curso tinha objetivo de formar profissionais técnicos em contabilidade e perito contador. Para a formação do técnico, a durabilidade do curso era de dois anos e para formação do perito contador, o curso tinha durabilidade de três anos. O primeiro curso superior de Ciências Contábeis e Atuarias do Brasil foi aprovado pelo Decreto-lei nº 7.988 de 1945. Em 1946, de acordo com Robles Junior e Marion (1998), surgiam o Conselho Federal de Contabilidade e a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas (FCEA) posteriormente denominada Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), instituição onde surgiu o primeiro núcleo de pesquisa contábil e, mais tarde, em 1970, o primeiro curso de pós-graduação em Ciências Contábeis do Brasil. (PELEIAS et al., 2007). Com a criação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) os cursos de bacharelado em Ciências Contábeis passaram a ter uma grade curricular de quatro anos. De acordo com Robles Junior e Marion (1998, p. 15), apenas em 1962, a grade curricular do curso de contabilidade volta a ter nova alteração, quando passou a ser separado em dois ciclos de ensino intitulados de “ciclo de formação básica e ciclo de formação profissional”, conforme apresentado no quadro a seguir: Ciclo de formação básica Matemática, Estatística, Direito e Economia Ciclo de formação profissional Contabilidade Geral, Contabilidade Comercial, Contabilidade de Custos, Auditoria e Análise de Balanço, Técnica Comercial, Administração e Direito Tributário. QUADRO 1 – CICLO DE FORMAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL FONTE: Adaptado de: Robles Junior e Marion (1998) No ano de 1992, nova alteração na legislação institui considerações sobre o conteúdo e durabilidade dos cursos de contabilidade, trazendo ainda normas para as instituições de ensino superior formar seus currículos, a fim de delimitar um perfil de profissional contábil que desejam formar. (ROBLES JÚNIO R; MARION, 1998). Segundo Niyama (2008, p. 4), “a qualidade da educação na área contábil tem significativo impacto na qualidade e no tipo de informação, bem como no sistema contábil de gerar informação”. Ainda de acordo com o mesmo autor, a TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL 5 influência da escola italiana prevaleceu fortemente até os meados da década de 70, até a vigência da Lei nº 6.404/76, que veio estabelecer critérios e procedimentos contábeis predominantemente influenciados pelas escolas norte-americanas de contabilidade. 2.1 LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS OU LEI Nº 6.404 DE 1976 A Lei nº 6.404/76, conhecida como a Lei das Sociedades Anônimas (S/A), data de 15 de dezembro de 1976. Para compreendermos esta legislação, é preciso entender que o cenário econômico do país estava alterando, isto é, na década de 70 o mercado financeiro estava nascendo e ocorria a reforma bancária, porém, para que este cenário ocorresse alguns passos foram dados, segundo Niyama (2008): • As demonstrações contábeis das companhias abertas passaram a ser verificadas por auditores independentes obrigatoriamente. • O Banco Central do Brasil publicou sua Circular nº 179/72, que padronizava a forma e a estrutura das demonstrações contábeis para a publicação pelas empresas classificadas como companhias abertas. • O cenário contábil passou a sofrer forte influência da escola norte-americana, sendo demonstrado pelo começo dos estudos sobre os princípios contábeis. Com o surgimento da Lei das Sociedades Anônimas, a contabilidade passou a ter novidades, como por exemplo, a criação dos registros auxiliares para atender a exigências fiscais e o dever de observar os princípios contábeis para a escrituração mercantil (NIYAMA, 2008). Esta legislação resultou em um verdadeiro aprimoramento e revolução da área contábil. (FIPECAFI, 2007). Segundo Martins, Martins e Martins (2007, p. 19), entre as novidades trazidas pela lei das S/A encontramos: Equivalência patrimonial, consolidação, correção monetária, eliminação das antigas contas de “pendente” do ativo e passivo, nomenclatura mais avançada (eliminação dos ilógicos “fundos” de depreciação, devedores duvidosos e outros), classificação mais moderna, introdução da demonstração das origens e aplicações de recursos e da mutação do patrimônio líquido, segregação entre demonstração do resultado e dos lucros ou prejuízos acumulados etc. Além de suprir e acrescentar algumas contas e trazer novos procedimentos contábeis, a legislação tratava também dos aspectos do mercado financeiro. Entre estes aspectos encontramos as características das companhias classificadas como Sociedades Anônimas ou Sociedade por Ações. Várias são as formas de se constituir uma empresa. Nesse sentido, no quadro a seguir estão apresentadas as várias formas de constituição de uma empresa: UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 6 Sociedade Espécie de sócio. Responsabilidade do sócio. Administração. Nome. Formação do nome. Constituição do capital. Em comandita espécie. Comanditado;Comanditário. Limitada para o comanditado; Limitada para o comanditário. Um ou mais sócio. Razão social. Nome de um ou mais comanditados; + e companhia no fim. Todos os sócios. Em nome Coletivo. Solidários. Ilimitada para todos os sócios. Um ou mais sócios indicados no contrato. Razão social. Nome de um ou + sócios; + e companhia no fim se faltar algum nome. Todos os sócios. Em cota de participação. Sócio ostensivo; Sócio participante. Exclusiva do sócio ostensivo, que atua em nome próprio perante terceiros. Sócio ostensivo (o participante não responde perante terceiros). Não há (a sociedade não tem personalidade jurídica). Não há. Todos os sócios. Em comandita por ações. Comanditado;Comanditário. Ilimitada para o comanditado; Limitada para o comendatário. Um ou + sócios comanditados escolhidos em assembleia. Razão social ou denominação social opcional. Nome de um ou + comanditados ou nome de fantasia + comandita p/ ações no fim. Todos os sócios. Anônima ou companhia. Acionistas. Limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Diretoria e conselho de administração ou apenas diretoria. Denominação social. Nome de fantasia + companhia ou S/A. Todos os sócios. Por cotas de responsabilidade limitadas. Cotistas. Limitada ou capital subscrito; Os cotistas são solidários pelo capital a realizar. Um ou + pessoas designadas no contrato ou ato separado. Razão social ou denominação social. Nome de um sócio ou + sócios + limitada ou nome de fantasia + limitada. Todos os sócios. QUADRO 2 – FORMAS DE CONSTITUIR UMA EMPRESA FONTE: Adaptado de: Ferreira (2010). De uma forma geral, as empresas são regidas pelo novo Código Civil de acordo com a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. No entanto, as empresa classificadas como Sociedades Anônimas possuem uma legislação específica denominada Lei das Sociedades por Ações, Lei nº 6.404 de 1976. Segundo Niyama (2008, p. 8), “de uma forma geral, as empresas brasileiras classificam-se em dois grandes grupos: as sociedades anônimas e as sociedades por quota de responsabilidade limitada”. De acordo com o exposto no Quadro2, as sociedades anônimas possuem seu capital dividido em ações, responsabilizando os acionistas, (como são chamados dos donos deste tipo de empresa) apenas pela parte que lhe cabe ao capital, ou seja, a responsabilidade do acionista fica limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas por ele. (FERREIRA, 2010). TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL 7 No que se referente às ações de uma S/A, elas são classificadas como ações ordinárias e ações preferenciais. Destaca-se que este tipo de classificação também é apresentado no mercado financeiro de outros países, como por exemplo, o mercado financeiro dos Estados Unidos da América. Dependendo do tipo de ações que o sócio possua ela lhe conferirá certas vantagens e direitos, evidenciando assim, o interesse do portador da ação na companhia, conforme apresentado no quadro a seguir: Tipo de Ação Interesse do portador Direitos e vantagens PREFERENCIAL Remuneração Tem o direito de receber os dividendos antes dos outros sócios (aqueles que possuem ações ordinárias), preferência em receber o capital caso a empresa seja dissolvida, possui a vantagem de fixa um dividendo mínimo. ORDINÁRIA Controle Dá ao sócio o direito a voto, ou seja, este tipo de ação confere ao sócio o direito de decidir sobre a destinação dos resultados, elegem a diretoria e as alterações no estatuto da empresa, aprovam as demonstrações contábeis e por fim, deliberam sobre as ações da empresa. QUADRO 3 – TIPOS DE AÇÕES FONTE: Adaptado de: Assaf Neto (2001) Conforme se observa no quadro anterior, os investimentos realizados nas sociedades por ações podem ser separados em dois objetivos, ou seja, quando se compra ações preferências, o maior interesse gira em torno do recebimento dos dividendos, enquanto o interesse das pessoas que compram ações ordinárias se concentrará no controle, isto é, o poder de decisão que este tipo de ação lhe confere. Para que uma S/A negocie suas ações na bolsa de valores é preciso que ela esteja devidamente registrada no órgão responsável. No Brasil seu registro deve ser feito na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A venda ou não das ações da companhia no mercado financeiro qualificará esta empresa como companhia de capital aberto ou fechado. Uma S/A aberta (CIA. ABERTA) é aquela que negocia suas ações no mercado de valores mobiliários, já uma S/A fechada (CIA. FECHADA) é aquela que suas ações não foram aceitas para negociação no mercado de valores mobiliários. (art. 4º Lei nº 6.404/76). Quanto às responsabilidades legais das Sociedades Anônimas, elas devem publicar suas demonstrações financeiras, no formato exigido pela legislação societária, possuir transparência referente ao aumento de capital e alterações dos UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 8 membros de sua diretoria e constituir um conselho fiscal. (NIYAMA, 2008). Ainda de acordo com o mesmo autor, as CIAs. abertas têm o dever de publicar suas demonstrações financeiras anualmente e a enviar a CVM trimestralmente suas demonstrações. 2.1.1 Noções gerais de uma sociedade anônima I – CONCEITO A sociedade anônima ou companhia terá o capital dividido em ações, do mesmo valor nominal, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao valor das ações subscritas ou adquiridas. II – CARACTERÍSTICAS a) O capital social é dividido em ações. b) Responsabilidade dos sócios limitada ao preço de emissão. c) Formada no mínimo por dois sócios. III – O OBJETO SOCIAL Objeto social é o fim comum a que os sócios ou acionistas aderem e se vinculam, visando à organização de uma atividade para promovê-lo e atingi-lo. O objeto social da empresa deve ser definido no estatuto. A sociedade somente se obriga dentro dos limites do objeto social. Os atos da administração que ultrapassarem esses poderes são ultra vires e, como tal, nulos de pleno direito. A sociedade anônima será sempre uma sociedade mercantil, não existe a possibilidade de ter a S/A um objeto civil ou ainda misto, civil e comercial. Será sempre comercial. IV – DENOMINAÇÃO DA S.A. As S.A. não possuem firma ou razão social. Este tipo de empresa possuem hoje apenas um nome comercial ou denominação comercial. Entretanto, poderá a denominação apresentar o nome do fundador da empresa apenas como firma de homenagem, não dizendo que fundador ou seus herdeiros sejam responsáveis por estas empresas classificadas como S.A. A sociedade será designada por denominação acrescida das palavras “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviada S.A. ou Cia. A denominação social é protegida, se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes. TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL 9 2.1.2 Classificação das S.A. I – ESPÉCIES DE S.A. São elas: • Sociedade anônima de capital fechado. • Sociedade anônima de capital aberto. II – SOCIEDADE ANÔNIMA FECHADA As S.A. fechadas são muito usadas por empresas de pequeno e médio porte e como tal, são constituídas nitidamente cum intuitu personae, isto é, têm em vista o caráter pessoal dos sócios, ou a sua qualidade de parentesco. As S.A. fechadas se assemelham as Ltda. Sendo assim, os estatutos das S.A. podem impor limitações à circulação das ações nominativas contanto que: a) Regulem minuciosamente tais limitações. b) Não impeçam a sua negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio da administração da sociedade ou da maioria dos acionistas. 2.1.3 Sociedade anônima aberta As S.A. abertas são aquelas que simplesmente possuam valores mobiliários de sua emissão admitidos à negociação em bolsa ou no mercado de balcão. Estes tipos de S.A. são destinados às grandes companhias. Nas últimas décadas, o cenário econômico e financeiro mundial vem mudando devido à globalização dos mercados. Em consequência muitas empresas brasileiras puderam, além de negociar suas ações no mercado financeiro nacional, passar a negociar suas ações no mercado financeiro do exterior. Assim, elas tinham que estar adequadas às exigências contábeis daquele país, a fim de disponibilizarem as informações para os investidores estrangeiros. Nesse sentido, as empresas se viram numa situação em que elas precisavam manter duas contabilidades, ou seja, uma que suprisse as exigências da legislação e do fisco nacional e outra para a elaboração das demonstrações e demais relatórios, de acordo com as exigências do país com que estava negociando sua companhia. Concomitantemente, aumentavam as discussões sobre os princípios fundamentais da contabilidade. Assim, tornava-se imprescindível que a legislação contábil brasileira precisava mudar, a fim de diminuir os custos contábeis e UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 10 aumentar a confiabilidade nas informações e empresas nacionais que negociavam no balcão de valores estrangeiros. Nesse sentido, no ano de 2000, sob iniciativa da CVM, foi encaminhado a Executivo o Projeto de Lei nº 3.741, que mais tarde viria a se tornar a Lei nº 11.638. 2.2 CENÁRIO CONTÁBIL HOJE: SURGIMENTO DA LEI Nº 11.638/2007 Do Projeto de Lei nº 3.741, nasceria, mais tarde, a Lei nº 11.638 de 2007, que alterou e revogou alguns artigos da Lei das Sociedades por Ações (S.A.) e da Lei nº 6.385/76. Na visão de Azevedo (2009, p.26) a: Finalidade maior era possibilitar a eliminação de algumas barreiras regulatórias que impediam a inserção total das companhias abertas no processo de convergência internacional, além de aumentar o grau de transparência das demonstrações financeiras em geral, inclusive em relação às chamadas sociedades de grande porte não constituídas sob a forma de sociedade por ações. O cenário contábil no Brasil está sendo alterado. Com a aprovação da Lei nº 11.638, em 28 de dezembro de 2007, que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2008,alguns métodos de reconhecimento e procedimentos já institucionalizados na contabilidade nacional sofreram alterações. O objetivo da referida legislação foi o de atualizar as regras contábeis nacionais à nova realidade da economia brasileira e facilitar o processo de harmonização das normas contábeis brasileiras às normas internacionais de contabilidade, mais especificamente às normas internacionais editadas pelo IASB (International Acconting Standards Boards), assunto que será tratado mais adiante neste caderno. ESTUDOS FU TUROS Mais adiante, neste Caderno de Estudos, será visto em detalhe o IASB (International Acconting Standards Boards). As alterações realizadas pela Lei nº 11.638/07 na lei das S.A. levaram a mudanças fundamentais, principalmente a assuntos referentes ao conteúdo e formato das demonstrações contábeis, apoiada pela Deliberação da CVM nº 506/06 e mais tarde pela Medida Provisória nº 449/2008, transformada na Lei nº 11.941, no ano de 2009. A Medida Provisória nasceu de uma dificuldade quanto ao texto da Lei nº 11.638/07 (FIPECAFI, 2010). TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL 11 A nova Lei nº 11.638/07 determinava em seu artigo 177, inciso 7º que os ajustes realizados com objetivo de convergir as normas contábeis brasileiras para as normas contábeis internacionais não poderiam servir de base para incidência de impostos e qualquer contribuição ou qualquer outro efeito tributário. No entanto, a própria Receita Federal manifestou sua dificuldade em reconhecer tal neutralidade tributária. Assim, o Governo editou a Medida Provisória nº 449/2008 com que reconhece a total neutralidade tributária referida pela lei nº 11.638/07 e aproveitou para corrigir certos desvios que ocorreram devido a mudanças do cenário mundial durante os tramites da nova legislação no executivo. (FIPECAFI, 2009). A seguir, no quadro, estão apresentadas as principais novidades trazidas pela Lei nº 11.638/07 e pela MP nº 449/2008: Novidade Onde encontrar 1 Inclusão de duas novas demonstrações contábeis: Demonstração do Fluxo de Caixa e a Demonstração do valor Adicionado. Lei nº 11.683/07 arts. 176/188 da Lei nº 6.404/76 (CPC 03 e 09). 2 Novos grupos dentro do Ativo e Passivo no Balanço Patrimonial. MP nº 449/08, art. 36 e arts. 178/ 179 da Lei nº 6404/76; (CPC 13). 3 Criação de uma nova conta: Intangível. Lei nº 11.683/07 arts. 178/179 da Lei nº 6.404/76 (CPC 04). 4 Imobilizado. Classificam-se também no imobilizado, inclusive os bens decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens/ Arrendamento mercantil. Lei nº 11.683/07 art. 179 da Lei nº 6.404/76 (CPC 27 e 06). 5 Redução do ativo ao valor recuperável/ Análise da Recuperação. Lei nº 11.683/07 art. 183 da Lei nº 6.404/76 (CPC 01) 6 Eliminação da conta do Ativo Deferido. MP nº 449/08, art. 37 e inciso X do art. 65 e Lei nº 6404/76, art. 299. 7 Eliminação da conta de Resultado de Exercícios Futuros. MP nº 449/08, art. 37 e inciso X do art. 65 e Lei nº 6404/76, art. 299 - B. 8 Nova conta de PL: Ajuste de Avaliação Patrimonial. Lei nº 11.683/07 art. 178/182 da Lei nº 6.404/76 e MP nº. 449/08 art. 36 e 57. 9 Eliminação da conta de Reserva de Capital/ Vedada a constituição de Reserva de Capital no BP/ Subvenções de Investimentos e Doações/ Prêmio recebido na emissão de debêntures. Lei nº 11.683/07 arts. 178/182 da Lei nº 6.404/76 (CPC 07). QUADRO 4 – PRINCIPAIS NOVIDADES TRAZIDAS PELA LEI Nº 11.638/07 E MP Nº 449/2008 UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 12 10 Vedada a abertura da conta de Reavaliação de Bens. Lei nº 11.683/07 arts. 178/182 da Lei nº 6.404/76 11 Vedada a abertura ou permanência da conta Lucros Acumulados no BP, a destinação dos lucros seguir critério da CVM. Lei nº 11.683/07 arts. 176/178 da Lei nº 6.404/76 e MP nº 449. 12 Classificação da conta Ações e Tesouraria no PL. Lei nº 11.683/07 art. 178 da Lei nº 6.404/76. 13 Criação da Conta Reserva de Incentivos Fiscais no PL. Lei nº 11.683/07 art. 195 da Lei nº 6.404/76. 14 Na conta Reserva de Lucros – a realizar criada nova base/ Limite do saldo das Reservas de Lucros. Lei nº 11.683/07 art. 195 - A da Lei nº 6.404/76. 15 Novo critério de avaliação de ativos, em relação às aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos – Valor Justo. Lei nº 11.683/07 art. 182 da Lei nº 6.404/76 (CPC 14). 16 Novo critério de avaliação das operações de longo prazo – Valor Presente. Lei nº 11.683/07 arts. 183/184 da Lei nº 6.404/76 (CPC 12). 17 Eliminação da expressão não operacional da Demonstração do Resultado do Exercício/Participação nos lucros incluir parte beneficiária. Lei nº 11.683/07 art. 187 da Lei nº 6.404/76 e MP nº 449, arts. 36 e 58. 18 Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão – avaliação e contabilização a critério da CVM. Lei nº 11.683/07 art. 226 da Lei nº 6.404/76 e MP nº 449. 19 Nova definição de Coligada/Novo critério na Metodologia de Equivalência Patrimonial. Lei nº 11.683/07 arts. 248/243 da Lei nº 6.404/76 e MP nº 449, art. 36. 20 Critério de avaliação e contabilização de Operações societárias – critério da CVM. MP nº 449, art. 37. 21 Correção do texto das Demonstrações Financeiras Consolidadas. MP nº 449, art. 36. 22 Incorporações de Ações – subsidiária integral – critério da CVM. MP nº 449, art. 36. 23 Consórcio de empresa – correção do texto. MP nº 449, art. 36. 24 Instituições Financeiras (Cia. Aberta) seguir a legislação bancária. MP nº 449, art. 59. 25 Melhor transparência nas informações contábeis nas Notas Explicativas. MP nº 449, art. 36 2 art. 176 da Lei nº 6.404/76. 26 Recomendação da adoção dos padrões internacionais as Demonstrações Financeiras das Cias. Abertas e Cias. Fechadas Lei nº 11.683/07 e art. 177, § 5º e 6º da Lei nº 6.404/76. 27 Separação da escrituração contábil da fiscal/Contabilidade Societária e Ajustes Fiscais – neutralidade fiscal, por meio da criação temporária do RTT (Regime Tributário Transitório). Lei nº 11.683/07 art. 177 da Lei nº 6.404/76 e MP nº 449, art. 36. (CPC 13). FONTE: Adaptado de: Azevedo (2009). TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL 13 Conforme se observa no quadro anterior, várias foram as novidades apresentadas às empresas pela nova legislação contábil e pela MP nº 449/2008 aos padrões contábeis brasileiros, principalmente referentes às demonstrações contábeis. Quanto à MP 449/2008, uma de suas maiores contribuições pode ser a separação entre aquela contabilidade que tem como objetivo gerar informações para seus usuários externos, daquela contabilidade voltada para uso do fisco, isto é, a contabilidade tributária (FIPECAFI, 2009). Já a Lei nº 11.638/07, sua maior contribuição está na contribuição ao processo de harmonização contábil internacional. Não esquecendo que as alterações realizadas pela Lei nº 11.638/07 na lei das Sociedades por Ações abarcam as empresas de capital aberto, fechado e se estendem às empresas de grande porte. DICAS A Lei nº 11.638 de 2007, a MP nº 449/2008 e a Lei nº 11.941 de 2009 estão disponíveis no site: <www.cpc.org.br>. 2.3 SOCIEDADE DE GRANDE PORTE Sociedades de Grande Porte de acordo com Lei nº 11.638/07, art. 3º, parágrafo único, estabelece que é aquela “sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais)”. A referida legislação não detalha as características que uma empresa deve ter para se qualificar como uma “Sociedade de Grande Porte” assim, para sua classificação fica a referência do porte da companhia. É importante destacar que o artigo 3º da nova legislação tinha como objetivo incluir as empresas constituídas como limitadas aos seus critérios. Assim, tirava das mãos da empresa a opção, entre outras obrigações, a publicaçãodas suas demonstrações contábeis. Entre as sociedades possíveis de se classificarem como Sociedade de Grande Porte, encontram-se, segundo Azevedo (2009): a) Sociedades Simples (art. 997, CC); inclusive as Cooperativas (art. 1.093 CC); Sociedades em Nome Coletivo (art. 1.039, CC); Sociedade em Comandita Simples (art. 1.045, CC); UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 14 b) Sociedade Fechada: Sociedade de Economia Mista (art. 235); Sociedade em Comandita por Ações (art. 280 S/A. e art. 1.090, CC), todas as anteriormente citadas já são S/A, porém, podem também ser enquadradas como Grande Porte, desde que atendam aos requisitos citados acima. Quando a obrigatoriedades, de acordo com o mesmo autor (2009), estas sociedades estão obrigadas, a partir de 2008, a Lei nº 6.404 de 76, porém, apenas ao que diz respeito às regras da escrituração contábil conforme artigo 177, da auditoria também conforme o artigo 177 (inciso 3º) e das demonstrações financeiras conforme artigo 176 da referida legislação. A seguir é apresentado um resumo das determinações da Lei nº 6.404/76 em seus artigos 177 e 179 às empresas de grande porte: • Escrituração Contábil (artigo 177): a realização de sua escrituração deve seguir os princípios contábeis. O regime de competência deve ser aplicado às normas internacionais, à assinatura das demonstrações contábeis e à realização dos ajustes contábeis que devem ser eliminados para fins de apuração fiscal. • Elaboração das Demonstrações Financeiras (artigo 179): as sociedades estão obrigadas à elaboração das seguintes demonstrações: Balanço Patrimonial; Demonstrações do Resultado do Exercício; Demonstrações dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (podendo ser incluída a demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, conforme artigo 189 da referida legislação); Demonstrações do Fluxo de Caixa; Demonstração do Valor Adicionado (apenas para sociedade aberta), Parecer do Auditor Independente; e Notas Explicativas (não esquecendo as diretrizes exigidas pelo Comitê de Pronunciamento Contábil e do Conselho Federal de Contabilidade, e sua consonância com as normas internacionais de contabilidade). • Auditoria Independente (artigo 177, inciso 3º): todas as demonstrações financeiras devem ser auditadas por um auditor independente, este profissional deve ser registrado na Comissão de Valores Mobiliários, conforme exigência da profissão e legislação. A Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/2008 levaram às Sociedades de Grande Porte novas exigências, conforme segue: • Vedada a constituição da Reserva de Reavaliação. • Criação da conta do Intangível. • Novo conteúdo para contas do Imobilizado. • Extinção da conta Lucros Acumulados. • Criação da conta Ajuste de Avaliação Patrimonial. • Equivalência Patrimonial nos Investimentos em outras sociedades. • Avaliação do Ativo e Passivo. • Eliminação das contas do Diferido e Resultado do Exercício Futuro (MP 449/2008). TÓPICO 1 | CRESCIMENTO DO ENSINO E DA CONTABILIDADE NO BRASIL 15 • Extinto para fins societários, o termo não operacional da DRE (MP 449/2008). • Novos grupos patrimoniais para Ativo e Passivo (MP 449/2008). • RRT (Regime Tributário Transitório) para 2008/2009 (MP 449/2008). Assim, observa-se que a nova lei, além de abarcar todas as sociedades sujeitas à Lei das Sociedades por Ações é estendida a sociedades de grande porte. 16 Neste tópico, você viu que: • A evolução do ensino da contabilidade no Brasil data do início do século XX. A primeira escola especializada no ensino da contabilidade surgiu em 1902, com a criação da escola Alvares Penteado. O primeiro curso superior de Ciências Contábeis e Atuarias do Brasil foi aprovado apenas em 1945. • Na sequência foi abordada a Lei das Sociedades Anônimas nº 6.404/1976. E as novidades contábeis trazidas às empresas sujeitas a ela, como por exemplo, a criação dos registros auxiliares para atender à exigência fiscal. Destacou-se que tal legislação apresentava também, aspectos referentes ao mercado financeiro, como por exemplo, as características das companhias classificadas como Sociedades Anônimas ou Sociedade por Ações. • Apresentaram-se também, as várias formas de se constituir uma empresa: sociedade em comandita espécie, em nome coletivo, em cota de participação, em comandita por ações, anônima ou companhia e por cotas de responsabilidade limitadas. • Foi dada maior ênfase nas empresas classificadas como Sociedades Anônimas, explorando o seu conceito, características, objetivo social e os tipos de empresas classificadas como S.A. Conjuntamente, explicando a diferença entre os tipos de ações que constituem o capital de tal tipo de organização, ou seja, ações ordinárias e ações preferencias. • Abordou-se o cenário contábil hoje e o surgimento da Lei nº 11.638/07, demonstrando que o objetivo de tal legislação foi o de atualizar as regras contábeis nacionais a nova realidade da economia brasileira e facilitar o processo de harmonização das normas contábeis brasileiras as normas internacionais de contabilidade. Concomitante a isto foram apresentadas as alterações que a Lei nº 11.638/07 fez na Lei nº 6.404/76. • Na sequência, abordaram-se as novas classificações de empresas criadas pela Lei nº 11.638/07, chamadas de Sociedades de Grande Porte. Foi demonstrado o conceito dessas sociedades, como uma empresa se qualifica como tal, as obrigações para estas empresas, como por exemplo, quanto à escrituração contábil, à elaboração das demonstrações contábeis e à auditoria independente. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 A Lei nº 6.404 data de 1976 e ficou conhecida como a Lei das Sociedades por Ações. Assim, com relação a esta legislação é correto afirmar que: I- A criação da nova lei levou as empresas a elaborarem suas demonstrações contábeis de acordo com a escrituração contábil embasadas nos princípios contábeis. II- A Lei das Sociedades por Ações sofreu forte influência da escola americana contábil. III- Entre as novidades trazidas pela lei das Sociedades por Ações encontramos a consolidação do balanço. IV- Esta legislação não se aplica às empresas de capital aberto. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I, II, e III estão corretas. b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas. c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. d) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas. 2 Com relação à formação do capital das Sociedades Anônimas classifique as afirmativas em V para as verdadeiras e F para as falsas: ( ) O capital deste tipo de empresa é composto de dois tipos de ações: as preferenciais e as ordinárias. ( ) A ações ordinárias dão ao seu dono a preferência no recebimento dos dividendos, já as preferenciais dão aos seus donos o poder de tomar decisões organizacionais. ( ) A negociação das ações deste tipo de empresa apenas é negociado no mercado financeiro do país se a companhia estiver devidamente registrada na Comissão de Valores Mobiliários – CVM. ( ) A responsabilidade dos acionistas das Sociedades Anônimas é proporcional à parte que lhe cabe das ações, ou seja, da sua parte na empresa. 3 Com relação a Lei nº 11.638 de 2007, é correto afirmar que: a) ( ) A referida legislação anulou completamente a lei nº 6.404 de 1976. b) ( ) A referida legislação revogou e alterou apenas alguns artigos da lei nº 6.404 de1976. c) ( ) A referida legislação não tem como objetivo facilitar a harmonização das normas contábeis brasileiras às normas internacionais de contabilidade. d) ( ) Em 2008, entrou em vigor a lei nº 11.638, porém nenhum procedimento contábil foi alterado com a nova legislação. AUTOATIVIDADE 18 4 Algumas novidades foram apresentadas com a aprovação da Lei nº 11.638 de 2007. Assinale as afirmativas CORRETAS: a) ( ) As principais novidades são em relação às demonstrações contábeis. b) ( ) Foi incluída nova definição de empresa coligada. c) ( ) Não foi incluída a definição de Sociedade de Grande Porte, pois já existia tal definição com a Leinº 6.404/76. d) ( ) Recomendação da adoção dos padrões internacionais às demonstrações financeiras; das Cias. abertas e Cias. fechadas. 5 Com relação às Sociedades de Grande Porte, é correto afirmar que: a) ( ) A classificação Sociedade de Grande Porte foi criada com a Lei 11.638/07. b) ( ) Todas as empresas de capital aberto são classificadas como Sociedade de Grande Porte. c) ( ) As empresas classificadas como Sociedade de Grande Porte não são obrigadas a publicarem Demonstrações contábeis. d) ( ) Este tipo de sociedade não pode participar do mercado financeiro do país. 19 TÓPICO 2 A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A cada dia maior se torna a interdependência entre mercado e países, devido ao avanço da tecnologia da informação e das telecomunicações que estabeleceram este novo cenário, impondo mudanças às empresas atuais para que elas mantenham seus negócios. Nesse contexto, o avanço geográfico das entidades e a busca por novos investidores realçam a importância da qualidade das informações contábeis. As informações contábeis são úteis para os usuários se elas os ajudam no processo de tomada de decisão, contudo, o bom entendimento destas informações é consequência da transparência e clareza das normas em que elas estão inseridas, pois diferentes interpretações levam a pouca credibilidade das informações contábeis. Todavia, cada país adota princípios, regras e procedimentos contábeis próprios que divergem uns dos outros. Tal situação leva a grandes dificuldades de transpor as contas da empresa de um país para outro, tanto no intuito de entrar em um novo mercado ou para efeitos de consolidação. As dificuldades que uma empresa enfrenta ao tentar entrar em um novo mercado começam com as diferenças das normas contábeis de um país para outro, entretanto para que este obstáculo seja transpassado é preciso que muitos outros também sejam deixados de lado, pois as mudanças das normas contábeis não aconteceram de um dia para outro. É preciso burlar diferenças culturais, políticas, jurídicas, profissionais entre outros. Assim, devido à relevância do tema, este capítulo abordará o processo de harmonização das normas contábeis brasileiras às normas contábeis internacionais, evidenciando as principais razões que levam às diferenças internacionais, verificando e avaliando os principais obstáculos no processo de harmonização das normas internacionais, analisando as vantagens e desvantagens da harmonização, as informações contábeis e suas características qualitativas e por fim os usuários e suas características. UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 20 2 PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS NACIONAIS ÀS NORMAIS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS O primeiro passo dado pelo Brasil rumo à harmonização contábil internacional foi no ano de 2007, com a aprovação da Lei nº 11.638. No entanto, a busca pela convergência contábil internacional no Brasil, teve seu início com as mudanças econômicas sentidas com a abertura do mercado brasileiro na década de 1990, que trouxe um aumento do fluxo de capitais estrangeiros entrando no Brasil e o próprio aumento da captação de recursos de empresas brasileiras no mercado de capitais internacional. A fim de se entender o processo de convergência, define-se harmonizar e padronizar: harmonizar é tornar duas ou mais coisas parecidas, porém, conservadas as peculiaridades de cada um. Já padronizar é tornar algo uniformizado, e uniformizar não gera espaço para as singularidades de cada país. (NIYAMA, 2008). Dessa forma, usar o termo “harmonização contábil” é mais apropriado para o processo de convergências das normas brasileiras às normas internacionais, ao invés de falarmos em “padronização contábil”. De acordo com o autor acima citado, a internacionalização das normas contábeis brasileiras é classificada como uma harmonização destas normas e não padronização. A padronização destas geraria uma série de conflitos, ainda maiores do que as enfrentadas pelo processo de harmonização hoje. Estes conflitos decorreriam em função da dificuldade de igualar as normas em países completamente diferentes, seja em questões culturais, fiscais, geográficas e outras. A harmonização contábil não tem o objetivo de acabar com as diferenças entre os países, mas, sim, tornar a contabilidade compreensível, isto é, levar a informação contábil legível e útil em suas decisões independente do seu país de origem. A harmonização contábil se dará por meio da convergência das normas nacionais contábeis às normas contábeis internacionais, mais conhecidas como IFRS. (MOURAD, 2010). A harmonização representa, portanto, o equilíbrio ou ponto intermediário entre o padrão contábil de cada país em relação ao padrão estabelecido pelas normas internacionais de contabilidade. ATENCAO TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL 21 Na visão de Niyama (2008), a harmonização contábil é um processo no qual cada país conservará suas particularidades, porém harmonizará seus sistemas contábeis com outros países a fim de facilitar a troca, interpretação e compreensão das informações, contribuindo para redução das diferenças internacionais entre os relatórios contábeis, permitindo assim a comparabilidade das informações contida nestes. O Conselho Federal de Contabilidade, em sua Resolução nº 1.055/05 destaca como principais objetivos da harmonização das normas contábeis: • A redução de riscos em investimentos internacionais quer sob a forma de empréstimos ou participações societárias, além da redução dos riscos comerciais, facilitando um melhor entendimento das demonstrações contábeis por parte dos investidores, financiadores e fornecedores. • Maior facilidade no entendimento da linguagem internacional de contabilidade, com a apresentação de informações mais homogêneas. • Diminuição do custo de capital ocorrido no processo de harmonização. A harmonização contábil deve ser vista como um processo que visa diminuir as diferenças entre as práticas contábeis dos países, sem desconsiderar as diversas diferenças entre eles. 2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL O processo de harmonização das normas internacionais de contabilidade proporciona um conjunto de vantagens de natureza contábil, principalmente para os seus usuários. Niyama (2008) afirma que uma das vantagens da harmonização contábil, para países emergentes que buscam investidores e recursos estrangeiros, está no fato destes apresentarem seus relatórios contábeis em padrões internacionais, facilitando assim a leitura das informações presentes. Esses relatórios harmonizados geram certa segurança e maior transparência quando comparados àqueles relatórios ainda não harmonizados. Antunes, Antunes e Penteado (2007) também defendem que a adoção das normas internacionais de contabilidade está associada a benefícios econômicos concretos na forma de atração de maior volume de investimento, uma vez que a demanda por informações contábeis confiáveis e comparáveis para suportar a variedade de transações e operações deste mercado, ou seja, quanto maior a transparência, clareza e compreensibilidade, das informações financeiras das empresas, menor será o risco percebido por um investidor a sua aplicação e também menor será o investimento na empresa para redução de custos. UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 22 Mais uma vantagem apresentada pela convergência das normas contábeis aos padrões internacionais, é o aumento da facilidade de comunicação internacional no mundo dos negócios com o uso de uma linguagem contábil bem mais homogênea. Pois, a adoção de padrões contábeis compreensíveis para o universo global dos investidores pode ser visto como um ponto vital no processo de atração de recursos externos. (ANTUNES; ANTUNES; PENTEADO, 2007). Destaca-se ainda, a redução dos custos para empresas multinacionais com matriz e filial sediadas em países diferentes, uma vez que havia um gasto considerável para mantere gerenciar sistemas contábeis diferentes devido às exigências contábeis diversificados. A harmonização facilitará também, a elaboração das demonstrações contábeis consolidadas entre este tipo de matriz e suas filiais, pois era necessária a realização de ajustes devido às diferenças nos critérios contábeis. (NIYAMA, 2008). A internacionalização das normas irá facilitar também as negociações internacionais, contribuindo para fixação de preços e decisão de obtenção de recursos econômicos, tornando os mercados financeiros internacionais mais eficientes. Outra vantagem da harmonização contábil será a possibilidade de aumento do capital das empresas por meio de emissão de ações, pois em função do pequeno valor de resultados que podem ser retidos para o financiamento de novos projetos, o mercado financeiro internacional passa a ser uma saída para a obtenção destes recursos de capitais. Acredita-se também que outra vantagem seria a maior consistência das informações contábeis, segundo Niyama (2008) e consequentemente do mercado financeiro, uma vez que os usuários internos e externos pudessem se basear no mesmo arcabouço de princípios e normas contábeis, pois a adoção de padrões contábeis compreensíveis para o universo global dos investidores é um ponto vital no processo de atração de recursos externos. Mesmo que tenhamos muitas razões para defender a harmonização contábil, ela também desperta algumas desvantagens. Assim, como desvantagem do processo de harmonização contábil encontramos a redução das opções de escolha de práticas contábeis apropriadas ao país. Uma vez que a contabilidade passará a ter um padrão único no seu contexto prático. Destacamos também que o progresso da contabilidade pode sofrer certos danos, pois práticas contábeis bem difundidas nos países serão deixadas de lado. Dessa forma, as diferenças que levam a academia contábil às discussões e estudo das práticas poderão ser esquecidas. Outra desvantagem da harmonização contábil, segundo Antunes, Antunes e Penteado (2007), é que este processo não leva em conta as diferenças fundamentais entre os países, como por exemplo, diferenças de cultura, da economia, religiosa entre outras, e que estas diferenças refletem nas práticas contábeis dos países. E estas diferenças podem dificultar, em muito, uma total harmonização. TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL 23 2.2 RAZÕES QUE LEVAM AS DIFERENÇAS INTERNACIONAIS Mesmo a contabilidade sendo considerada a “linguagem dos negócios”, ela não é homogênea entre os países. Várias são as razões que levaram as diferenças das práticas contábeis internacionais. Características culturais, religiosas, políticas, econômicas, sistema legal, profissionais, acadêmicas entre outras são razões que influenciam, diretamente, na forma de reconhecimento e mensuração da contabilidade de um país, e consequentemente levando as práticas contábeis diferenciadas. Nesse sentido, Weffort (2005) elaborou um resumo das principais causas listadas pelos estudiosos do assunto, que levam as divergências nas práticas e normas contábeis, conforme exposto no quadro a seguir: Razões Genéricas Razões Específicas Características e necessidades dos usuários das demonstrações contábeis. - Nível de educação e sofisticação dos usuários (especialmente, do gestor de negócios e da comunidade financeira). - Tipo de sistema de financiamento. - Características das empresas: tamanho, complexidade, multinacionalidade, endividamento etc. Características dos preparadores das demonstrações contábeis (contadores). - Sistema de educação profissional dos contadores. - Status, idade e tamanho da profissão contábil. Modos pelos quais se pode organizar a sociedade sob a qual o modelo contábil se desenvolve. - Sistema político. - Sistema econômico e nível de desenvolvimento. - Sistema jurídico. - Sistema fiscal. Aspectos culturais. - Valores culturais. - Religião. - Linguagem. Outros fatores externos. - Históricos (principalmente, invasões e herança colonial). - Geográficos. - Laços econômicos e políticos. QUADRO 5 – PRINCIPAIS RAZÕES QUE LEVAM ÀS DIVERGÊNCIAS NAS NORMAS E PRÁTICAS CONTÁBEIS ENTRE OS PAÍSES FONTE: Weffort (2005, p. 42) Para colaborar com a autora anteriormente citada, foram diversas pesquisas realizadas a fim de identificar as principais causas das diferenças encontradas nos relatórios contábeis mundo a fora. Nesse sentido, Niyama (2008) apresenta mais sete razões que Elliot e Elliot (2002) listaram como razões que levam às divergências contábeis: UNIDADE 1 | PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL MUNDIAL 24 • Aspectos do sistema legal do país; característica da base do direito do país. • A forma como as empresas buscam seus recursos, seja no mercado acionário ou com credores: as empresas normalmente buscam dinheiro em bancos ou outra forma de financiadora ou no mercado financeiro do seu país. • A relação entre o fisco e a contabilidade: a influência que o fisco tem na contabilidade ou vice-versa. • A influência e o status da profissão contábil: o poder que o contador tem de influenciar na elaboração das normas contábeis. • O grau de desenvolvimento do ensino e da teoria da contabilidade: a capacitação do profissional contábil e o desenvolvimento teórico da contabilidade. • Acidentes históricos: descobertas, guerras religiosas e outras. • A forma de comunicação – linguagem: diversas línguas pelo mundo. Dessa forma, as razões que levam as diferenças nas práticas contábeis são consequências de diversas características ambientais, assim elas não devem ficar engessadas, pois as causas anteriormente listadas se entrelaçam, e, na maioria das vezes, uma influência na outra. A ligação entre as causas como, por exemplo, questões culturais e religiosas sempre influenciam na politica de um país, laços econômicos e políticos influenciam no sistema fiscal e assim por diante. Diante disto, Niyama (2008) comenta ser natural que o sistema contábil de um país seja influenciado pelas suas políticas, filosofia, leis entre outros, pois cada país busca proteger seus interesses. 2.2.1 Aspectos do sistema legal do país A característica do sistema legal vigente no país influencia diretamente na contabilidade e consequentemente na adoção das normas internacionais de contabilidade. Entre os autores existe um consenso na classificação do sistema jurídico de um país, onde se diferenciam em dois grandes grupos, sendo chamados de Common-law e Code-law. Os países classificados como países Code-law são aqueles que possuem como base do seu sistema jurídico o direito romano. Entre os aspectos do direito romano está o alto grau de detalhamento das normas e regras apresentadas, onde tudo deve ser rigorosamente encontrado na legislação. A cultura de um país Code-law pode ser vista na contabilidade, isto é, a normatização contábil é fortemente influenciada pelo governo, refletido na legislação tributária. Há pouca flexibilidade na apresentação e elaboração das suas demonstrações. As informações contidas nestes relatórios possuem seu foco em usuários como o credor e o governo, logo um maior protecionismo dos mesmos, pois as empresas buscam seus recursos junto a eles e não no mercado financeiro (investidores). TÓPICO 2 | A HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL 25 2.2.1 Aspectos do sistema legal do país Como reflexo da forte influência do governo na elaboração da legislação contábil, temos uma profissão fraca e pouco influente, ou seja, a sua atuação é voltada para atender às necessidades do governo e dos credores, como bancos. Já países classificados como Common-law são aqueles que possuem sua base jurídica no direito anglo-saxônico. Como forte característica desse modelo destaca-se o pouco detalhamento da legislação e foco principal no que não se deve fazer. Em culturas Common-law, pressupõe-se que, se não está escrito na lei, é aceito. Para países anglo-saxônicos é importante levar em consideração o consenso popular. Assim, sua cultura, costumes e tradições são
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