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Maria Beatriz Machado ATENÇÃO BÁSICA II – OFICINA DE VACINAS 5 – CASOS CLÍNICOS PROFILAXIA TÉTANO E RAIVA 1. CASO 1 K.M.F, 12 anos de idade sofreu mordedura de gato em região da mão. Procurou UBS e refere animal ser conhecido. Em relação a vacina de tétano, foi realizado reforço com DTP aos 4 anos de idade. A. Classifique o tipo de acidente e cite as orientações em relação a profilaxia da raiva humana. O ferimento é grave, por ter sido uma mordedura em região da mão, portanto, devemos: Lavar o ferimento com água e sabão Observar o animal durante 10 dias após essa exposição Iniciar esquema profilático com duas doses de vacina, uma no dia 0 e outra no dia 3. Observar o animal durante 10 dias após a exposição e no caso de: A suspeita de raiva ser descartada após o 10º dia de observação, suspender o esquema profilático e encerrar o caso. O animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, completar o esquema até 4 doses, aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dose no 14º dia. Orientar a paciente que ela deve informar a UBS imediatamente caso o animal morra, desapareça ou se torne raivoso (porque nesses casos pode ser que seja necessária a aplicação de soro ou prosseguir com o esquema de vacinação). Se fosse um caso leve e o animal se tornasse raivoso/desaparecesse/morresse, então deveríamos avaliar o uso de soro ou não (mas nos casos leves geralmente não se usa). Nos casos graves, caso o animal se torne raivoso/desapareça/morra, devemos sempre administrar o soro (caso esteja dentro do prazo que pode ser administrado – Até 7 dias da 1ª dose da vacina). EX extra: Se fosse um paciente que sofreu uma mordedura de boi na mão, o que deveríamos fazer? Nesse caso temos um ferimento grave (por ser em mão), e como é um animal de interesse econômico (que não é passível de observação), devemos fazer o esquema profilático com a vacina no dia 0, 3, 7 e 14, e também fazer o soro antirrábico. EX extra: Se fosse um paciente que sofreu uma mordedura de boi no braço, o que deveríamos fazer? Nesse caso temos um ferimento leve (por ser no braço), e como é um animal de interesse econômico (que não é passível de observação), devemos somente fazer o esquema profilático com a vacina no dia 0, 3, 7 e 14. B. Classifique o tipo de ferimento e cite as orientações em relação a profilaxia do tétano acidental. O ferimento é de alto risco para tétano por ser uma mordedura, portanto devemos: Orientar desinfecção do ferimento, e lavar com soro fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas e remover corpos estranhos e tecidos desvitalizados, e também desbridamento do ferimento e lavagem com água oxigenada. Ainda, como a criança foi vacinada com 3 doses da vacina antitetânica e mais um reforço com DTP, mas a última dose foi há 8 anos, é preciso aplicar um reforço da vacina dT (porque a criança tem mais de 7 anos, então não pode ser feita a DTP), e não há necessidade de aplicação da imunoglobulina por não ser um caso especial. OBS: Caso fosse uma criança com leucemia, por exemplo, deveríamos aplicar a vacina e mais a imunoglobulina por ser um caso especial. Maria Beatriz Machado 2. CASO 2 M.V.C, 12 meses de vida, peso atual 12 Kg. Vem para consulta pediátrica de puericultura na UBS, apresenta episódios recorrentes de sibilância e está em uso de prednisolona (3mg/ml) – 8ml 1 vez ao dia, há 20 dias. Traz carteira de vacina atualizada até 9° mês. A. Realize o atendimento Essa criança está utilizando uma dose imunossupressora de corticoide (está utilizando 24mg/dia há 20 dias), portanto temos a contraindicação para aplicação de vacinas atenuadas. Aos 12 meses ela deveria receber a dose única da vacina tríplice viral, e reforço das vacinas pneumocócica 10 valente e meningocócica C, porém, como a vacina tríplice viral é feita de agentes atenuados, está contraindicado administrá-la. Nesse caso, portanto, a criança receberá na consulta somente os reforços das vacinas pneumocócica 10 valente e meningocócica C. Devemos orientar que essa criança retorne ao parar de utilizar o corticoide em dose imunossupressora para que possa receber a vacina tríplice viral. OBS: Mesmo o paciente sendo imunodeprimido, podemos fazer as vacinas de agentes inativados, e caso ele fique tendo infecções de repetição, podemos requerer a revacinação (dessas mesmas vacinas) desse paciente quando sua imunidade tiver melhorado. OBS: Aqui poderíamos ter iniciado a primovacinação da influenza caso fosse período de sazonalidade. Então aplicaríamos a 1ª dose, e orientaríamos o retorno em 30 dias para que a criança recebesse a 2ª dose (mas eu escolhi iniciar a primovacinação da influenza apenas na próxima consulta – explicarei adiante o motivo). B. Vem para consulta pediátrica de puericultura na UBS, com 17 meses, apresenta episódios recorrentes de sibilância e está em uso de corticoide inalatório. Traz carteira de vacina. Realize o atendimento. Como não foi citado, essa criança não recebeu a vacina tríplice viral, e nem as vacinas que deveriam ter sido administradas com 15 meses. Além disso, essa criança não está mais utilizando corticoide por via oral, está utilizando somente corticoide inalatório, e ele não causa imunossupressão, portanto ela pode receber vacinas de agentes atenuados. Portanto, devemos aplicar: Dose única da vacina tríplice viral. Dose única da vacina de hepatite A 1º reforço da VOP 1º reforço da DTP 1ª dose da vacina de influenza Como essa criança tem 17 meses e tem sintomas respiratórios (muito provavelmente asma devido a sibilância persistente), podemos realizar a vacina da influenza fora do período de sazonalidade. E como é uma criança ainda dentro da faixa etária para primovacinação e que nunca tomou uma dose de vacina de influenza, a primovacinação deve ser feita, ou seja, daremos a 1ª dose nessa consulta, e devemos orientar o retorno em 30 dias para receber a 2ª dose. Coloquei a primovacinação aqui porque queria explicar sobre a primovacinação fora da sazonalidade nesses casos especiais (como no paciente asmático). Devemos ainda orientar o retorno em 90 dias para que seja administrada a vacina tetra viral. C. Vem para consulta pediátrica de puericultura na UBS, com 4 anos, apresenta episódios recorrentes de sibilância e está em uso de corticoide inalatório. Traz carteira de vacina. Realize o atendimento. Como não foi citado, essa criança não tomou a vacina tetra viral. Maria Beatriz Machado Portanto, agora com 4 anos devemos aplicar: Dose única da vacina tetra viral 2º reforço da VOP 2º reforço da DTP Reforço da vacina de febre amarela Orientar retorno em 30 dias para receber a vacina de varicela isolada. Ela não deve receber agora essa vacina porque devemos dar preferência para seguir a ordem do calendário e aplicar o que estava atrasado, ou seja, nesse caso a vacina tetra viral (que já contém 1ª dose da vacina de varicela), e por isso depois daremos a vacina isolada que vai corresponder ao reforço/2ª dose), D. Vem para consulta pediátrica de puericultura na UBS, com 6 anos, apresenta episódios recorrentes de sibilância e está em uso de corticoide inalatório. Traz carteira de vacina. Realize o atendimento. Como não foi citado, essa criança não recebeu a vacina de varicela isolada. Portanto, agora com 6 anos, devemos aplicar a dose única da vacina de varicela isolada (porque ela ainda está dentro do limite de faixa etária para receber essa vacina – 6 anos, 11 meses e 29 dias). E. Procura pronto atendimento com 10 anos de idade, sexo masculino, após sofrer mordedura de cão nas mãos e face, cão da família, aparentemente saudável e observável (família mora em região endêmica para raiva). Traz carteira de vacina. Realize o atendimento. Devido a mordedura de animal, precisamos considerar dois tipos de profilaxia:De tétano acidental, e de raiva. Quanto a profilaxia de tétano: Por ser uma mordedura, é um ferimento com alto risco para tétano, portanto, devemos realizar os seguintes passos: Orientar desinfecção do ferimento, e lavar com soro fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas e remover corpos estranhos e tecidos desvitalizados, e também desbridamento do ferimento e lavagem com água oxigenada. Ainda, como a criança foi vacinada com 3 doses da vacina antitetânica e mais um reforço com DTP, mas a última dose foi há 6 anos, é preciso aplicar um reforço da vacina dT (devido a idade – como no caso 1), e não há necessidade de aplicação da imunoglobulina por não ser um caso especial. Quanto a profilaxia da raiva: O ferimento é grave por ter sido uma mordedura em região da mão, e como foi com animal conhecido (aparentemente saudável), devemos: Lavar o ferimento com água e sabão Observar o animal durante 10 dias após essa exposição Iniciar esquema profilático com duas doses de vacina, uma no dia 0 e outra no dia 3. Observar o animal durante 10 dias após a exposição e no caso de: A suspeita de raiva ser descartada após o 10º dia de observação, suspender o esquema profilático e encerrar o caso. O animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, completar o esquema até 4 doses, aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dose no 14º dia. Orientar a paciente que ela deve informar a UBS imediatamente caso o animal morra, desapareça ou se torne raivoso (porque nesses casos pode ser que seja necessária a aplicação de soro ou prosseguir com o esquema de vacinação). Devemos ainda orientar o retorno da criança quando ela estiver com 11 anos de idade para receber dose única da vacina meningocócica ACWY. Maria Beatriz Machado F. Retorna com 14 anos de idade. Traz carteira de vacina. Realize o atendimento. Como não foi citado, não recebeu a vacina meningocócica ACWY entre 11 e 12 anos de idade, porém ela não pode mais receber devido ao limite de faixa etária para administração. Com 14 anos deve receber: 1ª dose da vacina de HPV Não faremos o reforço da vacina dT nesse momento porque o paciente recebeu a última dose da vacina dT aos 10 anos devido a mordedura. Mesmo que a dose da dT tenha sido dada para fazer profilaxia contra tétano acidental, ela é considerada como um reforço, então só deve ser feita depois de 10 anos. Nesse caso, o paciente só vai receber nova dose da dT com 20 anos de idade (ou antes caso precise fazer profilaxia contra tétano acidental novamente – dependendo do tipo de ferimento e do tempo passado da última dose que recebeu). Orientar retorno em 6 meses para que o paciente receba a 2ª dose da vacina de HPV. OBS: Caso fosse um paciente caso especial (como um imunodeprimido, por exemplo) com idade entre 9 e 26 anos e independente do sexo, ele deveria receber 3 doses da vacina de HPV com intervalo de 0, 2 e 6. Então receberia a 1ª dose, depois de 2 meses a 2ª dose e depois de 4 meses a 3ª dose (para dar intervalo de 6 meses entre a 1ª e a 3ª dose). EX extra: Paciente com 14 anos que fez espirometria e foi classificado com asma grave não controlada. Qual vacina extra esse paciente deve receber? Por ser um paciente com asma GRAVE e não controlada, ele tem direito a receber a vacina pneumocócica 23. Caso fosse asma leve/moderada, ele não teria. OBS: Sobre a vacina pneumocócica 23: Lembrar que: É orientado que para fazer a pneumocócica 23, o paciente deve ter o esquema completo da vacina pneumocócica 10 valente A 1ª dose da vacina pneumocócica 23 valente deve ser administrada com intervalo de pelo menos 6 meses após completar o esquema da vacina pneumocócica 10 valente. A vacina pneumo23 só pode ser administrada a partir dos 2 anos de idade. O paciente recebe a 1ª dose, e após 5 anos deve receber um reforço. A vacina pneumocócica 23 valente deve ser aplicada em pacientes que vão realizar Esplenectomia (preferencialmente 15 dias antes de realizar a cirurgia) EX extra: Gestante de 16 semanas com 2 doses da vacina dT, e 2 doses da vacina de hepatite B. O que devemos fazer? Devemos aplicar a 3ª dose da vacina de hepatite B (ela pode receber por ser uma vacina de agente atenuado) Observar se tem mais de 4 meses que ela recebeu a 2ª dose da vacina de hepatite B (O intervalo mínimo da 2ª para a 3ª dose é de 4 meses). Caso ela tivesse recebido a 2ª dose há 1 mês, deveríamos orientar que ela retornasse em 3 meses para receber a 3ª dose. Devemos orientar retorno a partir de 20 semanas de gestação para que receba a dTp acelular
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