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por cinco auditores-fiscais da Receita Federal. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 38 As Praticas Reiteradamente Observadas pelas Autoridades Administrativas: O principio da legalidade é muito rígido em direito tributário. Uma das conseqüências dessa rigidez é a interpretação extremamente restritiva que se deve dar ao art. 100, III. Ao falar em “praticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas”, o legislador abriu espaço, é verdade, para a utilização dos usos e costumes como normas complementares em matéria tributaria. Todavia, os usos e costumes aqui admitidos são aqueles meramente interpretativos, jamais podendo inovar em matérias sujeitas a reserva de lei ou, ainda com mais razão, derrogar disposições legais. Vigência, aplicação e integração Vigência: CTN - Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do art. 116. - Aplicação Prospectiva: Significa que a legislação nova não alcança os fatos já concluídos antes do inicio da sua vigência. - Aplicação Imediata: Significa que a legislação nova alcança os fatos pendentes, ou seja, aqueles que já tiveram início, mas ainda não estão concluídos. Vigência Espacial: A regra fundamental aqui é a territorialidade. “Art. 102. A legislação tributaria dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no Pais, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União”. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 39 CTN - Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados11 II - tratando-se de ato não definitivamente julgado12: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CTN - Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará, sucessivamente, na ordem indicada: I. a analogia; II. os princípios gerais de Direito Tributário; III. os princípios gerais de direito público; IV. a eqüidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. 11 STF: admite a existência de leis interpretativas, desde que voltadas a esclarecer preceitos da legislação, não havendo vulneração ao princípio da separação funcional do poder (Vide ADI MC 605/DF, Rel. Min. Celso de Mello, pleno, DJU 05/03/1993) - Ricardo Lobo Torres: “A lei interpretativa retroage (art. 106, I, CTN), pois tem eficácia meramente declaratória. Não cria direito novo nem tributo, senão que apenas fixa o sentido da norma tributária preexistente. (TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 12 ed, Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 117). 12Tem-se entendido, para fins de interpretação dessa condição, que só se considera como encerrada a Execução Fiscal após a arrematação, adjudicação e remição, sendo irrelevante a existência ou não de Embargos à Execução, procedentes ou não. (STJ – Resp. 200.781/RS – julg. 12/06/2001) Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 40 § 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Princípios gerais do direito privado Utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários (Art. 109 CTN). Ao mesmo tempo em que a lei tributária não pode alternar a definição e o conteúdo jurídico do direito privado, conforme art. 110 CTN: CTN - Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. CTN - Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Interpretação É a busca do significado de uma norma. Quando se escreve CASA, o cabe ao intérprete desvendar se a casa será no sentido tradicional, feito de material sobre o solo, ou um barco que serve de casa, ou até mesmo um trailer. I - Interpretação quanto à fonte (ou quanto ao agente que a realiza): a) Pública. b) Privada. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 41 II - Interpretação quanto à natureza (ou meios adequados à sua exegese): a) gramatical; b) histórica; c) teleológica; d) lógico-sistemática. III - Quanto à extensão (ou resultados da exegese): • declarativa: o enunciado da interpretação coincide com o da lei. Não há necessidade de estender o pensamento da lei a casos não previstos ou restringi-los mediante a exclusão de casos inadmissíveis; • extensiva: o intérprete da norma conclui que o alcance da norma é mais amplo do que indicam os seus termos; • restritiva: quando o legislador escreveu mais do que realmente pretendia, utilizando expressões mais amplas que o seu pensamento. Meios de Interpretação: • Gramatical: é investigado antes de tudo o significado gramatical das palavras usadas no texto legal em exame; • Histórica: o sentido da norma é buscado com o exame da situação a que a mesma se refere através dos tempos; investiga-se o direito anterior; • Sistemático: é procurado o sentido da regra jurídica, verificando a posição em que a mesma se encarta no diploma legal e as relações desta com as demais regras no mesmo contidas; • Teleológico: é emprestado maior relevância al elemento finalístico, busca o sentido da regra jurídica, tendo em vista o fim para o qual foi ela elaborada. Pode ser ainda: autêntica, doutrinária, jurisprudencial, lógica, de direito comparado, extensiva e restritiva. Direito Tributário | Helton Kramer focusconcuros.com.br 42 ***Deverá haver interpretação literal (art. 111 CTN): d) suspensão ou exclusão do crédito tributário; e) outorga de isenção; f) dispensa do cumprimento de obrigações tributarias acessórias. ***Interpretação benigna – “pro contribuinte”: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Domicílio tributário REGRA: ELEIÇÃO DO DOMICÍLIO: Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território