Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR MÓDULO 1 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. CAPÍTULO 2 CONCEPÇÕES DE GESTÃO/ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR Neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Descrever os conceitos contemporâneos da administração escolar no Brasil. Apontar, em seu contexto de atuação, alguns princípios da administração escolar. Distinguir, nas situações do cotidiano escolar, os princípios da administração escolar contemporânea. 2 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. SUMÁRIO – CAPÍTULO 2 Conceitos de Administração e Gestão Escolar.........................................4 Gestão Escolar e Direção.........................................................................5 Conceitos Contemporâneos Gestão Escolar............................................7 A configuração do Trabalho Coletivo na Gestão Escolar.........................8 Algumas Considerações.........................................................................11 Referências............................................................................................13 3 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR Organização, administração e gestão são termos aplicados aos processos organizacionais, com significados muito parecidos. Organizar significa dispor de forma ordenada, articular as partes de um todo, prover as condições necessárias para realizar uma ação; administrar é o ato de governar, de pôr em prática um conjunto de normas e funções; gerir é administrar, gerenciar, dirigir. No campo da educação, a expressão organização escolar é frequentemente identificada com administração escolar, termo que tradicionalmente caracteriza os princípios e procedimentos referentes à ação de planejar o trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros, intelectuais), coordenar e controlar o trabalho das pessoas. Alguns autores utilizam essas duas expressões indistintamente, outros atribuem maior amplitude a uma ou a outra. O mesmo acontece com os termos gestão e direção, ora tomados como sinônimos, ora o primeiro praticamente se confundindo com administração e o segundo como um aspecto do processo administrativo. A maioria dos autores que estudam as tarefas de administrar, gerir, organizar, dirigir, tomar decisões as reúne todas no conceito de administração, configurando-se assim uma ciência da administração ou uma teoria da administração. Tais tarefas remetidas à escola configuram a administração escolar (ou educacional, conforme o âmbito de análise), sendo a ação de organizar uma parte dela. Nesse sentido, são bem explícitas as seguintes definições: A administração escolar tem como objetivos essenciais planejar, organizar, dirigir e controlar os serviços necessários à educação. Ela inclui, portanto, no seu âmbito de ação, a organização escolar. (SANTOS, 1996) Em seu sentido geral, podemos afirmar que a administração é a utilização racional de recursos para a realização de fins determinados. Os recursos envolvem, por um lado, os elementos materiais e conceptuais que o homem coloca entre si e a natureza para dominá-la em seu proveito; por outro, os esforços despendidos pelos homens e que precisam ser coordenados com vistas a um propósito comum. A administração pode ser vista, assim, tanto na teoria como na prática, como dois amplos campos que se interpenetram: a “racionalização do trabalho” e a “coordenação do esforço humano coletivo”. (PARO, 1986) Outros autores, entretanto, reconhecendo a especificidade das instituições educacionais, preferem atribuir ao termo organização maior abrangência, entendendo que a administração realiza- se no contexto de uma organização. Além disso, sendo a instituição escolar eminentemente um sistema de relações, com fortes características interativas, que a diferencia das empresas convencionais, seria mais adequado o uso do termo organização. Nesse caso, é aceitável a posição de Chiavenato (1989) distinguindo dois significados de organização: como unidade social e como função administrativa. As seguintes definições permitem atribuir a abrangência maior ao termo organização. 4 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. A organização são unidades sociais (e, portanto, constituídas de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcançar determinados objetivos. Os objetivos podem ser o lucro, as transações comerciais, o ensino, a prestação de serviços públicos, etc. Nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações, porque tudo o que fazemos é feito dentro de organizações. (CHIAVENATO, 1989) A organização escolar é o conjunto de disposições, fatores e meios de ação que regulam a obra da educação ou um aspecto ou grau da mesma. Esses meios ou fatores são de duas classes: administrativos e pedagógicos. (AGUAYO apud SANTOS, 1966) Organizar é bem dispor elementos (coisas e pessoas) dentro de condições operativas (modos de fazer), que conduzem a fins determinados. Administrar é regular tudo isso, demarcando esferas de responsabilidade e níveis de autoridade nas pessoas congregadas, a fim de que não se perca a coesão do trabalho e sua eficiência geral. (LOURENÇO FILHO, 1976) Seguindo de perto essas definições, adotamos o sentido amplo de organização, ou seja, unidade social que reúne pessoas que interagem entre si e que opera por meio de estruturas e processos organizativos próprios, a fim de alcançar os objetivos da instituição. Para que as organizações funcionem e, assim, realizem seus objetivos, requer-se a tomada de decisões e a direção e controle dessas decisões. É esse processo que denominamos gestão. Utilizamos, pois, a expressão organização e gestão da escola, considerando que esses termos, colocados juntos, podem ser mais abrangentes que administração. Em síntese, a gestão escolar visa: a) Prover as condições, os meios e todos os recursos necessários ao ótimo funcionamento da escola e do trabalho em sala de aula; b) Promover o envolvimento das pessoas no trabalho por meio da participação e fazer o acompanhamento e a avaliação dessa participação, tendo como referência os objetivos de aprendizagem; c) Garantir a realização da aprendizagem de todos os alunos. GESTÃO ESCOLAR E DIREÇÃO Alguns autores afirmam que o centro da organização e do processo administrativo é a tomada de decisões. Todas as demais funções da organização (o planejamento, a estrutura organizacional, a direção, a avaliação) estão referidas ao processo eficaz de tomada de decisão (GRIFFITHS, 1974). Os processos intencionais e sistemáticos de se chegar a uma decisão e de fazer a decisão funcionar caracterizam a ação que denominamos gestão. Em outras palavras, a gestão é a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para se atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e técnico-administrativos. Nesse sentido, é sinônimo de administração. A direção é um princípio e atributo da gestão, mediante a qual é canalizado o trabalho conjunto das pessoas, orientando-as e integrando-as no rumo dos objetivos. Basicamente, a direção 5 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. põe em ação o processo de tomada de decisões na organização, e coordena os trabalhos, de modo que sejam executados da melhor maneira possível. A organização e os processos de gestão,incluindo a direção, assumem diferentes significados conforme a concepção que se tenha dos objetivos da educação em relação à sociedade e à formação dos alunos. A direção pode, assim, estar centrada no indivíduo ou no coletivo, sendo possível uma direção individualizada ou uma direção coletiva ou participativa. Neste curso, será assumida a concepção da gestão participativa ou democrático- participativa, conforme detalharemos adiante. Apresentaremos alguns aspectos que consideramos relevantes da administração escolar na contemporaneidade. Entendemos que cada pessoa é resultado de um processo único e singular, bem como que esse processo é histórico e se dá num determinado tempo e contexto, permeado por conflitos de interesses hegemônicos vigentes na sociedade. Exitem, nos processos de organização e administração escolar, duas concepções bastante distintas e contraditórias no que se refere às finalidades sociais e políticas da educação. Em uma, prevalece uma visão mais técnica e burocrática da administração escolar, sendo a escola considerada um espaço neutro e estático e que deve ter uma organização planejada e controlada para que os objetivos estabelecidos alcancem os melhores resultados (eficácia e eficiência). A estrutura organizacional define rigorosamente a estrutura dos cargos e estabelece as funções numa hierarquia de poder com normas e regulamentos rígidos. A direção é centralizada, e normalmente o planejamento é feito com a participação do grupo de especialistas e técnicos. A versão conhecida mais recente da administração é o modelo da Qualidade Total, com métodos e técnicas de gerenciamento. Alguns pontos relevantes desta concepção são apontados por Libâneo (2004): Funções e tarefas delimitadas, acentuando-se a divisão técnica do trabalho escolar; O poder é centralizado no diretor, destacando-se uma hierarquia de poder; Rígido sistema de normas e regras e controle das atividades escolares, quase sempre sem levar em consideração a especificidade da escola; As normas e ordens são ditadas de ‘cima para baixo’, sem discussão com o coletivo; É dada mais importância à realização das tarefas do que as interações sociais do grupo. A outra concepção de administração da escola considera os alunos, os professores, os funcionários e a comunidade como sujeitos do processo educativo, e não como meros objetos. Agrega as pessoas em torno de ações intencionais considerando as interações sociais, com os seus conflitos e disputas. A gestão da escola é democrática com a participação e a contribuição dos envolvidos. Evidenciamos, para melhor entendimento desta concepção, alguns pontos sinalizados por Libâneo (2004): Funções e tarefas são definidas com o grupo possibilitando o exercício da gestão participativa; 6 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. As decisões são coletivas por meio de discussões dos grupos, em reuniões e assembleias; Alternância no exercício de funções (eleição). Ênfase na organização no coletivo; As normas e ordens são discutidas; ‘a responsabilidade é do coletivo; Destaque para as inter-relações entre as pessoas, mais do que à execução das tarefas. A partir destas considerações iniciais, a seguir apresentaremos alguns conceitos contemporâneos, substantivos e essenciais de administração escolar, enfatizando o compartilhamento das decisões, o respeito e a responsabilidade nas ações, bem como o exercício da liderança organizacional, ações coordenadas pelo administrador escolar. CONCEITOS CONTEMPORÂNEOS DE GESTÃO ESCOLAR A escola, de acordo com uma concepção contemporânea, é um espaço social que visa à formação humana, considerando a apropriação, de forma sistemática e organizada, do saber historicamente produzido pela humanidade. A ação pedagógica é, portanto, uma intervenção inteligente na formação de pessoas. Para que isso aconteça, é preciso que haja uma proposta pedagógica com base no contexto histórico da comunidade escolar, viabilizando uma aprendizagem significativa e uma organização que possibilite a integração de todas as ações planejadas no coletivo. 7 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. A organização, a orientação, a viabilização e o acompanhamento do conjunto das práticas educativas partem, portanto, da Administração Escolar. Conforme alguns autores, como Lima (2008), Libâneo (2004) e Nóvoa (1999), as concepções de administração escolar refletem os diferentes momentos históricos, mas também os diferentes entendimentos relacionados ao papel da escola e da formação humana. Essas concepções têm especificidade própria que possibilitam a reflexão e a análise da estrutura e da organização escolar. Vale ressaltar que, quase sempre, as características não se apresentam na forma completa. Características de uma concepção podem ser encontradas em outras perspectivas, mas é possível determinar, por meio da análise de uma organização escolar, qual a concepção dominante na ação pedagógica, pois, muitas vezes, o discurso é um e a prática é outra. Cada uma das concepções da administração escolar deve ser confrontada com as outras e todas devem ser confrontadas entre si, não no sentido de uma definição para substituir ou dispensar uma ou outra. Igualmente nem podemos ter a pretensão de ter uma visão definitiva e completa considerando apenas as perspectivas de administração escolar apresentadas. Evidenciamos que a especificidade da prática da educação escolar exige fundamentos próprios para a sua administração. Embora alguns autores, como Ramos (1993) e Martins (2008) apontem semelhanças entre a administração empresarial e a administração da escola, nas funções de consecução de objetivos, de organização do financeiro, de organização do pessoal e de relações entre pessoas, ambas se diferenciam num ponto essencial que é a função social. Enquanto a administração da empresa tem por objetivo o lucro, por meio da exploração do trabalho humano, a administração da escola tem como finalidade a formação humana no exercício da cidadania e democracia. O diferencial está no uso das pessoas para atingirem os objetivos: na gestão empresarial, as pessoas são recursos humanos; na educação, o ser humano é o fim em si mesmo. A escola é administrada para possibilitar a formação do humano. Arroyo (2005) enfatiza que não nascemos humanos e que nos tornamos humanos na presença de outros humanos. A CONFIGURAÇÃO DO TRABALHO COLETIVO NA GESTÃO ESCOLAR Caro(a) aluno(a), passaremos, agora, a apresentar alguns elementos fundamentais que ajudarão você, como líder, a desempenhar sua função com competência. Como coloca Lima (2008), a escola como instituição social está sempre em construção, e “um modelo de gestão escolar só tem existência empírica na e pela ação e, neste sentido, encontra-se sempre em processo de criação e de recriação, em estruturação”. Por isso, é preciso que você se prepare para poder tomar medidas concretas no dia-a-dia como administrador(a) da sua escola. Iniciaremos a discussão assinalando uma questão essencial: a administração escolar numa perspectiva democrática e compartilhada implica em uma atividade coletiva, coordenada e avaliada e 8 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. que necessariamente requer a participação da comunidade escolar considerando-se os objetivos comuns e, portanto, a capacidade de comprometimento individual. Administrar é uma atividade coletiva à medida que, partindo da realidade sócio-histórica da comunidade escolar, todos decidem quais as prioridades (objetivos comuns) e que ações são necessárias para o alcance dos objetivos. A partir do levantamento de prioridades, são definidas/escolhidastarefas e compartilhadas as responsabilidades. A atividade coletiva precisa ser acompanhada, coordenada e avaliada. Orquestrar as ações organizacionais, sociais e pedagógicas, conforme nos coloca Wittmann (2006), é a função do administrador escolar. Vai além de conseguir mobilizar as pessoas para a realização eficaz das atividades, pois implica na intencionalidade, na definição de um norte, se posicionando frente à função sociopolítica da educação escolar. A função social da escola é determinante na formação humana. O caráter pedagógico definido na intencionalidade do ato educativo (objetivos) e viabilizado na organização metodológica (seleção dos conteúdos, metodologias, organização do trabalho escolar) necessita da administração escolar. O trabalho da administração escolar tem alguns princípios básicos e requer conhecimentos específicos. Alguns já apresentamos neste caderno e outros especificaremos a seguir. O EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA A democracia pressupõe a possibilidade de convivência e o diálogo entre pessoas que pensam de formas diferentes e têm objetivos distintos. A escola, ao permitir a construção de conhecimentos, atitudes e valores num aprendizado democrático, forma alunos críticos, participativos, éticos e solidários. Para que isso aconteça, é necessário socializar, de maneira crítica, o saber historicamente acumulado pela sociedade, interligando esse saber ao conhecimento que os alunos trazem da comunidade onde estão inseridos (saber popular). A apropriação e a interligação desses saberes é um dos elementos decisivos para o processo de democratização da sociedade, que vem sendo construído ao longo dos anos. Essa contribuição significativa da escola para o processo de democratização da sociedade acontece quando o espaço escolar é um exercício de democracia participativa, ou seja, quando buscamos o diálogo e a mobilização de todos. E isso acontece por meio da gestão democrática. A forma de escolha do administrador escolar, a maneira de organização dos conselhos escolares e a participação da comunidade escolar nas discussões e decisões da escola é um exercício de democracia participativa. AUTONOMIA O conceito de autonomia é complexo, com várias interpretações e significados. No contexto educacional, autonomia é entendida como a ampliação do espaço de decisões referentes ao processo escolar para a melhoria da qualidade de ensino. Assim, a autonomia 9 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. [...] é a característica de um processo de gestão que se expressa, quando se assume, com competência, a responsabilidade social de promover a formação de crianças, jovens e adultos, adequadas às demandas de vida em uma sociedade em desenvolvimento, mediante aprendizagens significativas, a partir de decisões consistentes e coerentes, pelos agentes (LÜCK, 2006, p. 91). Portanto, no entendimento apresentado, autonomia não se refere apenas às questões financeiras, mas também envolve, de maneira interligada, outras dimensões, como as dimensões sociopolítica, administrativa e pedagógica, que necessitam da competência do administrador escolar para conduzir este processo, compartilhando o poder de decisão. A relevância do exercício da autonomia está na tomada de decisões, levando em conta as discussões coletivas sobre as necessidades da realidade escolar. Isto significa conhecer e respeitar as diferentes concepções e ideias, sendo necessário, muitas vezes, negociar, sensibilizar e convencer os diferentes segmentos e instâncias dos quais a escola faz parte. Assim, o processo de construção da autonomia na escola se dá na organização do trabalho coletivo, com ações compartilhadas e decisões coletivas. Esse processo é permanente e cotidiano e está diretamente ligado à implementação de mudanças para garantir a aprendizagem dos alunos. A proposta educativa, quando resultado da construção do coletivo da escola, é um exercício da democracia e promove maior autonomia administrativa, pedagógica e financeira, conforme estipulado nos artigos 12 e 15 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional vigente. Possibilitar o exercício da autonomia, conforme nos diz Lück (2006), permite ampliarmos o poder de decisão sobre o trabalho pedagógico. A exemplo disso, citamos as entidades de Gestão Escolar: os Conselhos Escolares, Associação de Pais e Professores, Grêmio Estudantil, entre outros, onde se envolvem, além dos profissionais da escola, os pais, os alunos e a comunidade na discussão dos problemas e nas ações a serem realizadas para buscar possíveis soluções. É, portanto, um processo social construído de forma compartilhada envolvendo interesses e diferentes concepções que resultam, algumas vezes, em conflito. É um processo contraditório que requer do administrador habilidades para dar encaminhamentos e resolver com competência as situações de enfrentamento. LIDERANÇA ORGANIZACIONAL Uma administração escolar legitimada e não imposta promove estratégias de atuação e estimula a participação individual e coletiva na realização dos projetos da escola. Compete à administração escolar, como princípio, a liderança organizacional no sentido de viabilizar essa participação. Este princípio leva à coesão do coletivo na escola, buscando, num processo de aprendizagem mútua, a autonomia pedagógica da unidade escolar. É importante a compreensão de que o conflito de ideias faz parte do movimento da escola. O administrador escolar, como líder, deve contribuir para canalizar os conflitos, colocando-os no “centro do palco”, e não os ignorando. 10 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. Caro(a) aluno(a): Quando falamos do coletivo na escola, estamos nos referindo aos profissionais da educação, aos pais, aos alunos e à comunidade na qual a escola está inserida. A liderança organizacional possibilita que o administrador escolar coordene a elaboração do Projeto Político-Pedagógico, documento planejado, discutido, revisto e aprovado pelo coletivo. Em seguida, [...] entram em ação as funções do processo organizacional em que o diretor coordena, mobiliza, motiva, lidera, delega as responsabilidades decorrentes das decisões aos membros da equipe escolar conforme suas atribuições específicas, presta contas e submete à avaliação da equipe o desenvolvimento das decisões tomadas (LIBÂNEO, 2004, p. 143). Esta é uma característica essencial da atualidade e uma das competências básicas do administrador escolar, para que a proposta e os objetivos da unidade escolar se concretizem. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A especificidade da ação educativa escolar exige fundamentos e princípios próprios para a sua administração, como foi discutido neste capítulo. Contudo, é importante dizer que, dentre todas as funções do administrador escolar, a “orquestração do conjunto”, onde a função pedagógica, é essencial. Como na orquestra, cada participante é único, cada ação pedagógica tem a sua especificidade e deve haver unidade na diversidade, e não uma uniformidade (WITTMANN, 2006). Não é uma tarefa fácil a do administrador escolar. Como citamos no decorrer do capítulo, há uma diversidade de orientações externas ao sistema escolar, bem como existem as mais variadas concepções no espaço escolar, necessidades e anseios da comunidade, os quais, segundo Lima (2008, p. 7), “não conseguimos muitas vezes definir, em face à complexidade que a envolve”. Trabalhar com procedimentos adequados para convencer, sensibilizar e negociar nas divergências é um processo que exige paciência, respeito e disponibilidade do administrador escolar. Portanto, o compartilhamento das decisões, o respeito e a responsabilidade nas ações, com também o exercício da liderança organizacional são ações coordenadas pelo administrador escolar.Apresentamos, neste capítulo, alguns conceitos contemporâneos que definem importantes questões para uma administração escolar com gestão compartilhada, pois há necessidade de refletirmos sobre a prática existente em nossas unidades escolares. Entendemos que somente uma base teórica fundamenta uma prática comprometida com a qualidade social da educação. E não é mais possível que o administrador escolar enfrente suas responsabilidades baseado em ‘ensaio e erro’ sobre como planejar e promover a implantação do projeto político-pedagógico da escola, monitorar processos e avaliar resultados, desenvolver trabalho em equipe, promover a integração escola-comunidade, criar novas alternativas de gestão, realizar negociações, mobilizar e manter mobilizados atores na realização das ações 11 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. educativas, manter um processo de comunicação e diálogo aberto, planejar e coordenar reuniões eficazes, atuar de modo a articular interesses diferentes, estabelecer unidade na diversidade, resolver conflitos e atuar convenientemente em situações de tensão, dentre outras responsabilidades (LÜCK, 2006, p. 14). Para subsidiar os seus estudos, apresentaremos, no CAPÍTULO 4 deste curso, as competências dos gestores escolares nos aspectos indispensáveis e indissociáveis: a competência na função sociopolítica, na função técnico-administrativa e o compromisso político com a ação pedagógica – a função pedagógica. 12 CURSO DE QUALIFICAÇÃO GESTÃO ESCOLAR Escola Práxis - Centro de Qualificação Profissional Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. REFERÊNCIAS ARROYO, M. G. Ofício de mestre: imagens e auto-imagens. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2004. LIMA, Licínio C. Construindo modelos de gestão escolar. Cadernos de Organização e Gestão Curricular, Lisboa: Instituto de Inovação Educacional. Disponível em: <http://www.dgidc.min- edu.pt/inovbasic/biblioteca/ccoge04/ caderno4>. Acesso em: 11 nov. 2008. LÜCK, Heloisa. Concepções e processos democráticos de gestão educacional. Série: Cadernos de Gestão. Petrópolis/RJ: Vozes, 2006, p. 89-128. MARTINS, José do Prado. Gestão educacional: uma abordagem crítica do processo administrativo em educação. 3. ed., Rio de Janeiro: Wak, 2008. NÓVOA, Antonio. Para uma análise das instituições escolares. In. NÓVOA, Antonio (Coord.) As organizações escolares em análise. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999, p.13-43. RAMOS, Cosete. Excelência na educação: a escola de qualidade total. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1993. WITTMANN, Lauro Carlos. Pedagogia da gestão. 2006. no prelo. 13
Compartilhar