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Artigo Popularizando a Palinologia

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Revista Científica do UniRios 2020.1 | 369 
POPULARIZANDO A PALINOLOGIA: Arte e ciência com papel machê 
 
Beatriz Siqueira de Sousa 
Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, 
Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII (beatrizssiqueira@outlook.com) 
 
Sara Augusta Araújo 
Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, 
Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII (sasaaugusta@gmail.com). 
 Rita de Cássia Matos dos Santos Araújo, Professora do Curso 
de Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII, Mestre em Botânica 
(rcmaraujo.uneb@gmail.com). 
 
 
RESUMO 
 
A Palinologia é um ramo da Botânica que trata do estudo das características 
morfológicas externas de grãos de pólen e esporos (fósseis e atuais) e, também, 
da sua dispersão e aplicações. Objetiva-se apresentar reflexões sobre o uso da 
arte do papel machê na sala de aula, desafios e possibilidades para o enfoque 
no ensino da Palinologia, um enfoque que produza conhecimento, 
sustentabilidade e encantamento. A disciplina Introdução a Palinologia é 
ofertada no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade do 
Estado da Bahia, Campus VIII e, portanto, com a função de aproximar e 
encantar o futuro professor de Ciências Biológicas ao ensino da Botânica, 
especialmente da morfologia polínica e suas peculiaridades microscópicas. 
Didaticamente a disciplina é dividida em quatro momentos: aula teórica; área 
verde; laboratório de Palinologia e, sala de artes. Após aula teórica, pesquisa, 
coleta de plantas com flores, tratamento acetolítico dos grãos de pólen, 
montagem e análise das lâminas, os alunos confeccionam modelos polínicos 
com massa de papel machê, montam estruturas similares aos grãos de pólen, 
evidenciando caracteres estruturais peculiares. A Palinologia aproximou-se 
mais dos discentes e, ao contrário das ausências e desmotivação surgia uma 
satisfação e vontade de aprender. 
 
Palavras chave: Palinologia. Grãos de pólen. Modelos didáticos. Papel machê. 
Formação de professores. 
 
ABSTRACT 
 
Palynology is a Botanical field that studies the external morphological 
characteristics of pollen seeds and spores (fossils and current) and, also, its 
dispersion and usages. This paper aims to present reflections about the use of 
paper Mache in classrooms, the challenges and possibilities for approaching it 
when teaching Palynology in order to produce knowledge, sustainability and 
enchantment. The subject Introduction to Palynology is taught during the 
degree in Biological Sciences of the Bahia State University, campus VIII. The 
objective is to enchant and bring the future teacher of biological sciences closer 
to the teaching of botanic, especially in what concerns pollen morphology and 
its microscopic particularities. Didactically, the subject is divided in four parts: 
theoretical classes, green area, laboratory and acetolytic treatment of pollen
mailto:beatrizssiqueira@outlook.com
mailto:rcmaraujo.uneb@gmail.com
POPULARIZANDO A PALINOLOGIA: ARTE E CIÊNCIA COM PAPEL MACHÊ 
 
Beatriz Siqueira de Sousa | Sara Augusta Araújo 
Revista Científica do UniRios 2020.1 | 370 
seeds to build and analyze the sample slides. The students confection pollen 
models using paper Mache dough and build structures similar to the pollen 
seeds, evidencing peculiar structural features. Palynology closer closer to the 
students and, instead of absences and demotivation, it caused satisfaction and 
desire to learn. 
 
Keywords: Palynology. Pollen seeds. Didactic models. Paper mache. Teacher 
training. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Palinologia é a ciência que estuda grãos de pólen, esporos de pteridófitos e, menos 
comumente, outros palinomorfos atuais e fósseis tais como esporos de briófitas e cistos de 
dinoflagelados. É uma ciência multidisciplinar e é um ramo tanto da geologia como da 
biologia, particularmente da botânica (Esteves, 2005). O ensino da Palinologia apresenta 
peculiaridades que justificam um olhar mais cuidadoso e específico para suas questões, o que 
requer certa capacidade de abstração, por se tratar do estudo de estruturas microscópicas que 
revelam riquezas de detalhes com variedades de tamanhos, formas, aberturas e outros 
caracteres importantes para o diagnóstico polínico. 
 
Grãos de pólen ou gametófitos masculinos imaturos representam, na antera, a geração 
gametofítica (Coccuci & Manath, 1995) cuja importância na taxonomia das angiospermas tem 
sido reconhecida (Dettke & Santos, 2011) devido aos seus inúmeros caracteres 
morfopolínicos no auxílio da identificação e classificação botânica, bem como nos estudos 
melissopalinológicos (grãos de pólens presentes nos méis), paleopalinológico (grãos de pólen 
fósseis presentes nos sedimentos) entre outros. 
 
O desafio é encontrar ferramentas que facilitem a compreensão dos conteúdos específicos da 
referida disciplina. Diante as dificuldades dos discentes nas análises microscópicas dos grãos 
de pólen e, visando auxiliar na sua aprendizagem buscou-se aproximar a teoria da prática, 
trazendo para as aulas além dos recursos didáticos convencionais, outros recursos, como por 
exemplo, os modelos didáticos oriundos da técnica em papel machê. 
 
Recursos de apoio didáticos e alternativos proporcionam melhorias no processo de ensino-
aprendizagem, de forma a facilitar, principalmente quando estes são utilizados para trabalhar 
conteúdos de difícil assimilação (Castoldi e Polinarski, 2006). É a busca da arte como 
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estratégia pedagógica na educação cientifica. A arte amplia o repertório conceitual e cultural 
dos estudantes, e minimiza, de acordo Kinoshita et al. (2006) os métodos tradicionais que 
priorizam reprodução e memorização de nomes e conceitos em detrimento do 
questionamento, sendo também muito teórico e desestimulante para o estudante. 
 
Para Rocque et al. (2007) a arte precisa ser melhor compreendida e valorizada na educação, 
em todos os níveis de ensino, desde o ensino fundamental até o ensino de pós-graduação, para 
a formação de docentes e cientistas com cunho holístico. Salienta Figueira-Oliveira et al. 
(2009) “[...] a proposta é auxiliar a construção de conhecimentos, fomentando a criatividade e 
trazendo mais êxitos nos processos de ensino”. 
 
O desafio é sensibilizar professores e alunos a mudança de hábitos com relação ao uso e 
desperdício do papel, tornando-o um excelente recurso de aprendizagem no ambiente escolar. 
Segundo Schmitz (2015) é possível começar a ter um olhar mais atento a este material 
milenar, que artistas daqui e mundo afora utilizam como forma de expressão. 
 
 Neste contexto, a arte advinda da técnica do papel machê será a ferramenta na busca da 
aprendizagem na qual o educando irá manipular, experimentar além de diverte-se e socializa-
se. Etimologicamente, Papel Machê vem do francês papier maché, que significa “papel 
mastigado”. (schmitz, 2015). 
 
Na produção do papel machê é possível combinar a reutilização de papel, que seria 
descartado, indiscriminadamente, com a utilização de alguns outros materiais novos, na 
produção de uma coleção didática sustentável. Assim, reduzem-se os custos com a matéria 
prima e sensibiliza a comunidade acadêmica à problemática ambiental, bem como muda 
comportamentos que serão multiplicados, já que a proposta ocorre em um curso de Formação 
de Professores. 
 
Contudo, percebe-se que no processo de ensino-aprendizagem os problemas de motivação e 
aprendizagem das disciplinas ligadas à Botânica têm raízes no seu ensino. Para Silva (2013) 
essas disciplinas são muito focadas em conteúdos conceituais e desenvolvidas por meio de 
métodos tradicionais de ensino, embora experiências inovadoras eventualmente aconteçam. 
De acordo Balas & Momsen(2014) os vegetais geralmente são negligenciados nos materiais 
didáticos, que trazem mais exemplos relacionados à zoologia, por considerar os animais mais 
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atrativos para os estudantes. Ursi et al. (2018) argumentam que nesse cenário, é importante 
promovermos um movimento de resistência e valorização das plantas e de seu ensino. 
 
Assim, este artigo tem como objetivo favorecer tal abordagem, apresentando reflexões sobre o 
uso da arte do papel machê na sala de aula, desafios e possibilidades para o enfoque do ensino 
da Palinologia em um curso de Formação de Professores de Ciências Biológicas, que produza 
conhecimento, sustentabilidade e encantamento, para além do enfoque meramente 
memorístico. 
 
2 METODOLOGIA 
 
Na busca de ferramentas para o ensino/aprendizagem da Palinologia, em um curso de 
Formação de Professores, a técnica do papel machê surge como suporte, bastante favorável, 
ao entendimento e interpretação das estruturas microscópicas dos grãos de pólen, até então, 
estudados e analisados pelos recursos convencionais à disciplina (artigos, livros, catálogos, 
laminário de Palinotecas e fotomicrografias). 
 
Com carga horária total de 45horas semestral a disciplina denominada Introdução a 
Palinologia na Universidade do Estado da Bahia, Campus de Paulo Afonso é dividida, 
didaticamente, em quatro momentos: sala com aula teórica; área verde; laboratório de 
Palinilogia e, por último, sala de artes. 
 
Inicialmente, os recursos convencionais são utilizados para o entendimento dos conteúdos 
específicos, estimulando e possibilitando aos alunos o reconhecimento do objeto de estudo. 
Após a fase de apresentação e familiarização do conteúdo e da nomenclatura específica é 
realizada uma visita na área do campus para coleta e observação de plantas com flores e 
interações. Os alunos escolhem as plantas floridas que mais se identificam, coletam e, 
posteriormente fazem pesquisas sobre essas espécies. As partes coletadas são colocadas em 
recipientes de papel, devidamente etiquetados, para secagem e desidratação do material. 
 
No laboratório, de posse do material coletado e desidratado, as anteras são retiradas do botão 
floral sendo processadas pelo método de acetólise (Erdtman, 1960). O conteúdo obtido é 
colocado entre lâmina e lamínula contendo gelatina glicerinada e , corado quando necessário 
com safranina, sendo analisado em microscopia óptica, fotomicrografado e identificado com 
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auxílio de catálogos, especialistas ou da literatura da área, após estas etapas serão depositados 
na Palinoteca. 
 
Na sala de artes, os papeis previamente armazenados para reciclagem, oriundos do dia-a-dia 
da instituição, são transformados em massa de papel machê, matéria prima na confecção da 
coleção didática dos respectivos grãos de pólen. Na preparação da massa, adiciona-se, 
aproximadamente 2k de papel (geralmente ofício), em um balde com 10L de água durante 
cinco dias antes do processo. Cada tipo de papel terá uma duração, o papel ofício por conter 
fibras mais resistentes necessita mais dias embebido em água. Deve-se adicionar uma colher 
de água sanitária para evitar fungo no material (uma colher de sopa para cinco litros de água). 
 
Após cinco dias o papel será triturado com água em liquidificador, coado e espremido até ser 
transformado em uma massa homogênea. A esta massa adiciona-se cola branca ou uma cola 
feita com amido de milho (tipo um mingau engrossado ao fogo moderado), o que torna a 
atividade com custos bastantes reduzido. A massa (papel triturado e cola) deve ser bastante 
homogeneizada. 
 
Cada aluno confeccionará seus tipos polínicos, inclusive o modelo tipo, das espécies 
previamente coletadas. Com auxílio de catálogos morfopolínicos iniciarão a montagem dos 
grãos de pólen, nesse momento, identificarão estruturas, conceitos, nomenclaturas, 
características polínicas peculiares e etc. Ao final, o material será colocando diretamente ao 
sol para secagem total, esse processo levará em média cerca de três a cinco dias, quando 
então, serão pintados (com sobras de tintas) e, quando secos depositados em uma caixa 
Palino-lógica, confeccionada pela turma e socializada em Seminário, sendo depositada no 
Laboratório de Palinologia formando uma coleção didática de estruturas microscópicas, para 
posteriores consultas e divulgação em Escolas Básicas da Região, popularizando a temática e 
a arte do papel machê. 
 
3 RESULTADOS 
 
Após aula teórica, para apresentação da disciplina e da temática, ocorre a coleta do material 
botânico que é realizada na área do Campus durante excursão. Esse momento é reservado para 
que os alunos observem e toquem nas plantas, especialmente as flores, percebam os aromas, 
observem polinizadores e troquem informações. No laboratório de Palinologia ocorrerá o 
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tratamento acetolítico para limpeza do conteúdo polínico, facilitando a visualização 
microscópica de suas estruturas, o material é colocado entre lâmina e lamínula, identificado, 
descrito, fotomicromicrografado e, ao final do estudo, depositado na Palinoteca do 
Laboratório (Fig. 1-7). 
 
Figura de 1 - 7. Popularização da Palinologia. 1 - 2. Lantana camera L. 1. Inflrorescência; 2. 
Grão de pólen abertura tipo cólporo (ectoabertura e uma endoabertura), vista equatorial 
(acetolizado, corado artificialmente); 3 - 4. Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud; 
3. Flores, 4. Grão de pólen, com 15 aberturas – zonocolpado, vista polar, ornamentação 
equinada (micro espinhos) (acetolizado, corado artificialmente); 5. Material polínico entre 
lâmina e lamínula. 6. Caixa contendo as lâminas do material polínico. 7. Laminário de 
referência incluso na Palinoteca. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaboração própria dos autores 
 
 
Já familiarizados com os grãos de pólen, os alunos seguem para sala de artes onde iniciarão a 
confecção dos modelos didáticos com a técnica do papel machê, finalizando com a coleção 
palinológica. 
 
A coleção didática com os modelos propostos é ampliada a cada nova turma matriculada na 
disciplina, inclui-se os modelos tridimensionais de grãos de pólen com suas estruturas 
peculiares, potencializando o processo de ensino/aprendizagem do estudo morfopolínico. 
Além de trabalhar a autonomia, criatividade e, ao mesmo tempo, inserir conceitos e 
consciência ambiental. Amostras dos modelos polínicos confeccionados estão ilustradas nas 
figuras de 8-17. 
 
São confeccionados pelas discentes variedades de modelos didáticos de grãos de pólen com a 
massa de papel produzida. Além do reuso do papel ofício, outros tipos de papeis, trazidos 
pelos alunos, também são reutilizados. Os resultados revelam massas com diferentes tons de 
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cores, oriundos dos pigmentos utilizados industrialmente na coloração dos papéis ou 
embalagens (Fig. 11-14). 
 
Figura 8 - 17. Popularização da Palinologia - coleção didática: modelos polínicos oriundos da 
arte do papel machê. 8. Materiais utilizados na modelagem; 9 – 10. Sala de artes: discentes 
confeccionando os modelos polínicos; 11 – 14. Modelos polínicos protos para secagem; 15-
16. Modelos polínicos pintados, protos para serem inseridos na caixa Palino-lógica. 17. Caixa 
Palino-lógica contendo os modelos didáticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaboração própria dos autores 
 
Evidencia-se namodelagem didática dos tipos polínicos: número e tipo aperturais, detalhes da 
ornamentação da exina, forma, tamanho, unidade de dispersão, polaridade e simetria (Fig, 12-
16). Os alunos usam a criatividade reutilizando materiais variados (sucatas) para 
representação dos detalhes minuciosos e microscópicos da ornamentação polínica (Fig. 15) e 
assim, são capazes de nomear e identificar esses caráteres bastante peculiares em diferentes 
táxons, visualizados na microscopia, com grande dificuldade pelos discentes. 
 
Todo o trabalho é desenvolvido em grupo, o que favorece a troca de experiências e 
informações, bem como a imaginação, a criatividade e o raciocínio reflexivo. Neste contexto, 
o papel machê proporciona uma atividade lúdica com meios de aprendizagens e habilidades. 
Ao tentar retratar as formas dos grãos de pólen na massa do papel machê, por eles 
confeccionada, percebe-se o domínio quase que espontâneo da nomenclatura das estruturas 
polínicas ali estabelecidas, bem como as interações entre a função biológica, ecológica, 
ambiental e social no estudo dos grãos de pólen. Nesse momento, há interação entre os 
conceitos apreendidos e a prática. 
9 
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4 DISCUSSÃO 
 
A disciplina Palinologia é ofertada em um curso de Licenciatura, portanto com a função de 
aproximar e encantar o futuro professor de Ciências Biológicas ao ensino da Botânica, 
especialmente da morfologia polínica e suas peculiaridades microscópicas. Para Shulman 
(1986) faz-se necessário estimular e desenvolver o Conhecimento Pedagógico do Conteúdo, 
representando a união entre conhecimentos referentes aos conteúdos específicos (como a 
botânica) e os pedagógicos. 
 
Segundo Silva et al. (2006) pouca atenção é dada, pelos docentes, para a formação dos futuros 
professores de Biologia e Ciências, já que a ênfase recai na formação dos bacharéis. Por outro 
lado, salienta Ursi et al. (2018), corre-se o risco dos futuros professores aprenderem sobre 
aspectos didáticos, porém de forma desarticulada com o conteúdo conceitual a ser ministrado. 
 
Assim, a coleção aqui desenvolvida é um recurso de apoio didático e alternativo no processo 
de ensino-aprendizagem, de forma, segundo Castoldi & PolinarskI (2006), a facilitar, 
principalmente, quando estes são utilizados para trabalhar conteúdos de difícil assimilação. 
Como relatado neste estudo para as análises e interpretações microscópicas dos grãos de 
pólen. 
 
O envolvimento de futuros Professores na confecção de uma coleção didática e, em especial, 
com a reutilização de material altamente reciclável como o papel e, sua interação com a arte, 
abre caminho para uma didática mais alternativa e mais contextualizada, possibilitando a 
coautoria dos alunos na produção do conhecimento. E, como afirmam Rocque et al. (2007), 
possibilitam também, melhoria das aulas, gerando interesses e habilidades compartilhados e 
compreendidos, facilmente observável ao professor que, em curto espaço de tempo consegue 
perceber as distorções conceituais, promovendo autocorreção e reflexão do tema trabalhado. 
 
Apoiado em material planejado por outros e produzido industrialmente, o professor abre mão 
de sua autonomia e liberdade, tornando-se simplesmente um técnico (Krasilchik, 2008). Neste 
trabalho buscou-se estimular a autonomia dos futuros professores de Ciências Biológicas 
unindo arte e a ciência, utilizando a arte e a criatividade como facilitadores da 
interdisciplinaridade, a fim de criar meios para potencializar o processo de ensino 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142018000300007#B29
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142018000300007#B29
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aprendizagem no estudo da Palinologia. Para Rocque et al. (2007) tanto o saber científico 
quanto o saber artístico dependem da criatividade e da curiosidade, pois ambos geram 
interpretações da realidade e auxiliam no desenvolvimento humano. Segundo Figueira-
Oliveira et al. (2009), a crise no ensino é acompanhada de uma crise de criatividade. 
 
Na literatura analisada poucos trabalhos de cunho artístico são relatados na Graduação, 
especialmente nos Cursos de Licenciatura. De acordo Vergnano (2006) A tradição cultural e 
político-educacional do Brasil aponta para uma tendência a considerar o campo das artes 
voltado apenas para o lazer e o prazer, enquanto o das ciências tem sido relacionado à 
produtividade e à academia. 
 
Neste contexto, este estudo busca um diálogo entre Ciência e Arte no ensino das Ciências 
Biológicas o que permita, segundo Figueira-Oliveira (2009), uma modificação na didática das 
ciências e traga benefícios à relação entre educadores e educandos. 
 
Ao vivenciarem a técnica e a manipulação do papel machê os discentes, que por ventura 
assumirem salas de aula, terão condições de multiplicarem essas atividades com seus alunos, 
ampliando significativamente as coleções didáticas das escolas, muitas vezes inacessível ou 
inexistente, com um material que certamente seria descartado, promovendo uma ação 
conjunta de aprendizagem e sustentabilidade em uma dimensão reflexiva. Segundo Argan 
(1992) Fazer arte é muito mais do que executar uma tarefa, pois requer uma fenomenologia da 
forma, uma percepção conformadora e formadora, que expande a percepção do mundo e 
produz uma reflexividade que pressupõe diferentes possibilidades de sentidos. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Percebe-se a aproximação dos discentes à Palinologia e, ao contrário das ausências e 
desmotivação surgem satisfação e uma vontade de aprender a fazer e, fazer diferente. Os dias 
que se seguem na sala de artes superam os dias do laboratório, até então, considerado bastante 
motivador pelos alunos. Contudo, as aulas iniciais dão suporte teórico para as atividades 
posteriores, especialmente para construção da coleção com os modelos didáticos. 
 
Assim, os discentes idealizam e constroem o modelo didático como forma de expressar o que 
compreende sobre o assunto discutido, e assim construir conhecimentos. A coleção didática 
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evidenciando a réplica aumentada de estruturas microscópicas como os grãos de pólen 
permitem o manuseio tridimensional, o contato e a observação de estruturas similares 
facilitando a compreensão do objeto de estudo e o domínio de competências facilmente 
perceptível pelo professor. 
 
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