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ANOTAÇÕES DE AULA 3 TEORIA DO DIREITO

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ANOTAÇÕES DE AULA 3 TEORIA DO DIREITO 
>ESTA AULA:
O DIREITO NO QUADRO DAS CIÊNCIAS: 
>TEORIA NO DIREITO; 
>TÉCNICA NO DIREITO; 
>ÉTICA E DIREITO.
O DIREITO COMO CIÊNCIA
(Epistemologia Jurídica)
O DIREITO NO QUADRO DAS CIÊNCIAS 
A TEORIA NO DIREITO.
Posição do direito no quadro das ciências 
a) existe uma TEORIA do direito, constituída por todos os estudos que se limitam ao conhecimento do que "é" a realidade jurídica.
O naturalismo, o formalismo e o culturalismo jurídico representam as grandes direções teóricas da ciência do direito.
 
b) existe, também, uma TÉCNICA do direito, que não se limita ao conhecimento do que é, mas dá normas ao "fazer"; indica como fazer uma petição, uma sentença, um recurso, um contrato, uma lei; 
c) podemos falar, ainda, em uma ARTE ou ESTÉTICA do direito, na medida em que os aspectos estéticos, como o estilo da lei, a eloquência judiciária, os símbolos e as vestes talares interferem na vida jurídica;
d) mas o direito é, essencialmente, uma ciência NORMATIVA HUMANA, MORAL; sua finalidade específica é ordenar a conduta social dos homens, no sentido da justiça. 
A TEORIA DO DIREITO
TEORIA (théorein, contemplar; theoria, visão de um espetáculo) Construção especulativa do espírito; construção intelectual para justificar ou explicar alguma coisa. 
Em oposição à prática, a teoria é um conhecimento independente das aplicações; no entanto, isso não significa que a teoria possa estar separada da prática, pois ela nasce da prática e deve estar sempre sujeita à crítica a partir dos acontecimentos. 
Em oposição ao senso comum, a teoria é uma etapa do método científico que se caracteriza pela concepção metódica e sistematicamente organizada sobre determinado assunto.
Parte especulativa de uma ciência; conjunto de princípios fundamentais de uma ciência ou arte; o conhecimento desses princípios; noções gerais; hipótese; conjetura; utopia.
Existe uma teoria do direito. 
Quaisquer instituições jurídicas podem ser estudadas teoricamente. Há uma teoria do Estado, dos contratos, da propriedade, da empresa etc. Há, igualmente, a teoria do Direito Civil, do Direito Empresarial, uma Teoria Geral do Direito etc. São dessa natureza, também, os estudos sobre o homem e seu comportamento no meio social, os estudos do meio físico geográfico, da história, dos costumes, das instituições. 
De ordem teórica ou especulativa são, também, os estudos sobre a estrutura social e os diversos institutos que constituem a realidade social do "Direito". 
A teoria do direito, diz Kelsen, quer conhecer seu objeto. Procura responder à pergunta: que é e como é o direito, mas não à questão de como deve ser ou como convém elaborá-lo. É ciência do Direito (em sentido estrito) e não política do Direito.
Enquanto teoria, que espécie de ciência é o direito? Ciência natural, cultural, formal, metafísica? 
Grandes orientações teóricas sobre a natureza do direito: 
- o NATURALISMO JURÍDICO, 
- o FORMALISMO JURÍDICO e 
- o CULTURALISMO JURÍDICO. 
O NATURALISMO JURÍDICO
No estudo teórico do direito, as concepções naturalistas o reduzem a uma realidade exclusivamente natural ou física. 
Dentro de sua concepção geral - redução do direito a simples fenômeno natural - as correntes naturalistas apresentam diferentes tendências, que divergem na caracterização da realidade jurídica e social: 
a) as CORRENTES FISICISTAS reduzem essa realidade a fenômenos propriamente físicos e mecânicos; podem ser citados: 
- os ensaios de "Mecânica social", de Haret, Portuondo y Barcelo e outros que pretendem aplicar aos fatos sociais as leis da mecânica racional;
- os trabalhos de "Energética social", de Ostwald ou de Solvay, que opõem ao mecanismo outra concepção naturalista: a energia, sujeita aos princípios fundamentais da termodinâmica, constitui a verdadeira substância da matéria, da alma e da vida social;
b) as CORRENTES BIOLOGISTAS procuram reduzir a realidade social a elementos de ordem biológica; estão nesse caso: 
- a teoria organicista, que assimila a sociedade a um organismo vivo ou hiperorganismo: Lilienfeld, Schaffle, De Greef, Espinas, René Worms e, de certa forma, Spencer;
- o "darwinismo" social, ligado ao evolucionismo mecanicista de Darwin, que transporta para o plano da sociedade o princípio da luta pela vida (struggle for life); a história é o resultado de luta de raças (Gumplovicz) ou de povos (Oppenheimer);
- as concepções racistas de Gobineau, Chamberlain, Lapouge e outros;
- a escola antropológica de direito penal: o crime é uma fatalidade biológica e os indivíduos nascem delinquentes, como nascem idiotas, cegos ou surdos; é o pensamento de Lombroso, que teve continuadores em Ferri, Garofalo;
c) as CORRENTES PSICOLÓGICAS, cuja tendência é explicar a vida social através de fenômenos psicológicos, como: 
- a teoria da imitação de Gabriel Tarde: as ciências sociais nada devem esperar da biologia; na realidade elas constituem uma "Psicologia intermental" ou uma "interpsicologia"; para Tarde, o fenômeno social fundamental é a imitação, em sentido amplo; e o método social básico é a introspecção; invenção e imitação explicam toda a vida social; 
- a psicologia social, de MacDougall e a psicologia das multidões, representada por Gustave Le Bon, Wundt, Lazarus, Sighele e outros, que sustentam a existência de leis próprias do psiquismo coletivo; 
- a extensão da teoria psicanalítica de Freud ao plano social, de que é exemplo seu livro Totem e tabu, que se apresenta como uma interpretação da vida dos povos primitivos pela Psicanálise e das normas sociais por elementos de ordem sexual; 
- a psicossociologia americana e, especialmente, a "teoria social do espírito", de George Mead, autor de O espírito, eu e a sociedade (Mind, self and society): que define a realidade social como um "conjunto dinâmico de respostas e comportamentos diante de estímulos diferenciados";
d) as CORRENTES DO NATURALISMO SOCIOLÓGICO OU "SOCIOLOGISTAS" afirmam:
- a especificidade do social: o fato social não se reduz a fatos correntes sociologistas, psicológicos, biológicos, ou químicos; os fatos sociais, diz Durkheim, não são simples produtos de consciências individuais, mas o resultado de uma "consciência coletiva"," distinta das consciências subjetivas, síntese original em relação a estas, tal como a célula viva é uma síntese original em relação aos átomos que a compõem;
- tais fatos - os fenômenos sociais -, como os fenômenos biológicos, químicos ou físicos, são simples fenômenos naturais, regidos pelo mesmo princípio determinista, que rege aqueles setores da natureza, e devem ser estudados por uma ciência natural, que Augusto Comte denomina "física social" ou "sociologia"; 
- essa é a única ciência geral da sociedade; o Direito, a Política, a História são ciências sociais especializadas.
Entre as escolas representativas da corrente sociologista, podem ser indicadas: 
- a Escola Sociológica francesa, inspirada no pensamento de A. Cocote, fundada por E. Durkheim e desenvolvida por Lévy-Bruhl, Georges Davy e outros; 
- a doutrina sociológico-jurídica de L. Duguit e na Alemanha a sociologia jurídica de Niklas Luhmann; 
- a corrente da jurisprudência sociológica, de Holmes, Cardozo e Roscoe Pound, nos Estados Unidos; 
- o sociologismo economicista de inspiração marxista, sustentado na Rússia por Pashukanis, Stuchka e outros. 
O FORMALISMO JURÍDICO
Com o objetivo de fazer uma "Teoria Pura do Direito", Kelsen elimina do campo da ciência jurídica propriamente dita: 
a) todos os elementos sociológicos ou dados da realidade social, que constituem objeto da "Sociologia do Direito"; 
b) todas as considerações sobre valores, como a justiça, a segurança, o bem comum, ou outros, cujo estudo cabe à Filosofia do Direito. 
Feitas essas duas "purificações", resta para a ciência jurídica a consideração do direito como pura norma. O objeto da ciência jurídica é conhecer normas e não prescrevê-las. 
Ao jurista propriamente dito, ao contrário do sociólogo ou do filósofo do direito, não interessa o conteúdo ou o valor dasnormas, mas apenas sua vinculação formal ao sistema normativo. 
Direito é norma. 
E norma é uma proposição hipotética (condicional), cuja estrutura é a seguinte: 
"Se A é, deve ser B".
Em que A é a condição jurídica (por exemplo, um furto) e B a consequência jurídica (no caso, a pena de prisão). Ou, de outra forma, dada a não prestação, deve ser a sanção: 
"Dada a não P, deve ser S". 
Se o cidadão não votou, deve ser multado; se o inquilino não pagou o aluguel, deve ser despejado; se o contrato não respeitar condição essencial, deve ser anulado; dessa categoria são todas as normas de que se ocupa o direito. E, como diz Kelsen, "essa categoria do direito tem caráter puramente formal"." 
Dessa norma, formalmente considerada, e não de seu conteúdo é que se ocupa a ciência ou a teoria pura do direito.
O CULTURALISMO JURÍDICO 
Na perspectiva das concepções culturalistas, a ciência do direito deve partir de uma distinção preliminar entre "natureza" e "cultura" e consequentemente entre: 
- ciências naturais, como a física, a química, a biologia etc., que se ocupam da natureza física ou material e; 
- ciências culturais ou humanas, como a história, a economia, a sociologia e outras que se ocupam do espírito humano e das transformações que ele introduz na natureza. 
Essas transformações ou realizações do espírito humano constituem os "objetos culturais". Nestes podem distinguir-se dois elementos: 
- o suporte ou substrato; 
- o sentido ou significado. 
Num utensílio, num gesto, num escrito pouco adianta conhecer ou descrever a realidade física, que é apenas o "suporte" de um "sentido". O importante é compreender esse sentido ou significação, que está sempre ligado a um valor, porque o homem sempre age em função de valores. 
Assim, o direito não é uma simples realidade física ou natural (naturalismo), nem um esquema meramente formal (formalismo), mas um objeto cultural, isto é, uma realização do espírito humano, com um suporte (ou substrato) e uma significação. 
Segundo Carlos Cóssio, esse suporte ou substrato pode ser: 
- um objeto "físico", como o mármore, o papel, a tela, e teremos então objetos culturais "mundanais" e objetivos;
- ou a própria "conduta humana" subjetiva, pois é inegável que a vida humana "biográfica" - distinta da "biológica" - é também uma realidade ou objeto feito pelo homem: a vida humana não nos é dada feita, nós é que a fazemos no esforço de cada dia; em oposição aos objetos culturais "mundanais", diz Cóssio, a conduta humana é um objeto cultural "egológico" (de "ego") ou subjetivo. 
Essa distinção fixa as duas orientações das correntes culturalistas: 
- a teoria cultural objetiva, de que são representantes, entre outros, Dilthey, Spranger, Schmidt, Ortega y Gasset, Recaséns Siches; 
- a teoria "egológica" do direito, representada por Carlos Cóssio, Aftalion e outros, para quem o objeto da ciência do direito não é a "norma" objetiva, mas a "conduta em interferência intersubjetiva".
A TÉCNICA NO DIREITO 
Existirão no campo do direito elementos de ordem técnica? Será o direito uma técnica?
A técnica - ciência técnica, em sentido amplo - é um dos ramos da ciência prática ou normativa. 
Seu objeto é o estudo ou o conhecimento das "normas" para "fazer" corretamente alguma coisa. Nesse sentido, a arquitetura, a cirurgia ou a contabilidade, como técnicas, consistem fundamentalmente no conhecimento das "normas" para "fazer" corretamente planejamentos, operações cirúrgicas ou escriturações de contas. 
Os antigos definiam a técnica como a recta ratio factibilium, 
em oposição à ciência moral, definida como recta ratio agibilium. 
A ciência técnica e a ciência moral consistem sempre em saber: "fazer" corretamente, no primeiro caso, saber "agir", no segundo. 
Existe uma técnica jurídica? Qual o seu alcance? 
É inegável a existência de aspectos técnicos no campo do direito: 
técnica processual, 
técnica na interpretação das leis,
técnica na formulação da sentença etc. 
A TÉCNICA JURÍDICA ABRANGE MÚLTIPLOS SETORES: 
técnica de elaboração das normas jurídicas; é a técnica legislativa, que inclui todo o processo de feitura das leis, desde a apresentação do projeto: sua redação, discussão, aprovação até sua sanção e publicação;
técnica de interpretação das leis; é a hermenêutica jurídica ou técnica de interpretação, definida por Carlos Maximiliano, como “o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito";
técnica de aplicação das normas jurídicas aos casos concretos; essa aplicação pressupõe a interpretação, mas não se confunde com ela; "aplicar o direito" significa enquadrar um caso concreto na regra ou norma jurídica adequada, o que pressupõe o conhecimento do sentido e alcance da norma jurídica e, portanto, sua interpretação; 
a "aplicação" é a operação final, posterior ao exame do "significado" da norma; é nessa acepção que os vocábulos figuram no título da obra clássica de Carlos Maximiliano: Hermenêutica e Aplicação do Direito.
A aplicação do direito aos casos concretos não é feita apenas pelos juízes, mas por quaisquer autoridades ou particulares sempre que estejam enquadrando casos concretos nas leis ou outras regras jurídicas vigentes: aplicação de multas, celebração de contratos, registros de documentos. 
técnica processual para conduzir uma ação em juízo: "processo", define Chiovenda, é o "complexo dos atos coordenados ao objetivo da atuação da vontade da lei (com respeito a um bem que se pretende garantido por ela) por parte dos órgãos da jurisdição ordinária".
O Código de Processo Civil fixa as normas disciplinares de todo o processo civil: desde petição inicial, citações, notificações e intimações, contestação, reconvenção, despachos do juiz, provas, audiência, sentença, recursos e execução das sentenças.
O Código de Processo Penal estabelece as normas que regem os processos em matéria penal, regulando inquérito policial, denúncia pelo Ministério Público, provas, exame do corpo de delito, perícias, interrogatório do acusado, testemunhas, prisão em flagrante, prisão preventiva, julgamento, sentença, recursos, execução das penas, livramento condicional, graça, indulto, anistia, reabilitação.
O mesmo ocorre com o processo trabalhista, o processo fiscal, o processo administrativo.... 
Tecnicismo, utilitarismo, pragmatismo
Em todos esses aspectos, a técnica jurídica se caracteriza como um conjunto de normas destinadas à efetiva realização do direito em determinado meio social. Ou, como diz Pontes de Miranda, o "conjunto de meios para procurar e fixar as regras jurídicas (técnica legislativa) ou interpretá-las e aplicá-las (técnica exegético-executória)".
Ou ainda, no dizer de Kohler, "técnica jurídica é o processo de pesquisa do justo, segundo o direito vigente".
São tão amplos os aspectos técnicos no campo do direito que alguns autores pretendem reduzir todo o direito a uma técnica. Para esses autores, como diz um de seus representantes, Adolfo Ravá: o direito é o meio para a manutenção da sociedade. É significativo, nesse sentido, o título de seu trabalho: "O direito como norma técnica". Considerar o direito como norma técnica, diz Ravá, embora possa, à primeira vista, parecer um paradoxo, não está muito longe do conceito que dele fazem comumente os juristas e os leigos. As normas jurídicas são consideradas e tratadas pelos legisladores e pelo povo como "meios" para obter determinados "efeitos" e alcançar determinados "fins", isto é, normas de caráter "instrumental", meios adequados para chegar a determinados fins.
Outros autores consideram também o direito como simples instrumento para a manutenção da sociedade, mas concebem a moral igualmente como simples meio, dentro de uma concepção utilitária da vida. 
As doutrinas utilitaristas negam ao direito um fundamento ético ou moral, e reduzem a justiça à utilidade. Suas origens históricas podem ser encontradas na escola hedonista ou cirenaica, de Aristipo, cujas ideias foram desenvolvidas em Atenas, por Epicuro. Nos temposmodernos, o utilitarismo foi retomado, principalmente na filosofia inglesa, por Jeremias Bentham (1748-1832), J. Stuart Mill (1806-1837) e H. Spencer (1820-1903).
Na mesma linha, deve ser mencionada a concepção pragmatista e, especialmente, o pragmatismo jurídico. Partindo de uma teoria do conhecimento, a doutrina pragmática pode resumir-se, conforme Duguit: "A verdade de uma afirmação se julga pelo valor de suas consequências ou resultados". A eficácia é o critério da validade de qualquer conhecimento. O pragmatismo desenvolveu-se principalmente nos Estados Unidos, com Ch. Pierce (1893-1914), William James (1842 1910), John Dewey (1859-1928) e outros, que o aplicaram ao campo da educação, da política, do direito e das demais ciências humanas. 
O pragmatismo jurídico foi uma das concepções da moda na primeira parte do século XX, até as duas guerras mundiais.
É inegável que a técnica ocupa importante setor no campo do direito. É ela o instrumento que o especialista deve utilizar com perfeição para alcançar os resultados que constituem a finalidade, a razão de ser do direito, isto é, a justiça. 
Arte e direito
Arte ou estética do direito. 
Em sentido lato, "técnica" e "arte" se identificam. 
Etimologicamente, o vocábulo "técnica" provém do grego techné, que significa "arte". Nesse sentido a medicina é "arte" de curar e a engenharia "arte" de construir. 
Entretanto, em sentido estrito, a arte, propriamente dita, ou estética, refere-se à produção do "belo". Distingue-se, por aí, da técnica, cujo objeto é o "útil". 
Haverá no direito elementos de ordem artística? Existirá uma estética do direito? 
Observou Radbruch que, como toda manifestação da cultura, o direito carece também de meios materiais de expressão. Exemplos: a linguagem, os trajes, os símbolos, os edifícios. E, como todos os meios de expressão material, também aqueles que o direito utiliza são suscetíveis de uma valoração estética. 
O direito pode ser também matéria de arte e entrar deste modo no domínio da estética: estética do direito. 
O estilo do direito é uma linguagem fria. Renuncia a toda nota sentimental. E áspera. Dispensa, também, toda indicação de motivos. É sóbria e concisa, renunciando igualmente a toda doutrinação das pessoas a quem se dirige. 
Assim se explica a pobreza intencional do chamado "estilo lapidar" da lei, que serve para exprimir, com uma clareza inexcedível, a forte consciência que o Estado tem de si mesmo quando ordena. 
Os Códigos mais importantes de cada país representam, ao mesmo tempo, os grandes monumentos do respectivo idioma. Na redação do Código Civil brasileiro de 1916, Rui Barbosa e Carneiro Ribeiro travaram as discussões mais profundas sobre a língua portuguesa.
A oratória forense, os símbolos do direito, a toga do magistrado, a beca do advogado, constituem outros tantos elementos estéticos que encontramos no direito.
A ÉTICA E O DIREITO - O DIREITO COMO CIÊNCIA NORMATIVA ÉTICA 
A posição do direito no quadro das ciências 
As ciências, em sua acepção mais ampla, podem ser classificadas em três modalidades fundamentais: 
- algumas se limitam a conhecer "o que é"; são as ciências teóricas ou especulativas; 
- outras procuram orientar a conduta dos homens, indicando-lhes "como agir"; são as ciências éticas ou morais; 
- outras orientam a atividade produtiva ou as realizações externas do homem, indicando-lhe "como fazer"; são as ciências técnicas ou artísticas. 
QUAL A POSIÇÃO DO DIREITO, DENTRO DESSE QUADRO? 
Um dos problemas centrais da epistemologia jurídica. 
Sobre ele dividem-se autores e correntes. 
Alguns tendem a reduzir o direito a uma "teoria" pura. 
Outros, a uma simples "técnica". 
Outros, ainda, a mero capítulo da "moral". 
Os aspectos teóricos, técnicos e éticos do direito não se excluem, mas se completam. 
O direito pode ser considerado sob a tríplice perspectiva de teoria, técnica e ética. A divergência entre as escolas situa-se principalmente na preeminência atribuída a esses diferentes aspectos. 
É inegável a existência de uma "teoria" e uma "técnica" e uma "ética" no direito. E cada uma tem sua função. Mas o direito é, essencialmente, uma ciência "ética", moral ou humana. Ou, de forma mais precisa, uma ciência normativa ética. 
A finalidade do direito não é o simples conhecimento "teórico" da realidade jurídica, embora esse conhecimento seja importante. Não é também a formulação de quaisquer regras "técnicas", eficazes e úteis, apesar da grande importância da técnica jurídica. 
A finalidade do direito é dirigir a conduta humana na vida social. 
É ordenar a convivência de pessoas humanas. É dar normas ao "agir", para que cada pessoa tenha o que lhe é devido. 
É, em suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça.
O direito insere-se na categoria das ciências normativas do agir, também denominadas ciências éticas ou morais, em sentido amplo. 
O vocábulo "moral" pode ser empregado em duas acepções diferentes. 
- Uma, estrita, que identifica moral com a disciplina dos atos humanos, fundada na consciência. 
- Outra, mais ampla, abrangendo todas as ciências normativas do agir humano; pedagogia, política, direito moral em sentido estrito. Muitos preferem reservar a palavra "ética" para essa acepção ampla. 
De acordo com Vicente Ráo, "Moral e Direito têm um fundamento ético comum".
Para Jellinek, o direito é o "mínimo ético", isto é, o estritamente necessário para a convivência social. 
O objeto da ciência do direito
Essa caracterização do direito como ciência ética não é acessória, mas essencial, porque decorre de seu próprio objeto. 
Toda ciência se caracteriza essencialmente por seu objeto. E este se divide em material e formal. Objeto material é o setor da realidade de que se ocupa cada ciência. Objeto formal é o aspecto pelo qual a ciência considera ou estuda esse setor da realidade. 
O objeto material das ciências éticas é a atividade humana. 
O objeto formal é o bem. 
Elas têm por objeto ordenar ou dirigir a atividade humana no sentido de bem, seja o bem pessoal, seja o bem comum. 
Qual o objeto do direito? 
O objeto material do direito é o homem vivendo em sociedade. 
E a atividade social do homem, ou, como diz Cóssio, é a "conduta humana em interferência intersubjetiva". 
O homem vive em sociedade, e esta implica necessariamente relações de família, relações econômicas, políticas, profissionais. Essas relações constituem a matéria do direito. O direito se refere sempre a ações humanas. 
Mas o direito se ocupa dessa matéria sob um aspecto especial: o da justiça. 
Importa ao direito que, nas relações sociais, uma ordem seja observada: que seja assegurada a cada um aquilo que lhe é devido, que a justiça seja realizada. O objeto formal do direito é a justiça. 
O direito reúne, assim, as duas características de uma ciência normativa ética: 
tem por objeto material a "atividade humana" (social); 
e por objeto formal o "bem", em um de seus aspectos fundamentais, que é a justiça; a justiça é o "bem em relação a outrem", definiu Platão. 
O DIREITO É FUNDAMENTALMENTE UMA CIÊNCIA NORMATIVA ÉTICA. 
Ou, como diz Del Vecchio, o Direito direito é a coordenação objetiva das ações possíveis entre vários sujeitos, segundo um princípio ético que a determina.
Ciência da liberdade
O direito pertence à categoria geral das ciências morais ou humanas. Ciência moral é no sentido lato toda ciência que tenha por objeto ordenar a atividade ou o comportamento humano. No sentido estrito e limitado, refere-se à moral individual ou pessoal. 
Como a característica fundamental da atividade humana é a liberdade, podemos dizer que o direito é ciência da liberdade. 
Nesse sentido o direito é uma das ciências éticas, ao lado da moral (em sentido estrito). 
Sob esse aspecto, coloca-se o problema da distinção entre o "direito" e a moral (em sentido estrito). 
A afirmação de Paulo: "Nem tudo que é lícito é honesto" ("non omne quod licet honestum est"), mostra um aspecto prático dessa distinção entre direito (lícito) e moral (honesto), mas não apresenta nenhum critério objetivopara distingui-los. 
Só em época relativamente recente, no início do séc. XVIII, surge com Cristiano Tomasio uma explicação fundamentada dessa distinção: a moral se refere só ao foro interno (forum internum) e o direito ao foro externo (forum externum), consequentemente a moral não é coercível, mas o direito é.
Del Vecchio sintetizou: o Direito constitui a ética objetiva e a moral, a ética subjetiva .
A justiça representa o valor fundamental ou o objeto formal do direito. Como disse Brunschvicg: "Em cada um dos juízos do direito, é a justiça em que está em causa" .
Mas é preciso ter presente que a palavra ampla "justiça" é aí empregada em sua acepção mais ampla. Estende-se não apenas à justiça particular (comutativa e distributiva), mas também à justiça social ou geral, que tem por objeto o bem comum. 
As noções de ordem pública, segurança, interesse social e outras semelhantes, contidas na noção de bem comum, estão também contidas no conceito de "justiça". 
Esse mesmo pensamento é assim exposto por Geny: "No fundo, o Direito não encontra seu conteúdo próprio e específico senão na noção de 'justo', noção primária, irredutível e indefinível, que implica, essencialmente, não apenas os preceitos elementares de não prejudicar a ninguém (neminem laedere) e de dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere), mas também o pensamento mais profundo de um equilíbrio a estabelecer entre os interesses em conflito, com a finalidade de assegurar a 'ordem' essencial à manutenção e ao progresso da sociedade humana".
O direito não é uma ciência natural, a estudar as manifestações da vida social e humana como se fossem "coisas" ou simples fenômenos físicos. 
O homem não é um "objeto" passivo, nem mero espectador da realidade. Dentro de certos limites, é ele que imprime ordem no mundo. 
E o direito é, de certa forma, instrumento dessa ação transformadora do homem. 
NORMAS DE TÉCNICA LEGISLATIVA: Lei Complementar n° 95, de 26 de fevereiro de 1998
NORMAS DE TÉCNICA LEGISLATIVA: Lei Complementar n° 95, de 26 de fevereiro de 1998
LEI COMPLEMENTAR Nº. 95, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1998
Observação: esta relação de perguntas é meramente sugestiva/ilustrativa; não esgota os conteúdos lecionados e nem deve ser considerada como proposta a uma reprodução literal por ocasião da avaliação regimental.
Conteúdo Programático: normas de técnica legislativa.
Objetivos desta atividade: conhecer e identificar as partes que compõem um texto de lei - redação das leis.
Identifique as partes (apresentação formal dos atos legislativos) que compõem o texto da lei que segue abaixo, no caso, o Código Civil:
(A)EPÍGRAFE LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 
(B)EMENTAInstitui o Código Civil. 
(C)PREÂMBULOO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço  saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
P A R T E    G E R A L
LIVRO I
DAS PESSOAS
TÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I
Da Personalidade e da Capacidade
(D)ÂMBITO E OBJETOArt. 1° Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
Art. 2° A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 3° São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. [...]
[...] LIVRO COMPLEMENTAR
DAS Disposições Finais e Transitórias
(E)CLÁUSULA DE VIGÊNCIAArt. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação. 
(F)CLÁUSULA DE REVOGAÇÃOArt. 2.045. Revogam-se a Lei n° 3.071, de 1° de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei n° 556, de 25 de junho de 1850. 
Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legislativos, aos Códigos referidos no artigo antecedente, consideram-se feitas às disposições correspondentes deste Código.
(G)FECHOBrasília, 10 de janeiro de 2002; 181° da Independência e 114° da República. 
(H)ASSINATURAFERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
(I)REFERENDAAloysio Nunes Ferreira Filho 
EXEMPLO:
CÓDIGO CIVIL
PARTES:
PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL
LIVROS
TÍTULOS
CAPÍTULOS
SEÇÕES
SUBSEÇÕES
Art.
1° a 9°
Art. 10.
Parágrafo Único
§ 1°
I inciso
a) alínea
1 item

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