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54 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Unidade II INTRODUÇÃO Diante dos desafios do mundo moderno, todo e qualquer profissional que pretende estabelecer‑se num ambiente competitivo e altamente mutável, resultado justamente desse mundo moderno, deverá manter‑se atualizado nos mais diversos aspectos da área em que atua. Para o profissional de contabilidade, não há qualquer diferença, e talvez seu empenho precise ser maior do que os demais, uma vez que a responsabilidade de elaborar e acompanhar o desempenho de uma empresa ainda é de sua incumbência. E, ainda, somente um profissional de contabilidade devidamente habilitado poderá assinar as demonstrações financeiras, validando‑as junto aos mais diversos usuários das informações contábeis. A elaboração das demonstrações financeiras, no entanto, é apenas o aspecto mais visível de todo um extenso trabalho do contador que, como vimos na Unidade I, já não pode mais trabalhar de forma isolada, precisa interagir com os demais profissionais da empresa e do mercado e, assim, deve lançar mão de diversos conhecimentos. Isso inclui não apenas conhecimentos da área contábil propriamente dita, mas de outros temas relacionados, como língua portuguesa, cultura, economia, marketing, estatística, atualidades etc. 5 UMA REVISÃO SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – CONCEITO E LEGISLAÇÃO Conforme exposto, a intenção desta disciplina é evidenciar ao estudante de contabilidade a importância da ciência contábil na condução do mais diversos negócios empresariais, independente da atividade e área de atuação da empresa (pública ou privada, com ou sem fins lucrativos). Sendo assim, e a partir de dados fictícios, apresentaremos operações desde a constituição de uma empresa, reforçando os conhecimentos adquiridos em relação à elaboração e leitura das demonstrações financeiras, ou seja, não apresentaremos apenas as demonstrações financeiras que são exigidas pelas atuais legislações (Lei nº 11.638/2007, que trouxe diversas alterações na Lei nº 6.404/1976, e a Lei nº 11.941/2009, que alterou os grupos do Balanço Patrimonial e os respectivos Pronunciamentos contábeis – CPC’s), mas também uma situação de análise para melhor contribuição na tomada das mais diversas decisões empresariais. A finalidade das demonstrações financeiras é apresentar a todos a situação econômico‑financeira da empresa em determinado período. Deve‑se ressaltar que tais informações deverão ser prestadas pela área contábil, levando‑se em conta a necessidade de cada usuário, ou seja, usuários internos como proprietários, gestores, empregados terão necessidades diferentes comparadas aos usuários externos (bancos, fornecedores, clientes, entre outros); logo, o profissional de contabilidade precisa estar atento a tais necessidades e elaborar as demonstrações financeiras que possam atendê‑los. 55 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Para nossa disciplina, Ciências Contábeis Interdisciplinar, tomaremos como base os usuários externos, e a elaboração das demonstrações financeiras deverá seguir a legislação atual supramencionada. As demonstrações financeiras exigidas pela legislação atual são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) ou Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) – Método Indireto, Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e Notas Explicativas (NE). Vale ressaltar que a DMPL, a DFC e a DVA são demonstrações exigidas somente para as empresas que negociam ações em bolsas de valores, as chamadas “Empresa de Capital Aberto” que, além de publicarem suas demonstrações em jornais (ou seja, onde todos possam ter acesso, e hoje as publicações ocorrem também pela internet), necessitam que uma empresa de auditoria valide as informações ali prestadas, incluindo as demais demonstrações. E também a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão fiscalizador das empresas de capital aberto, que exige trimestralmente uma prestação de contas. Temos ainda as chamadas “Empresas de capital fechado”, ou seja, empresas que possuem seu capital dividido em ações, porém não as negociam em bolsas de valores, devendo somente publicar suas demonstrações financeiras. A auditoria dessas torna‑se legalmente facultativa. Aproveitando o assunto – publicação das demonstrações financeiras –, não se deve esquecer de que o Relatório da Administração (ou Relatório da Diretoria) deve acompanhar a respectiva publicação; porém, esse é de total responsabilidade dos proprietários da empresa, uma vez que a legislação o isenta de auditoria. Considerando‑se que a legislação em vigor exige que toda empresa elabore pelo menos uma vez por ano as demonstrações financeiras, é sempre prudente reforçar que as demonstrações deveriam ser elaboradas mensalmente, uma vez que contribuem para as mais diversas decisões empresariais ao apresentarem o resultado das operações ocorridas numa empresa em determinado momento, o que, sem dúvida, facilita não só evidenciar que as operações ocorridas trouxeram um crescimento para empresa, mas que novos rumos deveriam ser tomados a fim de buscar um melhor resultado. Para melhor acompanhamento da nossa disciplina, apresenta‑se uma retrospectiva sobre as demonstrações financeiras. Balanço Patrimonial (BP) O BP apresenta, em determinado período, a situação financeira e patrimonial da organização. Ele está dividido em dois grandes grupos – Ativo e Passivo –, e esses por sua vez subdivididos em Ativo Circulante e Ativo Não Circulante (composto por realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível) e, ainda, o Passivo Circulante e Passivo Não Circulante (composto pelo exigível a longo 56 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 prazo) e Patrimônio Líquido (composto por capital social, reservas e ajuste de avaliação patrimonial, entre outras contas). O Ativo é composto por bens e direitos necessários para o desenvolvimento da atividade operacional de quaisquer empresas e representa os recursos aplicados por ela para a sobrevivência. Em outras palavras, toda e qualquer empresa depende que recursos sejam aplicados em bens e direitos a fim de mantê‑la competitiva num mercado altamente mutável. O Ativo Circulante (AC) é composto por bens e direitos que serão recebidos em dinheiro num prazo de até 360 (trezentos e sessenta) dias. O Ativo Circulante, também conhecido por Ativo a Curto Prazo, compõe geralmente as seguintes contas: caixa e equivalente de caixa (contas correntes bancárias e aplicações financeiras), clientes, estoques, entre outras, porém, sempre apresentadas em ordem de liquidez. O Ativo Não Circulante (ANC), além de compor os bens direitos que serão recebidos em dinheiro num prazo superior de 360 (trezentos e sessenta) dias, os chamados “realizáveis a longo prazo”, também comporta os investimentos, e os mais comuns são as aquisições de participações em outras empresas, o imobilizado, representado pelos bens corpóreos, como máquinas, móveis, equipamentos de informática, entre outros. Ainda temos o intangível, bens e direitos não corpóreos, mas que também contribuem para o desenvolvimento da atividade empresarial, como, por exemplo, as marcas e o capital intelectual. Vale ressaltar que os bens corpóreos, com o uso, sofrem desgastes, é o que chamamos de depreciação, mostrando que taisbens deverão ser substituídos, uma vez que não terão como produzir bens e serviços suficientes para a sobrevivência da empresa, ou seja, novos recursos deverão ser aplicados em tais Ativos. Em relação aos bens incorpóreos, ou seja, os imateriais, eles sofrerão amortização de acordo com o tempo estipulado para seu uso, devendo, também, e quando for o caso, ser substituídos. O subgrupo do Balanço Patrimonial, chamado Passivo, representa todas as dívidas contraídas pelas empresas. As dívidas com vencimento a curto prazo, ou seja, que vencerão em até um ano após o exercício social atual, serão classificadas como Passivo Circulante, ficando as demais, aquelas com vencimento superior a um ano, registradas como Passivo Não Circulante. No Passivo Circulante, são registradas dívidas como salários a pagar, impostos a pagar, fornecedores, entre outras. Enquanto no Passivo Não Circulante, as dívidas mais comuns são os financiamentos bancários e outras com vencimento a longo prazo. Pode‑se afirmar que as dívidas registradas tanto no Passivo Circulante quanto no Passivo Não Circulante são contraídas com terceiros, ou seja, com pessoas físicas e/ou jurídicas. Além de possuírem um vencimento predeterminado, essas dívidas levam a empresa a sanções (juros e multas) no caso de não saldá‑las na data prevista, o que já não ocorre no Patrimônio Líquido. No Patrimônio Líquido, são registradas as dívidas contraídas pela empresa; porém, junto aos seus proprietários, como, por exemplo o “capital social”. Caso a empresa venha a pagar o capital social para os proprietários, haverá o encerramento das atividades. 57 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Representação gráfica do Balanço Patrimonial (BP): Quadro 2 Ativo Passivo Ativo Circulante Ativo Não Circulante Passivo Circulante Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Total Total Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A DRE é uma das demonstrações financeiras mais importantes, por evidenciar de forma ordenada as receitas e despesas da empresa em determinado período. As receitas representam os ganhos que a empresa venha a ter no momento (receitas à vista) ou em data predeterminada (receitas a prazo) ao revender suas mercadorias (atividade comercial), e/ou vender seus produtos (atividade industrial), ou ainda prestar serviços (atividade prestadora de serviços). Porém, para obter tais receitas, a empresa precisa dispor de alguns gastos, o que chamamos de despesas, em outras palavras, as despesas representam o sacrifício para buscar uma receita. Observação A partir da Lei nº 11.941 de 2009, todas as receitas e despesas passaram a ser classificadas como operacionais. Vale informar que a legislação brasileira exige que todas as receitas e despesas sejam registradas de acordo com o regime de competência, ou seja, no período de ocorrência, independentemente do recebimento do valor das receitas ou do pagamento das despesas contraídas. A DRE é representada de forma dedutiva, em outras palavras, parte da receita bruta principal e, partir daí, são feitas as deduções das despesas, chegando‑se ao resultado líquido do período “lucro ou prejuízo”, e será esse resultado que deverá ser incorporado ao Patrimônio Líquido (BP) da empresa no respectivo período. Pode‑se afirmar que a utilização dos bens, dos direitos e das dívidas de forma planejada levará a empresa a um resultado saudável. 58 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Representação gráfica da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): Quadro 3 Receita bruta de vendas Revenda de mercadorias Vendas de produtos Serviços prestados (-) Deduções da receita bruta Impostos incidentes sobre vendas Devoluções e abatimentos (=) Receita operacional líquida (-) Custo das mercadorias, produtos ou serviços prestados (=) Lucro bruto (-/+) Despesas / receitas operacionais Despesas com vendas Despesas gerais e administrativas Despesas financeiras ‑ deduzidas das receitas financeiras (-/+) Outras despesas e receitas operacionais Ganho ou perda de participação em outras sociedades Dividendos e rendimentos de outros investimentos Entre outras despesas e receitas (=) Lucro ou prejuízo operacional antes dos tributos (-) Imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) (-) Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (=) Lucro ou prejuízo operacional antes das participações (-) Participações Debêntures Empregados Administradores Partes beneficiadas Outras (=) Lucro ou prejuízo líquido do exercício Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) A DLPA, como o título já informa, evidencia a movimentação ocorrida de um exercício social para o outro na respectiva conta pertencente ao Patrimônio Líquido (BP). As principais 59 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR movimentações são: ajustes em exercícios anteriores, constituição e/ou reversão de reservas, dividendos distribuídos. A DLPA é elaborada geralmente pelas pequenas e médias empresas, por contemplar apenas a movimentação de uma das contas do Patrimônio Líquido. Representação gráfica da Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA): Quadro 4 Lucro ou prejuízo do início do exercício (+/‑) Ajustes de exercícios anteriores (+/‑) Lucro ou prejuízo do exercício (DRE) (+) Reversão de reservas (‑) Constituição de reservas (‑) Distribuição de lucros ou dividendos (=) Lucro ou prejuízo ao final do exercício Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) A DMPL é também uma demonstração de extrema importância, principalmente aos proprietários da empresa, por evidenciar todas as alterações ocorridas no Patrimônio Líquido. As mais comuns são: aumento ou redução do capital social, constituição e/ou reversão de reservas, distribuição de lucros ou dividendos, resultado apurado na DRE (lucro ou prejuízo), ações em tesouraria (ações colocadas no mercado e depois recolhidas pela própria empresa que as emitiu), entre outras alterações. Por a DLPA estar contida na DMPL, muitas empresas preferem elaborar a DMPL e assim ter mais subsídios para as mais diversas decisões relacionadas ao assunto, embora a legislação societária exija que sua constituição seja feita por empresas de capital aberto (ações negociadas em bolsas de valores) e empresas de grande porte (conforme a Lei nº 11.638/2007, são aquelas empresas que possuem uma receita bruta anual de R$ 300 milhões ou que tenham um ativo total de 240 milhões). Para elaborar a DMPL, vamos utilizar o BP, especificamente o subgrupo do Patrimônio Líquido, e informações advindas da Razão da empresa em muito contribuirão para sua elaboração. Representação gráfica da Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL): 60 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Quadro 5 Movimentações Capital social Reservas de capital Reservas de lucros Prejuízos Acumulados TotalAções de tesouraria Ajuste de avaliação patrimonial Legal Estatutária Saldos iniciais Ajuste de exercícios anteriores Aumento de capital Reversão de reservas Lucro ou prejuízo do exercício Constituição de reservas • Legal • Estaturária Distribuição de dividendos Saldos finaisDemonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) A DFC tornou‑se uma demonstração financeira obrigatória a partir da Lei nº 11.638 de 2007; porém, somente para as empresas de capital aberto ou de grande porte, mas as importantes informações nela contidas e sua elaboração deveriam ser adotadas por quaisquer tipos de empresa. A DFC evidencia a origem de todo dinheiro que entrou na empresa, bem como sua aplicação, ou seja, mostra como os recursos financeiros são utilizados pela organização, deixando claro uma boa ou má gestão financeira. Há dois métodos para elaborar a DFC – o direto e o indireto –, porém, a própria legislação atual adverte que, caso a empresa tenha elaborado sua DFC pelo método direto, deverá transformá‑lo em indireto para fins de auditoria e publicação. A DFC pelo método Direto mostra, de forma simples, o saldo inicial do caixa e equivalente de caixa (caixa + bancos + aplicações financeiras de curto prazo), as entradas e saídas de numerários no mesmo período e o saldo final, não havendo quaisquer classificações das respectivas entradas e saídas. Porém, a DFC pelo método indireto, além de classificar os fluxos financeiros em três categorias (atividades operacionais, de investimentos e financiamentos), utiliza as demonstrações financeiras (BP, DRE e DMPL) para evidenciar as origens e aplicações de recursos no período, demonstrando, assim, como a empresa obteve e gastou tais recursos. As atividades operacionais comportam todas as operações relacionadas à atividade principal da empresa, envolvendo, portanto, contas do ativo, passivo e resultados, enquanto as atividades de investimentos envolvem as operações classificadas como Ativo Não Circulante (investimentos, imobilizado, intangível), e as atividades de financiamentos, por sua vez, comportam as operações relacionadas às origens de terceiros e próprias, ou seja, recebimento e pagamento de empréstimos, aumento e/ou redução do capital social, incluindo o pagamento dos dividendos. 61 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Representação gráfica da Demonstração do Fluxo de Caixa – método direto (DFC): Quadro 6 Saldo inicial de caixa e equivalente de caixa (+) Entradas (‑) Saídas (=) Saldo final de caixa e equivalente de caixa Representação gráfica da Demonstração do Fluxo de Caixa – método indireto (DFC): Quadro 7 Atividades operacionais Lucro ou prejuízo líquido Ajustes Depreciação Resultado de equivalência patrimonial Outros (=) Lucro ou prejuízo ajustado Variação das contas a receber Variação dos estoques Variação das despesas antecipadas Variação de outros ativos circulantes Variação de fornecedores Variação de salários a pagar Variação dos impostos a pagar Variação de outrospassivos circulantes (=) Caixa líquido (consumido) pelas atividades operacionais (1) Atividades de investimentos Investimentos no realizável a longo prazo Investimentos em participações societárias Investimentos em imobilizado Investimentos em intangível Outros investimentos no ativo não circulante (=) Caixa líquido (consumido) pelas atividades de investimentos (2) Atividades de financiamentos Aumento do capital social Captação de recursos Pagamento de empréstimos Pagamento de dividendos Pagamento de juros sobre capital próprio Outros pagamentosrelacionados à financiamentos (=) Caixa líquido (consumido) pelas atividades de financiamentos (3) Variação líquida de caixa (1 + 2+ 3) (+) Saldo inicial de caixa e equivalente de caixa (=) Saldo final de caixa e equivalente de caixa 62 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A DVA, assim como a DFC, tornou‑se obrigatória, a partir da Lei nº 11.638 de 2007. Vale informar que toda empresa é geradora de riqueza, ou seja, a empresa, por meio da geração de tributos, empregos, entre outros itens, contribui com a economia local e mundial. Sendo assim, a finalidade da DVA é justamente essa, ou seja, evidenciar o quanto de riqueza foi gerada e distribuída por determinada empresa no respectivo exercício social. Para um melhor entendimento sobre a DVA, é de extrema importância que seus valores sejam demonstrados em moeda local (real) e também em percentual. Para elaborar a DVA, vamos utilizar principalmente a DRE em conjunto com a Razão da empresa, que tem a função de evidenciar o saldo inicial, as operações do período e o saldo final de cada conta. Representação gráfica da Demonstração do Valor Adicionado (DVA): Quadro 8 R$ % 1. Receitas 1.1 Revenda de mercadorias, produtos ou serviços 1.2 Estimativa para crédito de liuidação duvidosa 2. Insumos adquiridos de terceiros 2.1 Materais consumidos 2.2 Outros cutsos de produtos e serviços vendidos 2.3 Energia elétrica, serviços de terceiros e outras despesas 3. Retenções 4. Valor adicionado líquido produzido pela empresa 1 - (2+ 3) 5. Valor adicionado recebido em tranferência 5.1 Resultado de equivalência patrimonial 5.2 Dividendos de investimentos avaliados pelo custo 5.3 Receitas financeiras 5.4 Alugúeis e royalties 6. Valor adicionado a distribuir ( 4 + 5) 7. Distribuição do valor adicionado 7.1 Empregados Salários e encargos sociais (fgts) Comissões sobre vendas Honorários da diretoria Participação dos empregados no lucro Outros 63 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR 7.2 Tributos Federais Estaduais Municipais 7.3 Financiadores Juros Aluguéis 7.4 Juros sobre capital próprio e dividendos 7.5 Lucros retidos ou prejuízo do exercício Notas Explicativas (NE.s) As NE.s complementam as demonstrações financeiras, em outras palavras, elas contribuem com a leitura e entendimento das demonstrações financeiras pelos mais diversos usuários das respectivas informações. A legislação não determina quantas notas devem conter as demonstrações financeiras, mas deixa claro que tantas quanto forem necessárias para contribuir com as decisões daqueles que delas dependem devem ser elaboradas. Trevisan (2012) traz a seguinte contribuição sobre a elaboração das NE.s, ou seja, elas devem conter informações de natureza patrimonial, econômica, financeira, legal, física e social, bem como evidenciar os critérios utilizados na elaboração e mensuração dos saldos contidos nas respectivas demonstrações financeiras. Para Trevisan (2012), na elaboração das NE.s devem ser observados os seguintes aspectos: a) As informações devem contemplar os fatores de integridade, autenticidade, precisão, sinceridade e relevância. b) Os textos devem ser simples, objetivos, claros e concisos. c) Os assuntos devem ser apresentados obedecendo à ordem observada nas Demonstrações Financeiras, tanto para os agrupamentos como para as contas que os compõem. d) Os assuntos relacionados devem ser agrupados segundo seus atributos comuns. e) Os dados devem permitir comparações com períodos anteriores. f) As referências a leis, decretos, regulamentos, normas brasileiras de contabilidade e outros normativos devem ser fundamentos e restritas aos casos em que tais citações contribuam para o entendimento do assunto tratado na Nota Explicativa. 64 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/20 12 Relatório da administração O relatório da administração ou diretoria deve ser elaborado pela direção da empresa e ser publicado junto com as demonstrações financeiras. Sendo de total responsabilidade da alta direção da empresa, sua elaboração e divulgação de dados como, análise corporativa, setorial, financeira, atuação social, projeções entre outros itens que a respectiva cúpula da empresa entenda como relevante. O relatório da administração não tem a obrigatoriedade legal de ser auditado, mesmo contendo informações do passado, explicação do desempenho da empresa no período, bem como as ações que a empresa pretende tomar no futuro próximo, mas pode‑se afirmar que se trata de um excelente “cartão de visitas”, em que seus responsáveis têm a oportunidade de levar a público a posição de sua empresa no mercado, considerando‑se a trajetória percorrida e como pretendem manter e/ou dar crescimento aos negócios empresariais. Parecer dos auditores independentes O Parecer dos auditores independentes é um documento emitido e assinado somente por profissionais habilitados (contador com registro no Conselho Regional correspondente ao Estado de Federal ao qual a empresa esteja sediada), deve ser elaborado de forma clara e objetiva, em que estará expressa a opinião do auditor sobre as demonstrações financeiras do respectivo período. Segundo Trevisan (2012), deverá conter basicamente: a) Práticas contábeis de aceitação geral e apropriada às circunstâncias. b) Demonstrações e Notas Explicativas com informações suficientes sobre assuntos que possam afetar seu uso, entendimento e interpretação. c) Conteúdo das demonstrações classificado, organizado e agrupado de maneira apropriada. Pode‑se afirmar que o Parecer é formado basicamente de três parágrafos: 1º) Identifica as demonstrações financeiras e define as responsabilidades da administração e dos auditores. 2º) Registra a extensão dos trabalhos, ou seja, explica de forma sucinta as práticas de auditoria aplicadas. 3º) Apresenta a opinião do auditor sobre as demonstrações financeiras, podendo haver recomendações. 6 COMO SURGIRAM AS EMPRESAS? Pode‑se afirmar que o surgimento das empresas advém do período histórico, partindo‑se principalmente da Idade Média, em que havia as Cruzadas, que saíam à procura de novas descobertas. 65 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Os donos dos feudos promoviam feiras para expor suas mercadorias. Apesar de o escambo predominar, na época, havia também moedas e assim surge o trocador de moedas. A partir dos trocadores de moedas, da queda do poder da Igreja Católica, o homem torna‑se centro do universo, e assim as descobertas passam a ser livres, estamos na época da Revolução Francesa, base para a Revolução Industrial (Inglaterra – séc. XVIII). Junto com a Revolução Industrial, vem o progresso, as empresas passam a ser estruturadas de maneira que possam atender às demandas de mercado. Os burgueses passam a ter um lugar no novo sistema de produção, chamado de capitalismo, ou seja, não é mais o Clero ou a Monarquia que comandam a sociedade, e sim aquele que detém o capital. Novas ciências surgem com o progresso, a Administração das Empresas, a Sociologia, a Psicologia, entre outras, são necessárias para dar conta das novas aspirações do homem moderno. Saiba mais Sugestões de leitura: A ética protestante e o espírito do capitalismo – Max Weber. Introdução à organização burocrática – Luiz Carlos Bresser Pereira. Considerando‑se que são os sonhos que movem os seres humanos, com as duas irmãs Josefa da Silva e Jussara da Silva não foi diferente. Desde muito jovens, ajudavam nas tarefas domésticas. Foram criadas pelos tios, Luiza e Humberto (tio Beto), desde os 4 anos de idade, pois seus pais faleceram em um acidente de automóvel. O tempo passou. O sonho dessas meninas era proporcionar uma melhor condição de vida para seus tios. Tia Luiza sofria de algumas enfermidades, nada grave, tinha diabetes, mas não deixava de costurar. Fazia roupas lindas para festas, era uma verdadeira artista; tio Beto, atuava como motorista de ônibus e faltava pouco tempo para se aposentar. Os tios não foram agraciados com filhos, mas as gêmeas foram seu melhor presente. Josefa e Jussara passaram a infância brincando de costureira, faziam as roupas para as bonecas com os retalhos de tecidos que sobravam das belas roupas feitas pela tia. Josefa mostrava‑se mais criativa, enquanto Jussara era mais preocupada em aproveitar melhor as sobras dos tecidos recebidos da tia. Todos diziam que as gêmeas seguiriam a profissão da tia. E isso realmente aconteceu: Josefa optou por cursar Modelagem; Jussara, Administração. Para alegria dos tios, ambas foram aprovadas no vestibular de umas das melhores universidades privadas do país e começaram a frequentar as aulas. No segundo ano de seus respectivos cursos, Josefa e Jussara decidiram abrir uma oficina de costura. A intenção era criar uniformes para as mais diversas atividades empresariais. Fizeram algumas pesquisas 66 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 e notaram que havia um grande nicho de mercado, mas não tinham dinheiro. Precisavam de capital para comprar máquinas, tecidos, desenvolver clientes, enfim, investimentos necessários para iniciar qualquer atividade empresarial. Tio Beto se aposentou e, com a indenização trabalhista, as irmãs conseguiram abrir a empresa. Porém, tiveram muitas dúvidas sobre a abertura. Nádia, professora de Jussara, lecionava contabilidade e destacou‑lhe a importância do contador para a condução dos negócios empresariais, e as irmãs decidiram procurar tal profissional. Tio Beto, sempre protetor, achou melhor ele mesmo encontrar um contador, e assim o fez. Após conversar com alguns profissionais do bairro, identificou‑se com as explicações da Sra. Marina, contadora com larga experiência e sócia‑proprietária do Escritório Contábil Olimpo Ltda. e muito recomendada pelos seus clientes. Então, ele marcou uma reunião para a semana seguinte, informando que a presença das futuras empresárias seria necessária. Durante a reunião, Josefa ficou um pouco retraída, uma vez que seu papel na empresa seria a criação. Jussara, além de tirar suas dúvidas sobre gastos com a abertura de uma empresa, local ideal, aquisição de maquinário, tributos e tantas outras dúvidas, fez questão de colocar Josefa a par de tudo, afinal, seriam sócias! A Sra. Marina aceitou a futura empresa das gêmeas como cliente e começou a dar andamento à documentação para a abertura, informando que o primeiro passo seria fazer uma busca nos órgãos públicos sobre o nome da organização, pois não é permitido que duas empresas tenham a mesma razão social, com atividade operacional igual e estejam estabelecidas num mesmo Estado brasileiro. Josefa e Jussara, após muitas conversas com os tios, chegaram ao nome da futura empresa: Confecções de Uniformes Empresariais das Gêmeas Ltda. O valor do capital seria de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Tio Beto achou o valor ideal para começar uma empresa, mas, embora sua confiança nas meninas fosse visível, preferiu poupar uma parte de sua indenização trabalhista. Após os trâmites iniciais referentes à abertura da empresa, a Sra. Marina telefonou para as futuras empresárias, informando que a razão social escolhida por elas tinha sido aprovada, ou seja, poderiam dar continuidade na formalização da instituição (contrato social, registro nos órgãos públicos competentes, entre outras exigências legais). Ainda era preciso informar a tributação que aempresa teria, e a Sra. Marina agendou uma reunião com as sócias para o dia seguinte. Durante a reunião, a Sra. Marina informou os tipos de tributação de uma organização: Lucro Real (trimestral e anual); Lucro Presumido e Simples Nacional. Após muitas dúvidas serem esclarecidas, Jussara perguntou: “Então, teremos somente esses impostos para pagar?” Assim, a contadora percebeu a falta de conhecimento das meninas sobre a tributação de uma empresa. Ela entendeu que, antes de abrir qualquer empresa, todo empresário deve conhecer a carga tributária com a qual se comprometerá, considerando‑se todas as esferas: municipal, estadual e federal. A Sra. Marina também atua como professora no Ensino Superior, ministrando diversas matérias relacionadas à área contábil, na mesma Universidade em que Jussara estuda Administração. Realmente, o mundo é pequeno! Assim, de forma didática, fez questão de, antes de explicar os tributos que envolvem 67 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR uma atividade empresarial, informar às futuras empresárias os tipos de empresa existentes em nosso país (item 6.1). Acredita que haverá um melhor entendimento sobre os tipos de tributação em relação às operações de compra e venda de uma atividade industrial (item 6.2), ou os tributos devidos sobre o resultado apurado por uma organização empresarial (item 6.3), e também aqueles relacionados à contratação de empregados (item 6.4). Vamos às informações. Saiba mais As irmãs gêmeas Josefa e Jussara da Silva resolveram abrir um negócio no instigante ramo têxtil. Para saber mais sobre esse ramo da indústria, visite o site da Associação Brasileira da Indústria Têxtil: <http://www.abit. org.br/site/>. 6.1 Tipos de sociedades e enquadramento fiscal das empresas De acordo com o novo Código Civil, as empresas podem ser constituídas como sociedades simples e sociedades empresárias. Quanto à natureza jurídica, elas podem constituir‑se em sociedades simples limitada, sociedade empresária limitada e sociedade anônima. Existem, ainda, as sociedades em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade em comandita por ações. Estas, em razão da complexidade e atribuição de maior responsabilidade aos seus sócios, estão em extinção. Há também a Sociedade em Conta de Participação (SCP) e sua constituição não está sujeita às formalidades legais prescritas para as demais sociedades, não sendo necessário o registro de seu contrato social na Junta Comercial. Conforme preceitua o Código Civil, geralmente as sociedades, em nome coletivo, são constituídas por um prazo determinado, com o objetivo de explorar um projeto específico. Após o cumprimento do objetivo, a sociedade se desfaz e a sua formação pode ocorrer quando duas ou mais pessoas, pelo menos uma delas sendo comerciante, se reúnem sem firma social, para obter lucro comum, em uma ou mais operações de comércio determinadas, trabalhando um, alguns ou todos em seu nome individual para o fim social, em que a associação assume o nome de sociedade em conta de participação, sendo regulada, a partir do Novo Código Civil, pelos artigos 991 a 996 do referido código (Lei 10.406/2002). As sociedades simples As sociedades simples são um tipo societário introduzido pelo Código Civil de 2002, vindo, de certa forma, a substituir a antiga sociedade civil. Com a vigência do atual diploma civil, que diminuiu a flexibilidade da sociedade limitada, observou‑se uma crescente adoção da forma típica de sociedade simples nos pequenos negócios. A sociedade simples, caracterizada como personificada e não empresária, quer dizer que é constituída como uma pessoa jurídica, com fins econômicos, e o termo “não empresária” identifica que as sociedades simples são de caráter pessoal, ou seja, existe uma estreita relação entre as atividades desenvolvidas e a especialidade de seus sócios. Nessa 68 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 condição, estão as sociedades de dentistas, médicos, advogados, engenheiros etc. Os objetivos sociais são realizados pelo atrelamento e pela supervisão de seus sócios. É importante ainda mencionar que o surgimento da sociedade simples reduziu a flexibilidade quando ela se organizava no antigo conceito de sociedade civil limitada, pois agora a responsabilidade de seus sócios pode se caracterizar como “responsabilidade ilimitada”, ou seja, os sócios podem responder ilimitadamente pelo saldo devedor na proporção de suas participações. O registro da sociedade simples é feito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Observação Escolher corretamente o tipo de sociedade e o enquadramento fiscal de uma empresa são uma das mais importantes decisões no lançamento de um novo empreendimento, ou, como dizem os americanos, um startup. As sociedades organizadas como empresárias Esse tipo de sociedade determina que o caráter econômico ou o objetivo social é impessoal, ou seja, as atividades que são desenvolvidas estão apartadas da figura dos seus sócios. A sociedade empresária adquire vida própria independentemente de seus sócios. Nessa condição, estão as empresas comerciais, cujos registros constitutivos são feitos nas Juntas Comerciais dos seus respectivos estados. O enquadramento fiscal das empresas De acordo com os objetivos sociais, as empresas podem enquadrar‑se, para fins tributários, em microempresas, empresas de pequeno porte e demais empresas que podem ser tributadas pelo lucro presumido, quando não obrigadas à tributação pelo lucro real, e em lucro real por opção ou quando obrigadas. A partir do que estabelece a Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, às microempresas e empresas de pequeno porte será oferecida a possibilidade de adesão ao regime de tributação do Simples Nacional, um regime de tributação diferenciado e simplificado, cujo início de funcionamento se deu a partir de 1º de julho de 2007 (BRASIL, 2006). Por ser uma Lei Complementar, abrange não só o regime tributário diferenciado, estabelecido em Lei e denominado Simples Nacional, bem como todos os aspectos relacionados às licitações públicas, relações trabalhistas, estímulo ao crédito, à capitalização de recursos, à inovação, entre outros mais. Existe ainda o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), criado pelo Decreto nº 6.038, de 7 de fevereiro de 2007, e ligado ao Ministério da Fazenda, sendo formado por representantes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 69 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Microempresas (ME) É classificada como microempresa, no tocante ao Simples Nacional, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que obtenha, em cada ano‑calendário, uma receita bruta igual ou menor que R$ 360.000,00 (a partir de 1º de janeiro de 2012, conforme Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011). Empresas de Pequeno Porte (EPP) Considera‑se EPP, no tocante ao Simples Nacional, o empresário ou a pessoa jurídica que obtenha, em cada ano‑calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (a partir de 1º de janeiro de 2012, conforme Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011). Microempreendedor Individual (MEI) É classificado como MEI o empresário individual que tenha obtido receita bruta, no ano‑calendário anterior, no valor de até R$ 60.000,00, optante pelo Simples Nacional (a partir de 1º de janeiro de 2012, conforme Lei Complementarnº 139, de 10 de novembro de 2011). 6.2 Tributos relacionados à atividade de compra e venda de materiais para o estoque para empresas industriais São diversos os tributos incidentes sobre compra e venda, conforme determina o Código Tributário Nacional (CTN), considerando‑se as operações realizadas no mercado interno e externo. Contudo, a Sra. Marina entende que no momento deve ser clara e sucinta, ou seja, informar os tributos relacionados às compras e vendas no mercado interno e suas principais diferenças e aplicações. Os tributos sobre compra e venda são: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição sobre a Finalidade da Seguridade Social (Cofins). A princípio, as futuras empresárias ficaram assustadas, mas a Sra. Marina apresentou um resumo sobre a incidência de cada tributo mencionado, bem como sua aplicação, destacando, inclusive, a obrigação legal da respectiva cobrança. ICMS O ICMS é um imposto não cumulativo de competência estadual e funciona no sistema de débito e crédito. É um imposto calculado “por dentro”, sendo que cada Estado tem sua própria legislação relativa ao tributo – incidência sobre a circulação de mercadorias, transporte interestadual e intermunicipal por qualquer via, serviços de comunicação, telecomunicações, energia elétrica, importações etc. Não há incidência de ICMS sobre livros, jornais, periódicos e material de impressão desses produtos, bem como sobre exportações. O fato gerador ocorre na saída de mercadorias de estabelecimento de um contribuinte. Contribuintes são pessoas físicas ou jurídicas que praticam operações relativas à circulação de mercadorias, em volume ou com habitualidade, que caracterizem o intuito comercial, mesmo que 70 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 a operação tenha se iniciado no exterior. Substituição Tributária – ST, foi criada e implementada pelas Unidades da Federação bem antes da atual Constituição Federal, por meio de Convênios e Protocolos celebrados entre as fazendas estaduais. O ICMS tem como principal característica o princípio da não cumulatividade e da seletividade, não dando direito ao crédito do imposto as entradas de mercadorias ou utilização de serviços resultantes de operações ou prestações isentas, ou não tributadas, ou alheias à atividade do estabelecimento. A base de cálculo do imposto é: nas saídas da mercadoria ou bem, o valor da operação; no fornecimento de serviço, o valor do serviço; na importação, o valor do bem ou mercadoria acrescido dos impostos incidentes, mais fretes, mais despesas cambiais, entre outros. Nas saídas para não contribuintes ou com fins de utilização para consumo final, comporá a base de cálculo o IPI devido, nos casos em que os bens forem tributados por IPI. As alíquotas do ICMS são variáveis em função do bem ou serviço e são diferenciadas entre os Estados, sendo que: 7% para os Estados do Norte, Nordeste, Centro‑Oeste e Espírito Santo; 12% para as regiões Sul e Sudeste; 18% para as operações internas e importações em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e 17% para os demais Estados; 7% nas operações com produtos da cesta básica e 25% em operações internas e interestaduais e importações de perfumes, cosméticos, cigarros, armas e munições, bebidas alcoólicas etc. Observação Na União Europeia, há um imposto parecido com o ICMS do Brasil, que é o IVA – Imposto sobre o Valor Agregado. Tanto o ICMS como o IVA, são impostos em que a empresa recolhe para o Estado apenas a parte que contribuiu para o produto e/ou serviço (o valor “agregado”). IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados O IPI é de competência da União. Não está sujeito ao princípio da anterioridade e, portanto, suas alíquotas podem ser alteradas durante o ano, respeitando‑se a noventena. A industrialização é caracterizada por qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou finalidade do produto ou aperfeiçoamento para consumo. O IPI é regido pelos princípios constitucionais da não cumulatividade e da seletividade, abrangendo todos os produtos relacionados na TIPI, porém alguns produtos são imunes ao IPI: livros, jornais, periódicos e o próprio papel destinado a sua impressão. Nas exportações, o IPI também não é cobrado. O fato gerador ocorre na importação no momento do desembarco aduaneiro e nas operações internas, quando ocorre a saída de produtos do estabelecimento industrial. 71 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR A base de cálculo do IPI na importação é o valor que serviu ou servirá de base para o cálculo dos tributos, ou seja, o valor do produto adicionados tributos, fretes, seguros, despesas, assessorias, encargos cambiais etc. Para as saídas internas, a base de cálculo é o valor total da operação, isto é, o preço do produto acrescido do frete e demais despesas assessorias cobradas ou debitadas pelo contribuinte. A alíquota do IPI é determinada pela classificação fiscal na TIPI. As empresas industriais, no momento da aquisição de matérias‑primas (material auxiliar, material de embalagens etc., materiais que serão utilizados na industrialização ou fabricação de seus produtos) poderão se creditar do imposto pago no momento da aquisição para compensá‑los no momento das saídas. Ressalta‑se que o crédito somente poderá ser fito para os casos de saídas tributadas. O débito do imposto ocorre na saída dos produtos por venda, demonstração, empréstimo de material de estoque, entre outras operações. O IPI é calculado “por fora” e é agregado ao valor do produto, diferentemente do ICMS. A base de cálculo do IPI será sempre a mesma para qualquer tipo de destinatário, contribuintes ou não contribuintes. Entretanto, existe imunização para alguns órgãos do governo e para a Itaipu Binacional. Por ser um imposto calculado “por fora”, ele não integra a base do PIS e da Cofins, porém poderá ou não integrar a base do ICMS, estando condicionado a destinação que era dada ao produto pelo adquirente. PIS e Cofins O Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Finalidade Social (Cofins) são contribuições sociais com funções fiscais. Incidem sobre o faturamento das empresas. Os fatos geradores do PIS são: o auferimento de receita pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda; a folha de salários das entidades relacionadas no art. 13 da MP nº 2.158–35; as receitas correntes arrecadadas e as transferências correntes e de capital recebidas pela pessoa jurídica de direito público interno. A Cofins tem como fato gerador o auferimento de receita pela pessoa jurídica de direito privado, inclusive aquelas a ela equiparadas pela legislação do Imposto de Renda. Para as empresas que utilizam o regime cumulativo, tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado, a alíquota de PIS e 0,65% e Cofins 3%. Nesse regime, as empresas não poderão recuperar o imposto no momento da aquisição de materiais. A base de cálculo é a totalidade das receitas, mas sem considerar: IPI, ICMS Substituição Tributária, exportações, reversões de provisões, receitas financeiras, receitas de ganhos de capital etc. Para as empresas que utilizam o regime não cumulativo, aquelas tributadas pelo lucro real, a alíquota é de 1,65% para o PIS e 7,6% para a Cofins, podendo deduzir os créditos permitidos expressamente em lei. Vale lembrar que existem empresas que, mesmo sendo tributadas pelo lucro real, não podem optar pelo regimenão cumulativo. É o caso de instituições com tributação monofásica: as refinarias e as indústrias de bebidas; as que tenham somente parte de suas receitas tributadas pela não cumulatividade, como o setor de telecomunicações, as instituições financeiras e empresas equiparadas entre outras. Há também a modalidade de PIS/Pasep – Folha de Pagamento. As organizações que contribuem para o PIS/Pasep sobre a folha de pagamento são os templos de qualquer culto, partidos políticos, 72 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 instituições de educação e de assistência social, instituições filantrópicas, entre outras. Para o PIS sobre a folha de pagamento, a alíquota é de 1% sobre o valor total da folha de pagamento mensal de salários a seus empregados. Não integram a base: salário‑família, benefícios, indenizações, FGTS, entre outros autorizados por leis. Estas entidades são isentas do recolhimento da Cofins. 6.3 Tributos relacionados ao resultado apurado pelas empresas, inclusive com a atividade industrial As futuras empresárias ouviram atentamente as explicações da Sra. Marina sobre os tributos incidentes sobre operações de compras e vendas, mas como a própria contadora informou, existem ainda os tributos sobre o resultado apurado pelas empresas, ou seja, o IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica, e a CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, mas há diferença na forma de apuração de tais tributos, ou seja, dependendo da atividade operacional da empresa é possível optar pelo Lucro Real ou Lucro Presumido. Para Josefa e Jussara, tudo é novidade, embora já entendam a responsabilidade para constituir uma empresa. A Sra. Marina, antes de iniciar a explicação sobre IRPJ e CSLL, informa as gêmeas que há outra forma de tributá‑la, em que haverá a junção de todos os tributos, trata‑se do Simples Nacional, e assim inicia sua explicação. Simples Nacional O planejamento tributário é a escolha de alternativas de ações ou omissões lícitas. Os objetivos principais de um planejamento tributário são: evitar a incidência, reduzir o montante e retardar o pagamento dos tributos – isso tudo sem violar a lei. A elisão fiscal significa a economia tributária lícita. É a forma legalmente aceita para a economia de impostos. Contudo, temos dois tipos de elisão: a decorrente da própria lei e a resultante de lacunas e brechas existentes. Nesta, bem diferente de evasão fiscal, que é toda ação consciente, espontânea, dolosa ou intencional do contribuinte por intermédio de meios ilícitos, com intuito de evitar, eliminar, reduzir ou retardar o pagamento do tributo devido, ou seja, o indivíduo opta conscientemente por “driblar” a legislação para obter vantagens ilícitas. Lembrete Elisão fiscal e evasão fiscal são termos aplicáveis ao direito tributário que são imprescindíveis para a atuação do contador, sobretudo o contador tributário. Elisão não é um ato ilícito, a evasão sim. É classificada como microempresa, em relação ao Simples Nacional, a pessoa jurídica ou a ela equiparada que obtenha, em cada ano‑calendário, uma receita bruta igual ou menor a R$ 360.000,00. Considera‑se EPP, em relação ao Simples Nacional, o empresário ou a pessoa jurídica que obtenha, em cada ano‑calendário, uma receita bruta superior a R$ 360.000,00, e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00. 73 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR É classificado como MEI o empresário individual que tenha obtido uma receita bruta, no ano‑calendário anterior, no valor de até R$ 60.000,00, optante pelo Simples Nacional. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal em um único documento de arrecadação de impostos mencionados no art. 13 da LC 123. A determinação das alíquotas ou percentuais aplicáveis sobre a receita bruta mensal a ser tributada no Simples Nacional baseia‑se nas tabelas específicas por ramo de atividades contidas nos Anexos I a V. Essas tabelas se referem à receita bruta acumulada dos 12 meses, obedecendo ao regime de competência ou à receita bruta dos últimos 12 meses pelo Regime de Caixa. As empresas participantes do Simples Nacional, referentes ao PIS/COFINS e CSLL, não retêm e não são retidas dessas contribuições federais, bem como o IRRF, do qual a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 765/2007 dispensou a retenção na fonte sobre as importâncias pagas ou creditadas à pessoa jurídica inscrita no Simples Nacional. A opção pelo Simples Nacional poderá ser realizada exclusivamente por meio da internet, no portal do Simples Nacional, sendo irretratável para todo o ano‑calendário. Ocorre somente no mês de janeiro (até o seu último dia útil), sendo que produzirá efeitos a partir do primeiro dia do ano‑calendário da opção. Lucro presumido O lucro presumido é uma modalidade optativa. Poderão optar pelo lucro presumido as pessoas jurídicas cuja receita bruta total no ano‑calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 ou a R$ 4.000.000,00, multiplicado pelo número de meses de atividades do ano anterior, quando inferior a 12 meses. Além da receita, também existem impedimentos que estão enumerados no art. 14 da Lei nº 9.718/98. A base de cálculo do Imposto de Renda das empresas tributadas pelo lucro presumido será determinada por meio da aplicação de percentuais, fixados por lei e de acordo com as atividades da pessoa jurídica, sobre a receita bruta obtida no trimestre, somando‑se, ao resultado, outras receitas, rendimentos e ganhos de capital. Para a determinação do lucro presumido, as alíquotas aplicáveis são as constantes do art. 223 do RIR/1999, geralmente, de 8%; revenda de combustíveis, 1,6%; serviços de transportes, excetuando os de carga, 16%; serviços de transporte de cargas, 8%; serviços em geral, exceto hospitalares, 32%; serviços hospitalares, 8%, entre outros. A alíquota a ser aplicada sobre a base de cálculo para apuração do Imposto de Renda é de 15%, e a do adicional é de 10% sobre a parcela do lucro presumido que ultrapassar o valor de R$ 60.000,00 em cada trimestre. A alíquota da CSLL sobre o lucro presumido é de 9%. Com relação ao PIS e à Cofins, as pessoas jurídicas optantes pela tributação sobre o lucro presumido ficam sujeitas ao regime cumulativo, cujas alíquotas são de 0,65% para o PIS e de 3% para a Cofins. Lucro real A tributação com base no lucro real para muitas empresas pode ser opção. Conforme o artigo 246 do RIR/1999, são obrigadas a apuração do lucro real as pessoas jurídicas determinadas no art. 14 da 74 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Lei n. 9.718 de 1998, entre elas aquelas cuja receita total do ano‑calendário anterior seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00. O lucro real é o lucro ou prejuízo contábil do período de apuração, após os ajustes feitos pelas adições, exclusões e compensações autorizadas pela legislação tributária ou pela legislação do Imposto de Renda. A legislação fiscal informa que aquelas despesas não reconhecidas como dedutíveis devem ser adicionadas ao lucro líquido do período, assim como as receitas que não sejam tributáveis devem ser excluídas, para que o Lucro Real seja apurado. A empresa poderá optar pela tributação do lucro real anual. A empresa deverá pagar mensalmente o Imposto de Renda calculado pela forma estimada, por meio das aplicações de percentuais de presunção da mesma forma que no lucro presumido, ou mesmo com base em balancete, e em determinados momentospoderá efetuar a suspensão ou redução do imposto. Se a pessoa jurídica optar pela apuração trimestral, o pagamento do Imposto de Renda deverá se basear nos balancetes trimestrais. Na apuração do lucro real trimestral, a compensação do prejuízo está limitado a 30% do lucro do trimestre, mesmo que esse lucro tenha sido menor que o prejuízo dos trimestres anteriores, sendo que, no caso do lucro real anual, poderá ter sua compensação integral no mesmo ano‑calendário. Assim, caso a empresa obtenha lucro num determinado mês, ela poderá compensar o prejuízo do outro mês. Por exemplo, no caso de se obter lucro no mês de março, esse lucro poderá ser compensado com o prejuízo de quaisquer outros meses. Para a apuração do lucro real, as empresas deverão escriturar o Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur), no qual deverão ser registradas as adições e as exclusões. A alíquota estabelecida para o Imposto de Renda é de 15%, e o adicional é de 10% sobre o lucro apurado que exceder o valor de R$ 60.000,00 para a tributação baseada no lucro real trimestral ou R$ 20.000,00 por mês para a tributação no lucro real anual, que deverá recolher mensalmente por estimativa. O imposto e a contribuição social devidos em cada trimestre poderão ser pagos em quota única no mês seguinte ao trimestre da apuração, sem qualquer acréscimo, ou, se a empresa preferir, em três quotas mensais, sendo que, neste caso, com os juros calculados pela Selic até o mês anterior ao do efetivo pagamento, equivale a 1% no mês do efetivo pagamento. Alem do IRPJ, as empresas também estão sujeitas ao recolhimento da CSLL. As mesmas regras para o IRPJ serão aplicadas para a CSLL. Se a empresa optou pelo IRPJ por lucro presumido, a CSLL será calculada trimestralmente, com base nos percentuais de presunção. Se for por lucro real, o cálculo será trimestral ou mensal, feito por estimativa conforme for o caso, e a base de calculo será o lucro apurado com os ajustes legais. Para a empresa optante pelo lucro presumido, deverá recolher a CSL, também pela forma presumida. Escolhida a opção, o IRPJ e a CSLL deverão ser tributados pela forma escolhida. A CSLL será determinada mediante a aplicação da alíquota de 9% sobre o resultado ajustado, presumido ou arbitrado. A base de cálculo da contribuição social das empresas tributadas pelo lucro real, com base no balancete de suspensão ou redução, e o resultado do período ou do mês anterior à compensação da própria provisão para a contribuição social sobre o lucro é a provisão para o Imposto de Renda, ajustado pelas adições e 75 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR exclusões prescritas na legislação do IR. Para as empresas tributadas pelo lucro real, a base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício antes da provisão para o Imposto de Renda. A base de cálculo da contribuição estimada será o somatório do resultado da aplicação de 12% sobre a receita bruta de vendas de bens e serviços – excluídos as vendas, as devoluções, os descontos incondicionais e somados aos ganhos tributáveis e capital dos rendimentos e ganhos de aplicações financeiras e das demais receitas e resultados positivos, ou a 32% para atividade de prestação de serviços. Observação É muito curioso este termo: “lucro real”! Não é que o “lucro real” seja o mais correto ou acurado do ponto de vista da teoria contábil, como o termo dá a entender. O lucro “real” é um valor considerado adequado pelo Estado para servir como base para a tributação! 6.4 Tributos sobre a contratação de empregados É importante enfatizar o papel do direito do trabalho, que, no decorrer dos anos, busca lapidar a legislação trabalhista brasileira como a principal forma de diminuir as desigualdades entre empregado e empregador, este considerado a parte mais forte da relação de trabalho. Assim, a legislação do trabalho visa melhorar as condições de trabalho, bem como as condições sociais do trabalhador, assegurando que este possa prestar seus serviços num ambiente saudável e, por meio do seu salário, ter uma vida digna em sociedade. Atualmente, empregador é aquele que assume os riscos da atividade econômica, possuindo o poder de direção em três estruturas: poder de organização, poder de controle e poder disciplinar. Por outro lado, o empregado é caracterizado pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como o indivíduo que possui cumulativamente cinco características, como: pessoa física, continuidade, subordinação, salário e pessoalidade. Faltando uma delas, está descaracterizado o vínculo empregatício. Nesse segmento de propiciar melhores condições e direitos na relação de emprego eliminando as desigualdades, destaca‑se como uma das principais formalidades legais a rotina de admissão que, sendo realizada de forma errada ou não sendo realizada, coloca o empregador e o empregado em situação de risco perante os órgãos e os direitos trabalhistas, podendo gerar multas ou ainda a anulação de atos praticados. A apresentação dos documentos estabelecidos, bem como o seu correto preenchimento, obedecendo aos prazos legais, faz parte da organização da relação de emprego, sendo consideradas formalidades obrigatórias. Nesse contexto, urge exaltar o correto registro da relação de emprego e suas características na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), documento este que formaliza o contrato de trabalho e os direitos e deveres a ele inerentes. 76 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 A Sra. Marina fez questão também de informar que, além do salário a ser pago aos empregados, toda empresa, conforme a CLT – Consolidação das Leis de Trabalho – terá de pagar aos empregados as seguintes remunerações: hora extra (quando ocorrer), férias com 1/3 de adicional, 13º salário; também terá de recolher aos cofres públicos o valor do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a contribuição à Previdência Social (parte empresa). Há mais gastos que poderão ocorrer com empregados, ou seja, vale‑transporte, vale‑refeição, assistência médica, entre outros. Após as explicações da exímia contadora, Sra. Marina, as futuras empresárias Josefa e Jussara resolveram que no momento iriam optar pela tributação Simples Nacional, devido à atividade que irão exercer – confecção de uniformes empresariais – estar contemplada pela respectiva legislação. Quanto à contratação de empregados, no momento, entendem que não será necessária. 7 UMA EMPRESA EM OPERAÇÃO A empresa Confecções de Uniformes Empresariais das Gêmeas Ltda. foi constituída em 5 de janeiro de 2009, com um capital social de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sendo 50% (cinquenta por cento) para cada sócia. O registro da empresa foi realizado nas repartições públicas exigidas pela legislação atual, ou seja, Receita Federal, Secretaria da Fazenda e Prefeitura da cidade sede da mesma. O tempo passou, Josefa e Jussara concluíram o curso na universidade. Josefa tornou‑se uma excelente modelista (tia Luiza está orgulhosa). E Jussara tornou‑se uma administradora de primeira linha; conseguiu gerir a empresa de tal forma que hoje possuem uma carteira de cliente de fazer inveja. Além das duas filiais, elas estabeleceram outra confecção e uma loja sempre com peças a pronta entrega. A matriz e as duas filiais somam 235 (duzentos e trinta e cinco) empregados. A empresa faz questão de investir nos funcionários, com cursos de atualização, tanto aqueles que atuam na manufatura dos uniformes quantos os empregados voltados para a área administrativa e comercial. No início das atividades operacionais,por instrução da Sra. Marina (contadora da empresa) e também por atender à legislação vigente, a empresa era optante do Simples Nacional, classificada como Microempresa (ME), mas após alguns anos a instituição foi classificada como Empresa de Pequeno Porte (EPP), pelo fato de ter ultrapassado o limite de faturamento determinado pela primeira categoria (ME), e hoje é tributada pelo Lucro Real por Estimativa, ou seja, recolhe o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) mensalmente, de acordo com a legislação vigente. Devido ao sucesso da “Confecções de Uniformes Empresariais das Gêmeas Ltda.”, Jussara (com a aprovação de sua irmã e sócia) propôs exclusividade a Sra. Marina, ou seja, que ela prestasse seus excelentes trabalhos somente à empresa das gêmeas, mas a contadora preferiu ampliar seu horário de prestação de serviços e continuar com seu escritório. Afinal de contas, não poderia deixar os outros clientes. A decisão foi aceita por Jussara. Mensalmente, o Escritório Contábil Olimpo Ltda. envia as demonstrações financeiras a seus clientes e, em seguida, faz questão esclarecer quaisquer dúvidas sobre o resultado apurado, bem como traçar planos para melhor alcançar o planejamento efetuado por eles. 77 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Ao final do exercício social, todas as demonstrações financeiras comparativas (dois exercícios sociais: atual e anterior) são elaboradas. A Sra. Marina faz questão de se reunir com seus clientes para esclarecer quaisquer dúvidas, informar os detalhes sobre o desempenho da empresa no período, bem como contribuir com seus conhecimentos para que os empresários façam um novo planejamento. As demonstrações financeiras elaboradas foram as seguintes: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto (DFC) e Demonstração do Valor Adicionado (DVA), todas evidenciadas por Notas Explicativas (NE). Lembrete As Notas Explicativas também são consideradas demonstrações financeiras. Elaborar Notas Explicativas bem redigidas, com a preocupação de levar dados e informações relevantes aos usuários da contabilidade, é a principal forma para atender aos requisitos qualitativos do CPC Conceitual Básico – que estudamos na unidade I. Além das demonstrações financeiras supracitadas, a Sra. Marina entende que um relatório sobre a situação geral da empresa, tomando‑se como base os principais indicadores econômico‑financeiros, deverá compor as demonstrações financeiras para um melhor entendimento da saúde financeira de uma empresa, tomando‑se como base que nem todos os empresários dominam a técnica contábil. Saiba mais A preocupação da Sra. Marina em divulgar e explicar o desempenho das empresas é uma atitude muito importante. Há profissionais especializados nessa tarefa, os “RP`s” – Relações Públicas (que atendem à imprensa em geral) e os “RI`s” – Relações com Investidores. Procure o site do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores para mais informações: <http://www.ibri.com.br/home/>. 8 UM ESTUDO SOBRE A ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Para melhor entendimento e aplicação da disciplina Ciências Contábeis Interdisciplinar, apresentam‑se as demonstrações financeiras comparativas (dois exercícios sociais consecutivos), juntamente com as Notas Explicativas da empresa fictícia que ora criamos para o nosso estudo “Confecções de Uniformes Empresariais das Gêmeas Ltda”, incluindo o relatório da Administração. 78 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Balanço Patrimonial Tabela 3 Ativo Nota 31.12.2011 31.12.2010 Circulante Caixa e equivalente de caixa 2.2 E 3 32.641,20 32.390,66 Clientes 2.3 E 4 25.699,40 26.900,26 Estoques 2.4 E 5 25.676,07 39.569,88 Impostos a recuperar 2.5 E 6 1.083,59 2.678,54 Despesas antecipadas 2.6 E 7 1.293,85 554,31 Total do Circulante 86.394,11 102.093,65 Não Circulante Realizável a longo prazo Depósitos judiciais 2.7 E 8 3.738,54 4.020,79 Imobilizado 2.8 E 9 70.342,16 63.757,56 Intangível 2.9 E 10 10.702,68 10.590,94 Total do Não Circulante 84.783,38 78.369,29 Total do Ativo 171.177,49 180.462,94 Passivo Nota 31.12.2011 31.12.2010 Circulante Fornecedores 2.10 E 11 23.264,14 24.381,16 Obrigações com pessoal a pagar 2.11 E 12 10.065,11 10.353,43 Tributos a pagar 2.12 E 13 4.863,78 2.396,18 Empréstimos e financiamentos 2.13 E 14 7.798,42 14.083,21 Outras contas a pagar 2.14 E 15 3.175,57 4.019,04 Total do Circulante 49.167,02 55.233,02 Não Circulante Fornecedores 2.10 E 11 1.981,79 5.658,21 Empréstimos e financiamentos 2.13 E 14 21.128,93 18.328,71 Provisão para contingências 2.15 E 16 11.226,14 12.115,43 Total do Não Circulante 34.336,86 36.102,35 Patrimônio Líquido Capital social 104.691,98 99.348,84 Prejuízos acumulados ‑17.018,37 ‑10.221,27 Total do Patrimônio Líquido 87.673,61 89.127,57 Total do Passivo 171.177,49 180.462,94 79 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Demonstração do resultado do exercício Tabela 4 Nota 31.12.2011 31.12.2010 Receita líquida de vendas 17 228.535,44 249.145,91 Custo dos produtos vendidos 18 -202.133,44 -214.987,01 Lucro bruto 26.402,00 34.158,90 Despesas e receitas operacioanais Despesas comerciais 19 ‑21.857,41 ‑25.201,18 Despesas administrativas 20 ‑9.530,96 ‑8.464,12 Horários dos administradores 21 ‑3.136,00 ‑2.792,00 Outras receitas 22 2.075,86 201,87 Receitas (despesas)financeiras líquidas 23 233,96 ‑6.806,27 Resultado antes dos tributos -5.812,55 -8.902,80 Imposto de renda e contribuição social 24 ‑984,55 ‑1.318,47 Resultado líquido do período -6.797,10 -10.221,27 Demonstração da mutação do patrimônio líquido Tabela 5 Movimentações Nota Capital social Prejuízos acumulados Total Saldos em 31.12.2010 99.348,84 ‑10.221,57 89.127,27 Aumento de capital 25 5.343,14 5.343,14 Prejuízo do exercício ‑6.797,10 ‑6.797,10 Saldos em 31.12.2011 104.691,98 ‑17.018,67 87.673,31 Demonstração do fluxo de caixa – método indireto Apuração das variações patrimoniais no grupo Ativo e as respectivas classificações: Tabela 6 Ativo 31.12.2010 31.12.2011 Variação Classificação Circulante Caixa e equivalente de caixa 32.390,66 32.641,20 250,54 Clientes 26.900,26 25.699,40 ‑1.200,86 Atividade operacional Estoques 39.569,88 25.676,07 ‑13.893,81 Atividade operacional Impostos a recuperar 2.678,54 1.083,59 ‑1.594,95 Atividade operacional Despesas antecipadas 554,31 1.293,85 739,54 Atividade operacional Total do Circulante 102.093,65 86.394,11 -15.699,54 80 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Não Circulante Realizável a longo prazo Depósitos judiciais 4.020,79 3.738,54 ‑282,25 Atividade investimento Imobilizado 63.757,56 70.342,16 6.584,60 Atividade investimento Intangível 10.590,94 10.702,68 111,74 Atividade investimento Total do Não Circulante 78.369,29 84.783,38 6.414,09 Total do Ativo 180.462,94 171.177,49 -9.285,45 Apuração das variaçõespatrimoniais no Passivo e as respectivas classificações: Tabela 7 Passivo 31.12.2010 31.12.2011 Variação Classificação Circulante Fornecedores 24.381,16 23.264,14 ‑1.117,02 Atividade operacional Obrigações com pessoal a pagar 10.353,43 10.065,11 ‑288,32 Atividade operacional Tributos a pagar 2.396,18 4.863,78 2.467,60 Atividade operacional Empréstimos e financiamentos 14.083,21 7.798,42 ‑6.284,79 Atividade financiamento Outras contas a pagar 4.019,04 3.175,57 ‑843,47 Atividade operacional Total do circulante 55.233,02 49.167,02 ‑6.066,00 Não Circulante Fornecedores 5.658,21 1.981,79 ‑3.676,42 Atividade operacional Empréstimos e financiamentos 18.328,71 21.128,93 2.800,22 Atividade financiamento Provisão para contingências 12.115,43 11.226,14 ‑889,29 Atividade operacional Total do Não Circulante 36.102,35 34.336,86 -1.765,49 Patrimônio Líquido Capital social 99.348,84 104.691,98 5.343,14 Atividade financiamento Prejuízos acumulados ‑17.018,37 ‑10.221,27 ‑6.797,10 Total do Patrimônio Líquido 89.127,57 87.673,61 -1.453,96 Total do Passivo 180.462,94 171.177,49 -9.285,45 Tabela 8 Atividades operacionais Prejuízo líquido do período ‑6.797,10 Ajustes Depreciação 8.900,28 Provisão para contigências ‑889,29 (=) Lucro ou prejuízo ajustado 1.213,89 Variação das contas a receber 1.200,86 Variação dos estoques 13.893,81 Variação dos impostos a recuperar 1.594,95 81 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR Variação das despesas antecipadas ‑739,54 Variação de fornecedores ‑1.117,02 Variação de salários a pagar ‑288,32 Variação dos tributos a pagar 2.467,60 Variação de outras contas a pagar ‑843,47 16.168,87 (=) Caixa líquido (consumido) pelas atividades operacionais (1) 17.382,76 Atividades de investimentos Investimentos no realizável a longo prazo 282,25 Investimentos em imobilizado Máquinas e equipamentos ‑20.000,00 Equipamentosde informática ‑2.500,00 Instalações ‑5.500,00 Investimentos em intangível ‑111,74 (=) Caixa líquido (consumido) pelas atividades de investimentos (2) -27829,49 Atividades de financiamentos Aumento do capital social 5.343,14 Captação de recursos 11.638,92 Pagamento de empréstimos ‑6.284,79 (=) Caixa líquido (consumido) pelas atividades de financiamentos (3) 10697,27 Variação líquida de caixa (1 + 2+ 3) 250,54 (+) Saldo inicial de caixa e equivalente de caixa 32.390,66 (=) Saldo final de caixa e equivalente de caixa 32.641,20 Tabela 9 – Demonstração do valor adicionado R$ % 1. Receitas brutas 1.1 Venda de produtos 300.100,34 2. Insumos adquiridos de terceiros 2.1 Materiais consumidos 129.971,94 2.2 Energia elétrica, serviços de terceiros e outras despesas 36.829,78 3. Retenções 3.1 Depreciação 8.900,28 4. Valor adicionado líquido produzido pela Empresa 1 – (2+ 3) 124.398,34 5. Valor adicionado recebido em tranferência 5.1 Receitas financeiras 7.445,38 5.2 Outras receitas (sucatas) 2.075,86 6. Valor adicionado a distribuir ( 4 + 5) 133.919,58 100,00% 7. Distribuição do valor adicionado 7.1 Empregados Salários e encargos sociais (fgts) 38.543,17 28,78% 82 Unidade II CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 Comissões sobre vendas 14.810,99 11,05% Honorários da diretoria 3.136,00 2,34% 7.2 Tributos Federais 42.115,10 31,45% Estaduais 28.732,44 21,45% Municipais 1.667,56 1,24% 7.3 Financiadores Juros 7.211,42 5,38% Aluguéis 4.500,00 3,36% 7.4 Juros sobre capital próprio e dividendos 0,00 7.5 Lucros retidos ou prejuízo do exercício ‑6.797,10 ‑5,05% Notas Explicativas referentes às demonstrações financeiras encerradas em 31 de dezembro de 2011 1 Informações gerais A “Confecções de Uniformes Empresariais das Gêmeas Ltda.” com sede na cidade São Paulo – Estado de São Paulo, há dois anos, tem sua natureza jurídica classificada como sociedade por cotas de responsabilidade limitada, ou seja, a responsabilidade da sociedade está vinculada ao seu capital, salvo situações determinadas pela legislação societária atual. 2 Resumo das principais práticas contábeis As práticas adotadas para registro das operações e elaboração das demonstrações financeiras vêm sendo aplicadas de modo consistente, permitindo assim uma comparação adequada dos exercícios sociais apresentados: 2011 e 2010. A “Confecções de Uniformes Empresariais das Gêmeas Ltda.” é atualmente uma empresa de pequeno porte, mesmo assim, seguindo‑se as orientações do Conselho Federal de Contabilidade e do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, optou‑se pela adoção do conjunto completo de pronunciamentos contábeis e não pelo CPC PME. O motivo dessa escolha é devido ao fato de haver indicações de que a empresa terá a necessidade de prestação de contas públicas em um futuro próximo. 2.1 Base de preparação Para o registro das operações, foi utilizado o custo histórico como base de valor, porém, para elaborar as demonstrações financeiras, não houve necessidade de mensurar os ativos e passivos financeiros ao valor justo, conforme determina o Pronunciamento Contábil – CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Financeiras (item 118.) por não representar relevância, mesmo se considerando as estimativas contábeis que devem ser realizadas, tomando‑se como base análises setoriais e acompanhamento da política econômica local, nacional e mundial. 83 CC TB - R ev isã o: V irg ín ia / An dr éi a/ V ito r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 07 /1 1/ 20 12 CIÊNCIAS CONTÁBEIS INTERDISCIPLINAR 2.2 Caixa e equivalentes de caixa De acordo o Pronunciamento Contábil – CPC 03 – Demonstração do Fluxo de Caixa, a conta “Caixa e equivalente de caixa” comportam os seguintes numerários: o caixa existente na empresa, a conta corrente bancária e as aplicações financeiras de curto prazo, conforme demonstrativo na nota 3. 2.3 Clientes A conta de clientes representa os valores a receber na presente data provenientes de vendas de produtos fabricados pela nossa empresa a prazo. O registro dessa operação atende ao regime de competência e tais valores não necessitaram ser trazidos a valor presente, uma vez que juros relativos à modalidade a prazo não são relevantes, a composição dos principais clientes estão na nota 4. De acordo com os nossos registros, nos últimos dois anos, não foram apresentadas situações de inadimplência relevante, motivo pelo qual se decidiu não registrar a Estimativas para Crédito de Liquidação Duvidosa – ECLC. 2.4 Estoques Os estoques estão compostos por matéria‑prima, produtos em elaboração e produtos acabados (conforme nota 5) e o critério de avaliação utilizada para as matérias‑primas é a Média Ponderada Móvel, já para os produtos acabados utiliza‑se o PEPS – Primeiro Item a Entrar no Estoque será o Primeiro a Sair, em relação aos produtos em elaboração, seu custo é formado a partir do equivalente de produção, informado pelo Departamento de produção. A empresa adota o Custeio por Absorção, conforme determina a legislação atual, e nos custos dos estoques de matérias‑primas são considerados todos os gastos incorridos para colocá‑lo em produção, ou seja, transportes, armazenamentos, entre outros. A análise sobre ativos recuperáveis – Pronunciamento Contábil – CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, também e realizada em relação aos estoques e, quando necessário, são constituídas provisões sobre itens de baixa
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