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AULA 1 FUNDAMENTOS DE ENERGIA EÓLICA Prof. Felipe Freitas 02 CONVERSA INICIAL Até chegar à forma atualmente conhecida e difundida, com a utilização em larga escala de grandes turbinas, a energia eólica teve outros tipos de aplicação, entre elas moagem de grãos, bombeamento de água, dentre outras atividades agrícolas, sendo que o primeiro relato da finalidade para geração energia elétrica é registrado no século XIX. CONTEXTUALIZANDO Muitos séculos atrás, a energia eólica foi utilizada para substituir a força braçal e animal. Hoje a energia eólica é utilizada principalmente para gerar a energia elétrica que utilizamos para diversos fins: em eletrodomésticos, indústrias, hospitais etc. Você provavelmente não sabe ou não parou para pensar nisso, mas para ler este texto em seu computador/celular/tablet você está utilizando a eletricidade que está sendo gerada por diversas usinas elétricas espalhadas pelo Brasil, inclusive eólicas, seja as instaladas no Nordeste, seja as instaladas no Sul. Interessante, não? TEMA 1 – PRINCÍPIOS DA ENERGIA EÓLICA Segundo o Centro de Referência para Energia Solar e Eólica (Cresesb), do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), pode-se afirmar sobre o início do desenvolvimento das máquinas eólicas: Com o avanço da agricultura, o homem necessitava cada vez mais de ferramentas que o auxiliassem nas diversas etapas do trabalho. Tarefas como a moagem dos grãos e o bombeamento de água exigiam cada vez mais esforço braçal e animal. Isso levou ao desenvolvimento de uma forma primitiva de moinho de vento, utilizada no beneficiamento dos produtos agrícolas, que constava de um eixo vertical acionado por uma longa haste presa a ela, movida por homens ou animais caminhando numa gaiola circular. Existia também outra tecnologia utilizada para o beneficiamento da agricultura onde uma gaiola cilíndrica era conectada a um eixo horizontal e a força motriz (homens ou animais) caminhava no seu interior. (Cresesb, 2017) Esse sistema eólico foi melhorado com a utilização de cursos de água como força motriz, surgindo assim as primeiras rodas de água. Historicamente, o uso das rodas de água precede a utilização dos moinhos de ventos devido à sua estrutura mais simplificada, que utiliza de rios e cachoeiras como força motriz. Como o recurso hídrico não existia em todos os lugares para o aproveitamento 03 em rodas de água e o vento é mais abundante, possibilitou-se a criação dos primeiros moinhos de ventos, substituindo assim a força motriz de trabalhadores ou de animais nas atividades agrícolas (Cresesb, 2017). Segundo Chesf e Brascep (1987), citados por Cresesb (2017), o 1º registro histórico da utilização da energia eólica para bombeamento de água e moagem de grãos através de cata-ventos é proveniente da Pérsia, por volta de 200 A.C. Esse tipo de moinho de eixo vertical veio a se espalhar pelo mundo islâmico sendo utilizado por vários séculos. Acredita-se que antes da invenção dos cata-ventos na Pérsia, a China (por volta de 2000 A.C.) e o Império Babilônico (por volta 1700 A.C.) também utilizavam cata-ventos rústicos para irrigação. Ainda Cresesb (2017) menciona que alguns historiadores atribuem a Heron a invenção do moinho de vento. Essa atribuição é hoje desconsiderada pela maioria das autoridades em diversos graus, cuja interpretação é de que se tratava apenas de um brinquedo. Há dificuldades referentes à procedência dos manuscritos em Pneumática (trabalho creditado a Heron) e discordância quanto ao significado exato de certas palavras-chave desse documento. O fato é que não se pode ter certeza de se foi realmente Heron o inventor do moinho de vento como força motriz ou se sua invenção inicial influenciou aqueles que o seguiram. Mesmo com baixa eficiência devido a suas características, os cata-ventos primitivos apresentavam vantagens importantes para o desenvolvimento das necessidades básicas de bombeamento d’água ou moagem de grãos, substituindo a força motriz humana ou animal. Pouco se sabe sobre o desenvolvimento e uso dos cata-ventos primitivos da China e Oriente Médio como também dos cata- ventos surgidos no Mediterrâneo. Um importante desenvolvimento da tecnologia primitiva foram os primeiros modelos a utilizarem velas de sustentação em eixo horizontal encontrados nas ilhas gregas do Mediterrâneo. A introdução dos cata-ventos na Europa deu-se, principalmente, no retorno das Cruzadas há 900 anos. Os cata-ventos foram largamente utilizados e seu desenvolvimento bem documentado. As máquinas primitivas persistiram até o século XII quando começaram a ser utilizados moinhos de eixo horizontal na Inglaterra, França e Holanda, entre outros países. Os moinhos de vento de eixo horizontal do tipo “holandês” foram rapidamente disseminados em vários países da Europa. Durante a Idade Média, na Europa, a maioria das leis feudais incluía o direito de recusar a permissão à construção de moinhos de vento pelos camponeses, o que os obrigava a usar os moinhos dos senhores feudais para a moagem dos seus grãos. Dentro das leis de concessão de moinhos também se estabeleceram leis que proibiam a plantação de árvores próximas ao moinho assegurando, assim, o “direito ao vento”. Os moinhos de vento na Europa tiveram, sem dúvida, uma forte e decisiva influência na economia agrícola por vários séculos. Com o desenvolvimento tecnológico das pás, sistema de controle, eixos etc. o uso dos moinhos de vento propiciou a otimização de várias atividades utilizando-se a força motriz do vento. (Cresesb, 2017) 04 Figura 1 – Principais marcos do desenvolvimento da energia eólica no período do século XI ao século XIX Fonte: Dutra, 2001. Shepherd, em 1994, menciona ainda que na Holanda, entre os séculos XVII a XIX, o uso de moinhos de vento em grande escala esteve amplamente relacionado com a drenagem de terras cobertas pelas águas. A área de Beemster Polder, que ficava três metros abaixo do nível do mar, foi drenada por 26 moinhos de vento de até 50 HP cada, entre os anos de 1608 e 1612. Mais tarde, a região de Schermer Polder também foi drenada por 36 moinhos de vento durante quatro anos, a uma vazão total de 1.000m3/min. (Shepherd, 1994 citado por Cresesb, 2017) Os moinhos de vento na Holanda tiveram uma grande variedade de aplicações. O primeiro moinho de vento utilizado para a produção de óleos vegetais foi construído em 1582. Ainda o texto de Cresesb (2017) menciona que com o surgimento da imprensa e o rápido crescimento da demanda por papel, foi construído, em 1586, o primeiro moinho de vento para fabricação de papel. Ao fim do século XVI, surgiram moinhos de vento para acionar serrarias para processar madeiras provenientes do Mar Báltico. Em meados do século XIX, aproximadamente 9 mil moinhos de vento existiam em pleno funcionamento na Holanda. "O número de moinhos de vento na Europa nesse período mostra a importância do seu uso em diversos países como a Bélgica (3.000 moinhos de vento), Inglaterra (10.000 moinhos de vento) e França (650 moinhos de vento na região de Anjou)” (Chesf; Brascep, 1987 citados por Cresesb, 2017). 05 Figura 2 – Moinho de vento típico da Holanda Fonte: Cresesb, 2017. O texto do Cresesb (2017) afirma ainda que: um importante marco para a energia eólica na Europa foi a Revolução Industrial no final do Século XIX. Com o surgimento da máquina a vapor, iniciou-se o declínio do uso da energia eólica na Holanda. Já no início do século XX, existiam apenas 2.500 moinhos de ventos em operação, caindo para menos de 1.000 no ano de 1960 (Chesf; Brascep, 1987). Preocupados com a extinção dos moinhos de vento pelo novo conceito imposto pela Revolução Industrial, foi criada, em 1923, uma sociedade holandesa para conservação, melhoria de desempenho e utilização mais efetiva dosmoinhos holandeses. A utilização de cata-ventos de múltiplas pás destinados ao bombeamento d’água desenvolveu-se de forma efetiva, em diversos países, principalmente nas suas áreas rurais. Acredita-se que, desde a segunda metade do século XIX, mais de 6 milhões de cata-ventos já teriam sido fabricados e instalados somente nos Estados Unidos para o bombeamento d’água em sedes de fazendas isoladas e para abastecimento de bebedouros para o gado em pastagens extensas (Chesf; Brascep, 1987). Em outras regiões do mundo, aerogeradores de múltiplas pás também foram utilizados, como em países como Rússia e também nos continentes africano e americano. Em áreas agrícolas, essa solução se mostrou com alta adaptabilidade e com um O&M simplificado. Toda a estrutura era metálica e o sistema de bombeamento era baseado em bombas e pistões, motivados pelo alto torque fornecido pela grande quantidade de pás. Até nos dias atuais esse sistema é amplamente usado em várias partes do mundo para bombeamento d’água. (Cresesb, 2017) TEMA 2 – PRIMEIROS AEROGERADORES Nos anos 1970, veio à tona a preocupação de as fontes de combustíveis fósseis serem limitadas, como também o seu impacto sobre o meio ambiente. 06 Devido a essa crescente preocupação, surgiu o interesse em usar as energias renováveis para suprir o constante crescimento de demanda de eletricidade do planeta. Somada a isso, a crise do petróleo de 1973 e 1979 tornou o problema ainda mais evidente. A Guerra do Golfo, em 1990-1991, confirmou tal preocupação (Cavalari, 2016). As fontes de energias convencionais, como o óleo, o gás natural, o carvão ou a energia nuclear são finitas e poluem o planeta. Ao mesmo tempo, há uma forte oposição popular contra o fortalecimento da energia nuclear em muitas partes do mundo. Assim, devido à atenção com as questões do meio ambiente e o esgotamento dos combustíveis fósseis, foi demandada uma busca por mais fontes de energia. Nesse cenário, surgem as energias renováveis, que são limpas e abundantes e que poderão contribuir cada vez mais para a já crescente necessidade de energia. A não emissão de alguns poluentes na atmosfera terrestre por parte da geração renovável representa uma vantagem significativa comparada às usinas fósseis. Entre as fontes renováveis, a eólica ganhou certo destaque mundial, principalmente pela boa experiência ocorrida em países como Dinamarca e Alemanha. O uso da energia do vento em larga escala só começou nos anos 1980. Auxiliado pelo intenso desenvolvimento tecnológico, o nível de potência alcançou rapidamente a faixa dos megawatts, e os parques eólicos cresceram em um patamar considerável. A energia de fontes eólicas já é parcialmente competitiva em preço, sendo também apoiada por uma legislação estatal que visa promover sua participação no mercado. O superprogresso da geração eólica desde os anos 1980 foi acompanhado por uma queda relevante no custo por kWh devido ao desenvolvimento tecnológico e à economia de geração em alta escala. A conversão do vento em eletricidade é talvez a tecnologia atual que mais cresce no planeta. O início da adaptação dos cata-ventos para geração de energia elétrica teve início no final do século XIX. Em 1888, Charles F. Bruch, um industrial voltado para eletrificação em campo, ergueu na cidade de Cleveland, Ohio, o primeiro cata-vento destinado à geração de energia elétrica. Tratava-se de um cata-vento que fornecia 12 kW em corrente contínua para carregamento de baterias, as quais eram destinadas, sobretudo, para o fornecimento de energia para 350 lâmpadas incandescentes (Scientific American, 1890 citado por Shefherd, 1994) (Righter, 1991 citado por Shefherd, 1994). Bruch utilizou-se da configuração de um moinho para o seu invento. A roda principal, com suas 144 pás, tinha 17 m de diâmetro em uma torre de 18 m de altura. Todo o sistema era sustentado por um tubo metálico central de 36 cm que possibilitava o giro de todo o sistema acompanhando, assim, o vento predominante. Esse sistema esteve em operação por 20 anos, sendo 07 desativado em 1908. Sem dúvida, o catavento de Bruch foi um marco na utilização dos cata-ventos para a geração de energia elétrica. O invento de Bruch apresentava três importantes inovações para o desenvolvimento do uso da energia eólica para geração de energia elétrica. Em primeiro lugar, a altura utilizada pelo invento estava dentro das categorias dos moinhos de ventos utilizados para beneficiamento de grãos e bombeamento d’água. Em segundo lugar, foi introduzido um mecanismo de grande fator de multiplicação da rotação das pás (50:1) que funcionava em dois estágios, possibilitando um máximo aproveitamento do dínamo cujo funcionamento estava em 500 rpm. Em terceiro lugar, esse invento foi a primeira e mais ambiciosa tentativa de se combinar a aerodinâmica e a estrutura dos moinhos de vento com as recentes inovações tecnológicas na produção de energia elétrica. Um dos primeiros passos para o desenvolvimento de turbinas eólicas de grande porte para aplicações elétricas foi dado na Rússia em 1931. O aerogerador Balaclava (assim chamado) era um modelo avançado de 100 kW conectado, por uma linha de transmissão de 6,3 kV de 30 km, a uma usina termelétrica de 20MW. Essa foi a primeira tentativa bem- sucedida de se conectar um aerogerador de corrente alternada com uma usina termelétrica (Sektorov, 1934 citado por Shefherd, 1994). A energia medida foi de 280.000 kWh.ano, o que significa um fator médio de utilização de 32%. O gerador e o sistema de controle ficavam no alto da torre de 30 metros de altura, e a rotação era controlada pela variação do ângulo de passo das pás. O controle da posição era feito através de uma estrutura em treliças inclinada apoiada sobre um vagão em uma pista circular de trilhos (Chesf; Brascep, 1987) (Shefherd, 1994). (Cresesb, 2017) Figura 3 – Principais marcos do desenvolvimento da energia eólica no século XX Fonte: Dutra, 2001. Após o desenvolvimento desse modelo, foram projetados outros modelos mais ambiciosos de 1 MW e 5 MW. Aparentemente esses projetos não foram concluídos devido à forte concorrência de outras tecnologias, principalmente a tecnologia de combustíveis fósseis que, com o surgimento de novas reservas, tornava-se mais competitiva economicamente contribuindo, assim, para o abandono de projetos ambiciosos de aerogeradores de grande porte. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) contribuiu para o desenvolvimento dos aerogeradores de médio e grande porte, uma vez que os países em geral empenhavam grandes esforços no sentido de economizar combustíveis fósseis. Os Estados Unidos desenvolveram um projeto de construção do maior aerogerador até então projetado. Tratava-se do aerogerador Smith-Putnam cujo modelo apresentava 53,3 m de diâmetro, uma torre de 33,5 m de altura e duas pás de aço com 16 toneladas. Na geração elétrica, foi usado um gerador síncrono de 1.250 kW com rotação constante de 28 rpm, que funcionava em corrente alternada, conectado diretamente à rede elétrica local (Voaden, 08 1943 citado por Shefherd, 1994) (Putnam,1948 citado por Shefherd, 1994) (Koeppl, 1982 citado por Shefherd, 1994). Esse aerogerador iniciou seu funcionamento em 10 de outubro de 1941, em uma colina de Vermont chamada Grandpa’s Knob. Em março de 1945, após quatro anos de operação intermitente, uma das suas pás (que eram metálicas) quebrou-se por fadiga (Shefherd, 1994) (Ewea, 1998A). Após o fim da Segunda Guerra, os combustíveis fósseis voltaram a abundar em todo o cenário mundial. Um estudo econômico na época mostrava que aquele aerogerador não era mais competitivo e, sendo assim, o projeto foi abandonado. Esse projeto foi pioneiro na organização de uma parceria entre a indústria e a universidade, objetivando pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a geração de energia elétrica através dos ventos.Essa parceria viabilizou o projeto com o maior número de inovações tecnológicas até então posto em funcionamento. De uma forma geral, após a Segunda Guerra Mundial, o petróleo e grandes usinas hidrelétricas se tornaram extremamente competitivos economicamente, e os aerogeradores foram construídos apenas para fins de pesquisa, utilizando e aprimorando técnicas aeronáuticas na operação e desenvolvimento de pás, além de aperfeiçoamentos no sistema de geração. Segundo a bibliografia, “a Inglaterra, durante a década de cinquenta, promoveu um grande estudo anemométrico em 100 localidades das Ilhas Britânicas culminando, em 1955, com a instalação de um aerogerador experimental de 100kW em Cape Costa, Ilhas Orkney (Chesf; Brascep, 1987) (Divone, 1994)" (Cresesb, 2017). Sobre a década de 1950, a bibliografia informa que foi desenvolvido um raro modelo de aerogerador de 100 kW com as pás ocas e com a turbina e gerador na base da torre. Ambos os modelos desenvolvidos na Inglaterra foram abandonados por problemas operacionais e principalmente por desinteresse econômico. A Dinamarca, no período inicial da 2º Guerra Mundial, apresentou um dos mais significativos crescimentos em energia eólica em toda Europa. Esse avanço deu-se sob a direção dos cientistas dinamarqueses Poul la Cour e Johannes Juul (Juul, 1964 citado por Divone, 1994). (Cresesb, 2017). Ainda comentando sobre a Dinamarca, sendo um país pobre em fontes energéticas naturais, a utilização da energia eólica teve uma grande importância quando, no período entre as duas guerras mundiais, o consumo de óleo combustível estava racionado. Durante a 2º Guerra Mundial, a companhia F. L. Smidth (F.L.S) foi a pioneira no desenvolvimento de uma série de aerogeradores de pequeno porte, na faixa de 45 kW. Nesse período, a energia eólica na Dinamarca produzia, eventualmente, cerca de 4 milhões de quilowatt-hora anuais, dada a grande utilização dessas turbinas em todo o país. O sucesso dos aerogeradores de pequeno porte da F.L.S, que ainda operavam em corrente contínua, possibilitou um projeto de grande porte ainda mais ousado. (Cresesb, 2017) Além disso, o Cresesb (2017) afirma que uma turbina de 200 kW com 12 m de pás foi implantada na ilha de Gedser, entre 1956 e 1957. Esse aerogerador com três pás tinha uma torre de concreto como estrutura de sustentação. O 09 sistema forneceu energia em CA para a concessionária SydÆstsjaellands Elektricitets Aktieselskab (Seas), entre 1958 e 1967, quando o FC atingiu a meta de 20% logo no início do empreendimento. (Divone, 1994 citado por Cresesb, 2017). A França, por sua vez, instalou entre 1958 e 1966 aerogeradores de até 800 kW de potência conectados a rede, mas com baixa eficiência. Esse modelo esteve em operação, conectado à rede da famosa empresa EDF, entre 1958 a 1963 (Cresesb, 2017). O segundo aerogerador tinha apenas 132 kW, e o terceiro chegou até 1085 kW. Esses três protótipos mostraram a possibilidade de se conectar aerogeradores à rede (Cresesb, 2017). Segundo Divone (1994, citado por Cresesb, 2017), durante o período entre 1955 e 1968, a Alemanha construiu e operou um aerogerador com o maior número de inovações tecnológicas na época. Os avanços tecnológicos desse modelo persistem até hoje na concepção dos modelos atuais, mostrando o seu sucesso de operação. Tratava-se de um aerogerador de 34 metros de diâmetro operando com potência de 100 kW, a ventos de 8 m/s. TEMA 3 – A EVOLUÇÃO COMERCIAL DE AEROGERADORES DE GRANDE PORTE De acordo com o Cresesb (2017), "o comércio de aerogeradores no mundo se desenvolveu rapidamente em tecnologia e tamanhos durante os últimos 15 anos". A figura a seguir "mostra o impressionante desenvolvimento do tamanho e da potência de aerogeradores desde 1985" (Cresesb, 2017). Figura 4 – Evolução dos aerogeradores desde 1985 até 2010 Fonte: DEWI, 2005 010 TEMA 4 – A POTÊNCIA EÓLICA INSTALADA NO MUNDO O Cresesb (2017) afirma ainda que o perfil do crescimento da energia eólica na década de 90 indica perspectivas promissoras para o crescimento da indústria eólica mundial para as próximas décadas. Mesmo considerando-se uma desaceleração no aumento da potência instalada nos últimos anos, a procura por novos mercados e o desenvolvimento de turbinas eólicas de maior porte mostram boas perspectivas para um crescimento mais sustentável e não tão acelerado para a próxima década. A Tabela 1, a seguir, mostra a potência eólica acumulada ao final de 2016. Tabela 1 – Capacidade instalada de geração eólica em MW por país País Total instalado em 2016 (GW) China 168,73 Estados Unidos 82,18 Alemanha 50,02 Índia 28,70 Espanha 23,07 Reino Unido 14,54 França 12,07 Canadá 11,90 Brasil 11,29 Itália 9,26 Outros Países 75,80 Total 487,34 Fonte: Elaborada pelo autor a partir de dados de GWEC, 2017. http://www.gwec.net/wp-content/uploads/vip/GWEC_PRstats2016_EN_WEB.pdf 011 TEMA 5 – A POTÊNCIA EÓLICA INSTALADA NO BRASIL Figura 5 – Capacidade instalada no Brasil por fonte Fonte: Aneel, 2017 Segundo dados do Banco de Informações de Geração (BIG) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2017), em agosto de 2017 o Brasil já possuía no total 4.710 empreendimentos em operação, totalizando aproximadamente 162 GW de potência instalada. Além disto, segundo este BIG está prevista para os próximos anos uma adição de 24,1 GW na capacidade de geração do país, proveniente dos 259 empreendimentos atualmente em construção e mais 572 em empreendimentos com construção não iniciada. Tabela 2 – Capacidade instalada por fonte em operação no Brasil Empreendimentos em Operação Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) Potência Fiscalizada (kW) % CGH 615 555.892 558.348 0,36 EOL 460 11.287.239 11.201.343 7,28 PCH 433 4.979.583 4.963.967 3,23 UFV 53 176.248 176.248 0,11 UHE 219 101.169.128 93.858.334 61,01 UTE 2.928 42.481.848 41.085.844 26,71 UTN 2 1.990.000 1.990.000 1,29 Total 4.710 162.639.938 153.834.084 100 Fonte: Aneel, 2017. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(o) 012 Tabela 3 – Capacidade instalada por fonte em construção no Brasil Empreendimentos em Construção CGH 6 9.398 0,08 EOL 149 3.419.500 29,97 PCH 26 359.980 3,16 UFV 38 1.091.400 9,57 UHE 6 1.922.100 16,85 UTE 33 3.256.154 28,54 UTN 1 1.350.000 11,83 Total 259 11.408.532 100 CGH 6 9.398 0,08 Fonte: Aneel, 2017. Tabela 4 – Capacidade instalada por fonte a construir no Brasil Empreendimentos com Construção não iniciada Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) % CGH 37 26.531 0,21 CGU 1 50 0 EOL 148 3.319.950 26,04 PCH 134 1.761.720 13,82 UFV 67 1.711.093 13,42 UHE 8 731.540 5,74 UTE 177 5.200.790 40,79 Total 572 12.751.674 100 Fonte: Aneel, 2017. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) http://www.gwec.net/wp-content/uploads/vip/GWEC_PRstats2016_EN_WEB.pdf javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) http://www.gwec.net/wp-content/uploads/vip/GWEC_PRstats2016_EN_WEB.pdf 013 Tabela 5 – Legenda Fonte: Aneel, 2017. FINALIZANDO Nesta aula foi possível recapitular os principais fatos históricos da evolução da energia eólica. Verificamos os nomes e as potências dos primeiros aerogeradores. Foi possível observar a influência do pós-guerra na evolução das tecnologias e respectiva necessidade na demanda da energia elétrica. Foram abordados os números da produção de energia eólica pelo mundo, indicando a potência nos principais países, conforme dados disponibilizados pelo Conselho Global de Energia Eólica (Global WindEnergy Council). Os dados da matriz energética foram disponibilizados e verificados no site da Aneel. 014 REFERÊNCIAS ANEEL – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Banco de informações de geração. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em: 29 ago. 2017. BUNNEFILLE, R. French contribution to wind power development – by EDF 1958– 1966. In: LJUNGSTRÖN, O. (Ed.) Proceedings, advanced wind energy systems. v. 1. Estocolmo: Swedish Board for Technical Development/Swedish State Power Board, 1974. CAVALARI, G. M. Avaliação de perdas elétricas devido ao ponto de interconexão ao sistema de geração eólica na rede elétrica. 60 f. Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2016. CHESF – CENTRO DE REFERÊNCIA PARA ENERGIA SOLAR E EÓLICA; BRASCEP ENGENHARIA. De cata-ventos a aerogeradores: o uso do vento. Rio de Janeiro, 1987. Série Fontes Energéticas Brasileiras, Inventário/Tecnologia, v. 1. CRESESB – CENTRO DE REFERÊNCIA PARA AS ENERGIAS SOLAR E EÓLICA SÉRGIO DE S. BRITO. História da energia eólica e suas utilizações. Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=com_content&cid=tutorial_eolic a>. Acesso em: 26 dez. 2017. DIVONE, L. V. Evolution of modern wind turbines. In: SPERA, S. A. (Ed.) Wind turbine technology – fundamental concepts of wind turbine engineering. Nova York: ASME Press, 1994. p. 73-138. DUTRA, R. M., 2001. Viabilidade técnico-econômica da energia eólica face ao novo marco regulatório do setor elétrico brasileiro. 300 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento Energético) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. DEWI – DEUTSCHES WINDENERGIE INSTITUT. Environmental Aspects and Acceptance of Wind. Disponível em: <http://www.dewi.de>. Acesso em: 26 dez. 2017. 015 GWEC – GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL. Global wind statistics 2016. Disponível em: <http://www.gwec.net/wp- content/uploads/vip/GWEC_PRstats2016_EN_WEB.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2017. PINTO, M. 2013. Fundamentos de Energia Eólica. São Paulo: LTC, 2013. http://www.gwec.net/wp-content/uploads/vip/GWEC_PRstats2016_EN_WEB.pdf http://www.gwec.net/wp-content/uploads/vip/GWEC_PRstats2016_EN_WEB.pdf http://www.gwec.net/wp-content/uploads/vip/GWEC_PRstats2016_EN_WEB.pdf
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