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da Universidade Federal de Sergipe ter solicitado ao Departamento de Educação da mesma universidade a participação de alunos do curso de Pedagogia em um trabalho recreativo/educacional na recém-inaugurada ala pediátrica do hospital universitário. De acordo com Kohn (2010), 14 Carla Daniela Kohn defendeu em 2010 sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de Sergipe, intitulada “Ludoterapia: uma estratégia da Pedagogia Hospitalar na Ala Pediátrica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe”, sob orientação da Profa. Dra. Eva Maria Siqueira Alves. 71 a proposta objetivava proporcionar uma melhor qualidade de vida àquelas crianças durante o período de internação. Esse aspecto chama a atenção do leitor no trabalho de Konh (2010), por ser diferente dos outros trabalhos, nos quais o pesquisador provoca a intervenção educacional; no caso, é do hospital a iniciativa em solicitar uma parceria de trabalho, valorizando o profissional da área da educação e mostrando o quanto a sua intervenção é necessária para juntos, saúde e educação, proporcionarem ao paciente um tratamento humanizado. Kohn (2010) afirma que para realização da sua pesquisa sentiu a necessidade de conhecer outras realidades e teve a oportunidade de conhecer os trabalhos realizados no Hospital do Câncer em São Paulo, no Hospital da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP e a estrutura da Brinquedoteca “Ayrton Senna”, também em São Paulo; através dessas experiências, pôde constatar a importância de a escola estar inserida no contexto hospitalar para a criança, através das atividades educacionais desenvolvidas, criando elos e fortalecendo a autoestima da criança. De acordo com Kohn (2010), foi possível compreender, então, como a educação pode acontecer de forma não sistemática, porém intencional tanto na escola como dentro de um hospital, destacando a estreita relação existente entre a saúde e a educação, a emoção, a aprendizagem e o desenvolvimento através de atividades pedagógicas lúdicas no tratamento da saúde da criança/adolescente e comprovando os efeitos terapêuticos da ação pedagógica sobre a criança com agravos à saúde (KOHN, 2010, p. 10). Nesse prisma, se pode considerar a educação hospitalar como uma categoria da educação não-formal, mas que acontece de forma intencional, pois tem objetivos claros em suas ações, em busca de uma intervenção lúdico-pedagógica durante o processo de tratamento hospitalar de crianças e adolescentes, almejando resultados que minimizem os traumas da internação. Kohn (2010) apresenta uma abordagem significativa sobre o brincar e a importância do brinquedo para a criança, respaldada nas obras de Kishimoto (1994), Huizinga (1990), Chateau (1987), Lindquist (1993), Vygotsky (1994), Winnicott (1975), Lenzi (1992), Motta e Enumo (2004), dentre outros, e diante do embasamento teórico assim construído, assevera: 72 atualmente, há estudos dedicados à compreensão do instrumento lúdico como potencializador do desenvolvimento. Desde o brinquedo usado nas pré-escolas, em ludotecas, até como elemento clínico, em consultórios e ambulatórios, o brinquedo tem sido amplamente utilizado, abrindo espaços para discussões e estudos que procuram apontar como este instrumento, típico da fase da infância, pode se configurar em um objeto de estudo bastante rico (KOHN, 2010, p. 12). Nessa perspectiva, entendemos que o brincar é uma ação peculiar da infância, em que a criança através da brincadeira manifesta as suas representações de mundo. No hospital, o brincar trará para a criança hospitalizada alívio da dor e do sofrimento, podendo transformar o período difícil em um menos traumático, onde a fantasia ligada à brincadeira poderá modificar a realidade difícil em um momento prazeroso, sendo que trabalhar com a ludicidade pode ser um facilitador no processo ensino-aprendizagem. Para Kohn (2010), oportunizar o brincar e o aprender dentro do hospital é fundamental para a diminuição da tensão e da angústia nas crianças provocadas pelo processo de internação. Mas tais ações de humanização – uma vez que diminuir tensões, angústias, minimizar traumas, são questões pertinentes às propostas de humanização – embora possam ser entendidas como processos de aprendizagem, não são necessariamente de escolarização. Em 2001, na gestão do Ministro da Saúde José Serra, teve início o Programa de Humanização da Assistência Hospitalar - PNHAH. O programa propõe a melhoria da qualidade do atendimento público à saúde e da valorização dos profissionais dessa área. O PNHAH propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços de hoje prestados por estas instituições. É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si e do hospital com a comunidade (BRASIL, 2001, p. 31). O histórico do programa nos mostra que as pesquisas que o antecederam apresentaram um levantamento significativo de queixas de insatisfação quanto ao atendimento dos que necessitavam ser atendidos nos serviços de saúde pública. Um 73 comitê técnico, constituído por profissionais da saúde mental, foi formado para analisar e desenvolver uma proposta de trabalho que melhorasse a qualidade dos serviços. Inicialmente o programa foi implantado em dez hospitais, tidos como pilotos, distribuídos em várias regiões do Brasil, de diferentes realidades socioculturais. O sucesso obtido fez com que o Programa ganhasse força e se expandisse, chegando a atingir a maioria dos hospitais públicos do país, a exemplo do Hospital Regional Amparo de Maria, em Estância (SE). O programa orientava a criação de um Grupo de Trabalho de Humanização Hospitalar – GTHH. Os Grupos de Trabalhos de Humanização Hospitalar definem-se como espaços coletivos organizados, participativos e democráticos, que funcionam à maneira de um órgão colegiado e se destinam a empreender uma política institucional de resgate dos valores humanitários na assistência, em benefício dos usuários e dos profissionais de saúde (BRASIL, 2001, p, 33). O grupo deveria ser constituído por lideranças representativas do coletivo de profissionais, tendo como atribuições difundir os benefícios da assistência humanizada; pesquisar e levantar os pontos críticos do funcionamento da instituição; propor uma agenda de mudanças que possam beneficiar os usuários e os profissionais da saúde; divulgar e fortalecer as iniciativas humanizadoras já existentes; melhorar a comunicação e a integração do hospital com a comunidade de usuários. (BRASIL, 2001, p.16) De acordo com o programa, o objetivo geral do grupo era conduzir um processo permanente de mudanças da cultura de atendimento, promovendo o respeito e a dignidade humana. Para que as ações sejam apoiadas e obtenham êxito, observa-se na proposta do programa o pressuposto da fundamental sensibilização dos dirigentes dos hospitais para a questão da humanização, de que os espaços sejam abertos, que os voluntários e a própria equipe de funcionários sejam acolhidos e respeitados. Para isso, a administração do hospital deve adotar um modelo de gestão que, de acordo com o programa, reflita sobre a lógica do ideário deste processo: cultura organizacional pautada pelo respeito, pela solidariedade, pelo desenvolvimento da autonomia e da cidadania dos agentes envolvidos e dos usuários (BRASIL, 2001, p.12). 74 O documento do PNHAH detalha as etapas do programa, traz orientações minuciosas quanto à organização e formação dos Grupos de Trabalhos Humanizados, anexos com relatórios de avaliação do projeto piloto, modelo do projeto piloto, definição de humanização, orientação