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Disciplina: Análise Estatística Aula 10: Números Índices Apresentação Nesta aula, veremos os números-índice, ou simplesmente índices, que se apresentam em muitos aspectos do nosso dia a dia, seja em reportagens de jornais e revistas, seja em situações cotidianas, auxiliando a tomar decisões de ordem profissional e pessoal. Inúmeros são os casos em que a utilização de números relativos é mais bem empregada do que números absolutos, principalmente na análise e apresentação de dados ou fenômenos quantitativos. Isto ocorre, naturalmente, quando é necessário fazer comparações dos valores de uma mesma variável em épocas ou regiões diferentes. Essas comparações, que denominamos números-índices, são usadas, de um modo geral na economia, para medir as variações de preços, a quantidade física de mercadorias produzidas ou vendidas; relacionar-se a conceitos produtividade, inteligência e eficiência; bem como nas ciências físicas, químicas, naturais e sociais. Objetivos Aprender o conceito de números índices, bem como sua importância como ferramenta a ser utilizada por administradores; Entender o conceito de relativo – relação de preços, relação de quantidade e relação de valor; Estabelecer o emprego de índices, tais como: índices agregativos simples, ponderado e de preços; Identificar o deflacionamento de dados. Premissa Um exemplo simples de números absolutos e relativos pode esclarecer melhor essa ideia. Imagine uma determinada faculdade que possua os cursos A, B, C, D e E. Uma pesquisa identifica a quantidade de alunos que trancaram a matrícula no ano anterior. Curso Alunos Trancados Total A 90 1.543 B 83 997 C 150 2.352 D 60 717 E 110 1.766 Com a necessidade de comparar os cursos para análise, esta tabela, com números absolutos, não ajuda muito. Entretanto, ao apresentarmos uma tabela com números relativos, temos: Curso Alunos Trancados A 5,83% B 8,32% C 6,38% D 8,37% E 6,23% O que nos permite facilmente verificar que o curso D apresentou o maior índice de alunos que trancaram a matrícula. Fonte: Shutterstock Conceito É a relação entre dois ou mais estados de uma variável, que está sujeita à variação no tempo ou no espaço. Ou seja, é a razão entre uma variável numa determinada data e esta mesma variável em outra data. Esta razão é obtida dividindo o valor da variável na data desejada pelo valor da variável na data base. O resultado é então multiplicado por 100. Vejamos a tabela a seguir, que mostra a análise de um estabelecimento de ensino sobre a quantidade de alunos matriculados no período de 2006 a 2010. Anos 2006 2007 2008 2009 2010 Matriculados 1050 1160 1230 1440 1580 Número- índice 100,00 110,5 117,1 137,1 150,5 Observando a tabela, verifica-se que os números-índices mostram a evolução percentual, permitindo-nos perceber imediatamente a variação relativa sofrida pelo número de alunos matriculados ao longo do período escolhido. Comentário A tabela mostra um aumento, em relação ao ano de 2006, de 10,5% em 2007; 17,1% em 2008; 37,1% em 2009; e 50,5% em 2010. Observe que, por convenção, o símbolo de percentagem (%) não é utilizado. Relativos de preços Sempre que é necessário analisar a variação no preço, na quantidade ou no valor de um determinado bem, é possível fazer uso do que chamamos de relativos de preço, de quantidade ou de valor. Fazemos isso através da variação percentual do item a ser analisado. Vamos considerar o índice o para representar a data-base e o índice t para representar a época atual (ou a ser analisada). Determinando o relativo de preços, temos: p : preço na época-base | p : preço na época atual A fórmula é determinada a partir de uma regra de três simples, na qual fazemos o preço na data-base ser equivalente a 100, como segue: o t p (relativo de preço): é um indicador que reflete a variação de preços de um conjunto de bens e serviços entre momentos no tempo. q (relativo de quantidade): representa as variações das quantidades de conjunto de bens ou serviços produzidos, vendidos ou consumidos entre momentos no tempo. v (relativo de valor): é um indicador que representa as variações dos preços em relação às quantidades em momentos diferentes do tempo. Elos relativos Consideramos que os relativos de base móvel formam elos quando cada um deles é calculado tomando como base a data imediatamente anterior. Suponha que certo produto tenha apresentado os seguintes preços no período de 2008 a 2011: R$ 88,00, R$ 110,00, R$ 132,00, R$ 198,00. Vejamos quais são os elos relativos de preços: o,t = × 100po,t pt po o,t = × 100qo,t qt qo o,t = × 100vo,t vt vo = × 100 = ×100 =125p08,09 p09 p08 110 88 Com os resultados, podemos formar a tabela de elos: Anos 2008 2009 2010 2011 Relativos 100 125 150 225 Houve um aumento em 2009 de 25% em relação a 2008, de 20% de 2010 em relação a 2009 e 50% de 2011 em relação a 2010. Relativos em cadeia Quando desejamos saber o incremento ocorrido, não entre os anos sucessivos, mas entre todos os períodos e o período-base, que pode ser o primeiro ou qualquer um da lista de observações. O relativo em cadeia é o índice de base fixa, sendo usado quando desejamos comparar um determinado ano, considerado importante ou significativo, com todos os anos anteriores e consecutivos. Observando o exercício anterior, podemos formar a tabela dos relativos em cadeia: = × 100 = × 100 =120p09,10 p10 p09 132 88 = × 100 = × 100 =150p10,11 p11 p10 198 132 = × 100 = ×100 =125p08,09 p09 p08 110 88 Anos 2008 2009 2010 2011 Relativos 100 125 150 225 O gráfico a seguir mostra a evolução do preço do bem em questão: Tipos de índice Índices agregativos Até agora, vimos índices utilizados apenas para caracterizar a evolução do preço de um só bem. No entanto, exige-se um índice que sintetize a variação dos preços de um conjunto de bens (agregado). Para cumprir essa finalidade, utilizamos o índice agregativo. = × 100 = × 100 =150p08,10 p10 p08 132 88 = × 100 = × 100 =150p08,11 p11 p08 198 88 Muitas são as formas de determinar os índices agregativos, apesar de os fundamentos básicos serem constantes. Na verdade, o que varia são os aspectos relacionados com o campo de aplicação do índice. Um exemplo clássico é o índice de inflação, que considera diversas variáveis, com pesos distintos. • Índice agregativo simples Este índice é calculado a partir da média aritmética dos relativos, obtendo assim o índice médio dos relativos. Bens A(m) B(kg) C( ) Relativos 150 125 160 435 • Índice agregativo ponderado Este índice é calculado levando em conta a importância relativa dos bens, enquanto que o índice simples considera todos os índices do agregado em um mesmo nível. Na prática, sempre temos bens de maior importância do que outros, razão pela qual devemos considerar os coeficientes de ponderação, atribuindo a cada item a importância que lhe cabe. Para o cálculo do índice agregativo ponderado, existem várias fórmulas, como por exemplo, de Laspeyres, de Paasche, de Fisher etc. Vamos aplicar o método de ponderação considerado um dos mais usuais na investigação econômica: a fórmula de Laspeyres. A fórmula de Laspeyres ou método da época-base é obtida ponderando os relativos do preço pelos valores (po . qo) do ano base. l ∑ = = = 145Ip̄ 150+125+160 3 435 3 L = =po.t ∑ × . pt po po qo ∑ .po qo ∑ .po qo ∑ .po qo Índice de preços Para se construir um índice de preços, independentemente da finalidade, devemos considerar alguns pontos básicos: a) Objetivo do índice: o objetivo do índice deve ser definido com bastante precisão, definindo o que está sendo medido e a que se refere. A partir daí, é possível selecionar os produtos que comporão o índice. b) Produtos a serem incluídos: na escolha dos produtos a serem incluídos, deve-se procurar os mais representativos e importantes, dentre aqueles que integram o setor para o qual o índice será calculado. c) Preços a serem incluídos: após identificar o setor para o qual vão ser determinados os preços (atacado,varejo etc.), deve-se decidir a forma de cotação e como serão coletados os preços. d) Fórmula: a fórmula de Laspeyres é a mais usada nos casos de índices de preços, pois emprega pesos fixos, permitindo a revisão periódica de seus valores. Desta forma, as comparações podem ser feitas diretamente ou através de elos de relativos. Índice de custo de vida O índice de custo de vida, também chamado de índice de preço ao consumidor, mede a variação de preços de um conjunto de bens e serviços necessários à vida do consumidor final padrão. Os principais itens devem ser considerados, tais como: alimentação, vestuário, mobiliário, habitação, lazer, saúde, higiene, além dos gastos com água, luz, transporte, educação e outros. As famílias, por meio de pesquisas, determinam a lista de bens e serviços consumidos por elas e a percentagem de gastos com os respectivos itens. A partir desses dados, é fixado um índice de preço (Laspeyres) para cada grupo. Após todos os dados coletados, calcula-se a média aritmética ponderada dos índices de preços dos grupos, onde os pesos são os valores percentuais dos gastos com cada grupo na despesa total da família padrão. Índice de preços ao consumidor (IPC) É um índice que reflete os gastos das famílias com renda de até 8 salários mínimos, onde o chefe da família é assalariado em sua ocupação principal. Os gastos são agrupados em categorias de consumo de mesma natureza, como alimentação, habitação, vestuário, higiene, transporte, luz, combustível, educação, recreação e diversos. A coleta de preços é feita pelo IBGE, em dez regiões metropolitanas. O período pesquisado é do dia 16 do mês ao dia 15 do mês seguinte. IPC da FIPE FIPE é a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP, que pesquisa o custo de vida em São Paulo para famílias que possuem renda de dois a seis salários mínimos. A FIPE compara os preços médios de quatro semanas com as quatro semanas imediatamente anteriores. É o índice mais antigo do Brasil e, na opinião de alguns especialistas, é o que melhor mede a inflação, refletindo a variação dos preços de alimentos, aluguel, vestuário, transporte etc. Índice de cesta básica (ICB) É um índice bimestral usado para a correção do salário mínimo. Tem uma metodologia semelhante ao do IPC, porém representa os gastos de famílias com renda de até dois salários mínimos. Índice geral de preços (IGP) É um índice calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) através da média ponderada dos seguintes índices, com seus respectivos pesos: índice de preços por atacado (60%), índice de custo de vida (30%) e índice de custo da construção civil na cidade do Rio de Janeiro (10%). O período de coleta é do 1º ao 30º dia do mês de referência. É o mais usado como indexador de contratos de longo prazo, públicos e privados. Deflacionamento de dados O aumento dos preços tem como consequência uma baixa no poder de compra ou no valor da moeda, gerando a necessidade de realizar uma manutenção no poder de compra dos salários. Assim, embora os salários nominais estejam sempre aumentando, os salários reais podem diminuir, devido ao aumento do custo de vida (inflação), e, consequentemente, tendo o seu poder aquisitivo reduzido. Supondo a situação em que um trabalhador, em 1º de maio de 2011, ganhava X reais por mês, qual deveria ser seu salário mensal, em 1º de janeiro de 2012, para que ele se encontrasse em situação equivalente à anterior? Este é um problema típico de conversão de salário nominal em salário real, de grande importância quando há inflação. Desta forma, sabendo-se que um assalariado, em dezembro de 2010, tinha salário de R$1.071,00 e o índice de preços de dezembro de 2010, com base em novembro, era de 101,24%, calcular qual o valor real do salário em dezembro com base em novembro. SR = × 100 = × 100 = 1057, 88St IPt 1071 101,24 Ou seja, seu valor aquisitivo é de R$ 1.058,00. Saiba mais Esse procedimento é denominado deflacionamento de salários, e o índice de preços usado na determinação do salário real é chamado deflator. Referências CRESPO, Antônio Arnot. Estatística fácil. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 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