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FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA Luciana Maria Margoti Araujo Porcentagem Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar sobre porcentagem. � Transformar razões em taxas percentuais. � Utilizar porcentagem em situações-problema. Introdução Neste capítulo, você aprenderá sobre porcentagem e verificará como contas simples, baseadas em frações, podem auxiliar na resolução de muitos problemas. Embora muito utilizada em problemas financeiros, outras aplicações úteis e relevantes são apresentadas com o uso da porcentagem. Porcentagem Utiliza-se porcentagem com muita frequência no dia a dia: para determinar descontos, juros, rendimentos e impostos, por exemplo. Por esse motivo, ela é muito usada em relações e operações financeiras, além de sua aplicação em situações mais simples, como na menção de proporção de ingredientes em uma receita de bolo. Antes de iniciar com a sua utilização propriamente dita, você deve saber o que é uma razão centesimal. Sempre que uma fração é representada pela razão que tem o denominador igual a 100, ela é dita centesimal. 5 100 39 100 84 100; ; Sendo assim, pensando em "metade" representada por uma fração cente- simal, se denominador da razão precisa ser 100, metade disto é 50: 50 100 Assim, tem-se uma razão centesimal que representa metade. Para com- provar, basta simplificar a fração e verificar que, ao final, restará 1/2, que é igual a 0,5. Todas as frações representadas por razões centesimais são lidas de maneira que o número presente no numerador esteja "sobre cem", "centésimos" ou "dividido por cem". Assim: 11 100 Pode-se ler a razão acima como: onze sobre cem, onze centésimos ou onze dividido por cem. Da relação de 100 com um inteiro, na fração acima, entendemos que foram tomadas 11 partes de 100 disponíveis. E assim surge a ideia de porcentagem, indicando a fração tomada de 100. Agora, considere a fração: 20 100 Lê-se "vinte dividido por cem", que pode ser representada por: 0,20 ou vinte centésimos. Ao multiplicar este número por 100, teremos a expressão de porcentagem, representada pelo símbolo %. Assim: 0,20 × 100 = 20% onde lemos "vinte por cento" (vinte por cem). Porcentagem2 Vamos a mais alguns exemplos! Três por cento: 3 100 = 0,03 ou 3% Quinze por cento: 15 100 = 0,15 ou 15% Trinta e dois por cento: 32 100 = 0,32 ou 32% Cento e sessenta por cento: 160 100 = 1,6 ou 160% Ana e Flávio possuíam 100 bolinhas de gude, cada um. Ana ganhou mais 20 bolinhas de gude de seu avô. Qual foi a porcentagem de aumento do número de bolinhas de gude de Ana em relação ao de Flávio? Como os dois possuíam a mesma quantidade, a comparação será realizada somente determinando a porcentagem que Ana possui a mais, após o presente de seu avô. Assim: 20 100 = 0,20 ou 20% Ana possui, agora, 20% de bolinhas de gude a mais que Flávio. 3Porcentagem Transformação de razões em taxas percentuais Nem sempre as frações a serem definidas nas porcentagens estarão em uma razão centesimal. Para uma pizza grande, dividida em oito pedaços, qual seria a porcentagem equivalente a um pedaço? Utilizando as noções de frações, faremos a relação (razão) entre um pedaço de um total de oito pedaços: 1 8 = 0,125 Agora que já sabemos a representação decimal da fração, para transformar 0,125 em porcentagem, basta multiplicar por 100 e acrescentar o símbolo "%". 0,125 × 100 = 12,5% Logo, um pedaço de pizza, de um total de oito pedaços, representa 12,5% (doze e meio por cento) da pizza. De fato, se cada pedaço representar 12,5% ou 0,125, a soma dos oito pedaços é: 0,125 + 0,125 + 0,125 + 0,125 + 0,125 + 0,125 + 0,125 + 0,125 = 1 ou, 0,125 × 8 = 1 onde "1" representa o inteiro ou 100% da pizza. Imagine, agora, que uma biblioteca possui 5630 livros e pretende aumentar esta quantidade em 30%. Depois de novas aquisições, quantos livros essa biblioteca possuirá. Primeiramente, é necessário determinar a quantidade de livros correspon- dentes a 30% de um total de 5.630. Ou seja, certa quantidade de livros (x), dividida por 5630, deverá resultar em 30% ou 0,30: x 5630 = 0,30 Porcentagem4 Assim, multiplicando 0,30 por 5630, você saberá a quantidade de livros correspondentes a esse percentual: 5.630 × 0,30 = 1.689 A biblioteca fará a aquisição de 1.689 livros, resultando um total de: 5.630 + 1.689 = 7.319 livros Ao comprar uma camisa que custa R$ 69,50 à vista, a loja dará 15% de desconto. Qual será o valor pago nessa compra? Novamente, você precisa descobrir o valor referente a 15% de R$ 69,50. Como você viu no exemplo anterior, para descobrir essa quantidade, basta multiplicar o valor total pela porcentagem (em número decimal) correspondente. Após, realizar a subtração: 69,50 × 0,15 = 10,425 Calculado o valor do desconto, para saber quanto será pago, basta diminuir este desconto do valor total: 69,50 – 10,425 = 59,075 Provavelmente, o valor pago nessa compra será, aproximadamente, de R$ 59,10. Por ser tratar de um valor em dinheiro, o preço cobrado precisa ser compatível com o troco a ser entregue ao comprador. Dessa maneira, o valor de R$ 59,075 foi arredondado para R$ 59,10. Ao atrasar por um mês o pagamento de sua conta de telefone, você foi informado de que ao valor dela, que era de R$ 46,00, seriam acrescidos 5% de juros. Qual é o valor, em dinheiro, correspondente aos juros? Quanto você deverá pagar nessa conta? 5% de 46 = × 46 ou 0,05 × 46 5 100 5Porcentagem resultando em R$ 2,30 de juros que serão cobrados. Portanto, o valor a ser pago na conta será de: 46 + 2,30 = 48,30 Pensando ainda no problema acima, se sua conta fosse considerada como 100%, o valor que era devido, ao acrescentar 5% de juros, seriam pagos 105% do valor total ou: 105% ÷ 100 = 1,05 Assim: 46 × 1,05 = 48,30 Já indicando o total a ser pago, somando-se os juros. Imaginamos, agora, que, em uma gincana da escola, três equipes foram divididas e receberam a tarefa de arrecadar dinheiro para ajudar o asilo da cidade. Ao final da apuração, a equipe azul havia arrecadado 40% a mais que a equipe laranja; e a equipe laranja, 15% a mais que a equipe verde. Sabendo-se que a equipe verde conseguiu arrecadar R$ 485,00, quais foram os valores conseguidos pelas equipes azul e laranja. Como foi apresentado o valor arrecadado pela equipe verde, e o valor arrecadado pela equipe laranja está relacionado a ele, você pode verificar que a equipe laranja, tendo arrecadado 15% a mais que a verde, conseguiu 115% do valor daquela equipe. Assim, a equipe laranja arrecadou R$557,15: 115% ÷ 100 = 1,15 1,15 × 485 = 557,75 Já o valor conseguido pela equipe azul está relacionado ao valor da equipe laranja. Assim, a partir de agora, o valor arrecadado pela equipe laranja passa a ser o inteiro, ou 100%. Logo, como a equipe azul conseguiu 40% a mais que a laranja, chegou, então, a 140% do valor desta equipe: 140% ÷ 100 = 1,4 Porcentagem6 Ou seja:1,4 × 557,75 = 780,85 A equipe azul conseguiu arrecadar R$780,85. Como você viu até aqui, a porcentagem dá solução a inúmeras situações, sejam elas financeiras ou não. É preciso atenção ao operar com porcentagens, uma vez que, para realizar as operações, você deverá tirar o símbolo de %, dividindo o número por 100. Por exemplo, 3% é igual a 3/100, que resulta em 0,03. Porcentagem em situações-problema Verificaremos como podem ser aplicados os conceitos de porcentagem em variadas situações. Como você já percebeu, todas as vezes que a quantidade referida for menor que o inteiro (100%), em números decimais, ela assumirá um valor entre zero e um, ou menor que 100%. Uma sala de aula com 40 alunos tem 25% de meninas. Qual é a quantidade de meninas nessa sala? 25 100 = 0,25 40 × 0,25 = 10 alunas Na compra de uma geladeira com valor de R$ 2.500,00, a loja informou que cobra 3% de juros (simples) ao mês, independentemente de quantas vezes o pagamento será parcelado. Você decidiu dividir o pagamento da geladeira em6 parcelas. Qual será o valor total de juros cobrados? Qual será o valor de cada parcela? Como o pagamento será dividido em 6 parcelas a juros simples, os juros serão calculados pela quantidade de meses a serem divididas as parcelas, sobre o valor total da geladeira. Ou seja, 3% vezes as 6 parcelas que você pretende pagar: 7Porcentagem 3 100 × 6 = 0,18 ou 18% de juros no total Assim, 18% de R$ 2.500,00 indicará o valor a ser acrescido no preço da geladeira com o pagamento parcelado: 18 100 × 2.500 = 450 O valor total da geladeira, parcelado, será de R$ 2.500,00 + R$ 450,00 = R$ 2.950,00. Divido em 6 parcelas: 2.950 ÷ 6 ≅ 491,67 Cada parcela será de, aproximadamente, R$ 491,67. Para vender uma maior quantidade de produtos, uma loja resolve conceder 30% de desconto para todos os clientes que fizerem suas compras à vista. Ana deseja comprar um conjunto de moletom, cujo valor é R$ 129,00, uma calça jeans de R$ 89,90 e uma camiseta de R$ 56,00. Pagando à vista, qual será o valor de desconto obtido por Ana? Antes de determinar o desconto, você precisa verificar o valor total da compra de Ana: 129 + 89,90 + 56 = 274,90 A partir daí, verificar o desconto que é de 30% ou 30/100 = 0,30: 0,30 × 274,90 = 82,47 O desconto de Ana será de R$ 82,47. Em janeiro deste ano, um pacote de arroz custava R$ 18,50. Em dezembro, essa mesma marca de arroz passou a ser vendida por R$ 21,30. Qual foi o aumento, em porcentagem, ocorrido? Porcentagem8 Você precisa determinar qual é a proporção entre os dois valores. Como houve um aumento, espera-se um resultado acima de 100%. Assim: 21,30 18,50 = 1,1513 O arroz passou a ser vendido por 1,1513 vezes mais que o preço do início do ano ou: 1,1513 × 100 = 115,13 Houve um aumento de 15,13% acima do valor oferecido em janeiro. LIMA, D. M.; GONZALEZ, L. E. F. Matemática aplicada à informática. Porto Alegre: Book- man, 2015. (Série Tekne). ZOT, W. D.; CASTRO, M. L. Matemática financeira: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. 9Porcentagem FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA Rafael Stefani Equação do primeiro grau Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir uma equação do primeiro grau. � Identificar os termos da equação do primeiro grau. � Resolver problemas envolvendo equação do primeiro grau. Introdução Neste capítulo, trataremos de outro tema importante para a matemática: a utilização de letras no lugar de números. Mas, afinal, do que estamos falando? Imaginamos a seguinte situação: Fernando é encanador e vive às voltas com vazamentos, canos furados, paredes com infiltrações, etc. Ele cobra 15 reais para fazer o orçamento (ou seja, para analisar o problema) e mais 12 reais por hora de trabalho. Em determinado dia, Fernando foi chamado para reparar uma pia que estava vazando. Na visita de orça- mento, ele calculou que gastaria duas horas para consertá-la. Assim, o preço cobrado foi 39 reais. Qual a relação que existe entre os valores cobrados por Fernando e a equação do primeiro grau? Equação do primeiro grau Conforme Giovanni e Parente (1999), primeiramente, é preciso compreender que toda sentença matemática expressa por uma igualdade, na qual exista uma ou mais letras que representem números, é denominado equação. Cada letra é chamada de variável ou incógnita. Um exemplo numérico do que foi dito acima é a seguinte equação: –4x + 10 = 3x – 1 A expressão situada à esquerda do sinal de igual é chamada de primeiro membro da equação (–4x + 10), e a expressão à direita do sinal é chamada segundo membro da equação (3x – 1). Antes de voltarmos para o problema do encanador, precisamos percorrer, ainda, outros conceitos que envolvem a ideia de equação. Primeiramente, consideraremos o seguinte problema. Quais são os elementos do conjunto U = {–4, 1, 2, 4} que tornam a equação x2 = 16 uma sentença verdadeira? Se x =–4, temos que (–4)2 = 16 ou 16 = 16, o que é uma afirmação verdadeira. Se x = 1, temos que (1)2 = 16 ou 1 = 16, o que é uma afirmação falsa. Se x = 2, temos que (2)2 = 16 ou 4 = 16, o que é uma afirmação falsa. Se x = 4, temos que (4)2 = 16 ou 16 = 16, o que é uma afirmação verdadeira. Dessa forma, os números –4 e 4 são chamados de raízes ou solução de uma equação. Para Giovanni e Parente (1999), raízes de uma equação são os elementos do conjunto universo que, substituídos na incógnita (nesse caso, o x2), tornam essa equação uma sentença verdadeira. Já o conjunto solução da equação é formado pelas raízes da equação (caso existam). No problema acima, o conjunto solução é S = {–4, 4}. Mas, por que isso ocorre? Ora, porque –4 e 4 são os números do conjunto universo U {–4, 1, 2, 4} que tornam x2 = 16 uma sentença verdadeira. Em outras palavras, não podemos dizer que 12 = 16, assim como não podemos dizer que 22 = 16 — são afirmações falsas. A afirmação verdadeira para o conjunto universo U = {–4, 1, 2, 4} é que apenas (–4)2 e 42 são valores iguais a 16 e, portanto, consideradas a solução da equação. Agora, considere um conjunto universo U = {2, 4}. Qual elemento tornará a sentença 3x – 1 = 5 verdadeira? Vejamos o número 2, substituindo-o na sentença: 3 · (2) – 1 = 5 6 – 1 = 5 5 = 5 Teremos como resultado que 5 = 5, portanto sabemos de antemão que 2 está inserido no conjunto solução. Vamos ao segundo elemento, o número 4: 3 · (4) – 1 = 5 12 – 1 = 5 11 ≠ 5 Equação do primeiro grau2 Substituindo a incógnita, agora, pelo número 4, para verificar se a sentença é verdadeira, chegamos à conclusão que 11 ≠ 5. Portanto, o conjunto solução nesse caso é S = {2}. Agora que já entendemos como se resolve uma equação, mergulharemos no mundo da equação do primeiro grau. Segundo Pesco e Arnaut (2010), equação do primeiro grau é toda sentença aberta em uma variável real x, que pode ser expressa na forma ax + b = 0, onde a e b são o números reais e a ≠ 0. Comprovar essa afirmação determinando o conjunto-solução da equação ax + b = 0: ax + b = 0 ⇔ ax = –b ⇔ x = –b/a, a ≠ 0. Agora, podemos voltar ao nosso amigo Fernando e entender de que forma a equação do primeiro grau entra no nosso cotidiano. Vamos ao problema sob o viés matemático. A visita de orçamento é igual a R$ 15,00. Fernando diagnosticou que gastaria duas horas para realizar o trabalho. Então, como chegamos ao valor de R$ 39,00? 15 + 12 × 2 = 39 visita de orçamento preço por hora horas de trabalho Utilizaremos a letra x, por exemplo, para representar a quantidade de horas trabalhadas. Logo, a expressão algébrica ficará da seguinte maneira: 15 + 12 × X = 39 visita de orçamento preço por hora horas de trabalho Ou, de forma habitualmente aceita, 15 + 12x. A letra x é chamada de variável de expressão. Ainda, essa expressão algé- brica permite-nos calcular o custo de qualquer serviço realizado por Fernando. Vamos a outro exemplo prático: quanto custaria um serviço a ser realizado em 14 horas de trabalho? Se soubermos que x representa a quantidade de horas de trabalho, basta substituí-lo na expressão algébrica: 3Equação do primeiro grau 15 + 12x = ? 15 + 12 · 14= 183 Logo, Fernando cobraria R$ 183,00 por esse serviço. Uma das mais importantes ferramentas de que a matemática dispõe para a resolução de problemas ligados a situações concretas são as equações. O inglês Isaac Newton, um dos maiores cientistas que a humanidade conheceu, escreveu: “para resolver problemas referente a números, ou relações entre quantidades, basta traduzir tal problema da linguagem corrente para a linguagem da álgebra, isto é, a linguagem das equações” (GIOVANNI; PARENTE, 1999). E foi exatamente isso que fizemos no caso do encanador Fernando. Termos da equação do primeiro grau Já mencionamos, na seção anterior, que uma equação é dividida em membros. Compreenderemos um pouco melhor esta característica. De forma resumida, na seguinte equação, a incógnita é x; tudo que antecede o sinal de igualdade denomina-se 1° membro da equação, e o que sucede, 2°membro. 2x – 8 = 3x – 10 Portanto, 2x – 8 caracteriza o primeiro membro da equação, e 3x – 10 apresenta-se como segundo membro da equação. Ademais, cada uma das parcelas que compõem o membro de uma equação é chamada de termo da equação. No exemplo acima, é possível observar os seguintes termos: 2x – 8 = 3x – 10 > termos da equação. Logo, é possível afirmar que essa equação contém quarto termos. Observe o Quadro 1, a seguir. Equação do primeiro grau4 Incógnitas 1° membro 2° membro termos 4x – 3 = 5 x 4x - 3 5 4x | -3 | 5 a – 3b = 5 - a a e b a – 3b 5 - a a | -3b | 5 | -a 5x – 3y = 2x – 1 x e y 5x – 3y 2x – 1 5x | – 3y | 2x | – 1 5a – 2b + 3c = 0 a, b e c 5a – 2b + 3c 0 5a | – 2b | 3c | 0 x – = x(y – 1)1 3 x e y X – 1 3 x(y – 1) x | – | x(y – 1) 1 3 Quadro 1. Incógnitas, membros e termos da equação do primeiro grau Passaremos a resolver problemas usando equação do primeiro grau com uma incógnita, mas traduziremos da linguagem corrente para a algébrica. Em seguida, “armaremos” a equação que representa o problema, para, por fim, resolvê-la. Além disso, destacaremos as incógnitas, seus membros e termos. Veja o Quadro 2, a seguir. Linguagem corrente Linguagem das equações Uma pessoa tinha certa quantia em dinheiro. X No primeiro dia, gastou 1 3 x 3 No segundo dia, gastou 1 5 do que ainda dispunha. x 3 x – 5 E verificou que ainda lhe sobraram R$ 48,00. x – – = 48x 3 x 3 x – 5 Qual era a quantia inicial que a pessoa tinha? X = ? Quadro 2. Problemas usando equação do primeiro grau 5Equação do primeiro grau Para encontrar a quantia procurada, basta resolver a equação obtida: x – x3 x – x3– = 485 Desta equação, podemos inferir que: � há apenas uma incógnita x; � o primeiro membro apresenta-se como: x – x3 x – x3– 5 � o segundo membro apresenta-se como: 48; � a equação contém quatro termos: x – x3 x – x3– = 485 são os quatro termos da equação. Finalmente, vamos à resolução. Primeiro, partimos da equação que foi “armada”, considerando o problema proposto: x – x3 x – x3– = 485 Iniciamos resolvendo a fração x – x3 da equação. Partimos do MMC de 1 e 3: 1 3 | 3 1 1 | Portanto, o MMC (1, 3) = 3. Aplicando o MMC, teremos uma nova equação que toma a seguinte forma: 3x – x 3 2x 3= ⇔ Equação do primeiro grau6 Agora, podemos resolver a equação principal, que toma outra forma: x – x3 – = 48 2x 15 Novamente, temos uma operação (subtração) envolvendo frações com denominadores diferentes. O primeiro passo, como fizemos anteriormente, será realizar a redução ao mesmo numerador. Aplicando a técnica do MMC, teremos: 1, 3, 15 | 3 1, 1, 5 | 5 1, 1, 1 | 3 x 5 = 15 Portanto, o MMC (1, 3, 5) = 15. Após acharmos o MMC entre os denominadores diferentes, utilizamos o resultado do novo denominador (nesse caso = 15) para dividir pelo antigo e multiplicar pelo numerador correspondente. A nova equação fica assim: 15x 15 5x 15 2x 15 = 720 15– – Agora, temos uma nova equação em que os denominadores são iguais (15). Quando isso ocorre, para achar o resultado, basta conservar o denominador e adicionar ou subtrair os numeradores de acordo com a operação indicada. Portanto, temos outra equação que se constitui da seguinte maneira: 15x –5x –2x = 720 O próximo passo será fatorar os termos da equação. Teremos, então: 8x = 720 Finalmente, um último, porém importante, passo. A constante (8) está multiplicando a incógnita (x). De acordo com as regras matemáticas, quando existe uma multiplicação que apresenta essa característica (8x), a constante passa para o outro lado do sinal de igual, dividindo (se, ao contrário, a cons- tante estiver dividindo, ela deverá passar para o outro lado do sinal de igual, multiplicando): x = 7208 x = 90 7Equação do primeiro grau Como esse valor satisfaz as condições do problema, temos que a quantidade inicial era de R$ 90,00. Há muito tempo, as equações vêm sendo empregadas para resolver problemas. A primeira referência ao uso das equações está no papiro de Rhind, um documento egípcio escrito há mais ou menos 4.000 anos. As equações ganharam importância a partir do momento em que passaram a ser escritas com símbolos matemáticos e letras. O primeiro a fazer isso foi o francês François Viète, no final do século XV. Para saber mais, acesse: https://goo.gl/4WgTWt Problemas envolvendo equação do primeiro grau Com o conhecimento adquirido até aqui resolvermos alguns exercícios. Ini- ciamos com as equações equivalentes, as quais apresentam o mesmo conjunto de solução S = {6}. 2x – 4 = 8 x = 6 2x = 12 x = 6 Duas ou mais equações que tenham o mesmo conjunto de solução, relativo ao mesmo conjunto de universo, são chamadas de equações equivalentes. As equações podem ser racionais ou irracionais: 2x – 16 = 0 equação racional 2 + = 5 equação irracional Equação do primeiro grau8 Os números racionais são aqueles que podem ser expressos em forma de fração, por exemplo, a/b, onde a e b são números inteiros e b é diferente de zero. Portanto, uma equação racional é qualquer uma que envolva pelo menos uma equação racional. Os números irracionais, por outro lado, não podem ser expressos em forma de fração. São números cuja expressão decimal tem um número infinito de algarismos que não se repetem de forma periódica. Podem ser, ainda, inteiras ou fracionárias: 2x – 16 = 0 ⇔ equação racional inteira 2 x + 1 = 5, x ⇔ equação fracionária Equações inteiras possuem um conjunto de solução contido no conjunto dos inteiros (…, -2, -1, 0, 1, 2…), ou seja, um conjunto que não contém casas decimais. Já a equação fracionária é aquela que ao menos uma incógnita aparece no denominador de uma fração. Há, ainda, as equações numéricas e literais: x – 5 = -2x + 22 equação numérica 3ax – 5 = ax + 4 equação literal com variável x A equação numérica é uma expressão matemática que possui números, uma incógnita e uma igualdade. Já a equação literal possui como característica alguns coeficientes ou termos independentes indicados por outras letras. Equações possíveis e determinadas: X – 2(x + 1) = –3 (admite apenas o número 1 como solução, e seu conjunto de solução é unitário (possui apenas um elemento S = {1}) Equações possíveis e indeterminadas: 5x – 2y = 105 admite infinitas soluções 9Equação do primeiro grau Por fim, há as equações impossíveis: x + 2 = x + 3 x – x = -2 + 3 0 = 1 (não há igualdade, e o conjunto-solução será S = {} ou conjunto vazio) Para resolver uma equação do primeiro grau, deve-se levar em consideração que, ao mudar as variáveis (incógnitas) e os valores numéricos de posição na equação, a igualdade deve continuar sendo verdadeira. Também devemos ficar atentos ao sinal de cada variável ou valor numérico, pois, para que a igualdade continue valendo, devemos inverter a operação ao mudar o lado da equação apenas quando se trata de uma adição ou subtração. Dessa forma, uma multiplicação passa para o outro lado, dividindo, e uma divisão passa multiplicando. Utilizando a mesma regra, uma subtração passa somando e uma adição passa subtraindo. Buscamos encontrar o valor de x na equação 3x + 2 = x + 1. Passo 1: Passar os termos que são comuns para o mesmo lado da equação. Nesse exemplo, os valores de x ficarão separados em um membro, e os números ficam separados em outro membro da equação. Então, teremos: 3x – x = 1 – 2 Lembre-se de que as variáveis e valores devem mudar a operação quando for adição ou subtração. Passo 2: Operando os termos: 3x – x = 2x e 1 – 2 = –1 Logo, 2x = –1 Equação do primeiro grau10 Passo 3: Após operar os termos, se for necessário mudar de membro um número que está multiplicando, esse necessariamente precisará transformar-se em uma divisão. Do contrário, caso tenhamos uma divisão que precise mudar de membro, essa transformar-se-á em uma multiplicação. 2x = –1 x = –1 2 Dessa forma, o valor da variável x que torna a equação verdadeira é –12 Tomamos outro exemplo: –5x = –5 Passo1: Passar os termos comuns para o mesmo membro, o que já está definido na própria equação. –5x = –5 Passo 2: Operar os termos, o que também já está definido nesta equação. –5x = –5 Passo 3: Mudar os membros e a solução. x = = 1 –5 –5 Note que -5 do primeiro membro estava multiplicando x e quando mudou de membro, não sofreu alteração no sinal. Vamos a mais um exemplo: 6x + 3 = 4x + 5 11Equação do primeiro grau Passo 1: Passar os termos comuns para o mesmo membro. 6x – 4x = 5 – 3 Passo 2: Operar os termos. 2x = 2 Passo 3: Mudar os membros e a solução. x = = 1 2 2 Vamos a um último problema. Em um campeonato de surfe, os três primei- ros colocados receberão prêmios em dinheiro. Da quantia total a ser distribuída, o primeiro colocado levará metade, o segundo colocado levará 30% e o terceiro colocado levará R$ 10.000. Qual é o valor total da premiação? Nesse caso, a primeira tarefa será transformar um problema coloquial em linguagem matemática. � Sabemos que o valor total da premiação é x. � A partir dessa afirmação, podemos considerar que o primeiro colocado levará metade: 0,5x. � Ainda nessa linha de raciocínio, o segundo colocado levará 30% ou 0,3x. � Finalmente, o terceiro colocado levará R$ 10.000. Agora, podemos “armar” a equação, que ficará da seguinte maneira: x = 0,5x + 0,3x + 10.000 Então, resolveremos utilizando os “passos” já abordados acima. Equação do primeiro grau12 Passo 1: Passar os termos comuns para o mesmo membro. Lembre-se de que, se for necessário mudar de membro determinado termo, seu sinal deverá ser invertido. Nesse exemplo, precisamos manter as incógnitas e as constantes (números) em membros distintos. Portanto, quando mudamos os termos de membro, seus sinais deverão ser mudados para seu inverso. x – 0,5x – 0,3x = 10.000 Passo 2: Agora, será necessário operar os termos da equação. 0,2x = 10.000 Passo 3: Mudar os membros e a solução. x = = 50.000 10.000 0,2 Note que 0,2 mudou de membro. Saiu do lado esquerdo do sinal de igual para a sua direita. Com isso, há a necessidade de mudarmos o sinal para seu inverso. Do lado esquerdo da igualdade, ele estava multiplicando (0,2 · x) e, quando passou para o lado direito da igualdade, a operação passa a ser de divisão. Então, o valor total da premiação é de R$ 50.000. Diofante de Alexandria, matemático que viveu por volta de 250 D.C., ficou famoso por uma coleção de livros que escreveu, A Arithmetica, inteiramente dedicada ao estudo das equações. Nessa obra, foram apresentados 189 problemas e suas soluções. Por esse motivo, Diofante disputa com o francês Viète o título de pai da álgebra. Conta-se que o problema a seguir, escrito em forma de dedicatória no túmulo de Diofante, teria sido dedicado por um de seus alunos: 13Equação do primeiro grau GIOVANNI, J. R.; PARENTE, E. Aprendendo matemática. São Paulo: FTD, 1999. PESCO, D. U.; ARNAUT, T. Matemática básica. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. Leituras recomendadas FIRMO, S. Lições de matemática básica. 2012. Disponível em: <http://www.mat.ufpb.br/ sergio/provas/mat/Firmo2012.pdf>. Acesso em: 03 jan. 2018. SILVA, M. N. P. História das equações. c2019. Disponível em: <https://mundoeducacao. bol.uol.com.br/matematica/historia-das-equacoes.htm>. Acesso em: 03 jan. 2019. SOUSA, J. C. M. O homem que calculava. São Paulo: Círculo do Livro, 1983. Sua formosa infância durou um sexto de sua vida; e mais doze avos havia transcorrido quando os pêlos lhe cobriram o rosto; casou- -se passados mais um sétimo de sua existência; cinco anos mais tarde nasceu sua única filha; que viveu metade dos anos que viveu o pai; Diofantes morreu quarto anos após sua filha. Com quantos anos morreu Diofante? Considerando a idade com que morreu Diofante por x, teremos: x = x 6 x 12 x 7 x 2 + + + 5 + + 4 Logo, Diofante morreu com 84 anos. Equação do primeiro grau14 EQUAÇÕES DE 2º GRAU Fernanda Robert Equações de 2º grau Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os termos de uma equação de segundo grau. � Reconhecer a fórmula para a resolução de uma equação de se- gundo grau. � Resolver problemas envolvendo equações de segundo grau. Introdução A equação do 2º grau, também conhecida como equação quadráti- ca, é um método antigo e muito usado para resolução de problemas. Existem registros de uso desta equação pelos babilônicos, egípcios e gregos. Esse método pode ser utilizado, por exemplo, para a reso- lução de problemas das áreas de engenharia, física e administração. Uma equação é uma composição matemática que possui em sua es- trutura incógnitas, coeficientes, expoentes e um sinal de igualdade. As equações são caracterizadas de acordo com o maior expoente de uma das incógnitas. Portanto, em uma equação de segundo grau, pelo menos uma das incógnitas deve possuir expoente 2. Cada equação matemática possui uma forma de resolução. As equa- ções de segundo grau incompletas podem ser resolvidas apenas uti- lizando a raiz quadrada, porém, para as equações de segundo grau completas, devemos utilizar o método de Bhaskara. A denominação Bhaskara refere-se ao nome do grande matemático indiano que a desenvolveu. Trata-se de uma fórmula utilizada para encontrar as raízes reais de uma equação do segundo grau fazendo uso apenas de seus coeficientes. Neste capítulo você vai estudar a importância e a resolução de equa- ções de segundo grau Equação de Segundo grau A equação de segundo grau pode ser definida como uma sentença aberta na qual a variável está na segunda potência e apresenta a forma ax2 + bx + c = 0 (Figura 1), sendo a, b e c números reais e a diferente de zero (a ≠ 0). esaito Retângulo Nas equações de segundo grau de uma incógnita, os números reais a, b e c recebem o nome de coeficientes, sendo a o coeficiente do termo x2; b o co- eficiente do termo x e c o coeficiente ou termo independente de x (Figura 1). Uma equação de segundo grau é denominada incompleta quando apre- senta um dos coeficientes, b ou c, ou até mesmo ambos, (b e c) iguais a zero. Exemplos (b = 0) (c = 0) � x2 + 16 = 0 � 3x2 - 3x = 0 � 2x2 = 0 (b = c = 0) Uma equação de segundo grau é denominada completa quando apresenta os três coeficientes (a, b e c) diferentes de zero. Exemplos: x2 – 4x + 6 = 0 2x2 + 3x – 4 = 0 Raízes de uma equação de segundo grau A solução de uma equação de segundo grau está na busca das suas raízes. As raízes são valores que, quando substituídos nas incógnitas, tornam a sentença verdadeira. Figura 1. Forma de uma equação de segundo grau. Raízes de equações de segundo grau incompletas As equações de segundo grau incompletas que apresentam o termo b igual a zero podem ser resolvidas isolando o termo independente. Exemplos: x2 – 16 = 0 x2 = 16 x = ±√16 x = ± 4 x'= 4 x'' = - 4 Portanto, as raízes 4 e – 4 satisfazem esta equação. 2x2 – 50 = 0 2x2 = 50 x = x2= 25 x = ±√25 x = ± 5 x'= 5 x'' = - 5 Portanto, as raízes 5 e – 5 satisfazem esta equação. As equações de segundo grau incompletas que apresentam o termo c igual a zero podem ser resolvidas utilizando a técnica de fatoração do termo comum em evidência. 50 2 Exemplos: 2x2 – x = 0 O termo x é semelhante na equação, então deve ser colocado em evidência. Para colocar este termo em evidência devemos dividi-lo pelos demais termos da equação. x (2x – 1) = 0 Com isso, obtemos um produto de multiplicação de dois fatores, x e 2x – 1, sendo que a multiplicação destes fatores é igual a zero; portanto, podemos afirmar que um destes fatores deve ser igual a zero. Como não sabemos qual destes fatores é igual a zero, devemos igualar os dois a zero, obtendo, assim, duas equações de primeiro grau. x = 0 2x – 1 = 0 Assim, podemos observar que o zero é uma das raízes desta equação e, para descobrirmos a outra raiz, basta resolver a equação de primeiro grau. 2x – 1 = 0 2x = 1 x = x' = 0e x'' = Portanto, as raízes 0 e 1/2 satisfazem esta equação. As equações de segundo grau incompletas que apresentam ambos os termos, b e c, iguais a zero, apresentam também raízes iguais a zero. Exemplos: x2 = 0 x = √0 x = 0 x' = x'' = 0 1 2 1 2 1 2 Raízes de equações de segundo grau completas A forma mais utilizada para a resolução de equações de segundo grau completas é através da fórmula de Bhaskara, considerada como uma das prin- cipais fórmulas matemáticas. O nome dado a esta fórmula foi uma homenagem ao matemático Bhaskara Akaria, considerado o mais importante matemático indiano do sé- culo XII. A fórmula de Bhaskara é principalmente usada para resolver equa- ções do segundo grau completas da forma ax2 + bx + c + 0. Fórmula de Bhaskara A fórmula geral de Bhaskara está apresentada na Figura 2. A fórmula permite determinar as raízes de uma equação de segundo grau a partir de seus coeficientes, substituindo os valores correspondentes e realizando as opera- ções matemáticas propostas pela fórmula, a fim de determinar os valores de x que satisfaçam a equação. Figura 2. Fórmula de Bhaskara A letra grega delta (Δ) pode ser chamada de discriminante, pois por meio dela é possível obter algumas informações que discriminam ou classificam as equações de segundo grau. Dependendo do sinal de Δ, temos: Δ = 0 A equação tem duas raízes iguais. Δ > 0 A equação tem duas raízes diferentes. Δ < 0 A equação não tem raízes reais. Para determinar o valor de Δ basta substituir os coeficientes da equação na fórmula do discriminante e realizar as operações matemáticas subsequentes. Exemplo: Vamos determinar as raízes que satisfazem a seguinte equação de segundo grau. x2 – 4x – 5 = 0 1º passo – identificar os coeficientes da equação a = 1 b = - 4 c = - 5 2º passo – determinar o valor de Δ substituindo os valores dos coeficientes na formula discriminante Δ = b2 – 4 a.c Δ = (-4)2 – 4 .1 .(- 5) Δ = 16 + 20 Δ = 36 3º passo – substituir o valor de Δ encontrado e os valores dos coeficientes na fórmula de Bhaskara x = x = x = = Portanto, as raízes que satisfazem esta equação são 5 e -1. -b±√Δ 2a - (- 4)±√36 2 4 ± 6 2 {x' = = 5 4 + 62x'' = = - 1 4 - 62 Representação gráfica de uma função de segundo grau Uma função de segundo grau é representada por meio de uma parábola, con- forme representada nas Figuras 3, 4 e 5. Quando a função é positiva (a > 0), a concavidade da parábola é voltada para cima e quando a função é negativa (a < 0), a concavidade da parábola é voltada para baixo. O gráfico da função de segundo grau deve ser construído no plano de coordenadas cartesianas, atribuindo valores a x e encontrando os valores cor- respondentes a y. Os números encontrados são denominados pares ordenados (x,y) e a união destes pares ordenados formam a parábola que representa a função de segundo grau. Os pontos da parábola que tocam o eixo das abcissas correspondem aos valores das raízes desta função, que devem ser calculados por meio da fórmula de Bhaskara. Contudo, o comportamento dessas parábolas também sofre influ- ência do discriminante delta, conforme exemplificado nas Figuras 3, 4 e 5. Se o valor de delta for nulo (Δ = 0), uma das raízes da função apresenta o valor nulo e a outra raiz um valor real; portanto, a parábola intercepta o eixo das abcissas somente em um ponto, conforme apresentado na Figura 3. Se o valor de delta for positivo (Δ > 0), a função apresenta duas raízes distintas e a parábola intercepta o eixo das abcissas em dois pontos, conforme apresentado na Figura 4. Figura 3. Representação gráfica de uma função de segundo grau com Δ = 0 Se o valor de delta for negativo (Δ < 0), a função não apresenta raízes e a parábola não intercepta o eixo das abcissas, conforme apresentado na Figura 5. Figura 4. Representação gráfica de uma função de segundo grau com Δ > 0 Figura 5. Representação gráfica de uma função de segundo grau com Δ < 0 Referência ANDRINI, A.; VASCONCELOS, M.J. Praticando Matemática. São Paulo: Editora do Bra- sil, 2002. BALLEW, P. Solving Quadratic Equations by analytic and graphic methods; Including several methods you may never have seen. 2007. Disponivel em: http://www.pballew. net/quadsol.pdf Acesso em: 21 ago. 2017 CENTURION, M. Nova Matemática na medida certa, 8ª série. Centurión Jakubovic, Lellis. São Paulo: Scipione, 2003. DANTE, L. R. Tudo é Matemática: ensino fundamental: livro do professor/ Luiz Ro- berto Dante; São Paulo: Ática, 2005. PEDROSO, H.A. Uma breve história da equação de 2º grau. Revista eletrônica de mate- mática. N.2, 2010. Disponível em: http://www.matematicajatai.com/rematFiles/2-2010/ eq2grau.pdf. Acesso em: 21 ago. 2017 TOSATTO, C.M.; PERACCHI, E.P.; ESTEPHAN, V.M. Ideias e relações. Curitiba: Positivo, 2002. Leituras recomendadas ALVES, E. F.;MACHADO, B.B.L. Uma abordagem histórica da equação de segundo grau. XII Encontro Nacional de Educação Matemática, 2016. Disponível em: <http://www. sbembrasil.org.br/enem2016/anais/pdf/7485_3724_ID.pdf>. Acesso em: 21 ago. KHAN ACADEMY. A fórmula de Bhaskara. Disponível em: https://pt.khanacademy.org/ math/algebra/quadratics/solving-quadratics-using-the-quadratic-formula/v/using- -the-quadratic-formula. Acesso em 21 ago. 2017 CÁLCULO: LIMITES DE FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL E DERIVADAS Cristiane da Silva Regra de derivação: potência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Resolver cálculos de derivadas de funções potência. � Aplicar as regras de linearidade na derivação de soma de funções e de multiplicação de escalar por uma função. � Escolher a regra de derivação adequada para representação gráfica de funções. Introdução Neste capítulo, você conhecerá a regra da potência e suas particularidades, para que, nos seguintes, possa aprofundar o estudo das demais regras de derivação, que permitem realizar os cálculos de maneira eficiente e prática, com o mesmo rigor do método por limites. A regra da potência nos diz como calcular a derivada de expressões da forma xn. Além disso, juntamente com as demais regras básicas de derivação, possibilita o cálculo da derivada de qualquer polinômio. Você será capaz de calcular a derivada de expressões em que a potência é negativa, fracionária e radical. Outro ponto relevante abordado neste capítulo é a análise gráfica. Veremos que o sinal da derivada de uma função nos diz se a reta tangente tem inclinação positiva ou negativa, e o tamanho da derivada revela a magnitude da declividade. Você encontrará diversos exemplos detalhados e representações gráficas, para facilitar a compreensão do conteúdo e a análise, além de demonstrações claras da regra da potência seguidas de explicações complementares com a finalidade de as tornar elucidativas. Regra da potência Essa regra é válida para qualquer expoente. Por definição, para qualquer expoente n natural, temos: Vejamos a demonstração da regra da potência, conforme Rogawski (2008, p. 109–110). Suponha que n seja um número natural e denotemos f(x) = xn. Então, . Para simplificar a razão incremental, precisamos generalizar as seguintes identidades: x2 – a2 = (x – a)(x + a) x3 – a3 = (x – a)(x2 + xa + a2) x4 – a4 = (x – a)(x3 + x2a + xa2 + a3) A generalização é: xn – an = (x – a)(x (n –1) + x(n – 2)a + x(n – 3)a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1)) Note que o lado direito dessa equação é igual a: x(x(n – 1) + x(n – 2) a + x(n – 3) a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1) ) – a(x(n – 1) + x(n – 2) a + x(n – 3) a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1)) Ao efetuarmos a multiplicação, todos os termos cancelam, exceto o primeiro e o último, restando xn – an. Sendo assim, a identidade xn – an = (x – a)(x(n – 1) + x(n – 2)a + x(n – 3)a2 + ⋯ + xa(n – 2) + a(n – 1)) nos dá: Regra de derivação: potência2 Portanto: Isso prova que f ' (a) = na(n – 1), que também pode ser escrito como f ' (x) = nx(n – 1). Podemos pensar na regra da potência como“baixar o expoente e subtrair um (do expoente)”: Segundo Rogawski (2008), é importante destacar que a regra da potência somente se aplica às funções potência, do tipo y = xn. Ela não pode ser usada com funções exponenciais, como y = 2x. A derivada de y = 2x não é x2(x – 1). Anton, Bivens e Davis (2014) destacam que o tipo mais simples de função potência é f(x) = x. Como o gráfico de f é uma reta de inclinação 1, segue que f ' (x) = 1 para todo x, ou seja, , como demonstrado na Figura 1. 3Regra de derivação: potência Figura 1. A reta tangente ao gráfico de f(x) = x tem inclinação 1 em cada x. Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 156). Embora a fórmula tenha validade somente com potências inteiras positivas de x, não é difícil mostrar que a mesma fórmula permanece válida com quaisquer potências inteiras de x, ou seja, para qualquer expoente real. Portanto, podemos definir a regra da potência estendida como: se r for qualquer número real, então . Isso significa dizer que, para derivar uma função potência, subtraímos uma unidade da potência constante e multiplicamos a função potência resultante pelo expoente original (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). 1. Seja , encontre sua derivada. É importante lembrar-se de que pode ser escrita como f(x) = x(–2). Então, a derivada é: 2. Seja f(x) = x7, encontre sua derivada. Regra de derivação: potência4 3. Seja , encontre sua derivada. É importante lembrar-se de que pode ser escrita como . Então, a derivada é: 4. Seja , encontre sua derivada. É importante lembrar-se de que pode ser escrita como f(x) = x(–5). Então, a derivada é: f ' (x) = – 5x( –5 –1) = –5x(–6) ou 5. Seja f(x) = x1,3, encontre sua derivada (Adaptado de HOFFMANN et al., 2015). 6. Vejamos outros exemplos de derivadas de funções potência (Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014): Note que a regra da potência vale para qualquer variável, não apenas para x. Ou seja, pode ser de nosso interesse calcular . Além disso, vimos que a regra da potência vale para todos os expoentes, tanto negativos, fracionários ou irracionais, por exemplo: (ROGAWSKI, 2008). 5Regra de derivação: potência Regra de linearidade Nesta seção, aplicaremos as regras de linearidade das derivadas. Para tanto, observe o teorema: suponha que f e g sejam funções deriváveis. A regra da soma diz que: a função f + g é derivável e ( f + g)' = f ' + g'. A regra do múltiplo constante diz que: para qualquer constante c, a função cf é derivável e (cf )' = cf '. Anton, Bivens e Davis (2014) explicam a regra do múltiplo constante, afirmando que um fator constante pode ser movido para fora do sinal da derivada, como . O mesmo vale para a diferença, ou seja: ( f – g)' = f ' – g'. Vale destacar que essa regra é uma consequência das regras da soma e do múltiplo constante (ROGAWSKI, 2008): Encontre os pontos do gráfico de f(t) = t3 – 12t + 4 nos quais a reta tangente é horizontal. Solução: Primeiramente, calculamos a derivada: Regra de derivação: potência6 Note que a derivada da constante 4 é nula. A reta tangente é horizontal nos pontos em que a inclinação f '(t) é zero, de modo que resolvemos: Portanto, as retas tangentes são horizontais em (2, – 12) e (–2, 20), como mostrado na Figura 2, a seguir. Figura 2. Gráfico de f(t) = t3 – 12t + 4. As retas tangentes são horizontais em t = ± 2 Fonte: Rogawski (2008, p. 111). Acompanhe mais exemplos envolvendo a regra do múltiplo constante (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014): 7Regra de derivação: potência Em palavras, a derivada de uma soma é igual à soma das derivadas, e a derivada de uma diferença é igual à diferença das derivadas (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014, p. 158). Por exemplo: Além disso, a regra do múltiplo constante pode ser usada para derivar polinômios. Encontre se y = 3x 8 – 2x5 + 6x + 1. Solução: Fonte: Adaptado de Anton, Bivens e Davis (2014). Se , sua derivada é , o que pode ser escrito como: Sendo assim, como a função raiz quadrada aparece com frequência, podemos usar direto o resultado , sem precisar transformar em expoente fracionário, derivar e voltar para a raiz novamente. Regra de derivação: potência8 Na próxima seção, aprofundaremos o estudo, por meio de análises com auxílio gráfico no intuito de compreender o gráfico de uma função e a relação com sua derivada, bem como para identificar graficamente a derivada. Representação gráfica Nesta seção, você estudará a representação gráfica de algumas funções, com atenção especial às suas derivadas, observando as funções envolvidas e esco- lhendo a regra de derivação adequada. Para tanto, vejamos alguns exemplos em detalhes. 1. Calcule , onde Solução: Para usar a regra da potência, escrevemos . A derivada f '(x) nos dá informação importante sobre o gráfico de f(x). Por exemplo, o sinal de f '(x) nos diz se a reta tangente tem inclinação positiva ou negativa, e o tamanho de f '(x) revela a magnitude da declividade. 9Regra de derivação: potência 2. Qual é a relação entre o gráfico de f(x) = x3 – 12x e a derivada f ' (x) = 3x2 – 12? Solução: Observamos que a derivada f ' (x) = 3x2 – 12 = 3(x2 – 4) é negativa em – 2 < x < 2 e positiva em |x| > 2, conforme Figura 3. Figura 3. Gráfico da derivada f '(x) = 3x2 – 12. Fonte: Rogawski (2008, p. 112). O Quadro 1, a seguir, resume essa informação relativa ao sinal, demons- trado na Figura 4. Propriedade de f '(x) Propriedade do gráfico de f(x) f ' (x) < 0 para – 2 < x <2 A reta tangente tem inclinação negativa em – 2 < x < 2. f ' (– 2) = f ' (2) = 0 A reta tangente é horizontal em x = – 2 e x = 2. f ' (x) > 0 para x < – 2 e x > 2 A reta tangente tem inclinação positiva em x < – 2 e x > 2. Quadro 1. Propriedade de f’(x) Regra de derivação: potência10 Figura 4. Gráfico de f(x) = x3 – 12x. Fonte: Rogawski (2008, p. 112). Observe, também, que f'(x) → ∞ quando |x| aumenta. Isso corresponde ao fato de que as retas tangentes ao gráfico de f(x) ficam cada vez mais íngremes à medida que |x| cresce. 3. O gráfico de f(x) está representado na Figura 5. Qual é o gráfico de f ' (x): (A) ou (B) (ROGAWSKI, 2008)? Figura 5. Gráfico de f(x). Fonte: Rogawski (2008, p. 112). 11Regra de derivação: potência Solução: Na Figura 5, é possível visualizar a seguinte informação sobre as retas tangentes ao gráfico de f(x). Inclinação da reta tangente Onde Negativa Em (0,1) e (4,7) Nula Em x = 1,4 e 7 Positiva Em (1,4) e (7,∞) Quadro 2. Inclinações da reta tangente Desse modo, o gráfico de f '(x) deve ser negativo em (0,1) e (4,7) e positivo em (1,4) e (7,∞). Como apenas B tem essas propriedades, então B é o gráfico de f '(x). 4. Em quais pontos, se existirem, o gráfico de y = x3 – 3x + 4 (Figura 6) tem uma reta tangente horizontal? Figura 6. Gráfico de y = x3 – 3x + 4. Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 159). Regra de derivação: potência12 Solução: Retas tangentes horizontais têm inclinação zero. Portanto, devemos encon- trar aqueles valores de x nos quais y' (x) = 0. Derivando, obtemos: Assim, as retas tangentes horizontais ocorrem naqueles valores de x com os quais 3x2 – 3 = 0, ou seja, tais que x = – 1 ou x = 1. Os pontos correspondentes da curva y = x3 – 3x + 4 são (– 1,6) e (1,2) (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Neste capítulo, você retomou conhecimentos sobre a definição de deriva- das e conheceu especificamente a regra da potência. As regras de derivação trazem benefício ao permitir realizar cálculos de maneira eficiente e prática, diferentemente do que fazíamos pela definição de limites. Além disso, a análise gráfica forneceu informações importantes para o aprofundamento de nossos estudos. ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 2 v. 1352 p. HOFFMANN, L. D. et al. Cálculo: um curso moderno e suas aplicações. 11. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. 680 p. ROGAWSKI, J. Cálculo, volume 1. Porto Alegre: Bookman, 2008. 624 p. 13Regra de derivação: potência A D M I N I S T R A Ç Ã O , E C O N O M I A E C I Ê N C I A S S O C I A I SE B I O L Ó G I C A S 7 a e d i ç ã o Harshbarger • Reynolds 38 Capítulo 0 Conceitos Algébricos 0.6 Fatoração Fatores Comuns Podemos fatorar monômios em um polinômio usando a Propriedade Distributiva ao contrário; a expressão ab + ac = a(b + c) é um exemplo mostrando que a é um fator monômio do polinômio ab + ac. Mas ela é também o enunciado da Propriedade Distributiva (com os lados da equação trocados). O fator monômio do polinômio deve ser um fator de cada termo do polinômio, assim é freqüente- mente chamado fator monômio comum. 0.6 Fatoração 39 EXEMPLO 1 Fator Monômio Fatore –3x2t – 3x + 9xt2. SOLUÇÃO 1. Podemos colocar 3x em evidência e obter –3x2t – 3x + 9xt2 = 3x(–xt – 1 + 3t2) 2. Ou colocar em evidência –3x (pôr em evidência o sinal de menos fará o pri- meiro termo do polinômio positivo) e obter –3x2t – 3x + 9xt2 = –3x(xt + 1 – 3t2). Se um fator é comum a cada termo de um polinômio, podemos utilizar esse pro- cedimento para colocá-lo em evidência, mesmo que ele não seja um monômio. Por exemplo, podemos colocar (a + b) em evidência no polinômio 2x(a + b) – 3y(a + b). Se fatorarmos (a + b) de ambos os termos, obteremos (a + b)(2x – 3y). O exemplo a seguir ilustra a técnica de fatoração por agrupamento. EXEMPLO 2 Fatoração por Agrupamento Fatore 5x – 5y + bx – by. SOLUÇÃO Podemos fatorar este polinômio utilizando agrupamento. O agrupamento é feito de forma que os fatores comuns (freqüentemente fatores binômios) possam ser removidos. Vemos que podemos fatorar cinco dos dois primeiros termos e b dos últimos dois, o que dá 5(x – y) + b(x – y). Isto nos fornece dois termos com o fator x – y em comum, assim obtemos: (x – y)(5 + b). Fatorando Trinômios Podemos utilizar a fórmula para multiplicar dois binômios para fatorar certos trinômios. A fórmula (x + a)(x + b) = x2 + (a + b)x + ab pode ser usada para fotorar trinômios como x2 – 7x + 6. EXEMPLO 3 Fatorando Trinômios Fatore x2 – 7x + 6. SOLUÇÃO Se este trinômio pode ser fatorado em uma expressão da forma (x + a)(x + b) então precisamos encontrar a e b tais que x2 – 7x + 6 = x2 + (a + b)x + ab Isto é, precisamos encontrar a e b tais que a + b = –7 e ab = 6. Os dois números cuja soma é –7 e cujo produto é 6 são –1 e –6. Assim, x2 – 7x + 6 = (x – 1)(x – 6). 40 Capítulo 0 Conceitos Algébricos Um método similar pode ser usado para fatorar trinômios tais como 9x2 – 31x + 12. Encontrar os fatores adequados para esse tipo de trinômio pode envolver uma grande quantidade de tentativa e erro, porque devemos encontrar fatores a, b, c e d tais que (ax + b)(cx + d) = acx2 + (ad + bc)x + bd. Uma outra técnica para fatoração é usada para fatorar tais trinômios. Ela é útil para fatorar os trinômios mais complicados, tais como 9x2 – 31x + 12. Este procedi- mento para fatorar trinômios do segundo grau é mostrado a seguir. FAT O R A Ç Ã O D E U M T R I N Ô M I O Procedimento Exemplo Para fatorar um trinômio como produto de fatores bi- nômios: Fator 9x2 – 31x + 12. 1. Faça o produto do termo de segundo grau com o termo constante. 1. 9x2 ⋅ 12 = 108x2 2. Determine se existem quaisquer dois fatores do produto no passo 1 cuja soma seja o termo central do trinômio. (Se a resposta for não, o trinômio não será fatorável em dois binômios.) 2. Os fatores –27x e –4x tem a soma –31x. 3. Use a soma desses dois fatores para substituir o termo central do trinômio. 3. 9x2 – 31x + 12 = 9x2 – 27x – 4x + 12 4. Fatore esta expressão de quatro termos por agrupa- mento. 4. 9x2 – 31x + 12 = (9x2 – 27x) + (–4x + 12) = 9x(x – 3) – 4(x – 3) = (x – 3)(9x – 4) No exemplo acima, observe que escrever o termo intermediário (–31x) como –4x – 27x em vez de –27x – 4x (como fi zemos) também resultará na fatoração cor- reta. (Tente fazer isto.) EXEMPLO 4 Fatorando Trinômios Fatore 9x2 – 9x – 10. SOLUÇÃO O produto do termo de segundo grau com o termo constante é–90x2. Fatores de –90x2 que somam –9x são –15x e 6x. Portanto, 9x2 – 9x – 10 = 9x2 – 15x + 6x – 10 = (9x2 – 15x) + (6x – 10) = 3x(3x – 5) + 2(3x – 5) = (3x – 5)(3x + 2) Podemos verifi car esta fatoração multiplicando (3x – 5)(3x + 2) = 9x2 + 6x – 15x – 10 = 9x2 – 9x – 10 Alguns dos produtos especiais que tornam a fatoração mais fácil são os seguintes. 0.6 Fatoração 41 Fatorações Especiais O trinômio quadrado perfeito: x2 + 2ax + a2 = (x + a)2 x2 – 2ax + a2 = (x – a)2 A diferença de dois quadrados: x2 – a2 = (x + a)(x – a) EXEMPLO 5 Diferença de Dois Quadrados Fatore 25x2 – 36y2. SOLUÇÃO O binômio 25x2 – 36y2 é a diferença de dois quadrados, assim, obtemos 25x2 – 36y2 = (5x – 6y)(5x + 6y). Estes dois binômios são chamados binômios conjugados porque eles diferem ape- nas em um sinal. EXEMPLO 6 Quadrados Perfeitos Fatore 4x2 + 12x + 9. SOLUÇÃO Embora possamos usar a técnica que aprendemos para fatorar trinômios, pode- mos fatorar mais rapidamente se reconhecermos que este trinômio é um qua- drado perfeito. Existem dois termos que são quadrados e o termo restante (12x) é o dobro do produto das raízes quadradas destes quadrados (12x = 2 ⋅ 2x ⋅ 3). Assim, 4x2 + 12x + 9 = (2x + 3)2. A maioria dos polinômios que fatoramos foi de polinômios de segundo grau ou polinômios quadráticos. Alguns polinômios que não são quadráticos estão em uma forma que pode ser fatorada da mesma maneira que os quadráticos. Por exemplo, o polinômio x4 + 4x2 + 4 pode ser escrito como a2 + 4a + 4, onde a = x2. EXEMPLO 7 Polinômios na Forma Quadrática Fatore x4 + 4x2 + 4 completamente. SOLUÇÃO O trinômio está na forma de um quadrado perfeito, assim, fazendo a = x2 temos x4 + 4x2 + 4 = a2 + 4a + 4 = (a + 2)2, portanto, x4 + 4x2 + 4 = (x2 + 2)2. 42 Capítulo 0 Conceitos Algébricos EXEMPLO 8 Diferença de Dois Quadrados Fatore x4 – 16. SOLUÇÃO O binômio x4 – 16 pode ser tratado como a diferença de dois quadrados, (x2)2 – 42, assim x4 – 16 = (x2 – 4)(x2 + 4). Mas x2 – 4 pode ser fatorado em (x – 2)(x + 2), portanto, x4 – 16 = (x – 2)(x + 2)(x2 + 4). PONTO DE CONTROLE 1. Fatore as seguintes expressões: (a) 8x3 – 12x (b) 3x(x2 + 5) – 5(x2 + 5) (c) x2 – 10x – 24 (d) x2 – 5x + 6 (e) 4x2 – 20x + 25 (f) 100 – 49x2 2. Considere 10x2 – 17x – 20 e observe que (10x2)(–20) = –200x2. (a) Encontre duas expressões cujo produto é –200x2 e cuja soma é –17x. (b) Substitua –17x em 10x2 – 17x – 20 pelas duas expressões encontradas em (a). (c) Fatore (b) por agrupamento. 3. Verdadeiro ou falso: (a) 4x2 + 9 = (2x + 3)2 (b) x2 – x + 12 = (x – 4)(x + 3) (c) 5x5 – 20x3 = 5x3(x2 – 4) = 5x3(x + 2)(x – 2) Dizemos que um polinômio está completamente fatorado se todas as fato- rações possíveis já tiverem sido realizadas. Por exemplo, (2x – 4)(x + 3) não está completamente fatorado porque o 2 ainda pode ser posto em evidência em 2x – 4. Se nos limitarmos a fatores com coefi cientes inteiros, podemos fatorar completa- mente vários polinômios utilizando os procedimentos a seguir. Procedimentos para Fatorar Completamente Procure por: primeiramente monômios. A seguir, por: diferença de dois quadrados. A seguir, por: trinômios quadrados. A seguir, por: outros métodos para fatorar trinômios. EXEMPLO 9 Fatorando Completamente Fatore completamente 12x2 – 36x + 27. SOLUÇÃO 12x2 – 36x + 27 = 3(4x2 – 12x + 9) Monômio = 3(2x – 3)2 Quadrado Perfeito EXEMPLO 10 Fatorando Completamente Fatore completamente 16x2 – 64y2. 0.6 Fatoração 43 SOLUÇÃO 16x2 – 64y2 = 16(x2 – 4y2) = 16(x + 2y)(x – 2y) Fatorar imediatamente a diferença dos dois quadrados nos daria (4x + 8y)(4x – 8y), o que não está completamente fatorado (porque podemos ainda fatorar 4 de 4x + 8y e 4 de 4x – 8y). SOLUÇÕES DO PONTO DE CONTROLE 1. (a) 8x3 – 12x = 4x(2x2 – 3) (b) 3x(x2 + 5) – 5(x2 + 5) = (x2 + 5)(3x – 5) (c) x2 – 10x – 24 = (x – 12)(x + 2) (d) x2 – 5x + 6 = (x – 3)(x – 2) (e) 4x2 – 20x + 25 = (2x – 5)2 (f) 100 – 49x2 = (10 + 7x)(10 – 7x) 2. (a) (–25x)(+8x) =– 200x2 e – 25x + 8x = –17x (b) 10x2 – 17x – 20 = 10x2 – 25x + 8x – 20 (c)= (10x2 – 25x) + (8x – 20) = 5x(2x – 5) + 4(2x – 5) = (2x – 5)(5x + 4) 3. (a) Falso. 4x2 + 9 não pode ser fatorado. De fato, somas de quadrados não podem ser fatoradas. (b) Falso. x2 – x + 12 não pode ser fatorado. Não podemos encontrar dois números cujo produto é +12 e cuja soma é –1. (c) Verdadeiro. A D M I N I S T R A Ç Ã O , E C O N O M I A E C I Ê N C I A S S O C I A I S E B I O L Ó G I C A S 7 a e d i ç ã o Harshbarger • Reynolds 5.2 Funções Logarítmicas e Suas Propriedades 231 51. Modelagem Estudantes por computador A ta- bela a seguir mostra o número médio de estudan- tes por computador nas escolas públicas para os anos do calendário escolar que terminaram entre 1985 e 2000. (a) Encontre um modelo exponencial para estes dados. Considere x como o número de anos após 1980. (b) Este modelo é uma função de crescimento ou decaimento exponencial? Explique como você sabe. (c) Quantos estudantes por computador nas esco- las públicas este modelo prevê para 2010? Ano Estudantes por Computador Ano Estudantes por Computador 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 75 50 37 32 25 22 20 18 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 16 14 10,5 10 7,8 6,1 5,7 5,4 Fonte: Quality Education Data, Inc., Denver, Colorado Se P dólares forem investidos a uma taxa de juros anual r, compostos continuamente, então o valor futuro do investimento após t anos é dado por S = Pert Uma questão comum com investimentos como esse é: “Quanto tempo demora para o in- vestimento duplicar?”. Isto é, quando S = 2P? Para responder a esta questão e, conseqüente- mente, desenvolver a fórmula do “tempo de duplicação”, será preciso resolver a equação em t e para isso é necessário o uso das funções logarítmicas. PRÉ-APLICAÇÃO 5.2 Funções Logarítmicas e Suas Propriedades OBJETIVOS Converter equações para fun- ções logarítmicas da forma logarítmica para a exponen- cial, e vice e versa. Calcular alguns logaritmos especiais. Traçar gráfi cos das funções logarítmicas. Usar as propriedades das fun- ções logarítmicas para simpli- fi car expressões envolvendo logaritmos. Usar a fórmula de mudança de base. Modelar com funções logarít- micas. � � � � � � Funções Logarítmicas e Gráfi cos Antes do desenvolvimento e da grande disponibilidade das calculadoras e com- putadores, certos cálculos aritméticos, tais como (1,37)13 e 3 0916 , , eram difíceis de fazer. Os cálculos poderiam ser feitos com relativa facilidade usando os lo- garitmos, desenvolvidos no século XVII por John Napier, usando uma régua de cálculo, que, por sua vez, se baseia nos logaritmos. Atualmente, o uso dos logarit- mos como uma técnica de cálculo praticamente desapareceu, mas o estudo das funções logarítmicas ainda é muito importante, em razão das muitas aplicações existentes dessas funções. Por exemplo, consideremos novamente a cultura de bactérias descritas no início da seção anterior. Se soubermos que a cultura foi iniciada com um organis- mo e que a cada minuto todos os microorganismos presentes se dividem em dois novos, então poderemos encontrar o número de minutos que demora até que eles sejam 1.024 organismos resolvendo 1.024 = 2y A solução dessa equação pode ser escrita na forma y = log21.024 que se lê “y é igual ao logaritmo de 1.024 na base 2”. 232 Capítulo 5 Funções Exponenciais e Logarítmicas Em geral, podemos expressar a equação x = ay (a > 0, a ≠ 1) na forma y = f(x) defi nindo uma função logarítmica. Função Logarítmica Para a > 0 e a ≠ 1, a função logarítmica y = logax (forma logarítmica) tem domínio x > 0, base a e é defi nida por ay = x (forma exponencial) Conforme a defi nição, sabemos que y = loga x signifi ca x = a y. Isso signifi ca que log3 81 = 4 porque 3 4 = 81. Nesse caso, o logaritmo, 4, era o expoente ao qual temos que elevar a base 3 para obter 81. Em geral, se y = log x, então y é o expoente ao qual a base a deve ser elevada para obtermos x. O número a é chamado de base em ambos loga x = y e a y = x, e y é o logaritmo em loga x = y e o expoente em a y = x. Desse modo, podemos afi rmar que o logaritmo é um expoente. A Tabela 5.3 mostra algumas equações logarítmicas e suas formas exponen- ciais equivalentes. EXEMPLO 1 Formas Logarítmicas e Exponenciais (a) Escreva 64 = 43 na forma logarítmica. (b) Escreva log4 ( )164 3= − na forma exponencial. (c) Se 4 = log2 x, encontre x. SOLUÇÃO (a) 64 = 43 é equivalente a 3 = log4 64. (b) log4 ( ) 1 64 3= − é equivalente a 4 –3 = 164. (c) Se 4 = log2 x, então 2 4 = x e x = 16. EXEMPLO 2 Calculando Logaritmos Calcule: (a) log2 8 (b) log3 9 (c) log ( )5 125 SOLUÇÃO (a) Se y = log2 8, então 8 = 2 y. Como 23 = 8 temos log2 8 = 3. (b) Se y = log3 9, então 9 = 3 y. Como 32 = 9 temos log3 9 = 2. (c) Se y = log ( ),5 125 então 1 25 5= y. Como 5–2 = 125 , temos log5 ( ) . 1 25 2= − EXEMPLO 3 Traçando o Gráfi co de uma Função Logarítmica Trace o gráfi co de y = log2 x. SOLUÇÃO Podemos traçar o gráfi co de y = log2 x estudando o gráfi co de x = 2 y. A tabela de valores (encontrados substituindo valores para y e calculando x) e o gráfi co são mostrados na Figura 5.12 TABELA 5.3 Forma Logarítmica Forma Exponencial log10100 = 2 log100,1 = –1 log2x = y loga1 = 0 (a > 0) loga a = 1 (a > 0) 102 = 100 10–1 = 0,1 2y = x a0 = 1 a1 = a Gráfi cos 5.2 Funções Logarítmicas e Suas Propriedades 233 x = 2y y 1 8 1 4 1 2 1 2 4 8 –3 –2 –1 0 1 2 3 Da defi nição de logaritmos, vemos que todo logaritmo tem uma base. A maio- ria das aplicações de logaritmos envolve logaritmo na base 10 (chamado de loga- ritmo comum) ou logaritmo na base e (chamado de logaritmo natural). De fato, os logaritmos na base 10 e na base e são os únicos que têm teclas de função nas calculadoras científi cas. Assim, é importante familiarizar-se com seus nomes e no- tações. Logaritmos Comuns e Naturais Logaritmos comuns: log x signifi ca log10 x. Logaritmos naturais: ln x signifi ca loge x. Os valores das funções logarítmicas comum e natural são usualmente encontra- dos com uma calculadora. Por exemplo, uma calculadora fornece log 2 ≈ 0,301 e ln 2 ≈ 0,693. Retornaremos agora à Pré-Aplicação. EXEMPLO 4 Tempo de Duplicação para um Investimento Na Pré-Aplicação observamos que o tempo de duplicação para um investimento capitalizado continuamente pode ser encontrado resolvendo a equação S = Pert em t, quando S = 2P. Isto é, devemos resolver 2P = Pert, ou (equivalentemente) 2 = ert. (a) Expresse 2 = ert na forma logarítmica e então resolva esta equação, determi- nando t, para encontrar a fórmula do tempo de duplicação. (b) Se um investimento rende 10% de juros anuais, compostos continuamente, em quanto tempo ele duplicará? SOLUÇÃO (a) Na forma logarítmica, 2 = ert é equivalente a loge2 = rt. Resolvendo, temos a fórmula para o tempo de duplicação t r r e= =log ln2 2 (b) Se a taxa de juros é r = 10%, capitalizada continuamente, o tempo necessário para que o investimento dobre é t = ≈ln , ,2 0 10 6 93 anos x y -2 2 4 6 8 -4 -2 2 4 y = log2 x Figura 5.12 234 Capítulo 5 Funções Exponenciais e Logarítmicas Observe que poderíamos escrever o tempo de duplicação para este problema como t = ≈ =ln , , , ,2 0 10 0 693 0 10 69 3 10 Em geral, podemos aproximar o tempo de duplicação para um investimento a r%, compostos continuamente, por 70r . (Em economia, isto é chamado de Regra do 70.) EXEMPLO 5 Participação no Mercado Suponha que, depois que uma companhia introduziu um novo produto, o número de meses m que leva até que sua participação no mercado seja s por cento, pode ser modelado por m s = − ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ 20 40 40 ln Quando este produto terá uma participação de 35% no mercado? SOLUÇÃO Uma participação de 35% no mercado signifi ca s = 35. Conseqüentemente, m s = − ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ = − ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ = ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ = ( ) 20 40 40 20 40 40 35 20 40 5 20 8 ln ln ln ln ≈≈ 41 6, Assim, a participação no mercado será 35% após 41,6 meses, aproximadamente.EXEMPLO 6 Logaritmo Natural Trace o gráfi co de y = In x. SOLUÇÃO Podemos traçar o gráfi co y = ln x calculando y = ln x para x > 0 (incluindo alguns valores no intervalo 0 < x < 1) com uma calculadora. O gráfi co é mostrado na Figura 5.13 x y -2 2 4 6 8 10 -2 2 4 y = ln x x y = ln x 0,05 0,10 0,50 1 2 3 5 10 –3,000 –2,303 –0,693 0,000 0,693 1,099 1,609 2,303Figura 5.13 CÁLCULO (APLICADO À SAÚDE) Claudia Abreu Paes Exponenciais e logaritmos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir exponencial e logaritmo e suas propriedades. � Reconhecer as funções exponencial e logarítmica, bem como seus domínios. � Analisar situações aplicadas envolvendo crescimento e decrescimento exponencial. Introdução Relações entre variáveis distintas podem descrever diversas situações. A função que representa essa relação pode ser descrita de diferentes maneiras. Essa vinculação entre as variáveis pode ser expressa por meio de um polinômio de diferentes graus, de uma expressão trigonométrica ou, ainda, de uma função exponencial ou logarítmica. Neste capítulo, você vai estudar sobre exponenciais e logaritmos, bem como as funções expressas por essas operações. Serão apresentadas as características dos gráficos de ambas as funções e a forma como pode- mos aplicar o conceito de crescimento e decrescimento exponencial. Propriedades dos exponenciais e logaritmos Funções exponenciais e logarítmicas são aplicadas em diversas áreas do cálculo. Antes de analisar as funções, devemos falar sobre as operações exponenciais e de logaritmos. Veremos também que essas operações são inversas uma a outra e, por isso, são comumente estudadas juntas. A exponencial é aplicada quando se quer representar números grandes. Por exemplo, 625 pode ser escrito como 54, ou seja, 5 × 5 × 5 × 5 = 625. Dessa forma, estamos aplicando o conceito de potência. A potência é uma forma de escrever produtos de fatores que se repetem, como o caso do 54. Definição: seja a um número real, e n um número real inteiro positivo, deno- mina-se potência o número de base a e expoente n que corresponde ao produto de n fatores iguais a a, da forma: Observação: nos casos em que n = 1 ou n = 0, não se aplica essa definição, pois: a1 = a e a0 = 1. O Quadro 1 mostra as propriedades de potenciação, comumente aplicadas em soluções de cálculos. Propriedade Equação Potência de expoente negativo Potência de expoente racional Multiplicação de potência de mesma base am · an = am+n Divisão de potência de mesma base Potência de potência (am)n = am · n Potência de produto (ab)m = am · bm Potência de quociente Quadro 1. Propriedades de potenciação O logaritmo, por sua vez, é definido da seguinte maneira: dados dois nú- meros reais positivos a e b, com a ≠ 1, o logaritmo de b na base a é o número real x, tal que ax = b, ou seja: logab = x → a x = b Exponenciais e logaritmos2 Vamos calcular os logaritmos a seguir: a) log6 36 log6 36 = x 6x = 36 = 62 Logo, x = 2 log6 36 = 2 b) Logo, Observação 1 — Condições de existência dos logaritmos Para que o cálculo do logaritmo seja possível, há algumas condições a serem respeitadas. Repare nas seguintes situações: a) log6(–36) = x → 6 x = –36 Não há solução. Não existe x real que satisfaça essa equação. Logo, o conceito de logaritmo não se aplica. b) log1 10 = x → 1 x = 10 Nesse caso, também não há solução. Devido a isso, para que exista solução, deve-se considerar que: b > 0, a > 0 e a ≠ 1 3Exponenciais e logaritmos Observação 2 — Base 10 Quando a base é omitida na equação de logaritmo, entende-se que a base é 10. O Quadro 2 apresenta as propriedades de operação logaritmo. Propriedade Equação Logaritmo de um produto loga(b · c) = loga b + loga c Logaritmo de um quociente Logaritmo de uma potência loga b n = n · loga b Mudança de base Quadro 2. Propriedades de logaritmos Funções exponencial e logarítmica: domínios e gráficos Uma função é caracterizada pela relação de dependência entre duas ou mais variáveis. Uma variável (y) sempre será definida a partir de outra variável (x) (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). A relação entre x e y pode ser descrita de diferentes formas: como uma função polinomial de 1° grau (função afim), 2° grau (função quadrática) ou de grau maior; como uma função trigonomé- trica; ou como uma função exponencial e logarítmica. Nesta seção, vamos determinar as funções exponencial e logarítmica. Exponenciais e logaritmos4 Função exponencial A função exponencial é a relação entre duas variáveis, onde a variável inde- pendente está no expoente (SAFIER, 2011). O domínio da função exponencial são todos os números reais , e o conjunto imagem consiste em todos os reais positivos . A lei da função é dada por: y = f(x) = ax Onde a é um número real, sendo a > 0 e a ≠ 1. O gráfico da função exponencial é bem característico. Como a base da função exponencial é a > 0 e a ≠ 1, as funções estarão determinadas para 0 < a < 1 e a > 1. Observe a Figura 1. Figura 1. Gráficos de uma função exponencial com (a) a > 0 e (b) 0 < a < 1. Fonte: Adaptada de matma/Shutterstock.com. a) b) Observe que o gráfico da função exponencial sempre interceptará o eixo vertical no ponto (0,1), pois sempre que x = 0 na função f(x) = ax, y(x) será igual a 1. O gráfico da função exponencial será uma curva situada totalmente acima do eixo horizontal. A seguir, teremos a construção de gráfico da função no exemplo, a partir de uma função dada, aplicando valores quaisquer para x. 5Exponenciais e logaritmos Vamos calcular o gráfico da função y(x) = 2x. A construção de um gráfico é similar a das outras funções, utilizando o plano cartesiano. Admitindo valores quaisquer para x e aplicando na função, temos: x y(x) = 2x (x,y) 0 20 = 1 (0,1) 1 21 = 2 (1,2) 2 22 = 4 (2,4) 3 23 = 8 (3,8) 4 24 = 16 (4,16) 5 25 = 32 (5,32) y(x) = 2x 32 16 8 4 2 2 3 4 5 1 10 0 Exponenciais e logaritmos6 Função logarítmica Uma função logarítmica se dá quando há uma variável no logaritmo. Essa função é definida como: y = f(x) = loga x Onde a > 0 e a ≠ 1. Para a função logarítmica, vale a aplicação dos conceitos de logaritmo (ADAMI; DORNELES FILHO; LORANDI, 2015). O domínio da função logarítmica compreende todos os números reais positivos , e o conjunto imagem equivale aos reais . A Figura 2 traz os gráficos de uma função logarítmica. Assim como na função exponencial, na função logarítmica estará definida para a base 0 < a < 1 e a > 1. Figura 2. Gráfico de uma função logarítmica com base: (a) a > 0 e (b) 0 < a < 1. Fonte: Adaptada de matma/Shutterstock.com. a) b) Observe que o gráfico da função logarítmica sempre passará no ponto (1,0), pois somente um número com expoente zero é igual a 1. Outra observação é que o gráfico dessa função sempre estará ao lado direito do eixo vertical. Veja o exemplo a seguir com o cálculo do gráfico da função logarítmica. 7Exponenciais e logaritmos Vamos calcular o gráfico da função f(x) = log3 x. Admitindo qualquer valor para x, temos o seguinte. Para : Assim, calculando para , teremos: x f(x) –2 –1 1 0 3 1 9 2 2 1 0 0 2 4 6 8 10 –1 –2 y(x) = log3 x Exponenciais e logaritmos8 Situações aplicadas envolvendo crescimento e decrescimento exponencial Crescimento e decrescimento exponencial é uma análise muito utilizada em diversas situações. Podemos aplicar ao estudo do crescimento de qualquer população, à matemática financeira calculando os juros compostos sobre uma operação, pode-se obter níveis de radioatividade em um ambiente, resfriamento corporal, entre outras diversas aplicações. A função exponencial é defendida como crescente ou decrescente, de acordo com os valores para a base a. Na Figura 1a, podemos pegar qualquer ponto arbitrário, sendo x1 e x2, onde x2 > x1. Veremos, ainda, que y2 > y1, ou seja, quando o x aumenta, o y também aumenta. Isso se dá porque a base a é maior que 1 (a> 1), portanto, essa função é crescente. Analogamente, na Figura 1b, se selecionarmos pontos em que x2 > x1, veremos que y2 < y1, ou seja, quando o x aumenta, e os valores de y diminuem. Isso ocorre porque a base a está entre 0 e 1 (0 < a < 1), portanto, essa função é decrescente. Vamos ver algumas aplicações a seguir. Crescimento exponencial Um exemplo clássico de crescimento exponencial é sobre a análise do número de indivíduos de uma população. Um grupo de biólogos estudou o processo de reprodução em uma cultura de bactérias, a partir de dados coletados em determinado período de tempo. Foi observado que o número de indivíduos N, em função do tempo t em horas, é dado por: N(t) = 50 · 20,3t Pelo valor da base a, sendo a > 1, pode-se concluir que é uma função expo- nencial crescente. Podemos determinar valores de tempo t para confirmar. Veja: Para t = 0, temos: N(0) = 50 · 20,3(0) = 50 · 1 = 50 indivíduos 9Exponenciais e logaritmos Para t = 1, temos: N(1) = 50 · 20,3(1) = 50 · 20,3 = 61 indivíduos* Para t = 2, temos: N(2) = 50 · 20,3(2) = 50 · 20,6 = 75 indivíduos* Para t = 3, temos: N(3) = 50 · 20,3(3) = 50 · 20,9 = 93 indivíduos* Para t = 10, temos: N(10) = 50 · 20,3(10) = 50 · 23 = 400 indivíduos* *Observação — Nos cálculos do número de indivíduos para t igual a 1, 2, 3 e 10, os resultados foram arredondados para se obter um número inteiro, pois não é possível existir 0,5 indivíduo. Por exemplo, em t = 1, temos N(t) = 61,55 indivíduos, e consideramos N(t) = 61 indivíduos. Analise que, à medida que o tempo aumenta, o número de indivíduos também aumenta, o que caracteriza uma função crescente. Logo, essa função representa um crescimento exponencial. Observe, na Figura 3, o gráfico dessa função. Repare que o eixo vertical representa o número de indivíduos, e o eixo horizontal representa o tempo t em horas. Decrescimento exponencial Um estudo interessante sobre decrescimento é o cálculo de meia-vida de um elemento radioisótopo. Alguns desses elementos são utilizados na área da saúde para diferentes tipos de doenças. O radioisótopo iodo-131, por exemplo, é comumente utilizado para tratamentos de câncer de tireoide. Esses elementos sofrem desintegração, e seu tempo de vida é em função disso. O tempo de meia-vida do iodo-131 é de 8 horas. Isso significa que, decorridas 8 horas, sua atividade será reduzida à metade em relação ao seu valor inicial. Exponenciais e logaritmos10 Figura 3. Crescimento exponencial do número de indivíduos de bactérias. 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 0 10 20 30 40 N(t) = 50 . 20,3t Uma dose de iodo-131 é administrada ao paciente. A função que relaciona porcentagem de iodo-131 após ser administrado em t dias é representada pela seguinte equação: Pelo valor da base a, sendo 0 < a < 1, podemos concluir que é uma fun- ção exponencial decrescente. Podemos determinar valores de tempo t para confirmar. Veja: 11Exponenciais e logaritmos Para t = 0, temos: Para t = 8, temos: Para t = 16, temos: Para t = 24, temos: Para t = 32, temos: Repare que, quando o tempo aumenta, a porcentagem do radioisótopo diminui. Isso é característico de uma função decrescente. Logo, essa fun- ção representa um decrescimento exponencial. A Figura 4 traz o gráfico dessa função, onde o eixo vertical corresponde à quantidade de iodo-131 em porcentagem presente no paciente, e o eixo horizontal corresponde ao tempo em dias. Exponenciais e logaritmos12 Figura 4. Decrescimento exponencial do número de indivíduos de bactérias. 120 100 80 60 20 0 0 20 40 60 40 p(t) = 100 . 1 2( ) t 8 ADAMI, A. M.; DORNELES FILHO, A. A.; LORANDI, M. M. Pré-cálculo. Porto Alegre: Book- man, 2015. ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. v.1. SAFIER, F. Pré-cálculo. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. Leitura recomendada ROGAWSKI, J.; ADAMS, C. Cálculo. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. v. 1. 13Exponenciais e logaritmos MATEMÁTICA APLICADA À ARQUITETURA Humberto Vinício Altino Filho Funções e limites Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir função, conjuntos de domínio, imagem e contradomínio de uma função nos aspectos algébricos e gráficos. Calcular limites de funções. Aplicar a continuidade de funções. Introdução Neste capítulo, serão abordados aspectos relacionados às funções e aos limites como forma de viabilizar o domínio dessas ferramentas matemá- ticas de maneira aplicada na resolução de situações-problema. Esses tópicos matemáticos são muito importantes, visto que existem multivariadas formas de empregá-los em modelos contextualizados e intrinsecamente ligados ao cotidiano, como em análises, relações de interdependência, apresentação de dados e informações, além de cálculos relacionados ao âmbito financeiro e estrutural. Acrescentar dispositivos matemáticos ao repertório de estratégias de solução é algo essencialmente desejável nos mais diversos contextos acadêmicos e profissionais, dadas suas funções e usos. Funções e gráficos A ideia de função está intimamente ligada a uma relação de dependência. Assim, dizemos que um valor y está em função de um valor x, isto é, os valores encontrados para y dependem dos valores que são defi nidos para x. Matematicamente, definimos função da seguinte forma: Dados dois conjuntos A e B ⊂ , não vazios, uma relação f de A e B recebe o nome de aplicação de A em B, ou função definida em A com imagem em B, se, e somente se, para todo x ∈ A existe um só y ∈ B, tal que (x, y) ∈ f (IEZZI; MURAKAMI, 2013, p. 81). Também é possível analisar as condições que uma relação deve satisfazer para ser uma função por meio do diagrama de flechas. É necessário que todo elemento de A tenha um correspondente em B. Fonte: Adaptado de Barreto Filho e Silva (2000). É necessário que cada elemento de A tenha apenas um correspondente em B. Fonte: Adaptado de Barreto Filho e Silva (2000). Também é possível verificar esses critérios por meio da representação gráfica das funções. Para isso, precisamos observar se a reta paralela ao eixo y, passando por x ∈ A, corta o gráfico da função em somente um ponto. Funções e limites2 Fonte: Adaptado de Iezzi, Murakami e Machado (1993). Algebricamente, expressamos uma função pela seguinte notação: f = {(x, y)|x ∈ A, y ∈ B e y = f(x)} Isto é, existe uma sentença y = f(x), que expressa uma lei de formação, a qual, para x ∈ A, determina-se y ∈ B, tal que o par ordenado (x, y) ∈ f. A indicação de uma função f definida em A com imagens em B, de acordo com a lei de formação y = f(x), é feita pela seguinte notação: f: A → B, tal que y = f(x) Por exemplo: f: A → B, tal que y = 3x é uma função que associa a cada x de A um y de B, tal que y = 3x. Domínio, contradomínio e imagem Para toda função f é possível defi nir um conjunto domínio, um conjunto contradomínio e um conjunto imagem. O conjunto domínio (D) é formado pelos elementos x ∈ A, para os quais existe um y ∈ B, tal que (x, y) ∈ f. O conjunto contradomínio (CD), por sua vez, é formado por todos os elementos que podem ser relacionados aos elementos do domínio por meio da função f. Por fim, o conjunto imagem 3Funções e limites (Im) é um subconjunto do contradomínio, sendo formado pelos elementos y ∈ B, para os quais existe x ∈ A, tal que (x, y) ∈ f. Fonte: Adaptado de Iezzi, Murakami e Machado (1993). Graficamente, o domínio (D) “[...] é o conjunto das abscissas dos pontos tais que as retas verticais conduzidas por este ponto interceptam o gráfico de f [...]” (IEZZI; MURAKAMI, 2013, p. 89). Isto é, do conjunto domínio fazem parte os valores de x que possuem correspondentes em y por meio da função f. Já a imagem (Im) “[...] é o conjunto das ordenadas dos pontos tais que as retas horizontais conduzidas por esses pontos interceptam o gráfico de f[...]” (IEZZI; MURAKAMI, 2013, p. 89). Isto é, do conjunto imagem fazem parte os valores de y que possuem
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