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Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br Freitas Da Silva Oliveira - CPF: 016.146.971-08 1 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 2 www.questoesdiscursivas.com.br Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 3 AUTORES: FELIPE BORBA Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Especialista em Direito Público pela FMP. Mestre em Direito pela UniRitter. Professor universitário e de cursos preparatórios para concursos. Coordenador da disciplina de Direito Constitucional da Academia de Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Membro da banca do último concurso para Agentes da Polícia Civil do RS. Aprovado em diversos concursos públicos, tendo exercido os cargos de Analista do Ministério Público de Minas Gerais, Advogado do CREA/RS (aprovado em 1º lugar), Assessor do Ministério Público do Rio Grande do Sul (aprovado em 1º lugar) e advogado do CREMERS (aprovado em 2º lugar). GUILHERME DE SÁ MENEGHINI Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais desde 2011, exercendo as funções como titular da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mariana/MG. Já atuou nas Promotorias de Justiça das Comarcas de Minas Novas, Diamantina, Ipanema, Manhumirim, Itabira e Ferros. Já foi Oficial Judicial (Tribunal de Justiça de Minas Gerais/TJMG - Ouro Preto/MG - 2006- 2007), Advogado (OAB/MG - 2007) e Delegado de Polícia Civil (PCMG - 2008/2011). Foi professor de Direito Penal e Processo Penal no Centro de Ensino Superior de Itabira (CENSI - 2009), na Faculdade de Direito e Ciências Sociais do Leste de Minas (FADILESTE - 2012-2013) e na Universidade Presidente Antônio Carlos Unidade Mariana (FUPAC/UNIPAC - 2016). Pós-graduado em Ciências Criminais pela Universidade Cândido Mendes (2010). Mestre em Direito Penal pela Universidade Federal de Minas Gerais, com a dissertação 'Concurso de pessoas nos crimes de peculato e corrupção passiva: um estudo sobre a teoria do domínio de organização' (UFMG - 2014-2016). Integrante da Força-Tarefa Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 4 constituída pelo Ministério Público de Minas Gerais para apurar as consequências do rompimento da barragem de Fundão, da Samarco Mineração S/A, em Mariana. É palestrante, abordando assuntos como desastres socioambientais, direitos humanos, ações coletivas e combate ao crime organizado. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Administrativo, Direito Constitucional e Direitos Humanos." RAFAEL FARIA Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Especialista em Direito Penal e Processo Penal com Capacitação para Docência no Ensino Superior pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus/SP. Professor de Direito Penal da Graduação em Direito do Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro/SP. RODRIGO DUARTE Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª Região; Ex-Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e Ex-Técnico de Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e nomeado no concurso de Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPE/RJ). MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador) Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de Planejamento e Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado nos seguintes concursos: Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 5 SUMÁRIO PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL ANALISTA JUDICIÁRIO - STM – 2010 - CESPE PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PR – 2016 – BANCA PRÓPRIA PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PR – 2016 – BANCA PRÓPRIA ESTAGIÁRIO – DPU – 2014 – BANCA PRÓPRIA CITAÇÃO OFICIAL DE JUSTIÇA - TJAL - 2018 – FGV ANALISTA JUDICIÁRIO - TJRJ - FGV - 2014 COMPETÊNCIA PROCURADOR DO ESTADO - PGE/BA - CESPE - 2013 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJAL – 2008 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCAP - 2010 – FGV AÇÃO PENAL POLÍCIA MILITAR - PMDF – IADES - 2017 ANALISTA DO MP - MPE/RS - FCC - 2010 ANALISTA DO MP - MPE/RS - FCC - 2010 ANALISTA JUDICIÁRIO - TJGO – 2013 – BANCA PRÓPRIA MAGISTRATURA ESTADUAL - TJPR - 2017 - CESPE PROCURADOR FEDERAL – AGU - CESPE - 2007 APREENSÃO DE MENOR POLICIAL CIVIL - PCRN - CESPE - 2008 EXECUÇÃO PENAL OFICIAL DE JUSTIÇA - TRF4 - FCC - 2014 ANALISTA DO MP - MPE/RS – 2014 – BANCA PRÓPRIA DEFENSOR PÚBLICO – DPE/AL – 2018 – CESPE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL – 2012 - CESPE INVESTIGAÇÃO POLICIAL POLICIAL CIVIL - PCSP – 2010 - ACADEPOL INQUÉRITO POLICIAL POLICIAL CIVIL - PCGO - CESPE - 2016 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 6 DELEGADO DE POLÍCIA - PCSP -ACADEPOL - 2011 ANALISTA JUDICIÁRIO – STM – 2018 – CESPE DEFENSOR PÚBLICO – DPE/AL - 2018 - CESPE ESTAGIÁRIO – DPU – 2014 – BANCA PRÓPRIA DELEGADO DE POLÍCIA - PCAP - 2010 – FGV PROCURADOR DO BANCO CENTRAL - CESPE - 2013 DELEGADO DE POLÍCIA – PCSP – 2018 – VUNESP DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 – UFG DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 – FUNDATEC DELEGADO DE POLÍCIA – PCMG – 2018 – ACADEPOL DELEGADO DE POLÍCIA - PCGO –2017 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCGO –2017 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCSE - 2018 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCGO –2017 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCMT - 2017 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 – UFG DELEGADO DE POLÍCIA – PCBA – 2018 – VUNESP DELEGADO DE POLÍCIA - PCRN - 2008 – CESPE MEDIDAS ASSECURATÓRIAS ANALISTA JUDICIÁRIO - CNJ – CESPE - 2013 POLICIAL CIVIL - PCGO - CESPE - 2016 DELEGADO DE POLÍCIA - PCSP - ACADEPOL - 2014 PROCURADOR FEDERAL – AGU - CESPE - 2013 PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RJ – 2018 – BANCA PRÓPRIA PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO ANALISTA DO MP - MPU - CESPE - 2013 ANALISTA DO MP - MPE-SP - 2013 - IBFC PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/BA – 2015 – BANCA PRÓPRIA ANALISTA DO MP – 2014 -MPE/BA – AOCP PRISÃO MAGISTRATURA FEDERAL – TRF5 – 2018 – CESPE OFICIAL DE JUSTIÇA - TRF3 - 2014 - FCC ESCRIVÃO - PCBA - CESPE - 2013 POLÍCIA DO SENADO FEDERAL - FGV - 2008 POLICIAL CIVIL - PCES - CESPE - 2010 DEFENSOR PÚBLICO – DPE/AM – FCC - 2018 PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RJ – 2018 – BANCA PRÓPRIA MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2011 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 – UFG DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2018 – UFG Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 7 DELEGADO DE POLÍCIA - PCMT - 2017 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCGO –2017 – CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCBA - 2013 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA - PCES - 2006 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA – PCSP – 2014 – VUNESP DELEGADO DE POLÍCIA – PCPR – 2013 – COPS UEL DELEGADO DE POLÍCIA – PCMA – 2012 – FGV DELEGADO DE POLÍCIA – PCMG – 2011 – FUMARC DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2009 – IBDH DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2008 – UEG DELEGADO DE POLÍCIA – PCSP – 2008 – ACADEPOL DELEGADO DE POLÍCIA– PCDF – 2009 – FUNIVERSA PROCESSO E PROCEDIMENTO ANALISTA JUDICIÁRIO - TRF2 – CONSULPLAN - 2017 ANALISTA DO MP - MPE/SP - VUNESP - 2010 PROCURADOR DO MUNICÍPIO - PGM-BOA VISTA/RR - 2010 - CESPE PROCURADOR DO ESTADO - PGE/BA - 2014 - CESPE MAGISTRATURA FEDERAL – TRF2 – 2011 - CESPE PROVAS DEFENSOR PÚBLICO – DPE/AL - 2018 - CESPE POLICIAL CIVIL - PCBA - CESPE - 2013 POLICIAL CIVIL - PCBA - CESPE - 2013 JUIZ LEIGO - TJAC - 2013 – BANCA PRÓPRIA DEFENSOR PÚBLICO – DPU – 2018 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL - TJPR - 2017 - CESPE DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL - 2018 - CESPE PROCURADOR - PGM-BELO HORIZONTE/MG - 2017 - CESPE PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PB – FCC - 2018 DELEGADO DE POLÍCIA - PCAP - 2010 – FGV MAGISTRATURA ESTADUAL – TJES – 2011 - CESPE MAGISTRATURA ESTADUAL – TJAM – 2016 - CESPE PROCURADOR DO BANCO CENTRAL - CESPE - 2013 MAGISTRATURA FEDERAL – TRF4 – 2007 – BANCA PRÓPRIA DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 – FUNDATEC DELEGADO DE POLÍCIA - PCMT - 2017 - CESPE SENTENÇA MAGISTRATURA ESTADUAL – TJDFT – 2014 - CESPE RECURSOS ANALISTA JUDICIÁRIO - TJAL - CESPE - 2012 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 8 ANALISTA DO MP - MPE/RS – 2014 – BANCA PRÓPRIA DEFENSOR PÚBLICO - DPE/MT - UFMT - 2016 MAGISTRATURA ESTADUAL – TJDFT – 2016 - CESPE REVISÃO CRIMINAL ANALISTA DO MP - MPE/SP - VUNESP - 2015 DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL - DPE-MS - 2014 - VUNESP ESTAGIÁRIO – DPU – 2013 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 9 PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL ANALISTA JUDICIÁRIO - STM – 2010 - CESPE SUGESTÃO DE RESPOSTA: A publicidade da atuação dos órgãos públicos e dos feitos judiciais é uma importante exigência da Democracia, pois permite que a população compreenda as decisões e realize o controle dos seus representantes, eleitos ou não. Assim, a publicidade é um controle democrático dos atos judiciais. A Constituição e o ordenamento jurídico preveem que a regra dos processos judiciais é a publicidade. Na seara penal e processual penal ela é importante, pois permite que o réu tenha pleno acesso e ciência aos dados do processo e, com isso, possa exercer condignamente o direito ao contraditório e à ampla defesa. A Constituição, nos arts. 5º, LX; e 93, estatui que a regra é a publicidade. Porém, ela poderá ser restringida quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. Além disso, o julgamento poderá ser limitado às partes e aos advogados para preservar a intimidade. A persecução penal, especialmente na fase de inquérito, possui uma publicidade bem mitigada, haja vista a dinâmica das investigações exigir um relativo sigilo para a adequada investigação. Porém, o sigilo não é absoluto e não pode ser oposto ao defensor do acusado, especialmente depois da edição da Súmula Vinculante nº 14. Na fase de inquérito policial, os elementos de prova já documentados devem ser disponibilizados ao advogado por conta do princípio da publicidade. Porém, elementos que ainda estejam em andamento não devem ser divulgados. Caso um analista judiciário torne pública informação sigilosa, ele sofrerá responsabilização nas três esferas: civil, administrativa e penal, com base no art. 121 da Lei 8.112/90. Na área penal, o delito será o tipificado no art. 325 do Código Penal: violação de sigilo funcional. PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PR – 2016 – BANCA PRÓPRIA Redija um texto dissertativo acerca do princípio da publicidade no processo penal brasileiro. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 1- regramento constitucional do princípio da publicidade e exceções previstas; 2- aplicabilidade do princípio da publicidade durante toda a persecução penal; 3- consequência(s) para o analista judiciário que torna pública informação de processo que tramita sob segredo de justiça. Discorra sobre o princípio da presunção da inocência, à vista da (a) regra probatória e da (b) regra de tratamento dele derivadas. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 10 SUGESTÃO DE RESPOSTA: O princípio da presunção da inocência (ou presunção de não- culpabilidade) atua como regra de tratamento e como regra probatória (ou de julgamento). Na primeira dimensão, ou seja, como regra de tratamento, deve o imputado ser tratado como inocente, vedandose prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a execução provisória ou antecipada da sanção penal. Recente orientação do STF admitindo a prisão provisória do acórdão condenatório proferido em condenação pelo tribunal de apelação (HC 126.292) destoaria desse entendimento. Considerado sob o aspecto de regra probatória, o princípio da inocência age como regra de distribuição do ônus da prova, impondo à acusação a incumbência de demonstrar a culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, e como regra de julgamento, valendo-se do in dubio pro reo nas hipóteses de dúvida na valoração da prova sobre fato relevante para a decisão do processo. PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PR – 2016 – BANCA PRÓPRIA SUGESTÃO DE RESPOSTA: O princípio da correlação entre acusação e sentença é compreendido como aquele visa resguardar que o magistrado não julgue ultra petita (além), extra petita (fora) ou citra petita (aquém), ou seja, que a prestação jurisdicional contida na sentença penal guarde coerência com o que foi delimitado na denúncia. Sua importância para o processo penal está diretamente relacionada aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório (art.5º, LV, da CF), bem como ao próprio sistema acusatório. A preocupação que a sentença seja exarada com observância da correlação justifica a previsão legal das regras contidas nos artigos 383 e 384, do CPP. Não há ofensa ao princípio da correlação quando há reconhecimento da reincidência na sentença, pois esta agravante não modifica a figura penal objeto da persecução e assim não precisa estar narrada na denúncia. O seu Defina o princípio da correlação entre a denúncia e a sentença. Há ofensa a este princípio quando o juiz, em procedimento comum ordinário e em crime de alçada pública, reconhece, na sentença, a agravante da reincidência que não tenha sido descrita na exordial acusatória? Justifique. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 11 reconhecimento nada mais é do que o exercício de jurisdição, não violando o direito de defesa ou o contraditório. Além disso, há previsão legal expressa, contida no art. 385, do Código de Processo Penal. ESTAGIÁRIO – DPU – 2014 – BANCA PRÓPRIA SUGESTÃO DE RESPOSTA: O princípio da presunção de inocência é um direito e garantia fundamental do cidadão, insculpido no art.5º da CF/88, que garante que “ninguém será considerado culpado ate o transito em julgado de sentença penal condenatória”. O referido princípio não é absoluto, sofre abrandamentos legais, como é o caso da previsão de prisão preventiva, dentro dos parâmetros para sua decretação. Responda, em forma de dissertação, em no mínimo 15 e, no máximo, 30 linhas: a Constituição Federal de 1988 inscreveu, no inciso LVII do art.5º, o princípio da presunção de inocência. Sobre a presunção de inocência, responda: 1- Disserte sobre o princípio da presunção de inocência, abordando o conceito. 2- Este princípio é absoluto ou sofre algum abrandamento legal?; 3- Cite um exemplo de um abrandamento legal ao princípio da presunção de inocência. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 12 CITAÇÃO OFICIAL DE JUSTIÇA - TJAL - 2018 –FGV No curso de investigação penal pela suposta prática de crimes contra a ordem tributária, a autoridade judiciária, atendendo a requerimento do Ministério Público, decretou a prisão preventiva do sócio-administrador da sociedade empresária investigada, Paulo Manoel, bem como determinou a busca e apreensão no endereço do escritório da sociedade empresária, expedindo os respectivos mandados de busca e apreensão e prisão. Em cumprimento da ordem respectiva, o Oficial de Justiça Avaliador, Júlio César, se dirigiu ao endereço constante no mandado, na parte da tarde, e, lá chegando, encontrou anúncio de que a empresa mudou de endereço. Informado pelo porteiro do prédio acerca do novo endereço, em cumprimento da ordem judicial, Júlio César localizou então o prédio onde agora funciona a sociedade e chegou ao local por volta das 20h. Na frente do prédio, se deparou com o sócio Paulo Manoel saindo e, diante disso, efetuou a prisão preventiva pendente de cumprimento. Em seguida, ingressou no novo escritório da sociedade empresária e apreendeu computadores e documentos, conforme constante do mandado, lavrando o termo respectivo. Alguns dias após, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Paulo Manoel e também em face de outro administrador da sociedade, José Carlos. Paulo Manoel foi pessoalmente citado, já que preso, enquanto a citação de José Carlos foi por edital, pois, após diversas tentativas de localização, foi certificado que estava em local incerto e não sabido. José Carlos, após o prazo do edital, não compareceu e nem constituiu advogado, determinando o magistrado a suspensão do processo e do curso do prazo prescricional, o que gerou preocupação do Ministério Público, tendo em vista que a única testemunha do fato era idosa e estava internada em unidade hospitalar, com doença cardíaca em estado avançado. Considerando apenas as informações narradas, responda justificadamente: a) O cumprimento do mandado de prisão preventiva foi válido? b) A busca e apreensão realizada no escritório da sociedade empresária foi válida? c) Com a suspensão do processo em razão da citação por edital, poderia o magistrado adotar alguma medida para resguardar a prova a ser produzida? SUGESTÃO DE RESPOSTA: O cumprimento do mandado de prisão preventiva em desfavor de Paulo Manoel foi válido, já que a prisão poderia se dar a qualquer momento, desde que dentro do prazo de validade fixado no respectivo mandado de prisão, conforme disposto no art. 283, §2º, do CPP. Ademais, a prisão foi realizada em via pública, o que assegura que não houve violação de domicílio. Não gozou de validade, por outro lado, a execução de busca e apreensão promovida no escritório da sociedade empresária, uma vez que o respectivo mandado judicial se destinava ao endereço empresarial anterior, nos moldes exigidos pelo art. 243, I, do CPP, não podendo o oficial de justiça, ao tomar Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 13 ciência da mudança de endereço, cumprir qualquer busca sem antes certificar o fato e comunicar à autoridade judiciária, que, então, poderia expedir novo mandado de busca. Além disso, a busca violou a previsão do art. 245 do CPP, na medida em que se deu no período noturno, o que, ademais, a própria Constituição Federal inibe, ao disciplinar a inviolabilidade domiciliar, no inciso XI do seu art. 5º. Por fim, a suspensão do processo e do prazo prescricional, decretada em virtude da citação do réu José Carlos pela via editalícia, não impede que o juiz proceda à antecipação de provas consideradas urgentes – como no caso narrado, em que a única testemunha corria iminente risco de morte -, com fulcro no art. 366 do CPP, que é expresso no que tange à autorização para medidas dessa natureza. ANALISTA JUDICIÁRIO - TJRJ - FGV - 2014 No dia 13 de novembro de 2014, Eduardo, Matheus e Francisco, unidos em ações e desígnios, praticaram um crime de roubo na cidade de Niterói. Dirigiram-se, então, a São Gonçalo, onde praticaram dois furtos qualificados, fato este presenciado por policiais militares, que conseguiram deter apenas Eduardo, com os demais agentes empreendendo fuga. A prisão em flagrante de Eduardo foi devidamente convertida em preventiva. O Ministério Público apresentou denúncia, perante o Juízo competente, pela prática em conexão dos crimes dos artigos 157, §2º, inciso II (pena: 04 a 10 anos de reclusão, aumentada de 1/3 a 1/2 e multa); e 155, §4º, inciso IV – 2 vezes - (pena: 02 a 08 anos de reclusão e multa), todos do Código Penal. Recebida a denúncia, determinou o magistrado que fossem os réus citados para apresentação de resposta à acusação, designando, desde já, data para audiência. Compareceu o Executor de Mandados no dia 24 de novembro aos endereços indicados nos autos como sendo os de Matheus e Francisco e, como os denunciados não foram encontrados naquela oportunidade, certificou que estavam em local incerto e não sabido. Diante disso, foi realizada a citação destes dois réus por edital. Passado o prazo fixado no edital publicado sem comparecimento dos denunciados ou constituição de advogado, o juiz suspendeu o processo e o curso do prazo prescricional em relação a estes dois acusados, inclusive determinando a produção antecipada de provas. Dois meses após esta decisão, o processo voltou a correr normalmente em face de Matheus, pois foi descoberto que desde o dia 16 de novembro de 2014 ele estava preso no Estado do Rio de Janeiro pela prática de novo crime de roubo. Por sua vez, o acusado Eduardo foi requisitado para o dia da audiência designada, somente sendo citado, porém, no início deste ato da instrução, com apresentação de resposta à acusação oral pela Defensoria. Em alegações finais, a Defensoria Pública alegou a nulidade absoluta da citação de Eduardo, pois realizada no dia de seu interrogatório. Sobre essa situação hipotética, responda (máximo 20 linhas): (a) Qual o juízo territorialmente competente para julgar os crimes Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 14 SUGESTÃO DE RESPOSTA: ‘egra geral, nos termos do art. 70 “caput” do CPP, a competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração penal, adotando o legislador a teoria do resultado como critério de fixação. No caso em apreço, verifica-se a existência de três infrações penais praticadas em localidades diferentes, restando caracterizada a conexão intersubjetiva, prevista no art. 76, I, do CPP. Nos termos do art. 78 do CPP, concorrendo jurisdições de mesma categoria, a competência será determinada, em um primeiro momento, pelo local onde foi praticado o crime mais grave: Niterói. Quanto ao ato pelo qual se dá conhecimento ao acusado da existência de uma acusação contra ele, o CPP prevê três espécies de citação. A citação pessoal (real), prevista nos arts. 351 e 352 do CPP, é a regra, sendo tal ato realizado por mandado judicial cumprido pelo oficial de justiça e também por carta precatória, nos casos em que acusado residir em comarca diversa do juízo processante; por carta de ordem, determinada pelos Tribunais nos processos de competência originária; ou por carta rogatória, que ocorrerá nos casos em que o acusado residir em outro país. Outra espécie de citação é a ficta ou presumida que, por sua vez, trabalha com uma presunção legal da ciência do acusado e divide-se em duas outras espécies: citação por edital e citação por hora certa. Nos termos do art. 363, § 1°, do CPP, dar-se-á a citação por edital quando o acusado não for encontrado, devendo o edital ser publicado em jornal de grande circulação, na imprensa oficial ou afixado no átrio do fórum com prazo de 15 dias. Por sua vez, a citação por hora certa, prevista no art. 362do CPP, deve ser analisada à luz do art. 252 do novo CPC, tendo por objetivo efetivar a citação nos casos em que o acusado se oculta ou foge dela. No tocante às citações dos acusados Mateus e Francisco, temos que, em um primeiro momento, nenhum deles foi localizado nos endereços constantes nos registros, tendo sido descoberto que Mateus fora preso antes do cumprimento do mandado de citação pelo oficial de justiça. A citação do réu preso tem previsão no art. 360 do CPP, estando estabelecido que ela deverá ser pessoal, não bastando sua simples requisição. Logo, nos termos da Sumula nº 351 do STF, Mateus não poderia ter sido citado por edital, já que estava preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce sua jurisdição. Com efeito, a citação de Mateus é nula, já que deveria ter sido citado pessoalmente. Francisco, por sua vez, não foi localizado pelo executor de mandados, o que não necessariamente possibilita sua citação por edital, já que o oficial de praticados em conexão pelos réus? Justifique a resposta (10 pontos). (b) Quais as principais espécies de citação previstas no Código de Processo Penal? Justifique a resposta (10 pontos). (c) Os atos citatórios de Matheus, Francisco e Eduardo foram válidos? Justifique a resposta (30 pontos). Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 15 justiça apenas diligenciou em seu endereço. Tratando-se de hipótese de citação presumida, é evidente que a citação por edital é medida de ultima ratio, que só deve ser adotada quando esgotados todos os meios de localização do acusado. Por tal motivo, nula também é a citação deste acusado. Por fim, verifica-se que Eduardo não foi citado com antecedência, sendo cientificado da acusação apenas no dia da audiência de instrução. A Defensoria Pública, por sua vez, não requereu o adiamento do ato e ofereceu a resposta à acusação oralmente, não havendo que se falar em nulidade de seu interrogatório, conforme já decidido pelo STF. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 4° edição. Salvador. Ed. Juspodivm. 2016. JURISPRUDÊNCIA APLICADA: Súmula 351 do STF - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. Habeas corpus. Interrogatório. Falta de citação prévia. Nulidade. Inexistência. Cientificação da imputação na data da audiência. Nomeação de defensor público ao réu que com ele se entrevistou previamente e não requereu o adiamento do ato. Negação da prática do crime pelo paciente. Inexistência de prejuízo a sua defesa. Audiência de instrução. Nulidade. Ocorrência. Ausência de intimação pessoal da defensoria pública para o ato. Prova acusatória, colhida na audiência, utilizada para a condenação. Prejuízo demonstrado. Violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Ordem parcialmente concedida. 1. A falta de citação não anula o interrogatório quando o réu, ao início do ato, é cientificado da acusação, entrevista-se, prévia e reservadamente, com a defensora pública nomeada para defendê-lo - que não postula o adiamento do ato -, e nega, ao ser interrogado, a imputação. Ausência, na espécie, de qualquer prejuízo à defesa. 2. É nula, por violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa, a audiência de instrução realizada sem a presença da Defensoria Pública, não intimada pessoalmente para o ato, máxime quando a prova acusatória nela colhida tiver embasado a condenação do paciente. 3. A atuação da Defensoria Pública, instituição essencial à função jurisdicional do Estado (art. 134, CF), não pode ser considerada fungível com a desempenhada por qualquer defensor ad hoc, sendo mister zelar pelo respeito a suas prerrogativas institucionais. 4 – Ordem parcialmente concedida, para anular a condenação do paciente. (STF - HC: 121682 MG, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 30/09/2014, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-225 DIVULG 14-11-2014 PUBLIC 17- 11- 2014). GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 16 Gabarito: Juízo Competente indicado corretamente – Vara Criminal de Niterói. - Justificativa para indicação do juízo competente, mencionado que o crime de roubo é o mais grave dos praticados em conexão – art. 78, inciso II, a , CPP. - Menção às principais modalidades de citação previstas no CPP, dentre as quais se destacam a citação pessoal ( requisição, mandado, carta precatória, etc.), a citação por hora certa e a citação por edital. - Apresentação de classificação de citação entre real e ficta, além de dar breves explicações sobre hipóteses de cabimento (ex. citação por hora certa – quando o oficial verificar que o réu se oculta para não ser citado.) – Citação de Matheus – Súmula 351, STF – discorrer sobre a validade da citação por edital do réu preso. - Citação de Francisco - discorrer sobre a necessidade de esgotar as diligências para localização do réu antes da citação por edital. - Citação de Eduardo – discorrer sobre a controvérsia existente quanto à possibilidade da citação ser realizada na audiência em que se realiza o interrogatório, destacando que o STJ não considera que isto, por si só, cause nulidade. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 17 COMPETÊNCIA PROCURADOR DO ESTADO - PGE/BA - CESPE - 2013 SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em relação ao item 1, o foro competente é o da Justiça Federal da Seção Judiciária de Salvador/BA, com fundamento no art. 109, V, da CRFB. Isso ocorre por se tratar do local do resultado do crime, considerando que as mercadorias (videogames falsificados) foram adquiridas no Paraguai, introduzidas ilicitamente no território nacional por José e tiveram como destino a cidade de Salvador, onde então se obteve o proveito do crime não apenas de contrabando, como também de lavagem de dinheiro, ou seja, ambos sujeitam- se à competência jurisdicional federal, conforme a Súmula nº 151 do STJ. Foro competente é aquele do local onde o crime se consumou, o que compreende o órgão jurisdicional específico e legalmente atribuído para tanto. No que tange ao item 2, José praticou o crime de contrabando porque sua conduta incorre no art. 334 do Código Penal. Ele importou de um Estado estrangeiro mercadoria proibida (videogame falsificado), produto que não poderia ingressar no território nacional justamente pela sua falsidade, tendo nele ingressado clandestinamente, isto é, sem qualquer anuência dos órgãos de fiscalização. José também praticou crime de lavagem de dinheiro ou lavagem de capital, previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98, pois dissimulou a natureza de valores provenientes diretamente da prática do crime de contrabando que o antecedeu, também da competência federal. Note-se que prevalece, no Direito Penal, o princípio da especialidade, de modo que não há como reconhecer outros tipos penais aplicáveis à descrição fática das condutas, conforme expostas na questão. José, logo após ter iniciado um empreendimento comercial de venda de eletrônicos em Salvador–BA, adquiriu e conseguiu fazer que entrassem no Brasil cerca de mil consoles falsificados de videogame, oriundos do Paraguai. Em pouco mais de uma semana, todos os aparelhos foram vendidos e o dinheiro resultante das vendas foi utilizado para a aquisição de ações da Caixa Econômica Federal. Passados alguns meses, José realizou contrato em que trocou as referidas ações por um apartamento em Salvador, registrando-o em nome de seu filho Pedro, maior de idade e plenamente capaz. Mediante denúncia anônima, seguida de extensa investigação policial, o esquema foi desvendado, e José, preso. A partir dessa situação hipotética, redija um texto dissertativoque atenda, necessariamente, ao que se pede a seguir. 1- Informe o foro competente para ajuizar a ação penal contra José. [valor: 6,00 pontos] 2- Indique o(s) delito(s) cometido(s) por José. [valor: 6,00 pontos] 3- Descreva a conduta a ser tomada em relação ao(s) tipo(s) penal(is), explicitando as razões do enquadramento. [valor: 7,00 pontos] Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 18 Acerca do item 3, a conduta que se exige para ser tomada, com base no enquadramento típico do crime de lavagem de dinheiro, pela autoridade policial, o Ministério Público ou o juiz, consiste em assegurar, nos termos do art. 4º da Lei nº 9.613/98, o sequestro do imóvel adquirido com o proveito da venda das ações da Caixa Econômica Federal que, por sua vez, decorre da alienação das mercadorias contrabandeadas (art. 125 do CPP). A partir da descrição do fato da alienação das ações e a aquisição de imóvel em nome de terceiro, o interesse precípuo é garantir a perda do objeto do crime em favor da União, de forma que as medidas assecuratórias alcançam o imóvel registrado em nome de terceiro, além da propositura de ação penal pública incondicionada para o fato típico. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: PENAL. PROCESSO PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE DESCAMINHO. MERCADORIAS APREENDIDAS. CONSUMAÇÃO. ART. 70 DO CPP. SÚMULA 151 DO STJ. INCIDÊNCIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL DE PERNAMBUCO. 1. "A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens" (STJ, Súmula n. 151) 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 13ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco, ora suscitado. STJ - CC 126609 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Volumes 1, 2, 3 e 4. 18ª. ed. Saraiva. 2016. MAGISTRATURA ESTADUAL – TJAL – 2008 - CESPE De posse do inquérito X, já devidamente relatado, o membro do Ministério Público do estado do Ceará, em vez de oferecer a denúncia, requereu ao juiz de direito da comarca de Fortaleza a remessa dos autos do inquérito ao estado de álagoas, porque entendeu ser da competência do Ministério Público daquele estado oferecer a respectiva denúncia. O citado juiz, sem qualquer manifestação formal, remeteu, de imediato, os autos do inquérito para o juízo competente do estado do álagoas, o qual, incontinente e sem qualquer decisão, encaminhou-os ao Ministério Público do estado de álagoas. áo analisar o inquérito, em vez de oferecer a denúncia, o promotor de justiça da comarca de Maceió fez extenso parecer acerca da competência do Ministério Público do estado do Ceará. “olicitou, portanto, ao juiz de direito da comarca de Maceió o retorno dos autos do inquérito para a justiça comum do estado do Ceará. Com referência à situação hipotética apresentada acima, responda, de forma fundamentada em conflito de competência e de atribuições, ao seguinte questionamento: o que deve fazer o juiz? Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 19 SUGESTÃO DE RESPOSTA: á situação do enunciado versa sobre um conflito de jurisdição, que é uma forma de viabilizar o controle de competência em relação ao juiz e às partes, nos termos dos arts. 113 e 115, do CPP. Isso é impactante para o processo, notadamente o penal, já que as infringências às normas de competência podem gerar nulidades (art. 564, I, do CPP). O art. 114, do CPP, demonstra as situações de conflito de jurisdição (positivo ou negativo), sendo que pode ocorrer também o conflito de atribuições, isto é, a tormentosidade envolvendo entre os órgãos do Judiciário e órgãos de outros poderes ou entre os órgãos de poderes sem cunho jurisdicional. Pelo que foi narrado no enunciado, há a existência de um conflito de atribuições entre Ministérios Públicos estaduais (Ceará e álagoas). Isso é verificável pela conflituosidade na atribuição para ofertar a denúncia, que precede a própria instauração de uma relação processual penal. Os magistrados não aceitarem a manifestação dos parquets estaduais, atrairia a incidência da atribuição do “TJ para dirimir o conflito, nos termos do art. 105, I, d, da C‘FB. Porém, a presente situação não encontra previsão constitucional e, portanto, diante do entendimento do “TF, esses conflitos devem ser solucionados na esfera administrativa do Ministério Público. Para o “TF, a interpretação extensiva do art. 102, I, f, da C‘FB, somente ocorreria se o conflito for idôneo a comprometer o próprio pacto federativo. DELEGADO DE POLÍCIA - PCAP - 2010 – FGV SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em relação ao item 1, João de Souza realizou três crimes de furto (Oiapoque, Macapá e Tartarugalzinho) e um crime de estelionato mediante a falsificação da assinatura no cheque (art. 171, caput, do CP), uma vez que, segundo entendimento sumulado do STJ, quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. João de Souza comete crime de furto na comarca de Oiapoque. Alguns dias depois, comete novo furto em Macapá, com o mesmo modus procedendi. Uma semana depois, comete novo furto, nas mesmas condições dos anteriores, mas dessa vez na comarca de Tartarugalzinho. Um dos objetos furtados em Macapá foi um talão de cheque, com o qual João emitiu um cheque, falsificando a assinatura, para adquirir uma televisão LCD de 42 polegadas em uma loja de eletrodomésticos situada na comarca de Ferreira Gomes. Qual ou quais os foros competentes para julgar os crimes cometidos por João? Fundamente as suas respostas demonstrando conhecimento acerca dos institutos jurídicos aplicáveis ao caso e indicando os dispositivos legais pertinentes. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 20 No que tange aos delitos de furto praticados em Oiapoque e em Tartarugalzinho, estas comarcas são competentes para julgar os referidos delitos praticados em seu solo, aplicando-se a regra geral constante no art. 70 do CPP. Esta regra aduz que será competente o local em que se consumar a infração. Contudo, em relação ao crime de furto praticado em Macapá e ao crime de estelionato, cometido em Ferreira Gomes, apresenta-se um caso de conexão, ao teor do art. 76, III do CPP (conexão instrumental ou probatória). Este tipo de conexão aduz que quando a prova de um crime influenciar na prova do outro, deve ocorrer a reunião dos processos para o julgamento na Comarca de Ferreira Gomes, haja vista ter sido cometido o crime mais grave (estelionato). Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 21 AÇÃO PENAL POLÍCIA MILITAR - PMDF – IADES - 2017 SUGESTÃO DE RESPOSTA: Em relação ao item “a”, o art. 299 do Código Penal Militar prevê o desacato ao militar em exercício na função ou em razão dela, cominando pena de detenção de seis meses a dois anos, caso o fato não configure outro crime. Depreende-se que o ato praticado pelo civil constitui o crime do art. 299 do CPM. Em relação ao item “b”, a pena cabível em abstrato, consoante o art. 299 do CPM, é de detenção de seis meses a dois anos, caso o fato não configure outro crime. Em relação ao item “c”, a modalidade de ação penal cabível é a pública incondicionada. Em relação ao item “d”, a instituição responsável pelo oferecimento da ação penal é o Ministério Público Militar, nos termos do art. 29 do Código de Processo Penal Militar. Em relação ao item “e”, com base no art. 125, §3º, da C‘FB, a competência é da Justiça Militar, cuja competência é das Auditorias Militares ou Conselhos de Justiça ou juízes deDireito, onde não houver esses órgãos. Por fim, em relação ao item “f”, o art. 90-A da Lei nº 9.099/95 veda a aplicação dos institutos despenalizadores dos juizados especiais criminais no âmbito da Justiça Militar. ANALISTA DO MP - MPE/RS - FCC - 2010 Leia, com atenção, a situação hipotética a seguir. Durante uma ação de suporte a uma força de pacificação, um civil, sem razão aparente, proferiu palavras de baixo calão e jogou cerveja no uniforme de um cabo do Exército Brasileiro. Considerando a situação hipotética apresentada e segundo a lei e o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal Militar, redija um texto dissertativo e (ou) descritivo acerca da conduta do civil que aborde, necessariamente, os seguintes tópicos: a) crime cometido pelo civil; b) pena cabível em abstrato; c) modalidade de ação penal cabível; d) instituição responsável para o oferecimento da ação penal; e) justiça competente; f) juízo competente para julgamento; e, g) indicação e justificativa se são cabíveis ou não os institutos despenalizadores da lei dos juizados especiais criminais (Lei no 9.099/1995). “á fim de que ocorra legitimamente o recebimento da denúncia ou da queixa, é imprescindível a análise das condições da ação, verificando-se a presença dos Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 22 SUGESTÃO DE RESPOSTA: Condições da ação penal são requisitos exigidos para o regular exercício da ação penal, funcionando como verdadeiro filtro processual. Analisada a presença de tais condições, fará o magistrado a análise do mérito sobre a procedência ou não do pedido. No âmbito processual penal, as condições da ação se dividem em genéricas (aquelas que deverão estar presentes em toda e qualquer ação penal) e específicas (aquelas exigidas para uma modalidade específica de ação penal). Antes da vigência do novo Código de Processo Civil, a doutrina elencava a possibilidade jurídica do pedido, o interesse processual e a legitimidade para a causa como condições da ação penal, sendo que alguns autores acresciam a justa causa como uma quarta categoria de condição. No entanto, com a vigência do novo CPC e à luz de uma teoria geral do processo, a possibilidade jurídica do pedido não mais figura no rol das condições da ação, já que saber se o pedido formulado é juridicamente impossível confunde-se com o próprio mérito a ser julgado. Nesta toada, sob a ótica do novo CPC, temos apenas a legitimidade para a causa, o interesse de agir e a justa causa como condições da ação penal, as quais, se não atendidas, gerarão a rejeição da denúncia ou queixa (art. 395 do CPP). A legitimidade ad causam nada mais é do que a possibilidade conferida pela lei para que alguém integre um dos polos da relação jurídica processual, ou seja, no polo ativo estará o Ministério Público ou o querelante. Já no polo passivo estará a pessoal natural ou jurídica cuja conduta típica está sendo imputada. Já a justa causa consubstancia-se no lastro probatório mínimo existente para embasar a acusação, estando presente na prova da materialidade e nos indícios de autoria ou participação. Como já mencionado, não há consenso na doutrina quanto à natureza jurídica da justa causa, mas ausente sua presença, inadmissível será a peça acusatória (art. 395, III do CPP). Por fim, e não menos importante condição genérica da ação penal, há o interesse de agir, constituído pelo trinômio necessidade, adequação e utilidade. A necessidade diz respeito à aplicação de uma sanção penal àquele que, em tese, desobedeceu ao ordenamento jurídico. A adequação exige que o órgão de acusação promova a ação penal nos moldes do procedimento estabelecido pela legislação, a fim de que seja alcançada a satisfação da pretensão punitiva. Já a utilidade liga-se à aptidão da ação penal em concretizar a imposição de uma sanção penal ao acusado, motivo pelo qual não se tem interesse de agir em requisitos mínimos indispensáveis para a formação da relação processual.” Diante dessa assertiva, indique e explique as denominadas condições genéricas para o exercício da ação penal. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 23 fatos prescritos, não sendo admitido pela jurisprudência a tese da prescrição virtual. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 4° edição. Salvador. Ed. Juspodivm. 2016. TAVORA, Nestor e outro. Código de Processo Penal para Concursos. 7ª edição. Salvador. Ed. Juspodivm. 2016. ANALISTA DO MP - MPE/RS - FCC - 2010 SUGESTÃO DE RESPOSTA: A legislação processual penal prevê dois tipos de ação penal: a de natureza pública, cujo titular é o Ministério Público; e a de natureza privada, cuja titularidade é da própria vítima. Por seu turno, a ação penal pública divide- se em condicionada à representação e condicionada à requisição do Ministro da Justiça. A ação penal privada divide-se em exclusiva (ou propriamente dita), subsidiária da pública ou personalíssima. A regra no direito processual penal brasileiro é de que a ação penal para infrações penais seja pública incondicionada, fazendo menção expressa o legislador para os casos em que a ação penal dependerá de representação/requisição do Ministro da Justiça ou para os casos em que será de natureza privada. A ação penal de natureza pública é aquela cujo titular é o Ministério Público e, para seu início, não há qualquer condição específica de procedibilidade, bastando, tão somente, interesse de agir, legitimidade ad causam e justa causa. Por sua vez, a ação penal pública condicionada necessita de condição específica de procedibilidade, qual seja, a representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. Ao seu turno, a ação penal de natureza privada é aquela titularizada pelo próprio ofendido ou por seu representante legal na forma de substituto processual (regra geral no direito processual), denominando-se de ação penal privada propriamente dita. A ação penal privada também pode ser personalíssima, que é aquela cujo direito de queixa somente pode ser exercido pelo ofendido, não podendo nem mesmo o representante legal ajuizar a queixa em seu lugar. Só há um caso de ação penal privada personalíssima no Discorra, fundamentadamente, sobre os tipos de ação penal previstos pela legislação processual penal brasileira e sobre a legitimidade para exercê-las, esclarecendo se existe no Brasil a ação penal popular. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 24 ordenamento jurídico brasileiro, tendo previsão no art. 236 do Código Penal (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento). Outra modalidade de ação penal privada é a subsidiária da pública. Neste caso, originariamente, há um crime que se procede mediante ação penal pública, mas o titular da ação permanece inerte quanto ao oferecimento da denúncia, não a oferecendo no prazo legal (art. 46, “caput” do CPP). Desta feita, o ofendido pode ajuizar queixa-crime em juízo como legitimado extraordinário dentro do prazo decadencial de 6 meses (art. 38 do CPP), contados do dia em que esgotar o prazo legal para o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. De ressaltar, ainda, que há previsão no art. 2°, §2°, da Lei nº 1.079/50, que trata dos crimes de responsabilidade, da possibilidade de qualquer do povo oferecer denúncia em face do Presidente da República, Ministros de Estado, Ministros do STF, Procurador-Geral da República, Governadores de Estado e seus secretários. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: TAVORA, Nestor e outro. Código de Processo Penal para Concursos. 7ª edição. Salvador. Ed. Juspodivm. 2016. ANALISTA JUDICIÁRIO -TJGO – 2013 – BANCA PRÓPRIA SUGESTÃO DE RESPOSTA: A peça acusatória em crime de ação penal pública denomina-se denúncia, enquanto a peça inicial acusatória nos crimes de ação penal privada denomina- se queixa-crime. Ambas são apresentadas por meio de petição, que deve estar escrita no vernáculo pátrio. Estabelece o art. 41 do Código de Processo Penal os requisitos de toda peça acusatória: a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo; a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. De ressaltar que o art. 44 do mesmo diploma legal estabelece que a queixa somente poderá ser ajuizada por meio de procurador com poderes especiais, devendo constar da procuração o nome do querelante e a menção ao fato criminoso. Outra diferença existente entre a denúncia e a queixa está no prazo quanto ao oferecimento de cada peça acusatória. Enquanto o prazo para o Discorra apontando as principais diferenças entre as peças de denúncia e queixa, bem como sobre os princípios da indivisibilidade e divisibilidade da ação penal. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 25 oferecimento da denúncia (art. 46 do CPP) é de cinco dias no caso de o acusado se encontrar preso, e de quinze dias caso se encontre solto; o prazo para o oferecimento da queixa crime está sujeito ao prazo decadencial de 6 meses, que tem início, em regra, no dia em que o ofendido ou seu representante legal tiver conhecimento da autoria do autor da infração penal. Quanto aos princípios da indivisibilidade e da divisibilidade atribuídos à ação penal, temos que o primeiro é adstrito aos crimes cuja ação penal é de natureza privada. Já o segundo, aos crimes cuja ação penal é de natureza pública. Assim sendo, o princípio da divisibilidade, ligado à denúncia, prevê que, em caso de concurso de agentes, o Ministério Público pode oferecer denúncia apenas contra um ou alguns dos investigados, e não contra todos, desde que não haja justa causa para tal oferecimento. Por sua vez, o princípio da indivisibilidade, ligado à queixa, prevê que em caso de concurso de agentes, sendo eles conhecidos, o ofendido deverá ajuizar a demanda em face de todos os autores, não possuindo a faculdade de escolha (art. 48 do CPP). Caso o ofendido não obedeça a indivisibilidade, a omissão de um dos agentes conhecidos implica renúncia tácita ao direto de queixa que, obrigatoriamente, será ampliada aos demais autores do delito, havendo a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, V, do CP. O princípio da indivisibilidade trata-se de feição subjetiva do princípio da obrigatoriedade, ou seja, havendo justa causa, a denúncia deve imputar os fatos a todos aqueles que foram investigados na fase pré-processual da persecução penal, sob pena do reconhecimento do arquivamento implícito dos autos de investigação. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: TAVORA, Nestor e outro. Código de Processo Penal para Concursos. 7ª edição. Salvador. Ed. Juspodivm. 2016. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: “á Turma, ao prosseguir o julgamento, concedeu a ordem de habeas corpus para trancar a ação penal em razão da atipicidade da conduta, sendo seus efeitos estendidos aos corréus em situação análoga, conforme o art. 580 do CPP. O paciente foi denunciado juntamente com mais onze corréus pela prática de crime de gestão temerária (art. 4º, parágrafo único, da Lei n. 7.492/1986) na qualidade de representante de instituição financeira. Segundo a denúncia, o conselho de administração concedeu carta de fiança considerada irregular devido a seu valor elevado em favor de empresa de capital baixo, o que contrariava as normas da instituição financeira, além de colocar em risco tanto seu patrimônio como o próprio sistema financeiro nacional. Sucede que o chefe do paciente, com prerrogativa de foro, já obteve o arquivamento da denúncia Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 26 pela atipicidade da conduta descrita na acusação, visto que não houve o tipo penal que o caso exige: finalidade de agir (interesse), ou seja, dolo específico, e também não teria conduta contra disposição expressa em lei. Assim, para a Min. Relatora, diante do arquivamento pela Procuradoria Geral da República ao acolher parecer no qual se reconheceu a atipicidade do fato, seria inviável agora a responsabilização somente daqueles que seriam partícipes, visto que essa manifestação estender-se-ia aos demais denunciados. Destaca a Min. Relatora não desconhecer precedentes deste Superior Tribunal que afastam a incidência do princípio da indivisibilidade em relação à ação penal de iniciativa pública. Explica, contudo, que, em hipóteses como a dos autos, em que o parquet já se pronunciou pela atipicidade da conduta, a seu ver, incide o princípio da indivisibilidade em relação à ação penal de iniciativa pública, uma vez que não é dado ao MP escolher, entre supostos autores de ilícitos penais, apenas alguns para responder criminalmente, sob pena de infringir o princípio da obrigatoriedade da ação penal. Por outro lado, anota também que a denúncia, enquanto faz acusação de delito doloso, narra condutas culposas, revelando assim carência de justa causa. O Min. Og Fernandes, em voto vista, ressalta também que, como se trata de tipo punido somente na modalidade dolosa, não seria viável o prosseguimento da persecução penal quando a peça acusatória narra condutas culposas. Precedentes citados: HC 82.589-MS, DJ 19/11/2007; HC 95.344-RJ, DJe 15/12/2009; HC 92.952-RN, DJe 8/9/2008; RHC 6.368-SP, DJ 22/9/1997, e RHC 7.982-RJ, DJ 29/11/1999”. (HC 101.570-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/9/2010). MAGISTRATURA ESTADUAL - TJPR - 2017 - CESPE SUGESTÃO DE RESPOSTA: O CPC consagrou de forma expressa a Concepção Eclética sobre o direito de ação, ou seja, o direito ao julgamento do mérito da causa, sendo irrelevante se favorável ou desfavorável. Contudo, isso fica condicionado ao preenchimento de certas condições aferíveis à luz da relação jurídica material deduzida em juízo (condição da ação). ássim, o direito de ação não depende da existência do direito material, mas do preenchimento de certos requisitos formais chamados de condições da ação, que não se confundem com o mérito. Quando ausentes as condições da ação, geram uma sentença terminativa de carência da ação (art. 485, VI, do CPC), sem a formação de coisa julgada material, o que, em tese, permite que nova demanda seja renovada, em havendo correção do vício que deu ensejo à sentença sem resolução do mérito Diferencie as condições da ação penal sob a ótica da concepção eclética e sob a teoria da asserção, considerando a justa causa como espécie de condição da ação, discorrendo sobre os efeitos da absolvição sumária bem como da rejeição da peça acusatória. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 27 (art. 486, § 1º, do CPC). Tratando-se de matéria de ordem pública, não há preclusão, concluindo os defensores desta teoria que, a qualquer momento do processo e com qualquer grau de cognição, o juiz deve extinguir o processo sem resolução de mérito por carência da ação (se entender ausente uma das condições da ação). á teoria da ásserção aduz que a presença das condições da ação deve ser analisada pelo juiz com base nos elementos fornecidos pelo próprio autor em sua inicial, os quais devem ser tomados como verdadeiros, sem nenhum desenvolvimento cognitivo, ou seja, o exame deverá ser feito in statu assertionis. “e o juiz constatar a ausência de uma condição da ação mediante cognição sumária, deve extinguiro processo sem resolução do mérito por carência de ação (art. 485, VI, do CPC). Quando houver necessidade de cognição mais aprofundada para análise da presença das condições da ação, a carência de ação passa a ser analisada como mérito, gerando uma sentença de rejeição do pedido do autor com formação de coisa julgada formal e material. No tocante à justa causa para a ação penal, o art. 395, do CPP, prevê expressamente que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar justa causa para o exercício da ação penal (inciso III). Exige-se da acusação lastro probatório mínimo de existência material de um fato penalmente punível e indícios suficientes de autoria para invocar a tutela jurisdicional, normalmente colhidos no inquérito policial ou de outras peças de informação. “ob a ótica da concepção eclética, evidenciada ausência de justa causa para ação penal, deverá o juiz rejeitá-la, fazendo a decisão apenas coisa julgada formal. Iniciada a ação penal, por se tratar de matéria de ordem pública, não haverá preclusão e a decisão não fará coisa julgada material. No âmbito do processo penal, sob a perspectiva da teoria da asserção, ainda que se analise as condições da ação, com base no que foi narrado na denúncia ou queixa, deverá o juiz aferir se há justa causa, apreciada em cognição superficial, evitando-se denúncia ou queixa infundada. Para os que consideram a justa causa como espécie de condição da ação penal, verificando a sua ausência por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória, deve o magistrado rejeitá-la, nos termos do art. 395, III, do CPP, fazendo a decisão apenas coisa julgada formal. á ausência de justa causa após apresentação da resposta do acusado, mediante cognição profunda, implicará na absolvição sumária com base no art. 397, III, do CPP, com julgamento de mérito, fazendo coisa julgada formal e material. PROCURADOR FEDERAL – AGU - CESPE - 2007 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 28 SUGESTÃO DE RESPOSTA: O primeiro ponto a ser abordado é que esse delito é um crime funcional e, por isso, aplica-se o rito especial dos arts. 513 a 518 do CPP. O art. 513 do CPP demanda que a denúncia seja instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito. Logo, exige-se nitidamente um lastro probatório mínimo para dar início à ação penal. Pela questão, também ficou configurada a falta de justa causa. Diante desses dois fatores, o magistrado deverá rejeitar parcialmente a denúncia, de modo a excluir a qualificadora do art. 325, §2º, do CP. Com a rejeição parcial da denúncia e não havendo recurso do Ministério Público, ocorrerá a formação da coisa julgada formal no que tange à qualificadora. Logicamente, caso haja o surgimento de novas provas, a denúncia poderá ser aditada. Além disso, com a rejeição, o crime torna-se de menor potencial ofensivo, cabendo a transação penal e a composição do dano. O recurso cabível da decisão que rejeita a denúncia, ainda que parcialmente, é o recurso em sentido estrito, com base em interpretação extensiva do art. 581, I, do CPP. Marcelo foi denunciado pelo Ministério Público por ter revelado fato que devia permanecer em segredo e que tinha ciência em razão do cargo que ocupa. A ação praticada por Marcelo resultou em dano à administração pública, e o Ministério Público requereu a condenação do denunciado nas penas do art. 325, §2º do Código Penal (Revelar fato que tem a ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação). Por ocasião do recebimento da denúncia, o juiz verificou que não havia qualquer prova, ou sequer indício, no inquérito ou nos autos, a respeito da qualificadora. Com base na situação descrita acima, redija um texto dissertativo que, aborde, necessariamente e de modo fundamentado, os seguintes aspectos: 1- correta conduta a ser seguida pelo juiz; 2- possíveis efeitos da decisão do juiz; 3- recurso cabível. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 29 APREENSÃO DE MENOR POLICIAL CIVIL - PCRN - CESPE - 2008 SUGESTÃO DE RESPOSTA: O Estatuto da Criança e Adolescente, consubstanciado na Lei nº 8.069/90, disciplina legalmente os direitos e deveres infanto-juvenis, materializando a proteção prevista no artigo 227 da Constituição Federal. É sabido que crianças e adolescentes não praticam crime. Em verdade, o menor de dezoito anos é inimputável e está sujeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, diz-se que crianças e adolescentes praticam ato infracional equiparado a crime ou contravenção, nos termos do art. 103 da Lei nº 8.069/90. Para entendimento do tema, é de se destacar que a legislação em análise estabelece, em seu art. 2º, uma importante divisão de conceitos entre criança e adolescente. Para o Estatuto, criança é a pessoa com até doze anos incompletos, ou seja, aquele que ainda não completou seus doze anos. De outro lado, adolescente é aquele que possui entre doze anos completos e dezoito anos incompletos. A diferença tem importância prática, na medida em que à criança que praticar ato infracional somente podem ser aplicadas as medidas de proteção do art. 105 do ECA, enquanto ao adolescente são aplicadas também medidas socioeducativas. Na hipótese de o adolescente ser flagrado por policiais cometendo ato infracional, este, ao ser capturado, não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial em condições atentatórias à sua dignidade ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade, como estabelece o art. 178 do ECA. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Brasil. Constituição Federal de 1988, art. 227, caput. Considerando que o preceito constitucional acima transcrito tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: ASPECTOS CRIMINAIS DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - Ao elaborar o texto, esclareça, necessariamente, as seguintes indagações. 1- Qual a distinção entre criança e adolescente? 2- O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial? 3- Em regra, comparecendo ao distrito policial qualquer dos pais ou responsável, o adolescente apreendido em flagrante de ato infracional deverá ser liberado pela autoridade policial? Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 30 Em seguida, apresentado à autoridade policial e comparecendo à Delegacia qualquer dos pais ou responsável pelo adolescente, o art. 174 do ECA estatui como regra que este será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato. Contudo, isso não ocorrerá quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: BARROS, Guilherme Freire de Melo. Direito da Criança e do Adolescente – volume 36 – Coleção Sinopses para Concursos. Salvador, Juspodivm, 2014 Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 31 EXECUÇÃO PENAL OFICIALDE JUSTIÇA - TRF4 - FCC - 2014 SUGESTÃO DE RESPOSTA: A alegação do advogado fundamenta-se no entendimento das turmas criminais do STJ no sentido de que a execução forçada da pena de multa, em infrações comuns, cabe ao Juízo competente para a execução fiscal, sendo da Fazenda Pública, e não do Ministério Público, a legitimidade ativa para tal intento. Referida visão encontra guarida na Súmula nº 521 do STJ. Contudo, o STJ vem se mostrando refratário à admissão do habeas corpus em substituição ao recurso processual próprio. No caso, inversamente ao recurso especial, alega o advogado ter sido bem sucedido em habeas corpus diretamente, o que, à vista do entendimento reiterado STJ, colide com o que a referida Corte vem ordinariamente sedimentando. Aduza-se que o STF trilha o mesmo entendimento. Consoante a Súmula nº 693 do STF e o entendimento do STJ, a jurisprudência ressalta o não cabimento de habeas corpus para o debate exclusivo da multa penal, já que nele não se expõe a liberdade de locomoção do paciente em perigo. Por fim, o STJ pacificou o entendimento de que, com a remessa da execução da multa ao juízo fiscal, e não havendo outra pena a ser executada, tem-se a extinção imediata do processo de execução penal, independentemente Cumprindo o mandado judicial, regularmente expedido pela Vara Federal das Execuções Criminais, nos autos de determinado processo de execução penal, o Oficial de Justiça dirigiu-se à residência do sentenciado para proceder à avaliação de um bem móvel, antes penhorado na execução da pena de multa, única sanção remanescente, eis que já cumprida a pena de reclusão de três anos aplicada, concomitantemente, por esse único crime em execução. Ali chegando, o Oficial de Justiça encontra o Advogado do sentenciado pedindo- lhes que suspenda o cumprimento do mandado. O causídico alega oralmente que, com seus argumentos antes rejeitados em sede de agravo em execução pelo Tribunal Regional Federal respectivo, acaba, porém, de obter decisão final favorável em habeas corpus impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça, para o fim exclusivo de ser determinada a incompetência do Juízo da execução criminal para executar aquela pena de multa, em favor da competência do Juízo da Execução Fiscal, devendo o processo de execução penal aguardar suspenso a solução do débito perante este último. Estritamente, à luz da jurisprudência hoje consolidada do Superior Tribunal de Justiça, comente a verossimilhança, os fundamentos e a adequação técnica de cada uma das alegações apresentadas pelo Advogado para, afinal, justificadamente, dispor sua decisão final, na condição de Oficial de Justiça, sobre o pedido formulado pelo causídico. Não acresça novos dados factuais não contemplados na questão. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 32 da extinção da multa. Logo, não estaria alinhada a esse entendimento a concessão da ordem para que o processo de execução penal, no caso, aguardasse suspenso a solução do débito. Ademais, além da inverossimilhança da alegação do advogado, a mera avaliação sequer acresce qualquer gravame ao sentenciado, sendo que a decisão final do oficial de justiça deve ser a de dar cumprimento à diligência de avaliação constante do mandado judicial que tem em mãos. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: HABEAS CORPUS – JULGAMENTO POR TRIBUNAL SUPERIOR – IMPUGNAÇÃO. A teor do disposto no artigo 102, inciso II, alínea “a”, da Constituição Federal, contra decisão, proferida em processo revelador de habeas corpus, a implicar a não concessão da ordem, cabível é o recurso ordinário. Evolução quanto à admissibilidade do substitutivo do habeas corpus. PROCESSO-CRIME – DILIGÊNCIAS – INADEQUAÇÃO. Uma vez inexistente base para o implemento de diligências, cumpre ao Juízo, na condução do processo, indeferi-las. (STF - HC: 109956 PR, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 07/08/2012, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-178 DIVULG 10-09-2012 PUBLIC 11- 09- 2012) Súmula 693 do STF - Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. Súmula 521 do STJ - A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. Execução penal. Agravo regimental no habeas corpus. Crimes financeiros –arts. 4º e 22 da Lei n. 7.492/86. Pena privativa de liberdade cumulada com pena de multa. Indulto da primeira e inscrição da segunda na dívida ativa da União. Juízo da execução penal incompetente para analisar o pedido de indulto da multa. Competência da autoridade Fiscal. Impetração de HHCC no TJ/SP e no STJ. Não conhecimento. Ausência de ameaça ao direito de locomoção. Objeto único da tutela em HC (CF, art. 5º, inc. LXVIII). Impossibilidade da reconversão da multa em pena privativa de liberdade. Fundamento não atacado. Insistência nos temas de fundo (competência do Juízo da Execução Penal e prescrição da pena de multa). Art. 51 do Código Penal: Pena multa convertida em dívida de valor. Regência pela legislação atinente à Fazenda Pública. Dupla supressão de instância. Inviabilidade do writ. 1. O habeas corpus é cabível “sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (CF, art. 5º, inc. LXIX), por isso não tem cabimento quando não estiver em jogo o objeto específico de sua tutela. 2. In casu, o paciente foi condenado à pena privativa de liberdade, cumulada com pena de multa, pela prática dos crimes descritos nos arts. 4º e 22, da Lei n. 7.492/86, e, após o trânsito em julgado da sentença, Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 33 foi iniciada a execução da pena privativa de liberdade, sendo a pena de multa convertida em dívida de valor e encaminhada à Fazenda Pública para execução, ex vi do art. 51 do Código Penal. Posteriormente beneficiado com o indulto da pena privativa de liberdade, o paciente requereu o indulto da pena de multa, tendo o Juízo da Execução Penal se declarado incompetente para julgar o feito em face da conversão daquela em dívida de valor, ante o deslocamento da competência para a autoridade fiscal. 2.1. Daí a impetração sucessiva de habeas corpus no TJ/SP e STJ sustentando a competência do Juízo da Execução Penal, fundada em que a conversão da pena de multa em dívida de valor não lhe retira a natureza penal; inovando, ademais, com a ocorrência da prescrição. 2.2. Ambos os Tribunais não conheceram das impetrações, sob o fundamento da inexistência de ameaça atual ou iminente ao status libertatis em decorrência de abuso de poder ou ilegalidade, sendo certo que o inadimplemento da pena de multa convertida em dívida ativa não resultará em cerceio da liberdade; aliás, em consonância com o entendimento firmado pelo Pleno desta Corte no HC (AgR) n. 82.880/SP, Pleno, DJ de 16/05/2003, verbis: “CON“TITUCIONáL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS: CABIMENTO. C.F., art. 5º, LXVIII. I. - O habeas corpus visa a proteger a liberdade de locomoção – liberdade de ir, vir e ficar – por ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser utilizado para proteção de direitos outros. C.F., art. 5º LXVIII. II. - H.C. Indeferido, liminarmente. ágravo não provido”, valendo conferir ainda o recente julgado da 2ª Turma desta Corte no HC n. 105.903, Rel. Min. Rosa Weber, no qual, em situação que se assemelha à do caso sub examine, assentou que “Tratando-se de condenação criminal somente à pena de multa e não sendo ela passível de conversão em prisão, não se encontra em risco a liberdade de locomoção do paciente, não sendo, por este motivo e conformeconsubstanciado na Súmula 693 deste Supremo Tribunal Federal, cabível o habeas corpus, instrumento destinado à garantia da liberdade de locomoção”. 3. á insistência no conhecimento de questões sobre as quais as instâncias antecedentes não se manifestaram encontra resistência na pacífica jurisprudência desta Corte, no sentido de repudiar o conhecimento, per saltum, de habeas corpus, sendo certo que, in casu, há dupla supressão de instância. 4. Não obstante a higidez do fundamento do ato impugnado, e apenas ad argumentandum tantum, é consensual que a pena de multa pode ser alcançada pela prescrição da pretensão punitiva, nos termos do art. 114, I e II, do Código Penal, tanto a pena cominada in abstracto quanto a concretamente fixada na sentença ainda não transitada em julgado, ao passo que a prescrição da pretensão executória da pena de multa, vale dizer, da pena resultante de sentença transitada em julgado, há de ser questionada junto à autoridade fiscal à luz do Código Tributário Nacional, por expressa disposição do art. 51 do Código Penal. 5. Ainda a título argumentativo, não há falar em competência do Juízo da Execução Penal para decidir a respeito da pena de multa convertida em dívida de valor. Destarte, independentemente da origem penal da sanção, a multa restou convolada em obrigação de natureza fiscal e, por essa razão, a competência para passou a ser da autoridade fiscal, por força da Lei n. 9.268/96, que deu nova redação ao art. 51 do Código Penal. 6. Agravo Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 34 regimental desprovido.(STF - HC: 115405 SP, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 13/11/2012,Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-246 DIVULG 14-12-2012 PUBLIC 17-12-2012) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 18ª. ed. Saraiva. 2016. ANALISTA DO MP - MPE/RS – 2014 – BANCA PRÓPRIA SUGESTÃO DE RESPOSTA: Nos termos do art. 50, II, da lei de execução penal, comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que fugir, independentemente do regime que lhe fora imposto, sendo o fato apurado por meio de procedimento administrativo presidido pela autoridade administrativa que, regra geral, é o diretor do presídio. Poderá, ainda, o diretor do presídio, nos termos do art. 54 da LEP, aplicar as sanções previstas no art. 53, I a IV, que vão da advertência ao isolamento, não podendo aplicar a sanção de inclusão do preso em regime disciplinar diferenciado, ato este que atende a clausula de reserva jurisdicional, sendo sempre assegurada a ampla defesa. A prática de falta definida como grave ou de crime doloso durante a execução da pena, nos termos do art. 118 da LEP, acarreta a regressão de regime prisional, devendo, para tanto, ser o condenado ouvido previamente pelo juízo em audiência de justificação, assegurando, novamente, o contraditório e a ampla defesa, já que a ele poderá ser imposto regime mais grave ao que está cumprindo, no caso, o regime fechado. De ressaltar que somente o magistrado poderá determinar a regressão do regime, podendo, também, manter o condenado no regime em que se encontra, homologando a sanção imposta pelo diretor do presídio. Outro desdobramento da fuga do preso ocorre com relação à alteração da data base para a concessão de novos benefícios, prazo este que será computado a partir da data de sua recaptura. No entanto, alguns benefícios poderão ser concedidos ainda que diante do cometimento de falta grave (fuga), tais como o livramento condicional (Súmula 441 do STJ) e comutação de pena ou indulto (Súmula 535 do STJ). Quanto à perda dos dias remidos, efeito relacionado à prática de falta grave, não mais haverá sua perda total, podendo o magistrado revogar até 1/3 do tempo (art. 127 da LEP – alterado pela Lei nº 12.433/11). No tocante ao benefício da saída temporária, em caso de punição por falta grave, estabelece a Disserte sobre as diversas implicações decorrentes da fuga de detento do regime semiaberto, levando em conta os procedimentos e consequências atuais e futuros na vida do detento. Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 35 LEP que será o benefício automaticamente revogado, podendo o condenado recuperar tal direito se absolvido no processo penal (no caso da prática de crime doloso), ou caso haja o cancelamento da punição disciplinar ou demonstração de merecimento. Em se tratando do tema “prescrição”, nos termos do art. 113 do Código Penal, o cômputo será regulado pelo tempo que restar da pena do condenado fugitivo, sendo o prazo interrompido no dia de sua recaptura. Por fim, de todas as decisões preferidas pelo juiz em sede de execução penal, caberá agravo em execução sem efeito suspensivo (art. 197 da LEP), exceto no caso de desinternação ou liberação de pessoa sujeita à medida de segurança, aplicando-se, quanto ao rito, as disposições do recurso em sentido estrito. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 8ª edição. Volume 2. Rio de Janeiro. Forense 2014. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. FUGA DO APENADO. FALTA GRAVE.CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS PRISIONAIS. INTERRUPÇÃO DO PRAZO.LEGALIDADE. RESSALVA DO LIVRAMENTO CONDICIONAL, INDULTO E COMUTAÇÃODE PENA. DATA-BASE. DIA DA RECAPTURA. PROGRESSÃO DE REGIMEPRISIONAL. 1/6 DA PENA NO REGIME ANTERIOR. REQUISITO OBJETIVO NÃOPREENCHIDO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA.I. No julgamento do EREsp 1.176.486/SP, a Eg. Terceira Seção desta Corte, em sessão realizada em 28 de março próximo passado, uniformizou entendimento no sentido de que a prática de falta disciplinar de natureza grave interrompe a contagem do lapso temporal para a concessão de benefícios que dependam de lapso de tempo no desconto de pena, salvo o livramento condicional e a comutação de pena. II. A data-base para a contagem do novo período aquisitivo – nos casos de fuga do estabelecimento prisional - por se tratar de infração disciplinar de natureza permanente, é o dia da recaptura do preso evadido, consoante a disciplina do art. 111, inciso III, do Código Penal. III. Apenado que registrava histórico carcerário conturbado, apresentando regressões e reincidência delitiva quando usufruía do benefício da liberdade condicional e, além de ter o seu regime prisional regredido em face de uma fuga cometida, quando teria ficado foragido quase dois meses. IV. Hipótese em que não se vislumbra o apontado constrangimento ilegal, pois à época do julgamento do Agravo em Execução n.º 70035353531 (28.04.2010) ainda não havia transcorrido 01 ano e 04meses - um sexto da pena no regime anterior -, contados da recapturado apenado, no dia 07.04.2009, não preenchendo ele qualquer dos requisitos legais - objetivo ou subjetivo - para que lhe fosse deferido o benefício almejado. V. Ordem denegada. (STJ - HC: 172059 RS Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 36 2010/0084380-7, Relator: Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento: 03/05/2012, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/05/2012) EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. FALTA GRAVE. ALTERAÇÃO DA DATA-BASE PARA NOVOS BENEFÍCIOS. SÚMULAS 535 E 534 DESTA CORTE. RECURSO REPETITIVO (RESP N. 1.364.192/RS). AUSÊNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
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