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colocaçao pronominal

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1
2
Material didático do curso a distância:
Atualização Gramatical
Validação pedagógica e diagramação:
Supremo Tribunal Federal
Secretaria de Gestão de Pessoas
Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas
Conteudista:
Amélia Lopes Dias de Araújo
Web Designer:
?
DADOS PARA REFERÊNCIA
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Curso a distância: Atualização Gramatical. 
Brasília: Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas. Disponível em: https://
ead.stf.jus.br/. Acesso restrito com login e senha.
2019, Supremo Tribunal Federal
Todos os direitos reservados.
Este material possui função didática, sem fins comerciais.
Para mais detalhes sobre condições de uso, acesse: Licença STF
Visite o Ambiente Virtual de Aprendizagem do STF
E-mail: ead@stf.jus.br
https://ead.stf.jus.br/
https://ead.stf.jus.br/
https://docs.google.com/drawings/d/1g6AeWqrfYTkl_pqs5wlknDz6U_r91I6-EVnDavGcI04/edit
https://ead.stf.jus.br/
mailto:ead@stf.jus.br
Introdução .............................................................................................................................. 4
1. Formas de colocação pronominal .......................................................................... 5
1.1 Orientação geral ............................................................................................................ 6
1.2 Próclise .............................................................................................................................. 8
1.2.1 Próclise obrigatória .................................................................................................. 8
1.2.2 Próclise opcional ...................................................................................................... 10
1.3 Ênclise ............................................................................................................................... 11
1.3.1 Ênclise dos pronomes o, a, os, as ..................................................................... 12
1.4 Mesóclise ......................................................................................................................... 14
1.4.1 Mesóclise opcional ................................................................................................... 14
1.5 Colocação pronominal nas locuções verbais ................................................ 15
Conclusão ............................................................................................................................... 20
Referências ............................................................................................................................ 21
5
Introdução
Dê-me um cigarro 
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco 
da Nação Brasileira
Dizem todos os dias 
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
 
[Oswald de Andrade. Seleção de textos. São Paulo, Nova Cultural, 1998.]
Oswald de Andrade, poeta do Modernismo brasileiro, defende no poema acima o “jeito 
brasileiro” de falar, que deve ser espontâneo e independente das regras gramaticais impostas 
pela norma culta portuguesa. Ainda que o poeta esteja correto, é importante ressaltar que há 
uma maneira de se expressar adequada a cada situação de uso efetivo da língua. No texto 
1, por exemplo, você pode constatar que o uso excessivo da norma culta em um contexto 
informal causou um efeito contrário ao esperado.
 Observe também que a colocação do pronome oblíquo após o verbo amar, no 
quadrinho 1 e no 2, soou para a ouvinte de forma diferente da pretendida pelo falante. Assim, 
são dois os cuidados que precisamos ter em relação à colocação pronominal. É preciso 
evitar que a combinação do verbo com o pronome:
1. não gere uma palavra de significado diferente: quero a mala, vou a marte.
2. não gere um cacófato (palavra de som desagradável):
 Obrigado pelas honras que me já dão.
 As ideias de Kant, como as concebo... (como as com sebo).
Texto 1: http://sugestoesdeatividades.blogspot.com.br – com adaptações
http://sugestoesdeatividades.blogspot.com.br
6
Em situações formais e na escrita, as regras gramaticais devem ser seguidas, por isso, 
estudaremos, em nosso primeiro capítulo, as principais orientações relativas à colocação 
pronominal de acordo com o padrão culto da língua.
Pronomes oblíquos átonos
Antes de revermos as regras de colocação pronominal, vejamos quais são os pronomes 
que podem ser posicionados próximos ao verbo.
Como você deve lembrar, os pronomes pessoais dividem-se em dois grupos: os 
retos, que exercem função de sujeito da oração, e os oblíquos, que exercem a função de 
complemento verbal. Vamos identificá-los no quadro a seguir:
 
1. Formas de colocação pronominal
Entre os oblíquos, são os átonos que nos interessam, pois são essas formas pronominais 
que, a depender de certos fatores, podem vincular-se ao verbo em três posições diferentes.
Confira na tabela a seguir:
7
Os pronomes oblíquos átonos não são vocábulos independentes. Eles só podem ser 
usados junto ao verbo (imediatamente antes, depois do verbo ou no meio). Quando usados 
em ênclise, os pronomes oblíquos são ligados aos verbos por hífen. Em locuções verbais, a 
norma culta recomenda o uso do hífen para ligar o verbo auxiliar ao pronome átono enclítico. 
Há, no entanto, gramáticos que já aceitam que o pronome fique solto entre os dois verbos, 
como veremos mais adiante.
1.1 Orientação geral
A norma culta impõe inúmeras regras para o correto posicionamento dos pronomes 
oblíquos na oração. São tantas as situações diferentes que você pode até ficar receoso de 
não conseguir lembrar-se de todas as regras. Mas não se preocupe. Vamos mostrar algumas 
orientações que, ao serem seguidas, resolvem boa parte das dificuldades relativas ao tema. 
São elas:
a) Não se inicia frase com pronome oblíquo;
 Se discutiram as regras de promoção. (incorreto)
 Discutiram-se as regras de promoção. (correto)
 
b) A próclise é sempre correta, desde que, antes do verbo, não haja pausa (sinal de 
pontuação);
O direito à saúde se confunde com o direito à vida.
A sociedade nos obriga a aceitar as regras de convivência.
c) Não se usa ênclise após particípio;
A economia brasileira havia estabilizado-se. (incorreto)
A economia brasileira se havia estabilizado. (correto)
A economia brasileira havia-se estabilizado. (correto)
d) Não se usa ênclise com verbos no futuro do presente e do pretérito do indicativo.
Discutirá-se a proposta amanhã. (incorreto)
Enviarão nos o documento em breve. (incorreto)
8
Como corrigir as frases acima? Vejamos algumas possibilidades de reescritura:
a) explicitar o sujeito e assim usar a próclise:
Eles nos enviarão os documentos em breve.
b) Usar a mesóclise:
Discutir-se-á a proposta.
Enviar-nos-ão os documentos em breve.
c) Alterar a ordem ou acrescentar uma palavra atrativa e usar a próclise:
Amanhã se discutirá a proposta.
Em breve nos enviarão os documentos.
d) Quando houver voz passiva sintética, pode-se desfazer a mesóclise 
transformando-a em voz passiva analítica.
A proposta será discutida amanhã.
e) Em caso de interrupção ou intercalação marcadas por vírgulas, tanto a próclise 
quanto a ênclise poderão ser usadas:
O Estado espera que o povo, independentemente de punição, se mantenha em 
paz. (correto)
O Estado espera que o povo, independentemente de punição, mantenha-se em 
paz. (correto)
Muitos gramáticos entendem que a atração exercida por determinadas 
palavras decorre de fatores fonéticos e não da proximidade física. Em razão disso, a 
intercalação, por distanciar uma palavra da outra, corta a influência fonética. Assim, 
cabe a você escolher a posição que melhor atenda ao ritmo e à entoação da sua frase.
Agora que conhecemos as orientações gerais, vamos aprofundar nosso estudo.
Veremos as regras relativas a cada uma das posições do pronome.
9
1.2 Próclise
O princípio básico da colocação dos pronomes é a eufonia, ou seja, a sonoridade 
agradável da frase. Para o falantebrasileiro, por exemplo, a próclise soa melhor do que a 
ênclise. O falante português, por sua vez, tem preferência pela ênclise. No texto 1, vimos que a 
ênclise ao verbo na frase “Vou amar-te sempre” não soou bem e deu margem a interpretação 
diversa da pretendida pelo falante: “Vou a marte sempre”.
O uso do pronome antes do verbo raramente é incorreto, desde que não inicie a oração. 
Apesar disso, veremos que a próclise é obrigatória em alguns casos e é opcional em outros.
 
1.2.1 Próclise obrigatória
Há palavras que exercem forte atração sobre os pronomes oblíquos, fazendo com que 
eles se posicionem obrigatoriamente antes do verbo. São os chamados fatores de próclise. 
Vejamos a seguir cada um deles.
Fatores de próclise
1. Palavras negativas: não, nada, nunca, nem, ninguém, nenhum, etc.
Nunca se lamentou do fato, nem nos pediu ajuda.
Nada a perturba.
Não se trata de medida cautelar.
2. Advérbios: hoje, lá, talvez, agora, sempre, aqui, etc.
Agora me apoiam.
O advogado talvez o ajude.
Aqui se discute o efeito suspensivo do recurso extraordinário.
10
Se houver pausa (sinal de pontuação) depois do advérbio, a ênclise será 
obrigatória. Compare as duas frases abaixo:
Aqui se discute o efeito suspensivo do recurso extraordinário.
Aqui, discute-se o efeito suspensivo do recurso extraordinário. (com pausa)
É importante que você não confunda a vírgula da pausa com a da interrupção. 
Ambas são diferentes, a vírgula da intercalação interrompe a sequência natural 
da frase para acrescentar alguma informação entre dois termos da oração, 
entre o sujeito e o verbo, por exemplo. Nesse caso, você tanto pode usar a 
ênclise quanto a próclise.
3. Pronomes relativos: que, quem, qual, onde, etc.
 
Este é o local onde nos encontraremos amanhã.
Os profissionais que se dedicam à área da saúde estão mais sujeitos a doenças.
A petição atende aos requisitos que lhe são inerentes.
4. Pronomes indefinidos: tudo, todos, pouco, muito, algo, alguém, outros, etc.
Tudo se transformou em mistério.
Pouco se sabe a respeito desse político.
Algo o incomoda?
5. Pronomes demonstrativos: isso, aquilo, etc.
Aquilo lhe proporcionou bons momentos de lazer.
Isso se justifica por causa dos recursos admitidos.
Disso se segue que o Estado deverá disciplinar as relações conflituosas.
6. Conjunções subordinativas: que, como, embora, etc.
Embora lhe pedissem, não deu o livro.
Posso atestar que se trata apenas de nova nomenclatura.
Quando se cuida constitucionalmente do direito, a lei deve prevalecer.
11
7. Frases interrogativas, exclamativas e optativas:
Quem nos procurou ontem?
Como se desperdiçam recursos neste país!
Deus nos proteja!
8. Frases com preposição em + gerúndio:
Em se tratando de educação, qualquer esforço é válido.
Em se tratando de esportes, prefiro o futebol.
Será que há situações em que posso escolher como posicionar o 
pronome?
A resposta é sim. É o que vamos mostrar no tópico a seguir.
 
1.2.2 Próclise opcional
Há casos em que podemos optar por usar a próclise ou a ênclise. A escolha cabe a 
você, a depender de seu estilo, do contexto, do ritmo da frase. A dupla possibilidade ocorre 
em dois casos:
1. Quando o verbo não inicia a oração. Observe que o sujeito está explícito antes do 
verbo.
O direito confunde-se com o desejo. (Ênclise)
O direito se confunde com o desejo. (Próclise)
O eleitor manteve-se acessível a todos os candidatos. (Ênclise)
O eleitor se manteve acessível a todos os candidatos. (Próclise)
Se houver fator de próclise, apenas essa colocação será aceitável:
O direito não se confunde com o desejo.
O eleitor não se manteve acessível a todos os candidatos.
12
Temos ainda uma segunda situação em que você pode optar tanto pela próclise quanto 
pela ênclise:
2. Com o verbo no infinitivo não flexionado precedido de palavra negativa ou preposição:
Espero não te magoar com minha opinião. (Próclise)
Espero não magoar-te com minha opinião. (Ênclise)
Estamos ansiosos para lhe mostrar a foto. (Próclise)
Estamos ansiosos para mostrar-lhe a foto. (Ênclise)
A educação é ideal para proporcionar-nos escolhas acertadas. (Ênclise)
A educação é ideal para nos proporcionar escolhas acertadas. (Próclise)
Temos a honra de lhe comunicar o encerramento do projeto. (Próclise)
Temos a honra de comunicar-lhe o encerramento do projeto. (Ênclise)
Vejamos agora os casos em que a ênclise é de regra.
1.3 Ênclise
Quando o pronome está após o verbo, é chamado de enclítico. Lembre-se de que 
nessa posição é preciso usar o hífen entre o verbo e o pronome. A ênclise é usada nos 
seguintes casos:
1. Em frase iniciada por verbo.
Verificou-se que o depoente não mentiu.
2. Com o verbo no imperativo afirmativo.
Mostre-me um homem verdadeiramente bom.
Faça-me o favor.
3. Infinitivo impessoal (não flexionado), precedido de preposição A, em se tratando 
dos pronomes o, a, os, as:
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Todos corriam a ouvi-lo.
Começou a maltratá-la.
Estou inclinado a devolvê-lo.
Vamos entender a razão dessa proibição? Pronuncie as frases acima com o pronome 
em próclise ao verbo principal. Você vai perceber rapidinho por que a eufonia é o princípio 
básico da colocação pronominal. Com o pronome antes do verbo ouvir a frase ficaria assim:
Todos corriam a o ouvir.
Como você deve ter constatado, a frase não soou de forma agradável e ficou até difícil 
pronunciar a preposição a junto ao pronome o.
Junto a infinitivo flexionado, regido de preposição, a próclise é obrigatória:
Repreendi-os por se queixarem sem razão.
Por nos esquecermos do documento, fomos impedidos de entrar.
Em geral, com infinitivo impessoal regido de preposição para, pode-se usar 
próclise ou ênclise, mesmo com a presença do advérbio não:
Corri para defendê-lo.
Corri para o defender.
Calei-me para não contrariá-lo.
Calei-me para não o contrariar.
1.3.1 Ênclise dos pronomes o, a, os, as
Os pronomes o, a, os, as, quando aparecem em ênclise, podem sofrer alterações de 
forma, dependendo da terminação do verbo.
a) Forma verbal terminada em vogal.
Os pronomes o(s), a(s) não se modificam.
Ajudei + os = ajudei-os
Aceita + as = aceita-as
14
b) Forma verbal terminada em -r, -s ou -z.
O verbo perde a terminação (-r, -s, -z) e o pronome assume a forma de lo(s), la(s):
Vender + o = vendê-lo
Vender + a = vendê-la
Refez + a = refê-la
Demos + as = demo-las
Construir = construí-la
Dividir + a = dividi-la
1. A alteração acima vale também para mesóclise:
Venderei + o = vender + o + ei = vendê-lo-ei
2. As formas verbais terminadas em -mos perdem o s, quando o pronome oblíquo 
é nos:
Encontramos + nos = encontramo-nos
3. Você percebeu a acentuação dos verbos no item b? Os verbos seguidos de 
pronomes enclíticos deverão observar as regras gerais de acentuação gráfica. 
Em vendê-la, o verbo recebeu o acento circunflexo por se tratar de uma oxítona 
terminada em -e. Como você deve se lembrar, acentuamos todas as oxítonas 
terminadas em -a, -e, -o, -em e -ens.
Observe também a palavra construí-la. Por que ela foi acentuada? A letra i formou 
hiato com a vogal a. Além disso, essa palavra é oxítona, logo, devemos acentuá-la.
c) Forma verbal terminada em som nasal (-am, -em, -õe, -ão, etc.)
O pronome assume a forma no(s)/na(s)
Viram + o = viram-no
Fazem + as = fazem-nas
Dão + os = dão-nos
Agora só falta vermos os casos em que devemos usar a mesóclise. Essa forma de 
colocação pronominal é muito formal, por isso muitos não gostam de usá-la. Contudo, elas 
15
são plenamente aceitáveis em textos como os que produzimos aqui no Tribunal, pois textos 
jurídicos são formais por excelência. O único cuidado que você precisa observar é quanto ao 
uso excessivo, o que pode deixar o texto pesado.
 
1.4 Mesóclise
Quando o pronome está no meio do verbo, é chamado de mesoclítico. Colocação 
pronominal extremamente formal, só é obrigatória quando se combinam dois fatores:
1º) verbo no futuro (do presente ou do pretérito) iniciando a oração;
2º) ausência de palavra atrativa exigindo próclise.Dar-se-ia, no caso, a permanência de espécies normativas não acolhidas pela CF/1988.
Contar-lhe-emos toda a verdade sobre o assunto.
Eu sou obrigado a usar a mesóclise? Não, nem sempre é necessário usá-la. 
Há casos em que ela é opcional. É o que veremos no tópico a seguir.
1.4.1 Mesóclise opcional
O emprego da mesóclise é opcional nos casos a seguir:
1. Se o verbo, no futuro, não iniciar a oração, pode-se optar pela mesóclise ou pela 
próclise. Veja:
Seus advogados dar-lhe-iam apoio novamente. (frase correta)
Seus advogados lhe dariam apoio novamente. (frase correta)
2. Se houver palavra atrativa, a próclise prevalece sobre a mesóclise.
Seus advogados jamais lhe dariam apoio novamente.
3. Com verbo no futuro, nunca ocorre ênclise. Compare:
Enviarei-te o documento digitalizado. (frase incorreta)
16
Oswald de Andrade, 
por Anita Malfatti
Frases corretas:
 Enviar-te-ei o documento digitalizado.
 Eu te enviarei o documento digitalizado.
 
4. Caso se queira deixar o texto menos formal, pode-se transformar a voz passiva 
sintética em voz passiva analítica. Observe:
 Realizar-se-á uma reunião. (voz passiva sintética)
 Uma reunião será realizada. (voz passiva analítica)
Ufa! Quanto assunto, não é mesmo? Aqui cabe uma pequena pausa. Que tal conhecer 
os poemas do irreverente poeta Oswald de Andrade? Eu recomendo dois poemas: Amor e 
Relicário. No quadro a seguir, você conhecerá um pouco sobre esse grande poeta nacional.
Você conhece os poemas-piada ou poema em pílulas de 
Oswald de Andrade? Apesar de curtos, esses poemas 
carregam expressiva carga semântica. De forma 
irreverente, Oswald defendeu a liberdade linguística 
e a criação de novas estruturas de pensamento. É de 
autoria dele o menor poema da língua portuguesa: 
Amor. Conheça outros textos desse autor.
Amor
Humor.
[Oswald de Andrade. Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade. 1927.]
Agora que lustramos a nossa cultura e descansamos, vamos voltar ao estudo? Vejamos 
como ocorre a colocação pronominal em locuções verbais.
 
1.5 Colocação pronominal nas locuções verbais
Quando temos em nossa oração uma locução verbal, ou seja, uma expressão verbal 
formada por dois verbos, podemos posicionar o pronome em várias posições. Mas antes de 
vermos essas possibilidades, vamos relembrar como a locução verbal é formada.
https://goo.gl/j6rYRR
17
Podemos representar a estrutura geral de uma locução verbal da seguinte forma:
1. Verbo auxiliar + verbo principal (infinitivo, gerúndio ou particípio)
Com a locução verbal, a norma culta admite as seguintes possibilidades de colocação 
do pronome oblíquo:
a) Antes da locução verbal (desde que não inicie a oração):
 se vai estabilizar.
A saúde do paciente se está estabilizando.
 se havia estabilizado.
b) Entre os dois verbos da locução:
 vai-se estabilizar.
A saúde do paciente está-se estabilizando.
 havia-se estabilizado.
 
c) Depois do verbo principal (desde que não seja um particípio):
 vai estabilizar-se.
A saúde do paciente
 está estabilizando-se.
18
1. Como vimos no tópico 1.1 Orientações gerais para a colocação pronominal, 
a norma culta não admite pronome oblíquo depois de particípio.
2. Para gramáticos mais atuais, os fatores de próclise não exercem nenhuma 
influência sobre o pronome oblíquo associado a locuções verbais. Observe na 
frase abaixo que, apesar do advérbio não estar antes do verbo auxiliar, o pronome 
foi posicionado em ênclise. A norma culta não aceita essa possibilidade, mas já há 
gramáticos que abonam essa forma de colocação pronominal.
 A saúde do paciente não está-se estabilizando.
Para os mais tradicionais, no entanto, o fator de próclise prevalece. Nesse 
caso, deve-se colocar o pronome antes do verbo auxiliar ou depois do verbo 
principal, como nas frases abaixo:
 A saúde do paciente não se está estabilizando.
 A saúde do paciente não está estabilizando-se.
Outra possibilidade para a colocação do pronome em locuções verbais é 
deixá- lo solto entre o verbo auxiliar e o verbo principal (sem o hífen). Considera-
se, nesse caso, que o pronome está em próclise ao verbo principal. Essa forma, 
apesar de já ser aceita, é considerada menos formal. Confira abaixo:
 A saúde do paciente não está se estabilizando.
19
2. Verbo auxiliar + preposição + verbo principal no infinitivo
Vejamos agora uma locução verbal ligeiramente diferente. Há entre o verbo auxiliar 
e o principal no infinitivo uma preposição. Com esse tipo de estrutura, os pronomes átonos 
podem ficar em ênclise ou próclise ora ao verbo auxiliar, ora ao infinitivo, mesmo com a 
presença de fator de atração.
 Há de acostumar-se.
 há de se acostumar.
 Não se há de acostumar.
 Não há de acostumar-se.
 Não há de se acostumar.
 Deixou de visitá-lo.
 Deixou de o visitar.
 Não o deixou de visitar.
 Não deixou de visitá-lo.
 Não deixou de o visitar.
Que tal assistir às videoaulas?
Videoaula 1 parte 1: orientações gerais
Videoaula 1 parte 2: próclise opcional
Videoaula 1 parte 3: ênclise dos pronomes oblíquos
https://www.youtube.com/embed/Kxli6KjfKWA?rel=0 
https://www.youtube.com/embed/rma4Sv5wZt8?rel=0 
https://www.youtube.com/embed/qghjJaVOTRg?rel=0 
20
SAIBA MAIS
 
Você sabe como a mesóclise se formou? O professor Cláudio Moreno traz 
uma informação muito interessante sobre essa forma de colocação pronominal.
“(...) a colocação dos pronomes, que deveria ser simples e instintiva, foi 
prejudicada por uma série de mal-entendidos que fizeram carreira por aí (...).
Estudos atualizados mostram que este tempo [o futuro do presente] funciona, 
na verdade, como uma locução verbal disfarçada. Como herança do latim tardio, 
que substituiu a forma única do futuro por uma locução (amare habeo), nosso 
futuro, que à primeira vista parece ser uma forma una na verdade é uma locução 
invertida, com o auxiliar haver deslocado para a direita:
Eu hei de comprar › comprar hei
Tu hás de comprar › comprar hás
Ele há de comprar › comprar há
Como nosso sistema ortográfico não admite o H interno, vamos suprimi-lo 
e pimba! Lá estão nossos conhecidos comprarei, comprarás, comprará! O que 
parecia ser uma forma verbal simples é, na verdade, uma forma composta (comprar 
+ ei, comprar + ás, comprar + á). Desse modo, uma forma como compraremos 
deve ser encarada como um vocábulo composto, do tipo de girassol, passatempo, 
etc.; a partir de agora, sempre que você vir um verbo no futuro, poderá enxergar 
os dois verbos que ali estão combinados.
Na frase ‘nós o encontraremos amanhã’, o pronome o está na posição 
normal, que é, como vimos, a próclise. Se retirássemos o nós da frase, contudo, 
ele já não mais poderia ficar ali, porque estaríamos rompendo o princípio básico: 
não se inicia frase com pronome oblíquo – o que nos leva a outra opção possível, 
que é a ênclise. No entanto, acabamos de ver que encontraremos um conjunto de 
verbos: encontrar = (h)emos. Para colocar o pronome em ênclise, vamos ter de 
executar alguns passos ordenados:
1º passo: afastar o verbo auxiliar: encontrar [emos];
2º passo: colocar o pronome em ênclise ao encontrar: encontrá-lo;
3º passo: recolocar o verbo auxiliar: encontrá-lo-emos.
Neste momento, ao ver uma forma como encontrá-lo-emos, os nativos 
costumam se jogar de joelhos no chão, exclamando, com respeito quase sagrado: 
“mesóclise, mesóclise!”. Não é não, como você agora sabe: é apenas a ênclise ao 
futuro. Como a gramática tradicional acreditava que o pronome, neste caso, estava 
no meio do verbo (na verdade, ele está entre dois verbos), batizou o fenômeno de 
mesóclise (onde meso = meio). [MORENO, Cláudio. Guia prático do Português: 
sintaxe. Porto Alegre: LPM, 2011.]
21
Conclusão
Nesta primeira aula, vimos as regras de colocação pronominal. Vimos também que 
o princípio básico da colocação pronominal é a eufonia, ou seja, a sonoridade agradável. 
Constatamos também que a próclise é sempre aceitável, desde que não inicie frase. Outro 
ponto interessante a consideraré que o contexto, o estilo do autor e a harmonia da frase são 
fatores que também interferem na escolha de onde se colocar os pronomes oblíquos.
Que tal agora colocarmos em prática o que vimos nesta aula? Para fixar o conteúdo, 
é importante que você faça os exercícios de fixação disponíveis no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem.
22
Referências
ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo: Ática, 1989.
ALMEIDA, Napoleão Mendes. Dicionário de questões vernáculas. 4. ed. São Paulo: Ática, 1998.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Lucerna, 1999.
BRASIL, Imprensa Nacional. Manual de Redação da Presidência da República. 2. ed. 2002.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley L. F. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar: Gramática. São Paulo: FTD, 2003.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV: 1986.
MORENO, Cláudio. Guia prático do português: sintaxe. Porto Alegre: LPM. 2011.
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