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RESUMO AV1 - SOCIOLOGIA JURÍDICA

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RESUMO AV1
SOCIOLOGIA JURÍDICA
● CONCEITO SOCIOLÓGICO DO DIREITO
Conjunto de normas de conduta universais, abstratas, obrigatórias e mutáveis,
impostas pelo grupo social, destinadas a disciplinar as relações externas do indivíduo,
objetivando prevenir e compor conflitos.
● O QUE É A SOCIOLOGIA JURÍDICA?
É a ciência que estuda o direito como fenômeno social (ser). É uma subárea do
direito.
● EFICÁCIA SOCIAL DA NORMA
É o nível de cumprimento da norma tendo em conta as relações sociais a elas
referentes. 
Uma norma é considerada socialmente eficaz quando é observada por seus
destinatários, apresentando os efeitos esperados quando de sua aplicação, seja porque
impediu a instalação do conflito ou quando a sua violação é efetivamente punida pelo
Estado. 
Em ambos os casos a previsão normativa é respeitada: seja de forma espontânea,
seja através de uma intervenção coercitiva ou punitiva do Estado.
A eficácia indica a distância entre o direito “nos códigos”, estabelecido na norma
legal (o dever ser jurídico), e o direito “em ação” (o nível de cumprimento do direito na
sociedade real).
Uma norma só tem essa força se estiver adequada à realidade social e ajustada às
necessidades do grupo. 
E isso deveria ser a primeira preocupação do legislador quando da elaboração das
normas: adequar o direito positivo à realidade social, sob pena de nunca produzir uma
norma eficaz.
 ▪ POSSÍVEIS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A EFICÁCIA SOCIAL DA NORMA:
Fatores instrumentais – são os que dependem da atuação dos órgãos de
elaboração e de aplicação do direito (Legislativo e Judiciário), entre os quais:
•Divulgação do conteúdo da norma entre a população;
•Conhecimento da norma por seus destinatários;
•Perfeição técnica da norma – clareza da redação, brevidade, precisão do conteúdo,
sistematicidade;
•Estudos preparatórios sobre o tema que se objetiva legislar;
•Preparação dos profissionais do direito responsáveis pela aplicação da norma;
•Previsão de consequências jurídicas, sanções, adaptadas à situação e socialmente
aceitas;
•Expectativa de consequências negativas – efetividade na aplicação da sanção prevista
na norma.
Fatores referentes à situação social – são fatores ligados às condições da vida
na sociedade, em determinado momento histórico. 
O sistema de relações sociais e a atitude do poder político frente a sociedade civil
influenciam diretamente as chances de aplicação das normas vigentes, tais como:
• Participação dos cidadãos no processo de elaboração e aplicação das normas;
Coesão social – isto é, quanto mais consenso houver entre os cidadãos com
relação à política do Estado, mais forte será o grau de eficácia das normas vigentes; 
Adequação da norma à situação política e às relações de força dominantes – uma
norma que corresponde à realidade política e social possui mais chances de ser
cumprida;
•Contemporaneidade das normas com a sociedade.
 ▪ EFEITOS POSITIVOS DA NORMA:
• Função de controle social
• Função educativa
• Função conservadora da norma
• Função transformadora da norma
▪ EFEITOS NEGATIVOS DA NORMA:
Quando as leis entram em conflito com os fatos acabam vencidas por estes e
findam por desmoralizar-se, provocando desapreço a toda legislação. 
Assim, a ineficácia se dá em casos nos quais a norma não foi obedecida e não houve
imposição de sanção.
Cinco causas principais para a ineficácia da lei:
• Desatualização
• Misoneismo
• Antecipação da lei à realidade social vigente
• Omissão da autoridade em aplicá-la
• Falta de estrutura adequada à aplicação da lei
● OPINIÃO PÚBLICA
É o pensamento predominante do grupo sobre uma determinada pessoa ou
questão. É o juízo coletivo adotado e exteriorizado por um grupo.
A opinião pública não é a soma nem a síntese da opinião de todos, é um novo
produto, uma nova realidade. 
Representa a tendência geral, mas sem ser necessariamente a opinião de todos os
membros nem a opinião de qualquer pessoa em particular.
 ▪ QUAL A IMPORTÂNCIA DA OPINIÃO PÚBLICA PARA A SOCIOLOGIA JURÍDICA
E PARA O DIREITO?
Age como um verdadeiro termômetro, revelando ao legislador e demais
autoridades que atuam na área jurídica o sentimento social em torno de questões sociais
relevantes e indicando as mudanças necessárias nas leis e instituições jurídicas.
A opinião pública formada em torno do Judiciário foi no sentido de considerá-lo
deficiente, emperrado e moroso.
Há uma grande parcela que considera os tribunais ou juízes influenciáveis pelos
poderosos, ou passíveis de corrupção, e, portanto, parciais, assunto da maior gravidade a
merecer uma especial atenção, sob pena de uma desmoralização cada vez maior da
instituição.
Os três postulados implícitos das pesquisas de opinião
• Todo mundo pode ter uma opinião. A produção de uma opinião está ao alcance de todos;
• Todas as opiniões têm valor;
• Pelo simples fato de se colocar a mesma questão a todo mundo, está implícita, a
hipótese de que há um consenso sobre os problemas, ou seja, que há um acordo sobre
as questões que merecem ser colocadas.
Críticas técnicas às pesquisas de opinião:
• Coloca-se em dúvida a representatividade das amostras;
• Reprovam-lhes também o fato de colocar questões contendo vieses ou, mais ainda, de
colocar vieses na formulação das questões: isto já é mais verdadeiro e frequentemente a
resposta é induzida através da maneira de se colocar a questão.
As problemáticas fabricadas pelos institutos de pesquisa de opinião estão
subordinadas a uma demanda de tipo particular.
A questão do ensino, por exemplo, só pôde ser colocada por um instituto de opinião
pública quando se tornou um problema político.
Uma análise estatística sumária das questões colocadas nos mostrou que a grande
maioria se ligava diretamente às preocupações políticas do “pessoal político”.
As problemáticas que são propostas pelas pesquisas de opinião se subordinam a
interesses políticos, e isto dirige de maneira muito acentuada o significado das respostas
e, ao mesmo tempo, o significado dado à publicação dos resultados.
Em seu estado atual, a pesquisa de opinião é um instrumento de ação política; 
Sua função mais importante consiste talvez em: 
• Impor a ilusão de que existe uma opinião pública que é a soma puramente aditiva de
opiniões individuais; 
• Impor a ideia de que existe algo que seria uma coisa assim como a média das opiniões
ou a opinião média.
O equivalente atual de “Deus está conosco” é “a opinião pública está conosco”. Tal
é o efeito fundamental da pesquisa de opinião: constituir a ideia de que existe uma
opinião pública unânime, portanto legitimar uma política e reforçar as relações de força
que a fundamentam ou a tornam possível.
A primeira operação, que tem como ponto de partida o postulado segundo o qual
todo mundo deve ter uma opinião, consiste em ignorar as não respostas.
Um dos efeitos mais perniciosos da pesquisa de opinião consiste precisamente em
colocar pessoas respondendo perguntas que elas não se perguntaram.
O segundo princípio a partir do qual as pessoas podem produzir uma opinião é o
que chamo de “ethos de classe” (para não dizer “ética de classe”), isto é, um sistema de
valores implícitos que as pessoas interiorizam desde a infância e a partir dos quais
produzem respostas a problemas extremamente diferentes.
A questão do conservadorismo das classes populares e menos instruídas:
Resumindo, a proposição “as classes populares é repressiva” não é nem
verdadeira nem falsa. 
É verdadeira na medida em que diante de todo um conjunto de problemas como os
que tocam à moral doméstica, às relações entre as gerações ou entre os sexos, as
classes populares têm a tendência de se mostrar muito mais severas do que as outras
classes sociais.
Ao contrário, sobre as questões de estrutura política que colocam em jogo a
conservação ou a transformação da ordem social, e não apenas a conservação ou a
transformação dos modos de relação entre os indivíduos,as classes populares são muito
mais favoráveis à inovação, isto é, a uma transformação das estruturas sociais.
Uma pessoa toma as posições que está predisposta a tomar em função da posição
que ocupa num certo campo.
Nas situações em que se constitui a opinião, em particular as situações de crise as
pessoas se encontram diante de opiniões constituídas, de opiniões sustentadas por
grupos, de forma que escolher entre duas opiniões é evidentemente escolher entre
grupos.
Tal é o princípio do efeito de politização que produz a crise: É preciso escolher
entre grupos que se definem politicamente e definir cada vez mais tomadas de posição
em função de princípios explicitamente políticos.
A pesquisa de opinião trata a opinião pública como uma simples soma de opiniões
individuais, recolhidas numa situação que no fundo é a da cabine indevassável, onde o
indivíduo vai exprimir furtivamente, no isolamento, uma opinião isolada. 
Nas situações reais, as opiniões são forças e as relações entre opiniões são
conflitos de força entre os grupos.
A pesquisa de opinião tradicional ignora os grupos de pressão e as disposições
virtuais que às vezes não se exprimem sob a forma de discurso explícito. 
É por isto que ela não é capaz de produzir nenhuma previsão razoável sobre o que
acontecerá numa situação de crise.
A opinião pública não existe, pelo menos na forma que lhe atribuem os que têm
interesse em afirmar sua existência.
A opinião pública na acepção que é implicitamente admitida pelos que fazem
pesquisas de opinião ou utilizam seus resultados, esta opinião não existe.
● HOMICÍDIO
A evolução das formas com que a sociedade percebe o homicídio.
Verdadeiros crimes são aqueles dirigidos contra a ordem familiar, religiosa, política.
São punidos por penas
O que é punido por pena?
• Tudo o que ameaça a organização política da sociedade, 
• Toda falta para com as divindades públicas, que não são mais do que expressões
simbólicas do Estado
• Toda violação dos deveres domésticos
A mudança de sensibilidade coletiva
Os efeitos coletivos mais fortes têm por objetivo o próprio grupo se tornando
autoridade. Tudo que concerne apenas no indivíduo afeta com pouca intensidade a
sensibilidade social.
Os sentimentos que o homem tem, tornam-se muito fortes, ao passo que os que
nos ligam diretamente ao grupo passam para segundo plano. 
O grupo já não nos parece ter valor por si mesmo e para si mesmo.
“Quando a glória do Estado, a grandeza do Estado, aparecem como o bem por
excelência, quando a sociedade é a coisa sagrada e divina, à qual tudo está subordinado,
ela está tão acima do indivíduo que a simpatia, a compaixão que este possa inspirar não
poderiam contrabalançar e conter as exigências mais imperiosas dos sentimentos
ofendidos.”
• Quanto maior a sensibilidade coletiva, a fé coletiva, gera-se o homicídio. Pois as
pessoas tem a ideia de que ela deve e pode ser sacrificada a todos os tipos de coisas.
• Quanto mais individual menor a taxa de homicídio.
▪ O QUE INCITA AO HOMICÍDIO? 
São os sentimentos coletivos que nos ligam a objetos estranhos à humanidade e
ao indivíduo. Tudo o que reforça esses sentimentos tende a aumentar a taxa de
homicídios.
As crises políticas tendem a aumentar a taxa de homicídios.
Exemplo: O homicídio é maior em países católicos que em protestantes.
▪ TAXA DE HOMICÍDIO
Um estado passional da consciência pública que tem repercussão natural nas
consciências particulares. 
Tudo o que eleva o nível passional da vida pública eleva a taxa de homicídio.
Exemplo: Os feriados, os finais de semana, aonde observamos maior quantidade de
grupo social.
“Pelo próprio fato de um certo grau de atividade passional ser necessário, sempre há
crimes. O essencial é que sua taxa seja adequada ao estado em que se encontra a
sociedade. Uma sociedade sem homicídios não é mais pura que uma sociedade
sem paixões”
● SISTEMA DE SELEÇÃO PARA RECRUTAMENTO DE MAGISTRADO
Para Marx, o poder judiciário é instrumento de dominação de classe a serviço das
classes dominantes.
O distanciamento entre a magistratura e as pessoas:
• Lentidão
• Formalismo
• Dificuldade de acesso (custos)
▪ SISTEMAS SELETIVOS ADOTADOS PARA O RECRUTAMENTO DE JUÍZES:
Sistema eletivo – o magistrado é escolhido por votação, através do voto da
população, como ocorre com os representantes do legislativo e do executivo. Era adotado
em Roma e no Brasil Colônia. Ainda é utilizado nos EUA e na Suíça.
Sistema da nomeação – o magistrado é indicado pelo Chefe do Executivo,
mediante proposta do Poder Legislativo ou do Judiciário. É o sistema da Inglaterra.
Sistema do Concurso Público – o ingresso na magistratura se dá por concurso
público de provas e títulos, com os melhores classificados preenchendo as vagas
existentes.
Sistema misto – Sistema adotado no Brasil, concurso público de provas e títulos
para os magistrados de 1ª instância. 
Para os tribunais superiores é nomeação pelo Presidente da República após
aprovação pelo Senado Federal. 
Nos Tribunais de Justiça a nomeação é feita pelo Governador em 1/5 dos membros
para ingresso nesses tribunais, através de uma lista tríplice feita pelo próprio Tribunal,
sendo que metade das vagas é da OAB e outra metade para os membros do Ministério
Público estadual.
▪ AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DOS MAGISTRADOS:
I. Garantias institucionais –Servem para proteger a magistratura contra a pressão
dos outros órgãos.
II. Garantias funcionais – dizem respeito aos próprios membros da magistratura, dando
segurança às decisões.
a) Vitaliciedade – o juiz, em princípio, não pode perder o cargo, a não ser por decisão
judicial.
Objetivo – dar ao juiz segurança e tranquilidade para que possa julgar sem sofrer
qualquer pressão quanto ao seu cargo.
b) Inamovibilidade – o magistrado não pode ser transferido do lugar onde exerce as
suas funções; nem é obrigado a aceitar promoção que implique em transferência, a não
ser pelo interesse público e pelo voto de 2/3 dos membros de seu tribunal.
Objetivo – garantir o exercício da função de julgar sem a possível pressão de uma
transferência compulsória.
c) Irredutibilidade de Vencimentos – com a CF/88 o vencimento dos magistrados
passou a ser irredutível.
Objetivo – segurança financeira.
● PLURALISMO JURÍDICO
Relações entre Estado e direito nas sociedades capitalistas.
 ▪ O QUE É O PLURALISMO JURÍDICO?
No mesmo espaço geopolítico vigoram (oficialmente ou não) mais de uma ordem
jurídica.
 ▪ FUNDAMENTAÇÃO DO PLURALISMO JURÍDICO:
Econômica, racial, profissional ou outra; ou a um período de ruptura social ou pode
ainda resultar da conformação específica do conflito de classes numa área determinada
da reprodução
Exemplo: Um período de transformação revolucionária.
● MARX
As orgias do capital
▪ De 1802 a 1833
O Parlamento aprovou cinco leis trabalhistas, mas foi esperto o bastante para não
destinar nem um centavo para sua aplicação compulsória, para a contratação dos
funcionários necessários ao cumprimento das leis etc.133 Estas permaneceram letra
morta.
Somente com a lei fabril de 1833 – que incluía as indústrias de algodão, lã, linho e
seda – foi instituída na indústria moderna uma jornada normal de trabalho.
A lei de 1833 estabelece que a jornada normal de trabalho na fábrica deve começar
às 5 e meia da manhã e terminar às 8 e meia da noite, e que dentro desses limites, num
período de 15 horas, é legalmente permitido empregar adolescentes (isto é, pessoas
entre 13 e 18 anos) para trabalhar em qualquer hora do dia, sempre sob o pressuposto de
que um mesmo adolescente não trabalhe mais que 12 horas num dia, com exceção de
casos especiais.
A sexta seção da lei determina “que no decorrer de cada dia, para cada pessoa, um
mínimo de 1 hora e meia desse tempo de trabalho deve ser reservado para as refeições”.
Fica proibido o emprego de crianças menoresde 9 anos, com exceções que
mencionaremos mais adiante, e o trabalho de crianças entre 9 e 13 anos é limitado a 8
horas diárias.
O trabalho noturno, isto é, segundo essa lei, o trabalho entre 8 e meia da noite e 5
e meia da manhã, fica proibido para toda pessoa entre 9 e 18 anos.
O sistema de revezamento do trabalho infantil:
Sob o nome de sistema de revezamento (“system of relays”; relay significa, tanto
em inglês como em francês, a troca dos cavalos de correio em diferentes estações), esse
plano foi, portanto, realizado de tal forma que, por exemplo, uma turma de crianças de 9 a
13 anos era atrelada ao trabalho das 5 e meia da manhã à 1 e meia da tarde, outra turma
de 1 e meia da tarde às 8 e meia da noite etc.
▪ 1834 a 1836
O parlamento decretou que, depois de 1º de março de 1834, nenhuma criança
menor de 11 anos, depois de 1º de março de 1835, nenhuma criança menor de 12 anos, e
depois de 1º de março de 1836, nenhuma criança menor de 13 anos podia trabalhar mais
do que 8 horas numa fábrica!
De modo algum pacificado, o capital deu início, então, a uma longa e rumorosa
agitação. Esta girava principalmente em torno da idade das categorias que, sob a rubrica
“crianças”, estavam limitadas a 8 horas de trabalho e submetidas a certa obrigação
escolar.
De acordo com a antropologia capitalista, a idade infantil acabava aos 10 ou, no
máximo, aos 11 anos. Quanto mais se aproximava a data estipulada para a vigência plena
da lei fabril, o ano fatídico de 1836, tanto mais se agitava a turba dos fabricantes. Eles
conseguiram, de fato, intimidar o governo ao ponto que este, em 1835, propôs reduzir o
limite de idade da infância de 13 para 12 anos.
Numa reunião com o ministro do Interior (1844), os inspetores de fábrica
demonstraram a impossibilidade de qualquer controle sob o sistema de revezamento
recentemente urdido.
Lei fabril de 1844
Ela acolhia uma nova categoria de trabalhadores entre os protegidos: as mulheres
maiores de 18 anos. Estas foram equiparadas aos adolescentes em todos os aspectos,
seu tempo de trabalho foi limitado a 12 horas, o trabalho noturno lhes foi vetado etc. Pela
primeira vez, a legislação se viu compelida a controlar direta e oficialmente também o
trabalho dos adultos.
O trabalho de crianças menores de 13 anos foi reduzido para 6 horas e meia e, sob
certas condições, para 7 horas diárias.
E assim, durante o período entre 1844 e 1847, a jornada de trabalho de 12 horas
foi implementada geral e uniformemente em todos os ramos da indústria submetidos à
legislação fabril.
Mas os fabricantes não permitiram esse “progresso” sem exigir um “retrocesso”
como recompensa. Por eles pressionada, a Câmara Baixa reduziu a idade mínima das
crianças aptas a serem exploradas de 9 para 8 anos, visando assegurar o “fornecimento
adicional de crianças de fábrica a que o capital tem direito segundo a lei de Deus e dos
homens.
A nova lei fabril de 8 de junho de 1847 determinou que, a partir de 1º de julho de
1847, haveria uma redução preliminar da jornada de trabalho dos “jovens” (de 13 a 18
anos) e de todas as trabalhadoras para 11 horas, e que, em 1º maio de 1848, entraria em
vigor a limitação definitiva em 10 horas.
Os senhores fabricantes tentaram agravar o efeito natural dessas circunstâncias
por meio de uma redução geral dos salários em 10%.
Seguiu-se, então, mais uma redução de 81/3%, assim que a jornada de trabalho foi
reduzida para 11 horas, e do dobro, assim que foi definitivamente reduzida para 10 horas.
Onde as circunstâncias o permitiram, houve uma redução salarial de, no mínimo, 25%.
As ameaças dos industriais aos trabalhadores para que pressionassem pela
revogação da lei.
Os fabricantes começaram, aqui e ali, a dispensar uma parte, às vezes a metade
dos adolescentes e trabalhadoras por eles empregados, e, em contrapartida,
restabeleceram o já quase extinto trabalho noturno entre os operários masculinos adultos.
As tentativas de eliminação, durante a jornada, das pausas para as refeições e dos
intervalos.
A lei de 1844 proibia que crianças de 8 a 13 anos, que tivessem sido ocupadas
pela manhã antes das 12 horas, voltassem a ser ocupadas depois de 1 hora da tarde.
Mas ela não regulava de modo algum as 6 horas e meia de trabalho das crianças cuja
jornada de trabalho começava ao meio-dia ou mais tarde! Desse modo, crianças de 8
anos, se começassem a trabalhar ao meio-dia, podiam ser empregadas das 12 horas à 1
da tarde, 1 hora; das 2 às 4 da tarde, 2 horas, e das 5 às 8 e meia da noite, 3 horas e
meia; no total, as 6 horas e meia determinadas por lei! Ou melhor ainda. A fim de fazer
seu trabalho coincidir com o dos trabalhadores masculinos adultos até as 8 e meia da
noite, os fabricantes precisavam apenas não dar a elas nenhum trabalho antes das 2
horas da tarde, podendo, a partir de então, mantê-las na fábrica ininterruptamente até as
8 e meia da noite!
Na verdade, estatísticas apresentadas à Câmara Baixa em 26 de julho de 1850
mostram que, apesar de todos os protestos, em 15 de julho de 1850 havia 3.732 crianças
submetidas a essa “prática”, em 257 fábricas.
(...) a lei de 1844 não permitia que se trabalhasse 5 horas antes do meio-dia sem
uma pausa de, no mínimo, 30 minutos para descanso, mas não prescrevia nada nesse
sentido para o trabalho após o meio-dia. Dessa forma, o capital exigiu e teve o prazer não
apenas de esfalfar crianças trabalhadoras de 8 anos de idade das 2 da tarde às 8 e meia
da noite sem nenhum intervalo, como também de fazê-las passar fome durante esse
tempo!
Durante o período de 15 horas da jornada fabril, o capital ocupava o trabalhador
ora por 30 minutos, ora por 1 hora, e voltava a dispensá-lo, a fim de empregá-lo na fábrica
e depois dispensá-lo novamente, empurrando-o de lá para cá em porções fragmentadas
de tempo, sem jamais deixar de tê-lo sob seu domínio até que estivessem completas as
10 horas de trabalho.
(...) também os trabalhadores pertenciam à fábrica durante as 15 horas da jornada
de trabalho, sem incluir o tempo de ida e volta.
As horas de descanso se transformaram, assim, em horas de ócio forçado, que
empurravam os jovens para a taberna e as jovens trabalhadoras para o bordel.
(...) pagavam um salário de 10 horas por 12 a 15 horas de disposição sobre as
forças de trabalho.
Sob essas circunstâncias, fabricantes e trabalhadores chegaram a um
compromisso, que recebeu o selo parlamentar na nova lei fabril adicional de 5 de agosto
de 1850.
A jornada de trabalho para “jovens e mulheres” foi prolongada, nos primeiros cinco
dias da semana, de 10 para 10 horas e meia, e diminuída para 7 horas e meia aos
sábados.
O trabalho deve ser realizado no período entre 6 horas da manhã e 6 da tarde, com
1 hora e meia de pausas para as refeições, que devem ser as mesmas para todos e em
conformidade com as regras de 1844. Com isso, pôs-se fim, de uma vez por todas, ao
sistema de revezamento. Para o trabalho infantil, continuou em vigor a lei de 1844.
Dessa vez, tal como antes, uma categoria de fabricantes garantiu para si direitos
senhoriais especiais sobre as crianças proletárias. Tal categoria foi a dos fabricantes de
seda. No ano de 1833, eles haviam uivado ameaçadoramente que, “se fossem privados
da liberdade de explorar crianças de qualquer idade por 10 horas diárias, isso paralisaria
suas fábricas”.
Argumentavam que lhes seria impossível comprar um número suficiente de
crianças maiores de 13 anos. E, assim, lograram extorquir o privilégio desejado. Numa
investigação posterior, esse pretexto se revelou como pura mentira, mas isso não os
impediu de, durante toda uma década, fabricar fios de seda, 10 horas por dia, com o
sangue de crianças pequenas, que, para poderem trabalhar, tinham de ser colocadas em
pé em cima de cadeiras.
Se a lei de 1844 lhes “roubara” a “liberdade” de fazer crianças de 11 anos
trabalharem por mais do que 6 horas e meia, ela lhes garantira, em contrapartida, o
privilégio de explorar crianças de 11 a 13 anos por 10horas diárias, cassando a
obrigatoriedade escolar prescrita para todas as outras crianças de fábricas.
Dessa vez, o pretexto foi de que “a delicadeza do tecido requeria uma leveza de
toque que só poderia ser garantida por meio de uma admissão prematura nessas
fábricas”.
(...) a lei de 1850 foi finalmente emendada, em 1853, com a proibição de “empregar
crianças, na manhã, antes, e à noite, depois dos jovens e das mulheres”.
Com o Printwork’s Act (lei sobre as estamparias etc.) de 1845 a legislação
ultrapassou pela primeira vez sua esfera original.
A jornada de trabalho para crianças de 8 a 13 anos e para mulheres passa a ser
limitada a 16 horas, entre 6 horas da manhã e 10 da noite, sem qualquer intervalo legal
para as refeições. Operários masculinos maiores de 13 anos podem ser postos para
trabalhar dia e noite, como se queira. 
Em 1860, as tinturarias e branquearias foram todas submetidas à lei fabril de 1850
e, em 1861, foi a vez das fábricas de renda e de meias.
A legislação foi (...) obrigada a livrar-se progressivamente de seu caráter
excepcional, ou, onde ela é aplicada segundo a casuística romana, como na Inglaterra, a
declarar arbitrariamente como fábrica (factory) toda e qualquer casa onde algum trabalho
é executado.
(...) história da regulação da jornada de trabalho em alguns modos de produção,
bem como a luta que, em outros, ainda se trava por essa regulação, provam
palpavelmente que, quando o modo de produção capitalista atinge certo grau de
amadurecimento, o trabalhador isolado, o trabalhador como “livre” vendedor de sua força
de trabalho, sucumbe a ele sem poder de resistência.
A criação de uma jornada normal de trabalho é, por isso, o produto de uma longa e
mais ou menos oculta guerra civil entre as classes capitalista e trabalhadora. 
Como a luta teve início no âmbito da indústria moderna, ela foi travada,
inicialmente, na pátria dessa indústria, a Inglaterra. Os trabalhadores fabris ingleses foram
os paladinos não apenas da classe trabalhadora inglesa, mas da classe trabalhadora em
geral, assim como seus teóricos foram os primeiros a desafiar a teoria do capital.
O contrato pelo qual ele vende sua força de trabalho ao capitalista prova – por
assim dizer, põe o preto no branco – que ele dispõe livremente de si mesmo.
Fechado o negócio, descobre-se que ele não era “nenhum agente livre”, que o
tempo de que livremente dispõe para vender sua força de trabalho é o tempo em que é
forçado a vendê-la, que, na verdade, seu parasita não o deixará “enquanto houver um
músculo, um nervo, uma gota de sangue para explorar”.
Para “se proteger” contra a serpente de suas aflições, os trabalhadores têm de se
unir e, como classe, forçar a aprovação de uma lei, uma barreira social intransponível que
os impeça a si mesmos de, por meio de um contrato voluntário com o capital,
vender a si e a suas famílias à morte e à escravidão.

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