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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES LICENCIATURA EM ENGENHARIA FERROVIÁRIA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO FERROVIÁRIA F41 História dos Sistemas de Comunicação Ferroviária Discentes: Benildo Zunguze Docente: Eng.º Inocêncio Zunguze Maputo, Agosto de 2020 Índice 1. Introdução .......................................................................................................... 2 1.1. Objectivos....................................................................................................... 2 1.1.1. Geral ........................................................................................................... 2 1.1.2. Específicos .................................................................................................. 2 1.2. Metodologia .................................................................................................... 2 2. Início de comunicações ferroviárias .................................................................... 3 2.1. Staff Eléctrico ................................................................................................. 4 2.2. Incorporação das Novas Tecnologias na Comunicação Ferroviária.................. 4 2.3. Surgimento do CTC ........................................................................................ 5 2.4. Telefones Portáteis .......................................................................................... 6 2.5. Rádio Solo Comboio ....................................................................................... 6 2.6. Integração de GSM ......................................................................................... 7 2.7. Comunicação ferroviária moderna .................................................................. 9 2.8. Tecnologia sem Fio e Ferrovia ........................................................................ 9 3. Conclusão ........................................................................................................ 10 4. Referências Bibliográficas ................................................................................ 11 Página 2 1. Introdução As ferrovias apareceram pela primeira vez, nos primeiros anos do século XIX, tendo sofridos inúmeras mudanças com o passar de tempo. Algumas mudanças significativas foram a passagem da tracção a vapor para tracção eléctrica ou a diesel; surgimento dos comboios de alta velocidade, (Soure, 2013). Porem, desde o surgimento das ferrovias até os dias actuais, elas sempre foram acompanhadas pelos sistemas de comunicação, que tiveram uma evolução directamente proporcional a evolução das ferrovias, desde os primeiros tempos, os sistemas de sinalização ferroviária iniciaram-se com o uso das bandeiras, sistemas telégrafos e de staff com forte presença humana, evoluíram para sistemas de sinalização semi- automáticos e depois se tornaram totalmente automatizados, mas sempre tiveram em sua retaguarda um sistema de comunicações. Estes sistemas têm que se mostrar sempre confiáveis, disponíveis e seguros. 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral Falar da Historiados Sistemas de Comunicação Ferroviária. 1.1.2. Específicos Descrever o início de Sistemas de Comunicação Ferroviária; Identificar as principais evoluções dos Sistemas de Comunicação Ferroviária; Mencionar os principais motivos que conduziram a evolução dos Sistemas de Comunicação Ferroviária. 1.2. Metodologia Para a realização deste trabalho utilizou-se diversos manuais relacionados com o conteúdo dos Sistemas de Comunicação nas Ferrovias. Página 3 2. Início de Comunicações Ferroviárias Estima-se que as comunicações nas ferrovias deram seu início desde o surgimento de um novo sistema telégrafo, laçado por Samuel Morse em 1844. A telegrafia eléctrica começou a dar seus primeiros passos em vários países, apesar do facto de que dez anos depois ainda era um sistema controverso, (Hernández, 2011). De outro lado, o transporte ferroviário vinha ganhando espaço a ponto de ser vista como meio de transporte de futuro e no Reino Unido, com essa expansão do transporte ferroviário, surgiu a necessidade de sinais de serviço não fossem exclusivamente ópticos, mas que fossem independentes de fenómenos atmosféricos que pudessem reduzir a visibilidade, e que fossem rápidos, quase instantâneos, dada a importância da rede e do tráfego das ferrovias existentes. Este telégrafo, já era eléctrico e exclusivamente para aplicações ferroviárias, porem se espalhou para o uso público ficando assim como um subproduto do sistema de sinalização e segurança ferroviária, (Neto, 2016). Figura 1: Telegrafo ferroviário. Fonte: Neto, 2016. A comunicação telegráfica utilizava o sistema Morse, era o único meio eficaz de estabelecer o bloqueio seguro da via entre os estacões, e este sistema de comunicação foi o indispensável e insubstituível “bloqueio telegráfico escalonado” que se estabelecia entre estacões vizinhas, (Hernández, 2011). Página 4 2.1. Staff Eléctrico Segundo Neto (2016), Staff (bastão) eléctrico é um aparelho electromecânica, controlado remotamente para licenciar o trem, necessitando para tal uma estação ou posto de licenciamento em cada extremidade do trecho, cada um equipado com porta- bastões interligados entre si. O bastão em si é um cilindro de aço, apresentando saliências e tem gravado, em uma de suas extremidades, os nomes das duas estações delimitadoras do trecho em que será usado. Figura 2: Staff eléctrico. Fonte: Neto, 2016. 2.2. Incorporação das Novas Tecnologias na Comunicação Ferroviária Segundo Hernández (2011), o inicio do século XX (período entre 1900-1960), as diferentes empresas ferroviárias europeias agregaram os novos meios de comunicação que iam surgindo, logo a telefonia foi agregada à já tradicional telegrafia, embora os equipamentos de telecomunicações encontrados nas estações ainda fossem escassos e primitivos, podendo ser encontrados desde manipuladores telegráficos até telefones magnéticos, também conhecidos como "escalonados", que vinham sendo utilizados desde 1900 para comunicações de segurança entre estações vizinhas. Em todas as estações existia um gabinete telegráfico. Página 5 Em 1900 começou a aplicação de sistema primitivo de comunicação telefónica escalonada, tendo sido complementado a partir de 1922 com a telefonia selectiva, (Hernández, 2011). Segundo Hernández (2011), à medida que o século XX avançava, as comunicações telefónicas não exclusivas de "segurança ou bloqueio" diversificaram-se e multiplicaram-se, pelo que foi necessário implementar um novo circuito bifilar denominado “troço”, que se estabelecia ao longo de toda a extensão da linha, mas que apenas “entrava”, ou tinha ligação, em estações importantes. Era um sistema "aberto" onde "todos" podiam se comunicar com "todos" e a ligação era feita por meio de um telefone magneto, usando códigos de toque longos e curtos. 2.3. Surgimento do CTC Quando em determinadas circunstâncias o pessoal era dispensado nas estações, os bloqueios de segurança e bloqueio de vias foram integrados numa única mesa, dando origem ao Controlo Centralizado de Tráfego ou CTC, (Neto, 2016). Segundo Hernández (2011), quando a densidade do tráfego ferroviário em uma linha passou a ser importante, surgiu a necessidade de implantar uma Central Reguladora que estabelecesse prioridades e “ordenasse” o tráfego, principalmente quando os incidentes não pudessem ser rigorosamente respeitados horários pré-estabelecidos, porem, este Centro Regulador ou Posto de Comando da linha não tinha responsabilidades na "segurança" da circulação, que continuava no pessoal das estações, e posteriormente nos diferentes sistemas de bloqueio e intertravamentoautomáticos. Sua função era coordenar e supervisionar a exploração. Para isso, foi disponibilizado um circuito adicional de cobre bifilar de 3 mm de diâmetro e um dispositivo popularmente conhecido como Western, fabricado pela Standard Eléctrica, empresa pertencente ao grupo ITT (International Telephone and Telegraph Co.). Por meio desse sistema, todas as estações da linha eram acessadas por meio de uma chamada selectiva individualizada, ou uma chamada geral feita por um código de pulsos codificados que era detectado pelo selector de cada estação. O sistema também era "aberto" e foi denominado "envio centralizado" ou "despacho atenuado" selectivo. Página 6 Figura 3: Paineis de Controle Centralizado de Trafego. Fonte: Neto, 2016. 2.4. Telefones Portáteis Começaram a ser usados na década de 1940, eram essenciais para os maquinistas e para o pessoal de manutenção das vias e instalações, pois permitiam a comunicação directa com o Posto de Comando e com as estações, (Soure, 2013). Em 19960 projectou se uma rede de rádio de ondas curtas e posteriormente instalada em estacões. O mau estado das linhas que dificultava, se não impedia, as ligações de longa distância, foi motivo pelo qual houve necessidade de rede de rádio de ondas curtas, (Soure, 2013). Segundo Hernández (2011), Nessa época a tecnologia mais recente baseava-se em válvulas electrónicas, capacitores, resistores, relés electromecânicos e cabos de cobre com isolamento de pasta de papel e revestimento de chumbo. As comunicações para o serviço geral não exigiam apenas a transmissão de voz, mas em muitos casos exigia que fossem escritas, razão pela qual o telégrafo clássico veio substituir, nos anos 50, uma nova forma de telegrafia: o teleimpressor. 2.5. Rádio Solo Comboio Segundo Soure (2013), o sistema de comunicações Rádio Solo Comboio, é um sistema centralizado e devido a isso, qualquer comunicação em fonia carece de autorização prévia do Posto Regulador. As linhas ferroviárias estão divididas, sob o ponto de vista de regulação, em um ou mais sectores. Assim cada Sector de Regulação é responsável pela regulação de um troço de via. Página 7 As comunicações entre as Estações Base (EB – equipamento que faz a comunicação entre o comboio e regulador) e os Postos Móveis (PM – equipamento que se encontra no comboio para estabelecer a comunicação com o regulador), são feitas através de um grupo de frequências na banda dos 450 MHz, e cada sector possui 3 frequências de emissão e uma de recepção, (Soure, 2013). Figura 4: Radio Solo Comboio. Fonte: Soure, 2013. 2.6. Integração de GSM A integração do GSM surge para tentar resolver a falta de comunicação entre os Postos de Comando Locais/Centros de Tráfego Centralizados com os Postos Móveis, nas linhas onde não existe cobertura de Rádio Solo Comboio. Assim, surgiu a ideia de integrar o GSM no Rádio Solo Comboio, utilizando uma das operadoras existentes da rede GSM (Figura 16). Com esta integração, a transmissão de dados passa de 1200 bits/s para 9600 bits/s. Esta alteração é feita ao nível dos componentes do bastidor do Posto Móvel e na mudança para uma antena dual mode. Sendo assim, usa-se a mesma consola de fonia, e não é necessário efectuar novas furações, nem passar nova cablagem para o efeito. Em resumo, este desenvolvimento visou: Dar ao PM acesso à rede pública de GSM, possibilitando a comunicação directa, em fonia, entre o Permanente de Tracção e Maquinista. Aumentar a capacidade de transmissão de dados (SMS), passando a velocidade de transmissão de 1200 para 9600 bits. Página 8 Figura 5: Rádio Comboio com GSM integrado. Fonte: Soure, 2013. Esta capacidade adicional de transmissão de dados a 9600 bps, pode ser usada no Depot Management, que apresenta algumas vantagens relativamente à solução preconizada para o Rádio Solo Comboio, pois dispensa infra-estruturas e a velocidade de transmissão é oito vezes superior. Para se implantar estas novas facilidades é necessário reconfigurar o hardware e o algoritmo do Posto Móvel, como mostra a figura acima, (Soure, 2013). Segundo Soure (2013), em 1966 a UIC recomendou fortemente que as companhias ferroviárias tivessem sua própria rede de telecomunicações, independente das redes públicas comerciais (Reunião de Paris 1966). Nesse momento, a importância dos intertravamentos electrónicos deve ser destacada. Até a década de 1980, esse campo estava limitado ao campo dos intertravamentos de relé. Segundo Soure (2013), os intertravamentos são dispositivos, baseados em regras e procedimentos, que permitem a circulação ou estacionamento de trens em estações ou em rotas com condições de “segurança intrínseca” ou “fail safe”. No caso de alguma falha, a segurança foi aumentada através de técnicas mecânicas, eléctricas, electrónicas ou de engenharia da computação. Os "intertravamentos" eram considerados um tabu reservado aos especialistas da "segurança intrínseca", ou "fail Safe", e eram defendidos com unhas e dentes como reduto inexpugnável por esta guilda. Página 9 2.7. Comunicação Ferroviária Moderna Actualmente os sistemas de comunicação ferroviária encontram-se no estágio avançado, a expansão de comboio de alta velocidade, sendo o primeiro comboio de alta velocidade começado a operar no Japão em 1964, impulsionou na automação de sistemas de comunicação ferroviária, além da necessidade de aumento da capacidade de tráfego, (Neto, 2016). Segundo Neto (2016), os sistemas de comunicação modernos tiveram seu marco com a implantação do CTC – Controle de Tráfego Centralizado, depois com o ATC (Controle de Tráfego Automático) / ATS (Sistema de Tráfego Automático) e a seguir com o ATO – Operação de Tráfego Automático houve aumentos tanto da segurança quanto da capacidade de tráfego permitida para a via. Os sistemas de sinalização e controle de tráfego mais modernos, tais como as classes ATC (ATS) e ATO, são utilizados em ferrovias com maior volume de tráfego, como em linhas de metrôs e trens metropolitanos, pois permitem intervalos muito pequenos para transportar grandes volumes de passageiros. 2.8. Tecnologia sem Fio e Ferrovia As estradas de ferro que tem na carga sua principal actividade estão optando por sistemas de sinalização baseado em tecnologia sem fio, através do emprego de rádio ou GPS, já que o roubo de fios e equipamentos e como consequência, as frequentes interrupções de tráfego têm sido direccionadas a ferrovias para sistemas menos vulneráveis, (Neto, 2016). Segundo Hernández, (2011), enquanto a sinalização clássica controla os trens nos espaços entre sinais, a telemática utiliza o conceito CBTC, que é o Controlo de Trem Baseado em Comunicação. Este sistema de códigos e procedimentos padrões está baseado basicamente na obediência do maquinista às determinações da central de controlo operacional e no caso do desrespeito às regras dispositivos permitem acções como o bloqueio de combustível. Página 10 3. Conclusão Os sistemas de comunicações sempre estiveram a acompanhar a operação ferroviária desde seu surgimento, embora no princípio a comunicação era muito precária e se resumia em sinais feito pelos homens até o estágio em que se desenvolveu o telégrafo. A necessidade de garantir maior segurança de circulação, aumento de capacidade de tráfego ferroviário e surgimento das composições de alta velocidade, são os principais motivos que levaram á automatização dos sistemas de comunicações. O século XIX, foi marcado lançamento de telégrafo em 1844 e logo depois lançou-se o Staff eléctrico. Esses equipamentos foram tidos como indispensável, sendo chegou-se a mudar a estrutura inicial do telégrafo para um modelo que agregassem mais itens ligados a facilidade de comunicação ferroviária. O século XX, para a comunicação ferroviária, foi marcado pela integração de novas tecnologias,incluindo a comunicação sem fios. Telefones portáteis e rádio comboio começaram a serem usados como forma de preencher as lacunas que os sistemas de comunicação já existentes apresentavam. Nesse estágio já existia o Centro de Controlo Centralizado. Actualmente, as ferrovias adoptam Sistemas de Comunicação Ferroviária sem Fios e parcial ou totalmente automatizados. A automatização da Comunicação Ferroviária inclui a aplicação de ATCs, CTCs, ATOs que se aliam a CBTC para facilitar e a comunicação. Página 11 4. Referências Bibliográficas Hernández, J. M. (2011). Las Telecomunicaciones y el Ferrocarril. Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles. Neto, J. P. (2016). Apostila de Ferrovias. UNIOESTE. Soure, J. A. (2013). Implementação do Sistema GSM-R na Rede Ferroviária Nacional- Projecto Piloto. Coimbra.
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