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Direito Tributário | Helton Kramer 
focusconcuros.com.br 1 
 
1 – CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO: 
é a ciência que estuda os princípios e normas que disciplinam a ação 
estatal de exigir tributos, preocupando-se com as relações jurídicas que, 
em decorrência da tributação, se estabelecem entre o fisco e os 
contribuintes. 
Em linhas gerais, o direito tributário é ciência que estuda os princípios e 
normas que disciplinam a ação estatal de exigir tributos, preocupando-se 
com as relações jurídicas que, em decorrência da tributação, se 
estabelecem entre o fisco e os contribuintes. 
O objetivo das normas, por sua vez, é reduzir os abusos praticados pelo 
Estado e eliminar qualquer sorte de privilégios infundados. Em outras 
palavras, o Direito Tributário tem por finalidade alcançar o equilíbrio entre 
partes que claramente não possuem a mesma grandeza. Nas palavras de 
Sacha Calmon Navarro Coelho, “o direito tributário regula e restringe o 
Poder do Estado de exigir tributos e regula os direitos e deveres dos 
contribuintes, isonomicamente. Seu objeto é a relação jurídica travada entre 
o Estado e o contribuinte.” 
 
2 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
Ao mesmo tempo em que a Constituição criou os direitos individuais, ela 
também sistematizou a forma do Poder de Tributar (aptidão de criar 
tributos), delimitando-o no intuito de assegurar os direitos dos 
contribuintes. 
Pode-se entender que o sistema tributário possui três níveis distintos de 
normas, são elas: 
 
• plano constitucional: as normas de competência - são as normas que, 
veiculadas pela própria Constituição, tratam da competência das 
pessoas políticas para criar e cobrar tributos (positivas e negativas). As 
imunidades tributárias e as competências tributárias estão previstas na 
CF/88. 
Direito Tributário | Helton Kramer 
focusconcuros.com.br 
2 
• plano da lei complementar: normas gerais de direito tributário - São 
normas que, na diretriz do art. 146 da CF, dispõem sobre conflitos de 
competência, regulam as limitações do poder de tributar e estabelecem 
as normas gerais em matéria de legislação tributária. Exemplo: Código 
Tributário Nacional, LC 116/03 (ISSQN), LC 87/96 (ICMS). 
• plano da legislação ordinária: normas de incidência – Trata-se da lei 
de cada um dos entes federativos que trazem a norma de incidência, ou 
seja, a norma que irá criar o tributo. 
Para Roque Carraza que a Constituição “apontou a hipótese de incidência 
possível, o sujeito ativo possível, o sujeito passivo passível, a base de cálculo 
possível e a alíquota possível, das varias espécies e subespécies de tributos. 
Em síntese, o legislador, ao exercitar a competência tributária, deverá ser fiel 
à norma-padrão de incidência do tributo, pré-traçada na Constituição”1. Em 
outras palavras, é a repartição do poder de tributar, constitucionalmente 
atribuída aos diversos entes públicos, de forma que um tenha o poder de 
instituir e arrecadar os tributos de sua exclusiva responsabilidade. 
Continua Roque Carraza que na verdade não se fala em Poder Tributário 
(incontestável, absoluto) mas sim competência tributária (disciplinada pelo 
Direito), com as seguintes características: 
 
a) privatividade; 
b) indelegabilidade; 
c) incadubilidade; 
d) inalterabilidade; 
e) irrenunciabilidade; 
f) facultatividade (LRF - obrigatoriedade). 
 
 
1 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional tributário. 22 ed. São Paulo: Malheiros, 2006, 
p. 483. 
Direito Tributário | Helton Kramer 
focusconcuros.com.br 3 
Uma vez que a competência tributária é indelegável (art. 7º do CTN), 
apenas determinadas funções são transferíveis, como as de arrecadação ou 
de fiscalização, que passam de um órgão público para outro. Assim, a 
competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de 
arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões 
administrativas em matéria tributária. Contudo, não constitui delegação de 
competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da 
função de arrecadar tributos. simples função de caixa, que é hoje atribuída 
aos estabelecimentos bancários. 
Por exemplo, é permitida a delegação do ITR, a qual foi prevista no art. 153, 
§ 4º, III, da Constituição: “§ 4º - O imposto previsto no inciso VI (que é o ITR, 
de competência da União) do caput: III - será fiscalizado e cobrado pelos 
Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique 
redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. 
Então, o que os Municípios poderão fazer? Fiscalizar e cobrar o ITR. Temos 
aqui delegação da capacidade tributária ativa. 
 
Espécies de competência: 
a) Competência legislativa plena: consiste no poder exclusivo da 
pessoa jurídica de direito público conforme indicada pela CF, de criar 
e arrecadar tributos, de acordo com o que dispõe o CTN, art. 6º. 
b) Competência comum a todos as esferas de governo (federal, estadual 
e municipal, e ainda o DF) se refere às taxas e às contribuições de 
melhoria. 
c) Competência residual possibilidade da União, por meio de Lei 
complementar, instituir outros impostos, desde que não sejam 
cumulativos e não possuam a mesma base de cálculo e o mesmo fato 
gerador de outros já previstos. É a determinação do art. 154, I, da CF. 
 
Diferença entre “BIS IN IDEM” e BITRIBUTAÇÃO: Bis in idem é quando 
o mesmo poder tributário competente tentar criar um imposto repetido 
sobre a mesma coisa. Ex. Estado cobra o IPVA, suponhamos que ele 
institua o IPAR – imposto sobre automóveis rodantes. A bitributação é a 
hipótese de dois entes políticos tentarem tributar a mesma situação 
jurídica. Ex. a União (ITR) e o Município (IPTU) tributam a mesma 
propriedade. 
Direito Tributário | Helton Kramer 
focusconcuros.com.br 4 
3 – CONCEITO DE TRIBUTO: 
No artigo 3.º do Código Tributário Nacional está contida a definição de 
tributo: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada.” 
Com a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, quer a lei dizer 
que, em circunstâncias extraordinárias, previstas em lei, é possível que o 
fisco aceite a satisfação da obrigação tributária com a entrega de bens, 
cujo valor possa ser convertido em moeda, por exemplo a dação em 
pagamento de bens imóveis. 
 
Tributo X Tarifa/Preço Público 
 
O fulcro do critério do discrímen está primeiramente no modo de 
nascimento da obrigação. Se se tratar de vínculo nascido da vontade das 
partes, estar-se-á diante de figura convencional (obligatio ex voluntate), 
mútuo, aluguel, compra e venda etc. Isto permite discernir a obrigação 
tributária das obrigações convencionais. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de 
Incidência Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 37). 
 
Tributos X Multas X Indenizações 
Em outras palavras: o tributo não é sanção por violação de nenhum 
preceito, nem reparação patrimonial. Com estas delimitações é que se 
deve entender o conceito de tributo, adotado pelo direito constitucional 
brasileiro. (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 3ª ed. São 
Paulo: Malheiros, 2001, p. 37) O tributo não constitui sanção por ato ilícito, 
mas isso não quer dizer que seria vedada a tributação de valores oriundos 
da atividade ilícita. Por força da teoria do non olet, o Supremo Tribunal 
Federal entende que não importa se os rendimentos obtidos originaram-
se de atividade ilícita, haverá a tributação (HC 37530). 
 
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5 
Tributos Multas 
Prestação que não 
constitui sanção por 
ato ilícito 
Sanção por ato 
ilícito 
Obrigação de 
pagamento surge 
sempre em virtude 
da verificação, no 
mundo dos fatos 
(fato gerador) da 
situação 
hipoteticamente 
prevista em lei 
Pode decorrer do 
inadimplementoda 
obrigação principal 
ou da obrigação 
acessória 
Não podem 
apresentar qualquer 
indício de confisco 
Possui limites de 
confisco bem mais 
elevados do que os 
fixados para os 
tributos 
Têm por objetivo 
principal arrecadar 
recursos para o 
Estado 
Visam a coibir e 
punir atos ilícitos 
 
Valores desprovidos de natureza tributária: 
• FGTS: Conforme entendimento doutrinário majoritário e precedente 
do Supremo Tribunal Federal, FGTS não possui natureza tributária 
(Súmula 353 STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se 
aplicam às contribuições para o FGTS) 
 
• Pedágio: Sacha Calmon N. Coelho e Ricardo Lobo2 torres entendem que 
pedágio não possui natureza tributária, mas sim de preço público. 
 
2 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro – São Paulo: Renovar. p. 9; 
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro, Curso de Direito Tributário Brasileiro. 6ª edição. Rio de Janeiro, Forense, 
2003. p. 427. 
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6 
Ocorre que existe pronunciamento do Supremo no sentido de que 
pedágio é uma espécie de taxa (RE 181.4753). 
 
4 – FUNÇÕES DO TRIBUTO: 
 
• Fiscal, quando seu principal objetivo é a arrecadação de recursos 
financeiros para o Estado. Ex. IRPF; 
• Extrafiscal, quando seu objetivo principal é a interferência do domínio 
econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de 
recursos financeiros; Ex. II, IE, IPI, etc 
• Parafiscal, quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o 
custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias 
do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas. Ex. 
CREA, CRM, SESC, etc. 
 
5 – CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS 
o Direto ou indireto: Se o tributo for pago pelo próprio contribuinte de 
direito (aquele que a lei atribui o encargo de calcular e recolher o 
tributo), fala-se em imposto direto, a exemplo do IPTU, do IRPF. Caso, 
ao contrário, o ônus do recolhimento do tributo for repassado pelo 
contribuinte de direito para outra pessoa, o chamado contribuinte de 
fato, identifica-se o tributo como indireto. Ex: o ICMS e o IPI. 
 
o Fixos ou variável: Fixos são aqueles cobrados a partir de um montante 
determinado que não se altera, independentemente do valor da 
mercadoria, serviço ou patrimônio tributado. Os variáveis, por seu 
turno, caracterizam-se pela fixação de uma alíquota incidente sobre 
uma base de cálculo, ainda que esta se altere. O imposto variável 
poderá ainda ser progressivo ou regressivo (art. 153, parágrafo 2.º, I, 
CF), cumprimento da função social da propriedade (art. 156, parágrafo 
1.º, CF), ou produtividade rural (art. 153, parágrafo 4.º, CF). 
 
o Seletivos e não seletivos. O imposto é seletivo, quando a sua alíquota 
é aumentada ou diminuída em razão da essencialidade do bem. O 
 
3 EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PEDÁGIO. Lei 7.712, de 22.12.88. I.- Pedágio: natureza 
jurídica: taxa: C.F., art. 145, II, art. 150, V. II.- Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei 7.712, 
de 1988. III.- R.E. não conhecido. (STF - RE 181475/RS - Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO - Julgamento: 
04/05/1999 - Órgão Julgador: Segunda Turma - Publicação – DJ 25-06-99) 
 
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focusconcuros.com.br 7 
imposto é não seletivo quando inexiste tal preocupação. Em regra, o 
ICMS é um imposto não seletivo. 
 
o Cumulativos e não cumulativos. O imposto cumulativo incide em 
várias fases de circulação do bem, não sendo considerado o valor que 
já incidiu nas fases anteriores. No imposto não cumulativo (é o caso do 
ICMS), em cada fase de circulação, há sua incidência sobre o valor que 
se agregou ao bem ou sobre o valor acumulado do bem, descontando-
se, na última hipótese, o valor que já gravou as fases anteriores. 
 
o Pessoal ou Real: O imposto será considerado pessoal quando levar 
em conta a situação subjetiva do contribuinte, como a variação de 
renda. Já o imposto real, por sua vez, quando a incidência é indireta 
sobre a pessoa, adotando-se como base para a tributação uma 
situação relativa aos bens ou operação realizada (IPTU, IPVA, ITCMD, 
ICMS, etc.). 
 
6– ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
Impostos: Os impostos são tributos de caráter genérico que 
independem de qualquer atividade ou serviço do poder público em 
relação ao contribuinte. Está descrito no art 16 do CTN, deixando claro 
que se trata de tributo não vinculado a uma atuação estatal 
específica. Inclusive, sua vinculação é vedada, exceto para repartições 
constitucionais, aplicação na saúde e educação, administração 
tributária e operações de crédito por antecipação de receita (art. 167, 
IV, CF). Estão compreendidos na competência privativa de cada ente 
público, com atribuições para instituição definidas na Constituição. 
 
Taxas: A taxa pertence a competência comum da União, dos Estados, 
Distrito Federal e dos Municípios, devendo notar que a pessoa jurídica de 
direito público que instituiu determinada taxa deve, necessariamente, ser 
competente para realizar a atividade vinculada ao respectivo fato gerador. 
Assim, cabe somente a União cobrar taxa sobre a fiscalização de entidades 
que operam no mercado financeiro (art. 21, VIII, CR/88); só o Estado pode 
cobrar taxa de incêndio, uma vez que a prevenção e extinção desses não 
se encontram deferidas à União ou ao Município; e compete ao Município 
Direito Tributário | Helton Kramer 
focusconcuros.com.br 8 
instituir taxa relativa aos serviços públicos de interesse local, como a taxa 
de coleta domiciliar de lixo (art. 30, V, CR/88). 
 Observe a diferença entre taxa e preço público: 
 
TAXA PREÇO PÚBLICO 
(TARIFA) 
Regime jurídico 
tributário (legal) 
Regime jurídico 
contratual 
Regime jurídico de 
direito publico 
Regime jurídico de 
direito privado 
Não há autonomia 
da 
vontade(cobrança 
compulsória) 
Decorre da 
autonomia da 
vontade do usuário 
(é facultativo) 
Não admite 
rescisão 
Admite rescisão 
Cobrança não 
proporcional a 
utilização 
Pagamento 
proporcional a 
utilização 
Sujeita aos 
princípios 
tributários(legalida
de, anterioridade 
etc) 
Não sujeito aos 
princípios 
tributários 
Serviço uti singuli 
obrigatório 
Servico uti singuli 
facultativo 
Receita derivada Receita originaria 
 
O Fato Gerador da taxa está descrito no art.145, II, da CF e no art. 77 e 78 
do CTN: 
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9 
(i) exercício regular do poder de polícia (taxa de polícia) ou 
(ii) na prestação, efetiva ou potencial, de serviço público 
específico e divisível (taxa de serviço). 
O exercício do poder de polícia (taxa de polícia) Para Roque Antonio 
Carraza “compreende atividades dirigidas a procurar uma utilidade 
genérica aos cidadãos uti universi, sem possibilidade de distinguir a 
quantidade de utilidade que cada cidadão obtém”. Salienta Carraza 
que “o simples exercício do poder de polícia – tornamos a repetir – 
não enseja a cobrança de taxa de polícia. O que enseja tal cobrança é 
o desempenho efetivo da atividade dirigida ao administrado”4. Por 
exemplo: “É ilegítima a cobrança de taxa anualmente, a título de mera 
renovação, sem que haja procedimento de fiscalização” (STF - RREE 
195788 e STJ – Resp. 236517) 
 
Quanto aos serviços públicos, a sua utilização pode ser efetiva ou potencial 
(quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição 
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento) e deverá 
obrigatoriamente ser: I - específicos, quando possam ser destacados em 
unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades 
públicas e III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, 
por parte de cada um dos seus usuários. 
Exemplos de taxas que foram declaradas constitucionais pelo Supremo 
Tribunal Federal: Taxa de lixo (AI 636528/RJ); Taxa de Incêndio (AI677891); 
Taxa de Sinistro (RE 403453). Mas já foi declarado inconstitucional a Taxa 
de Limpeza Pública por ser um serviço de natureza geral que se presta a 
servir a comunidade e não alguém em específico (AI 245539/RJ) 
 
Alerta-se que a taxa não poderá ter base de cálculo própria de impostos 
(art. 145, parágrafo 2.º, CF). Porém, é permitida a utilização desta base de 
cálculo como mero parâmetro de enquadramento: 
 
Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor 
de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de 
determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre 
uma base e outra. 
 
4 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional tributário. 22 ed. São Paulo: Malheiros, 2006, 
p. 507. 
Direito Tributário | Helton Kramer 
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Súmula 595 STF: É inconstitucional a taxa municipal de conservação 
de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto 
territorial rural. 
 
***Taxa do Lixo – Uma segunda discussão está na taxa do lixo. O STF já se 
manifestou sobre esse assunto e, em diversas ocasiões falou: a taxa do lixo 
é constitucional: 
 
AI 636528 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO - RICARDO LEWANDOWSKI - 
Julgamento: 09/06/2009 -Primeira Turma - I - A taxa de coleta de lixo 
domiciliar - TCDL, instituída pela Lei Municipal 2.687/98, reúne os 
pressupostos da especificidade e divisibilidade. Legitimidade da cobrança. 
Precedentes do STF. II - Opostos embargos infringentes, o prazo para 
interposição de recurso extraordinário relativo à parte unânime fica 
sobrestado até a intimação da decisão dos embargos. O recurso 
extraordinário interposto anteriormente a esta publicação é extemporâneo, 
se não ratificado posteriormente. Precedentes do STF. III - Agravo regimental 
improvido. 
 
***Taxa de limpeza pública: se for taxa do lixo vinculada única e 
exclusivamente à coleta dos resíduos, tudo bem, é constitucional porque 
específica e divisível, mas não podemos ter uma taxa do lixo que esteja 
vinculada a esse outro serviço de natureza geral que se presta a servir a 
comunidade, como a taxa de limpeza pública: 
 
STF - AI 245539 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO - ILMAR GALVÃO - 
Julgamento: 14/12/1999 -Primeira Turma - EMENTA: TRIBUTÁRIO. 
MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. ILEGALIDADE DA TAXA DE COLETA DE 
LIXO E LIMPEZA PÚBLICA. ART. 145, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Tributo 
vinculado não apenas à coleta de lixo domiciliar, mas também à limpeza de 
logradouros públicos, hipótese em que os serviços são executados em 
benefício da população em geral (uti universi), sem possibilidade de 
individualização dos respectivos usuários e, conseqüentemente, da 
referibilidade a contribuintes determinados, não se prestando para custeio 
mediante taxa. Impossibilidade, no caso, de separação das duas parcelas. 
Agravo regimental improvido. 
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***Taxa de Incêndio: 
 
TAXA DE COMBATE A INCÊNDIO – INADEQUAÇÃO CONSTITUCIONAL. 
Descabe introduzir no cenário tributário, como obrigação do contribuinte, 
taxa visando a prevenção e o combate a incêndios, sendo imprópria a 
atuação do Município em tal campo. (RE 643247, Relator(a): Min. MARCO 
AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO 
DJe-292 DIVULG 18-12-2017 PUBLIC 19-12-2017) 
 
***Taxa de Sinistro: 
 
E MENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 
INTERPOSIÇÃO DE DECISÃO MONOCRÁTICA E COM INTUITO 
MODIFICATIVO. CONHECIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. 
OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO. TRIBUTÁRIO. ANULATÓRIA DE 
LANÇAMENTO. IPTU. TAXA DE LIMPEZA. TAXA DE COMBATE A SINISTRO. 
VALIDADE DA ÚLTIMA EXAÇÃO. CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 
1. Segundo jurisprudência desta Corte, é constitucional a Taxa de Combate 
a Sinistros, tal como instituída na espécie. (RE 403453 ED, Relator(a): Min. 
JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe-074 
DIVULG 18-04-2011 PUBLIC 19-04-2011 EMENT 
 
Contribuições de Melhoria: A arrecadação de recursos financeiros para 
cobrir os custos da obra é o seu objeto. A fórmula linguística utilizada pela 
Constituição de 1988 para tratar das contribuições de melhoria é muito 
limitada. Dela derivam duas premissas: 
 
a) relação entre a melhoria observada e a realização de uma obra pública. 
 
b) Valorização Imóvel 
 
Regulam a instituição e cobrança das contribuições de melhoria os arts. 81 
e 82 do Código Tributário Nacional, além do Decreto-Lei n. 195, de 1967, 
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já mencionado. Importa destacar a existência de dois limites para a 
cobrança do tributo: 
 
a) limite total ou global é o custo da obra (ou despesa realizada) e o 
b) limite individual é o acréscimo de valor que da obra resultar para 
cada imóvel beneficiado. Entende-se que a contribuição de melhoria 
ao ser cobrada deve respeitar o menor destes valores. 
 
Dito isso, podemos concluir que as contribuições de melhoria são tributos 
vinculados, contudo, diferentemente do que ocorre com as taxas, a 
vinculação não tem relação com um serviço público prestado pelo Estado, 
mas sim com a realização de uma obra pública que cause valorização de 
imóveis. 
 
Empréstimos Compulsórios: Prevê o artigo 148 da Constituição que a 
União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de 
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência ou no caso de 
investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, 
observado o disposto no art. 150, III, “b”. O parágrafo único do artigo em 
comento dispõe que a aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 
Os principais traços identificadores do empréstimo compulsório como 
espécie tributária própria são a restituibilidade, a causalidade e a 
destinação vinculada. Desse modo, pode-se dizer que, consoante à 
previsão constitucional, são quatro os requisitos para a instituição do 
empréstimo compulsório: 
• instituição por lei complementar; 
• ocorrência das situações urgentes descritas no referido art. 148; a) 
atender despesas extraordinárias nos casos de calamidade pública 
ou guerra externa (inclusive sua iminência) ou b) investimento 
público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. 
• destinação legal dos recursos às despesas que deram origem à 
criação do tributo; e 
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• previsão legal para a restituição, pois o empréstimo compulsório é 
um ingresso de recursos temporários em favor do Estado. 
 
Contribuições Sociais: 
 
• Contribuição da seguridade social (art. 195 CF) 
• Outras contribuições sociais (residual – art. 195 § 4º CF) 
• Contribuições sociais gerais (art. 149 CF – SESC, SESI, salário educação) 
• Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE – art. 149 CF) 
• Contribuições corporativas (CREA, SINDICAL – art. 149 CF) 
 
***A União possui competência exclusiva para instituir contribuições 
sociais, conforme fixa o art. 149 da 
 
Constituição. As únicas ressalvas, previstas no mesmo artigo, consistem: 
a) na instituição de contribuições previdenciárias para custeio dos 
sistemas de previdência e assistência social dos servidores dos 
Estados, Distrito Federal e Municípios e 
 
b) na criação da contribuição para o custeio da iluminação pública por 
parte dos Municípios e do Distrito Federal. 
 
Assim como nos empréstimos compulsórios, o que distingue cada uma das 
contribuições especiais das demais espécies tributárias é o destino do 
produto da arrecadação. O fato gerador da obrigação, por sua vez, 
poderá ser vinculado ou não a uma atividade estatal específica, logo, as 
contribuições especiais, a depender do disposto nas leis instituidoras, 
poderão ter “natureza” de taxa ou de imposto. 
Nas contribuições sociais,o destino será o financiamento da seguridade 
social (CF/88, art. 195, caput). Nas contribuições de intervenção no 
domínio econômico, por sua vez, o produto arrecadado será utilizado pela 
União em prol do melhor funcionamento de determinado setor da 
economia, a exemplo da CIDE-Combustível, prevista expressamente no art. 
177, § 4º, da CF/88, como forma de regulação e desenvolvimento do setor 
de combustíveis. Por fim, as contribuições de interesse das categorias 
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profissionais ou econômicas servirão ao custeio dos sindicatos de 
trabalhadores e empregadores. 
A competência para criação das contribuições sociais, de interesse das 
categorias profissionais ou econômicas e de intervenção no domínio 
econômico será exclusiva da União (CF/88, art. 149, caput), ressalvada a 
hipótese do artigo 149, § 1º, CF/88, segundo o qual os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, 
para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o 
art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores 
titulares de cargos efetivos da União. 
A criação das contribuições, em regra, se dará por meio de lei ordinária. 
Serão instituídas por lei complementar as contribuições sociais residuais, 
conforme regra prevista no artigo 195, § 4º, da CF/88. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SÍNTESE: 
***Características da CIDE: 
 
• A Cide somente poderá ser instituída e cobrada pela União, com 
caráter interventivo e nunca arrecadatório. 
 
• Na vigente 
Constituição, a 
livre iniciativa da 
atividade 
econômica é 
regra, sendo a 
intervenção 
somente possível 
em casos 
excepcionais; 
 
A interpretação das 
normas pertinentes à 
instituição da Cide 
deve ser feita 
restritivamente; 
a) transitoriedade 
ou 
temporariedade 
da cobrança (até 
que desapareça a 
situação que 
motivou a 
instituição); 
b) existência da 
necessidade de 
controle e/ou de 
intervenção 
(pressuposto necessário); 
Espécies Pessoas 
competentes 
Constituição 
Contribuições 
sociais gerais 
União Art. 149 
Cont. 
Previdenciária 
União Art. 195 
CIDE União 149 
Contribuição 
Corporativa 
União 149 
Contribuição 
Previdenciária 
União. 195 
Contribuição 
Previdenciária 
Residual 
União 195 §4º 
Contribuição 
para o custeio 
do regime 
previdenciário 
dos seus 
servidores 
União, 
Estados, 
Distrito 
Federal e 
Municípios 
Art. 149, § 
1º 
Contribuição 
para o custeio 
do serviço de 
iluminação 
pública 
Distrito 
Federal e 
Municípios 
Art. 149-A 
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c) vinculação da receita exclusivamente para aplicação na intervenção 
(o que afasta o caráter arrecadatório da sua instituição); 
d) materialidade do fato gerador (vinculada a um fato econômico 
objeto da intervenção; e 
e) os contribuintes somente podem ser aquelas pessoas vinculadas à 
atividade econômica objeto da intervenção (sujeito do verbo que 
constitui a materialidade do FG). 
 
***COSIP (art. 149-A CF): 
 
Nos termos do artigo 149-A da Constituição, acrescido pela EC 39/2002, os 
Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das 
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado 
o disposto no art. 150, I e III. O parágrafo único do dispositivo em comento 
estabelece que é facultada a cobrança da contribuição a que se refere o 
caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Trata-se, em verdade, de 
subespécie de contribuição especial, de forma que à Contribuição de 
Iluminação Pública aplicar-se-ão praticamente todos os ensinamentos 
acima listados. 
 
A característica principal da Contribuição de Iluminação Pública é o destino 
do produto da arrecadação, qual seja, o custeio do serviço municipal de 
iluminação pública. Além disso, só poderão ser criadas por leis ordinárias, 
municipais ou distritais (CF/88, art. 149-A, caput). 
 
7 – LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR. 
 
7.1 - Imunidades tributárias: 
São proibições absolutas para a realização de certas situações jurídicas ou 
a produção de certos efeitos jurídicos. No campo tributário, as imunidades 
de impostos estão concentradas no art. 150, inciso VI da Constituição. Ali, 
podemos encontrar: 
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a) imunidade recíproca (Art. 150 alínea "a" e §§ 2o. e 3º CF.). Vedação 
dos entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, renda ou 
serviços, uns dos outros. Lembre-se que a imunidade em tela não se 
aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com 
exploração de atividade econômica reguladas pelo direito privado 
ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas 
pelo usuário. Essa imunidade além da Administração Direta, também 
alcança as Autarquias e Fundações (Art. 150 § 2º). 
 
O STF decidiu, por exemplo, que o Município de São Paulo é imune ao IOF 
em suas aplicações financeiras: 
 
RE 233497 / SP - SÃO PAULO 
Relator: Min. MOREIRA ALVES 
Órgão Julgador: Primeira Turma 
 
EMENTA: IOF. Aplicação de recursos de Prefeitura Municipal no 
mercado financeiro. Imunidade do art. 150, VI, "a", da Constituição 
Federal. - Esta Primeira Turma, ao julgar o RE nº 196.415, que 
versava hipótese análoga à presente, assim decidiu: "TRIBUTÁRIO. 
IOF. APLICAÇÃO DE RECURSOS DA PREFEITURA MUNICIPAL NO 
MERCADO FINANCEIRO. IMUNIDADE DO ART. 150, VI, "A", DA 
CONSTITUIÇÃO. À ausência de norma vedando as operações 
financeiras da espécie, é de reconhecer-se estarem elas 
protegidas pela imunidade do dispositivo constitucional indicado, 
posto tratar-se, no caso, de rendas produzidas por bens 
patrimoniais do ente público. Recurso não conhecido." Recurso 
extraordinário não conhecido. 
 
Autarquias e Fundações: O § 2º do art. 150 da CF estende a imunidade 
recíproca ao patrimônio, à renda e aos serviços das autarquias e das 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, desde que vinculados 
às suas finalidades essenciais ou sejam delas decorrentes. 
 
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Prestadora de Serviço Público: 
 
• Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos equiparam-se a 
autarquias e, por isso, gozam da imunidade recíproca (RE 424.227, 
em que foi relator o Min. Carlos Velloso) 
 
• “A jurisprudência do STF entende que a sociedade de economia 
mista prestadora de serviço público de água e esgoto é abrangida 
pela imunidade tributária recíproca, nos termos da alínea a do inciso 
VI do art. 150 da CF.” (RE 631.309-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, 
julgamento em 27-3-2012, Segunda Turma, DJE de 26-4-2012.). 
 
• “As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços 
de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da 
imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da 
CF.” (RE 580.264, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 16-
12-2010, Plenário, DJE de 6-10-2011, com repercussão geral.) 
 
• A Infraero, empresa pública prestadora de serviço público, está 
abrangida pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a, da 
Constituição. (ARE 638.315-RG, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso, 
julgamento em 9-6-2011, Plenário, DJE de 31-8-2011, com 
repercussão geral). 
 
O § 3º do art. 150 da CF estabelece que a imunidade recíproca não se aplica 
ao patrimônio relacionado com a exploração de atividade econômica 
regida pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que 
haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. 
 
b) imunidade sobre templos religiosos (alínea "b" e § 4o.). Vedação 
dos entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, a renda 
e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das 
entidades mantenedoras de templos de qualquer culto. 
 
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Súmula 724 STJ. Ainda quando alugado a terceiros, 
permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer 
das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, 
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades 
essenciais de tais entidades. 
 
Maçonaria - A imunidade tributária conferida pelo art. 150, 
VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não 
se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa 
qualquer religião. IV - Recurso extraordinário parcialmente 
conhecido, e desprovido na parte conhecida. (RE 562351, 
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, 
julgado em 04/09/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-245 
DIVULG 13-12-2012 PUBLIC 14-12-2012) 
 
Contribuinte de direito: “A imunidade prevista no art. 150, 
VI, c, do Diploma Maior, a impedir a instituição de impostos 
sobre patrimônio, renda ou serviços das entidades sindicais 
dos trabalhadores, das instituições de educação e de 
assistência social, sem fins lucrativos, está umbilicalmente 
ligada ao contribuinte de direito, não abarcando o 
contribuinte de fato.” (RE 491.574-AgR, rel. min. Marco 
Aurélio, julgamento em 21-8-2012, Primeira Turma, DJE de 
6-9-2012.) 
 
Ensino de línguas: “O ensino de línguas estrangeiras 
caracteriza-se como atividade educacional para aplicação da 
imunidade tributária (art. 150, VI, c, da Constituição). A 
distinção relevante para fins de aplicação da imunidade 
tributária é o conceito de ‘atividade assistencial’, isto é, a 
intensidade e a abrangência da prestação gratuita ou 
altamente subsidiada do ensino da língua inglesa a quem 
necessitar.” (RMS 24.283-AgR-segundo, Rel. Min. Joaquim 
Barbosa, julgamento em 21-9-2010, Segunda Turma, DJE de 
8-10-2010.) 
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Colônia de férias: "Sindicato. Colônia de férias. Inexistência 
de imunidade tributária por não ser o patrimônio ligado às 
finalidades essenciais do sindicato. Recurso extraordinário: 
descabimento." (RE 245.093-AgR, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, julgamento em 14-11-2006, Primeira Turma, DJ de 
7-12-2006.) 
 
c) Vedação dos entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, 
renda ou serviços relacionados com as finalidades essenciais dos 
partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais 
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência, 
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei (art. 14 do CTN): 
requisitos descriminados pelo art. 14 do CTN: a) não distribuam 
qualquer parcela de seu patrimônio ou de sua rendas, a titulo de lucro 
ou participação no seu resultado; b) apliquem integralmente, no pais, 
os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais .c) 
mantenham escrituração de sua receitas e despesas em livros e 
revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. 
 
A imunidade também vai ser aplicada quando o imóvel funciona 
como escritório ou residência para membros da instituição de 
educação ou de assistência social (RE-221395 / SP - Julgamento: 
08/02/2000) 
 
A imunidade também vai alcançar as entidades, como SESC, SENAC, 
SESI, etc (RE-116188 / SP - Julgamento: 20/02/1990). 
 
A cobrança de estacionamento no interior da propriedade das 
entidades imunes, não desmitifica a imunidade.( RE-144900 / SP - 
Julgamento: 22/04/1997) 
 
Previdência: Súmula 730 STF: “A imunidade tributária conferida a 
instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, 
c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de 
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previdência social privada se não houver contribuição dos 
beneficiários.” 
 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
Segundo Roque Antonio Carrazza, a alusão ao papel da imprensa 
possui uma explicação histórica: “O governo, durante o Estado Novo, 
impedia que os jornais de oposição recebessem papel de imprensa. 
Esta pratica arbitraria teria inspirado o Constituinte de 1946 a proibir 
que as pessoas políticas tributassem, por via de imposto, o papel 
destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros”. 
 
O STF entende que essa imunidade pode ser estendida a filmes e ao 
papel fotográfico, utilizados na impressão de livros, jornais e 
periódicos, mas não para os equipamentos e outros insumos 
utilizados (Súmula 657 STF) 
 
As listas telefônicas são também imunes (RE-101441 / RS) 
 
Até mesmo álbum de figurinhas e apostilas foram considerados 
imunes (RE 221239/SP 
 
A publicação de anúncios e publicidade em jornais é imune ao 
imposto sobre serviços de qualquer natureza (RE 91662/SP) 
 
***Livro eletrônico: O STF definiu que a imunidade de que trata o art. 
150, VI, d, da Constituição, portanto, alcança o livro digital (e-book). 
TESE DA REPERCUSSÃO GERAL. Em relação ao tema nº 593 da Gestão 
por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na internet, foi 
aprovada a seguinte tese: “A imunidade tributária constante do art. 
150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos 
suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.” (RE 330817, 
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 
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08/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - 
MÉRITO DJe-195 DIVULG 30-08-2017 PUBLIC 31-08-2017) 
 
e) Incentivo musical 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
... 
VI - instituir impostos sobre: 
... 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil 
contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros 
e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como 
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo 
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) 
 
f) ouro como ativo financeiro e cambial – (ICMS 153 § 5º CF, 155 §2º. 
X, c, CF) 
 
g) imóveis rurais pequenos e os destinados a reforma agrária (art. 
153 § 4º CF) 
 
h) ITBI: não incide sobre a transmissão de bens ou direitos 
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de 
capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de 
fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, 
nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra 
e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou 
arrendamento mercantil; (art. 156, § 2º I CF) 
 
 
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7.2 - Princípios Constitucionais Tributários 
 
Legalidade: 
Garante que nenhum tributo será instituído, nem aumentado, a não ser 
através de lei; 
 
CF/88 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
 
Entende-se que o art. 97 do Código Tributário Nacional é exaustivo na 
enumeração das matérias reservadas ao tratamento por lei: 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos 
artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
 III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, 
ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito 
passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, 
ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias 
a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos 
tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. 
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua basede 
cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 
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§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no 
inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva 
base de cálculo. 
. 
Prazo de Pagamento: Interessantes decisões do Supremo Tribunal 
Federal, permitindo a alteração do prazo de pagamento do tributo por 
decreto (RE 182.971 e RE 193.531), sem ofensa à legalidade. 
 
Base de cálculo IPTU: “Somente por via de lei, no sentido formal, 
publicada no exercício financeiro anterior, é permitido aumentar tributo, 
como tal havendo de ser considerada a iniciativa de modificar a base de 
cálculo do IPTU, por meio de aplicação de tabelas genéricas de valorização 
de imóveis, relativamente a cada logradouro, que torna o tributo mais 
oneroso. (RE 234.605, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 8-8-2000, 
Primeira Turma, DJ de 1º-12-2000.) 
 
Lei Complementar: Em regra, a lei a ser utilizada para criação de tributo é 
a ordinária, exceto: 
: 
A) imposto sobre grandes fortunas 
B) competência residual 
C) empréstimos compulsórios 
D) normas gerais em matéria de legislação tributaria 
E) regular limitações constitucionais ao poder de tributar etc 
 
Exceções: a constituição Federal também prevê exceções à reserva a lei 
formal, ou seja, pode-se alterar a alíquota (e não a base de cálculo), do 
tributo nos limites da lei, dos seguintes tributos: 
• Imposto de Importação – II 
• Imposto de Exportação – IE 
• Imposto sobre Operações Financeiras – IOF 
• Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI 
• CIDE combustíveis 
• ICMS combustíveis 
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Anterioridade: 
Disposto na alínea “b” do inciso III do artigo 150 da Constituição Federal, 
trata-se de princípio exclusivamente tributário. De acordo com esse 
princípio, a lei que cria ou majora (aumenta) determinado tributo, ao entrar 
em vigor, fica com sua eficácia suspensa até o início do próximo exercício 
financeiro, quando, só então, produzirá todos os seus efeitos próprios. 
 
Clausula Pétrea: Em uma de suas mais importantes decisões, o Supremo 
Tribunal Federal reconheceu que o princípio da anterioridade constitui 
garantia individual do contribuinte, não podendo ser subtraído ou afastado 
nem por emenda à constituição (ADIN 939). Na oportunidade, a Emenda 3, 
de 1993, foi declarada inconstitucional ao tentar viabilizar a cobrança do 
IPMF, estabelecendo nova exceção ao princípio da anterioridade, ainda no 
ano de 1993. 
 
CF/88 - Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
... 
 
III - cobrar tributos: 
 
... 
 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou; 
 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada 
a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
***Exceções ao princípio da anterioridade: (Art. 150 § 1º CF): 
• Imposto de importação; 
• Imposto de exportação; 
• Imposto sobre produtos industrializados; 
• Imposto sobre operações financeiras; 
• Impostos extraordinários de guerra; 
• Empréstimos compulsórios somente aqueles instituídos em caso de 
guerra externa ou sua iminência e em caso de calamidade pública; 
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• Contribuições para financiamento da seguridade social (art. 195 § 6º 
CF). 
• CIDE combustíveis – art. 177, § 4º, I, b, CF 
• ICMS combustíveis – art. 155, § 4º IV, c, CF 
 
Súmula 669 STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da 
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. 
 
***Principio Anterioridade Nonagesimal: nenhum tributo poderá ser 
exigido antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea 
b (anterioridade). Exceção: 
 
 Emp. Compulsórios para atender a despesas extraordinárias, decorrentes 
de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; 
 Imposto de importação; 
 Imposto de exportação; 
 Imposto de renda; 
 Imposto de operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos 
ou valores mobiliários; 
 impostos extraordinários de guerra. 
 fixação de base de cálculo: propriedade de veículos automotores. 
propriedade predial e territorial urbana 
 
 
Prorrogação de alíquota 
 
“TRIBUTÁRIO. ICMS. MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA. PRORROGAÇÃO. 
INAPLICABILIDADE DO PRAZO NONAGESIMAL (ARTIGO 150, III, C, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL). RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E 
PROVIDO. 1. A Lei paulista 11.813/04 apenas prorrogou a cobrança do ICMS 
com a alíquota majorada de 17 para 18%, criada pela Lei paulista 
11.601/2003. 2. O prazo nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da 
Constituição Federal somente deve ser utilizado nos casos de criação ou 
majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação de alíquota já 
aplicada anteriormente. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido para 
possibilitar a prorrogação da cobrança do ICMS com a alíquota majorada.” 
(Supremo Tribunal Federal. RE 584100 / SP - SÃO PAULO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 25/11/2009 
Órgão Julgador: Tribunal Pleno) 
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O art. 104 do CTN e o Principio da Anterioridade 
 
“Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte aquele em 
que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre 
o patrimônio ou a renda: 
I – que instituem ou majoram tais impostos; 
II – que definem novas hipóteses de incidência; 
III – que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira 
mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no art. 178”. 
 
Há de se ressaltar que o ultimo julgamento do STF entendeu-se que a 
revogação de isenção se equipara a criação ou a majoração de tributo, sendo 
apenas a dispensa legal do pagamento de exação já existente, de forma que 
o tributo volta a ser imediatamente exigível, sendo aplicável o principio da 
anterioridade . 
 
Irretroatividade: 
a lei tributária só vale em relação a fatos geradores ocorridos depois do 
início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
... 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei 
que os houver instituído ou aumentado; 
 
Apresenta-se como exceção ao princípio o art. 106 do CTN e a súmula 584 
STF: 
 
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
 I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, 
excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos 
interpretados; 
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 II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
 a) quando deixe de defini-lo como infração; 
 b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de 
ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha 
implicado em falta de pagamento de tributo; 
 c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei 
vigente ao tempo da sua prática. 
 
Súmula 584 STF: "Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos 
do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve 
ser apresentada a declaração". 
 
Isonomia: 
a lei, em princípio não deve dar tratamento desigual a contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente; Segundo SACHA CALMON NAVARRO 
COÊLHO, "... o princípio da igualdade da tributação impõe ao legislador: (a) 
discriminar adequadamente os desiguais, na medida de suas desigualdades; 
(b) não discriminarentre os iguais, que devem ser tratados igualmente"5. 
 
capacidade contributiva: 
o tributo deve ser cobrado de acordo com as possibilidades de cada um, 
tratar os desiguais de modo desigual; 
 
Art. 145. ... 
... 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado 
à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a 
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos 
 
5 COELHO. Sacha Calmon Navarro. Comentários à Constituição de 1988 - Sistema Tributário. 5a. Edição. 
Forense. Pág. 328 
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termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas 
do contribuinte 
 
Existe duas correntes doutrinárias a respeito do princípio: 
 
• Cap. contributiva subjetiva - aptidão individual de determinado 
contribuinte para concorrer com os gastos públicos. O Fisco verifica 
no cálculo geral qual a riqueza da pessoa, pessoa física ou jurídica e 
cobra pelo que possui. 
 
• Cap. contributiva objetiva - revela-se com o próprio bem. O 
sistema para o qual interessa o fato a ser tributado, individualizado. 
Ex.: quem tem Ferrari presume-se que supostamente deve pagar 
imposto (IPVA). Para o Estado não interessa se a pessoa tem 
condição financeira de pagar imposto. Para Roque Carrazza no 
Brasil a Capacidade contributiva é absoluta. Predomina a objetiva 
(absoluta) porque mesmo no Imposto de Renda não há uma 
consideração individual, mas as manifestações de riqueza como 
objetos. As manifestações de riquezas são fatos individuais. 
 
Meios de exteriorização do princípio da capacidade contributiva: 
• Seletividade: IPI: Art. 153...§ 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - 
será seletivo, em função da essencialidade do produto; ICMS: Art. 155...§ 
2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: III - poderá 
ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos 
serviços; 
• Proporcionalidade 
 
• Progressividade: IR: Art. 153...§ 2º - O imposto previsto no inciso III: I - 
será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da 
progressividade, na forma da lei; ITR: Art. 153...§ 4º O imposto previsto 
no inciso VI do caput: I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas 
de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; 
IPVA: Art. 155...§ 6º O imposto previsto no inciso III: II - poderá ter 
alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. IPTU: § 1º Sem 
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30 
prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, 
inciso II6, o imposto previsto no inciso I poderá: I - ser progressivo em 
razão do valor do imóvel; e II - ter alíquotas diferentes de acordo com a 
localização e o uso do imóvel 
 
vedação do confisco: 
o tributo deve ser razoável, não podendo ser tão oneroso que chegue a 
representar um verdadeiro confisco; O problema reside na definição do 
conceito, na delimitação da ideia, como limite a partir da qual incide essa 
vedação. Neste ponto, somente o exercício doutrinário e jurisprudencial, 
atento aos casos concretos e a evolução legislativa, poderá firmar 
parâmetros mais precisos para o disposto no art. 150, inciso IV da Lei Maior. 
A Constituição Federal não prevê a aplicação deste princípio às multas, só ao 
fenômeno jurídico da incidência. Contudo, o artigo 5º da Constituição traz a 
intangibilidade do direito de propriedade, o que gera o não confisco por 
multas 
 
Esta última premissa foi consagrada pelo Supremo Tribunal Federal no 
reconhecimento da inconstitucionalidade da contribuição previdenciária 
dos servidores públicos federais no absurdo patamar de 25% (vinte e cinco 
por cento) (ADInMC 2.010). 
 
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal já decidiu pela aplicação do 
princípio às multas ou penalidades tributárias no percentual de 300% 
(trezentos por cento) sobre o valor da mercadoria no caso de não emissão 
de nota fiscal no ato de venda (ADInMC 1.075). Hugo de Brito Machado 
abordando o princípio constitucional do não confisco, sustenta que em 
relação aos impostos incidentes sobre o patrimônio, o melhor critério para 
indicar o caráter confiscatório é a renda provável que o bem tributado pode 
 
6 Art. 182...§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano 
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, 
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação 
compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação 
com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo 
de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros 
legais. 
 
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31 
gerar. então: "Se o imposto tiver alíquota superior à renda que se pode 
razoavelmente esperar seja produzida pelo patrimônio, sobre o qual incide, 
será confiscatório. Por outro lado, um imposto com alíquota inferior àquele 
limite, mesmo que o contribuinte, por inabilidade como administrador, ou 
por qualquer outro motivo, não aufira renda para o respectivo pagamento, e 
tenha por isto de privar-se de parte de seu patrimônio, não será considerado 
confiscatório." 
Andrei Veloso, citando Klaus Tipke, identifica que um tributo será 
confiscatório quando: 
a) inviabiliza o desenvolvimento das atividades empresariais; 
b) absorve todos os rendimentos do patrimônio e do trabalho; 
c) sacrifício da própria substância do patrimônio; 
d) priva cidadão dos meios necessários de sua substância; 
e) imposto de sucessão esvazia o direito sobre a herança7 
 
Uniformidade geográfica: 
O tributo da União deve ser igual em todo território nacional, sem distinção 
entre os Estados. 
 
CF/88: Art. 151. É vedado à União: 
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou 
que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito 
Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de 
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento 
sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; 
 
 
 
 
7VELLOSO, Andrei Pitten. Constituição Tributária interpretada. São Paulo: Atlas, 2008, p. 163. 
 
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Liberdade de tráfego: 
O princípio tratado no art. 150, inciso V da Constituição veda a fixação pelo 
legislador de limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias por meio de 
tributos interestaduais ou intermunicipais. Segundo Hugo de Brito 
Machado, "isto não significa devam ser as operações interestaduais imunes 
a qualquer tributação. O que não pode haver é agravamento do ônus 
tributário pelo fato de ser interestadual, ou intermunicipal, a operação." 
(Curso de Direito Tributário. 21a. Edição. Malheiros. Pág. 245). 
A Constituição de 1988, ainda no art. 150, inciso V, ressalvou 
expressamente a possibilidade de cobrança de pedágio pela utilização de 
vias conservadas pelo Poder Público: “150... V - estabelecer limitações ao 
tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou 
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias 
conservadas pelo Poder Público;” 
 
Resumo das exceções aos princípios 
LEGALIDA
DE 
ANTERIORID
ADE 
ANT. 
NONAGESIMA
L 
II II II 
IE IE IE 
IPI IPI IR 
IOF IOF IOF 
CIDE 
combustíve
is 
Emp. Comp. 
(Guerra e 
calamidade) 
Emp. Comp. 
(Guerra e 
calamidade)ICMS 
combustíve
is 
Imposto 
extraordinário 
Imposto 
extraordinário 
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33 
 
 
 
 
 
8 – NORMAS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
Instrumentos primários: são instrumentos que podem inovar no 
ordenamento jurídico, conforme prescreve o art. 59 da CF/88. 
 
Instrumentos secundários: ao contrario do anterior, este não pode inovar 
no ordenamento, apenas regular o que disciplina nos instrumentos 
primários. são os atos administrativos normativos, como decretos, 
regulamentos, atos, instruções, circulares, portarias, ordens de serviço, etc.; 
incluem-se ainda, os costumes administrativos e os convênios entre órgãos 
estatais. (CTN art. 100). 
 
***Diante da prescrição do art. 151, III da CF/88,8 é possível a União Federal, 
por meio de tratado internacional, conceder isenção de tributos estaduais e 
municipais? 
 
O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de 
Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência 
de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da 
Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF. RE 
229096 / RS. Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO. 
Julgamento: 16/08/2007) 
 
 
8 Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do 
Distrito Federal ou dos Municípios. 
 
 CIDE 
combustíveis 
Fixação BC do 
IPTU e IPVA 
 ICMS 
combustíveis 
 
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Legalidade estrita: as matérias previstas no art. 97 CTN somente podem 
ser definidos em lei. Seria a aplicação da reserva legal. 
Em resumo, a lei tributária deve se abster de dar indicações genéricas, 
devendo definir “in abstracto” todos os elementos relevantes do tributo, a 
saber (art. 97 do CTN): 
• Sujeito ativo – a quem pagar 
• Sujeito passivo – quem deve pagar 
• Fato gerador 
• Prestação - objeto - obrigação – dar (quanto deve se pagar) ou 
fazer (obrigação acessória). 
• Base de cálculo + Alíquota + Multa 
 
***Não engloba correção monetária e prazo para recolhimento – RE 
172.394/SP 
 
****As Resoluções do Senado Federal: É extremamente importante 
conhecer os casos em que o Senado Federal tem competência para tratar, 
mediante resolução, de matéria tributaria de interesse dos estados e do 
distrito federal. São eles: 
 
1) No que concerne ao IPVA (CF, art. 155, §6º, I), o Senado fixará 
(obrigatoriamente) as alíquotas mínimas. 
 
2) Quanto ao ITCMD, o Senado fixará (obrigatoriamente) suas 
alíquotas máximas (CF, art. 155, §1º, IV): 
 
3) No tocante ao ICMS, o Senado detém três competências distintas: 
 
a) Estabelecer, obrigatoriamente, com iniciativa do 
Presidente da Republica ou de um terço dos senadores e 
aprovação da maioria absoluta deles, as alíquotas 
aplicáveis as operações interestaduais e de exportação (CF, 
art. 155, §2º, IV). Com o advento da Emenda Constitucional 
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35 
42/2003, a imunidade das exportações ao ICMS passou a 
abranger todas as mercadorias. 
 
b) Estabelecer, facultativamente, com iniciativa de um terço 
dos Senadores e aprovação da maioria absoluta deles, as 
alíquotas mínimas aplicáveis as operações internas (CF, art. 
155, §2º, V, “a”). 
 
c) Estabelecer, facultativamente, com iniciativa da maioria 
absoluta dos Senadores e aprovação de dois terços deles, 
as alíquotas máximas aplicáveis as operações internas. 
 
***Tratados e Convenções Internacionais: Os tratados e as convenções 
internacionais tem grande importância no direito tributário interno, tendo 
em vista sua posição hierárquica; 
 
• Status de Emenda Constitucional – quando versar sobre 
direitos humanos e for aprovado por 3/5 (art. 5 § 3º CF) 
 
• Status de supralegalidade – versarem sobre direitos humanos 
e aprovados por maioria simples antes de 88; 
 
• Status de Lei Complementar – aprovados em matéria 
tributária e desde que seja tratados lei e não tratados contrato 
(art. 98 CTN e Resp 426.945/PR) 
 
• Status de Lei ordinária – regra geral 
 
 
***Diante da prescrição do art. 151, III da CF/88,9 é possível a União Federal, 
por meio de tratado internacional, conceder isenção de tributos estaduais e 
municipais? 
 
9 Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos 
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 
 
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36 
EMENTA: O Presidente da República não subscreve tratados como 
Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a 
existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, 
da Constituição (STF. RE 229096 / RS. Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO. 
Julgamento: 16/08/2007) 
 
As Normas Complementares 
 
O artigo 100 do CTN10 enumera as normas complementares das leis, dos 
tratados e das convenções internacionais e dos decretos: 
 
Os Atos Normativos Expedidos pelas Autoridades Administrativas: Os 
atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são normas 
editadas pelos servidores da administração tributária que visam a detalhar 
a aplicação das normas que complementam. 
 
Da mesma forma, a portaria ministerial pode fundamentar a edição de uma 
Instrução Normativa pelo Secretario da Receita Federal, desde que esta 
Instrução Normativa não contrarie as regras constantes da Portaria, e assim 
por diante. 
 
• Decreto regulamentar: para fiel execução de leis, não 
pode extravasar, não cria. Competência privativa dos chefes 
dos executivos.. No âmbito federal, vide art. 84, IV da CF/88 
(RIPI, RIR, RICMS, RISS, etc.) 
 
• Instruções ministeriais: para o fim de promover a 
execução de leis, decretos e regulamentos que digam 
respeito à pasta dos ministros de estado. 
 
10 “Ementa: .... V. As normas complementares do Direito Tributário são de grande 
valia porquanto empreendem exegese uniforme a ser obedecida pelos agentes administrativos fiscais (art. 
100 do CTN). Constituem, referidas normas, fonte do Direito Tributário porquanto integrantes da categoria 
‘legislação tributária’ (art. 96 do CTN).....” (STJ. REsp 460986/PR. Rel.: Min. Luiz Fux. 1ª Turma. 
Decisão: 06/03/03. DJ de24/03/03, p. 151.) 
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• Circulares: ordenação uniforme do serviço administrativo, 
visam setores específicos com o fim de orientar agentes 
cometidos de atribuições especiais. 
 
• Portarias: consubstanciam regras gerais ou individuais que 
um superior edita para serem observadas por seus 
subalternos. 
 
• Ordens de serviço: autorizações ou estipulações concretas, 
para um determinado tipo de serviço a ser desempenhado 
por um ou mais agentes. 
 
• Outros atos estabelecidos pelas autoridades 
administrativas: pareceres administrativos e decisões de 
órgãos singulares ou colegiais, que quando reiteradamente 
convergentes, aplicam-se, com força normativa. 
 
 
As Decisões dos Órgãos Coletivos e Singulares de Jurisdição 
Administrativa a que a Lei atribua Eficácia Normativa: A Constituição 
Federal prevê a aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa 
tanto aos processos judiciais quanto aos administrativos. Como 
conseqüência, é obrigatória aos entes administrativos a criação de um 
órgão administrativo ao qual os contribuintes e responsáveis possam 
direcionar sua impugnações quando entenderem ser indevida qualquer 
imposição da administração tributaria. 
 
A título de exemplo, na esfera federal existem as Delegacias da Receita 
Federal de Julgamento – DRJ, que já foram órgãos singulares – quando 
então a competência para julgar era deferida com exclusividade ao 
Delegado de Julgamento. Hoje, as DRJ podem ser consideradas órgãos 
coletivos, visto que os julgamentos são realizados por turmas compostaspor cinco auditores-fiscais da Receita Federal. 
 
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As Praticas Reiteradamente Observadas pelas Autoridades 
Administrativas: O principio da legalidade é muito rígido em direito 
tributário. Uma das conseqüências dessa rigidez é a interpretação 
extremamente restritiva que se deve dar ao art. 100, III. 
Ao falar em “praticas reiteradamente observadas pelas autoridades 
administrativas”, o legislador abriu espaço, é verdade, para a utilização dos 
usos e costumes como normas complementares em matéria tributaria. 
 
Todavia, os usos e costumes aqui admitidos são aqueles meramente 
interpretativos, jamais podendo inovar em matérias sujeitas a reserva de 
lei ou, ainda com mais razão, derrogar disposições legais. 
 
Vigência, aplicação e integração 
 
Vigência: CTN - Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente 
aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja 
ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do art. 116. 
- Aplicação Prospectiva: Significa que a legislação nova não alcança 
os fatos já concluídos antes do inicio da sua vigência. 
 
- Aplicação Imediata: Significa que a legislação nova alcança os 
fatos pendentes, ou seja, aqueles que já tiveram início, mas ainda não 
estão concluídos. 
 
Vigência Espacial: A regra fundamental aqui é a territorialidade. 
 
“Art. 102. A legislação tributaria dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios vigora, no Pais, fora dos respectivos territórios, nos limites 
em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que 
participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais 
expedidas pela União”. 
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39 
 
 
CTN - Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, 
excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos 
interpretados11 
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado12: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de 
ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha 
implicado em falta de pagamento de tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei 
vigente ao tempo da sua prática. 
 
CTN - Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente 
para aplicar a legislação tributária utilizará, sucessivamente, na ordem 
indicada: 
I. a analogia; 
II. os princípios gerais de Direito Tributário; 
III. os princípios gerais de direito público; 
IV. a eqüidade. 
 
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo 
não previsto em lei. 
 
11 STF: admite a existência de leis interpretativas, desde que voltadas a esclarecer preceitos da legislação, 
não havendo vulneração ao princípio da separação funcional do poder (Vide ADI MC 605/DF, Rel. Min. 
Celso de Mello, pleno, DJU 05/03/1993) - Ricardo Lobo Torres: “A lei interpretativa retroage (art. 106, 
I, CTN), pois tem eficácia meramente declaratória. Não cria direito novo nem tributo, senão que apenas 
fixa o sentido da norma tributária preexistente. (TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e 
tributário. 12 ed, Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 117). 
12Tem-se entendido, para fins de interpretação dessa condição, que só se considera como encerrada a 
Execução Fiscal após a arrematação, adjudicação e remição, sendo irrelevante a existência ou não de 
Embargos à Execução, procedentes ou não. (STJ – Resp. 200.781/RS – julg. 12/06/2001) 
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§ 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do 
pagamento de tributo devido. 
 
Princípios gerais do direito privado 
Utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus 
institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos 
efeitos tributários (Art. 109 CTN). Ao mesmo tempo em que a lei tributária 
não pode alternar a definição e o conteúdo jurídico do direito privado, 
conforme art. 110 CTN: 
CTN - Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se 
para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus 
institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos 
efeitos tributários. 
 
CTN - Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o 
conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito 
privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição 
Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do 
Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar 
competências tributárias. 
 
Interpretação 
 
É a busca do significado de uma norma. Quando se escreve CASA, o cabe 
ao intérprete desvendar se a casa será no sentido tradicional, feito de 
material sobre o solo, ou um barco que serve de casa, ou até mesmo um 
trailer. 
 
I - Interpretação quanto à fonte (ou quanto ao agente que a realiza): 
a) Pública. 
b) Privada. 
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II - Interpretação quanto à natureza (ou meios adequados à sua 
exegese): 
a) gramatical; 
b) histórica; 
c) teleológica; 
d) lógico-sistemática. 
 
III - Quanto à extensão (ou resultados da exegese): 
• declarativa: o enunciado da interpretação coincide com o da lei. 
Não há necessidade de estender o pensamento da lei a casos não 
previstos ou restringi-los mediante a exclusão de casos 
inadmissíveis; 
• extensiva: o intérprete da norma conclui que o alcance da norma 
é mais amplo do que indicam os seus termos; 
• restritiva: quando o legislador escreveu mais do que realmente 
pretendia, utilizando expressões mais amplas que o seu 
pensamento. 
 
 
Meios de Interpretação: 
 
• Gramatical: é investigado antes de tudo o significado gramatical das 
palavras usadas no texto legal em exame; 
• Histórica: o sentido da norma é buscado com o exame da situação a 
que a mesma se refere através dos tempos; investiga-se o direito 
anterior; 
• Sistemático: é procurado o sentido da regra jurídica, verificando a 
posição em que a mesma se encarta no diploma legal e as relações 
desta com as demais regras no mesmo contidas; 
• Teleológico: é emprestado maior relevância al elemento finalístico, 
busca o sentido da regra jurídica, tendo em vista o fim para o qual foi 
ela elaborada. Pode ser ainda: autêntica, doutrinária, jurisprudencial, 
lógica, de direito comparado, extensiva e restritiva. 
 
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***Deverá haver interpretação literal (art. 111 CTN): 
d) suspensão ou exclusão do crédito tributário; 
e) outorga de isenção; 
f) dispensa do cumprimento de obrigações tributarias acessórias. 
***Interpretação benigna – “pro contribuinte”: 
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina 
penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao 
acusado, em caso de dúvida quanto: 
I - à capitulação legal do fato; 
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza 
ou extensão dos seus efeitos; 
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; 
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. 
 
 
Domicílio tributário 
REGRA: ELEIÇÃO DO DOMICÍLIO: 
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de 
domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se 
como tal: 
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo 
esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; 
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas 
individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos 
que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; 
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas 
repartições no territórioda entidade tributante. 
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em 
qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio 
tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos 
bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à 
obrigação. 
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§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, 
quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização 
do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior. 
 
9 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
Hipótese de incidência tributária 
 
 REGRA 
MATRIZ DE 
INCIDÊNCIA 
TRIBUTÁRIA 
(Paulo de 
Barros 
Carvalho) 
 
HIPÓTESE 
(descritor) 
Critério 
material 
ser 
proprietário 
de 
propriedade 
territorial; 
 Critério 
espacial 
Curitiba 
 Critério 
temporal 
01/01/2018 
CONSEQÜÊNCI
A (prescritor) 
 
 Critério 
pessoal 
a) sujeito 
ativo; (Ctba) 
b) sujeito 
passivo; 
(Fulado) 
 
 Critério 
quantitativo 
a) alíquota 
(2,5%) 
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44 
b) base de 
cálculo (valor 
venal) 
 
O antecedente da norma há de significar, sempre, “a descrição normativa 
de um evento que, concretizado no nível das realidades materiais, fará 
irromper o vínculo abstrato que o legislador estipulou na consequência”. 
Chamaremos referido evento, quando abstratamente previsto na lei, de 
hipótese tributária ou hipótese de incidência. Verificada, no mundo dos 
fatos, a situação descrita no antecedente, que desencadeia a relação 
jurídica contida no consequente, falaremos em fato jurídico tributário ou 
fato gerador. 
Em outras palavras, o antecedente da regra matriz de incidência nada mais 
é do que uma situação em que alguém, em dados momento (critério 
temporal) e lugar (critério espacial), pratica uma conduta (critério material) 
apta a gerar a obrigação de pagar um tributo. 
O aspecto material diz respeito apenas a um comportamento; tal 
comportamento, salientemos desde já, será condicionado pelas 
circunstâncias de tempo e espaço. Além disso, a conduta em comento deve 
ser representada sempre por um verbo pessoal e de predicação 
incompleta, o que implica necessariamente a existência de um 
complemento. 
. 
É o aspecto temporal da regra matriz que determina a partir de que 
momento surgirá o dever jurídico de pagar o tributo; em outras palavras, o 
aspecto temporal determina o exato instante ao qual se reportam os efeitos 
da obrigação tributária. No exemplo citado anteriormente, o aspecto 
temporal da regra matriz do IPVA é a data de 1º de janeiro de cada ano. 
O aspecto espacial da regra matriz de incidência está relacionado ao “local 
em que o fato deve ocorrer, a fim de que irradie os efeitos que lhe são 
característicos13”. 
 
13 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 253. 
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45 
Enquanto o antecedente da norma tributária está relacionado à descrição 
objetiva do fato, o consequente da norma diz respeito à relação jurídica 
decorrente da conduta praticada em determinados tempo e local. Como 
consequência da hipótese tributária, alguém será obrigado a pagar a algum 
ente da Federação determinada quantia em dinheiro. 
O aspecto subjetivo da regra matriz de incidência aponta os sujeitos da 
relação jurídica constante do consequente da norma. Quando se fala em 
aspecto subjetivo está-se falando tanto da pessoa obrigada ao pagamento 
do tributo quanto do ente público credor da referida obrigação. O sujeito 
ativo da obrigação, nos termos do CTN, é a pessoa jurídica de direito público 
titular da competência para exigir o seu cumprimento (CTN, art. 119), 
enquanto o sujeito passivo da obrigação é a pessoa obrigada ao 
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (CTN, art. 121). 
 
O aspecto quantitativo da regra-matriz relaciona-se ao cálculo do 
montante do tributo a ser pago pelo sujeito passivo e há de vir expresso 
pela conjugação de 2 (duas) entidades: alíquota e base de cálculo. Em 
resumo, o aspecto quantitativo define precisamente a dívida tributária. 
A base de cálculo é grandeza integrante do aspecto quantitativo que, além 
da função de – conjugada à alíquota – definir o quantum a ser pago pelo 
sujeito passivo da obrigação tributária, possui outras 2 (duas) missões de 
grande relevância, quais sejam: a) medir as proporções reais do fato jurídico 
tributário14 e; b) confirmar, infirmar ou afirmar o verdadeiro aspecto 
material da descrição contida no antecedente da norma15. 
A alíquota, por sua vez, é o componente aritmético que se conjuga à base 
de cálculo para determinar a quantia objeto da prestação tributária, 
podendo assumir 2 (duas) feições: a) um valor monetário, fixo ou variável 
e; b) uma fração, percentual ou não. A alíquota do IPVA, por exemplo, é um 
percentual incidente sobre o valor do veículo; tal valor é fixado por lei do 
Estado competente para sua instituição. 
 
 
14 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 324. 
15 Idem, p. 325. 
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Obrigação Tributária: 
 
A relação tributária surge da ocorrência de um fato previsto em uma norma 
como capaz de produzir esse efeito; a lei descreve um fato e atribui a este 
o efeito de criar uma relação entre alguém e o Estado. 
 
Obrigação principal: tem por objeto, o pagamento de tributo, tem sempre 
conteúdo patrimonial. (art. 114 CTN: Art. 114. Fato gerador da obrigação 
principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua 
ocorrência). 
 
Obrigação Acessória: decorre da legislação tributária e tem por objeto as 
prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da 
arrecadação ou da fiscalização dos tributos (art. 113, § 2º CTN). Paulo de 
Barros Carvalho entende que em ao invés de obrigações acessórias seriam 
deveres instrumentais. E para Ives Gandra Martins, seria obrigação 
administrativa. Podendo segundo a linguagem do CTN, se não paga, virar 
obrigação principal. 
 
Classificação do Fato Gerador: 
a) Instantâneo: quando ocorre num dado momento no tempo, através 
de um ato ou fato que o caracteriza e faz nascer a obrigação 
tributária. Ex. IE. 
 
b) Periódico: no caso em que sua configuração prolonga-se no tempo 
até completar-se. Ex. IR. 
 
c) Continuado: é representado por uma situação que se prolonga no 
tempo. Ex. IPTU. 
 
• do direito aplicável (Art. 117 CTN). Ex. registro do imóvel 
 
 
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Momento da ocorrência do Fato Gerador: 
 
Art. 116 do Código Tributário Nacional que, salvo disposição de lei em 
contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos 
(nascimento da obrigação tributária): 
 
• situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as 
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que 
normalmente lhe são próprios. ex. entrada da mercadoria em 
território brasileiro. Exemplo: saída de mercadoria do 
estabelecimento comercial 
 
• situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente 
constituída, nos termos do direito aplicável (Art. 117 CTN). Ex. 
registro do imóvel 
 
 
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo 
disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos 
condicionais reputam-se perfeitos e acabados: 
 
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu 
implemento; (ex. casamento, compromisso de compra e venda) 
 
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato 
ou da celebração do negócio. (retrovenda) 
 
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Validade do negócio jurídico e efeitos tributários: 
 
Art. 118. A definição legal do

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