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MODELO PETIÇÃO INICIAL - ENTREGA DE PRODUTO DANIFICADO

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Especialista: Carlos Eduardo Ferreira de Souza 
 Disciplina: Direito Civil 
 carlosedufs 
 
MODELO – PETIÇÃO INICIAL: ENTREGA DE PRODUTO DANIFICADO 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL 
CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL - RJ 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, brasileiro, estado civil, nascido em XX/XX/XXXX, portador do 
documento de identidade nº XXX.XXX, emitido pela XXX, inscrito no CPF sob nº XXX.XXX.XXX-
XX, residente e domiciliado no endereço tal, telefone: (XX) XXXXX-XXXX, e-mail: XX, vem, por 
meio de seu advogado subscrito, propor a presente 
 
 
 
 
 
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C 
REPARAÇÃO POR DANO MORAL 
 
 
 
 
 
 
 
 em face de RÉ, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº XXXX, situado na 
ENDEREÇO TAL, aduzindo para tanto a matéria de fato e de direito que passa a expor: 
 
I – DOS FATOS 
No dia XX/XX/XXXX, a autora realizou pedido de um “Nome/descrição do produto”, no 
valor de R$ XX,XX, tendo sido o pagamento aprovado em XX/X/XXXX (pedido nº XXX). O 
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PRODUTO ERA DESTINADO A PRESENTEAR SEU CUNHADO, CICRANO 
(DOCUMENTO EM ANEXO). 
Ocorre que a previsão de entrega era para XX/XX/XXXX e a ré somente entregou em 
XX/XX/XXXX, com atraso e com o produto incompleto/danificado. 
Como se depreende de fotografias e prints, o produto adquirido veio com atraso e sem partes 
e a ré não ofereceu solução administrativa adequada: primeiro porque não pôde presentear seu 
cunhado no dia de seu aniversário (são vizinhos e conviveram durante o isolamento) e, segundo, 
porque sugeriu à autora não a troca, mas um elaborado procedimento que a exporia em tempos 
de pandemia da COVID-19, o que não foi aceito (Protocolos: XXXX). 
Ademais, ocorreu a perda de tempo produtivo da autora que tentou solução extrajudicial em 
diversas oportunidades, se dispondo a ligar, falar por chat, aguardar falhas no sistema e outros casos 
mais. 
Por todo exposto, em razão da impossibilidade de solução administrativa e da gravidade dos 
fatos, requer sejam os pedidos julgados procedentes, com proteção dos direitos consumeristas dos 
autos. 
 
II – DOS FUNDAMENTOS 
A) Da relação de consumo: 
Para configuração da relação de consumo, devem estar presentes as figuras do consumidor e 
do fornecedor, nos termos dos arts. 2º e 3º Código de Defesa do Consumidor. Vejamos: 
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final. 
[...] 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços. 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de 
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.” 
 
No presente caso, a parte autora é pessoa física que utiliza serviço como destinatário 
final, enquanto a ré é pessoa jurídica e privada que desenvolve atividade de prestação de 
serviços mediante remuneração. 
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Sendo assim, resta evidente a relação de consumo, fazendo jus, portanto, à aplicação da 
legislação consumerista, em especial quanto aos seguintes direitos trazidos: (i) a efetiva prevenção e 
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; (ii) a facilitação da defesa 
de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, dentre outros. 
No presente caso, resta demonstrada a verossimilhança das alegações, razão pela qual se 
requer, desde já, a inversão do ônus da prova. 
B) Da obrigação de fazer ou do dano material: 
Deve ser a autora condenada a troca a mercadoria ou entregar complementação/reparação, em 
virtude da incompletude com que foi entregue. 
Não sendo o caso, requer o ressarcimento integral do valor despendido, no valor de R$ XX,XX 
com possibilidade de recolhimento em domicílio pela ré. 
C) Dos danos morais 
No presente caso, os danos morais são evidentes: o produto não foi entregue a tempo e 
estava incompleto + se destinava a presentear pessoa querida (cunhado) + tomou da autora 
bastante tempo em tentativas de solução administrativa. 
É como têm decidido as Turmas Recursais deste Tribunal de Justiça do Estado do Rio de 
Janeiro, seja em caso de simples atraso ou, ainda mais grave, no caso de ausência de entrega dos 
produtos. Vejamos por todas: 
“Compra de produto através de comércio eletrônico. Ausência de entrega. 
Processo extinto por ausência de comprovação de endereço da parte autora. 
Documentos juntados ao processo eletrônico suficientes para comprovar o endereço 
da autora. Local de entrega do produto que corresponde ao endereço indicado na 
inicial (fl.e. 19), o que corrobora a certeza quanto ao endereço da parte. Preliminar 
afastada. Sentença anulada. Julgamento imediato do mérito na forma do artigo 1.013, 
§3º, do Código de Processo Civil. Ré que não comprova a entrega do aparelho à 
autora ou qualquer pessoa que resida em sua companhia. Falha caracterizada pela 
ausência de entrega, que configura o descumprimento do contrato. Restituição 
integral do valor pago pelo produto devida. Danos morais presentes, decorrentes 
da frustração da legítima expectativa de receber um produto em perfeito estado e 
para uso permanente. Indenização a ser arbitrada, em atenção aos princípios da 
razoabilidade e da proporcionalidade, em R$ 2.000,00. Provimento parcial do 
recurso.” 
[TJRJ – 3ª Turma Recursal dos JECs – RI 0046456-13.2018.8.19.0021 – Rel. Juiz 
Paulo Mello Feijó – Dje 19/12/2018] 
“Alega a autora que adquiriu produto junto a ré em 28/03/2017, aprovado em 
31/03/2017 e a previsão de entrega era de até os 11 dias úteis, ou seja, até o dia 
13/04/2017. Aduz que o produto não chegou na data prevista, vindo a autora a entrar 
em contato com a ré abrindo reclamação, recebendo como resposta no dia 
24/04/2017 que não haviam obtido retorno da transportadora. Requer a entrega do 
produto e indenização por danos morais. A ré em contestação aduz que passados 3 
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dias da propositura desta demanda, procedeu com a entrega do produto, desejando a 
partir desta informação que os pedidos sejam julgados improcedentes. Sentença que 
julgou o pedido de danos morais IMPROCEDENTE. Recurso da autora, solicitando 
a reforma da sentença para que seja julgado procedente os pedido de danos morais. 
É o breve relatório, passo a decidir. Sentença que merece reparo. A ré prova que 
procedeu a entrega do produto em 29/04/2017, ou seja, 16 dias após o previsto que 
seria 13/04/2017. A autora por sua vez, alega que o produto foi adquirido para fins 
de trabalho, e que o atraso fez com que, o marido da autora, que é quem utilizaria o 
bem, perdesse serviços de pintura no qual se destinava o produto. Sendo assim, resta 
claro que a parte autora sofreu danos no atraso da entrega. Isto posto, VOTO no 
sentido de dar provimento ao recurso da parte autora para fins de JULGAR 
PROCEDENTE seu pedido, condenando a ré ao pagamento em favor do autor 
de indenização pelo dano moral sofrido no valor de R$1.000,00.” 
[TJRJ – 5ª Turma Recursal dos JECs – RI 0000837-83.2017.8.19.0057 – Rel. Juíza 
Cristiane da Silva Brandão Lima – Dje 18/02/2019] 
O dano moral é aquele que surge da lesão a direitos da personalidade estabelecidos em rol 
exemplificativo, tanto no texto constitucional quanto na legislação civil. Ademais, quando se trata de 
relação de consumo, porse tratar o Código de Defesa do Consumidor norma de direito público, o 
mero ferimento aos direitos básicos se mostra apto a gerar a reparação pelo dano. 
Nas lições de Stolze e Pamplona, “o dano moral consiste na lesão de direitos cujo conteúdo 
não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro”. Ainda, para Yussef Said, “o dano moral 
consiste na lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a 
dinheiro.” 
Comprovar a ocorrência de danos morais é difícil, senão impossível, por se tratar de agressão 
a sentimentos íntimos e a aspectos intangíveis da personalidade. Portanto, deve ser verificado em 
consonância com o caso concreto apto a geração do dano moral. 
Pelo exposto, requer seja julgado procedente o pedido de reparação por danos morais, em 
razão das ofensas a direitos sofridas. 
III – DOS PEDIDOS 
Por todo exposto, requer seja: 
i. Citada a ré para, querendo, apresentarem contestação; 
ii. A ré condenada a entregar o produto adequado ou, subsidiariamente, a restituir o 
valor pago a título de dano material, no valor de R$ XX,XX 
iii. A ré condenada a pagar o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a título de 
compensação por danos morais. 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos. 
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). 
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Nestes Termos, 
Pede Deferimento. 
Rio de Janeiro, XX de XXXX de XXXX. 
Beltrano da Silva 
Advogado 
OAB/XX XXX.XXX

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