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2010
AVALIAÇÃO
FINANCEIRA
EM LOGÍSTICA
Agnaldo Santos Pereira
Bruno Carlos Souza
P436a Pereira, Agnaldo Santos; Souza, Bruno Carlos. / Avaliação Financeira em Lo-
gística. / Agnaldo Santos Pereira; Bruno Carlos Souza. — Curitiba, PR : 
IESDE Brasil S.A. , 2010.
352 p.
ISBN: 978-85-387-1215-2
1. Gestão Financeira. 2. Ciclos das Empresas. 3. Aplicação de Capital 4. Risco. 
I. Título 
CDD 330.1
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por 
escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.
Agnaldo Santos Pereira
Bruno Carlos Souza
Mestre em Administração com especialização 
em Finanças pelo Ibmec. Mestre em Adminis-
tração com especialização em Finanças pela 
COPPEAD/UFRJ. Especialista em Engenharia 
Econômica pela Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ). Participou do International 
Management Program da New York University. 
Professor convidado da Fundação Getulio Vagas 
(FGV) tendo ministrado inúmeros cursos para 
instituições como Ibmec e COPPE, entre outras. 
Sócio-diretor da FinanceTech – Tecnologia em 
Finanças. Palestrante em várias empresas e con-
sultor para assuntos financeiros para vários jor-
nais. Autor de vários artigos para jornais e revis-
tas. Diretor do Instituto Brasileiro de Gestão.
Doutorando em Controladoria e Contabilidade 
pela Faculdade de Economia, Administração e 
Contabilidade da Universidade de São Paulo 
(FEA/USP). Mestre em Controladoria e Contabi- 
lidade pela FEA/USP. Bacharel em Ciências 
Contábeis pela FEA/USP. Professor e pesquisa- 
dor na área de Gestão Estratégica de Custos, 
Controladoria e Contabilidade em cursos de 
MBA e especialização na Fundação Instituto 
de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras 
(FIPECAFI) e Fundação Instituto de Administra-
ção (FIA). Consultor na área de Finanças, Con-
tabilidade, Controladoria e Custo. Seis anos de 
experiência em auditoria em uma das grandes 
empresas de auditoria internacional.
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Fluxo de caixa 
13
13 | Introdução
16 | Visão da gestão financeira
17 | Etapas para a elaboração do fluxo de caixa
Ciclo de caixa 
43
43 | Introdução
44 | Fluxo de produção na empresa
47 | Prazos médios
53 | Ciclo de caixa
Capital de giro 
67
67 | Introdução
68 | Capital de giro
77 | Conceitos importantes
78 | Fatores que afetam o capital de giro
Gestão das contas a receber 
91
91 | Introdução
93 | Políticas de crédito
98 | Análise de crédito de empresas
102 | Controle e acompanhamento das contas a receber
106 | Política de cobrança
Princípios para aplicação de capital 
115
115 | Introdução
117 | Orçamento de capital
118 | Princípios básicos para aplicação de capital
121 | Métodos de avaliação de investimentos
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Custo de capital 
153
153 | Introdução
157 | Risco
158 | Cálculo do custo de capital
Fundamentos de avaliação financeira em logística 
181
181 | A importância da logística 
187 | Proposta de valor 
188 | Avaliação de desempenho e instrumentos financeiros 
197 | Resumo 
Orçamento e logística 
207
207 | Planejamento e controle 
209 | Orçamento 
217 | Modelo orçamentário
227 | Resumo 
Análise de custos e receitas 
237
237 | Terminologia básica 
240 | Entidade objeto de custeio 
240 | Classificação de custos logísticos 
245 | Métodos de custeio 
251 | Custeio Baseado em Atividades – ABC 
257 | Resumo 
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Modelo estratégico de lucro 
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270 | Conceitos iniciais 
281 | O modelo estratégico de lucro 
285 | Resumo 
Precificação integrada 
301
302 | Visão mercadológica 
304 | Visão econômica 
306 | Visão de custos 
307 | Visão integrada 
308 | Considerações na precificação 
311 | Resumo 
Integração do custo total 
323
323 | Trocas compensatórias 
325 | Abordagem sistêmica 
327 | Cadeia de valor 
335 | Gestão de custos interorganizacionais 
340 | Resumo 
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Apresentação A
valiação Financeira em
 Logística
Uma das principais funções dos gestores 
atualmente é proporcionar um elevado grau 
de satisfação aos proprietários das empresas 
em que atuam, traduzido em ganhos cada vez 
mais elevados, ou seja, maximizar o VALOR do 
investimento de seus proprietários. 
Não diferente desta é a missão do gestor 
logístico.
O grande complicador para se alcançar 
esse objetivo resulta do fato que no mundo 
de hoje, altamente complexo em suas rela-
ções financeiras, é fundamental para o profis-
sional de qualquer área de atuação, gestor de 
uma empresa ou de seu próprio negócio, en-
tender o funcionamento das relações finan-
ceiras para uma administração eficaz de seus 
negócios pessoais e profissionais.
Uma pergunta importante então que pre-
cisamos fazer é de onde deriva a importância 
da gestão financeira de qualquer tipo de ne-
gócio, independente de seu tamanho e área 
de atuação?
A resposta a essa pergunta é muito sim-
ples. Todas as nossas decisões, todas as nossas 
atitudes, tudo de bom ou de ruim que faze-
mos, tem efeito imediato sobre os recursos fi-
nanceiros da empresa, e sem ele nenhum tipo 
de negócio consegue se sustentar por muito 
tempo.
Partindo desse entendimento, temos 
como objetivo fornecer aos leitores ferramen-
tas analíticas e práticas que permitam enten-
der a dinâmica financeira e gerencial da mo-
derna administração financeira das empresas, 
uma das áreas mais importantes para se atin-
gir o objetivo principal de qualquer adminis-
trador: maximizar o retorno do investimento 
dos proprietários.
A
valiação Financeira em
 Logística
Os tópicos a serem apresentados a seguir foram 
desenvolvidos para permitir ao leitor sedimentar 
os conceitos que, sob o ponto de vista financeiro, 
permitem ao gestor a busca de alternativas para 
maximização do valor de uma empresa, indepen-
dente de seu tamanho, forma de constituição e 
segmento de atuação.
Fluxo de caixa
Agnaldo Santos Pereira
Introdução
As empresas, para gerar vendas, necessitam de ativos fixos, independen-
temente de estarem ou não em um processo de crescimento. Quando uma 
empresa encontra-se em fase de expansão, necessita de investimentos adi-
cionais em capital de giro, resultante do aumento em estoques e contas a 
receber, e dependendo do grau de utilização de sua estrutura, de novas in-
versões em ativo fixo.
Novos investimentos precisam ser financiados, gerando novas obrigações 
relativas aos recursos utilizados, sejam próprios ou de terceiros. Esse proces-
so pode resultar em problemas de fluxo de caixa, dependendo do custo e da 
forma como os recursos são captados e empregados.
Deficits no fluxo de caixa, por outro lado, indicam que os recursos de finan-
ciamento utilizados para a manutenção da empresa foram obtidos em pata-
mares inadequados, em termos de prazos e taxas, gerando descasamentos 
que podem comprometer, num primeiro momento, a liquidez da empresa 
e, em se mantendo sem as devidas correções, problemas de solvência que 
podem levar uma organização à falência.
Por esse motivo, a administração da liquidez, ou seja, da capacidade da 
empresa em fazer frente aos compromissos assumidos, é uma das ativida-
des mais importantes do administrador financeiro. Para desempenhar essa 
função, o profissional de finançasutiliza um dos principais instrumentos de 
análise e controle financeiro: o fluxo de caixa.
Através da utilização do fluxo de caixa, o administrador pode empregar um 
instrumento que lhe permite cumprir seu principal objetivo: a maximização 
do retorno dos proprietários, sem, no entanto, comprometer a liquidez – redu-
zindo, dessa forma, o risco incorrido pelos investidores no capital da empresa.
O fluxo de caixa é um dos instrumentos mais importantes para a admi-
nistração eficaz do binômio rentabilidade versus liquidez, refletido nos níveis 
das disponibilidades financeiras (nos demonstrativos contábeis contabiliza-
dos nas contas de caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo), área 
14
Fluxo de caixa
considerada como a mais sensível e delicada dentre aquelas componentes 
da chamada área financeira da empresa.
O fluxo de caixa tem por objetivo primordial a projeção das entradas e 
das saídas dos recursos financeiros da empresa, em um determinado perío-
do de tempo. Lembrando sempre que os recursos que já entraram no caixa 
da empresa, e aqueles que já foram utilizados para fazer frente a compromis-
sos assumidos, fazem parte do livro caixa e não do fluxo de caixa, ou seja, só 
existe fluxo de caixa do futuro.
Um conceito importante, quando falamos em fluxo de caixa, diz respeito 
à diferença entre os lançamentos realizados nesse importante instrumento 
de gestão financeira da empresa e os lançamentos realizados nos livros con-
tábeis. Por ser uma projeção, somente os valores financeiros futuros impac-
tarão o fluxo de caixa, nas datas previstas e não na data em que ocorrem.
Essa diferença conceitual significa que uma venda a prazo realizada hoje, 
irá gerar um lançamento nos demonstrativos contábeis na data de emissão 
da nota fiscal de venda. No fluxo de caixa, o valor da venda será lançado na 
data prevista de pagamento, já levando em consideração o eventual risco de 
atraso de pagamento pelo cliente.
Analogamente, uma despesa realizada hoje será refletida nos demonstra-
tivos contábeis na data de emissão do documento que suporta o gasto (nota 
fiscal etc.). No fluxo de caixa, esse valor será lançado na data prevista de pa-
gamento. Isso significa que podemos ter uma despesa lançada, por exemplo, 
hoje nos demonstrativos contábeis e projetada para pagamento no fluxo de 
caixa para daqui a sessenta dias (essa diferença de prazo reflete o prazo con-
cedido para pagamento).
O pleno entendimento desses conceitos é fundamental para que possa-
mos compreender os principais objetivos desse demonstrativo. Dentre eles, 
destacamos:
prognosticar as necessidades de captação de recursos; �
aplicar os excedentes de caixa nas alternativas mais rentáveis para a �
empresa, sem comprometer a liquidez.
Outros objetivos igualmente importantes podem também ser considera-
dos na elaboração do fluxo de caixa. Dentre esses, listamos os seguintes:
proporcionar o levantamento das necessidades de recursos financeiros, �
para a realização das transações definidas no planejamento da empresa;
Fluxo de caixa
15
empregar da forma mais eficaz os recursos disponíveis, evitando que �
fiquem sem remuneração (a remuneração líquida obtida tem que ser 
necessariamente maior do que o custo de capital);
planejar e controlar os recursos financeiros em termos das entradas e �
saídas, através da análise e controle das atividades de planejamento 
de vendas e despesas, índices de atividades, prazos médios e necessi-
dades de capital de giro;
saldar as obrigações incorridas pela empresa tempestivamente, de for- �
ma a aumentar cada vez mais a capacidade de contrair crédito;
buscar o equilíbrio financeiro entre os fluxos de entradas e saídas de �
recursos;
analisar as fontes de crédito onerosas, de forma a minimizar o custo de �
utilização das mesmas;
prever desembolsos de caixa em volumes elevados, em épocas de en- �
caixe baixo (questão fundamental para alguns segmentos, principal-
mente no final do ano);
desenvolver controles eficazes dos saldos de caixa e de duplicatas a �
receber, objetivando reduzir, idealmente eliminar, os valores vencidos 
e não recebidos;
coordenar os recursos de financiamento dos sócios e daqueles que �
não têm participação no capital da empresa, a serem utilizados para 
suprir as necessidades de investimento da empresa.
Uma questão fundamental com relação à projeção do fluxo de caixa, diz 
respeito à atividade de acompanhamento. O acompanhamento diário e sis-
temático entre os valores projetados para as entradas e saídas de caixa e o 
efetivamente realizado, além de permitir a análise da forma como uma em-
presa desenvolve sua política de captação e aplicação de recursos, permi-
te identificar o volume de variações ocorridas e, principalmente, as causas 
dessas variações.
Através do processo de acompanhamento, a empresa tem condições de 
permitir a todos os participantes do processo de elaboração do fluxo de caixa 
– ou seja, todos os funcionários, já que todos os colaboradores afetam o superá-
vit ou deficit a partir das decisões tomadas no dia a dia, a aprender com os erros 
e acertos, procurando evitar os erros e aumentar a quantidade de acertos.
16
Fluxo de caixa
Visão da gestão financeira
Apesar de sua extrema importância na moderna gestão das empresas, 
não é incomum encontrarmos a administração do fluxo de caixa realizada de 
forma completamente dissociada das demais áreas da empresa – fato que 
compromete de forma irremediável a qualidade do processo decisório.
Nas empresas em que esse fato ocorre, algumas características importan-
tes podem ser observadas. A primeira é que para o responsável pela gestão 
financeira da empresa, esse instrumento é apenas o resultado das ações das 
demais áreas da empresa, ficando sua função relegada a efetuar os paga-
mentos compromissados, nas condições de compra acertadas pelas demais 
áreas, a receber e cobrar os clientes de acordo com os prazos de venda fir-
mados pela área de vendas e a buscar, junto às instituições financeiras, as 
necessidades de recursos apontadas pelo fluxo.
Como resultado dessa característica, os responsáveis pela gestão finan-
ceira da empresa não se sentem responsáveis pelos superávits ou deficits 
apontados no fluxo de caixa por não poderem, segundo essa visão, influir 
nos fatores que irão afetar os resultados financeiros da empresa, limitando- 
-se a efetuar pagamentos, cobrar clientes, aplicar eventuais sobras de caixa 
no mercado ou captar recursos, quando necessários. Em outras palavras, 
adotam uma postura de reagir ao invés de proagir.
Outra característica importante observada diz respeito ao entendimento 
do fluxo de caixa como sendo o instrumento de trabalho apenas da área 
financeira, e não da empresa como um todo, fato que elimina o necessá-
rio comprometimento das demais áreas, com relação à geração de recursos 
para fazer frente aos compromissos assumidos, necessários à realização dos 
objetivos da organização.
Felizmente, a manutenção de níveis de liquidez adequados aos objetivos 
traçados pela alta gerência da empresa, refletidos através da administração 
integrada do fluxo de caixa, fortemente proativa no sentido de atingir os re-
sultados planejados, vem se tornando uma regra para a grande maioria das 
empresas, independentemente de seu tamanho e segmento de atuação.
Esse enfoque prima pela visão dos negócios totalmente integrados à 
manutenção de patamares adequados de liquidez, procurando sistematica-
mente as melhores oportunidades de aplicação de recursos nas atividades 
operacionais, voltadas aos objetivos primários da empresa, buscando, além 
disso, atingir os seguintes objetivos:
Fluxo de caixa
17
quantificar as ações tomadas por todas as áreas e seu impacto nos re- �
sultados financeiros e econômicos, evitando a busca pelo cumprimen-
to de interesses setoriais em detrimento das necessidades globais da 
empresa;
analisar as consequências financeiras de todas as decisões, sejam elas �
operacionais ou estratégicas;
definir uma política global de gestãoda liquidez, com relação a itens que �
afetam a performance das várias áreas da empresa, como, por exemplo, 
as condições de venda e a política de cobrança e de compras;
valorizar o fluxo de caixa como um dos instrumentos mais importan- �
tes de gestão gerencial, difundindo a importância de sua correta uti-
lização e buscando comprometer a alta administração na valorização 
desse conceito;
estabelecer parâmetros de desempenho financeiro para a empresa, �
como o resultado das métricas estabelecidas para as áreas, departa-
mentos e, para algumas empresas, para cada funcionário.
Etapas para a elaboração do fluxo de caixa
Analisadas essas importantes características observadas nas empresas, não 
podemos nos esquecer, sob pena de comprometermos a qualidade da gestão 
financeira para o processo de tomada de decisão, de que na elaboração do 
fluxo de caixa, para qualquer tipo de empresa, existem três etapas distintas.
Obtenção de informações quantitativas, e principalmente qualitativas, �
necessárias à elaboração do fluxo.
Escolha da Metodologia (forma de elaboração) do Fluxo de Caixa. �
Análise dos resultados obtidos (motivos que levaram à geração previs- �
ta de superávits ou deficits).
Essas três etapas, embora andem em paralelo, são totalmente dependen-
tes uma das outras. Sem que tenhamos um tratamento sistêmico da infor-
mação, com relação à qualidade e confiabilidade, a segunda etapa estará 
irremediavelmente comprometida, gerando um fluxo de caixa que será me-
ramente fruto da compilação de números, sem qualquer comprometimento 
com a redução dos riscos futuros embutidos na projeção do fluxo.
18
Fluxo de caixa
Da mesma forma, se a metodologia de elaboração não contemplar uma 
forma de exposição dos resultados de fácil compreensão e entendimento 
dos valores e itens componentes do fluxo de caixa – para todos os envol-
vidos no processo de elaboração –, a qualidade da análise ficará completa-
mente comprometida.
Por outro lado, se o responsável pelas decisões não tiver conhecimento 
suficiente sobre as relações de causa e efeito, ou seja, dos fatores que estão 
gerando os resultados positivos ou negativos, contidos no fluxo de caixa, não 
estaremos elaborando o fluxo, mas sim meramente compilando números.
Isso significa que o gestor financeiro precisa ter o conhecimento neces-
sário para responder a duas questões básicas, geradas por situações que 
podem ocorrer como resultantes do processo de elaboração do fluxo e pela 
análise dos números:
Quando o fluxo de caixa apresentar uma situação de superávit de caixa – �
por que só isso?
Quando o fluxo de caixa apresentar � deficits de caixa – por que tudo isso?
A correta identificação dos motivos que levaram às duas perguntas ex-
postas acima e, consequentemente, a capacidade de responder a essas 
questões de forma correta, a análise sistemática com relação à qualidade das 
informações recebidas e a utilização de um modelo de elaboração de fluxo 
de caixa, que torne o processo transparente para seus participantes, identifi-
ca que efetivamente estamos “elaborando” o fluxo de caixa.
Finalmente, não podemos nos esquecer de que a elaboração do fluxo de 
caixa pressupõe uma análise periódica, detalhada e precisa do desempenho 
real, ou seja, depois que aconteceu, de forma a verificar as causas – os “por-
quês” – das variações ocorridas entre os dados reais e os projetados, para não 
só aprender com os erros ocorridos como também para procurar perpetuar 
os acertos, refletindo esse aprendizado por meio de alterações nas previsões 
elaboradas.
As três etapas mencionadas anteriormente são a seguir detalhadas.
1.ª etapa: obtenção das informações
Tradicionalmente, quando se estuda fluxo de caixa, toda a importância 
que o assunto com certeza merece fica condicionada, quase que exclusiva-
Fluxo de caixa
19
mente, à análise do modelo de elaboração a ser utilizado. Questões relativas 
à interligação automática, através do emprego de softwares, entre as contas 
a pagar e a receber, compras e demais áreas que geram entradas e/ou saídas 
de caixa, passam a ter um peso primordial no estudo das questões relativas 
ao fluxo de caixa.
Embora sejam assuntos importantes, não podemos deixar de considerar 
que, independentemente do modelo utilizado pela empresa, do mais sofis-
ticado, em termos de recursos computacionais empregados na sua elabora-
ção e interligação com as demais áreas, ao mais simples possível, a impor-
tância das informações demonstradas no fluxo de caixa é função direta da 
qualidade dos dados recebidos das várias áreas supridoras de informação 
para a elaboração do fluxo.
Isso significa que, se as informações obtidas das várias áreas da empresa 
necessárias à preparação do fluxo de caixa não forem previamente analisa-
das, com relação à sua qualidade, poderemos estar meramente fazendo um 
trabalho de compilação de números, e não de elaboração do fluxo de caixa.
Por esse motivo, antes de definirmos a forma como o fluxo de caixa será 
elaborado se através da utilização de um programa feito em planilha eletrôni-
ca, ou de um programa interligado com as demais áreas da empresa, de forma 
que sempre que uma mercadoria for adquirida uma provisão de pagamento 
seja efetuada, ou quando houver a recepção física do material a informação 
seja automaticamente lançada, é fundamental que a informação tenha a sua 
qualidade analisada antes de ser lançada, automaticamente ou não, no fluxo 
de caixa da empresa.
A sistematização e a análise constante, com relação à qualidade e prin-
cipalmente à confiabilidade das informações recebidas, pode fazer toda a 
diferença entre a elaboração de um fluxo de caixa, que possa ser utilizado 
pelos administradores como instrumento para proagir, ou um mero exercí-
cio burocrático sem qualquer valor.
Outro fator importante com relação à qualidade e confiabilidade das 
informações, diz respeito à definição básica do fluxo de caixa, instrumento 
utilizado para projetar necessidades futuras de recursos. Sabemos que toda 
projeção está sujeita a riscos, por tratar-se de um horizonte de tempo não 
conhecido. Sabemos também que a única forma de reduzir o risco é através 
da informação. No entanto, de nada adianta agregar mais informação se a 
quantidade não for função direta da qualidade.
20
Fluxo de caixa
2.ª etapa: escolha da metodologia de elaboração
O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de análise 
e avaliação de uma empresa, auxiliando a percepção sobre a movimentação 
dos recursos em um determinado período. As decisões relacionadas às com-
pras, vendas, investimentos, aportes de capital pelos sócios, captação ou pa-
gamento de empréstimos, constituem um fluxo contínuo entre as atividades 
supridoras e aquelas que necessitam de recursos para cumprirem seu papel 
na estrutura da empresa.
A projeção do fluxo de caixa permite avaliar a capacidade de uma empresa 
em gerar recursos para suprir o aumento das necessidades de capital de giro, 
gerado pelo nível de atividades, rentabilizar o investimento realizado pelos 
proprietários, efetuar pagamento de impostos e reembolsar os recursos apli-
cados pelos agentes que não têm participação no capital da empresa.
Na projeção do fluxo de caixa, indicamos não apenas o valor dos financia-
mentos dos sócios e dos terceiros (todos aqueles que não têm participação 
no capital da empresa) de que a empresa necessitará para fazer frente às 
suas atividades, mas também quando, onde e como ele será utilizado.
A projeção pode ser realizada dia a dia, mês a mês, trimestre a trimestre, 
ano a ano. Normalmente, as empresas realizam projeções para os próximos 
vinte a trinta dias úteis, detalhando todas as entradas e saídas de recursos a 
cada dia. A cada dia ocorrido, um novo é projetado no futuro. Após esse pe-
ríodo, as projeções são efetuadas mês a mês, usualmente até o final do ano 
em curso e a partir daí, ano a ano, por um período de tempo compatível com 
o horizonte de planejamento estratégico utilizado.
Existem várias formas de apresentaçãoe elaboração do fluxo de caixa. As 
metodologias mais utilizadas na prática das empresas são os métodos direto 
e indireto. A forma utilizada para a elaboração do fluxo de caixa pelo método 
direto é apresentada a seguir:
Método direto
No método direto, o fluxo de caixa é construído a partir das informações 
relativas a todas as saídas e a todas as entradas de caixa projetadas, assim 
como os dados já de conhecimento da empresa – como, por exemplo, o 
valor do aluguel ou de uma matéria-prima adquirida no passado.
Fluxo de caixa
21
Nessa metodologia, normalmente as informações recebidas das várias 
áreas da empresa são detalhadas por tipo de pagamento e respectivo venci-
mento em mapas auxiliares, ao mesmo tempo em que são sumarizadas por 
categoria – como, por exemplo, fornecedores, salários, impostos, emprésti-
mos etc. A partir dos mapas auxiliares, são representadas no fluxo por cate-
goria e vencimento.
Mapas auxiliares também são utilizados para a projeção do recebimento 
das vendas a prazo. Nesses mapas podemos encontrar não só a previsão de 
pagamento de cada cliente, como também a correspondente expectativa, 
quando for o caso, de atraso de pagamento dos valores ainda pendentes.
Para efeito de representação no fluxo, os valores a receber, relativos às 
vendas a prazo, e os valores das vendas realizados a clientes que não efetuaram 
o pagamento de seus débitos no vencimento, podem ou não ser sintetizados 
em uma única linha, sob a denominação, por exemplo, de vendas a prazo.
Não é incomum, no entanto, encontrarmos empresas apresentando 
no fluxo de caixa os recebimentos futuros relativos aos valores das vendas 
a prazo, separados daqueles relativos a valores vencidos. Além disso, para 
gerar mais informações qualitativas para análise, as vendas a vista projetadas 
devem ser separadas das vendas a prazo, para efeito de apresentação.
Na elaboração do fluxo de caixa através dessa metodologia, os mapas 
auxiliares, aos quais nos referimos anteriormente, servem para o fechamen-
to final do fluxo. A forma, consistência, periodicidade e a relevância desses 
mapas, dependerão do tipo de empresa e de sua complexidade operacional. 
Quanto mais complexo for o tipo de negócio a que a empresa se dedica, mais 
mapas auxiliares serão necessários para o fechamento final do fluxo de caixa.
Apesar de ser a metodologia de elaboração de fluxo de caixa mais comu-
mente empregada, o método direto tem uma grande limitação. O emprego 
dessa metodologia não permite ao administrador observar as variações que 
podem estar ocorrendo nos saldos de vários itens importantes como, por 
exemplo, as duplicatas a receber, os estoques e os valores a pagar (fornecedo-
res, financiamentos, impostos etc.), cujo acúmulo gradual poderá ser a causa 
de um aumento ou redução substancial nas disponibilidades futuras de caixa.
Além disso, as variações ocorridas nos saldos das duplicatas a receber e de es-
toques, se não estiverem sendo adequadamente financiadas, aumentarão as ne-
cessidades de capital de giro, resultando em incrementos na utilização de recur-
22
Fluxo de caixa
sos de fontes onerosas e aumentando as necessidades de novos recursos, para 
fazer frente aos pagamentos principais e juros oriundos desses empréstimos.
A utilização de fontes de recursos inadequadas para o financiamento das ne-
cessidades de giro, tanto em termos de custo quanto em termos de prazo, pode 
comprometer de forma irreversível a estrutura financeira da empresa, levando-a 
a uma situação de iliquidez que pode evoluir para uma posição de insolvência.
Apresentamos a seguir, apenas a título ilustrativo, um exemplo de elabora-
ção de fluxo de caixa pelo método direto, lembrando que, por ser um exem-
plo, algumas contas indicadas podem não refletir adequadamente a realida-
de de todas as empresas. Por esse motivo, o exemplo ilustrativo a seguir deve 
ser adaptado para refletir a realidade da empresa, antes de sua implantação.
FLUXO DE CAIXA Dia 1 Dia 2 ...... Dia 30
SALDO INICIAL
ENTRADAS:
+ Recebimento de Vendas a Vista
+ Recebimento de Vendas a Prazo
+ Resgate de Aplicações (valor principal) (1)
+ Juros de Aplicações (2)
= (A) TOTAL DE ENTRADAS
SAÍDAS:
+ Despesas com Vendas
+ Despesas de Pessoal
+ Aluguel
+ Compra de Matéria-Prima
+ Despesas Administrativas
+ Pagamento de Impostos
+ Pagamento de Empréstimos
+ Juros de Empréstimos
= (B) TOTAL DE SAÍDAS
(C) SUPERÁVIT / (DEFICIT) = (A) – (B)
+ (D) Empréstimos
– (E) Aplicação Financeira
= SALDO FINAL = (C) + (D) – (E)
(1) Resgate de aplicações financeiras realizadas.
(2) Juros obtidos no resgate de aplicações financeiras.
(D) Empréstimos contraídos no dia.
(E) Aplicação total ou parcial no mercado financeiro, do superávit do dia.
Fluxo de caixa
23
Exemplo: 
A Sapatos Rio Belo abriu recentemente sua primeira sapataria, em uma 
das ruas mais exclusivas do Rio. Apesar de os negócios estarem apresentan-
do resultados muito bons, os dois sócios desejam realizar uma programação 
financeira para os próximos 3 meses, através do fluxo de caixa da empresa.
Consultando o mercado, obtiveram a informação de que as taxas nego-
ciadas pelos bancos para as operações de empréstimos estavam na média 
de 3% ao mês, enquanto as taxas praticadas para as aplicações de recursos es-
tavam, também na média, em 1% ao mês. Os prazos de captação e aplicação 
de recursos, no momento, estão limitados a um mês, ou seja, os valores terão 
que ser resgatados ou pagos no mês subsequente à aplicação ou captação.
Na única loja da empresa, todas as vendas são feitas a vista. No entanto, 
a Sapatos Rio Belo resolveu conceder um prazo de 30 dias para uma loja em 
Salvador, que se interessou em distribuir seus sapatos e hoje é responsável 
por 20% da receita.
A Sapatos Rio Belo tem conseguido negociar com seus fornecedores de 
matéria-prima um prazo de 30 dias para pagamento. O valor do aluguel da loja é 
de R$2.100 mensais e os sócios fazem uma retirada de R$20.000 cada um. Além 
desses desembolsos, está previsto para o próximo mês o pagamento, em uma 
única parcela, no valor de R$8.000, a título de renovação do contrato de aluguel.
A receita projetada para o mês em curso é de R$3.500.000. Para o próximo 
trimestre, as vendas projetadas são de 90.000, 80.000 e 85.000 pares de sapa-
tos, enquanto as compras previstas são de 80.000 neste mês e 80.000, 75.000 
e 75.000 pares nos meses subsequentes.
Atualmente, cada par de sapato custa R$40. Como política de venda, a 
Sapatos Rio Belo utiliza uma margem de lucro, calculada sobre o preço de 
compra (mark up), de 30%. Margem e preço de compra serão mantidos no 
próximo trimestre.
Além dessas projeções, os sócios da Sapatos Rio Belo definiram como es-
tratégia de gestão do caixa, para o próximo trimestre, a manutenção de um 
saldo mínimo de caixa de R$2.000. O saldo final de caixa projetado para o 
final do mês em curso é de R$45.000, valor que será mantido em disponibili-
dade imediata, ou seja, não será aplicado no mercado.
Os pagamentos referentes a salários, luz, gás, telefone, impostos e demais gas- 
tos, estão previstos em R$900.000, R$980.000 e R$1.050.000, respectivamente.
24
Fluxo de caixa
Com base nas informações anteriores, elabore o fluxo de caixa da Sapatos 
Rio Belo para o próximo trimestre.
Resolução:
1. Mapa Auxiliar:
Mapa auxiliar de projeção
Contas Mês atual Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4
Vendas
Recebimentos
Rio
Salvador
3.500.000,00
2.800.000,00
0,00
4.680.000,00
3.744.000,00
700.000,00
4.160.000,00
3.328.000,00
936.000,00
4.420.000,00
3.536.000,00
832.000,00
0,00
884.000,00
Compras 3.200.000,00 3.200.000,00
3.200.000,00
3.000.000,00
3.200.000,00
3.000.000,00
3.000.000,00 3.000.000,00Pagamento de compras
2. Fluxo de Caixa:
Contas Mês 1 Mês 2 Mês 3
Saldo inicial 45.000,00 2.000,00 2.000,00
Entradas:
Vendas Rio
Vendas Salvador
Juros aplicação
Resgate aplicação
3.744.000,00
700.000,00
0,00
0,00
3.328.000,00
936.000,00
3.369,00
336.900,00
3.536.000,00
832.000,00
3.821,69
382.169,00
Total de entradas 4.444.000,004.604.269,00 4.753.990,69
Saídas
Pró-labore
Aluguel
Luvas
Compras
Outras despesas
(40.000,00)
(2.100,00)
(8.000,00)
(3.200.000,00)
(900.000,00)
(40.000,00)
(2.100,00)
0,00
(3.200.000,00)
(980.000,00)
(40.000,00)
(2.100,00)
0,00
(3.000.000,00)
(1.050.000,00)
Total de saídas (4.150.100,00) (4.222.100,00) (4.092.100,00)
Superávit/(deficit) 338.900,00 384.169,00 663.890,69
(aplicação)/captação 336.900,00 382.169,00 661.890,69
SALDO FINAL 2.000,00 2.000,00 2.000,00
Método indireto
Esse demonstrativo é elaborado com base nos mesmos conceitos empre-
gados na elaboração do Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos 
(DOAR). Na realidade, é um instrumento financeiro que procura ampliar a utilida-
Fluxo de caixa
25
de da informação contábil, demonstrando a forma como os recursos financeiros 
de curto e longo prazo foram empregados no processo de gestão da empresa.
Apesar dos conceitos básicos empregados na elaboração do fluxo de 
caixa pelo método indireto serem os mesmos da DOAR, ela apresenta as ori-
gens e as aplicações de recursos realizados em um determinado período, e 
portanto não deve ser confundido com o fluxo de caixa. O demonstrativo de 
origens e aplicações de recursos apresenta a forma como o capital de giro 
aumentou ou diminuiu, a partir da utilização dos fundos que permitiram à 
empresa realizar aplicações.
O fluxo de caixa, por outro lado, apresenta a projeção de entradas e saídas 
de caixa efetivas, independentemente das datas em que ocorreram os fatos 
geradores desses eventos.
Antes de apresentarmos a composição do fluxo de caixa pelo método 
indireto, precisamos entender o que significa um balanço quando o analisa-
mos sob o ponto de vista da geração e aplicação de recursos.
A representação do balanço sob esse ponto de vista é a seguinte:
Ativo Passivo
Aplicações Fontes
A partir da percepção do ativo como aplicação de recursos gerados pelas 
fontes passivas, precisamos lembrar que:
O passivo representa a dívida da empresa, isto é, as obrigações com �
sócios e terceiros. Isso significa que as fontes de recursos utilizadas são 
originárias do passivo, sendo, portanto, representadas pelo lado direi-
to do balanço.
Para realizarmos qualquer tipo de aplicação, precisamos primeiramen- �
te obter uma fonte de recursos no passivo, ou seja, além de não existir 
ativo sem um passivo, o passivo surge na empresa antes do ativo.
No ativo são representados todos os bens e direitos da empresa que estão 
legalmente em seu nome, isto é, as aplicações realizadas com os recursos ob-
tidos no passivo.
Ativo Passivo
Bens
Direitos
Obrigações
26
Fluxo de caixa
A análise dos aspectos mencionados anteriormente nos leva a concluir que:
toda vez que uma conta do � passivo aumenta, a empresa está gerando 
uma fonte de recursos;
toda vez que uma conta do � ativo aumenta, a empresa está gerando 
uma aplicação de recursos.
As fontes e aplicações de recursos não se limitam, no entanto, a essa de-
finição, uma vez que tanto as contas do ativo quanto as contas do passivo 
podem diminuir de tamanho. Analisando todos esses efeitos, ou seja, au-
mentos e diminuições no ativo e passivo, podemos concluir que:
Aumento de
ativo =
APLICAÇÃO
Redução de
ativo =
FONTE
Aumentos de 
passivo =
FONTE
Redução de
passivo =
APLICAÇÃO
ATIVO PASSIVO
APLICAÇÕES FONTES
Ag
na
ld
o 
Sa
nt
os
 P
er
ei
ra
.
Exemplos de Fontes e Aplicações:
Fontes do Passivo � :
 obtenção de um novo financiamento,
 aumento de capital,
 aumento das compras de fornecedores;
Fontes do Ativo � :
 venda de uma máquina,
 recebimento de uma duplicata,
 venda de estoque;
Aplicações do Ativo � :
 compra de matéria-prima,
 compra de uma nova máquina,
 aplicação de recursos no mercado financeiro;
Aplicações do Passivo � :
 pagamento de um financiamento,
 pagamento de dividendos,
 pagamento de débitos com fornecedores;
Fluxo de caixa
27
Com base nos conceitos apresentados, podemos desenvolver o modelo 
de fluxo de caixa pelo método indireto. Esse método é baseado na projeção 
do resultado da empresa e nas variações dos elementos patrimoniais, obti-
dos respectivamente do balanço projetado e da demonstração de lucros e 
perdas projetadas ou nos resultados já obtidos pela empresa, representados 
por seus demonstrativos contábeis.
Existem vários modelos utilizados para o método indireto. Uma das 
formas de elaboração, utilizando essa metodologia, é chamada de método 
do lucro ajustado, desenvolvido por José Pereira da Silva (2005). Esse modelo 
é reproduzido abaixo:
Recebimento de clientes
+
+
–
Vendas Brutas
Duplicatas a Receber (saldo inicial)
Duplicatas a Receber (saldo final)
= Total recebimento de clientes (A)
Pagamento a fornecedores/despesas
+
–
+
+
–
+
+
+
+
–
+
–
+
–
+
Custo dos Produtos Vendidos
Estoques (saldo inicial)
Estoques (saldo final)
Fornecedores (saldo inicial)
Fornecedores (saldo final)
Impostos sobre Vendas
Despesas Administrativas
Despesas de Vendas
Salários e Encargos (saldo inicial)
Salários e Encargos (saldo final)
Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial)
Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final)
Outros Passivos Operacionais (saldo inicial)
Outros Passivos Operacionais (saldo final)
Pagamento de Imposto de Renda
= Total pagamento fornecedores e despesas (B)
= Fluxo de caixa operacional (A) – (B)
+
–
+
–
+
+
+/–
–
Aumento de Capital
Compra de Imobilizado
Venda de Imobilizado
Aquisição de Investimentos
Venda de Investimentos
Aumento no Financiamento de Longo Prazo
Variação do Realizável de Longo Prazo
Pagamento de Dividendos
28
Fluxo de caixa
= Caixa após decisões estratégicas (C)
–
–
+
–
+
+
Transferências de Empréstimos de L. P. para C. P.
Pagamento de Despesas Financeiras
Receitas Financeiras
Pagamento de Empréstimos de Curto Prazo
Baixas em Aplicações Financeiras
Novos Financiamentos de Curto Prazo
= Fluxo de caixa final (D)
Importante: 
Como o modelo não apresenta o saldo inicial de caixa, o saldo apresen-
tado no item “Fluxo de Caixa Final” representa a movimentação de recur-
sos ocorrida no período.
Para utilizar essa metodologia para projeção do fluxo de caixa, basta 
adaptar o modelo, incluindo o item saldo inicial.
(C) = Fluxo de Caixa Operacional
+
–
+
–
+
+
+/–
–
Aumento de Capital
Compra de Imobilizado
Venda de Imobilizado
Aquisição de Investimento
Venda de Investimento
Aumento do Financiamento a Longo Prazo
Variação do Realizável a Longo Prazo
Pagamento de Dividendos
= CAIXA APÓS DECISÕES ESTRATÉGICAS
(D) = Caixa Após Decisões Estratégicas
–
–
+
–
+
+
Transferências de Empréstimos de L.P para C.P.
Pagamento de Despesas Financeiras
Receitas Financeiras
Pagamento de Empréstimos de Curto Prazo
Baixas de Aplicações Financeiras
Novos Financiamentos de Curto Prazo
= FLUXO DE CAIXA FINAL
Exemplo:
A Indústria de Móveis Colonial produz e comercializa, tanto no mercado 
interno quanto no mercado externo, móveis em estilo colonial. No exercício 
Fluxo de caixa
29
social referente ao ano passado, seus resultados ficaram muito aquém do 
esperado, acendendo a luz vermelha na sala da presidência.
Preocupada com esses resultados, a diretoria da empresa decidiu, pela 
primeira vez, iniciar um processo de planejamento financeiro, de forma a ve-
rificar os resultados de seus planos para o ano em curso.
Para tanto, desenvolveu algumas premissas com relação a algumas variá-
veis macroeconômicas, e também com relação a alguns fatores que poderiam 
ser definidos por decisões internas, como preço de venda, por exemplo.
Com base nos resultados apresentados para o exercício anterior e nos de-
monstrativos projetados para o próximo exercício, determine a movimenta-
ção do caixa, utilizando o Método do Lucro Ajustado.
BALANÇO PATRIMONIAL
R$000’S
ATIVO REAL PROJETADO
Circulante
Caixa e Bancos
Duplicatas a Receber
Estoques
22.950
72.086
 138.470
233.506
?
80.531
 267.875
373.406
Permanente
Investimentos
Imobilizado
Depreciação Acumulada
250.000
874.897
 (287.547)
837.350
257.046
874.897
 (302.858)
829.085
TOTAL DO ATIVO 1.070.8561.202.491
PASSIVO REAL PROJETADO
Circulante
Fornecedores
Financiamentos
Obrigações Fiscais
Imposto de Renda
128.590
74.247
10.058
 9.450
222.345
109.882
204.515
27.770
 4.134
346.301
Exigível a Longo Prazo
Cias. Ligadas
 187.320
187.320
 187.320
187.320
Patrimônio Líquido
Capital
Reservas
Lucros/(Prejuízos) Acumulados
395.850
177.420
 87.921
661.191
395.850
177.420
 95.600
668.870
TOTAL DO PASSIVO 1.070.856 1.202.491
30
Fluxo de caixa
DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS
R$000’s
REAL PROJETADO
Receita de Vendas
Impostos sobre Vendas
Custo dos Produtos Vendidos
Lucro Bruto
Despesas Operacionais
Comerciais
Gerais e Administrativas
Depreciação e Amortização
Despesas Financeiras
Lucro Operacional
Resultado de Equivalência Patrimonial
Lucro antes IR
Provisão para IR
Lucro Líquido do Exercício
550.890
 (101.160)
 (258.876)
190.854
(67.935)
(104.023)
(4.790)
 (47.920)
(33.814)
 8.490
 (25.324)
 0
(25.324)
676.250
 (121.725)
 (319.744)
234.781
(77.520)
(94.430)
(15.311)
 (42.753)
4.767
 7.046
 11.813
 (4.134)
7.679
Resolução:
Recebimento de clientes
+
+
–
Vendas Brutas
Duplicatas a Receber (saldo inicial)
Duplicatas a Receber ( saldo final)
676.250
72.086
(80.531)
= Total recebimento de clientes (A) 667.805
Pagamento a fornecedores/despesas
+
–
+
+
–
+
+
+
+
–
+
–
+
–
+
Custo dos Produtos Vendidos
Estoques (saldo inicial)
Estoques (saldo final)
Fornecedores (saldo inicial)
Fornecedores (saldo final)
Impostos sobre Vendas
Despesas Administrativas
Despesas de Vendas
Salários e Encargos (saldo inicial)
Salários e Encargos (saldo final)
Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo inicial)
Obrigações Fiscais, exceto I. R. (saldo final)
Outros Passivos Operacionais (saldo inicial)
Outros Passivos Operacionais (saldo final)
Pagamento de Imposto de Renda
319.744
(138.470)
267.875
128.590
(109.882)
121.725
94.430
77.520
0
0
10.058
(27.770)
0
0
9.450
= Total pagamento fornecedores e despesas (B) 753.270
Fluxo de caixa
31
= Fluxo de caixa operacional (A) – (B) (85.465)
+
–
+
–
+
+
+/–
–
Aumento de Capital
Compra de Imobilizado
Venda de Imobilizado
Aquisição de Investimentos
Venda de Investimentos
Aumento no Financiamento de Longo Prazo
Variação do Realizável de Longo Prazo
Pagamento de Dividendos
0
0
0
0
0
0
0
0
= Caixa após decisões estratégicas (C) (85.465)
–
–
+
–
+
+
Transferências de Empréstimos de L. P. para C. P.
Pagamento de Despesas Financeiras
Receitas Financeiras
Pagamento de Empréstimos de Curto Prazo
Baixas em Aplicações Financeiras
Novos Financiamentos de Curto Prazo
0
(42.753)
0
(74.247)
0
204.515
= Fluxo de caixa final (D) 2.050
+ Saldo inicial 22.950
= Saldo final de caixa 25.000
3.ª etapa: análise dos resultados
Analisada a qualidade das informações recebidas das várias áreas da 
empresa, passo fundamental para que os dados contidos no fluxo de caixa 
sejam confiáveis, e com o fluxo preparado com base na utilização de uma 
das metodologias de projeção dentre aquelas apresentadas, podemos ini-
ciar uma das etapas mais importantes no processo de “fazer” o fluxo de caixa: 
a análise dos resultados obtidos.
Essa é a fase em que nosso conhecimento sobre as relações de causa e 
efeito, dentro da estrutura financeira da empresa, é de fundamental impor-
tância. Isso significa, conforme já mencionamos, “o conhecimento necessário 
para responder a duas questões básicas, geradas por situações que podem 
ocorrer como resultantes do processo de elaboração do fluxo”:
quando o fluxo de caixa apresentar uma situação de superávit de caixa – �
por que só isso?
quando o fluxo de caixa apresentar � deficits de caixa – por que tudo isso?
32
Fluxo de caixa
Antes de começar a responder às perguntas anteriores, precisamos lem-
brar que uma empresa pode apresentar saldo negativo no fluxo de caixa 
em um determinado momento, apesar de manter saldo positivo na geração 
operacional de caixa (entradas menos saídas de caixa, oriundos da atividade 
fim da empresa), fato este causado pelo pagamento de remuneração aos 
proprietários.
O mesmo pode acontecer quando a empresa encontra-se em um proces-
so de montagem de uma nova fábrica, por exemplo, e se não se analisar essa 
informação de forma adequada, poderemos chegar a conclusões completa-
mente equivocadas, com relação ao seu nível de liquidez.
Esses exemplos demonstram a importância de conhecermos profunda-
mente a origem das fontes e aplicações de recursos, para que possamos 
saber se as relações entre as mesmas estão adequadas, em termos de casa-
mento, entre os prazos ativos e passivos, e de custo, entre as fontes passivas 
e as aplicações ativas.
Sabemos que todos os recursos utilizados por uma empresa em seus 
ativos (financeiramente definidos como as aplicações de recursos) têm sua 
origem no passivo (representado sob o ponto de vista financeiro, como as 
fontes de recursos), composto de fundos pertencentes a seus proprietários 
e a terceiros. Isso significa que a totalidade das aplicações de recursos, aí 
incluída o caixa, também contabilizada no ativo, pertence aos titulares das 
fontes de recursos, compostos por fundos pertencentes aos proprietários e 
a terceiros.
Sabemos também, exceto em situações pontuais, que a rentabilidade au-
ferida líquida de impostos nas aplicações financeiras, item pertencente ao 
grupamento das disponibilidades financeiras da empresa, não é superior ao 
custo dos recursos componentes das fontes, sejam recursos próprios ou de 
terceiros.
Conceitos básicos como o entendimento de que o caixa é uma dívida para 
com as fontes de recursos passivos e a rentabilidade líquida obtida com uma 
aplicação financeira é inferior ao custo das fontes passivas, são fundamentais 
para determinarmos em que situações a empresa deve ou não manter saldos 
elevados de caixa.
Claro que, sob o ponto de vista da maximização de seus resultados, uma 
empresa deveria idealmente manter um saldo de caixa nulo, buscando re-
Fluxo de caixa
33
cursos junto às fontes de recursos sempre que houvesse necessidade de efe-
tuar pagamentos, devolvendo esses recursos juntamente com sua respecti-
va remuneração, sempre que dele não mais necessitasse.
A manutenção de saldos positivos de caixa obriga as empresas a desen-
volverem políticas para que, ao mesmo tempo em que procuram manter um 
determinado nível de liquidez como parte de sua estratégia global, possam 
aumentar a rentabilidade dos recursos dos proprietários, podendo dessa 
forma crescer de forma sustentada, ao mesmo tempo em que se mantêm 
competitivas.
Claro está que quanto maior o saldo de caixa mantido pela empresa, 
maior será o nível de liquidez imediato e menor o grau de rentabilidade 
apresentado (se a empresa consegue rentabilizar seus recursos através de 
aplicações financeiras a uma taxa superior à rentabilidade do negócio princi-
pal, seus proprietários deveriam fechá-la e aplicar esses recursos nessa alter-
nativa), sendo a recíproca também verdadeira, ou seja, quanto menor o nível 
do caixa, menor a liquidez imediata e maior a rentabilidade (nesse caso, os 
recursos das disponibilidades estariam aplicadas na atividade fim da empre-
sa). É importante frisar que em situações muito específicas essa regra pode 
não prevalecer.
De qualquer forma, o nível final do caixa, além de ser função das entra-
das e saídas de recursos resultantes da atividade da empresa, também leva 
em consideração o perfil de risco dos administradores da empresa. Empresas 
com políticas operacionais mais conservadoras tendem a manter um nível 
de caixa maior do que as empresas operacionalmente mais agressivas.
Outro aspecto muito importante, com relação ao nível de recursos man-
tido em disponibilidade imediata por uma empresa, é a função do nível de 
relacionamento bancário mantido pela organização. Dependendo da quali-
dade dessa relação, será possível viabilizar as necessidades de captação de 
recursos para fazer frente às necessidades de desembolsos, a aplicação das 
sobras de recursos gerados pela diferença entre as entradas e saídas de caixa 
e a utilizaçãode serviços proporcionados pelas instituições como, por exem-
plo, a atividade de cobrança.
Além da qualidade de seus ativos e de sua administração, o desempenho 
individual e do setor em que a empresa atua, o nível de endividamento de 
recursos de terceiros, comparado com a utilização de recursos próprios (es-
trutura de capital), o histórico de resultados obtidos e de relacionamento 
34
Fluxo de caixa
com seus credores, aspectos que serão analisados pelas instituições finan-
ceiras, é necessário que a empresa defina o tipo de necessidade (recursos e 
serviços) que pretende captar e as instituições existentes no mercado que 
podem atendê-la.
É fundamental, também, lembrar que existem fatores internos e exter-
nos que, em maior ou menor escala, irão impactar a gestão financeira da 
empresa e que estarão refletidos no fluxo de caixa. Dentre esses elementos 
destacamos alguns, começando pelos fatores internos.
Fatores Internos
Expansão descontrolada das vendas, implicando um volume maior de �
compras e custos operacionais.
Aumento no prazo de vendas, concedido pela empresa como forma �
de aumentar seu grau de competitividade ou aumentar sua participa-
ção no mercado.
Compras em volume incompatíveis com as projeções de vendas. �
Diferenças acentuadas no giro das contas a pagar e a receber, em de- �
corrência dos prazos médios de recebimento e pagamento.
Ciclo de produção extremamente longo e incompatível com o prazo �
médio concedido pelos fornecedores.
Giro do estoque lento, significando o carregamento de produtos ob- �
soletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no es-
toque.
Baixa ocupação do ativo fixo. �
Distribuição de lucros em volumes incompatíveis com a capacidade �
de geração de caixa.
Custos financeiros elevados, em decorrência da utilização de capital de �
terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento.
Política salarial totalmente incompatível com o nível de receitas e de- �
mais despesas operacionais.
Aumento do nível de inadimplência. �
Fatores Externos
Redução nas vendas, causada por retração do mercado. �
Fluxo de caixa
35
Aumento da concorrência, em decorrência da entrada de novos con- �
correntes no mercado.
Alterações nas alíquotas de impostos sobre a venda interna e/ou sobre �
a importação de produtos concorrentes.
Aumento geral do nível de inadimplência, causada por fatores como, �
por exemplo, o aumento das taxas de juros.
Como pudemos observar durante o estudo deste capítulo, fluxo de caixa 
é um instrumento de fundamental importância para a gestão de qualquer 
tipo de empresa, independentemente da caracterização de seu segmento 
de atuação e de seu tamanho, qualquer que seja a métrica utilizada para essa 
quantificação. É através da elaboração e, principalmente, da análise do fluxo 
de caixa que a empresa poderá verificar a evolução da geração de caixa (dife-
rença entre as entradas e saídas de caixa operacionais projetadas), indicador 
fundamental para analisar a solvabilidade de qualquer tipo de negócio.
Ampliando seus conhecimentos
Diz o banqueiro: “cuidado com o fluxo de caixa”
(BAILEY JR., 1975)
Certa vez, numa noite escura, enquanto refletia fraco e cansado,
Sobre um grande volume de folclore contábil,
Buscando saídas para aproveitar alguma nova brecha fiscal,
Subitamente ouvi alguém bater à minha porta,
Somente isso, e nada mais.
De repente, senti um calafrio, e ouvi o caixa tilintar.
Enquanto entrava um aterrorizante banqueiro que jamais vira.
Seu rosto era verde como o dinheiro, e em seus olhos podia ver,
Cifrões que brilhavam enquanto ele anotava.
 “Fluxo de Caixa”, disse o banqueiro, e nada mais.
Sempre pensara que era bom ter um lucro positivo.
Mas o banqueiro disse com voz ressoante: “Não.
Suas contas a receber estão altas, subindo cada vez mais para o céu;
Suas perdas crescem. O que importa é o Fluxo de Caixa”.
36
Fluxo de caixa
 Ele repetiu: “Cuidado com o Fluxo de Caixa”.
Tentei então falar de nosso maravilhoso estoque,
O qual embora elevado, está repleto dos melhores produtos.
Mas o banqueiro viu seu crescimento, e com voz poderosa
Sacudiu seus braços e gritou: “Pare! Chega!
 Pague os juros e não me embrome!”
A seguir, olhei para os itens não monetários que podia somar ad infinitum
Para compensar o caixa que não parava de sair,
Mas, para manter meu demonstrativo no azul, tinha contido a depreciação,
E meu banqueiro disse que eu tinha agido mal,
 Tremeu e seus dentes começaram a ranger.
Quando lhe pedi um empréstimo, ele respondeu, com um gemido,
Que a taxa de juros seria só TR mais dezoito,
E para garantir minha pureza ele insistia em garantias:
Todos os meus ativos e mais o cabelo em minha cabeça.
 Nada mais, uma taxa comum.
Embora meu resultado seja positivo, estou completamente prostrado,
Meu caixa só sai e meus clientes pagam devagar.
O crescimento do meu contas a receber é inacreditável:
O resultado é certo – problemas insolúveis!
E continuo a ouvir o banqueiro repetir baixinho,
 “Cuidado com o Fluxo de Caixa”.
Atividades de aplicação
1. Marque com um X, dentre os itens abaixo, aqueles que representam os 
objetivos para a elaboração do fluxo de caixa.
a) ( ) Prognosticar as necessidades de captação de recursos.
b) ( ) Aplicar os excedentes de caixa nas alternativas mais rentáveis 
para a empresa, sem comprometer a liquidez.
c) ( ) Proporcionar o levantamento das necessidades de recursos 
financeiros para a realização das transações definidas no planeja-
mento da empresa.
Fluxo de caixa
37
d) ( ) Empregar da forma mais eficaz os recursos disponíveis, evitan-
do que fiquem sem remuneração (a remuneração líquida obtida 
tem que ser necessariamente maior do que o custo de capital).
e) ( ) Planejar e controlar os recursos financeiros, em termos das 
entradas e saídas, através da análise e controle das atividades de 
planejamento de vendas e despesas, índices de atividades, prazos 
médios e necessidades de capital de giro.
f) ( ) Estabelecer parâmetros de desempenho financeiro para a em-
presa, como o resultado das métricas estabelecidas para as áreas, 
departamentos e, para algumas empresas, para cada funcionário.
g) ( ) Saldar as obrigações incorridas pela empresa tempestivamen-
te, de forma a aumentar cada vez mais a capacidade de contrair 
crédito.
h) ( ) Buscar o equilíbrio financeiro entre os fluxos de entradas e saí-
das de recursos.
i) ( ) Analisar as fontes de crédito onerosas, de forma a minimizar o 
custo de utilização das mesmas.
j) ( ) Prever desembolsos de caixa em volumes elevados, em épocas 
de encaixe baixo (questão fundamental para alguns segmentos, 
principalmente no final do ano).
k) ( ) Desenvolver controles eficazes dos saldos de caixa e de dupli-
catas a receber, objetivando reduzir, idealmente eliminar, os valo-
res vencidos e não recebidos.
l) ( ) Coordenar os recursos de financiamento dos sócios e daqueles 
que não têm participação no capital da empresa, a serem utiliza-
dos para suprir as necessidades de investimento da empresa.
2. Dos elementos abaixo, indique aqueles que não deveriam ser encon-
trados na gestão financeira das empresas.
a) ( ) Administração do fluxo de caixa realizado de forma completa-
mente dissociada das demais áreas da empresa.
b) ( ) Fluxo de caixa reflete unicamente o resultado das ações das 
demais áreas da empresa.
38
Fluxo de caixa
c) ( ) O objetivo do fluxo de caixa é apenas efetuar os pagamentos, 
receber e cobrar os clientes e buscar recursos financeiros, aponta-
dos pelo fluxo.
d) ( ) A quantificação de todas as ações, e respectivo impacto nos re-
sultados financeiros e econômicos, é de fundamental importância.
e) ( ) Análise das consequências financeiras de todas as decisões, 
sejam elas operacionais ou estratégicas.
f) ( ) Fluxo de Caixa não precisa ser integrado nem proativo no sen-
tido de atingir os resultados planejados.
g) ( ) Fluxo de caixa é um instrumento apenas da área financeira, o 
que elimina o comprometimentodas demais áreas na geração de 
recursos necessários à realização dos objetivos da organização.
3. Indique as alternativas que indicam como o moderno gestor financei-
ro deve atuar.
a) ( ) Deve limitar-se a efetuar pagamentos, cobrar clientes, aplicar 
eventuais sobras de caixa e/ou captar recursos, quando necessários.
b) ( ) A manutenção de níveis de liquidez adequados aos objetivos 
traçados pela alta gerência da empresa não é responsabilidade do 
gestor financeiro.
c) ( ) Definir uma política global de gestão da liquidez, com rela-
ção a itens que afetam a performance das várias áreas da empresa 
como, por exemplo, as condições de venda, a política de cobrança 
e de compras.
d) ( ) Não é responsável pelos superávits ou deficits apontados no 
fluxo de caixa.
e) ( ) Gestor financeiro deve apenas procurar as melhores oportuni-
dades de aplicação de recursos no mercado financeiro.
f) ( ) Deve ser reativo e não proativo.
Fluxo de caixa
39
g) ( ) Valorizar o fluxo de caixa como um dos instrumentos mais im-
portantes de gestão gerencial, difundindo a importância de sua 
correta utilização e buscando comprometer a alta administração 
na valorização desse conceito.
4. Descreva as etapas necessárias à elaboração do Fluxo de Caixa.
5. Das etapas descritas acima, qual delas é a mais importante? Por quê?
6. Quais são as duas perguntas fundamentais para as quais precisamos 
deter profundo conhecimento, ao iniciar o processo de análise do Flu-
xo de Caixa?
7. Quais são, em sua opinião, as principais limitações do Método Direto?
8. Analise as informações abaixo, indicando se elas estão corretas ou não. 
Justifique sua resposta.
a) Aumento de passivo significa captação de novos recursos, gerando 
efeitos positivos nas entradas de caixa, na data em que ocorrem.
b) Aumento de ativo representa novas aplicações realizadas, signi-
ficando a necessidade de recursos do passivo para financiá-las e 
gerando saídas de caixa na data de pagamento.
c) Redução de passivo significa a aplicação de recursos para o paga-
mento de fontes captadas no passado, gerando saídas de caixa na 
data do pagamento.
d) Redução de ativo significa desinvestimento realizado no ativo, re-
presentando, na data do resgate da aplicação ativa, aumento na 
entrada de caixa.
Referências
BAILEY JR., Herbert S. Diz o banqueiro: “cuidado com o fluxo de caixa”. Publishers 
Weekly, 1975.
SILVA, José Pereira. Análise Financeira das Empresas. São Paulo: Atlas, 2005.
40
Fluxo de caixa
Gabarito
1. Alternativas a, b, c, d, e, g, h, i, j, k, l.
2. Alternativas a, b, c, f, g.
3. Alternativas c e g.
4. 
Obtenção de informações quantitativas, e principalmente qualitativas, �
necessárias à elaboração do fluxo.
Escolha da Metodologia (forma de elaboração) do Fluxo de Caixa. �
Análise dos resultados obtidos (motivos que levaram à geração previs- �
ta de superávits ou deficits).
5. Obtenção de informações quantitativas, e principalmente qualitativas, 
necessárias à elaboração do fluxo. Fluxo de caixa, sem análise prévia 
da qualidade das informações, transforma-se em mera compilação de 
números.
6. Quando o fluxo de caixa apresentar uma situação de superávit de cai-
xa: por que só isso?
 Quando o fluxo de caixa apresentar deficits de caixa: por que tudo isso?
7. Não permite observar as variações nos saldos de duplicatas a receber, 
estoques e valores a pagar (fornecedores, financiamentos, impostos 
etc.), cujo acúmulo gradual poderá ser a causa de um aumento ou re-
dução substancial nas disponibilidades futuras de caixa.
8.
a) Sim, aumentos de passivo ocorrem pela captação de novos recur-
sos junto aos sócios ou terceiros, gerando efeitos positivos no flu-
xo de caixa, principalmente em função do prazo de pagamento.
b) Como ativo é igual ao passivo, qualquer aumento no ativo tem que 
ser precedido de igual aumento do passivo.
c) Passivos são reduzidos por pagamento (lembre que redução do pa-
trimônio líquido, por prejuízo, significa a devolução do investimento 
do sócio, através da perda de parte do valor aplicado na empresa).
Fluxo de caixa
41
d) Redução de ativo significa resgate de aplicações realizadas, mes-
mo que esse resgate seja automaticamente reaplicado em outro 
ativo ou empregado no pagamento de algum passivo.
Ciclo de caixa
Agnaldo Santos Pereira
Introdução
Toda empresa, independentemente do segmento de atuação – indústria, 
comércio ou prestação de serviços – exerce atividade produtiva, embora so-
mente as indústrias tenham atividade fabril. Com base nesse conceito, po-
demos dizer que, do ponto de vista econômico, todos os custos incorridos 
pela empresa são transferidos ao produto final, na medida em que são ge-
rados entre os vários departamentos da empresa participantes do processo 
de produção.
No caso das empresas que têm atividade de fabricação de produtos ou 
insumos para um consumidor final, lembrando que consumidor final é todo 
aquele que consome o produto fabricado pelo vendedor, como uma em-
presa que fabrica insumos para um fabricante de geladeiras, por exemplo, 
tem este como consumidor final, esse fluxo acompanha todo o custo da mo-
vimentação física das matérias-primas, desde o momento em que são re-
cebidas, armazenadas e retiradas dos estoques, até sua transformação em 
produto acabado e posterior venda no mercado.
Para esse tipo de negócio, ou seja, para as empresas que atendem às ne-
cessidades de seus clientes através da fabricação de seus produtos, o fluxo 
de produção pode ser ilustrado graficamente da seguinte forma:
Custo das 
matérias-primas
 adquiridas.
Estoque de
matérias-primas.
Custo das matérias-primas 
consumidas, mão de obra direta 
e custos gerais de fabricação.
Estoque de 
produtos 
em processo.
Custo dos produtos 
acabados.
Estoque de 
produtos 
acabados.
Custo dos produtos 
vendidos.
 
Mercado.
Ag
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44
Ciclo de caixa
Fluxo de produção na empresa
Do ponto de vista econômico, o custo de produção tem seu início com a 
transferência da “propriedade” das matérias-primas para os departamentos de 
produção, localizados dentro do processo produtivo. Na medida em que os 
custos da mão de obra, e demais insumos utilizados para a transformação da 
matéria-prima em produto acabado, são também transferidos, os custos de pro-
dução são gerados e remanejados para o estoque de produtos em processo.
Quando finalmente os produtos atingem sua forma final, em função do 
tipo de produto que a empresa oferece ao mercado, todos os custos de pro-
dução incorridos para a sua geração, até o momento, são transferidos para 
o estoque de produtos acabados. Quanto menor for o custo dos produtos 
acabados, maior será o resultado econômico (rentabilidade) da empresa.
Repare que esse conceito, ao analisarmos o fluxo anterior, do ponto de 
vista gerencial e não contábil, pode ser utilizado para as empresas que ofere-
cem serviços ao mercado. Para isso, basta que entendamos as pessoas, sob a 
ótica gerencial, como um “estoque” a ser ofertado ao mercado.
Lembre que o processo de produção tem seu início com a transferência 
de matéria-prima do estoque para a produção, a realização da produção do 
produto ou serviço e, depois de terminado, a mudança para o estoque de 
produto acabado; e finalmente, a transferência de sua propriedade para o 
consumidor final, através da venda.
Para as empresas que não apresentam atividade fabril (comércio e pres-
tação de serviços), do ponto de vista da gestão do negócio, esse processo 
pode ser representado pela alocação de um profissional para executar um 
serviço, ou a compra de um produto já pronto para as empresas que atuam 
no segmento de compra e venda, sem qualquer tipo de atividade fabril ou 
de transformação.
Portanto, a manutenção de um fluxo contínuo de produção como forma de 
reduzir os custos operacionais, requer o emprego de quantidades crescentes de 
Ciclo de caixa
45
matérias-primas e pessoas, gerando, a partir daí, quantidades crescentes de es-
toque de matérias-primas,produtos em processo e produtos acabados.
Como o grande objetivo do gestor é maximizar o retorno do investimen-
to dos proprietários, seu objetivo a partir do crescimento dos estoques, ine-
rente ao próprio crescimento da empresa, passa a ser gerar aumentos cada 
vez maiores nas receitas. O grande problema que surge como consequência, 
na medida em que a empresa efetue suas vendas a prazo, é o incremento no 
volume de duplicatas a receber, oriundas das receitas.
Por outro lado, como esses itens são ativos da empresa (disponibilida-
des, contas a receber e estoques), os volumes existentes e os incrementos 
ocorridos a partir do aumento da atividade da empresa, geram por sua vez 
a necessidade de recursos para financiar o crescimento dessas aplicações, 
realizadas pela empresa visando o aumento de sua rentabilidade.
Os novos recursos utilizados para financiar o crescimento dos ativos são 
financiados com recursos captados junto ao passivo (sócios e terceiros). Esses 
últimos representam todos aqueles que emprestam recursos à empresa, sem 
qualquer tipo de propriedade representada por cotas ou ações.
O crescimento dos financiamentos passivos gera aumento de custos fi-
nanceiros, aumento do risco e, por extensão, maior pressão sobre as saídas 
de caixa, refletidas no fluxo de caixa, o que pode resultar em novos aumen-
tos de risco, custos de captação maiores e maior pressão sobre o fluxo de 
caixa, colocando a empresa em um círculo vicioso.
Tudo isso significa que qualquer empresa para manter-se no mercado, 
crescendo de forma sustentada, necessita equilibrar corretamente os recur-
sos captados junto ao passivo para aplicação no ativo, de forma a evitar de-
fasagens entre os fluxos de pagamentos por suprimentos relativos à mão de 
obra, matéria-prima e demais materiais e os valores a receber, oriundos das 
vendas a prazo, refletidas nas contas a receber.
O fluxo a seguir ilustra a movimentação financeira observada em uma 
empresa com atividade de fabricação.
46
Ciclo de caixa
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(GITMAN, 2004. Adaptado.)
Repare que esse fluxo acima pode ser facilmente adaptado para uma em-
presa prestadora de serviços ou que tenha atividade comercial, trocando a 
atividade de fabricação pela compra, para as empresas comerciais, e por pes-
soas, para as empresas prestadoras de serviço.
Uma questão fundamental, normalmente esquecida pelos gestores das 
empresas e que leva várias delas à falência, surge quando a empresa, na 
Ciclo de caixa
47
medida em que observa um crescimento em suas aplicações operacionais, 
esquece da necessidade de recursos adicionais de fontes de financiamento, 
terceiros ou sócios. Se esses recursos não forem adequados, em termos de 
prazos e custos, para suprir as necessidades de aplicação, podem levar a em-
presa a uma situação de insolvência.
E é exatamente o descasamento entre os prazos de captação de recursos 
no passivo e prazo de aplicação desses valores no ativo, um dos principais 
motivos para a insolvência das empresas. A “leitura” realizada em empresas 
nessa situação, ou seja, os prazos de captação são menores do que os prazos 
de aplicação, indica que a empresa está primeiro efetuando pagamentos, 
para depois receber o produto de suas vendas a prazo, indicando que os 
recursos saem do caixa antes de entrar, quando, na realidade, o contrário é a 
situação ideal para qualquer tipo de negócio.
Se a rentabilidade do negócio não for bastante elevada, algo difícil de se 
obter hoje em dia em função da inexistência de barreiras de entrada signifi-
cativas em praticamente todos os segmentos, a empresa terá sérias dificul-
dades financeiras para continuar operando no mercado e, principalmente, 
para crescer de forma sustentada.
Uma forma extremamente eficaz para quantificarmos o prazo necessá-
rio ao financiamento das necessidades de recursos passivos, resultantes das 
aplicações nos ativos operacionais, é através do conceito dos ciclos existen-
tes na estrutura da empresa.
Esse conceito é utilizado, também, para que possamos entender a rela-
ção entre o conceito da Necessidade de Capital de Giro (NCG) ou Investimento 
Operacional em Giro (IOG) e o fluxo de obtenção e aplicação de recursos numa 
empresa, demonstrando como os ciclos, operacional, econômico e financei-
ro, descritos a seguir, são relacionados ao ciclo físico de produção.
Prazos médios
Antes de avançarmos na avaliação dos ciclos da empresa, precisamos 
primeiramente rever alguns conceitos muito importantes, relacionados aos 
prazos médios de estoques, recebimento e pagamento, existentes na estru-
tura de qualquer tipo de negócio, e que têm um impacto fundamental para 
o crescimento e mesmo para a sobrevivência de todo tipo de empresa.
O primeiro conceito importante é o Prazo Médio de Estoques. Para tanto, 
antes de apresentar a fórmula de cálculo, precisamos entender o que ele sig-
48
Ciclo de caixa
nifica. Por definição, esse prazo indica o número de dias, em média, que os 
estoques são renovados, ou seja, a duração média entre a chegada da maté-
ria-prima até a transformação em produto disponível para comercialização.
Graficamente, prazo médio de estoques pode ser representado pelo fluxo 
demonstrado a seguir.
Emissão da 
nota fiscal pelo 
fornecedor (1)
Faturamento 
do produto ao 
cliente (2)
Estoque de 
matéria-prima
Estoque de produtos 
em processo
Estoque de 
produto acabado
Tempo
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Sa
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.
(1) Para efeito legal, a mercadoria somente passa a ser propriedade do 
comprador no momento em que a nota fiscal, emitida pelo fornece-
dor, tem o seu aceite pelo comprador, ou seja, no momento em que o 
canhoto da nota fiscal é assinado por um representante do comprador. 
Se a mercadoria não for aceita pelo comprador, o fluxo é interrompido 
até que esse aceite ocorra.
(2) Da mesma forma que no caso da compra, o estoque é baixado na data 
de emissão da nota fiscal de venda, passando sua propriedade para 
o comprador após a obtenção do aceite, através da assinatura do ca-
nhoto da nota fiscal (se o comprador não cumprir os compromissos 
financeiros gerados pela compra, o fornecedor, dependendo do tipo 
de produto, pode retomar a propriedade desse bem). Se a mercadoria 
não for aceita, esse prazo é interrompido e o produto é colocado de 
volta no estoque do vendedor, até que o aceite aconteça.
 Uma alternativa que também pode justificar a saída de um produto 
do estoque ocorre quando a empresa, por obsolescência, defeito ou 
outro motivo similar, executa a baixa desse produto do estoque. Ocor-
rendo esse evento, o valor do produto deve ser retirado das estatísticas 
utilizadas para o cálculo do prazo médio do estoque.
Com esses conceitos explicitados, podemos definir uma fórmula para o 
cálculo do prazo médio de estoques. A equação para a realização do cálculo 
é a seguinte:
Ciclo de caixa
49
Prazo Médio de Estoques (PME) = 
360(*)
Custo da Mercadoria Vendida 
Estoque
(*) O numerador da fórmula não é fixo em 360, variando em função do prazo das in-
formações utilizadas no cálculo. Se as informações utilizadas para o cálculo do prazo 
médio forem relativas ao mês, o numeradorda fórmula será igual a 30. Se os dados 
forem referentes ao semestre, o numerador será igual a 180, e assim sucessivamente.
O segundo conceito importante é o Prazo Médio de Recebimento. O prazo 
médio de recebimento compreende o tempo que decorre entre o momento 
em que a venda ocorre e o seu efetivo recebimento. Claro está que as vendas 
a vista não fazem parte do cálculo do prazo médio de recebimento, embora 
afetem positivamente o desempenho financeiro da empresa.
Uma questão fundamental, que não podemos esquecer, é que o conceito 
do prazo médio de recebimento não é igual ao prazo médio de venda. Esse 
último compreende o prazo decorrido entre a venda (emissão da nota fiscal 
de venda) e o prazo acordado com o cliente para pagamento.
Do ponto de vista gráfico, podemos representar os prazos médios de re-
cebimento e de venda da seguinte forma:
Venda (1)
Venda (1)
Recebimento (3)
Recebimento (2)
Prazo Médio de Venda
Atraso no
Recebimento
Prazo Médio de Recebimento
Tempo
Tempo
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50
Ciclo de caixa
(1) Data de emissão da nota fiscal de venda. Caso o cliente não aceite o 
produto e devolva ao vendedor, o cálculo do prazo é interrompido e o 
item comprado volta ao estoque. Somente após o novo faturamento 
o prazo para aquele item é reiniciado. Conforme mencionamos ante-
riormente, se o comprador não cumprir os compromissos financeiros 
gerados pela compra, o fornecedor, dependendo do tipo de produto, 
pode retomar a propriedade desse bem.
(2) Data do efetivo recebimento constante da duplicata, gerada a partir 
da nota fiscal de venda a prazo, paga pelo comprador.
(3) Data pactuada com o cliente para o pagamento (direto com 30 dias, 
30/60/90 dias etc.).
A análise do conceito demonstrado acima reflete uma questão importan-
te. A diferença entre o prazo médio de recebimento e o prazo médio de venda 
reflete uma variável fundamental para a gestão de qualquer tipo de negócio: 
o prazo médio de atraso de pagamento do comprador (cliente), indicador 
que deve ser acompanhado sistematicamente para providências imediatas 
de correção. Idealmente, as empresas deveriam apresentar o prazo médio 
de recebimento igual ao prazo médio de venda. Nesse caso, a inadimplência 
média seria igual a zero.
A partir do entendimento dos conceitos do prazo médio de recebimento, 
podemos definir uma fórmula para esse indicador. A equação de cálculo é a 
seguinte:
Prazo Médio de Recebimento (PMR) = 
360(*)
Vendas a prazo 
Contas a receber
(*) Da mesma forma que no cálculo do prazo médio de estoques, o numerador da 
fórmula varia em função do prazo das informações utilizadas no cálculo. Se as in-
formações utilizadas para o cálculo do prazo médio forem relativas ao mês, o nu-
merador da fórmula será igual a 30. Se os dados forem referentes ao semestre o 
numerador será igual a 180, e assim sucessivamente.
O terceiro conceito fundamental para o cálculo do ciclo de caixa é o Prazo 
Médio de Pagamento de compras. Esse indicador reflete o tempo decorri-
do entre a data de emissão da nota fiscal de compra, pelo fornecedor, e a 
data do efetivo pagamento, pelo comprador. Se o comprador, por qualquer 
motivo, não aceitar o recebimento do produto e devolvê-lo ao vendedor, 
Ciclo de caixa
51
a contagem desse prazo é interrompida até o aceite final do comprador. A 
data de emissão da nova nota fiscal passa a ser utilizada como o ponto de 
partida para a contagem do prazo de pagamento.
Do ponto de vista gráfico, o prazo médio de pagamento é representado 
da seguinte forma:
Data de 
Pagamento do 
Fornecedor (3)
Emissão da nota 
fiscal pelo 
fornecedor (1)
Pagamento da 
Nota Fiscal de 
Compra (2)
Emissão da nota 
fiscal pelo 
fornecedor (1)
Prazo Médio de Pagamento
Prazo Médio de Compra
Atraso no
pagamento
Ag
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Sa
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 P
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ei
ra
.
(1) Da mesma forma que no cálculo do prazo médio de estoques, para 
efeito legal, a mercadoria somente passa a ser propriedade do com-
prador no momento em que o canhoto da nota fiscal é assinado por 
um representante do comprador. Se a mercadoria não for aceita pelo 
comprador, o fluxo é interrompido, até que esse aceite ocorra. Nesse 
caso, o prazo médio de pagamento somente será calculado a partir da 
entrada da nova nota fiscal, correspondente ao produto devidamen-
te aceito pelo comprador. Se, por outro lado, o comprador não cum-
prir os compromissos financeiros gerados pela compra, o fornecedor, 
dependendo do tipo de produto, pode retomar a propriedade desse 
bem, interrompendo a contagem desse prazo.
52
Ciclo de caixa
(2) Data do efetivo pagamento da compra realizada, independentemente 
da data acordada com o comprador.
(3) Data combinada com o fornecedor para pagamento da compra reali-
zada (direto com 30 dias, 30/60/90 dias etc.).
Análogo ao conceito do prazo médio de atraso de recebimento, a di-
ferença entre o prazo efetivo de pagamento e o prazo combinado com o 
fornecedor representa o prazo médio de atraso de pagamento. Da mesma 
forma que o prazo médio de atraso de recebimento, esse prazo deve ser mo-
nitorado constantemente para que, ao ser mantido igual a zero, ou seja, não 
exista atraso de pagamento, o crédito da empresa possa ser sistematicamen-
te ampliado.
Assim como os demais indicadores apresentados, o Prazo Médio de Paga-
mento de compras dos fornecedores também pode ser calculado. A fórmula 
de cálculo para esse indicador é obtida através da seguinte relação:
Prazo Médio de Pagamento (PMP) = 
360
Compras a prazo (1)
Contas a pagar
(1) Ao analisar os demonstrativos contábeis de uma empresa, principal-
mente das organizações que não disponibilizam notas explicativas aos 
demonstrativos, nem sempre é possível obter a informação relacio-
nada às compras a prazo. Quando isso ocorre, podemos utilizar uma 
metodologia, que embora não seja de todo correto do ponto de vista 
técnico, permite obter uma razoável aproximação do valor correto. Se 
esse procedimento for utilizado em vários períodos, eventuais distor-
ções são compensadas ao longo do tempo. Utilizando essa técnica, o 
valor de compras será obtido através da seguinte equação:
Custo da Mercadoria Vendida (CMV) = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final
 Logo:
 Compras = CMV – Estoque Inicial + Estoque Final
Uma questão muito importante, no cálculo do prazo médio de paga-
mento de compras dos fornecedores, está relacionada às compras a vista. O 
volume de compras realizado sob essa modalidade não faz parte do cálculo 
Ciclo de caixa
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do prazo médio de pagamento, embora afete o desempenho financeiro da 
empresa.
Ciclo de caixa
Para uma parcela substancial das empresas, a atividade operacional é de-
senvolvida através de um processo ininterrupto, envolvendo as atividades 
de compra, estocagem, produção, comercialização e recebimento do produ-
to das vendas. Como veremos a seguir, mesmo para as empresas com ativi-
dades que não envolvem a fabricação de produtos, comércio e prestação de 
serviços, adaptando o nome dessas atividades, esse fluxo pode ser perfeita-
mente observado.
COMPRA PRODUÇÃO VENDA RECEBIMENTO
Ag
na
ld
o 
Sa
nt
os
 
Pe
re
ira
.
Todas essas etapas do processo de produção de um negócio (não devemos 
confundir produção com atividade fabril) são associadas a prazos de duração, 
compreendendo o prazo de fabricação e manutenção dos estoques até a venda 
ao consumidor, recebimento das vendas e pagamento aos fornecedores.
Esses prazos, conforme apresentados anteriormente (conceitos e fórmu-
las de cálculo), permitem calcular quanto tempo demora o processo de con-
versão do caixa, conceito que define o prazo médio decorrido entre a data 
em que a empresa realiza o pagamento das compras efetuadas e a data em 
que recebe o produto de suas vendas a prazo.
O ciclo de conversão do caixa, ou simplesmente ciclo de caixa ou ciclo 
financeiro, é um dos mais importantes conceitos para a gestão financeira de 
qualquer tipo de empresa, forma de constituição, tamanho e segmento de 
atuação, representando o tempo médio

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