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Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO - CEP O Controle estatístico de processo (CEP) é uma ferramenta gerencial da qualidade que realiza controles a partir de técnicas estatísticas. Preocupa-se em checar durante as fases de produção, etapas ou processos propensos a desenvolver problemas. E, quando identificados – os problemas – tende a interromper o processo e readequá-lo ao padrão. E, além de checar processos e procedimentos, o CEP também se preocupa em monitorar os resultados das amostras ao longo do tempo. Para isso, ele utiliza o gráfico de controle - um tipo de gráfico que aplica variabilidades de um processo e verificar quais pontos saiu do controle. Figura 1: Gráfico de Controle. Fonte : Acervo do autor. As causas das variações no gráfico de controle sempre estão relacionadas com o funcionamento dos sistemas na organização, enquanto que as variações ocorrem aleatoriamente e fora dos limites de controle propostos. Observando a figura, podemos observar os limites superiores (LS) e inferiores (LI) propostos, as variabilidades de um processo qualquer ao longo do tempo e os pontos de controle e suas variações excedentes. Capabilidade Capabilidade é uma medida aplicada nos processos para averiguar se as variações do processo são aceitáveis. E, esta medida é feita pela razão entre a faixa de especificação e a variação normal do processo. A análise é feita a partir da seguinte analogia: • Se a Capabilidade (Cp) de um processo for maior que 1, consideremos que o processo é “capaz”; • Se a Capabilidade (Cp) de um processo for menor que 1, consideremos que o processo é “não é capaz”; Slack (2002) demonstra a análise de Capabilidade seguindo a equação 1: �� = ��� − ��� ��� − ��� � 6 ���� � Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. ��� = �í��� �( �̿ − ��� 3� ; ��� − �� 3� ) Os índices unilaterais são realizados para compreender quando os dados de um processo excedem a faixa de especificação LIT e LST. E, para que possa indicar a Capabilidade do processo, as organizações utilizam – algumas vezes – o menor índice dos dois índices unilaterais, chamados de Cpk. Para esclarecermos esta aplicação, Slack (2002, p. 567) apresenta o seguinte exemplo: No caso do processo de enchimento das caixas de arroz, [...], a Capabilidade do processo pode ser definida da seguinte maneira: - Peso do Arroz: Média de 206 gramas - Desvio-padrão: 2 gramas - Tolerâncias: Max. = 214 gramas Min. = 198 gramas Cálculo: Faixa de especificação = 214 – 198 = 16 gramas Variação natural de processo = 6 x desvio-padrão 6 x 2 = 12 gramas Cp = (214 – 198) / (6 x 2) Cp = 16 / 12 Cp = 1,33 Se a variação natural do processo de enchimento mudasse para ter uma média de processo de 210 gramas, mas o desvio-padrão do processo permanecesse gramas, qual a aceitabilidade do processo? Cpu = (214 – 210) / (3 x 2) = 0,666 Cpi = (210 – 198) / (3 x 2) = 2,000 Cpk = menor índice (0,666; 2) Cpk = 0,666 Causas – Problemas Slack (2002, p. 568), ao descrever as causas de variações assinaladas em processos destaca que “nem todas as variáveis em processos resultam de causas comuns. Pode haver alguma coisa errada com o processo, que é assinalável a uma causa particular e previsível”. Muito destas causas estão relacionadas a problemas mal direcionadas na operação, um equipamento ou ferramenta mal posicionada, falta de instrução do operador para executar as atividades, manutenção, procedimentos e tarefas sem direcionamento. <INTERROGAÇÃO> E, a questão fundamental que deve ser feita ao processo é: A variação foi um evento natural ou o sintoma de alguma causa séria no processo? Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. As ações tomadas para corrigir e eliminar as variações encontradas nos processos são realizadas em etapas, onde na: Etapa 01: Os dados encontrados são lançados no gráfico de controle, para que se possa visualizar a extensão dos problemas. O trabalho será feito nos pontos que se sobressaírem aos limites (superiores e inferiores) preestabelecidos pelo processo padrão – geralmente, um padrão encontrado no processo que foi considerado livre de qualquer variação. Etapa 02: Calculam-se os limites superiores e inferiores de forma mais estatística e probabilística – usualmente estabelecidos a três desvios-padrão (s) da amostra. A Figura 9 ilustra os três desvios-padrão: Limite Superior, Média, Limite Inferior. E, os limites de controle podem estar a qualquer distancia da média, mas quanto mais próximo os limites estiverem da média, maior será a probabilidade de investigar e tentar eliminar a causa – problema. As causas de variação de processos, normalmente das áreas produtivas, são classificadas em dois grupos: Causas Comuns e Causas Especiais. Veja as variações abaixo: Figura 2: representação gráfica da curva normal em relação ao desvio padrão. Fonte: Acervo do autor. As causas comuns estão diretamente ligadas as variações do processo que seguem uma distribuição normal, em outras palavras, são aleatórias e inevitáveis. Já as causas especiais, apresentam alterações nos parâmetros de processo, média e desvio padrão, de fácil identificação. <BOX DICA> Dica: uma variação a + 3 desvios da média, descreve uma variação “normal”. Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. O cálculo probabilístico é feito a partir da proporção de erros (p) da amostra ou da média da proporção de “defeitos” – onde o número de amostras deva ser pelo menos de 30, e o número de elementos, pelo mesmo, de 100. ( 1 2 3 ... ) / (1 ) / P p p p pn m s P p n = + + + + = − Equação 1: Cálculo básico para de determinar desvio-padrão. Onde: • m é o número de amostras; • n é o número de elementos; • s desvio-padrão; • P é a proporção de erros. Desta forma, os limites de controle se estabelecem: 3 3 LST P LIC P = + = − Equação 2: Cálculo básico para de determinar os limites de controle 2.2.4 Gráfico de Controle e as Cartas de Controle X e R Como vimos anteriormente, o CEP é utilizado para controlar a média e o desvio padrão da distribuição, logo como verificar se o processo está sob controle? A ferramenta utilizada para verificar o controle das variáveis é o Gráfico de Controle, que utiliza como referencia o gráfico da média e o gráfico da amplitude. A montagem do Gráfico de Controle é baseada nos seguintes passos: • Primeiro deve-se coletar dos dados da amostra e analisar estatisticamente. Neste passo, o limite superior e o limite inferior de controle são baseados na média de todo o processo; • Segundo, todos os pontos deverão ser lançados em uma planilha para verificarmos a variação ocorrida em relação a um padrão preestabelecido. Os pontos acima ou abaixo dos limites superior e inferior deverão ser destacados dos pontos dentro do limite padrão. • Terceiro, os pontos incoerentes correspondentes às variações devem ser analisados como problemas e suas ações corretivas devem ser aplicadas imediatamente. Mas, sempre que as variações ocorrerem, acima dos limites superiores e inferiores, é necessário que todo o grupo de trabalho pare as atividades, analise os reais motivos do valor encontrado e tomem decisão que eliminem o problema. Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandrode Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. Outra característica importante na construção do Gráfico de Controle é compreender a diferença entre controle e especificação, para isso, estabeleceremos os processos obedecem a “duas vozes”: • “Voz do processo”: determinará as características dos limites de controle para o processo (atividades internas de fabricação, por exemplo); • “Voz do cliente”: determinará as características dos limites de especificação, ao qual denominaremos limites superiores e inferiores de especificação. Estes limite será levando em consideração, por exemplo, para avaliar se o processo atende ou não um determinado pedido. Determinando os Gráficos de Controle: Classificando os Gráficos de Controle Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. As detecções de uma tendência nos gráficos de controle nem sempre são tão evidentes, para isso, estabelecemos duas regras básicas de detecção na média do equilíbrio de um processo qualquer: • 1º: Quando oito ou mais pontos (número estabelecido estatisticamente) consecutivos se posicionarem acima da linha média ou oito ou mais pontos consecutivos se posicionarem abaixo da linha média; • 2º Quando oito ou mais pontos (número estabelecido estatisticamente) se deslocarem acima ou abaixo dos limites de controle. Logo, um processo que apresente um gráfico de controle, cujos pontos encontram-se “fora dos limites de controle” (ou uma tendência) será considerado Fora de Controle. Processos fora de controle apresentam tanto causas de variações comuns quanto causas de variações especiais. A solução ótima será determinar, no processo, as causas de variações especiais (por não fazerem parte do planejamento) que estão produzindo as anomalias (a perda de controle). Quando as causas encontradas estiverem afetando a qualidade do produto ou do serviço prestado, a equipe deverá conduzir planos de ação. Os gráficos que não indicarem variações “fora dos limites de controle”, será considerado sob controle. Mesmo para esses gráficos, a equipe deverá estar atenta a qualquer alteração, assim, um estudo deverá ser conduzido sobre históricos, de maneira a determinar se o volume de causas de variação comuns é suficientemente pequeno para satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes. a) Gráfico de Controle para a Média - “Cartas Ẍ” b) Gráfico de Controle para a Amplitude - “Cartas Ṝ” Onde, Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. Tabela 1: Coeficientes em função do número de elementos de cada amostra n. Fonte: Acervo do autor. Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. Praticando o Conhecimento de CEP Há seis meses, a Indústria Soluções em Meio Ambiente Ltda. (ISMA) implantou em um dos seus sistemas de reaproveitamento de produtos descartados o conceito Qualidade Total com o objetivo de evitar percas de produtividade (operadores) e aumentar sua confiabilidade perante os clientes. Entre as ferramentas de controle implantadas pela ISMA, está o Controle Estatístico de Processo. Após os seis meses da implantação do sistema, alguns padrões foram ditados pela equipe de qualidade e engenharia de produto: • Linha de Montagem 01: Recorte de Peças: o Limite de Controle: 10 mm e Tolerância de +- 0,02mm Fonte: Acervo do autor. • Diariamente, a equipe de qualidade realiza duas amostras no processo de recorte destas peças, de maneira a verificar se a operação está ou não trabalhando dentro dos limites de normalidade estipulados pela Engenharia de Produto. Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. Em cinto dias de análise, foram coletados: Pergunta: - Baseado nestas amostras, a equipe de qu alidade pode afirmar que o sistemas está sob controle? A partir da coleta destes dados, a equipe inicia o processo de análise de controle de variáveis: 1º fase: Análise dos dados e determinação dos limites de controle no gráfico, para a média e amplitude: a) Organização dos dados; b) Determinação dos limites de controle; • Gráfico da Média Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. • Gráfico da Amplitude c) Plotagem gráfica: • Gráfico da Média • Gráfico da Amplitude d) Análise dos dados e comparação com os limites de especificação; Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. Analiticamente, o gráfico das médias indica que as amostras 01, 03, 05 e 07 possuem variações acima e abaixo dos limites de controle (superior e inferior), enquanto que o gráfico da amplitude apresenta uma alta variação na amostra 01, 02 e 03, após isso, ela se ajusta entre 0,02mm e 0,03mm. Logo, este processo é considerado fora de controle. Apenas com a apresentação destes dados, pode-se afirmar que a operação começa a se ajustar ao padrão a partir do 3º dia, solicitando mais amostras (dados) para comprar os resultados. Algumas ações são importantes após a construção dos Gráficos de Controle: • Investigar por que as variações no 1º dia foram altas; • Confirmar se todos os operadores estão seguindo o padrão; • Criar um plano de ação para conter qualquer anomalia; • Relatar a supervisão esta análise. Aula de Controle Estatístico – Professor Leandro de Oliveira Silva Livro: SILVA, Leandro de Oliveira. Sistemas de Qualidade. Uniube: Uberaba, 2012. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ATIVIDADE 01: Um fabricante de azulejos retirou 20 amostras com 10 azulejos cada uma e verificou que ao todo cinco azulejos apresentavam rachadura. Estabelecer o gráfico para controle da fração defeituosa P. ATIVIDADE 02: Um fabricante de meias controlou, durante 25 dias, sua produção e verificou a ocorrência média de quatro defeitos por amostra diária. Calcular os limites de controle do gráfico C. Obs: O Gráfico C é utilizado para saber o número de defeitos na amostra independentemente do tipo de defeito que a peça apresentou. ��� = �̅ + ". �$ , ��� = �̅ − ". �$, sendo que o � = %�̅. ATIVIDADE 03: Um fabricante de parafusos de aço inox estruturou o controle estatístico de processo na empresa e controla o diâmetro dos parafusos pelo gráfico da média que presenta LSC = 10,25 mm, LM = 10 mm e LIC = 9,75mm. Um cliente deseja parafusos daquele material e está disposto a aceitar parafusos com diâmetro 9±1,50mm. Para este caso, qual é o índice de capacidade do processo e, qual o potencial que o processo possui em apresentar resultados ruins diante dos limites de controle trabalhados? ATIVIDADE 04: Em uma fábrica de cimento, deseja-se estabelecer um controle estatístico do cimento produzido. Diariamente, são confeccionados cinco corpos de prova do cimento produzido, que são submetidos a um ensaio de compressão 28 dias após sua fabricação, obtendo-se resistência dos corpos de prova em Kg/cm². Foram coletadas amostras durante uma semana. Estabelecer os limites dos gráficos de controle das médias e das amplitudes e desenhar os gráficos. 2º 3º 4º 5º 6º Sábado Domingo 1 310 300 260 330 360 350 330 2 330 340 280 320 350 340 320 3 340 330 280 330 320 330 330 4 320 330 270 320 300 320 320 5 340 340 300 320 320330 320 Média Amplitude ATIVIDADE 05: Um controle de fabricação de lajotas cerâmicas foi elaborado recolhendo-se 25 amostras com 50 elementos cada uma e obtendo-se um total de 80 lajotas com defeito. Calcular os limites do gráfico da porcentagem de peças defeituosas P (fração defeituosa).
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