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Ikigai - Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz

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Prévia do material em texto

Versão eBook brasileira baseada em trechos extraídos e traduzidos, 
adaptados e ilustrados do livro: IKIGAI Los secretos de Japón para una 
vida larga y feliz (Ed. Urano) de Héctor Garcia (Kirai) e Francesc Miralles, 
que autorizou o uso não comercial dos textos, e outras fontes. 
Parte I - Conceitos e Vivências 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 2 
Índice 
 
 
PARTE 1: CONCEITOS E VIVÊNCIAS 
 
Introdução RAZÃO DE SER 
Ikigai: Uma palavra misteriosa 
3 
Capítulo 1 CONSCIÊNCIA 
Como viver mais e envelhecer sempre jovem, produtivo e feliz 
7 
Capítulo 2 PROPÓSITO 
Como encontrar sua razão de ser e dar sentido a sua vida 
14 
Capítulo 3 FLUIDEZ 
Como converter trabalho e tempo livre em crescimento interior 
29 
Capítulo 4 ENTUSIASMO 
Como enfrentar problemas e mudanças sem stress e ansiedade 
57 
Capítulo 5 IKIGAI 
Uma arte de viver (Viver em Ikigai) 
71 
 
 
Obs. Vá para página 74 para acessar a parte 2 deste eBook. 
 
 
 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 3 
Razão de Ser 
Estamos vivendo um momento ideal para abordar temas filosóficos e psicológicos que 
nos permitam entender este atual quadro social, político e econômico, angustiante, 
caótico e deprimente. Assim, as questões existenciais assumem um lugar importante 
nas nossas reflexões diárias e escolhas conscientes sobre nossas opções de felicidade 
e qualidade de vida, que dispomos nesta sociedade cada vez mais fria e materialista. 
 
Na busca pela minha razão de ser, descobri há algum tempo esta palavra japonesa: 
IKIGAI. Logo comecei a pesquisar profundamente sobre o assunto e fiquei surpreso 
com a falta de informação e raríssima literatura existente no mundo sobre este tema. 
Era como se o IKIGAI fosse um segredo guardado a sete chaves. 
 
Este conceito da cultura oriental faz parte da essência das pessoas de lá e é tão difícil 
explicá-lo a um ocidental como quando, nós brasileiros, tentamos explicar a um 
estrangeiro o que é “saudade” e definir a alegria e tristeza que contagia a todos em 
nosso país, quando falamos de carnaval ou futebol. 
 
Ao finalmente encontrar um livro falando de IKIGAI de uma forma simples, agradável 
e fácil de entender, não resisti a tentação de traduzí-lo e incorporar ilustrações, textos 
complementares e links para estudo. 
 
Começei esse trabalho objetivando meu próprio desenvolvimento, sob um ímpeto que 
depois soube que era puro fluxo (flow), mas na medida em que fui incorporando uma 
atitude IKIGAI, decidi compartilhar esse conteúdo com todos que se interessarem pelo 
tema, e assim ajudar a propagar esta maravilhosa filosofia pelo mundo, através desta 
pequena contribuição para a conscientização de todos que buscam sua razão de ser. 
 
Este livro não pretende ser um tratado filosófico ou psicológico sobre IKIGAI. É apenas 
uma compilação de vários conceitos que mesclam a cultura oriental com a ocidental e 
constitui a base para entender melhor esta forma de viver com propósito. 
 
Com o tempo, pretendo incluir novos textos, mais comentários, links e tudo que for 
interessante e pertinente ao tema IKIGAI. Caso você leitor, precise mais informações 
sobre o assunto ou queira discutir temas ou ainda, contribuir com textos, artigos e 
comentários, por favor, entre em contato pelo meu e-mail: fredlar.br@gmail.com 
 
Vamos juntos viver em IKIGAI. 
 
Frederico Lobato 
Mentor e Conselheiro IKIGAI
mailto:fredlar.br@gmail.com
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 4 
Ikigai: Uma palavra misteriosa 
Este livro começou a ser escrito em uma noite chuvosa em Tóquio, 
quando dois amigos psicólogos, Héctor Garcia e Francesc Miralles, se 
encontraram em um dos minúsculos bares que proliferam na cidade. 
Lá eles conversaram sobre correntes psicológicas, especialmente 
sobre a logoterapia, que quer dizer, a terapia do significado da vida, e 
nessas conversas surgiu o nome de Victor Frankl e a pouca presença 
de sua abordagem nas consultas, em comparação com outras escolas 
psicológicas, sendo que pessoas continuam buscando um significado 
a respeito do que fazem e vivem, e fazendo questionamentos como: 
- Qual o sentido da minha vida? 
- Estou apenas contando os dias da minha existência ou tenho uma 
missão mais elevada no mundo? 
- Por que existem pessoas que sabem o que querem e vivem com 
paixão, enquanto outras mergulham e definham na confusão? 
Em algum momento da conversa, surgiu a palavra misteriosa: ikigai. 
Eles constataram que este conceito japonês, que se traduz de uma 
forma simples como: “a felicidade de estar sempre ocupado”, tem 
íntima relação com a logoterapia, porém vai mais além, pois parece 
este conceito seria uma das razões que explica a extraordinária 
longevidade dos japoneses, sobretudo na ilha de Okinawa. 
O número de centenários em Okinawa por cada 100.000 habitantes é 
de 23,55, ou seja, muito superior à média mundial. 
Quando se estudam os motivos pelos quais os habitantes desta ilha 
ao sul do Japão vivem mais que nenhum outro lugar do mundo, 
acredita-se que, além da alimentação, a vida agradável ao ar livre, o 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 5 
chá verde ou o clima subtropical (a temperatura média é parecida 
com o Havaí), uma das principais razões é o ikigai que rege sua vida. 
Investigando sobre este conceito, os dois psicólogos se deram conta 
que nunca havia sido publicado, seja do ponto de vista da psicologia 
ou de desenvolvimento pessoal, um trabalho que estudasse esta 
filosofia para transportá-la ao ocidente. 
É o ikigai responsável pelo fato de que em Okinawa exista mais 
centenários que em nenhum outro lugar? Como seus habitantes são 
inspirados a permanecer ativos até o fim de suas vidas? Qual é o 
segredo de uma existência longa e feliz? 
Enquanto explorávam este conceito, Héctor Garcia e Francesc 
Miralles constataram que em Okinawa há um povo em especial que 
vive ao norte da ilha, em uma localidade rural com 3.000 habitantes 
chamada Ogimi, que detém o maior índice de longevidade do mundo 
e é conhecida como “a aldeia dos centenários”. 
Assim, os dois psicologos foram até Ogimi para pesquisar os segredos 
desse povo, cujos anciões vivem ativos e satisfeitos até o fim dos seus 
dias. Nesta aldeia, além de falarem uma língua ancestral, os nativos 
praticam uma religião animista que tem como figura central um 
duende mitológico do bosque com longa cabeleira: o Bunagaya. 
A falta de infraestrutura obrigou-os a ficar a 20 quilômetros do 
povoado. Ao lá chegar, eles já perceberam a extraordinária 
amabilidade dos seus habitantes, que riam e brincavam o tempo 
todo, em meio as verdes encostas regadas por água pira e cristalina. 
Em Ogimi cresce a maior parte da shikuwasa do Japão, os limões de 
Okinawa, aos quais se atribui um grande poder antioxidante. Seria 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 6 
esse o segredo da longevidade dos habitantes de Ogimi? Ou seria a 
água pura com a qual eles fazem o chá de moringa? 
Enquanto faziam as entrevistas com os mais velhos do lugar, eles 
descobriram que havia algo muito mais profundo que o poder da 
água, dos limões e de quaisquer outros produtos da terra. Um dos 
motivos essenciais estava na alegria incomum que irradiava dos 
nativos e guiava suas vidas por um caminho longo e prazeroso. 
Novamente surge a palavra misteriosa: ikigai. Porém, o que ela 
exatamente significa? Onde e como se pode adquiri-la? 
O surpreendente é que em Okinawa, este tranquilo lugar de vida 
quase eterna, 200.000 vidas inocentes foram ceifadas no final da 
Segunda Guerra Mundial. Em vez de guardar rancor dos invasores, os 
okinawenses recorrem a “ichariba chode”, uma expressão local que 
pode ser traduzida assim: “trate a todos como se fossem seus irmãos 
mesmo que seja a primeira vez que os conhecerem”. 
Outro dos segredos dos habitantesde Ogimi é seu sentido de 
pertencer a sua comunidade. Desde pequenos praticam o yuimaaru, 
o trabalho em equipe, que os leva a ajudarem-se uns aos outros. 
Além de cuidar das amizades, alimentação leve, descanso adequado 
e exercício suave, os pesquisadores descobriram que no centro dessa 
“joie de vivre” (alegria de viver que motiva a celebração de cada 
amanhecer por anos seguidos), está o ikigai pessoal de cada um. 
Entre os vários segredos desses centenários japoneses para uma vida 
saudável e feliz, este livro apresenta métodos e ferramentas para 
inspirar quem quer descobrir seu ikigai, pois quem o encontra 
carrega dentro de si tudo que é necessário para ter uma vida 
significativa, produtiva, longa e feliz. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 7 
CONSCIÊNCIA 
Como viver mais e envelhecer sempre jovem, produtivo e feliz 
Qual a sua razão de ser? 
Segundo os japoneses, todo mundo tem um ikigai, o que um filósofo 
francês traduziria como raison d´être. Alguns o encontraram e são 
conscientes de seu ikigai, outros o carregam dentro de si, mas ainda o 
estão buscando. 
O ikigai está escondido em nosso interior e requer uma paciente 
exploração para chegar ao ponto mais profundo do nosso ser e 
encontrá-lo. Segundo os naturais de Okinawa, o ikigai é a razão pela 
qual nos levantamos pela manhã. 
Ter um ikigai claro e definido, uma grande paixão, dá satisfação, 
felicidade e significado para a vida. Neste livro você vai entender 
como encontrá-lo, além de descobrir muitas chaves da filosofia 
japonesa para uma longa saúde do corpo, mente e espírito. 
Um dos aspectos que surpreendem quando se vive por um tempo no 
Japão é ver como as pessoas são ativas, mesmo depois de se 
aposentarem. Na verdade, um grande número de japoneses nunca se 
aposenta, seguem trabalhando naquilo que gostam, sempre e até 
quando a sua saúde permitir. 
Não existe uma palavra em japonês que signifique aposentar-se com 
o exato significado de “deixar de trabalhar para sempre”, como temos 
aqui no ocidente. Assim, como afirma Dan Buettner, jornalista da 
National Geographic que conhece bem o Japão, “ter um propósito 
vital é tão importante nesta cultura que, por isso, eles não têm nosso 
conceito de aposentadoria”. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 8 
A ilha da (quase) eterna juventude 
Estudos sobre a longevidade sugerem que a vida em comunidade e 
ter um ikigai claro são tanto ou mais importantes que a saudável 
dieta japonesa. O conceito que vamos explorar neste livro está 
especialmente arraigado em Okinawa, uma das chamadas “zonas 
azuis”, os lugares do mundo onde as pessoas são mais longevas. 
 
 
 
 
 
 
Nesta ilha existem mais pessoas com mais de 100 anos por 100.000 
habitantes do que em qualquer outra região do planeta. As pesquisas 
médicas em curso têm levantados dados muito interessantes a 
respeito das características destes seres humanos extraordinários. 
• Além de viverem muitos anos a mais do que o resto da população 
mundial, eles padecem menos enfermidades crônicas como o 
câncer ou doenças cardíacas. As infecções inflamatórias também 
são menos comuns. 
• Existem numerosos centenários com um invejável nível de 
vitalidade e um estado de saúde que seria impensável para anciões 
de outras regiões do mundo. 
Arquipélago de Okinawa 
O arquipélago é dividido em três grupos menores de ilhas: Okinawa -
- onde estão a capital Naha e as ilhas Kerama, Tokashiki, Ie e Kume --, 
Miyako e Yaeyama -- formada pelas ilhas Iriomote e Ishigaki. Cada 
uma tem uma arquitetura um tanto distinta das demais, seus próprios 
costumes e palavreado próprio. As ilhas oferecem uma cultura bem 
distinta do resto do Japão, com vários ateliês de cerâmica e 
artesanato, academias de karatê (Okinawa é a pátria do esporte), 
oficinas que produzem o sanshin e construções históricas belíssimas. 
Saiba Mais: http://www.utinapress.com.br/cultura_6.html 
http://www.utinapress.com.br/cultura_6.html
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 9 
• Seu sangue apresenta um nível mais baixo de radicais livres, 
responsáveis pelo envelhecimento celular, devido à cultura do chá 
e ao costume de ingerir somente 80% da quantidade de comida 
necessária para saciar seu estômago. 
• A menopausa nas mulheres é muito mais suave e, em geral, 
homens e mulheres mantém um nível elevado de hormônios 
sexuais até idades muito avançadas. 
• Os casos de demência apresentam também um índice 
notavelmente mais baixo que a média da população mundial. 
Todos estes aspectos serão aqui abordados, porém os pesquisadores 
ressaltam que um dos itens que mais contribui para a saúde e 
longevidade dos habitantes de Okinawa é a sua atitude “ikigai” 
perante a vida, com sua incessante busca diária de sentido profundo. 
Caracteres do IKIGAI 
Os dois primeiros caracteres significam “vida”. 
Os dois seguintes juntos significam “valer a 
pena” e individualmente o primeiro significa 
“armadura”, “número um”, “ser o primeiro a ir (na frente da batalha 
levando a iniciativa e liderança)”, o final significa “elegante”, “belo”. 
As cinco zonas azuis 
Pesquisando as regiões onde existem muitos casos de longevidade 
alta, Dan Buettner identificou cinco zonas, onde a número um fica em 
Okinawa, no Japão, onde especialmente as mulheres são as que têm 
uma existência mais longa, e sem enfermidades, do mundo. 
 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 10 
 
 
 
 
As cinco regiões identificadas e analisadas por Buettner são: 
1. Okinawa, Japão (em particular, ao norte da ilha). 
Sua dieta inclui muitas verduras e tofu. Comem em pratos 
pequenos. Em seu estilo de vida, além da filosofia ikigai, é 
importante o conceito de moai, que veremos a seguir. 
2. Sardenha, Itália (especialmente em Nuoro e Ogliastra). 
Consomem muitas verduras e vinho. São comunidades muito 
unidas, nas quais se verifica grande incidência de longevidade. 
3. Loma Linda, California. 
Foi estudado um grupo de adventistas do Sétimo Dia, que estão 
entre os mais longevos dos Estados Unidos. 
4. Península de Nicoya, Costa Rica. 
Muitos nativos superam os 90 anos com uma vitalidade 
incomum. Grande parte dos anciãos se levantam às 05:30 para 
realizar as tarefa do campo sem grandes dificuldades. 
5. Icaria, Grécia. 
Próximo à costa turca, um em cada três habitantes desta ilha 
têm mais de 90 anos, o que lhe valeu o apelido de “ilha da 
longevidade”. Supõe-se é que o segredo dos nativos desta ilha 
remonta a um estilo de vida que existe desde 500 A.C. 
As Zonas Azuis 
O livro, ainda sem edição em português, trata dos locais no mundo onde 
as pessoas são mais longevas. Revela a receita misturando na fórmula o 
estilo de vida saudável com as últimas descobertas científicas para mostrar 
para o leitor que todos podem adicionar alguns anos em sua existência. 
Saiba Mais: https://pt.wikipedia.org/wiki/Zonas_Azuis 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zonas_Azuis
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 11 
Fatores comuns nestas zonas parecem conter as chaves da 
longevidade. Okinawa, que conta com a chamada “aldeia de 
centenários”, é parte significativa desse estudo. Interessante notar 
que três destas zonas são localizadas em ilhas, onde existem menos 
recursos e as comunidades devem ajudar-se entre si. 
Ter que ajudarem-se uns aos outros pode se constituir para muitos 
um ikigai suficientemente poderoso para seguir vivendo. 
Segundo os cientistas que compararam as vidas nas cinco zonas azuis, 
as chaves de uma vida longa são a dieta, o exercício, ter um propósito 
de vida (um ikigai) e manter boas conexões sociais, ou seja, contar 
com muitos amigos e boas relações dentro da família. 
Estas comunidades gerenciam bem seu tempo para reduzir o stress, 
comem pouca carne e alimentos processadose bebem álcool com 
moderação. 
O exercício que praticam não é extremo, porém se movimentam 
todos os dias para passear e trabalhar na horta. Os habitantes das 
zonas azuis preferem caminhar a subir num carro. Em todas elas é 
muito comum a atividade de jardinagem, que requer movimento 
físico a cada dia, porém de baixa intensidade. 
Saiba Mais: https://eduardojunior.wordpress.com/tag/moai/ 
O segredo dos 80% 
Um dos refrãos mais populares em Okinawa é “Hara hachi bu”, que 
se fala antes ou depois de comer e significa algo assim como “barriga 
nos 80 por cento”. A sabedoria ancestral recomenda não comer até 
incharmos. Por isso, eles deixam de comer quando sentem que seu 
https://eduardojunior.wordpress.com/tag/moai/
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 12 
estomago está a 80% de saciar-se, evitando assim que o corpo se 
desgaste e acelere a oxidação celular, com uma longa digestão. 
Talvez algo tão simples como isto seja um dos segredos de vida longa 
dos okinawenses. Sua dieta é rica em alimentos saudáveis e 
antioxidantesm tais como: tofu, batatas doces, peixes (três vezes na 
semana) e muitas verduras (300 gramas ao dia). 
A forma que servem a comida também é importante. Ao dividi-la em 
vários pratinhos, os japoneses tendem a comer menos e mesmo os 
ocidentais no Japão tendem a perder peso e se manterem esbeltos. 
Estudos recentes de nutricionistas revelam que o consumo diário dos 
okinawenses é de aproximadamente 1.800 a 1.900 calorias e seu 
índice de massa corporal oscila entre 18 e 22, enquanto que nos 
Estados Unidos a média é de 26 ou 27. 
MOAI: laços para uma longa vida 
Esta é uma tradição de Okinawa – e também de Kagoshima – para 
formar laços fortes nas comunidades locais. O moai é um grupo 
informal de pessoas com interesses comuns e que se ajudam entre si. 
Para muitos, o serviço à comunidade se converte em seus ikigais. 
 
 
 
 
 
Moai 
Grupos de quatro ou cinco amigos que têm muita 
confiança entre si e emprestam dinheiro ou alimentos 
uns aos outros. Em Okinawa os moais modernos servem 
para promover encontros regulares com os amigos. 
Segundo estudo da Universidade Drexel (EUA), idosos 
com menos vida social são mais propensos a morrer de 
doenças cardíacas e câncer. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 13 
A origem dos moais vêm de tempos difíceis, quando os agricultores 
se juntavam para trocar informações sobre as melhores formas de 
cultivar, assim como para ajudarem uns aos outros no caso de que a 
colheita não fosse boa naquele ano. 
Os membros de um moai pagam um valor mensal estabelecido. Este 
pagamento permite participar de reuniões, jantares, partidas de go, 
shogi (xadres japonês) e desfrutar de qualquer passatempo comum. 
O dinheiro de todos é usado nas atividades e, se for acumulado em 
demasia, um membro (rotativo) recebe uma quantidade de dinheiro. 
Saiba Mais: http://tupidataba.blogspot.com.br/2005/04/tanomoshi-consrcio-de-dinheiro.html 
O moai ajuda a manter a estabilidade financeira e emocional do 
grupo. Se alguém ficar com dificuldades financeiras, o grupo pode 
adiantar o pagamento da poupança para ajudar um membro. 
As regras específicas da contabilidade de cada moai variam segundo 
o grupo e suas possibilidades econômicas. A contabilidade do moai se 
registra em um livreto chamado moaicho. 
Este sentimento de pertencimento e ajuda, fornece segurança à 
pessoa e contribui para aumentar sua espectativa de vida. 
 
 
 
 
 
 
“Somente em atividade você irá desejar viver cem anos” 
Provérbio Japonês 
http://tupidataba.blogspot.com.br/2005/04/tanomoshi-consrcio-de-dinheiro.html
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 14 
PROPÓSITO 
Como encontrar sua razão de ser e dar sentido à sua vida 
 
A razão de ser na Logoterapia 
Um colega de Frankl definiu a psicanálise assim: “Na psicanálise, o 
paciente se deita em um divã e lhe fala coisas que, às vezes, são 
muito desagradáveis de dizer”. Quando ele pediu que Frankl definisse 
a logoterapia em uma só frase, ele respondeu: “Pois bem, na 
logoterapia, o paciente fica sentado, ereto, e você tem que escutar 
coisas que, às vezes, são muito desagradáveis de ouvir”. 
Uma das perguntas iniciais que Frankl que fazia a seus pacientes era: 
“Por que você não se suicida?”. Geralmente os pacientes encontravam 
bons motivos para não fazê-lo e seguir adiante. 
Então, o que faz a logoterapia? A resposta é bem clara: encontrar 
motivos para viver. A logoterapia impulsiona o paciente a descobrir 
conscientemente o sentido da sua vida para enfrentar suas neuroses. 
A luta pessoal para alcançar seu destino irá motivar o paciente a os 
obstáculos que encontrar pelo caminho. 
 
 
 
 
 
Em Busca de Sentido 
Esta magnífica obra de Viktor Frankl (1946) retrata suas experiências 
como prisioneiro em um campo de concentração e descreve seu 
método psicoterapêutico de como encontrar uma razão para viver. A 
primeira parte do livro constitui as experiências de Frankl nos campos 
de concentração, e a segunda parte é uma introdução à Logoterapia. 
Saiba Mais: https://www.youtube.com/watch?v=e5878lMpVkc 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Logoterapia
https://www.youtube.com/watch?v=e5878lMpVkc
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 15 
Em busca de sentido 
Considerando que para Frankl o homem é capaz de viver e morrer 
por seus princípios e ideias, a busca do sentido se converte em uma 
força primária e pessoal que permite ao homem atingir os seus 
objetivos. 
Podemos resumir o processo da logoterapia em cinco passos: 
1. O paciente sente um vazio, uma frustração ou ansiedade 
2. Começa a sentir um desejo por ter uma vida significativa 
3. Descobre o sentido de sua existência (nessa sua fase de vida) 
4. Voluntariamente, escolhe entre aceitar ou não esse destino 
5. Esse novo impulso vital o faz enfrentar problemas e obstáculos 
A experiência vital de ser prisioneiro em Auschwitz, fez com que 
Viktor Frankl entendesse que "tudo pode ser tirado de uma pessoa, 
exceto uma coisa, a última das liberdades humanas: a escolha do seu 
próprio caminho." Era um processo que ele tinha que viver ele 
mesmo e sem ajuda, mas que o inspirou para o resto da sua vida. 
Lutar por si mesmo 
A frustração existencial aparece quando se detecta a ausência ou 
distorção de sentido sobre a vida. Porém para Frankl, esta frustração 
não é anormal ou um sintoma de neurose, e pode ser até, em certo 
grau, um estímulo positivo para modificar aspectos da própria vida. 
A logoterapia não considera esta frustração uma doença mental, 
como outras terapias, senão uma angústia espiritual. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 16 
Para Frankl, o conflito espiritual é um fenômeno natural e benéfico 
para o ser humano, porque estimula quem sofre a buscar um 
remédio, seja com ajuda externa ou pelos seus próprios meios, e 
assim alcançar uma maior satisfação vital. Em suma, ajuda a 
transformar o próprio destino. 
Quando uma pessoa necessita de apoio, a logoterapia entra em ação 
ajudando o paciente a descobrir o sentido da sua vida, o guiando 
através do seu conflito, e avançando até atingir seu objetivo. Frankl 
sempre citava um frase célebre de Nietzche, que dizia que “quem 
sabe porquê se vive, suporta qualquer tipo de como se vive”. 
Segundo sua própria experiência, Frankl opinava que é saudável ter 
certas doses de tensão natural, que surgem quando se analisa o que 
se alcançou até o momento e o que se quer conseguir alcançar para 
frente. “O ser humano não necessita de uma existência tranquila, e 
sim de desafios pelos quais terá que usar sua capacidade e lutar.” 
O vazio existencial, por outra parte, é típico das sociedades modernas 
nas quais os homens fazem o que os outros homens lhe dizem para 
fazer, em vez daquilo que eles desejariam fazer.Muitas vezes este 
vazio tenta se preencher com poder econômico, prazer físico ou 
entorpecimento mental. Pode inclusive levar ao suicídio. 
A neurose do domingo, por exemplo, aparece quando, ao suspender 
as obrigações e a rotina apressada da semana, a pessoa se dá conta 
do vazio que há no seu interior. Então ao vivenciar esta situação surge 
a conscientização de que é preciso buscar soluções e, sobretudo, um 
“propósito”, um motivo pelo qual tenha que se levantar da cama. 
 
Entrevista com Viktor Frankl 
A descoberta de um sentido no sofrimento 
https://www.youtube.com/watch?v=ilRNmwNvuWk 
 
https://www.youtube.com/watch?v=ilRNmwNvuWk
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 17 
10 DIFERENÇAS ENTRE A PSICANÁLISE E A LOGOTERAPIA 
PSICANÁLISE LOGOTERAPIA 
O paciente se deita em um divã, 
como um paciente a ser tratato 
O paciente se senta em frente ao 
terapeuta, o qual o guia sem julgar 
É retrospectiva, olha o passado Olha em direção ao futuro 
É introspectiva, analisa a neurose. Não investiga a neurose do paciente 
A vontade é a do prazer A vontade é a do sentido 
É centrada na dimensão psicológica. Adentra na dimensão espiritual. 
Funciona para a neurose 
psicogênica (impulsos-instintos) 
Funciona também para as neuroses 
noógenas (princípios-princípios). 
Analisa a origem inconsciente dos 
conflitos (dimensão instintiva) 
Trata os conflitos desde onde e quando 
eles surgem (dimensão espiritual) 
Se limita aos atos instintivos 
Engloba também as realidades 
espirituais 
É essencialmente incompatível 
com a fé 
É compatível com a fé e os princípios 
cristãos sobre a essência humana 
Busca conciliar os conflitos e 
satisfazer os impulsos e instintos. 
Busca que o homem dê sentido a sua 
vida e satisfaça seus princípios morais. 
 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 18 
Encontrar o significado da vida, como defende a logoterapia, dá ao 
ser humano razões para preencher esse vazio. Para Frankl, o homem 
que enfrenta seus problemas e converte os seus objetivos em 
atividades, ao ficar mais velho, pode olhar para trás com paz em seu 
interior. Ele não irá invejar o vigor dos jovens, porque terá um tal 
acúmulo de vivências e experiências, que lhe darão a certeza de que 
ele viveu por e para algo significativo. 
 
 
 
 
Algumas chaves da logoterapia para uma vida melhor 
• O homem não inventa o sentido da sua existência, como declara 
Sartre, ele o descobre. 
• O sentido da vida é próprio de cada indivíduo, e pode reconverter-
se e mudar muitas vezes ao longo dos anos. 
• Da mesma forma que o medo faz com que se produza aquilo que se 
teme, a excessiva atenção/confiança (hiperatenção) sobre aquilo 
que se deseja, faz com que não se alcance o objetivo desejado. 
• O humor ajuda a desbloquear círculos viciosos e liberar ansiedades. 
“Me Sinto Vazio” 
 
Depois de fazer um estudo no Hospital Policlínico 
de Viena, a equipe de Frankl descobriu que 55% 
dos pacientes pesquisados demonstravam algum 
grau de vazio existencial. 
 
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• O ser humano tem a capacidade de agir de forma nobre e de forma 
vil indistintamente. A postura adotada dependerá de suas decisões 
e não de suas condições. 
Em seguida, veremos quatro casos do consultório de Viktor Frankl 
para entender sua terapia para a busca de sentido. 
O caso do próprio Frankl 
Tanto nos campos de concentração alemães como posteriormente 
nos japoneses e coreanos, os psiquiatras puderam constatar que os 
detentos com mais probabilidades de sobrevivência eram os que 
tinham metas para cumprir fora dos campos, e que sentiam a 
necessidade de sair dali com vida. 
Esse foi o caso de Frankl, que antes de ser solto e desenvolver com 
êxito sua escola da logoterapia, se deu conta de que ele mesmo havia 
sido paciente de sua própria terapia. 
Frankl tinha um objetivo a cumprir que o fez seguir adiante. Ao ser 
preso inicialmente no campo de Auschwitz, lhe confiscaram um 
manuscrito onde ele tinha desenvolvido suas teorias e pesquisas, e 
que estava pronto para ser publicado. 
Ao perder de vez seu manuscrito, Frankl sentiu a necessidade de 
reescrevê-lo, e aquilo lhe deu um impulso e um sentido na sua vida 
entre os horrores e as incertezas constantes dos campos de 
concentração. Tanto assim que ao passar dos anos, especialmente 
quando esteve doente de tifo, foi anotando em pedaços de papel que 
encontrava os fragmentos e palavras chave da obra perdida. 
Veremos a seguir os casos mais célebres que Frankl atendeu em suas 
consultas, e que nos permitem entender a prática da logoterapia. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 20 
O caso do diplomata americano 
Um importante diplomata norte-americano 
procurou Frankl para dar continuidade a um 
tratamento iniciado cinco anos atrás em seu 
país de origem. 
Frankl lhe perguntou por que ele iniciou essa 
terapia tempos atrás, o diplomata respondeu 
que se sentia desgostoso com seu trabalho e 
com a política exterior de seu país, que devia 
cumprir e fazer cumprir. 
Seu psicanalista americano, com quem havia feito anos de terapia, 
tinha insistido que ele se reconciliasse com o seu pai, considerando 
que o seu trabalho no governo lhe parecia tão desagradável, por se 
constituira em representações da figura paterna. 
Após poucas sessões, Frankl lhe fez ver que sua frustração era porque 
ele desejava dedicar-se a outra profissão, e o diplomata terminou seu 
tratamento com essa ideia em mente. 
Cinco anos depois, Frankl soube por um colega que o ex-diplomata 
estava trabalhando há tempos em outra área e se sentia muito feliz. 
Frankl afirmava que este homem, além de não ter necessidade de 
cinco anos de psicanálise, também não podia sequer se considerar 
um “paciente” com necessidade de terapia. 
Simplesmente estava em busca de um propósito que daria um novo 
sentido à sua vida. No momento que o encontrou, sua vida adquiriu 
um significado profundo. 
 
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O caso da mãe suicida 
A mãe de um garoto que tinha morrido aos onze anos foi internada 
na clinica de Frankl depois de tentar suicídio e tentar levar com ela 
um outro filho. Foi este outro filho, paralítico desde a infância, quem 
lhe impediu o ato. Ele já tinha encontrado sentido para sua 
existência, e se sua mãe matasse os dois, não poderia cumprir sua 
missão. 
Em uma sessão de grupo, a mulher contou sua história. Para ajudá-la, 
Frankl pediu a uma outra mulher que ela imaginasse uma situação 
hipotética, na qual se encontrava em seu leito de morte, velha e rica, 
porém sem filhos. A mulher afirmou que nesse caso ela consideraria 
que sua vida teria sido um fracasso. 
Ao pedir a mãe suicida a mesma reflexão 
imaginando-se em seu leito de morte, ela 
se deu conta de que havia feito tudo o que 
era possível pelos seus dois filhos. E que 
havia dado a seu filho paralítico uma boa 
qualidade de vida, e ele se tornou uma 
ótima pessoa, razoavelmente feliz. 
E acrescentou chorando: “Quanto a mim, posso contemplar minha 
vida passada, e ver que ela estava carregada de sentido e eu tentei 
buscá-lo com todas as minhas forças. Eu fiz o melhor que eu sabia, fiz 
o melhor que pude por meu filho. Minha vida não foi um fracasso!”. 
Desta forma, ao imaginar-se em seu futuro leito de morte e olhar 
para trás, a mão suicida encontrou o significado que, sem sabê-lo, 
estava dando razão à sua existência. 
 
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O caso do triste médico 
Um médico experiente procurou Frankl para uma consulta porquê 
não estava superando o trauma da morte da sua esposa, assim estava 
sofrendo de uma profunda depressão que já fazia dois anos. 
 
Em vez de dar-lhe conselhos ou analisar seu sofrimento,Frankl 
perguntou ao médico o que haveria acontecido se em vez dela, 
tivesse sido ele que falecesse em primeiro lugar. Espantado, o médico 
respondeu que para ela teria sido horrível, que sua pobre esposa 
teria sofrido ao extremo. 
Frankl lhe respondeu: “Está vendo, doutor? Você a poupou de todo 
esse sofrimento; porém agora tem que pagar por isso, sobrevivendo e 
chorando sua morte”. 
O médico não disse mais nada, porém saiu do consultório tranquilo, 
depois de segurar a mão de Frankl entre as suas. 
O próprio sofrimento, padecido no lugar de sua amada esposa, havia 
dado um sentido para a vida do médico. 
 
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A terapia Morita 
Na mesma década que nascia a logoterapia, na verdade alguns anos 
antes da sua criação, o japonês Shoma Morita criava sua própria 
terapia baseada no propósito vital, destinada a tratar neuroses, 
transtornos obsessivos compulsivos e stress pós traumático. 
 
 
 
 
 
Shoma Morita era budista zen, além de psiquiatra, e sua terapia 
exerceu grande influência espiritual no Japão. 
Muitas terapias ocidentais buscam controlar ou modificar as emoções 
e sentimentos dos pacientes. No ocidente geralmente aceitamos que 
nossos pensamentos influem em como nos sentimos (sentimentos) e 
estes influem em como atuamos. Por outro lado, a terapia Morita 
busca nos ensinar a aceitar seus sentimentos sem tentar controlá-los, 
já que os sentimentos irão mudar através da ação. 
O fundamento da terapia Morita e também do zen é que “a ação é a 
causa da mudança e, por conseguinte, não devemos tentar controlar 
os pensamentos e sentimentos”. É um enfoque oposto ao ocidental, 
que nos induz a primeiro controlar e modificar nossos maus 
pensamentos, para depois mudar a forma como nos comportamos. 
A Terapia Morita 
Criada por Morita Shoma (contemporâneo de Sigmund 
Freud) é um ramo da psicología clínica fortemente 
influenciada pelo zen budismo. Consiste em um tratamento 
psicológico sistemático baseado na filosofía oriental para tratar 
transtornos de ansiedade. 
Saiba Mais: http://www.francescmiralles.com/article/263 
http://www.francescmiralles.com/article/263
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 24 
A terapia Morita, além de aceitar as emoções, busca “criar” novas 
emoções com base na ação. Segundo Morita, “Estas emoções se 
aprendem através de experiências e a base de repetição”. 
A terapia Morita não tenta eliminar os sintomas diretamente, visto 
que ensina a aceitar com naturalidade nossos desejos, ansiedades, 
medos e preocupações. Este terapeuta revolucionário dizia que “em 
matéria de sentimentos, é melhor ser rico e generoso”, no sentido de 
aceitá-los e deixá-los seguir seu caminho. 
Sobre a questão de “deixar ir” os sentimentos negativos, Morita 
explicava com esta fábula: “Se um burro está amarrado a um poste, 
continua andando para tentar escapar, porém começa a dar voltas e 
no final acaba imobilizado junto ao poste. O mesmo acontece com as 
pessoas quando têm pensamentos recorrentes e obsessivos e 
tentamos bloqueá-los com outros pensamentos”. 
Princípios fundamentais da terapia de Morita 
1. Aceite seus sentimentos. Se tivermos pensamentos obsessivos, 
não devemos tentar controlá-los ou ignorá-los. Ao tentar fazer 
isso, eles voltarão mais intensos. Um mestre zen, falando dos 
sentimentos e emoções humanas, dizia: “Se tentamos eliminar 
uma onda com outra onda de forma contínua, criaremos um mar 
infinito de ondas”. Os sentimentos vêm a nós e devemos aceitá-
los. A chave está em lhes dar boas vindas. Morita costumava dizer 
que as emoções são como o clima meteorológico: não podemos 
exatamente prever nem controlar, simplesmente observar. Vale 
citar o monge vietnamita Thich Nhat Hanh, que dizia: “Olá solidão, 
como está hoje? Vem, senta aqui comigo que eu cuidarei de ti”. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 25 
2. Faça o que deve ser feito. Não há necessidade de querer eliminar 
sintomas, visto que a recuperação virá de forma espontânea. 
Trata-se de focar o presente e, se estamos sofrendo, aceitar esse 
sofrimento. E, sobretudo, evitar intelectualizar a situação. A 
missão do terapeuta é provocar a atitude no indivíduo para que 
ele possa enfrentar qualquer situação, e a atitude se forma com o 
que se faz (ação). A terapia de Morita não explica nada aos 
pacientes, deixa que eles mesmos aprendam através de suas 
ações e atividades. Não te diz como meditar, nem como escrever 
um diário... como fazem outras terapias ocidentais. É o paciente 
que deve descobrir por si mesmo através de suas experiências. 
3. Descubra seu propósito vital. Embora não possamos controlar 
emoções, podemos estar no comando das ações de fazemos a 
cada dia. Por isso devemos ter claro nosso propósito e ter sempre 
presente o mantra de Morita: “O que necessitamos fazer agora? 
Qual ação devemos praticar agora?”. A chave é ter a ousadia de 
olhar para dentro de si mesmo para descobrir o próprio ikigai. 
 
 
 
 
 
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As quatro fases da terapia Morita 
O tratamento original de Shoma Morita, que durava de quinze dias a 
três semanas, constava das seguintes fases: 
 
 
1. Isolamento e Descanso (5 a 7 dias). A primeira semana de 
tratamento, o paciente descansa em uma habitação sem nenhum 
tipo de estímulo exterior. Sem televisão, sem livros, sem família, 
sem amigos, sem falar. A única coisa que o paciente tem são os 
próprios pensamentos. Está deitado durante a maior parte do dia. 
Nesta fase, se recupera mental e fisicamente. O paciente é 
visitado regularmente pelo terapeuta, que tenta evitar interação. 
Simplesmente, aconselha o paciente a seguir observando os altos 
e baixos das suas emoções enquanto está deitado. Quando o 
paciente se cansa da situação e tem vontade de fazer coisas de 
novo, estará pronto para passar para a fase seguinte da terapia. 
2. Terapia Ocupacional Rápida (5 a 7 dias). Nesta segunda fase, o 
paciente realiza tarefas monótonas em silêncio. Uma delas é 
escrever um diário descrevendo seus pensamentos e sentimentos. 
O paciente vai para fora depois de passar uma semana trancado, 
dá passeios pela natureza e faz exercícios de respiração. Também 
começa a realizar atividades simples como, por exemplo, 
jardinagem ou desenho e pintura. Nesta fase, o paciente ainda 
não pode falar com outros, exceto com seu terapeuta. 
3. Terapia Ocupacional (5 a 7 dias). O paciente realiza tarefas que 
requerem movimento físico. O doutor Morita gostava de levar 
seus pacientes para cortar lenha na montanha, por exemplo. Além 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 27 
de tarefas físicas, o paciente também se envolve em outras 
atividades como escrever, pintar, cerâmica.... O paciente já pode 
falar com os demais, porém só se permite que ele fale sobre as 
tarefas que está executando no momento. 
4. Retorno ao mundo “real” e a vida social. O paciente sai do 
hospital e se reintegra na vida social, porém mantendo as práticas 
de meditação e terapia ocupacional que estava desenvolvendo no 
hospital. A ideia é voltar para a sociedade como uma nova pessoa, 
com um propósito próprio e sem ser controlado pela sociedade e 
as emoções como uma marionete. 
A meditação Naikan 
Morita era um grande mestre zen de meditação introspectiva naikan. 
Muitas das ideias de sua terapia foram extraídas do seu domínio e 
conhecimento desta escola, que se baseia em três simples perguntas 
que o praticante tem que fazer: 
 O que eu recebi desta pessoa? 
 O que dei para esta pessoa? 
 Quais problemas eu causei a esta pessoa? 
Através desta exploração, deixamos atribuir aos outros a causa dos 
nossos problemas e aprofundamos a própria responsabilidade. 
Como afirmava Morita, “Se estiver com raiva e quiseragredir alguém, 
pense durante três dias antes de brigar. Ao fim de três dias, a intensa 
emoção de querer brigar já haverá desaparecido de forma natural”. 
Saiba Mais: http://naikan.tumblr.com/ 
http://naikan.tumblr.com/
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 28 
E agora, ikigai 
Os princípios da Logoterapia e da Terapia Morita apontam para uma 
experiência pessoal, intransferível, e que pode realizar-se sem 
terapeutas e nem retiros espirituais: a missão de achar seu próprio 
ikigai, teu combustível existencial para a vida. Uma vez descoberto, se 
trata de ter coragem e fazer o esforço para não se perder no caminho. 
Em seguida veremos algumas ferramentas básicas para empreender 
esta jornada, fluindo com as tarefas que você definiu, alimentando-se 
de modo equilibrado e consciente, praticando exercícios suaves e 
aprendendo a não desmoronar perante as dificuldades. Para isso é só 
aceitar que o mundo é um lugar imperfeito, como todos que nele 
habitam, porém cheio de possibilidades de crescimento e realização. 
Você está preparado para se dedicar àquilo que você AMA, a sua 
paixão, como se não existisse nada mais importante no mundo? 
 
Descubra 
Faça 
Melhore 
Seja 
 
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FLUIDEZ 
Como converter trabalho e tempo livre em crescimento interior 
 
Fluir com a experiência 
Imagine que você está esquiando em uma das suas pistas favoritas. 
No seu caminho, flocos de neve saltam no ar como areia branca e 
imaculada. As condições são perfeitas. 
Toda sua atenção está concentrada no uso das suas habilidades para 
esquiar o melhor possível. Você sabe exatamente qual movimento 
fazer em cada momento. Não há passado nem futuro, só presente. 
Você sente a neve, os esquis, teu corpo e tua consciência. Tudo se 
une em uma só entidade. Está totalmente imerso na experiência, sem 
pensar nem distrair-te com nenhuma outra coisa. Teu ego se dilui e te 
converte em parte daquilo que está fazendo. 
Este tipo de experiência é a que Bruce Lee descreveu com seu famoso 
“Seja água, meu amigo”. 
 
Entrevista com Bruce Lee 
Seja água, meu amigo 
https://www.youtube.com/watch?v=bz9iJoqC18k 
 
Todos nós sentimos que perdemos a noção de tempo quando nos 
deixamos envolver em uma atividade que amamos fazer. 
https://www.youtube.com/watch?v=bz9iJoqC18k
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 30 
Começamos a cozinhar um jantar romântico e, quando nos damos 
conta, várias horas se passaram. 
Se estivermos concentrados lendo um bom livro, nos esquecemos das 
preocupações da vida e acabamos até perdendo a hora do almoço. 
Quando estamos praticando surf, não nos damos conta do número de 
horas que estivemos desfrutando as ondas até o dia terminar. 
Mas também pode acontecer justamente o oposto. Se temos que 
realizar um trabalho ou uma tarefa que não gostamos, cada minuto 
parece interminável e não paramos de olhar o relógio. 
Einstein teria dito: “Se alguém senta em uma chapa quente por um 
segundo, parecerá uma hora. Porém se uma bela mulher sentar no 
seu colo por uma hora, parecerá um segundo. Isso é relatividade.” 
O curioso é que se uma pessoa goste de fazer uma tarefa, outra pode 
querer terminá-la o quanto antes, porque detesta fazê-la. 
Porque gostarmos tanto de fazer algo, tanto que até nos esqueçemos 
das preocupações diárias que temos em nossas vidas? Quais são 
estes momentos em que as pessoas ficam tão absorvidas e tão 
felizes? 
O poder do “fluxo” 
Estas perguntas Mihaly Csikszentmihalyi buscou responder em seu 
estudo sobre o estado mental no qual as pessoas entram quando 
imergem totalmente em uma tarefa. Ele chamou isso de estado de 
fluir, flow em inglês, e o definiu assim: “O prazer, deleite, criatividade 
e o processo no qual estamos imersos totalmente na vida”. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 31 
Não há nenhuma receita mágica para conseguir a felicidade, para 
viver o próprio ikigai, porém um dos ingredientes fundamentais é a 
capacidade que temos de entrar neste estado de fluir para, através 
dele, vivenciar uma “excelente experiência”. 
Para isto, devemos dedicar mais tempo em atividades que nos façam 
entrar em estado de fluir, em vez de nos deixarmos levar por aquelas 
que nos dêem prazeres imediatos como: comer em excesso, abusar 
de drogas e álcool ou nos empanturrar de chocolate vendo televisão. 
O autor de Flow diz: “Fluir é o estado em que as pessoas entram 
quando estão imersas em uma atividade e nada mais importa. A 
experiência em si mesma é tão agradável que as pessoas a continuam 
fazendo mesmo que tenham que sacrificar outros aspectos da vida, 
somente pelo fato de fazê-la”. 
 
 
 
 
 
Não são apenas as profissões criativas que requerem grandes doses 
de concentração e promovem a capacidade de fluir. A maioria dos 
atletas, jogadores de xadrez ou engenheiros podem passar boa parte 
do seu tempo em atividades que os fazem entrar no estado de fluir. 
Segundo os estudos de Csikszentmihalyi, um jogador de xadrez sente 
o mesmo quando entra em “fluxo” que um matemático tratando de 
resolver um problema ou um cirurgião em plena operação. Este 
professor de psicologia analisou dados de pessoas que viviam em 
Flow 
Com o intuito de compreender o que leva o indivíduo a seu estado pleno 
de satisfação e motivação intrínseca, o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi 
desenvolveu a teoria do estado de flow, que representou grande 
contribuição no campo da psicologia positiva e ainda hoje é considerada 
uma das principais ferramentas para obtenção da felicidade e bem-estar. 
Saiba Mais: https://www.youtube.com/watch?v=_4zK8fz_gi8 
https://www.youtube.com/watch?v=_4zK8fz_gi8
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 32 
diversas culturas e lugares do mundo, e descobriu que a experiência 
de fluir é igual para qualquer pessoa, cultura e idade. 
Seja em Nova York ou Okinawa, os nossos estados de fluir funcionam 
de forma semelhante. O que acontece em nossa consciência quando 
estamos nesse estado? 
Ao fluir, estamos concentrados em uma tarefa muito concreta sem 
nos deixarmos distrair por nada. Nossa consciência está “em ordem”. 
O contrário ocorre quando tentamos fazer algo e temos a mente 
distraída pensando em outras coisas. 
Se você se questiona frequentemente ou demora muito tempo para 
começar algo importante, exite uma série de técnicas que podemos 
utilizar para maximizar as possibilidades de entrar em “flow”. 
Saiba Mais: http://www.ibccoaching.com.br/portal/metas-e-objetivos/como-alcancar-estado-de-fluxo/ 
Sete condições para entrar em “FLOW” 
Segundo o pesquisador Owen Shaffer, algumas condições devem 
acontecer para que possamos fluir em uma atividade: 
1. Saber o que fazer 
2. Saber como fazê-lo 
3. Saber o quão bom o estamos fazendo 
4. Saber aonde ir (se isso implica em uma jornada) 
5. Ter desafios ambiciosos 
6. Utilizar nossos melhores recursos pessoais 
7. Estar livres de distrações 
Saiba Mais: https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_on_flow?language=pt-br 
http://www.ibccoaching.com.br/portal/metas-e-objetivos/como-alcancar-estado-de-fluxo/
https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_on_flow?language=pt-br
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 33 
Técnicas para Fluir 
1. Escolher um desafio relativamente difícil, mas não em demasia. 
 De acordo com o ponto 5 de Schaffer, se trataria de assumir uma 
tarefa que temos possibilidade de terminar, porém que ao mesmo 
tempo está um pouco acima de nossas capacidades. 
 Toda tarefa realizada por pessoas segue uma série de regras, e 
necessita de certas habilidades para executá-la. Se as regras para 
completar a tarefa são muito simples e a missão é fácil comparada 
com as nossas habilidades, é provávelque fiquemos entediados. 
As atividades muito fáceis conduzem à apatia e tédio. 
 Se, pelo contrário, começamos com algo muito difícil, nos faltarão 
conhecimentos para completar a atividade e com certeza iremos 
desistir na primeira oportunidade e nos sentiremos frustrados. 
 O ideal é encontrar um meio termo, algo que esteja de acordo 
com nossas habilidades, porém um pouco acima delas para que a 
tarefa seja considerada um desafio. Ernest Hemingway se referia a 
isso quando afirmava: “Às vezes escrevo melhor do que sei”. 
 Estes tipos de atividades são as que nos motivam seguir com elas 
até o final, já que curtimos sentir que estamos nos superando. 
Bertrand Russel afirmava que: “Para poder concentrar-se durante um 
longo tempo é essencial ter um desafio difícil diante de nós”. 
Um designer gráfico deveria estudar um novo software para que este 
constitua em um desafio para ser usado em um próximo projeto. Um 
programador deveria utilizar uma nova linguagem de programação. 
Uma dançarina deveria introduzir um novo passo ou movimento que 
lhe parecia impossível de fazer há anos. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 34 
A dica é agregar algo extra, que tire a pessoa da zona de conforto. Ler 
pode parecer fácil, porém é uma tarefa que precisa seguir algumas 
regras. Necessitamos uma série de habilidades e conhecimentos para 
continuar lendo. Se formos ler um livro sobre mecânica quântica para 
físicos sem sermos especialistas em física, iremos logo abandonar a 
leitura porque não estaremos entendendo nada. Por outro lado, se já 
conhecemos tudo que está exposto no livro, isso nos levará ao tédio. 
Porém, se o livro se adequa aos nossos conhecimentos e habilidades 
e agrega novos conhecimentos ao que já sabemos, nos deixaremos 
imergir na leitura e o tempo passará rápido. 
Ler é uma das atividades humanas na qual muitas pessoas entram em 
fluxo a cada dia. 
SE O DESAFIO ... ENTÃO ELE ... 
É fácil 
Torna-se 
enfadonho 
É ligeiramente 
difícil 
Faz entrar em 
fluxo 
Está além das 
possibilidades 
Gera ansiedade 
 
2. Ter objetivos concretos e claros. 
Os vídeogames, sem abuso, os jogos de mesa e os esportes em geral 
são atividades ideais para entrar em “flow” porque o objetivo 
geralmente é muito claro: superar-se e superar o seu rival seguindo 
uma série de regras claramente definidas. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 35 
Infelizmente, na grande maioria das situações da vida, os objetivos 
não estão claros. 
Segundo uma pesquisa da Boston Consulting Group, a maior queixa 
dos empregados de grandes empresas sobre seus chefes é a seguinte: 
“Meu chefe não comunica com clareza qual é a missão de nossa 
equipe, realmente não sei quais são os meus objetivos no trabalho”. 
É frequente ver nas grandes empresas, a obsessão que os executivos 
têm pelo planejamento, perdendo-se em inúmeros detalhes, criando 
estratégias em torno do alvo sem ter claro o objetivo final. É como 
navegar no oceano com um mapa sem saber para onde ir. 
Joichi Ito do MIT Media Lab, sempre diz: “É mais importante ter uma 
bússola apontando para um objetivo concreto do que ter um mapa”. 
Seja em empresas como em profissões criativas ou na área de 
educação, é importante refletir sobre a missão que teremos que 
cumprir, antes de começar a trabalhar, estudar ou “criar algo” sem ter 
uma direção definida. Devemos fazer perguntas do tipo: 
- Qual o teu objetivo de estudo para esta tarde? 
- Quantas páginas irá escrever hoje para o artigo do mês que vêm? 
- Qual é missão da sua equipe? 
Ter objetivos claros é importante para entrar em fluxo, porém temos 
que saber deixá-los de lado quando estamos em ação. 
Um atleta que está competindo na reta final pela medalha de ouro, 
não pode ficar pensando sobre o valor da medalha, ele tem que estar 
presente no momento, tem que fluir. Se ele se desconcentra um 
instante, pensando no momento que irá mostrar a medalha aos seus 
amigos, pode cometer um erro no final e não ganhar a competição. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 36 
Um caso típico é o “bloqueio do escritor”. Imagine, por exemplo, que 
um escritor deve terminar uma novela em três meses. Ele sabe muito 
bem seu objetivo e não pára de pensar nele. Todo dia se levanta e 
pensa “tenho que escrever a novela” e vai ler o jornal e a limpar a 
casa. De noite fica frustado e faz novos planos para o dia seguinte. 
Passam os dias, semanas e meses e ele não escreve nada, quando o 
que deveria fazer é, simplesmente, sentar-se diante de uma página 
em branco e escrever a primeira palavra, a segunda.... e assim fluir 
com o projeto e dar expressão ao seu ikigai. 
Ao fazer isso, a ansiedade desaparecerá e irá fluir prazerosamente 
com a atividade. Retornando a Albert Einstein, “uma pessoa feliz está 
tão satisfeita com o presente que não fica pensando no futuro”. 
 
 
 
 
 
 
3. Concentração em uma só tarefa. 
Este é talvez um dos maiores obstáculos que nós enfrentamos hoje 
em dia, com tanta tecnologia e distrações ao nosso redor. 
Estamos vendo um vídeo no You Tube enquanto escrevemos um e-
mail, aí aparece uma janela de um chat para respondermos. Aí vibra o 
smartphone no bolso e, voltando para o computador depois de 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 37 
responder a mensagem do smartphone, abrimos o Facebook. Meia 
hora depois esquecemos que estávamos escrevendo um e-mail. 
Podemos ainda estamos jantando enquanto vemos um filme e nem 
sentimos o paladar do salmão até que damos a última garfada. 
Muitas pessoas pensam que fazendo várias tarefas elas economizam 
tempo, porém a evidência científica indica o contrário. Mesmo as 
pessoas que dizem ser “multitarefas” são pouco produtivas. Na 
verdade, elas são as menos produtivas. 
Nosso cérebro pode filtrar milhões de bits de informação, porém 
podem processar apenas algumas dezenas de bits em série por 
segundo. Na realidade, o que fazem as pessoas que se dizem 
“multitarefas”, é alternar rapidamente de uma tarefa para outra. 
Infelizmente, não somos computadores que podem trabalhar em 
vários processos em paralelo. Gastamos todas as nossas energias 
para alternar tarefas em vez de nos centrarmos em fazer bem uma 
delas. 
Concentrar-se em uma só atividade é talvez a condição mais 
importante para entrar em fluxo. 
Segundo Csikszentmihalyi para estar concentrado em uma atividade 
necessitamos: 
1. Estar em um ambiente que não nos distraia 
2. Ter controle, a todo o momento, sobre o que estamos fazendo 
As novas tecnologias são boas se temos controle sobre elas. Deixam 
de ser boas se elas passam a nos controlar. 
Por exemplo, se você tiver que escrever um artigo de pesquisa, pode 
fazê-lo diante do computador, buscando no Google cada vez que se 
 
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necessita de algum tipo de informação. Se você for indisciplinado, 
talvez fique navegando por outros sites em vez de escrever o artigo. 
O Google e a Internet assumiram o controle de sua mente e te 
tiraram do fluxo. 
É demonstrado cientificamente que, se o cérebro está continuamente 
mudando de tarefas, perde tempo, aumenta o número de erros e a 
retenção da memória é pior. 
Um estudo realizado por Stanford, afirma que a nossa geração sofre 
de uma epidemia da multitarefa. Para demonstrar os efeitos nocivos 
desta epidemia, se analizou o comportamento de centenas de 
estudantes enquanto estudavam, para logo dividi-los em grupos 
segundo a quantidade de coisas que costumavam fazer de cada vez. 
Os estudantes com mais propensão à multitarefa geralmente fazem 
mais de quatro coisas por vez. Por exemplo: tomam notas enquanto 
lêem um livro, escutam um podcast, enviam e respondem mensagens 
no smartphone de vez em quando e olham a timeline do Facebook. 
Osestudantes foram divididos em vários grupos e colocados diante 
de telas com várias flechas vermelhas e várias flechas azuis. O 
objetivo do exercício era contar o número de flechas vermelhas. 
No início todos acertaram em pouco tempo sem dificuldade, porém 
conforme se adicionavam o número de flechas azuis (sem adicionar 
flechas vermelhas, só as mudando de posição), os estudantes que 
eram multitarefas tiveram sérias dificuldades para contar as flechas 
vermelhas no tempo requerido. Não podiam contá-las tão rápido 
como os estudantes que não eram habitualmente multitarefas, por 
uma razão muito simples: se distraiam olhando as flechas azuis! 
 
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Seus cérebros estavam treinados para prestar atenção a qualquer 
tipo de estímulo, mesmo sem importancia. Os cérebros dos outros 
estudantes estavam treinados para concentrar-se em uma única 
tarefa, neste caso contar as flechas vermelhas ignorando as azuis. 
Outros estudos indicam que ao trabalhar em várias coisas ao mesmo 
tempo, reduz nossa produtividade em pelo menos 60% e que nosso 
coeficiente intelectual se reduz em mais de 10 pontos. 
Uma pesquisa realizada na Inglaterra descobriu que, depois de 
analisar as vidas de mais de três mil garotas adolescentes viciadas em 
smartphones, elas dormiam menos horas, se sentiam menos 
integradas na escola e eram mais propensas a ter depressão. 
Concentração em 
uma única tarefa 
Multitarefa 
Aumenta possibilidade de fluir Impossível fluir 
Aumenta a produtividade 
Reduz a produtividade (em 60%) mesmo que 
não pareça 
Aumenta nossa capacidade de retenção Reduz nossa capacidade de memorizar 
Reduz a probabilidade de se equivocar 
Mais probabilidades de nos equivocarmos no 
que estamos fazendo 
Permite o controle sobre a única atividade 
a qual estamos prestando atenção. Calma. 
Stress porque temos a sensação de perder o 
controle. A multiplicidade de tarefas nos 
controla. 
Faz com que a pessoa fique mais atenta e 
preste atenção aos demais 
Afeta todos ao redor pelo “vicio” de ficar 
sempre atento a todo estímulo: olhando 
mensagens no celular, checando redes sociais 
Aumenta a criatividade Reduz a criatividade 
 
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O que podemos fazer para evitar ser parte da epidemia que nos 
impede de fluir? O que podemos fazer para treinar nosso cérebro 
para se concentrar em uma única tarefa? 
A seguir é apresentada uma série de ideias para definir seu próprio 
tempo e espaço sem distrações, aumentando as possibilidades de 
entrar em fluxo: 
• Não olhar para nenhuma tela na primeira hora do dia nem na 
última hora do dia. 
• Desligar o telefone antes de entrar em “fluxo”. A sua atividade é 
o mais importante do mundo neste tempo que você reservou 
pra si. Se você achar exagero, coloque-o no modo onde só 
possam te contatar as pessoas próximas e casos de emergência. 
• Em um determinado dia na semana, não use dispositivos 
eletrônicos. Por exemplo, o sábado e domingo, com exceção 
para o Kindle e equipamentos musicais. 
• Ir a uma cafeteria sem wi-fi. 
• Ler e responder e-mails apenas uma ou duas vezes por dia. 
Definir essas duas vezes e cumpri-las. 
• Técnica Pomodoro. Use um relógio de cozinha (algumas tem a 
forma de tomate) e comprometa-se a trabalhar em uma só 
tarefa durante esse tempo. A técnica pomodoro recomenda 25 
min de trabalho por 5 min de descanso. Trabalhe no seu ritmo, 
o importante é cumprir com rigor cada ciclo pomodoro. 
• Inicie sua missão fazendo um ritual que te motive e goste de 
fazer e termine-a sempre com uma pequena recompensa. 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 41 
• Treine sua consciência para voltar ao presente quando ficar 
distraido. Mindfulness (atenção plena), meditação, caminhada, 
natação ou qualquer atividade que te ajude a se concentrar. 
 
 
 
 
 
 
 
• Trabalhe em um ambiente onde as pessoas não possam te 
interromper. Se não puder usar seu espaço habitual, vá para 
uma biblioteca ou uma cafeteria. Se notar coisas ao teu redor 
que te distraiam, mude até encontrar o lugar ideal. 
• Divida cada atividade em grupos de tarefas relacionadas e 
separe cada grupo em lugares e tempos diferentes. Por 
exemplo, para escrever um artigo para uma revista, pesquise e 
tome notas pela manhã em casa, escreva de tarde em uma 
biblioteca e edite a noite em seu sofá. 
• Junte tarefas rotineiras para realizá-las todas em determinada 
hora do dia. Por exemplo: enviar faturas, fazer telefonemas etc. 
Quando você encontra um significado para sua vida, a tarefa mais 
rotineira se converte num feliz fluxo, como um pintor diante de sua 
tela ou um cozinheiro que segue preparando com amor, por quase 
meio século, o sushi para seus comensais, como veremos adiante. 
O controle da consciência 
determina a qualidade de vida. 
Mihaly Csikszentmihalyi 
 
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Vantagens 
de Fluir 
Desvantagens da 
Dispersão 
Mente concentrada Mente dançante 
Só existe o presente Pensando no passado e no futuro 
Nada nos preocupa 
Preocupações da nossa vida cotidiana 
e pessoas do nosso redor invadem 
nossa consciência 
As horas passam voando Cada minuto parece interminável 
Sentimento de controle 
Perda de controle. Não conseguimos 
completar a tarefa. Outras pessoas e 
preocupações não nos deixam 
trabalhar com liberdade. 
Alto nível de preparação Atuamos sem estarmos preparados 
Sabemos o que temos de fazer em 
qualquer momento 
Não damos continuidade e não 
sabemos como seguir adiante 
Mente clara que elimina todo 
obstáculo no fluxo de pensamento 
Preocupações, dúvidas constantes, 
baixa autoestima 
Prazeroso Chato e sufocante 
Ambiente livre de distrações 
Ambiente pleno de distrações: 
Internet, televisão, telefone, pessoas 
ao redor... 
O ego se dissolve. Não somos nós 
que controlamos a tarefa ou 
atividade na que estamos imersos, é 
a tarefa que nos conduz 
Autocrítica contínua. Ego presente e 
sentimento de frustração. 
 
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O “Fluxo” no Japão: artesãos, takumis, engenheiros, 
gênios e otakus 
O que têm em comum os takumis (artesãos), engenheiros, inventores 
e otakus (os fans da animação e dos mangás)? Todos eles conhecem 
intuitivamente o poder que é fluir a todo o momento com seu ikigai. 
O povo nipônico é conhecido internacionalmente pela sua fama de 
trabalhadores e muito dedicados, embora no Japão se diz que eles 
aparentam trabalhar muito, mas na realidade não é bem assim. 
Indubitável é sua capacidade de se deixarem absorver pela tarefa que 
têm em mãos, esquecendo-se do tempo, e sua perseverança na hora 
de resolver um problema. 
Costumam se envolver em tarefas concretas, por pequenas que 
sejam até o limite da obsessão. É uma característica comum, 
encontramos desde “aposentados” cuidando até o último detalhe de seus 
campos de arroz nas montanhas de Nagano, até universitários 
desenvolvendo trabalhos de fim de semana em um “combini” (loja 24 hs). 
A atenção ao detalhe no atendimento ao cliente não é algo exclusivo 
das lojas 24 horas; se pode vivenciar esta preocupação em quase 
todo serviço de atendimento ao público quando se viaja pelo Japão. 
Quando se visita Naha, Kanazawa ou Kioto 
e entramos em alguma de suas lojas de 
artesanato, você se dá conta da variedade 
de artesanato tradicional. O Japão tem 
uma capacidade especial para inovar com 
novas tecnologias e, ao mesmo tempo, 
manter tradições e técnicas artesanais. 
 
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A arte dos “takumi” 
A Toyota emprega “artesãos” que são capazes de criar manualmente 
certos tipos de parafusos. Para Toyota, estes takumi (especialistas em 
realizar certas tarefas manuais) são muito importantese são muito 
difíceis de serem substituídos, porque alguns deles são os únicos que 
sabem fazer esta tarefa e parece que não irá haver uma nova geração. 
Outro exemplo é o processo de fabricação de agulhas para toca discos 
de vinil, trabalho que se perdeu em quase todo mundo, porém que 
continua se fazendo no Japão. Cerca de 90% da produção é realizada 
pelas últimas fábricas japonesas que restaram, onde podemos 
encontrar umas poucas pessoas que sabem utilizar o maquinário para 
criar estas agulhas de alta precisão e que gostariam de passar este 
conhecimento aos seus descendentes. 
Visitando Kumano, um pequeno povoado perto de Hiroshima, 
conhecemos uma takumi. Passamos um dia inteiro fazendo fotos para 
uma das marcas de pincéis de maquiagem mais conhecidas no 
Ocidente. Embora a marca seja estrangeira, a fabricação de todo tipo 
de pincéis, não só para maquiagem, e outros utensílios é realizada 
neste pequeno povoado cheio de fábricas de pincéis. 
Ao chegar a Kumano, o cartaz que dá boas-vindas aos visitantes 
mostra uma cachorrinha mordendo um grande pincel. Além dos 
prédios das fábricas se veem muitas casinhas com hortas ao redor e, 
conforme avançamos pelas ruas, se veem alguns templos sintoístas à 
margem das montanhas que rodeiam o povoado. 
Depois de várias horas fazendo fotos nas fábricas onde havia muitas 
pessoas alinhadas fazendo cada qual uma só tarefa, desde colorir o 
cabo dos pincéis até colocá-los em caixas dentro dos caminhões. Em 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 45 
determinado momento, nos demos conta que não havia ninguém 
colocando os pelos na cabeça dos pincéis. 
Depois de perguntar várias vezes e receber sorrisos, por fim o gerente 
de uma das empresas concordou em nos ensinar com o faziam, e nos 
levou em seu carro particular a um pequeno galpão que ficava a cinco 
minutos da fábrica. Chegando lá, entramos em uma pequena sala 
com muitas janelas que forneciam uma forte e natural iluminação. 
No centro da sala havia um homem que estava tão concentrado 
selecionando pelos para os pincéis, um por um, movendo as mãos e 
os dedos habilidosamente, usando tesoura e pentes para filtrar pelos, 
que nem sequer notou nossa entrada na sala. Seus movimentos eram 
tão rápidos que era muito difícil entender o que estava fazendo. 
O gerente o interrompeu para lhe dizer que íamos fazer fotos 
enquanto trabalhava. Ele aparentava que estava feliz e orgulhoso 
enquanto falava sobre sua tarefa e responsabilidade. 
Para fotografar suas mãos foi preciso utilizar altas velocidades do 
obturador para captar os movimentos. Suas mãos dançavam e fluíam 
em comunhão com as ferramentas e pelos que tinha que selecionar. 
Este takumi, embora isolado neste galpão, era uma das pessoas mais 
importantes na empresa. Todos os pelos dos milhares de pincéis que 
eram ali fabricados passavam por suas mãos. 
 
 
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Steve Jobs no Japão 
O cofundador da Apple, e fanático pelo bom gosto e estilo, era um 
grande fan do Japão. Além de visitar as fábricas da Sony nos anos 80 e 
trazer muitos de seus métodos para Apple, também foi surpreendido 
pela simplicidade e qualidade da porcelana japonesa em Kioto. 
Porém foi um kiotota quem se tornou o favorito de Steve Jobs. Seu 
nome é Yukio Shakunaga, um takumi de Toyama que utiliza uma 
técnica conhecida como Etsu-Seto-yaki que muito poucos dominam. 
 
Durante uma visita a Kioto, Jobs descobriu que havia uma exposição 
de Yukio Shakunaga. Logo aprendeu a apreciar a porcelana de Yukio 
pelo que ela tinha de especial. De fato, comprou vários xicaras, jarros 
e pratos e retornou à exposição três vezes naquela semana. 
Steve Jobs visitou várias vezes Kioto durante o resto de sua vida, em 
busca de inspiração, e terminou conhecendo Yukio Shakunaga em 
pessoa. Dizem que quase tudo que Steve Jobs perguntava a Yukio era 
sobre os detalhes de fabricação e o tipo de porcelana que utilizava. 
 
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Steve Jobs ficou tão impressionado que pensou 
em ir a Toyama para ver a montanha de onde 
Yukio extraia a porcelana, porém desistiu 
quando soube que ela estava mais de quatro 
horas de trem de Kioto. 
Em uma entrevista com Yukio depois da morte 
de Steve Jobs, ele disse que se sentia muito 
orgulhoso de saber que sua arte era apreciada pelo criador da Apple 
e do iPhone, e disse que a última compra que Steve Jobs fez foram 12 
xicaras de chá. 
Jobs pediu que estas 12 xícaras fossem especiais e que seguissem 
“um novo estilo”. Para consegui-lo, Yukio conta que fez 150 xícaras 
para testar novas ideias e, ao terminar, selecionou as 12 melhores e 
as enviou à família Jobs. 
Desde sua primeira visita ao Japão, Steve Jobs ficou fascinado e 
inspirado por seus artesãos, pela sua engenharia (especialmente a 
Sony), por sua filosofia (especialmente o zen) e também por sua 
cozinha (especialmente o sushi). 
 
 O Japão é muito interessante. Algumas pessoas 
pensam que eles copiam as coisas. Eu não 
penso assim de maneira alguma. Eu penso que 
o que fazem é reinventar coisas. Eles pegam 
alguma coisa que já foi inventada e a estudam 
até entendê-la completamente. Em alguns 
casos, eles a entendem melhor do que o 
próprio inventor original. 
(Steve Jobs) 
 
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Uma simplicidade sofisticada 
O que tem de comum a cozinha, o zen, a engenharia e os artesãos 
japoneses. A atenção para o detalhe e uma simplicidade sofisticada, 
que busca novas fronteiras, sempre levando o objeto criado, o corpo, 
a mente ou a comida, a um nível superior. 
Como diria Mihaly, sempre mantendo um alto nível de desafio na 
atividade para se superar, para poder estar sempre em fluxo. 
No documentário JIRO, SONHOS DE SUSHI, se pode ver outro 
exemplo de takumi, neste caso na cozinha. Jiro faz sushi todos os dias 
por mais de 80 anos. Ele tem um pequeno restaurante de sushi no 
metro de Ginza. Ele e seu filho vão pessoalmente ao mercado de 
peixes (Tsuki-ji) e selecionam o melhor para levar ao restaurante. 
 
O documentário mostra o filho de Jiro aprendendo a fazer tortilhas 
(para o sushi de tortilha) e, por mais que pratique, o pai não lhe dá 
aprovação. Segue praticando anos e anos até que um dia, finalmente, 
consegue a aprovação do pai. 
 
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Tanto Jiro como seu filho são artesãos da comida. Fluem ao cozinhar 
e não se cansam nunca. Quando estão cozinhando estão desfrutando 
ao máximo, para eles é pura felicidade, seu ikigai. Aprenderam a 
amar o seu trabalho, a convertê-lo em um prazer que detém o tempo. 
Além da relação estreita pai e filho, que os ajuda a manter o desafio 
diário, também trabalham em um ambiente tranquilo e sem stress, 
que permite maior concentração. Inclusive, depois de ser nomeado 
pela Michelin como o melhor restaurante de sushi do mundo, nunca 
cogitaram abrir outros restaurantes ou expandir o negócio. 
Só servem a dez clientes por dia em um balcão, num pequeno local 
que fica na estação de metro de Ginza. A família Jiro põe acima do 
dinheiro, as condições e ambiente na qual podem fluir cozinhando, 
produzindo o melhor sushi do mundo. 
Saiba Mais: https://www.youtube.com/watch?v=l0_jkEHvQcc 
Tanto Jiro, o cozinheiro de sushi, como Yukio Shakunaaga, o artesão 
das louças, se importam com a “origem” do seu trabalho. Jiro vai ao 
mercado de peixe para escolher o melhor atum; Yukio vai para as 
montanhas para selecionar a melhor porcelana. Ao trabalhar, ambos 
se unem ao objeto. No Japão, a união com o objeto ao fluir assume 
uma dimensão especial porque, segundo o sintoísmo, os bosques, as 
árvores e os objetos tem um kami (espirito de Deus) dentro deles. 
A responsabilidade do criador de algo, seja ele artista,engenheiro ou 
cozinheiro, é usar a natureza para “dar-lhe vida”, respeitando-a a todo 
o momento. Durante o trabalho, o artesão se une ao objeto e flui 
com ele. Um ferreiro diria “o ferro tem vida”, um ceramista diria que 
“a argila tem vida”. Os japoneses são bons unindo a natureza com a 
tecnologia; não é o homem contra a natureza, mas a união de ambos. 
https://www.youtube.com/watch?v=l0_jkEHvQcc
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 50 
A pureza do Studio Ghibli 
Alguns dizem que os valores do sintoísmo de união com a natureza 
estão se perdendo. Um dos maiores críticos desta perda é outro 
criador nascido com um ikigai muito definido, Hayao Miyazaki, o 
diretor de filmes de animação do Studio Ghibli. 
Em quase todos seus filmes se vê tecnologia, humanos, fantasia e 
natureza em conflito e, no final, tudo anda de mãos dadas. No filme 
“A Viagem de Chihiro”, umas das metáforas mais importantes é a da 
contaminação dos rios, representada por um deus gordo e sujo. 
Saiba Mais: https://www.youtube.com/watch?v=SgZI655GgHk&list=PL-5pOq42Ej-
luWiHRRWQQVldNSLy4BZ7b 
Nas películas de Miyazaki, os bosques tem personalidade, as árvores 
têm sentimentos, os robôs fazem amizade com os pássaros. Ele é 
considerado como tesouro nacional vivo pelo governo japonês. Além 
de pregar a reconexão com a natureza, Hayao Miyazaki é um desses 
artistas que se deixa levar pela tarefa presente. 
Não tem computador, usa um celular dos anos 90 e obriga toda sua 
equipe a desenhar manualmente. Hayao Miyazaki “dirige” seus 
filmes, criando e desenhando em papel nos mínimos detalhes. 
Desenhar faz com que Miyazaki entre em fluxo, os computadores 
não. Graças a essa obsessão, o Studio Ghibli é um dos únicos do 
mundo onde quase a totalidade do processo de produção de 
animação se faz seguindo as técnicas tradicionais. 
Quem teve a sorte de visitar o Studio Ghibli, sabe que aos domingos 
sempre havia alguém trabalhando em um canto. Um homem simples 
que te saudava com um Ohayo (bom dia) sem levantar a cabeça. 
https://www.youtube.com/watch?v=SgZI655GgHk&list=PL-5pOq42Ej-luWiHRRWQQVldNSLy4BZ7b
https://www.youtube.com/watch?v=SgZI655GgHk&list=PL-5pOq42Ej-luWiHRRWQQVldNSLy4BZ7b
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 51 
Este homem, que ganhou vários Oscars da academia, passa seu 
domingo desenhando. Sua paixão é tal, que ele passa muitos 
domingos alí, desfrutando o fluxo, vivendo seu ikigai acima que 
qualquer outra coisa. Porém não é recomendável pertubar Hayao sob 
nenhuma hipótese. Ele tem a fama de resmungão, principalmente se 
o interrompem quando ele está desenhando. 
 
 
 
 
 
Em 2013, Hayao anunciou que iria se “aposentar”. Para celebrar, o 
canal de televisão NHK fez um documentário especial que mostrava 
Hayao Miyazaki durante seus últimos dias de trabalho. Em quase 
todas as cenas do documentário ele está desenhando. Em uma delas, 
vários companheiros de trabalho estão em reunião e ele está em um 
canto desenhando, absorvido sem escutar os demais. Em outra cena, 
ele aparece indo para o trabalho no dia 30 de dezembro (feriado 
nacional no Japão) e passar o dia desenhando sozinho. 
Um dia depois de sua “aposentadoria”, em vez de ir viajar o ficar em 
casa, foi ao Studio Ghibli e se sentou para desenhar. Os companheiros 
de trabalho ficaram com caras de bobos sem saber o que dizer. 
Alguém realmente se aposenta quando é apaixonado pelo que faz? 
Hayao Miyazaki não pode deixar de desenhar. Um ano depois de sua 
“aposentadoria”, declarou que não ia mais fazer longa metragens, 
porém que “continuaria desenhando até o dia da sua morte”. 
Hayao Miyazaki 
É um dos mais famosos e respeitados criadores do cinema de animação 
japonesa, alcançando sucesso e reconhecimento em todo o mundo. Iniciou 
sua carreira em 1963 na Toei Animation. Em 83, começou a se dedicar 
exclusivamente aos longas metragens e funda o seu próprio estúdio de 
animação, o Estúdio Ghibli, no qual ele viria a produzir as suas mais 
premiadas e reconhecidas animações. 
Saiba Mais: http://super.abril.com.br/studio-ghibli-relembre-as-21-animacoes-do-estudio-
japones-dirigido-por-hayao-miyazaki 
http://super.abril.com.br/studio-ghibli-relembre-as-21-animacoes-do-estudio-japones-dirigido-por-hayao-miyazaki
http://super.abril.com.br/studio-ghibli-relembre-as-21-animacoes-do-estudio-japones-dirigido-por-hayao-miyazaki
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 52 
Ermitãos do ikigai 
Não são somente os japoneses que desfrutam desta capacidade de 
fluir; também existem artistas e cientistas de outras partes do mundo 
com ikigais muito fortes e definidos. Por isso nunca se aposentam 
realmente. Fazem o que gostam até o último dia da sua morte. 
A última coisa de Eistein escreveu pouco antes 
de fechar os olhos pela última vez, foi uma de 
suas fórmulas tentando unificar todas as forças 
do universo. Morreu fazendo aquilo pelo qual 
tinha paixão. Se não fosse físico, Eistein dizia 
que teria sido feliz sendo músico. Quando não 
estava centrado na física e na matemática, se 
deleitava tocando violino. Fluir trabalhando em 
suas fórmulas ou tocando um instrumento, ambos seus ikigais, lhe 
dava uma grande felicidade. 
Muitos destes artistas e cientistas podem parecer rabugentos ou 
eremitas, porém o que fazem é proteger seu tempo de felicidade, às 
vezes sacrificando outros aspectos da vida. São exemplos de pessoas 
descoladas que aplicam de forma radical o fluir ao seu estilo de vida. 
 Outro exemplo destes eremitas é o escritor 
Haruki Murakami. Pelo que dizem, é muito 
difícil acessá-lo. Solitário, tem um círculo de 
amigos muito restrito e raramente aparece 
em público no Japão. 
Os artistas sabem o importante que é proteger o seu espaço, seu 
ambiente, estar livre de distrações para poder fluir com seu ikigai. 
 
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Microfluir: o desfrutar das tarefas rotineiras 
O que passa quando temos que, por exemplo, lavar pratos, cortar o 
gramado do jardim ou preencher formulários? Podemos converter 
estes trabalhos cotidianos em atividades agradáveis? 
Na estação de Shinjuku, um dos centros nevrálgicos de Toquio, existe 
um supermercado onde os ascensoristas continuam trabalhando. São 
elevadores normais que poderiam ser operados pelos clientes, porém 
eles prestam este serviço abrindo-lhes a porta, apertando o botão do 
andar para onde eles vão e fazendo reverência ao saírem do elevador. 
Se pesquisar melhor, você irá descobrir que 
existe uma ascensorista que está fazendo o 
mesmo trabalho desde, pelo menos, 2004. É um 
profissional que sempre está sorridente e 
executa seu trabalho com entusiasmo. Como ela 
faz para desfrutar esta tarefa tão simples a 
primeira vista? E depois de tantos anos fazendo 
a mesma coisa, ela não fica entediada? 
Ao observar melhor, você se dá conta que a ascensorista não só 
aperta os botões. Mas, executa toda uma sequência de movimentos. 
Começa com uma saudação dos clientes entoando a voz como se 
estivesse cantando, continua com reverências e saudações com as 
mãos, e aperta o botão do elevador movendo o braço de forma 
graciosa como se fosse uma geisha manipulando uma taça de chá. 
Csikszentmihalyi se refere a esta dimensão do cotidiano como 
microfluir. Nós todos ficamos entediados em uma aula do colégio, na 
universidade ou em uma conferência e passamos a desenhar alguma 
coisa para não dormir. Assoviamos enquanto estamos pintando uma 
 
 12-06-2016 “Ikigai’ Ver. 1.0 Pág. 54 
parede. Quando não somos verdadeiramente “desafiados”, ficamos 
entediados e necessitamos de mais complexidade para nos motivar. 
Converter uma tarefa rotineira em microfluir, em algo que podemos 
desfrutar, é uma habilidade crítica para sermos “felizes”, já que todos 
nós temos que executar tarefas

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