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1 Centro Universitário de Patos de Minas Patos de Minas, 2020 2 Professores de Linguagem e Comunicação Centro Universitário de Patos de Minas 3 Centro Universitário de Patos de Minas PLANO DE ENSINO ANO LETIVO PERÍODOS CARGA HORÁRIA 2020 1º e 2º Semestral: 80h – Semanal: 4h Identificação da disciplina: Linguagem e Comunicação EMENTA A noção de linguagem como interação e o domínio de mecanismos linguísticos (gramaticais) e discursivos que permitam ao usuário da língua não só a leitura eficiente de textos variados, mas também a produção deles, a fim de que possa interagir e atuar sobre o(s) outro(s), social e profissionalmente. OBJETIVO GERAL Ler e produzir textos de maneira eficiente, considerando o interlocutor, o contexto de produção, a circulação e o papel dos textos numa dada comunidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Aplicar as etapas para uma leitura analítica em atividades de leituras acadêmicas e profissionais. Reconhecer não só a diferença entre opinião e informação, mas também o processo intertextual na produção e na recepção de textos. Dominar mecanismos linguísticos que permitam a leitura e a produção de textos com coesão e coerência e com progressão e articulação. Detectar informações implícitas para desenvolver a leitura eficiente de textos diversos. Compreender textos nos aspectos linguísticos, argumentativos e expressivos para desenvolver habilidade de interação por meio da língua. Produzir textos que possibilitem uma participação social e profissional efetiva. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1 ETAPAS PARA LEITURA ANÁLITICA 1.1 Análise textual 1.2 Análise temática 1.3 Análise interpretativa 2 PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DE TEXTOS 2.1 Opinião e informação 2.2 Intertextualidade 03 TEXTO E SUA TEXTUALIDADE 3.1 Coerência textual 3.2 Coesão referencial 3.3 Coesão sequencial 4 INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS 4.1 Subentendidos 4.2 Pressupostos 5 ARGUMENTAÇÃO 5.1 Recursos argumentativos 5.2 Falácias da argumentação 6 GÊNEROS TEXTUAIS ACADÊMICOS 6.1 Esquema 6.2 Resumo 6.3 Resenha ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 4 Os discentes farão leituras de textos variados e de fontes diversas, selecionados pelo professor, voltados, direta ou indiretamente, à área de atuação escolhida, com a finalidade de reconhecer, de interpretar e de analisar os apontamentos teóricos feitos nas aulas. Será contemplada também a produção de textos a partir das leituras recomendadas. METODOLOGIA Para que se alcancem os objetivos propostos nas aulas de Linguagem e Comunicação, serão adotados os seguintes procedimentos didático-metodológicos: aulas expositivas, estudos de textos, debates, apresentação de seminários, oficinas de leitura e produção de textos. RECURSOS DIDÁTICOS Coletânea de textos e atividades, quadro, giz, textos selecionados de revistas, jornais e livros, datashow, vídeo, salas de computadores e outros recursos necessários ao desenvolvimento das aulas. AVALIAÇÃO Do discente: a avaliação, que consiste em um processo contínuo e permanente, será concebida e utilizada nesta disciplina como elemento constitutivo do processo ensino-aprendizagem que permite identificar, qualitativa e quantitativamente, os avanços e as dificuldades na concretização dos objetivos propostos. No decorrer do semestre letivo, serão distribuídos 100 (cem) pontos, da seguinte forma: 1. Quarenta (40) pontos distribuídos pelo docente da disciplina, por meio da realização de provas e/ou outras atividades de avaliação. 2. Vinte (20) pontos distribuídos pelo professor orientador do Projeto Integrador; 3. Vinte (20) pontos atribuídos na Avaliação Colegiada (AC), elaborada pelo professor da disciplina, sob supervisão do Núcleo Docente Estruturante (NDE), considerando-se a ementa trabalhada durante o semestre; 4. Vinte (20) pontos atribuídos na Avaliação Integradora (AVIN), considerando-se as ementas de todas as disciplinas trabalhadas durante o semestre. Do docente: os alunos avaliarão o desempenho e a atuação do professor por meio de instrumento elaborado pela CPA. BIBLIOGRAFIA BÁSICA ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. 4. ed. São Paulo: Parábola, 2008. FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Oficina de texto. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. São Paulo: Ática, 2007. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR DISCINI, Norma. Comunicação nos textos: leitura, produção, exercícios. São Paulo: Contexto, 2010. GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever aprendendo a pensar. 27. ed. atual. Rio de Janeiro: FGV, 2011. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 2012. KOCH, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz C. A coerência textual. 18 ed. São Paulo: Contexto, 2012. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 2. ed.São Paulo: Parábola, 2008. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Elaborar sínteses; comunicar-se eficientemente nas formas escritas, oral e gráfica; ler e interpretar textos; analisar e criticar informações; extrair conclusões por indução e/ou dedução; estabelecer relações, comparações e contraste em diferentes situações; detectar contradições; argumentar coerentemente. 5 Capítulo 1: Leitura analítica Neste capítulo, você vai refletir sobre a importância da leitura na formação de um cidadão. Para isso, você vai ler textos que abordam a temática da leitura. Simultaneamente a isso, você irá conhecer as etapas para uma leitura analítica, as quais podem contribuir para o seu aprimoramento como leitor. A seguir, é apresentado um roteiro para efetivar uma leitura analítica. ROTEIRO PARA UMA LEITURA ANALÍTICA Faça uma leitura seguida e completa do texto. Assinale os pontos desconhecidos, como vocabulários, fatos, entre outros, e busque esclarecimentos sobre eles. Indique o tema do texto. Responda à seguinte pergunta: “De que o texto fala”? Explicite como o assunto do texto foi problematizado. Aponte a ideia principal do texto (tese). Ela constitui a resposta ao problema levantado. Identifique os argumentos utilizados pelo autor para demonstrar a tese. Avalie o texto (alcance dos objetivos propostos, logicidade na apresentação das ideias, argumentação sólida, originalidade na abordagem do tema, contribuição do texto etc.). Monte o esquema e faça o resumo do texto. Uma ferramenta de estudo muito eficaz é o ESQUEMA. Ele contribui para um estudo mais ativo, possibilita uma melhor compreensão do texto/conteúdo, permite a organização das ideias, desenvolve o espírito crítico, favorece a memorização, indica as relações de hierarquia entre as várias ideias, faculta o estudo dos textos ou apontamentos com mais facilidade. Para elaborar um bom esquema são necessários alguns cuidados: 1) ler bem o texto, fazendo, pelo menos, duas leituras; 2) compreender o seu conteúdo; 3) identificar o tema, as ideias principais e secundárias; 4) ordenar a informação de uma forma lógica; 5) condensar as ideias em frases curtas; 6) não apresentar opiniões. Na academia, um habilidade muito importante é a elaboração de RESUMO. Ele é uma redução do texto original, procurando captar suas ideias essenciais, na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto. Não cabem, num RESUMO, comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado. Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espécie de "colagem". Essa "colagem" de fragmentos do texto original não é um resumo. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido. Para elaborarum bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global do texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura. Um RESUMO deve ainda apresentar: 1) correção gramatical e léxico adequado à situação escolar/acadêmica; 2) indicação de dados sobre o texto resumido, no mínimo autor e título; 3) menção do autor do texto original em diferentes partes do resumo e de formas diferentes; 4) menção de diferentes ações do autor do texto original (o autor questiona, debate, explica...); 5) texto compreensível por si mesmo. 6 1) Faça a leitura analítica de cada texto a seguir. Monte o esquema e elabore o resumo de cada texto. Texto 1: Ler e escrever; pensar e existir Muita gente escreve perguntando como se faz para escrever bem. Parece que, além do 1% de inspiração que está no DNA de qualquer aspirante a Shakespeare, o que é determinante são os 99% de transpiração. O que, em matéria de escrita, só significa uma coisa: ler. Ler é fundamental. Não só por uma série de razões práticas — aumenta o vocabulário, o conhecimento geral, a capacidade de expressão e a probabilidade de sucesso com as mulheres —, mas especialmente por despertar áreas adormecidas do cérebro. Ler a boa literatura assim como entrar em contato com artes plásticas ou música ativa a imaginação, a capacidade de abstração. Mas, mais importante, ler desenvolve a única capacidade realmente importante nessa vida, que é a de pensar. Passando um certo ponto de leitura, a estupidez fica impossível. Você não pode ler Marx e Smith e concordar com ambos sem se questionar sobre qual dos modelos econômicos faz mais sentido. O mesmo vale para Platão e Maquiavel quando se fala dos governantes; Sun Tzu e Gandhi sobre a guerra; Hobbes e Thoreau sobre obediência civil; Freud, Jung, Santo Agostinho e Paulo Coelho no que diz respeito à espiritualidade etc. A lista é infinita: para cada aspecto mais ínfimo da vida humana, há uma multidão de opiniões diferentes e, quando você entra nelas, é impossível que o seu cérebro, enferrujado por horas e horas de baboseira televisiva, não pegue no tranco e comece a trabalhar. Só há três dificuldades nesse processo. A primeira é gostar de ler. Quem lê por obrigação não passa de algumas dezenas de livros e nunca entende o prazer que é a leitura. Essa ideia de que literatura é algo enfadonho é, claro, herança de todos os professores limitados que lhe mandaram ler porcaria no colégio e depois fizeram provas ou pediram ―fichas de leitura‖ em que você, como papagaio, teve de repetir a história para provar que leu. Duas dicas: primeiro, leia o que lhe interessa, não espere o professor lhe pegar pela mão; segundo, lute contra a mediocridade dos seus professores, exija tratamento de ser pensante. A segunda dificuldade é saber o que ler. Lembro-me de ficar lendo as pessoas que eu admirava ou tinha respeito na minha infância para ver o que elas liam ou recomendavam e aí tentava ler o mesmo. Acabei lendo ―O Nascimento da Tragédia‖, de Nietszche, com uns 14 anos, achando que a tragédia mencionada era alguma hecatombe; nem ideia da tragédia grega, Sofócles ou Ésquilo. Ou seja, não dá certo. Outro caminho é ler os clássicos, aquilo que todo mundo já disse que é bom, de Homero a Proust. Mas não adianta dar caviar para quem nunca comeu lambari. Vai encher o saco. Comece lendo coisas que lhe interessem e que prendam a atenção, aos poucos você acaba migrando para a boa literatura, por causa das citações, referências e tal. Só não vá para aquela areia movediça de esoterismo, autoajuda e romance ―melacueca‖, que porcaria vicia. Por último, ―há uma pedra no meio do caminho‖. Acontece para muitos de, depois de ler meia dúzia de livros, achar que o seu lado da moeda é o único e rejeitar todo o resto como mentira. É a arrogância típica do ―imbecil‖. Cuidado para passar essa fase. Quanto mais se lê, mais se nota que se sabe pouco, quase nada. E que pouco na vida é imutável, definitivo, inquestionável. O que importa é desenvolver a capacidade de pensar e de julgar por si só. Até para entender que tudo o que está escrito acima pode não passar da mais absoluta idiotice. (IOSCHPE. Gustavo Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Data de publicação: 1º março 1999. Com adaptações). 7 Texto 2: Língua e poder ―A terapia teve um efeito idiossincrático com prognóstico favorável em caso de pronta supressão‖. Essa frase, enigmática para os não- iniciados nas sendas médicas, não significa muito mais do que ―o remédio teve efeito contrário, mas não causará problemas se for suspenso logo‖. Esse é um dos exemplos de jargão que consta da reportagem sobre linguagens técnicas publicada na semana passada no caderno Sinapse. O jargão é de fato inevitável, mas isso não significa que ele deva ser empregado em todas as ocasiões. Com efeito, toda profissão, do telemarketing à física de partículas, acaba por desenvolver um vocabulário específico, muitas vezes impenetrável para o leigo. Não apenas neologismos são criados como palavras comuns podem ter sua significação alterada. Em alguns casos, trata-se de uma necessidade. O jargão, no mínimo, economiza palavras, concentrando carga informativa em termos específicos. Quando um médico fala em ―miocardiopatia idiopática‖, ele está na verdade dizendo um pouco mais do que apenas ―problemas cardíacos de causa ignorada‖. No subtexto, um outro médico compreenderá que o paciente sofre de moléstia cardíaca de origem desconhecida e para a qual já foram descartadas as causas que mais comumente provocam doenças do coração. Em determinadas áreas científicas, os próprios objetos de estudo não passam de jargão. É o caso, por exemplo, da linguística, com seus morfemas, sintagmas e lexemas, e da física de partículas, com seus quarks, glúons e léptons. limite, sem o jargão, os fenômenos estudados não podem nem ser enunciados. Reconhecer a importância e a necessidade do jargão em certas situações não significa chancelar seu uso indiscriminado. Um médico ou um advogado que se dirijam a seus clientes em linguagem técnica incompreensível estão, na verdade, atendendo muito mal ao consumidor, que deve ter, em todas as ocasiões, acesso a uma explicação completa de sua situação em linguagem acessível. Infelizmente, as coisas nem sempre se passam assim. Desde que o mundo é mundo, profissionais de uma determinada área tendem a unir-se para manter sua arte impenetrável para o público em geral e, assim, aumentar seu poder. Não foi por outra razão que os escribas do antigo Egito complicaram desnecessariamente a escrita hieroglífica: era uma forma de conservarem e até de ampliarem sua posição hierárquica. Os tempos e as ciências mudaram, mas o princípio de complicar para valorizar-se permanece em vigor. Não devemos, é claro, ser ingênuos e acreditar que poderemos promover a plena igualdade através da língua. Democracia é, antes de mais nada, a arte de negociar, de aplicar o bom senso na solução de problemas. Nesse sentido, o bom profissional é aquele capaz de comunicar-se no melhor jargão com seus colegas, mas que consegue, sem grandes perdas, fazer-se entender pelo leigo. Os que ostensivamente abusam da linguagem técnica tendem a ser os menos capazes, os que mais precisam afirmar-se para não perder poder. (Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2906200302.htm>) 8 Texto 3: Palavras e ideias Há alguns anos, o Dr. Johnson O‘Connor, do Laboratório de Engenharia Humana, de Boston, e do Instituto de Tecnologia, de Hoboken, Nova Jersey, submeteu a um teste de vocabulário cem alunos de um curso de formação de dirigentes de empresas industriais (industrial executives), os executivos. Cinco anos mais tarde, verificou que os dez por cento que haviam revelado maior conhecimento ocupavam cargos de direção, ao passo que dos vinte e cinco porcento mais ―fracos‖ nenhum alcançara igual posição. Isso não prova, entretanto, que, para vencer na vida, basta ter um bom vocabulário; outras qualidades se fazem, evidentemente, necessárias. Mas parece não restar dúvida de que, dispondo de palavras suficientes e adequadas à expressão do pensamento de maneira clara, fiel e precisa, estamos em melhores condições de assimilar conceitos, de refletir, de escolher, de julgar, do que outros cujo acervo léxico seja insuficiente ou medíocre para a tarefa vital da comunidade. Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras são o revestimento das ideias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar. Como pensar que ―amanhã tenho uma aula às 8 horas‖, se não prefiguro mentalmente essa atividade por meio dessas ou de outras palavras equivalentes? Não se pensa in vácuo. A própria clareza das ideias (se é que as temos sem palavras) está intimamente relacionada com a clareza e a precisão das expressões que as traduzem. As próprias impressões colhidas em contato com o mundo físico, através da experiência sensível, são tanto mais vivas quanto mais capazes de serem traduzidas em palavras – e sem impressões vivas não haverá expressão eficaz. É um círculo vicioso, sem dúvida: ―... nossos hábitos linguísticos afetam e são igualmente afetados pelo nosso comportamento, pelos nossos hábitos físicos e mentais normais, tais como a observação, a percepção, os sentimentos‖. De forma que um vocabulário escasso e inadequado, incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio desenvolvimento mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a capacidade de observar, compreender e até mesmo de sentir. ―Não se diz nenhuma novidade ao afirmar que as palavras, ao mesmo tempo que veiculam o pensamento, lhe condicionam a formação. Há século e meio, Heder já proclamava que um povo não podia ter uma ideia sem que para ela possuísse uma palavra‖, testemunha Paulo Rónai em artigo publicado no Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, e mais tarde transcrito na 2ª edição de Enriqueça o seu vocabulário (Rio, Civilização Brasileira, 1965), de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais claro, tanto mais profundo e acurado é o processo mental da reflexão. Reciprocamente, quanto mais escasso e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunhido, do grito ou do gesto, formas rudimentares de comunicação capazes de traduzir apenas expansões instintivas dos primitivos, dos infantes e ... dos irracionais. (GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. 8. ed. Rio de Janeiro, FGV, 1980. p. 155-6). 9 Capítulo 2: Produção e recepção de textos Neste capítulo, você irá refletir sobre produção e recepção de textos. O texto é determinado pela finalidade comunicativa. Conforme Nicola, Florina e Ernani (2002), o falante, ao realizar um ato de comunicação verbal, escolhe, seleciona palavras para depois organizá-las e combiná-las, conforme a sua vontade. Esse trabalho de seleção e combinação não é aleatório, mas está diretamente ligado à intenção do produtor do texto, ou informar ou opinar, por exemplo. 2.1 Opinião e informação 1) Leia os textos a seguir para responder ao que se pede. Texto 1: Raquel Dodge defende que vaquejada vai contra a Constituição A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em parecer encaminhado ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que ―não é possível extrair da Constituição autorização para impor sofrimento intenso e para mutilar animais, com fundamento no exercício de direitos culturais e esportivos‖. No entendimento da PGR, a Emenda Constitucional 96/2017, que autoriza as vaquejadas em território brasileiro, é inconstitucional. A manifestação foi enviada ao ministro Dias Toffoli, relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5728) apresentada pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. A PGR lembra que a emenda aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado determina que práticas desportivas que utilizem animais não são consideradas cruéis, desde que sejam manifestações culturais. No entanto, a procuradoria entende que ―trata-se de uma ―ilogicidade insuperável não definir como cruéis essa práticas‖. Raquel Dodge considera a vaquejada, ainda que seja histórica em algumas regiões do país, incompatível com os preceitos constitucionais que obrigam a República a preservar a fauna, a assegurar ambiente equilibrado e, sobretudo, a evitar desnecessário tratamento que causam dor e sofrimento aos animais. ―Não há possibilidade de realizar vaquejada sem maus-tratos e sofrimento profundo dos animais‖, afirma a PGR. Na opinião de Raquel Dodge, não há dúvida de que animais envolvidos em vaquejadas são submetidos a condições degradantes e sistemáticas de lesões e maus-tratos, que caracterizam tratamento cruel. (Disponível em: <https://revistagloborural.globo.com/Noticias/noticia/2018/05/raquel-dodge-defende-que-vaquejada-vai- contra-constituicao.html>. Com adaptações). 1. Com que intenção o texto foi produzido? 2. A que recursos linguísticos o autor recorreu para que predominasse a imparcialidade na transmissão das informações? Texto 2: Dor garantida por lei Uma PEC (proposta de emenda constitucional) aprovada há pouco pela Câmara dos Deputados e prestes a ser confirmada pelo Senado determina que, ao contrário do que dispôs o STF (Supremo Tribunal Federal), o Brasil considere legal que se obrigue um boi a 10 correr numa arena entre dois cavalos montados por vaqueiros que tentam jogá-lo ao chão, puxando seu rabo. Em breve, traduzido para o legalês castiço e sob o nome fantasia de vaquejada, isso estará na Constituição. Na prática, significa que será constitucional encurralar — tornar indefeso — um boi e submetê-lo à chibata, de modo a infligir-lhe tal dor e pavor que, uma vez liberto, ele contrarie a sua natureza de animal lento e inofensivo e saia descontrolado pela arena, tentando fugir dos que o maltratam e dando ensejo a ser perseguido e derrubado pelos dois homens a cavalo. A Constituição garantirá que sua cauda, ao ser agarrada, puxada e torcida e sofrer brutal tração pelo vaqueiro, esteja sujeita ao rompimento dos ossos que a compõem ou, no mínimo, ao desenluvamento, que é a violenta retirada de pele e tecidos. O texto constitucional autorizará ainda que o boi sofra fraturas nas patas, ruptura de vasos sanguíneos e lesões nas vértebras, na medula espinal e nos órgãos internos. Pelo mesmo artigo, a Constituição propiciará aos cavalos o direito de também serem açoitados ao mesmo tempo em que o boi (para acompanhá-lo na velocidade) e terem o ventre retalhado pelas esporas em forma de estrela. A Constituição, já vergada ao peso de tantas emendas, acolherá tudo isso porque os congressistas não podem ficar mal com os eleitores das regiões em que a vaquejada é uma manifestação "cultural". A legalização da crueldade e da covardia não ameniza o sofrimento das vítimas, mas permite a seus algozes um sono bem pago e sem culpa. (CASTRO, Ruy. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2017/06/1893940-dor-garantida-por- lei.shtml>). 1. Com que intenção o texto foi produzido? 2. Esse texto mantém relação intertextual com outro texto. Justifique. Texto 3: Música de vaquejada Sou um vaqueiro experiente Filho de um nordestino Vaqueiro de muitas glórias Seguidor de um destino De ir atrás de Vaquejada Derrubando boi na faixa Com alegria de um menino. Solte o boi deixe correr Solte o boi e não bezerro Sou vaqueiro afamado Que trabalha o dia inteiro Pegar boi pelo cabo Puxar jogar por lado Fácil como um carneiro. Quando eu vejo o animal Saindo pelo portão O corpo treme todo Acelera o coração Disparo o meu cavalo Pego o bicho pelo rabo E faço rolarpelo chão. Minha vida é Vaquejada Sou um homem do Sertão Nasci comendo cobras Cresci domando alazão Tenho mulher, tenho filhos Vivo sempre em perigo Por honrar a profissão. (CARDOSO, Luiz Carlos Marques. Disponível em: <http://www.luizcarlosbill.com.br/blog/cordel/musica-de-vaquejada/>). 1. Com que intenção o texto foi produzido? A que recursos o autor recorreu para concretizar sua intenção? http://www.luizcarlosbill.com.br/blog/cordel/musica-de-vaquejada/ 11 2.2 Intertextualidade Pode-se dizer que textos são reuniões de várias vozes: polifonia. Essas vozes podem aparecer no texto de maneira explícita ou implícita. Nenhum texto se produz no vazio ou se origina do nada. Todo texto se alimenta, de modo claro ou subentendido, de outros textos. Um, ao retomar outro, tanto pode reiterar ou subverter as ideias presentes no texto ―original‖. O autor utiliza-o com o objetivo de apoiar ou de dizer algo totalmente diferente do que foi dito em outro texto, de criticar um ponto de vista, uma visão de mundo. Para Nicola, Florina e Ernani (2002), o conhecimento das relações entre os textos – e os textos utilizados como intertexto – é um poderoso recurso de produção e apreensão de significados. Quando um determinado autor recorre a outros textos para compor os próprios, certamente tem um motivo muito claro – a construção de significados específicos (crítica, reflexão, releitura, entre outras questões). Percorrer o caminho inverso, ou seja, buscar esse motivo e reconstruir o processo de produção leva a desvendar tais significados, pois um texto completa outro, lança luz sobre o outro. É o exercício da leitura que irá garantir tudo isso. 1) Leia, com atenção, os textos seguintes para responder ao que se pede. Texto 1: Sem adjetivos ―Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele [delegado Fleury] ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com olhar de louco.‖ De Rose Nogueira, jornalista em São Paulo. Da ALN, foi presa em 1969, semanas depois de dar à luz. ―No quinto dia, depois de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, abortei. Quando melhorei, voltaram a me torturar.‖ De Izabel Fávero, professora de administração em Recife. Da VAR-Palmares, foi presa em 1970. ―Eu passei muito mal, comecei a vomitar, gritar. O torturador perguntou: ‗Como está?‘. E o médico: ‗Tá mais ou menos, mas aguenta‘. E eles desceram comigo de novo." De Dulce Chaves Pandolfi, professora da FGV-Rio. Da ALN, foi presa em 1970 e serviu de ―cobaia‖ para aulas de tortura. ―Eu não conseguia ficar em pé nem sentada. As baratas começaram a me roer. Só pude tirar o sutiã e tapar a boca e os ouvidos.‖ De Hecilda Fontelles Veiga, professora da Universidade Federal do Pará. Da AP, foi presa em 1971, no quinto mês de gravidez. ―Eu era jogada, nua e encapuzada, como se fosse uma peteca, de mão em mão. Com os tapas e choques elétricos, perdi dentes e todas as minhas obturações.‖ De Marise Egger-Moellwald, socióloga, mora em São Paulo. Do então PCB, foi presa em 1975. Ainda amamentava seu filho. ―Eu estava arrebentada, o torturador me tirou do pau de arara. Não me aguentava em pé, caí no chão. Nesse momento, fui estuprada.‖ De Gilze Cosenza, assistente social aposentada de Belo Horizonte. Da AP, foi presa em 1969. Sua filha tinha quatro meses. Trechos de 27 depoimentos de sobreviventes, intercalados às histórias de 45 mortas e desaparecidas no livro ―Luta, Substantivo Feminino‖, da série ―Direito à Verdade e à Memória‖. Será lançado na PUC- SP hoje, a seis dias do 31 de março. (Eliane Cantanhêde, Folha de S. Paulo, 25 março 2010, p. A2. Opinião). 12 1. Esse texto apresenta unidade temática. Qual? O que assegura essa unidade? 2. Como compreender o recurso da intertextualidade na produção do texto? Texto 2: Nossa vida, mais amores Um dos maiores poemas, e talvez o mais célebre, da literatura brasileira diz em sua segunda estrofe: ―Nosso céu tem mais estrelas/ Nossas várzeas têm mais flores/ Nossos bosques têm mais vida/ Nossa vida, mais amores‖. Você adivinhou: é a ―Canção do Exílio‖, de Gonçalves Dias (1823-1864), que começa, claro, com ―Minha terra tem palmeiras/ Onde canta o sabiá‖. Quando o poeta o escreveu, em 1843, o Brasil, ainda com 90% de território a desbravar, tinha de si próprio uma visão romântica e idealizada. Hoje sabemos muito mais sobre o país — e tanto que, se Gonçalves Dias fosse reescrever seu poema, teria outras imagens a escolher. Eis algumas. Nossas barragens são criminosas e inseguras — rompem-se e levam à morte o que encontram pela frente. Nossos viadutos e pontes vão abaixo ou racham, pela ação do tempo ou por serem feitos com material de quinta. Nossos museus se incendeiam e destroem patrimônios que não nos pertencem, mas à humanidade. Nossos mares, baías e rios recebem nossos abjetos dejetos naturais e industriais e só têm o odor como protesto antes de morrer. Nosso céu é, às vezes, uma hipótese — algo que deve existir acima da camada de poluição. E nossos sistemas de fiscalização, obedientes a interesses maiores, não fiscalizam. Nossos hospitais, escolas e transportes públicos são carentes, insuficientes ou inexistentes. Nossas estradas, ruas e calçadas são crateras, impróprias para humanos e carros. Nossas cidades têm vastos territórios vedados aos cidadãos e outros em que, pela miséria, seus habitantes podem praticar tudo, menos a cidadania. E nossos administradores são inoperantes, incompetentes ou corruptos. Falando neles, nossos corruptos são, estes, sim, dignos de poemas e rapsódias. Penetraram por todas as brechas conhecidas da vida pública — e, como não paramos de descobrir, também pelas desconhecidas. (CASTRO, Ruy. Disponível: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2019/01/nossa-vida-mais-amores.shtml>). 1. Com que intenção o texto foi produzido? 2. Quais são os dois ―Brasis‖ descritos no texto? RESENHA é um trabalho de síntese, publicado logo após a edição de uma obra. Tem por objetivo servir como veículo de crítica e avaliação. Podem-se fazer resenhas de livros, artigos de periódicos, filmes e outros. As resenhas acadêmicas devem vir precedidas da referência bibliográfica completa das obras a que se referem – diferentemente das publicadas pela mídia sem intenção acadêmica. A resenha deve ser elaborada com apreciação justa, clareza de exposição, precisão e concisão, para cumprir sua finalidade de auxiliar na seleção de leituras. A resenha contribui para desenvolver a mentalidade científica e levar o iniciante à pesquisa e à elaboração de trabalhos monográficos. Lakatos e Marconi (1995, p. 245) propõem um roteiro para elaboração de resenhas científicas e/ou acadêmica: 1. Referência bibliográfica; 2. Credenciais do autor; 3. Resumo da obra; 4. Conclusões da autoria; 5. Metodologia da autoria; 6. Quadro de referência do autor; 7. Crítica do resenhista; 8. Indicações do resenhista. https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/11/20/mais!/13.html https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/11/20/mais!/13.html https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/01/sem-brumadinho-e-mariana-vale-acumula-acoes-ambientais-de-r-8-bilhoes.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/11/parte-de-viaduto-da-marginal-pinheiros-cede-e-bloqueia-pista-expressa.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/apos-mais-6-h-bombeiros-controlam-incendio-no-museu-nacional-no-rio.shtml 13 2) Preencha as lacunas com diferentes formas de menção ao dizer do autor do texto resenhado e de outros autores. Note que se trata de um livro contendo vários artigos e ―organizado‖ por duas autoras. Informação e globalização na era do conhecimento Helena M. M. Lastres e Sarita Albagali (organizadoras) Rio de Janeiro. Editora Campus. 1999. 318 p. Por André Gardini "O tomate é um produtohigh tech!" Essa afirmação fora de contexto pode parecer um tanto maluca, mas o ___________________ Informação e globalização na era do conhecimento mostra como um sistema de inovações tecnológicas pode ser responsável por transformações na relação da sociedade com o espaço e entre as próprias sociedades. A frase está no capítulo "Desmaterialização e trabalho", escrito por Ivan da Costa Marques, da UFRJ. O ________________ descreve uma pesquisa realizada na Universidade da Califórnia que, visando [...]. Discussões como essas estão no ____________________ organizado por Helena M. M. Lastres, economista e mestre em Engenharia da Produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Sarita Albagli, socióloga e doutora em geografia (UFRJ). O _________________ está dividido em 11 capítulos escritos por autores de diferentes formações, como ciência da informação, ciência política, geografia, economia e sociologia. Os _______________ discorrem sobre temas marcantes e responsáveis por profundas transformações no início deste novo milênio. Nesse sentido, Lastres, no _________________ "A economia da informação, do conhecimento e do aprendizado", corrobora a idéia de Marques, pois diferencia dois tipos de inovação, as tecnológicas e as organizacionais, entendidas como complementares. [...] A ________________ faz uma análise do papel da informação e do conhecimento na área da economia da inovação [...]. Portanto, a ________________ sugere que os sistemas nacionais, regionais ou locais de informação sejam tratados como uma rede de instituições dos setores públicos e privados, tendo a inovação e o aprendizado como seus principais aspectos. [...] 14 Capítulo 3 03 Texto e sua textualidade Não adianta saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com o sucesso dos objetivos da produção textual, como a interação entre o produtor do texto e o seu receptor. Para que se tenha êxito nesse processo, deve-se construir um todo significativo. É preciso, portanto, recorrer a elementos que auxiliem na ligação das partes, na construção da coerência, entre outros. Neste capítulo, você terá acesso, num primeiro momento, a uma questão fundamental quando se fala de textos, que é a coerência. Num segundo momento, será abordado outro fator que contribui para o sucesso da produção de textos, que é a coesão. Por último, será vista a construção do parágrafo e sua articulação no texto. 3.1 Coerência e coesão textual Como vimos anteriormente, os textos são veiculadores de intenções. Essas intenções ou propósitos do autor de um texto somente terão sentido se houver uma organização harmônica das ideias apresentadas. Podemos dizer, portanto, que um texto não é um aglomerado de frases, mas um todo organizado capaz de manter contato com seus leitores, agindo sobre eles. Dizer que um texto é uma organização de sentido é dizer que ele é coerente. A coerência é resultante da não- contradição entre os segmentos textuais e da adequação entre o que está na materialidade textual e o contexto extraverbal. No primeiro caso, um segmento é pressuposto para o seguinte e assim sucessivamente. No segundo, o que é dito no texto deve estar em harmonia com o nosso conhecimento de mundo, sobre o que é permitido ou não em determinadas situações – que inclui nosso conhecimento sobre tipo e gêneros textuais. Assim, há uma transmissão e uma recepção de uma linha de pensamento. Fiorin e Savioli (2007) identificam três níveis em que a coerência deve ser observada: narrativo, figurativo e argumentativo. No primeiro, a coerência está na decorrência lógica das ações e de suas relações com os personagens que as praticam. No segundo, a coerência está na articulação harmônica entre o que é descrito (as figuras), com base na relação de significado que mantém entre si. No terceiro, a coerência está na apresentação concatenada de uma ideia que será defendida, de argumentos que sustentam essa ideia e do remate dado pela conclusão. Seria incoerente uma fala de um conferencista como esta: As empresas brasileiras têm produzido muito e gerado postos de trabalho. Os empresários apostam numa nova forma de garantir a fidelidade de seus colaboradores por meio da divisão dos lucros. Os colaboradores da base da hierarquia, em virtude de suas ocupações, não puderam participar dessa divisão. Além de um preconceito com alguns trabalhadores, o raciocínio lógico instaurado inicialmente nos leva a pensar que todos os trabalhadores teriam parte nos lucros, o que não ocorre. A fala do conferencista é, pois, incoerente. Há certa confusão entre os termos coerência e coesão. Enquanto a coerência se refere à unidade de sentido e, por isso, é de um nível profundo, a coesão é a ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões, frases ou parágrafos do texto. Os elementos coesivos assinalam a conexão entre partes do texto. 15 A palavra texto, na sua etimologia, vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Produzir um texto é o mesmo que praticar a ação de tecer, entrelaçar unidades e partes com a finalidade de formar um todo. Desse modo, podemos falar em textura de um texto, que é a rede de relações coesivas. São muitos os mecanismos de coesão textual. Nesta seção, vamos estudar alguns. Esperamos que, a partir desse estudo, você esteja apto a não só perceber outros em suas leituras, mas também a recorrer a outros em sua produção textual. Escolhemos um editorial da revista Veja (27 abril 2006, p. 9) para demonstração do que consideramos um texto bem tecido. Destacamos apenas alguns recursos coesivos para estudo e para demonstração da continuidade textual. O Brasil tem jeito Desde a volta da democracia, em 1985, o país tem passado por uma série de escândalos na esfera institucional. No Poder Executivo, houve o impeachment de um presidente e, recentemente, a demissão de ministros envolvidos em esquemas ilícitos. No Legislativo, por seu turno, ainda se escutam os ecos do mensalão e não empalideceram as imagens dos ―anões‖ da Máfia do Orçamento sendo banidos da vida pública. Agora, com a Operação Hurricane (furacão, em inglês), deflagrada pela Polícia Federal para prender os integrantes de uma quadrilha que explorava o jogo de caça- níqueis, chegou a vez de o Judiciário ter exposta a sua banda podre. Três desembargadores foram presos e um ministro do Superior Tribunal de Justiça (8) está afastado das suas funções. Pesa sobre esses togados a acusação de venda de liminares. Com tais instrumentos jurídicos, os exploradores do jogo conseguiam manter em funcionamento milhares de casas ilegais de jogatina, dotadas de máquinas manipuladas para lesar o jogador. Há indícios de que pode haver ainda outros altos integrantes do Judiciário comparsas dessa máfia. A sucessão de escândalos de corrupção no Brasil costuma provocar nos cidadãos a impressão de que o país não tem jeito. É como se a desonestidade fosse parte inextirpável do caráter nacional. Compreende-se que os ânimos se arrefeçam, mas é preciso enxergar o fenômeno de um ângulo mais amplo. Em primeiro lugar (18), os escândalos só vêm à tona graças ao bom funcionamento das instâncias responsáveis pela fiscalização do poder – entre as quais a imprensa livre, a polícia e, ressalte-se, a imensa maioria dos integrantes do Poder Judiciário. Em segundo lugar, a cada quadrilha estourada, a cada esquema desvendado, dá-se um passo a mais para a depuração das instituições. Por isso, pode-se analisar a operação da Polícia Federal ora em curso (24) como uma contribuição ao aprimoramento da Justiça, cuja distribuição igualitária e eficiente é um dos pilares das sociedades abertas e modernas. A continuar por esse caminho, o Brasil tem jeito, sim. No quadro abaixo, encontram-se os comentários acerca dos elementos de coesão destacados no texto. (1)Embora essa “série de escândalos‖ esteja indefinida, é a expressão desencadeadora da organização do texto. (2) O autor apresenta, sem comentários, o primeiro dos três poderes institucionais e, a partir daí, dois escândalos aí ocorridos. (3) O autor apresenta, sem comentários, o segundo dos três poderes institucionais. (4) Essa expressão marca a passagem para a apresentação dos escândalos no Legislativo. Não há comentários acerca desses escândalos. (5) Essa expressão marca a passagem para a apresentação do escândalo no Judiciário. No meio da 16 expressão é apresentado o escândalo aí ocorrido. (6) Essa expressão apresenta o terceiro dos três poderes, que é o Judiciário. (7) Refere-se ―quadrilha que explorava o jogo de caça-níqueis‖, que, por sua vez, antecipa a ―banda podre‖ do Judiciário. (8) Refere-se a ―banda podre‖, identificando-a. (9) Refere-se a ―três desembargadores‖ e a ―um ministro‖. (10) Refere-se a ―liminares‖. (11) Refere-se aos envolvidos no escândalo que pagaram pelas liminares. (12) Elemento que mostra a inclusão de membros do Judiciário no escândalo. (13) Refere-se aos desembargadores e ao ministro, além de deixar marcado o envolvimento de outros integrantes do Judiciário. (14) Refere-se a ―banda podre‖, já detalhada anteriormente. (15) Recupera ―uma série de escândalos na esfera institucional‖ do primeiro parágrafo para o articular com o segundo e para acrescentar que o Brasil não tem jeito. (16) Conector que opõe a impressão de que o Brasil não tem jeito a um novo modo de ―ver‖ os escândalos, anunciando-se um otimismo. (17) Refere-se aos escândalos na esfera institucional. (18) Expressão que fragmenta, num primeiro momento, a noção ―amplo‖, anteriormente apresentada. (19) Essas ―instâncias‖ são apresentadas a seguir, após um travessão, destacando-se o Judiciário. (20) Operador que enfatiza a ideia seguinte. (21) Opõe-se a ―banda podre‖ do primeiro parágrafo, assinalando o otimismo do autor. (22) Expressão que fragmenta, num segundo momento, a noção ―amplo‖, anteriormente apresentada. (23) Conector responsável por encaminhar o fechamento da questão de que o Brasil tem jeito. (24) Refere-se a ―Operação Hurricane‖, no primeiro parágrafo. (25) Refere-se ao Poder Judiciário. (26) Refere-se a ―Justiça‖. (27) Expressão que abre a conclusão subjetiva do autor. ―Esse caminho‖ refere-se ao fato de que, se os esquemas são desvendados, há depuração das instituições. (28) Recupera o título do título do texto, deixando explícito o otimismo do autor. Você percebeu que um texto não é simplesmente um conjunto de frases aleatório. A nossa experiência como falante não é a de formar frases; a nossa experiência é a de produzir textos a todo momento. A análise e a leitura do texto O Brasil tem jeito mostraram o papel dos mecanismos de coesão, que é, de acordo com Antunes (2005, p. 47), criar, estabelecer e sinalizar os laços que deixam os vários segmentos do texto ligados, articulados, encadeados. Portanto, a função da coesão é a de promover a continuidade do texto, a sequência interligada de suas partes, para que não se perca o fio de unidade que garante sua interpretabilidade. Quando lemos o primeiro parágrafo do texto O Brasil tem jeito, temos a impressão – ou somos levados a isso – de que o Brasil não tem jeito. São mencionados vários escândalos nos poderes constitutivos de nosso país. Na transição para o segundo parágrafo, o autor retoma a ―série de escândalos‖ do primeiro parágrafo para, além de dar continuidade ao seu texto, fazê-lo progredir noutra direção, que é a de nos levar a acreditar que o Brasil tem jeito. No interior de cada parágrafo, são feitas retomadas e antecipações, além de se deixarem explícitas algumas conexões. Tudo isso para garantir não só a continuidade do texto, mas também o sucesso de sua interpretabilidade. 17 Há dois tipos de coesão: a referencial e a sequencial. O primeiro tipo se caracteriza por substituições de um elemento por outro e por reiterações de elemento do texto. O segundo tipo se refere ao desenvolvimento propriamente dito, ora por procedimentos de manutenção temática, como emprego de termos pertencentes ao mesmo campo semântico, ora por meio de processos de progressão temática, que podem realizar-se por meio da satisfação de compromissos textuais anteriores ou por meio de novos acréscimos ao texto. Quando vamos escrever um texto nos baseamos em quatro elementos centrais: a repetição, a progressão, a não-contradição e a relação. Todas essas partes compõem o texto, relacionando-se com o que já foi dito ou com o que se vai dizer. Vejamos o que quer dizer cada um desses elementos. Repetição – Ao longo de um texto coerente, ocorrem repetições, retomadas de elementos. Essa retomada é normalmente feita por pronomes ou por palavras e expressões equivalentes ou sinônimas. Também podemos repetir a mesma palavra ou expressão, o que deve ser feito com cuidado, a fim de que não seja prejudicado. Progressão – Num texto coerente, devemos sempre acrescentar novas informações ao que já foi dito. A progressão complementa a repetição: esta garante a retomada de elementos passados; aquela garante que o texto não se limite a repetir indefinidamente o que já foi colocado. Dessa forma, equilibramos o que já foi dito com o que se vai dizer, garantindo a continuidade do tema e a progressão do sentido. Não-contradição – Num texto coerente, não devem surgir elementos que contradigam aquilo que já foi considerado falso, ou vice-versa. Esse tipo de contradição só é tolerado se for intencional. Não se deve confundir a não-contradição com o contraste, pois a aproximação de idéias e fatos contrastantes é um recurso muito freqüente no desenvolvimento da argumentação. Relação – Num texto coerente, os fatos e conceitos devem estar relacionados. Essa relação deve ser suficiente para justificar sua inclusão num mesmo texto. Para que se avalie o grau de relação dos elementos que vão construir o texto, é importante organizá-lo esquematicamente antes de escrever. Feito o esquema, é importante observar se a aproximação das idéias é realmente eficaz. Esses quatro itens (repetição, progressão, não-contradição e relação) podem ajudar a avaliar o grau de coesão dos textos. A configuração final do texto depende ainda de outros fatores, como o canal de comunicação, o perfil do receptor e as finalidades pretendidas pelo emissor. Todos esses fatores afetam diretamente as feições do texto que se pretende bem-sucedido. Alguns elementos linguísticos são importantes na produção do texto. O sentido deles deve ser captado pelos leitores. Esses elementos linguísticos são os operadores argumentativos. Eles servem para orientar a sequência discursiva, estabelecendo relações entre os segmentos do texto: orações de um mesmo período, períodos, sequências textuais, parágrafos ou partes de um texto. É importante lembrar que num texto, principalmente de natureza argumentativa, o uso de operadores mostra a capacidade do produtor de apresentar, de defender e de refutar argumentos. Os principais valores dos operadores argumentativos são: adição, oposição ou contraste, alternância, conclusão, explicação, causa, comparação, condição, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo, inclusão e exclusão, enumeração e distribuição, retificação, entre outros. 18 1) Identifique pelo menos uma incoerência no texto a seguir. Durante sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial de Ribeirão Preto, sua terra natal, Leão, de 51 anos, sempre impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por outro lado, costumava ficar horas aprimorando seus defeitos após os treinos. Ao chegar à seleção brasileira em 1970, quando fez parte do grupo que conquistou o tricampeonato mundial, Leão não dava um passo em falso. Cada atitude e cada declaração eram pensadas com uma racionalidade típica de sua família, jáque seus outros dois irmãos, Edmílson, 53 anos, e Édson, 58, são médicos. (Correio Popular, Campinas, 20 out. 2000 - com adaptações) 2) Por que as frases abaixo são ambíguas? a) A cantora deixou a plateia emocionada. b) O pai proibiu o filho de sair de seu carro. c) O médico examinou o paciente preocupado. d) A mãe procurou o brinquedo do filho em seu quarto. e) Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais sadias. f) No site ―namoro‖ é possível conhecer muitas pessoas sem nenhum compromisso. g) Polícia prende acusado de matar a namorada no velório dela. h) Andando pela zona rural do litoral norte, facilmente se encontram casas de veraneio e moradores de alto padrão. i) Atendimento preferencial para idosos, gestantes, deficientes, crianças de colo (Placa sobre um dos caixas de um banco). j) Uma pesquisa com 600 crianças e adolescentes mostra que a publicidade tem função pedagógica – e prova que a garotada vê comerciais com um inteligente ceticismo. 3) O texto a seguir é uma reprodução de uma placa de aviso afixada nas bombas de etanol dos postos de combustíveis. Identifique a incoerência presente nesse aviso. 4) Leia os textos a seguir para preencher os quadros. Na coluna de coesão referencial, escreva o referente ao qual o termo ou expressão destacada faz alusão. Na coluna da coesão sequencial, diga o valor semântico do conector destacado. 19 Texto 1: [Glicose como fonte de energia] A glicose é constantemente aproveitada pelas células do corpo como fonte de energia, por isso é necessário manter sua concentração no sangue em equilíbrio. Níveis glicêmicos alterados (elevação ou redução) trazem consequências negativas para o corpo, e a maneira mais adequada de reduzir essas complicações é tentando manter o equilíbrio. Para isso se faz necessário realizar medições da glicemia. As diferentes técnicas de monitoramento da glicose no sangue podem ser classificadas em laboratorial e portátil. A primeira é mais confiável, entretanto, como gera maiores custos, seu uso fica restrito aos laboratórios de análises clínicas e hospitais. Outra desvantagem observada é a necessidade de maiores volumes de sangue (três mililitros) para realizar o teste. Além disso, é preciso muito cuidado e agilidade ao manipular uma amostra que será submetida à dosagem de glicose no laboratório, pois o consumo desse carboidrato pelos eritrócitos no sangue ocorre na taxa de aproximadamente 10% por hora em temperatura ambiente. Esse consumo pode ser ainda mais acelerado se a amostra estiver contaminada. (Texto adaptado). COESÃO REFERENCIAL COESÃO SEQUENCIAL sua – por isso – essas complicações – Para – isso – entretanto – A primeira – como – o teste – Além disso – desse carboidrato – pois – Esse consumo –icose) se – Texto 2: A maçã não tem culpa Pela lenda judaico-cristã, o homem nasceu em inocência. Mas a perdeu quando quis conhecer o bem e o mal. Há uma distorção generalizada considerando que o pecado original foi um ato sexual, e a maçã ficou sendo um símbolo de sexo. Quando ocorreu o episódio narrado na bíblia, Adão e Eva já tinham filhos pelos métodos que adotamos até hoje. Não usaram proveta nem recorreram à sapiência técnica e científica do ex-doutor Abdelmassih. Numa palavra, procederam dentro do princípio estabelecido pelo próprio Senhor: "Crescei e multiplicai-vos". O pecado foi cometido quando não se submeteram à condição humana e tentaram ser iguais a Deus, conhecendo o bem e o mal. A folha de parreira foi a primeira escamoteação da raça humana. Criado diretamente por Deus ou evoluído do macaco, como Darwin sugeriu, o homem teria sido feito para viver num paraíso, em permanente estado de graça. Nas religiões orientais, o homem, criado ou evoluído, ainda vive numa fase anterior ao pecado dito original. O homem se interioriza pela meditação, deixando a barba crescer ou tomando banho no Ganges, já que busca a si mesmo dentro do universo físico e espiritual. Quando atinge o nirvana, ele vive uma situação de felicidade, num paraíso possível. Adão e Eva, com sua imensa prole, poderiam ter continuado no Éden se não tivessem cometido o pecado. A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso. Repito: o pecado original não foi o sexo, o ato do sexo, prescrito pelo próprio latifundiário, dono de todas as terras e de todos os mares. A responsabilidade pelo pecado foi a soberba do homem em ter uma sabedoria igual à de seu Criador. (Adaptado de CONY, Carlos Heitor. A maçã não tem culpa. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>). 20 COESÃO REFERENCIAL COESÃO SEQUENCIAL a – Mas – princípio estabelecido pelo próprio Senhor – nem – ele – como – sua (imensa prole) – já que – isso – se – 5) Leia este texto para responder ao que se pede. Comissária da EgyptAir “previu” desastre no Facebook Samar Ezz Eldin, aeromoça que estava no avião da EgyptAir que caiu no mar Mediterrâneo na última quinta-feira (19), “previu” que seria vítima de um acidente aéreo por meio de uma montagem postada no Facebook há mais de dois anos. Publicada em 26 de setembro de 2014, a imagem mostra Eldin saindo da água, puxando uma mala e com a roupa molhada e ao fundo a cauda de um avião afundando. A foto já foi compartilhada mais de 5 mil vezes na rede social. Uma parente da aeromoça, Mervat Mohamed, disse ao jornal Al Watan que Eldin tinha 26 anos, trabalhava havia dois na EgyptAir e tinha se casado seis meses antes da tragédia. Ao todo, 66 pessoas estavam a bordo do voo MS804, que seguia de Paris, na França, para o Cairo, no Egito, mas desapareceu dos radares no sul do Mediterrâneo. Ainda não se sabe o que teria causado o desastre, mas especula- se que a aeronave tenha sido derrubada por um atentado terrorista. (Disponível em: <http://noticias.terra.com.br>. Acesso: 22 maio de 2016. Data de publicação: 21 maio 2016). a) A leitura do título leva a que interpretação? Depois de ler o texto, que interpretação deve ser dada ao título? Reescreva o título de modo que fique clara a intenção comunicativa. b) Neste fragmento, transcrito com adaptações do texto, há uma ambiguidade sintática. Identifique-a e reescreva o fragmento de modo que seja dada a ele a interpretação desejada pelo jornalista. Samar Ezz Eldin “previu” que seria vítima de um acidente aéreo por meio de uma montagem postada no Facebook. 6) Leia o fragmento de matéria jornalística reproduzido a seguir para responder ao que se pede. Teste evita biópsia de próstata desnecessária Aparelho usa onda eletromagnética para examinar a glândula de forma não invasiva em caso de suspeita de câncer Homens que passam por biópsia podem sofrer efeitos colaterais e ansiedade; nova tecnologia está em teste MARIANA VERSOLATO EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE" Um aparelho cilíndrico que é posicionado entre as pernas do paciente pode evitar biópsias desnecessárias na próstata, segundo um estudo do A.C. Camargo Cancer Center. O hospital em São Paulo é o primeiro do país a usar esse exame na prática clínica. O teste com o equipamento pode ser feito por homens com suspeita de câncer de próstata que já se submeteram aos exames de toque e de sangue (PSA) e têm indicação para fazer uma biópsia. 21 O objetivo é definir quem realmente deve ser submetido à biópsia, um procedimento invasivo que pode causar ansiedade e efeitos como dores e sangramento na urina e na ejaculação. Na biópsia, uma agulha inserida no reto colhe fragmentos da próstata do paciente. A anestesia pode ser local (com sedação) ou geral. [...]. (Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso: 20 maio 2016. Data de publicação: 01 nov. 2013). a) O título da matéria pode gerar um estranhamento no leitor. Por quê? Reescreva o título demodo que fique clara a intenção comunicativa. b) Em muitas situações textuais, o leitor, em virtude de seu conhecimento de mundo, faz uma interpretação que não corresponde literalmente ao que foi dito ou escrito. Qual é a informação que está explícita na passagem destacada a seguir? Como deve ser interpretada? O objetivo é definir quem realmente deve ser submetido à biópsia, um procedimento invasivo que pode causar ansiedade e efeitos como dores e sangramento na urina e na ejaculação. 7) Leia esta notícia, para responder ao que se pede. Morre bebê de brasileira que foi abusada e atirada da janela Menina de 17 meses também havia sofrido abusos sexuais Morreu na noite da última terça-feira (26) a pequena Alicia, filha de 17 meses de uma jovem brasileira que foi jogada da janela de um apartamento por um espanhol em Vitoria, no País Basco. A informação é do jornal El Mundo . O episódio ocorreu na madrugada da segunda passada (25), quando a mãe entrou em casa e surpreendeu o homem, que tem 30 anos, abusando sexualmente da menina. Os dois então começaram a discutir, até que ele atirou Alicia pela janela da residência, que fica no primeiro andar de um prédio. A criança ainda ficou internada por quase dois dias com politraumatismos graves, mas não resistiu aos ferimentos. A brasileira, que tem cerca de 18 anos, segue internada, mas não corre risco de morrer, enquanto o espanhol está sob custódia da polícia na unidade de psiquiatria de um hospital de Vitoria. (Disponível em:<http://noticias.terra.com.br>. Acesso: 20 maio 2016. Data de publicação: 27 jan. 2016). a) O produtor dessa notícia foi eficiente na sua elaboração? Por quê? b) No último parágrafo, as proposições introduzidas pelo ―mas‖ contrapõem-se às proposições anteriores que giram em torno do verbo ―internar‖. Que informações implícitas podem ser detectadas a respeito da internação da ―criança‖ e da ―brasileira‖? 8) Leia, com atenção, o fragmento de texto a seguir para responder ao que se pede. Vaticano admite abuso de freiras por padres O Vaticano admitiu ontem a validade de um relatório segundo o qual alguns missionários e padres obrigam freiras a fazer sexo com eles, chegando, em alguns casos, a cometer estupro e forçar as vítimas a fazerem abortos. Segundo o relatório, citado pelo jornal romano "La Repubblica", algumas freiras são forçadas a tomar pílulas 22 anticoncepcionais. De acordo com o Vaticano, o problema se restringe a determinada área geográfica, mas o relatório citou casos ocorridos em 23 países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Filipinas, Índia, Irlanda e Itália. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil evitou pronunciar-se – sua assessoria disse que a entidade tomou conhecimento das informações por meio da imprensa. [...] (PAGANI, Steve. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Data de postagem: 21 março 2001. ). a) Nesse fragmento de texto, há duas ocorrências do verbo ―admitir‖: uma no título e outra na primeira linha. Essas duas ocorrências geram o mesmo efeito de sentido? Por quê? b) O conector ―mas‖ é empregado, geralmente, para estabelecer uma relação semântica de contraste ou de oposição entre termos ou ideias. Como você avalia o emprego desse conector no primeiro período do segundo parágrafo? 9) Complete as lacunas com elementos de coesão sequenciais. a) Os aterros sanitários diferem de lixões (em que o lixo é despejado no solo a céu aberto) _________________ têm dispositivos para minimizar efeitos nocivos ao ambiente, _________________ impermeabilização do solo, drenagem e tratamento de efluentes líquidos e gasosos e cobertura dos resíduos. Há ainda uma categoria intermediária, os aterros controlados, que usam princípios de engenharia para confinar os resíduos e fazem sua cobertura após cada jornada de trabalho (evitando danos à saúde pública), _________________ não dispõem de outros mecanismos para impedir a poluição local. _________________ importância da adoção de medidas para a preservação ambiental, não é raro o uso de lixões no Brasil. _________________ dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o lixo produzido diariamente no país naquele ano chegava a cerca de 125 mil toneladas. Desse volume total, 47,1% era destinado a aterros sanitários, 22,3% a aterros controlados e 30,5% a lixões. Mas, em relação ao número de municípios que dava ao lixo um destino final adequado, a situação não era favorável: 63,6% utilizavam lixões, 18,4%, aterros controlados e 13,8%, aterros sanitários; 5% não informaram para onde vão seus resíduos. b) A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) estima que há 880 milhões de analfabetos adultos e 115 milhões de jovens em idade escolar fora da escola, entre a população mundial. A Unesco, _________________, não divulgou os números para cada país pesquisado. Em setembro do ano passado, o Ministério da Educação divulgou os dados mais recentes sobre o Brasil, onde 14,7% da população entre 14 e 49 anos de idade continua analfabeta. Houve uma grande redução do problema, _________________, há 20 anos, mais de 30% da população naquela faixa etária não sabia ler e escrever. O Ministério relacionou a queda dos índices de analfabetismo com o aumento da escolaridade: em 1980, apenas 49% das crianças entre 7 e 14 anos estavam na escola, percentual que subiu para 96% no ano passado. O Brasil reduziu pela metade o percentual de analfabetos na população, _________________ dobrou o número de crianças em idade escolar nas salas de aula. Esse avanço é relevante, _________________ a simples alfabetização já não é mais suficiente para a conquista de emprego num mercado de trabalho competitivo. 23 c) O mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)prevê que a produção de alimentos em todo o mundo pode sofrer um impacto dramático nas próximas décadas por conta das mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. _________________ os cientistas do painel, o aumento da temperatura ameaça o cultivo de várias plantas agrícolas _________________ pode piorar o já grave problema da fome em partes mais vulneráveis do planeta. Países pobres da África e da Ásia seriam os mais afetados, _________________ grandes produtores agrícolas, _________________ o Brasil, _________________ sentiriam os efeitos, já na próxima década. 10) Numere os períodos na ordem em que formem um texto coeso e coerente. ( ) Essa invenção permitiu o sofisticado gosto dos reis franceses de colecionar livros, e a mesma revolução que os degolou foi responsável por abrir suas coleções ao povo. ( ) Há cerca de 2.300 anos, os homens encontraram uma maneira peculiar de guardar o conhecimento escrito juntando-o num mesmo espaço. A biblioteca foi uma entre outras das brilhantes idéias dos gregos, que permanecem até hoje. ( ) Apesar da resistência da Igreja, a informação começou a girar mais rápido com a invenção da imprensa de Gutemberg. ( ) Assim, as bibliotecas passaram a ser "serviço de todos", como está escrito nos anais da maior biblioteca do mundo, a do Congresso, em Washington, que tem 85 milhões de documentos em 400 idiomas diferentes. ( ) Depois deles, a Idade Média trancou nos mosteiros os escritos da antiguidade clássica e os monges copistas passavam o tempo produzindo obras de arte. 11) Numere os períodos na ordem em que formem um texto coeso e coerente.ponto) ( ) A geolocalização indica, por rastreamento de dados do IP do computador ou do GPS do celular, exatamente onde uma pessoa está. ( ) As empresas sabem disso e estão criando formas para fazer com que a distância entre a casa e o emprego diminua. ( ) Com essa informação, é possível rastrear um candidato mais próximo a uma companhia. ( ) Uma das maisrecentes é usar recursos de geolocalização na hora do recrutamento. ( ) Hoje, um dos grandes anseios dos profissionais é morar perto do trabalho. 12) Os sinais de pontuação foram retirados dos textos a seguir. Pontue-os adequadamente. Texto 1: O que acontece com a comida que sobra do restaurante Ela até pode ser doada mas geralmente é descartada se a comida foi exposta como em um bufê de restaurante por quilo ela necessariamente precisa ser jogada fora se foi preparada e armazenada na cozinha seguindo as normas da resolução RDC nº 275 da Anvisa pode ser doada em até um dia porém por causa da Lei n° 8.137 de 1990 quem responde por qualquer problema que essa comida possa causar na saúde de alguém é o restaurante se um estabelecimento qualquer doar as sobras a uma instituição e depois esse alimento causar alguma doença, é o próprio doador que será responsabilizado por isso a maioria dos restaurantes prefere jogar a comida fora 24 Texto 2: Carne branca ou carne escura Famoso na ceia de Natal o peru começa a tomar conta dos supermercados mas o que é melhor comer a carne branca do peito ou a carne escura das coxas as diferenças nutricionais entre as duas não são tantas em geral o que faz um corte de peru ou qualquer outro tipo de ave mais escuro do que outro é o tipo e músculo que contém a carne é mais escura se tem níveis mais altos de mioglobina um composto que permite que os músculos transportem oxigênio necessário para atividades que gastem energia como perus e galinhas não voam e andam bastante a carne das pernas deles é mais escura enquanto suas asas e peitos são brancos muitas pessoas escolhem carne branca por causa do seu conteúdo calórico comparada com a branca a carne escura contém mais ferro zinco riboflavina tiamina e vitaminas B6 e B12 ambas têm menos gordura do que a maioria dos cortes de carne vermelha então não tem como escolher errado Texto 3: Vacas mugem com sotaque regional diz estudioso Um estudo recente da Universidade de Londres afirma que as vacas como as pessoas ao falarem apresentam sotaques regionais distintos ao mugir o professor John Wells especialista em fonética da Instituição foi investigar o assunto depois que criadores de vacas leiteiras perceberam ligeiras diferenças nos "muuuus" das vacas de diferentes regiões em seu rebanho eu passo muito tempo com as minhas vacas e definitivamente elas mugem com um sotaque de Somerset disse Lloyd Green que tem uma fazenda em Glastonbury no oeste da Inglaterra conversei com outros fazendeiros na região e eles também perceberam fatos semelhantes em suas vacarias com cachorros também é assim quanto mais próxima a relação do dono com os animais mais fácil é pegarem o sotaque Wells afirma que também já foram identificados sotaques diferentes em passarinhos para o estudioso entretanto o fenômeno pode ser resultado do contato com outros animais da região não com humanos 13) Uma leitura atenta do texto abaixo mostra que foram retiradas as vírgulas. Ao anular uma norma catarinense que negava autorização para impressão de notas fiscais a empresas devedoras de ICMS o STF determinou que o poder público em todas as esferas deixe de aplicar sanções arbitrárias a contribuintes inadimplentes. Esse tipo de punição está previsto em legislações municipais e estaduais em todo o país. Com base no parágrafo único do artigo nº 170 da Constituição dez dos 11 ministros definiram que a cobrança de tributos deve ser executada por seus meios típicos. O número de vírgulas suprimidas é: ________________________________. 14) Esquematize as frases a seguir, pondo em evidência os paralelismos. a) Governo ou se torna racional ou se destrói de vez. b) Não estou descontente com seu desempenho, mas sim com sua arrogância. c) Falava-se da chamada dos conservadores ao poder e da dissolução da Câmara. d) O projeto não só será aprovado, mas também posto em prática imediatamente. e) Estamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto sua forma de solucioná-los. 15) Reescreva as frases abaixo, estabelecendo os paralelismos. 25 a) Ele não só trabalha mas também é estudante. b) Mentir tornou-se mais conveniente do que a verdade. c) Para vencer, é preciso esforço e que sejamos compenetrados. d) Trata-se de um argumento forte e que pode encerrar o debate. e) Faríamos a pesquisa na biblioteca, mas, à última hora, desistiu-se. f) Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a Holanda. g) É enorme a discrepância entre os candidatos e as vagas nos concursos. h) Tanto os países da América do Sul e os da América Central estão enfrentando dificuldades políticas. i) A preservação do meio ambiente representa não só um dever de cidadania e para que o planeta sobreviva. j) Preparo profissional e estimular senso crítico são metas essenciais para sobressair-se no mercado de trabalho. k) Muitos brasileiros vivem abaixo da linha da miséria, enquanto os Estados Unidos são famosos pelo seu alto padrão de vida. 16) Indique as alternativas nas quais ocorre a quebra do paralelismo. Em seguida, faça a correção. a) Gosto de dançar e comer bolos de chocolate. b) Ora jogava videogame, ora fazia a lição de casa. c) Acordou, tomou banho, foi pra aula e estudou o dia inteiro. d) Após lavar o carro, Joana sentiu-se cansada e dormiu a tarde inteira. e) O presidente da Rússia negocia com a Ucrânia sobre a crise na Crimeia. f) Quanto mais estudamos, as chances de passarmos no vestibular aumentam. g) A diferença entre computadores disponíveis e crianças no laboratório de informática é grande. 17) Leia os trechos a seguir e proponha uma redação adequada para as quebras de paralelismo presentes neles. a) Austrália é uma nação construída sobre a cerveja. Quando Port Jackson — o local em torno do qual a cidade de Sydney surgiu — foi colonizado no final do século 18, seus poucos habitantes estavam famintos não apenas por comida, mas se ressentiam também da falta de um suprimento constante de cerveja e outros tipos de bebidas alcoólicas. (Disponível em: <https://www.terra.com.br>). b) Haydon Morgan, cervejeiro da empresa, ficou encarregado da fermentação da levedura secular e descobriu que ela tinha propriedades bem diferentes de suas semelhantes comerciais modernas. (Disponível em: <https://www.terra.com.br>). c) Após testar pequenos fermentos de 120 litros, eles aumentaram a produção para 5 mil litros, o que gerou um resultado ligeiramente diferente, uma cerveja com um perfil de sabor diferente da fermentação, ganhando a etiqueta de "temperamental" da equipe cervejeira. (Disponível em: <https://www.terra.com.br>). d) Não é raro, no atual momento, um mesmo profissional fazer trabalhos para rádio, TV e imprensa escrita. Mas é fundamental que cada um desses meios seja abordado com uma perspectiva característica e condizente com as necessidades de seu público. Esse contato com os espectadores vai se intensificar ainda mais a partir dos próximos anos, seja na televisão, na internet ou mesmo em veículos grandes, a tendência é que cada vez mais a mídia trabalhe para proporcionar diferentes sensações ao público, usando sons, imagem e textos para informar.(Disponível em: <https://g37.com.br>). https://g37.com.br/ 26 e) O país se prepara para ter um novo ‗mapa‘ dos solos brasileiros. O mapeamento, com diferentes graus de detalhamento, permitirá gerar dados para o subsídio de políticas públicas, assim como para orientar a agricultura e apoiar decisões de crédito agrícola, entre outras ações. Coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos) envolverá diversos ministérios e órgãos federais e deve mapear todos os solos do país em até 30 anos. (Disponível em: <http://cienciahoje.org.br>) 18) Indique os paralelismos sintáticos da publicidade a seguir. EM 28 ANOS, O BNB CONSEGUIU DEIXAR AS COISAS BEM MELHORES.PARA TODOS OS SANTOS Até 1952, Padre Cícero era, praticamente, o único agente de desenvolvimento do Nordeste. A ele se recorria para arranjar emprego, casar a filha, garantir o inverno, curar doenças, erradicar endemias, abrir caminhos, mostrar soluções. Hoje, as coisas mudaram. Pede-se aos santos, mas espera-se que as soluções venham pelo esforço e ação das instituições humanas. Como, por exemplo, o BNB, que responde ao desemprego com crédito industrial; ao drama da seca com pesquisa técnica cientifica e financiamento de projetos de açudagem e irrigação; à baixa produtividade agrícola com apoio técnico e crédito rural; aos problemas das áreas metropolitanas com investimentos em infraestrutura urbana. Com o apoio e a participação, é claro, de toda a comunidade nordestina. Pois os milagres, hoje, nascem sempre das mãos, do coração e da mente de todos os santos de casa. Banco do Nordeste do Brasil S.A. O banco de 35 milhões de brasileiros. 19) Considere este artigo do CC: A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário ou por inexecução do cargo. A = A doação B = pode ser revogada C = por ingratidão D = por inexecução do cargo Considerando que as setas representam relações sintáticas entre expressões linguísticas, assinale a opção que corresponde à estrutura do período. a) b) c) d) e) http://cienciahoje.org.br/ 27 20) Este anúncio publicitário é marcado por quebra de paralelismo. Identifique essa quebra e proponha uma solução. 80% dos professores são mestres e doutores – índice similar às melhores faculdades públicas brasileiras. 3.2 Parágrafo isolado e no texto O parágrafo é, segundo Garcia (1978, p. 203), ―uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se agregam outras secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.‖ A definição desse autor não se aplica a todo tipo de parágrafo; aplica-se a apenas ao parágrafo-padrão. O parágrafo-padrão é bastante recorrente nos textos de natureza dissertativa, já que trabalham com ideias e exigem rigor e objetividade na composição. Apresenta a seguinte estrutura: a) introdução ou tópico frasal: expressa a ideia principal do parágrafo, definindo seu objetivo; b) desenvolvimento: corresponde a ampliação do tópico frasal, com apresentação de ideias secundárias que o fundamentam ou esclarecem; c) conclusão: nem sempre presente, especialmente nos parágrafos mais curtos e simples, a conclusão retoma a ideia central, levando em consideração os diversos aspectos no desenvolvimento. O texto a seguir, que é uma resenha, ilustra essa concepção de parágrafo-padrão. Os descobridores, de Daniel J. Boorstin; Civilização Brasileira; 646 páginas O caminho que o historiador americano Daniel Boorstin escolheu para escrever essa história* compacta da ciência é duplamente inovador. Em primeiro lugar, ele deixou de lado os habituais catálogos de nomes e descrições de experimentos que costumam rechear as obras de referência, entediando o leitor não especializado. Preferiu fazer a crônica da luta surda que sempre se travou entre as fantasias que os séculos transformariam em ciência e a “intocável realidade” que os instrumentos científicos de uma época podiam detectar. A segunda novidade foi a opção por uma narrativa romanceada – e não burocraticamente cronológica – para descrever a trajetória da evolução de alguns instrumentos, como o relógio, a bússola e o microscópio. Com isso, algumas passagens da obra ganham sabor inesperado. É o caso da história dos despertadores digitais, que o leitor aprenderá, deliciosamente, ter sua origem numa engenhoca inventada nos mosteiros medievais com a finalidade de acordar os monges para as orações noturnas. Longe da sisudez dos textos técnicos, Boorstin consegue a proeza de unir precisão científica e leitura acessível. Assunto: a obra Os descobridores, de Daniel J. Boorstin, editada pela Civilização Brasileira. Delimitação do assunto: resenha crítica da obra. Objetivo fixado: mostrar a dupla inovação pelo escritor Boorstin ao escrever a história da ciência. Tópico frasal: Boorstin, ao escrever uma história compacta da ciência, procede a duas inovações. Plano de desenvolvimento das ideias: 1 Apresentação das duas novidades: 1.1 Abandono dos catálogos de nomes e descrições de experimentos e preferência pela crônica. 1.2 Opção por uma narrativa romanceada. Conclusão: o autor une precisão científica e leitura acessível. 28 1) Para cada conjunto de informações esquemáticas a seguir, produza um parágrafo dissertativo- argumentativo completo. Observe a delimitação de cada um deles e fixe um objetivo. Para a elaboração do tópico frasal e do desenvolvimento, seja fiel às informações dos quadros; não faça comentários, apenas descreva. Na conclusão, apresente sua opinião. Na redação, leve em consideração o emprego do paralelismo. a) Como empresários de sucesso começam o dia (Disponível em: <https://www.nibo.com.br/blog/como-empresarios-de-sucesso-comecam-o-dia/>) 29 b) Complicações causadas pela insônia (Disponível em: <http://osteocarlapestana.blogspot.com/2016/02/insonia.html>) c) Abandono da prática de esportes (Disponível em: <http://www.esporte.gov.br/diesporte/2.html>) 30 d) Consuma sem consumir o mundo em que você vive (Disponível em: <https://bunifeitabira.blogspot.com/2011/11/consuma-sem-consumir-o-mundo-que-vive.html>) 31 2) Mostre como o autor, no texto a seguir, garantiu a progressão e a articulação das ideias por meio de parágrafos bem concatenados. Vivendo com o lixo Há dez anos, dei-me conta de que o aparelho de fax em minha bancada de trabalho só estava servindo para ocupar espaço – suficiente para acomodar os quatro volumes do "Lello Universal", os três do "Webster's Dictionary" e os nove da "História da Literatura Ocidental", de Otto Maria Carpeaux. Sei disso porque foi o que botei no lugar quando me livrei do bicho. Custei a perceber que há muito ninguém me mandava mensagens por fax nem eu para ninguém. Não havia motivo para conservar o objeto que, apesar de meio úmido de maresia, ainda funcionava bem. Assim, dei-o para minha faxineira, que o aceitou empolgada – até concluir que, também para ela, aquele aparelho já era inútil, derrotado pelo e-mail. Perguntei-lhe outro dia o que tinha feito com o fax. Não se lembrava. É o que vivo me perguntando: para onde vão esses aparelhos depois que morrem? Com os eletrodomésticos, é diferente: antes de ir para o ferro-velho, um liquidificador pode atravessar gerações, mesmo que bata abacate, amendoim e gelo de hora em hora. mas celulares, torres, teclados, monitores, notebooks, mouses, baterias, pilhas têm de ser regularmente jogados fora, destino que também já atinge iPods, Kindles, Nooks etc. – esses, não por desgaste, mas por já superados. E para onde vão as embalagens de plástico disso tudo? Por mais que os órgãos do ambiente lutem para que as empresas que produzem ou vendem lixo eletrônico o recebam de volta e lhe deem um fim adequado – chama-se a isso de "logística reversa" –, parte de seus componentes tóxicos continua entre nós, no ar ou na água. Donde não se espante se, numa dessas, seu café ou suco vier temperado com mercúrio, chumbo, berílio, cádmio ou arsênico. Afinal, para onde quer que se mande esse veneno – reciclado ou não –, ele não tem como deixar o planeta. (CASTRO, Ruy. Vivendo com o lixo. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/78830-vivendo- com-o-lixo.shtml>. Acesso em: 18 abril 2015 – com adaptações). 3) O objetivo do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) é avaliar o desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos programáticos previstos nas
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