apx1 libras

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO
 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
 
	Nome: 
	Matrícula: 
	
	
	 
	
DISCIPLINA: LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Coordenação: VERA REGINA LOUREIRO
APX1 2020.2
Questão 1 (1 ponto)
Complete as lacunas abaixo, marcando a opção correta.
Para a medição da audição em crianças existem dois tipos de testes que são os mais aplicados. O primeiro direcionado para os bebês e o segundo para crianças
pequenas.	São	eles	os	 potenciais evocados	e	a
 avaliação auditiva comportamental	.
a) (X) potenciais evocados (exame de emissões otoacústicas) e avaliação auditiva comportamental.
b) ( ) medidores auditivos e audiometria bimodal.
c) (	) sistemas de comunicação e audiometria vocal.
d) (	) medidores auditivos e audiometria tonal.
Questão 2 (1 ponto)
Assinale a causa de surdez na infância que ocorre no período peri –natal.
a) (	) meningite
b) (	) rubéola congênita
c) (	) anóxia no parto
d) ( x	) medicamentos ototóxicos
Questão 3 ( 1 ponto)
Paloma tem 8 anos e é uma criança muito esperta e alegre. Nasceu surda, em ambos os ouvidos, pois sua mãe contraiu rubéola no 3º mês de gravidez. Em sua família não há outros surdos.
Sobre as principais causas de surdez na infância e os períodos de sua ocorrência, analise as afirmativas a seguir:
I- A surdez de Paloma ocorreu no período peri-natal pois sua mãe teve uma infecção bacteriana.
II- A principal causa da surdez de Paloma foi a rubéola que sua mãe adquiriu durante a gestação, ou seja, no períodopré-natal. As causas da surdez pré-natal podem ser a hereditariedade, a rubéola congênita e fatores genéticos.
III- A surdez peri-natal acontece durante o parto do bebê.
Assinale o item correto:
a) (	) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
b) (x) Afirmativas II, III e IV estão corretas.
c) (	) As afirmativas I e II estão incorretas.
d) (	) Apenas a II está correta.
Questão 4 (1,5 ponto)
Sobre as abordagens educacionais apresentadas no texto “Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos”, da professora Cristina Lacerda (1998), assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas:
(V) Para os oralistas, a linguagem falada é prioritária como forma de comunicação dos surdos e a aprendizagem da língua oral é preconizada como indispensável para o desenvolvimento integral das crianças.
(V) O objetivo da educação bilíngue é que a criança surda possa ter um desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao verificado na criança ouvinte, e que possa desenvolver uma relação harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso às duas línguas: a língua de sinais e a língua majoritária.
(F) A oralização é o objetivo da comunicação total e a principal área trabalhada para possibilitar a integração social do indivíduo surdo.
(V) A educação bilíngue defende a ideia de que a língua de sinais é a língua natural dos surdos e que, mesmo sem ouvir, estes podem desenvolver plenamente uma língua auditiva oral.
(V) A Comunicação Total é a prática de usar sinais, leitura orofacial, amplificação sonora e alfabeto digital para fornecer inputs linguísticos para estudantes surdos.
Questão 5: ( 1,5 pontos)
Correlacione as colunas em relação à visão de sujeito surdo nas diferentes abordagens educacionais.
	
1- Abordagem	Oralista
	
(3)	Surdos	vistos	como	minoria linguística e cultural, com identidade
surda.
	2- Abordagem da Comunicação Total
	(1) Vistos como deficientes auditivos, ouvintes imperfeitos.
	
3- Abordagem Bilíngue
	
(2) Vistos como diferentes.
Questão 6 (1 ponto):
Considere as duas cenas abaixo do filme “Mr. Holland - Adorável Professor”.
CENA 1
Mr. Holland chegando em casa e conversando com sua esposa:
Mr. Holland: Gostou do desfile? Esposa: Cole tem algum problema. Esposa:	O que? Não sei. Tentei coisas diferentes, vim por trás dele batendo	panelas,	gritando	seu nome... batendo o pé no chão.
Mr. Holland: Ele se virou quando fez isso? Pensou que era brincadeira?
Esposa: Acho que ele é surdo.
CENA 2
Mr. Holland e sua esposa na 1ª consulta com o médico:
Médico: Cole só tem 10% da audição. Treinando, ele aprenderá a	usar o que tem. Tratem-no como se fosse normal. Falem como se ouvisse. Percebi que Cole usa gestos para ser entendido. Eu os previno, não lhe respondam com gestos. Os gestos não vão ajudá-lo a achar lugar no	mundo	dos	que	ouvem.	Quando crescer, há escolas que o ajudarão a achar a sua voz.
A partir destas cenas é possível notar a descoberta da surdez pela esposa de Mr. Holland e a ida ao médico para constatar a suspeita. Sobre o momento do diagnóstico de surdez emitido pelo médico e as indicações prescritas, qual a abordagem predominante na cena 2 na visão do especialista?
a) ( ) A abordagem gestualista cuja prioridade era o uso dos sinais.
b) ( ) A abordagem bilíngue que propõe que seja prioritário o aprendizado da Língua de Sinais.
c) ( x ) A abordagem oralista que exigiu dos surdos que se reabilitassem e superassem sua surdez através da fala e, de certo modo, que se comportassem como se não fossem surdos.
d) ( ) A abordagem da Comunicação Total que utiliza todas as formas possíveis de comunicação.
e) ( ) A abordagem bilíngue que trazia uma preocupação com o desenvolvimento linguístico do surdo.
Questão 7 ( 1 ponto)
Sabe-se que para os oralistas a língua falada é prioritária como forma de comunicação e aprendizagem dos surdos. No filme “Sou surda e não sabia” podemos ver a escola especial para surdos de base oralista onde Sandrine teve seu primeiro contato com crianças surdas e fez suas primeiras amizades. Esta abordagem perdurou na educação de surdos por muitas décadas, resultando em fracasso escolar na maioria dos casos.
2
No filme “Mr. Holland”, na cena na cozinha da casa, podemos observar o momento em se evidencia a dificuldade de comunicação entre a mãe ouvinte e o filho surdo e o descontentamento com o oralismo.
Apresente as principais críticas à abordagem oralista.
Resposta: Embora já tenha muitos avanços, todo tipo de deficiência ainda é vista como um tabu na sociedade, principalmente pelas dificuldades que impõem e suas limitações. Na abordagem oralista, embora a proposta Inicial seja de proporcionar práticas que possam desenvolver fluentemente a comunicação através da fala oral, fica evidente que as famílias buscam através do diagnóstico precoce uma alternativas que os possam voltar a enxergar seus filhos como pessoas normais, ainda que esse processo seja difícil e doloroso para o deficiente auditivo pois eles tem a sua maneira de comunicar-se que é através de gestos. É primordialmente necessário que todo o núcleo familiar de um deficiente esteja pronto para essa aceitação, no caso de Sandrine ela viu-se obrigada a participar de uma sociedade excludente onde a meta dos professores na escola consistia na sua reeducação, assim como outros profissionais que ela frequentava (fonoaudiólogo e psicólogos). Em cada imposição da fala, na tentativa de aproximação da normalidade, Sandrine se frustrava. Na abordagem oralista, a aceitação é uma incoerência e integração é regida pelo esforço individual do deficiente, como se tudo se resumisse ao som da fala, os gestos da boca. Quando o professor Holland não aceita a surdez do filho, e tenta fazer uso dos métodos oralistas, ele faz com que limite-se ainda mais a comunicação, comprometendo a afetividade e confiança na relação pai e filho, afinal tudo parte do princípio da aceitação. No momento em que a mãe toma as rédeas e decide seguir o que é melhor para o filho, centralizando nele suas perspectivas e não mais na visão de sociedade, é o momento em que viu-se fluir o progresso gradativo de Cole. 
Embora, segundo o texto, o oralismo tenha sido considerado mais adequado em 1880 no Congresso Mundial de Educação de Surdos, o método impôs uma visão metodológica da integração por meio de sistemas segregados de ensino. Era de total responsabilidade do indivíduo surdo esforçar-se para comunicar-se sem fazer uso de gestos, porém observou-se que boa parte dos surdos não conseguiram a aquisição da língua falada e sua respectiva compreensão, aocontrário, era crescente o índice de surdos analfabetos. O método previa, por exemplo, que era possível ensinar crianças surdas de 1 ano a leitura labial, o que segundo a autora “elas terão de entrar em contato com essas palavras de modo descontextualizado de interlocuções efetivas, tornando a linguagem algo difícil e artificial . (... ) É muito difícil para uma criança surda profunda, ainda que "protetizada ", reconhecer, tão precocemente, um a palavra através da leitura labial . Limitar-se ao canal vocal significa limitar enormemente a comunicação e a possibilidade de uso dessa palavra em contextos apropriados. O que ocorre praticamente não pode ser chamado de desenvolvimento de linguagem , mas sim de treinamento de fala organizado de maneira formal , artificial , com o uso da palavra limitado a momentos em que a criança está sentada diante de desenhos, fora de contextos dialógicos propriamente ditos, que de fato permitiriam o desenvolvimento do significado das palavras. Esse aprendizado de linguagem é desvinculado de situações naturais de comunicação , e restringe as possibilidades do desenvolvimento global da criança ”. 
 
 
Questão 8 (2 pontos)
Para Vera Loureiro, Vygotsky colocava o problema da educação de surdos como o mais difícil da pedagogia por se fundamentar na contradição com a natureza da criança e reconhecia, já em um primeiro estudo, realizado em 1925, “a linguagem dos gestos” como natural para as pessoas surdas. No tocante à questão da surdez, o autor apresenta reflexões particularmente voltadas para a linguagem, considerada por ele como o núcleo do problema, e passa, no decorrer de seus estudos, a perceber a língua gestual utilizada pelos surdos como uma 1 própria. Para ele,...a mímica é uma linguagem verdadeira em toda a riqueza de sua importância funcional, enquanto a pronúncia oral das palavras formadas artificialmente está desprovida da riqueza vital e é somente uma cópia morta da linguagem viva.
O aprofundamento de suas reflexões acerca da linguagem dos surdos serve-lhe de subsídio para as discussões sobre pensamento e linguagem. O autor conclui que certas formas de pensamento e de abstração dependem da linguagem.
No documentário o Viajante da Mente podemos acompanhar casos de sujeitos surdos que não tiveram oportunidade de adquirir a língua de sinais.
Analise as dificuldades de aquisição de língua(gem) enfrentadas pela pessoa surda em grupos de ouvintes, ilustrando com situações abordadas no documentário sobre os 3 irmãos mexicanos e Lucy Doe.
Resposta:A linguagem de sinais é desenvolvida de forma natural nas crianças surdas, uma forma de linguagem totalmente autônoma que se desenvolve independente por meio das mãos e está voltada para os olhos. Porém muitas vezes sofrem repressão dos pais por estes desconhecerem a realidade, e a não aceitação, da linguagem de sinais como forma de comunicação. Dentro de casa é comum uma criança surda comunicar-se através de gestos, mas somente isso não é o suficiente para sua comunicação total, é apenas a expressão de suas necessidades básicas, fazendo com que seus sentimentos, pensamentos e organização de ideias fiquem reprimidos. 
O documentário dos irmãos mexicanos conta a história de uma família pobre onde os pais não haviam recursos para colocarem os filhos em uma aula de ensino da língua de sinais, em decorrência disso, então eles passaram comunicar-se com o uso de uma língua própria, inventada por eles mesmos. Observo que é através da convivência diária que os ouvintes passam a compreender a visão de mundo dos surdos, o que lhes falta não é a linguagem, mas sim a fala. A conexão entre os pais e os irmãos passaram a ser um única e dinâmica, dividindo o mundo que lhes são singular. É necessário erradicar a ideia de incapacidade dos surdos, como se a língua oral fosse algum tipo de limitação pois eles são indivíduos completos e coerentes, feitos de uma plenitude que não requer essa oralidade.
 Na linguagem de sinais cada qual possuem gestos que são muito individuais, onde cada pessoa tem sua própria descrição que não é compartilhada com mais ninguém, mesmo que seja entendido por todos ele não pode ser copiado ou repetido por outra pessoa, portanto, de forma geral, cada um tem sua própria linguagem. Há uma necessidade latende em passarmos a vivenciar um mundo de trocas, estarmos aberto a essas novas potencialidades, a linguagem transforma o ser humano e sua forma de conceber o mundo.
A história de Lucy Doe é um caso quase inacreditável, uma mulher adulta de linguagem extremamente particular, comunicava-se por meio de mímicas com uso de um vocabulário só dela, já que não tinha um lar nem fazia parte de um grupo social, vivendo como andarilha e se prostituindo para sobreviver. Sua comunicação gestual bem rápida demonstrava sua agonia em querer ser entendida e expor seu pensamento. A questão da estrutura da memória na falta de linguagem torna-se muito complexa, apesar de ter histórias do passado Lucy não consegue externalizá-las com clareza e compreensão, tudo parece estar fora de contexto. A falta de linguagem consequentemente leva a exclusão cultural. Daí que Vygotsky (1989, ibid., p. 5), em seus estudos, defendia a poliglossia como “via inevitável e a mais frutífera para o desenvolvimento da linguagem e da educação da criança surda-muda” já que, para ele, era por meio da linguagem que se desenvolviam os processos psicológicos superiores (pensamento abstrato, atenção voluntária, percepção, memória etc.).