Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL CLASSE JOVENS & ADULTOS MÓDULO 2 Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 2 AULA 10 – DAVI: ALIANÇA DO REINO C R I S T O - A ALIANÇA DA CONSUMAÇÃO DAVI: A ALIANÇA DO REINO – Na aliança davídica os propósitos de Deus de redimir um povo para si mesmo atingem seu estágio culminante de realização, no que diz respeito ao VT. Nela Deus estabelece a maneira pela qual governará seu povo. Seu trono agora se encontra no Monte Sião, em Jerusalém. Deus governa através de Davi. 1. COMENTÁRIOS INTRODUTÓRIOS BASEADOS EM II SAMUEL 7 a) A OCASIÃO HISTÓRICA – Davi já havia tomado Jerusalém dos jebuseus (II Sm 5); trouxe a arca de Deus para Jerusalém (II Sm 6). Relacionou, portanto, o seu próprio governo de Israel com o trono de Deus; Deus já havia dado a Davi “descanso” de todos os seus inimigos (II Sm 7:1). Tais fatos mostram a interconexão entre o trono de Davi e o trono de Deus, entre o filho de Davi e o Filho de Deus. b) A ESSÊNCIA DO CONCEITO DE ALIANÇA – No coração da aliança davídica está o princípio Emanuel, pois Deus andava com o seu povo (I Cr 17:5). Enquanto o povo da aliança vivia errante, viajando de uma habitação temporária para outra, o Deus da aliança se identificava com ele, viajando com ele também. c) INTERCONEXÃO ENTRE DINASTIA E LUGAR DE HABITAÇÃO – Davi se propõe a construir o templo. Deus lhe responde: “Edificar-me-ás tu casa para a minha habitação?” (v.5) Um ser mortal pode determinar o lugar de habitação do Todo-Poderoso? Deus inverte o modelo de pensamento de Davi, dizendo: “... também o Senhor te faz saber que ele mesmo te edificará casa.” (v.11). Obviamente, a casa que o Senhor construirá para Davi não será um palácio real, pois Davi já morava em uma casa de cedro (v.2). Davi entende, então, que a referência de Deus à “casa” era relativa à sua posteridade: “também falaste a respeito da casa de teu servo para tempos distantes.” (v. 19). Davi não construirá a “casa” de Deus, mas Deus construirá a “casa” de Davi. A inversão de frases intercambia “lugar de habitação” com “dinastia”. Em ambos os casos, a perpetuidade é o ponto de ênfase. Davi deseja estabelecer para Deus um lugar de habitação em Israel. Deus declara que Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 3 estabelecerá a dinastia perpétua de Davi. Primeiro, o Senhor soberanamente estabelece a dinastia de Davi, e então a dinastia de Davi estabelecerá o lugar de habitação do Senhor (v.13). Assim, Deus manterá seu lugar de habitação permanente como rei em Israel através do reinado da linhagem de Davi. d) FILHO DE DAVI / FILHO DE DEUS – Este capítulo também declara a íntima conexão entre o filho de Davi e o Filho de Deus. Deus afirma que os descendentes de Davi se assentarão para sempre no trono de Israel. Ao mesmo tempo, o rei davídico de Israel manterá relação especial com Deus. Deus será seu pai, e ele será Filho de Deus (v.14). Jesus Cristo é o cumprimento final destas duas filiações. Como filho de Davi, ele é também Filho de Deus (Rm 1:3,4; II Sm 7:14). Ele é o “Messias divino”. Isaías fala de um filho nascido para assentar-se no trono de Davi, que se chamará “Deus forte” (Is 9:6). O salmista também refere-se claramente ao rei de Israel: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre.” (Sl 45:7). 2. QUESTÕES ESPECÍFICAS RELATIVAS À ALIANÇA DAVÍDICA a) O REI COMO MEDIADOR DA ALIANÇA – Ser rei em Israel é estar em relação de aliança com YAHWEH. É também ser o mediador da aliança perante o povo (II Sm 5:3; II RS 23:1-3; Jr 34:8). Como mediador da aliança, o rei não somente representa Deus em sua autoridade como Senhor da aliança com o povo. Ele representa o povo de Deus. O mediador da aliança, por ser Filho de Deus, compartilha o trono com Deus, seu Pai. Como filho, possui os privilégios de acesso perpétuo ao pai: Hb 1.2, mostra que Jesus, sendo Filho, é rei e herdeiro. E porque é Filho, é também sacerdote e mediador (Hb 5: 5,6). b) PROMESSAS CRUCIAIS NA ALIANÇA DAVÍDICA – Os propósitos de Deus em redimir um povo para si mesmo centralizam-se nestes dois pontos: a linhagem de Davi e o trono de Jerusalém. Deus havia prometido a preservação perpétua da casa de Davi, mas também dera a certeza de que “se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.” (II Sm 7:14). Salomão, o primeiro filho de Davi a assentar-se em seu trono, pecou. Deus declarou que lhe tiraria o reino e o daria a seu servo (1RS 11:11). Entretanto, Deus não esquece seu compromisso sob a aliança Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 4 davídica: “Todavia não tirarei o reino todo; darei uma tribo a teu filho, por amor a Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, que escolhi.” (1Rs 11:36). Só com o reino extremamente ímpio de Manasses, mais de 400 anos após o início da dinastia davídica (aproximadamente no ano 1.000 a.C) é que Deus rejeita a dinastia davídica juntamente com a cidade de Jerusalém. Tudo isso por causa dos terríveis pecados de Manassés (2Rs 21:4,7). Antes deste momento de devastação, a linhagem de Davi com a capital em Jerusalém havia persistido por mais de 400 anos! Comparado aos países vizinhos da Mesopotâmia e ao Egito, cujas dinastias tiveram a duração média de 100 anos, este fato é espantoso. Mesmo Israel, o reino do norte, teve apenas duas dinastias de certa importância, que duraram apenas 100 anos. Realmente Deus estava manifestando sua fidelidade única para com Davi. c) A ALIANÇA DAVÍDICA: CONDICIONAL OU INCONDICIONAL? São as suas promessas dependentes de certas respostas da parte de Davi e dos seus descendentes? Ou esta aliança garante o cumprimento de suas promessas incondicionalmente? c.1) VÁRIAS PERSPECTIVAS SOBRE A QUESTÃO - 1ª) A aliança davídica representa uma lembrança da antiga aliança feita com Abraão. Mesmo tendo vindo quase 1.000 anos depois da aliança abraâmica, “houve uma conexão material entre a tradição de Abraão e o surgimento de Davi”, afirma R.E. Clements. Para ele, esta aliança é incondicional. 2ª) Outros eruditos, discordando de Clements, ligam as promessas a Davi com as estipulações da aliança mosaica. Para eles, esta aliança é condicional. c.2) SOLUÇÃO PARA A QUESTÃO PROPOSTA - Mesmo existindo alguns fatores de condicionalidade na aliança davídica, como veremos mais adiante, existe também a certeza absolutamente incondicional de que seu alvo final será realizado plenamente! A aliança que Deus estabeleceu com Davi ajustava-se integralmente ao propósito de Deus redimir um povo para si mesmo. Esse fato, por si só, assegura o cumprimento final das promessas feitas a Davi. O Senhor dessa aliança não será absolutamente impedido de tirar pecadores do reino das trevas para introduzi-los em seu Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 5 gracioso domínio. Jamais serão frustrados os propósitos do Deus soberano de estabelecer uma linhagem real messiânica através de Davi. A primeira e segunda perspectiva já apresentadas, que relacionam ora a aliança abraâmica, ora a aliança mosaica com a aliança davídica, erram quanto à condicionalidade da aliança davídica, pois todas as manifestações da aliança da redenção na Escritura contêm este aspecto de certeza de realização. Deus mesmo assume a responsabilidade total do cumprimento da aliança de Abraão. Só a teofania (manifestação visível de Deus) passa entre os pedaços (Gn. 15). E é igualmente inconcebível que, sob as ordenanças da aliança mosaica, Deus não houvesse introduzido seu povo na terra de Canaã, falhando assim no cumprimento de seu propósito. Mesmo no momento de maior apostasia, permanece a certeza de que Deus irá realizar seu propósito. Pois mesmo se Ele tivesse aniquilado todo o povo de Israel, poderia ainda formar outra nação – do israelita Moisés (Ex 32:10). A desobediênciaàs estipulações mosaicas traz certamente punição, mas não trará aniquilamento. Porém, ainda com respeito à condicionalidade da aliança davídica, podemos perguntar: O que acontece com o participante individual das bênçãos da aliança? Sob Abraão, o macho incircunciso devia ser eliminado. Sob Moisés, o desobediente não entraria no descanso de Deus. Sob Davi, o rei pecador devia ser açoitado com varas de homens. Em todos esses casos, a participação plena nas bênçãos da aliança tinha uma condição. Somente quando era satisfeita esta condição é que a bênção seria assegurada. Assim, vemos que cada uma das alianças de Deus tinha um aspecto condicional. O propósito de Deus de redimir um povo para si mesmo certamente assegura que essas condições serão atendidas. Mas esta certeza não pode livrar o indivíduo de suas obrigações diante das estipulações da aliança. Deve-se, ainda, fazer distinção entre o castigo de Deus aos seus filhos e a sua destruição dos réprobos. Sob a velha aliança, o castigo dos filhos de Deus muitas vezes foi misturado com a destruição dos réprobos. Sob as estipulações da aliança davídica, Israel experimentou tanto os castigos sob Salomão e seus sucessores quanto a devastação final do exílio, no qual Israel tornou-se “não meu povo”. Mesmo nos dias de hoje, a própria existência das experiências de castigo para o crente em Cristo revela o caráter temporário da situação presente. No entanto, a presença de ameaça de julgamento sob a Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 6 condição de desobediência não implica inerentemente colapso da certeza de que Deus finalmente será bem-sucedido em sua intenção pactuada de redimir um povo para si mesmo. Jesus Cristo, o último descendente real de Davi, finalmente cumpriu as obrigações da aliança davídica. E além de cumprir todas as estipulações da aliança davídica, Ele levou sobre si o castigo e a condenação merecidos pela descendência de Davi., por suas violações da aliança. c.3) O CUMPRIMENTO FINAL DA PROMESSA - Nesta aliança, Deus prometeu que a linhagem de Davi assentar-se-ia para sempre no trono de Israel. Todavia, os descendentes de Davi não conseguiram continuar ocupando o trono de Israel. Como entender isto? O fato é que a linhagem de Davi no VT apenas antecipava, na forma de sombra, a realidade do Redentor messiânico, que devia futuramente unir de forma definitiva o trono de Davi com o trono de Deus, dando-lhe assim um caráter eterno. Da mesma forma que o sacerdócio levítico antecipou o sacerdócio permanente de Jesus Cristo; da mesma forma que Moisés e os profetas anteciparam o profeta por excelência; assim também Davi e o seu trono anteciparam o reino benéfico do Messias vindouro. Vemos, portanto, que em todo “tipo” do VT havia uma inadequabilidade inerente que requeria cumprimento mais perfeito. Enquanto a linhagem real de Davi manifestava o senhorio de Deus, ela representava tipologicamente o próprio trono de Deus. Quando falhou entregando-se ao pecado, foi interrompida pelo próprio Deus. Deus era o verdadeiro Rei de Israel. Ao ser coroado, Salomão “assentou-se no TRONO DO SENHOR” (I Cr 29:22). O trono dos descendentes de Davi era, portanto, o trono do próprio Deus. Enquanto o reino dos descendentes de Davi se esfacela, os profetas afirmam enfaticamente que virá um ocupante maior do trono de Davi. Irá assentar-se para sempre no trono de Davi, seu pai. Reinará com justiça sobre toda a terra. Fundirá, literalmente, o trono de Deus com o seu, porque será EMANUEL, Deus Todo-poderoso, Deus mesmo (AM 9:11s; Os 1:11; 3:4s; Mq 4:1-3; 5:2; Is 7:14; 9:6; 11:1-10; Jr 23:5,6; 33:15-26; Ez 34; 37:24). Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 7 2. O DESDOBRAMENTO HISTÓRICO DA ALIANÇA DAVÍDICA - I e II Rãs afirmam que Deus proferiu um juramento de aliança com Davi, comprometendo-se com o seu reino. Seu decreto permanece inviolável, pois Deus é fiel. a) PASSAGENS FUNDAMENTAIS - II SAMUEL 7 – o SOBERANO Senhor do céu e da terra proferiu sua palavra de aliança entre os reis de Israel (II Sm 7:2,12,13,16) I REIS 2:1-4 – Davi adverte Salomão a obedecer a Deus, mostrando-lhe que seus descendentes só gozariam as bênçãos da palavra da aliança de Deus com Davi se andassem fielmente perante o Senhor. I REIS 9 – Deus exorta Salomão a guardar seus “estatutos e ordenanças”. Esta passagem une as alianças mosaica e davídica. Tais passagens mostram que o futuro da monarquia em Israel depende das cláusulas da palavra de aliança com Davi. Se Salomão permanecer fiel, as palavras de Deus a Davi serão cumpridas nele. C R I S T O - A ALIANÇA DA CONSUMAÇÃO Esta última aliança de Deus traz ao cumprimento final as promessas das alianças anteriores. E isto é feito por uma Pessoa singular, que cumpre todas as promessas messiânicas. O próprio Deus, na Pessoa do seu Filho Jesus Cristo cumpre o objetivo final da aliança: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo”. 1. O CONTEXTO MAIS AMPLO DA PROFECIA DA ALIANÇA EM JR 31:31-34 O contexto histórico em que Jeremias entregou esta profecia era o de um inevitável julgamento de Deus sobre o seu povo. A nação estava para sofrer a devastação da maldição da aliança por persistir no pecado impenitentemente. Seria expulsa da terra prometida e considera “não meu povo”. a) O RETORNO DO ISRAEL EXILADO A TERRA DA PROMESSA - Em Jr 30, verso 3, Deus declara que Ele os trará de volta a terra que Ele havia dado aos seus pais. Deus os trará de volta para que habitem seguramente na Palestina (Jr 32, v. 37; cg Jr 50, v. 5). Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 8 b) RESTAURAÇÃO PLENA DA BÊNÇÃO DE DEUS SOBRE A TERRA DA PROMESSA - A cidade de Jerusalém será reconstruída para o Senhor (Jr 31:38-40). Deus ressuscitará os ossos secos, trazendo nova vida ao povo de Israel (Ez 37:12,26). c)CUMPRIMENTO DIVINO DOS COMPROMISSOS PRÉVIOS DA ALIANÇA – Pela nova aliança, Deus cumprirá todas as promessas das alianças anteriores. A obediência à lei de Deus que não se materializou sob a aliança mosaica encontrará cumprimento consumado sob as estipulações da nova aliança (Jr 31:33). A posse da terra por Israel, prometida a Abraão, tornar-se-á realmente sólida e inabalável (Ez 37:24,25). d) RENOVAÇÃO INTERNA PELA OBRA DO ESPÍRITO SANTO DE DEUS – Na nova aliança Deus transforma aqueles que dela participam no íntimo dos seus corações (Jr 31:33; 32:40; 37:14; Ez 37:23). e) O PLENO PERDÃO DOS PECADOS – Deus purificará o seu povo das suas iniquidades, perdoando- os totalmente (Jr 31:34; 33:8). f) A UNIÃO DE ISRAEL E JUDÁ - A nova aliança unirá os dois reinos de Israel e Judá (Jr 31:31; 50:4). Um rei-pastor da linhagem de Davi governará a nação reunida (Ez 34:33). g) O CARÁTER PERPÉTUO DA NOVA ALIANÇA - Ela realiza tudo aquilo que Deus propôs na redenção. Por ela o propósito de Deus de redimir um povo para si mesmo encontra cumprimento consumado. É uma aliança final e perpétua. 2. O CONTEXTO ESPECÍFICO DE JEREMIAS 31 - Em Jr 30:1-3 o profeta recebe a ordem para escrever as palavras que o Senhor lhe falou em um livro, porque o Senhor iria restaurar a sorte de Israel. Os capítulos 30 e 31 de Jeremias têm o mesmo tema e frase introdutória comum: “Porque eis que vêm dias, diz o Senhor” (Jr 30:3; 31:27, 31, 38). Eles são conhecidos como o “grande hino de libertação de Israel”. 3. OBSERVAÇÕES EXEGÉTICAS - a) CONTINUIDADE VERSUS NOVIDADE NA NOVA ALIANÇA - O anúncio de Jeremias sobre uma nova aliança futura antecipa uma nova dimensão na obra redentiva de Deus. Também o profeta Ezequiel prevê o dia em que Deus porá um “novo espírito” dentro do seu povo (Ez 11:19; 36: 24-28). Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 9 Jeremias contrasta a nova aliança com a totalidade das alianças anteriores de Deus com Israel.Uma “nova” aliança substituirá todos os prévios tratamentos de Deus com base em aliança. Há, no entanto, um fator de continuidade com relação às alianças anteriores. Jeremias não condena a velha aliança. Condena Israel por quebrar a aliança (Jr 31:32; cg Jr 2: 5, 13, 20, 32). O homem é totalmente incapaz de observar a aliança de Deus. Assim, como parte integral da nova aliança, Deus escreverá sua “torá” nos corações do seu povo (Jr 31:33). A substância da lei da aliança proverá uma base de continuidade entre a velha e a nova aliança. Deus inscreverá essencialmente a mesma lei anteriormente dada nos próprios corações dos filhos de Israel. Enquanto a nova aliança estará em radical divergência com a velha com respeito à sua eficácia em cumprir seu objetivo, é idêntica a substância das duas alianças em termos de intenção redentiva: Deus sempre quer redimir o seu povo. O perdão dos pecados é um princípio fundamental da nova aliança, pois Deus perdoará seus pecados e não mais se lembrará dele; Israel não terá necessidade de mestre. Todos conhecerão o Senhor. Na velha aliança os sacrifícios pelos pecados tinham de ser renovados sempre, o que indica que o pecado não era realmente removido, mas apenas não levado em conta. Se o sacrifício do dia da expiação realmente tornasse a pessoa justa de uma vez para sempre aos olhos de Deus, por que essa cerimônia tinha de ser repetida anualmente? O sangue de animais não tinha poder inerente de remover pecados. Jeremias, então, prevê o dia em que o real substituirá o simbólico. Jeremias vê o dia em que os pecados realmente serão perdoados para jamais serem lembrados. Dessa forma Jeremias antevê o fim do sistema sacrificial do VT. O novo fator de perdão apresentado pela nova aliança é o daquele perdão de uma vez para sempre. A velha aliança foi “anulada” por Israel quando sua teimosa desobediência como vassalo tornou nulas e sem efeito as promessas e bênçãos associadas com o referido relacionamento. Pela remoção de Israel da terra da promessa, o Senhor demonstra o fim do relacionamento da velha aliança. Como poderiam eles considerar-se povo de Deus, se todo o processo de bênção prometido tinha sido revertido ao ponto de serem expulsos da terra de Canaã e escravizados? Só uma aliança inteiramente nova poderia lhes dar esperança nessa calamitosa situação. Deus irá constituir de novo um povo que venha a ser dele! Esta Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 10 nova aliança irá atingir seu alvo pretendido de transbordante bênção redentiva e restauração para seus participantes. A forma da velha aliança passa, porém permanece a substância da bênção que ela promete. A “torá” de Deus será escrita nos corações do seu povo. Deus redimirá seu povo num sentido final. Aquele perdão de pecados que foi prefigurado sob a velha aliança terá realidade consumada na nova... A nova aliança realiza completamente o que foi previsto sob a velha. b) CORPORATIVISMO VERSUS INDIVIDUALISMO NA NOVA ALIANÇA – b.l) QUEM É A COMUNIDADE CORPORATIVA CHAMADA ISRAEL? O Israel da velha aliança pode ser considerado representação tipológica do povo eleito de Deus. Na perspectiva da velha aliança Israel representa tipologicamente o escolhido de YAHWEH pela nação. A “serpente de bronze” da velha aliança figurou tipologicamente o Cristo da nova aliança amaldiçoado na cruz. O tabernáculo da velha aliança prefigurou tipologicamente a habitação de Deus no meio do seu povo na nova aliança. A nação de Israel da velha aliança figurou tipologicamente a realidade da nova aliança do povo escolhido de Deus reunido como nação consagrada a Deus. Se o povo da nova aliança de Deus é a realização verdadeira de uma forma tipológica, e a nova aliança agora está em vigor, então os que constituem o povo de Deus nas circunstâncias presentes devem ser reconhecidos como o “Israel de Deus”. Como um povo unificado, os participantes da nova aliança hoje são “Israel”. b.2) QUE É CORPORATIVISMO BÍBLICO? Deus estabelece aliança corporativamente e não individualmente apenas. O conceito de aliança pressupõe inerentemente um povo com quem a aliança é estabelecida. Ao entrar em relacionamento de aliança, Deus não somente faz promessa de salvação ao crente individual, oferece também promessas com relação à “descendência" do participante da aliança. Em Jr 32:39, o Senhor promete que dará a Israel um coração e um caminho para que ele o tema para sempre, “para o bem deles e dos seus filhos depois deles”. Tal promessa não inclui só o próprio Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 11 participante, mas também seus filhos. Assim, corporativismo e individualismo são princípios complementares e não mutuamente excludentes. b.3) REALIDADE INTERNA VERSUS SUBSTÂNCIA EXTERNA NA NOVA ALIANÇA 1º) AS REALIDADES INTERNAS SÃO ENFATIZADAS NA NOVA ALIANÇA – Jr 31:33: “Na mente lhes imprimirei a minha lei e também no coração lhes inscreverei.” A vontade de Deus expressa na lei sob a velha aliança foi apresentada externamente ao povo, enquanto sob a nova aliança ela deve tornar-se um princípio interno de vida. Jeremias conhecia a profundidade da impiedade que habita no coração humano (Jr 17: 1, 5, 9, 10; 12:2). Somente quando o homem é visto da perspectiva da impossibilidade de mudança é que pode ser plenamente apreciada a esperança de uma nova aliança. Nada na velha aliança tinha a eficácia necessária para reconciliar realmente o pecador com Deus. Somente antevendo a obra consumada de Cristo é que o ato de renovação do coração podia ser efetuado sob as estipulações da velha aliança. Jeremias diz ainda que, sob a nova aliança, ninguém ensinará ao seu próximo ou ao seu irmão a conhecer o Senhor. Todos o conheceriam, do menor ao maior (Jr 31:34). Isto quer dizer que não haveria mais necessidade de alguém precisar mediar a aliança. O ofício de mestre era o de mediador da aliança. Moisés era “mestre” (Dt 4: 1, 14; 6: 1, etc.). Também os levitas, sacerdotes e profetas eram apresentados na velha aliança como os mestres do povo de Deus (II Cr 17: 7-9; Jr 32: 33). Essas pessoas funcionavam como mediadores da aliança. Na nova aliança, porém, todos conheceriam o Senhor diretamente. O conhecimento imediato de Deus por todo e cada participante da aliança expressa a ideia da essência do relacionamento da aliança presente através de toda a Escritura. Qual é o traço característico da aliança? É estabelecer unidade entre Deus e seu povo. Esta unidade que foi interrompida com a entrada do pecado, deve ser restabelecida através da aliança da redenção. “Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” funciona como o tema unificador da aliança, e salienta o papel da unidade como a essência da aliança. Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 12 Essa unidade de aliança é atingida na Pessoa de Jesus Cristo. Porque Deus é um (Gl 3:20),e porque a unidade com Deus, no sentido mais completo, se acha na união com a pessoa de Jesus Cristo, então Jesus Cristo deve ser essencialmente e totalmente Deus. Ele não é um mediador subdivino, algo menor do que Deus, e, portanto, de certo modo mais próximo do homem. Porque a unidade de aliança é atingida através da unidade com a pessoa de Jesus Cristo, então Jesus Cristo é Deus. Através da unidade da aliança com Jesus Cristo, o povo da nova aliança experimenta aquele conhecimento imediato de Deus que torna completamente desnecessária uma série de mestres mediadores. No estágio presente do cumprimento da nova aliança, os mestres ainda funcionam. Porém o fazem em sentido limitado. Pois todo crente hoje é seu próprio sacerdote e seu próprio intérprete da Escritura. A função dos mestres é apenas de ajuda na realização da unidade direta que os crentes agora experimentam com Deus na nova aliança. Resumindo, a unidade com o próprio Deusé atingida por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele efetua a unidade essencial entre Deus e o seu povo, a qual tem sido o alvo último da aliança através da história humana. Nesta nova aliança, o participante goza de profunda comunhão com Deus, dificilmente concebível sob a velha aliança. 2º) MAS A SUBSTÂNCIA EXTERNA TAMBÉM RECEBE DESTAQUE - A nova aliança dá um destaque importantíssimo à transformação interna. Um novo coração, em perfeita sintonia com Deus, mostra a essência das suas bênçãos. Todavia, ela inclui também importantes bênçãos materiais: a volta de Israel à terra, reconstrução das cidades devastadas, reconstituição da nação e a ressurreição dos mortos. A profecia da nova aliança de Jeremias inclui como parte integral do seu cumprimento, a volta de Israel à terra prometida, depois do cativeiro da Babilônia, que duraria 70 anos (Jr 25: 12; 29: 10). A consequente “mini realização” da promessa da nova aliança mostra inerentemente que algum fator tipológico deve estar envolvido no cumprimento da profecia da nova aliança. Obviamente, a volta de Israel à Palestina, em 537 a. C., não atendeu a todos os requisitos incluídos na profecia da nova aliança. Todavia representou simbolicamente o restabelecimento do povo de Deus de acordo com as estipulações da nova aliança. Escola bíblica dominical 2020 – CLASSE JOVENS & ADULTOS 13 Uma realização muito mais completa das estipulações da nova aliança está sendo desfrutada pelo povo de Deus na era presente. Um novo Israel de Deus tem sido construído sobre a base da revitalização do coração de judeus e gentios através das estipulações da nova aliança tornadas possíveis pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Senhor da nova aliança. Cada vez que um grupo de crentes celebra a Ceia do Senhor, eles se alegram na experiência comum das bênçãos da nova aliança por causa da sua comunhão com Deus alcançada pelo “sangue da nova aliança” (Lc 22: 20; I Co 3: 18). Experimentando o cumprimento da nova aliança, têm agora a lei de Deus escrita em seus corações (II Co 3: 3, 6-8). É “a nós” que o Espírito Santo testifica sobre o perdão dos pecados e sobre a cessação de ofertas, de uma vez para sempre, como prometido na nova aliança (Hb 10: 15-18). Os que receberam a unção do Espírito Santo hoje, em cumprimento das promessas da nova aliança, são os que não têm necessidade de que alguém os ensine (I Jo 2:27). E, além disso, as bênçãos materiais que caem sobre o povo de Deus hoje vêm como resultado dessa mesma nova aliança. Todavia, ainda aguardamos para o futuro a realização mais completa das promessas da nova aliança. Aguardamos seu cumprimento completo no tempo da ressurreição do corpo e do rejuvenescimento de toda a terra. A volta histórica a uma “terra prometida” por um pequeno remanescente, 70 anos depois da profecia de Jeremias, encoraja a esperança da volta final ao paraíso perdido pelo “Israel de Deus”, novamente constituído. Assim, como homens de todas as nações tinham sido desapossados e alienados da criação original, assim agora eles podem esperar por plena restauração e paz, até mesmo a ponto de antecipar uma “terra da promessa”, certa de aparecer na nova criação, e certa de ser gozada por um povo ressuscitado.
Compartilhar