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RESUMO AV1 – FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS - AULA 1 ● Linguagem e pensamento são coisas indissociáveis, não se pode conceber uma sem a outra. ▪ Pensamento: capacidade de, ao articular acontecimentos, coisas e fatos, instaurar um sentido; ▪ Linguagem: capacidade de tornar esse sentido manifesto. ● Formas de Conhecimento ▪ O mito é uma mensagem cifrada, que não é entendida facilmente por quem não está dentro da cultura de que o mito faz parte. O mito pode transmitir, de geração em geração, uma espécie de conhecimento, muitas vezes sobre a origem do mundo, algumas sobre processos de cura, outras sobre interpretações de fenômenos da natureza, sobre a sociedade e a relação entre homens, através de histórias mitológicas. ▪ O conhecimento religioso se dá a partir da separação ente a esfera do sagrado e do profano, apresentam narrativa sobrenatural para o mundo, sendo condição fundamental crer ou ter fé nessa narrativa. Pode proporcionar ao homem garantia de salvação, prescrever maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações. ▪ O conhecimento filosófico pode ser traduzido como amor à sabedoria, à busca do conhecimento. Trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem e sua presença no universo. É especulativa, suas conclusões carecem de prova material, é traduzida em ideologia. ▪ Senso comum é algum sentido dado coletivamente às coisas vividas; nem sempre o senso comum representa a realidade. É um tipo de conhecimento espontâneo. ▪ Ciência: faz-se ciência quando se delimita aquilo que se quer estudar, o objeto de que se quer tratar. Os resultados das sistematizações dos discursos podem ser verificados em condições experimentais, ou seja, em laboratórios. Na produção de conhecimento científico é necessário, também, que se aja com MÉTODO. - AULA 2 ● As Ciências Sociais O objeto de estudo das ciências sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e politicas. Pertence ao grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresenta métodos próprios de investigação dos fenômenos que analisam; são postas em contraste com as Ciências Naturais e Exatas, já que essas podem ser avaliadas e quantificadas pelo método científico e na área social os métodos utilizados são outros. Isso ocorre pois nas Ciências Sociais se trabalha muito com discurso, com as ideias das pessoas. Tem como objeto de estudo tudo o que diz respeito às culturas humanas, sua história, suas realizações, seus modos de vida e seus comportamentos individuais e sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura de valores que rege cada um deles. ▪ Sociologia: estuda o homem e o universo sociocultural, analisando inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Estudiosos: Durkheim, Weber e Marx. ▪ Antropologia: privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Inicialmente, estudava povos e grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao longo de seu desenvolvimento, passaram a analisar grupos sociais relativamente próximos. ▪ Ciência Politica: analisam-se questões ligadas às instituições politicas. Conceitos de poder, autoridade e dominação são estudados por essa ciência. Analisa-se as diferenças entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do controle do determinado território. ● Ciências Sociais x Ciências Naturais As Ciências Sociais tratam com eventos complexos, de difícil determinação, uma vez que envolvem valores e significados socialmente dados. Outra questão reside no fato de estar o pesquisador social, de alguma forma, envolvido com os fenômenos que pretende investigar, dificultando a objetividade e neutralidade científica. ● Problemas Sociais x Problemas Sociológicos ▪ O problema social designa comumente algo que atinge um grupo, ou uma categoria de indivíduos, as drogas, por exemplo. É uma situação que afeta um numero significativo de pessoas e é julgada por estas ou por um número significativo de outras pessoas como uma fonte de dificuldade ou infelicidade e considerada suscetível de melhoria. ▪ Os problemas sociológicos são o objeto de estudo da Sociologia enquanto ciência, a qual se debruça sobre esses para compreender suas características gerais. A sociologia estuda os fenômenos sociais, sendo eles percebidos como problema social ou não, é a observação sistemática e pormenorizada de organizações e relações sociais. ▪ Todo problema social pode ser um problema sociológico, mas nem todo problema sociológico é um problema social. ● O Papel do Indivíduo na Sociedade Não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos por meio da socialização, processo pelo qual um indivíduo se torna membro ativo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados atributos preconcebidos. - Aula 3 ● O Conceito de Cultura Edward Tylor: “cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade. É um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Elas não seriam dadas de uma vez por todas, por meio de um roteiro geográfico ou de uma raça, como equivocadamente pensavam os defensores do determinismo geográfico e do determinismo biológico, mas em diferentes configurações ou relações que cada sociedade estabelece no decorrer de sua história. ● O Olhar Eurocêntrico sobre a Cultura À multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de diversidade cultural. Com o surgimento da Antropologia como ciência, passa-se a estudar culturas “exóticas”, buscando descrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo. ▪ Antropologia de Gabinete: nome dado para descrever o método de pesquisa no qual os antropólogos não iam ao campo, não experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos “selvagens”. Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocados para essas tribos e ficavam ali por um certo tempo, registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este material aos antropólogos que aí sim analisavam estes relatos, desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas. ▪ Prática Etnográfica: metodologia usada até os dias de hoje, na qual o próprio antropólogo vai ao campo, vivencia esta cultura diferente, deixa-se fazer parte deste dia a dia, registra essa vivência, retorna para a sua própria cultura e finaliza seu trabalho de escrita que é o registro desta experiência. Consiste em “impregnar-se dos temos de uma sociedade, de seus ideais, de suas angústias. O etnógrafo é aquele que deve ser capaz de viver nele mesmo a tendência principal da cultura que estuda.” Laplantine. ● Etnocentrismo Trata-se da “visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através de nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimento de estranheza, medo, hostilidade, etc. ● Relativismo Cultural É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da vida do outro. Valorizando a diversidade cultural, a diferença. Não hierarquiza as formas de vida. - Aula 4 ● Diversidade Cultural e Globalização Essa multiplicidade de formas de ver, sentir e se inserir no mundo denomina-se diversidade cultural. No processo de globalização nas últimas décadas, o mundo tornou- se cada vez mais, marcado pela diversidade cultural e a convivência de diferentes formas de agir, de padrões culturais, de estilos de vida. Giddens: “a intensificação de relações sociais mundiais que unem localidades distantes de tal modo que os acontecimentos locais são condicionados por eventos que acontecem a muitas milhasde distância e vice-versa”. Esse processo foi liderado pelos EUA, que impôs seu modelo de vida como o padrão a ser seguido pelos outros países, provocando movimentos antiglobalização. ● Multiculturalismo É no quadro descrito acima que se impõe a ideia de multiculturalismo, que preconiza a interação entre as diferentes culturas, sem hierarquização de saberes e modos de vida. Pressupõe uma visão positiva da diversidade cultural, privilegiando o reconhecimento, valorização e incorporação de identidades múltiplas nas formulações de politicas públicas e nas práticas cotidianas. - Aula 5 ● O Iluminismo: Base Filosófica da Criação do Estado Burguês A partir desse ponto, estabelece-se importante discussão para a compreensão da vida em sociedade: a passagem do estado de natureza para o contrato social. Marilena Chauí: o conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente. Duas foram as principais concepções do estado de natureza: ▪ Hobbes: em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos ou “homem lobo do homem”. Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande medo: a morte violenta. Sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco; a vida não tem garantias, a posse não tem reconhecimento; a única lei é a força do mais forte, que pode tudo quanto tenha força para conquistar e conservar. ▪ Rosseau: em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo daquilo que a natureza lhes dá, desconhecendo lutar e comunicando-se por gestos, gritos e canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca um terreno e diz “é meu”. A propriedade privada dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, ao estado de natureza hobbesbiano da guerra de todos contra todos. ▪ Para fazer cessar esse estado de vida entre ameaçador e ameaçado, os humanos decidem passar à sociedade civil, isto é, ao Estado Civil, criando o poder político e as leis. A passagem do estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciam a liberdade natural e a posse natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir para um terceiro, soberano, o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade politica. O contrato social funda a soberania. ▪ John Locke: o Estado existe a partir do contrato social. Tem as funções que Hobbes lhe atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural a propriedade. Dessa maneira, a burguesia se ve inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais do que isso, surge como algo superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário graças ao seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade. Ele não se reconhece apenas como superior social e moralmente aos nobres, mas também aos pobres. De fato, se Deus fez todos os homens iguais, se a todos deu a missão de trabalhar e à todos concedeu o direito a propriedade privada, então os pobres, isto é, quem não possui terras, são culpados de sua condição inferior. ● A Revolução Francesa A Revolução Francesa e os processos sociais ligados a ela permitiram que a humanidade olhasse a sociedade como objeto de ciência. ● Revolução Industrial e Neocolonialismo No plano politico e econômico o termo revolução é usado para expressar um movimento de transformação que, na visão de seus protagonistas, traz transformações significativas, positivas e benéficas para a sociedade. O desenvolvimento industrial se fez acompanhar do desenvolvimento científico, que por sua vez impulsionou ainda mais a indústria em função de descobertas e invenções. Nos centros urbanos europeus respirava-se desenvolvimento e acreditava-se que a tecnologia resolveria todos os problemas do homem. A indústria cresceu e com esse crescimento vieram as crises de produção porque a superprodução não era acompanhada pelo consumo. A solução para a crise de consumo foi encontrada no neocolonialismo. O neocolonialismo representou nova etapa do capitalismo, do momento em que as nações europeias saíram em busca de matérias-primas para sustentar as indústrias, de mercados consumidores para os produtos europeus e mão de obra barata. Esse colonialismo se direcionou para Ásia e África; a América escapou desse colonialismo politicamente, mas não economicamente, pois dependia dos banqueiros e capital industrial europeu. Iniciou-se, nessa época, a exploração da borracha na Amazônia, pois era mais barato já que tinha a mão de obra, matéria-prima e favorecimento governamental. “Quando os brancos chegaram nós tínhamos a terra e eles a Bíblia; depois eles nos ensinaram a rezar; quando abrimos os olhos eles tinham as terras e nós, a Bíblia.” Foi nesse cenário de expansão imperialista que surgem inéditas tentativas de explicação da realidade social. A primeira delas, como vemos a seguir, foi o chamado Dawinismo Social ▪ Dawinismo Social: ao defender a propriedade privada, o liberalismo postula que todo homem compete em igualdade; aquele que não a conquista, não o faz porque é vicioso ou preguiçoso. Essa tese, presente até os dias de hoje, interessava e interessa à manutenção do domínio da classe burguesa. As sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações na sociedade representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Apoia o individualismo liberal e justificam o lugar ocupado pelos bem sucedidos nos negócios. Por outro lado, as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos, levando o desenvolvimento a eles. O Dawinismo serviu para justificar a ação imperialista das nações europeias. Foi nesse cenário que nasceu a Sociologia. Hebert Spencer: sobrevivência do mais apto.
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