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Dto Int Privado - Resumo T (Santíssima Trindade)

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Dto Internacional Privado - Prof. Anabela Gonçalves (Aulas T 2018) 
I - INTRODUÇÃO 08.02.18 1. Noção, objeto e âmbito do DIP 
1.1 A NOÇÃO DO DIP [a designação para indicar esta disc juríd deve-se a JOSEPH STORY, (jurista EUA 1779- 1845)] 
Estudo das relações jurídico-privadas internacionais. Costuma dizer-se q são relações plurilocalizadas, heterogéneas, etc. EX: Deseja-se analisar a validade de um Casamento em Portugal. Qual é a particularidade? O casamento foi celebrado de forma válida? A especificidade do nosso ex: Casamento celebrado entre 2 chineses na China. Foi celebrado de acordo com a forma legal? Isto interessa, atualmente com as correntes migratórias, a quantidade de imigrantes q existem em Portugal, se se coloca, por ex, a questão de testamento? No caso do casamento entre 2 chineses, querendo saber a forma da celebração do casamento, está em contacto com mais do q uma ordem jurídica. Qual a lei q avalia a forma do casamento? 25 ss. Estas normas são normas de conflito. 50 - tinha de se aplicar a lei chinesa, lei do lugar onde o ato foi celebrado. 
1.2 OBJECTO DO DIP 
É a regulamentação das relações internacionais privadas. É aquele ramo do Dto onde se encontra os princípios e as regras q visam regular a ordenação das relações privadas internacionais. É uma relação privada: as partes não são dotadas de poder estadual. São relações juríds (RJ) q se estabelecem entre pessoas q não estão dotadas de qq poder de autoridade. A classificação das RJ internacionais privadas (nunca públicas) 
Para tal, tem de se recorrer à classificação de DANIEL JOSEPHUS JITTA (jurista holandês 1854-1925). Este autor faz uma distinção tripartida das relações privadas: 
i. Relações privadas puramente internas: são aquelas q estão em contacto apenas com uma ordem jurídica (OJ), q é a OJ do foro (OJ a q pertence o órgão q aplica o Dto). EX: num CCV entre 2 portugueses celebrados em Portugal, de um imóvel localizado em Portugal. É uma RJ privada e está em contacto apenas com uma OJ, a do foro (se uma das partes não cumpre e outra das partes se dirige a Trib). É uma relação puramente interna. Não tem problemas de DIP. 
ii. Relações privadas relativamente internacionais: são aquelas RJ puramente internas em relação a uma OJ, q não é a do foro. EX: 2 alemães casam-se na Alemanha e depois emigram para Portugal e aqui coloca-se a questão de saber se se casaram validamente. É puramente interna em relação à Alemanha, mas não em relação a Portugal (é relativamente internacl). Aqui põe-se um problema de reconhecimento de dtos adquiridos no estrangeiro. Não de escolha de lei. Quer-se casar e quer-se q o casamento seja reconhecido em todo o mundo. Nestas relações a questão q se coloca é de reconhecimento de dtos adquiridos no estrangeiro. 
iii. Relações privadas absolutamente internacionais: estão em contacto com mais do q uma OJ desde a sua constituição. Ie, ab initio são situações q suscitam um problema de escolha de lei. EX: um Português (nacional português), com residência habitual em França, casa-se na Alemanha, com uma Francesa (nacional francesa) com residência habitual em França. 
Qual é a lei q vai ser aplicada? É um problema de escolha de lei (choice of law), é um conflito de leis, sendo necessário saber qual se aplica. É o exemplo de uma situação plurilocalizada, de q o DIP se ocupa e q o DIP visa regular. O DIP ocupa-se de 2 tipos de RJ: as relativamente internacionais e absolutamente internacionais. 
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1.3 IMPORTÂNCIA DO DIP 
Nos anos 60/70 a afluência ao DIP, ie, às relações internacionais privadas, era devida aos emigrantes, mas hoje em dia o DIP não é tão limitado como era nessa época. A evolução do DIP não se deve somente aos trabalhadores. Verifica-se a vários níveis: quer empresas, quer contratos internacionais (EX: amazon, etc). A matéria de DIP é muito importante, em função da gde mobilidade a diferentes níveis. As empresas internacionalizaram-se, o capital internacionalizou-se, entre tantos outros fatores. EX: comprar um secador em Espanha, há responsabilidade do produtor. Para se lidar com estas matérias tem de se partir de alguns princípios. Tem de ter-se em atenção q o DIP visa garantir a estabilid e continuidade das RJ e dos dtos adquiridos, até para salvaguardar as legítimas expectativas e interesses dos indivíduos. Isto é extremamente importante, sobretudo pela UE. 
1.4 ÂMBITO DO DIP (sua delimitação) 
O DIP enquanto ramo do dto objetivo, compreende as: -> Normas de conflito - NC (25 a 65) 
É uma norma q diz em q lei se vai procurar a regulamentação daquela questão privada internacional. Há NC de várias fontes (Nacional – 25 a 65; UE – EX: Regulam. Roma 1 e 2 e Internacs – EX: Conv de Roma). -> Normas acessórias de NC (14 a 24) 
Não interessa apenas saber em q lei se vai procurar a regulamentação da questão. Há outras normas q controlam e corrigem o resultado da aplicação de certa lei. Precisa-se de outras normas (acessórias) q fazem uma espécie de controlo, de correção material, do q foi dito pelas NC. 
As relaçs relativamente internacionais suscitam um problema de reconheciment de normas estrangs. EX: 2 portugueses emigraram para o Inglaterra e lá fizeram vida. A certa altura o marido batia na mulher e a mulher batia no marido. Devido a estas agressões eles divorciam-se lá, passado uns meses, a mulher vem propor nova ação em Portugal, sendo que, o marido vem dizer q já se tinha divorciado. Exemplo de normas acessórias (5): 
1. Normas de reconhecimento de sentenças estrangeiras ou outros atos públicos estrangeiros sobre dtos privados. Outros atos públicos podem ser decisões de conservador e não apenas sentenças. No Dto Interno: 978 CPC. No âmbito da UE: Conv de Bruxelas de 1968 (Regulamento 1215/17 – Bruxelas 1) 
2. Reconhecimento de sentenças proferidas por tribs arbitrais, é tb relevante incluir aqui. 
Além destas normas há outras q caem no âmbito do DIP pq ou complementam ou são pressupostos dos 2 grupos anteriores. Quais são estas normas? 3. Normas sobre competência internacional – resolvem conflitos de jurisdição, ie, sobre a competência dos órgãos jurisdicionais. EX: 62, 63 CPC e no Regulamento Bruxelas I - bis. No Reg Bruxelas I há uma uniformização de competência internacional e de atos públicos. Atualmente dentro da UE há um reconhecimento automático de sentenças estrangeiras, isso significa q já não há o Pd Exequatur. As regras de competência internacional são o pressuposto das regras de reconhecimento. 
4. Normas de dto da nacionalidade - estabelecem um conj de princípios e regras de aquisição (atribuição), de manutenção e perda de nacionalidade desse estado. São norma de dto material que regulam diretamente as questões e têm natureza heterogénea. Podem ser limites à aplicação de NC no espaço ou um pressuposto de aplicação destas. A nacionalidade é um elemento de conexão relevante do DIP em matérias de estatuto pessoal. Na nossa OJ a lei da nacionalidade é a lei 37/81 de 03.10. 
5. Normas dos dtos de estrangeiros (área q tb é importante para o DIP) - conj de normas q definem a capacidade dos estrangeiros de serem titulares de dtos por contraposição aos dtos reconhecidos aos nacionais. 
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3. Métodos (programa detalhado 2) 
3.1 MODOS (possíveis) DE REGULAMENTAÇÃO DAS RELAÇÕES PRIVADAS INTERNACIONAIS 
Os modos são fundamentalmente três métodos, q podem ser reconduzidos a duas vias. Assim há uma distinção entre a via de regulamentação: a. Método (via) material substancialista (3.1.1 e 3.1.2) b. Método (via) conflitual - Aplicação da lei designada através de NC (3.1.3) 
a. MÉTODO (via) MATERIAL SUBSTANCIALISTA 
3.1.1 Aplicação do Dto Material do Foro 
3.1.1.1 Aplicação do Dto Material Comum; 3.1.1.2 Aplicação do Dto Material Especial. 3.1.2 Aplicação do Dto Material Uniforme 
3.1.2.1 Aplicável tanto às relações privadas internas como às relações privadas internacionais; 3.1.2.2Aplicável apenas às relações privadas internacionais (Dto do Comércio Internacional); 3.1.2.3 Não é especificamente um método - Lex mercatoria e Leis modelos (direito flexível). 
3.1.1 Dto material do foro Este dto material do foro (onde é intentada a ação ou onde se localiza o órgão) divide- se em dto comum e dto especial. O dto material são normas q regulamentam diretamente a questão. EX: 879. 
3.1.1.1 Dto material comum do foro Uma das formas possíveis de regulamentação é recorrer ao dto material comum do foro: são todas aquelas normas materiais q pertencem à OJ da ordem de aplicação do dto. Isto, na realidade, significaria q se trataria uma relação privada internacional como se ela fosse interna. É conhecido como o sistema territorialista. EX: CCV de um prédio rústico celebrado em França. Celebrado por escrito particular lá, o Código Francês permite tal celebração. Por qq razão a validade deste contrato é apreciada em Portugal. Será q aplicar este método é a forma correta? 
-> Vantagens: a boa administração da justiça (não há dto q os tribunais do foro melhor conheçam); Não é necessário provar nem indagar o conteúdo do dto estrangeiro (seria mais fácil). -> Desvantagens (é em função delas q não é aceite hoje em dia): i. A segurança e certeza jurídicas, pois a solução variava em função do estado do foro; ii. Originava grande imprevisibilidade da resolução das questões, uma vez q se teria a expectativa q a 
questão fosse apreciada em função da lei daquele país; iii. Haveria desarmonia internacional de decisões pela variação da solução em função do tribunal em q a 
questão fosse julgada. iv. Poderia acontecer abuso de dto, o forum shopping, uma das partes iria sempre atrás do q lhe fosse 
mais favorável. Poria em causa o princípio da igualdade das partes. 
3.1.1.2 Dto material especial do foro (diferente do anterior) Normas materiais criadas especialmente para regular as relações privadas internacionais: i. Normas materiais de DIP - estão no meio das NC, ajudam estabelecendo limites, complementos ou pressupostos. EXs no nosso ordenamento: 
-> 51.3 - aplica-se a Cs celebrados entre portugueses no estrangeiro. Regula uma questão em concreto; 
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-> 54.2 -> 3 CSC - diz q as sociedades comerciais podem transferir a sua sede (o motivo fiscal é um deles), de PT para o estrangeiro e vice-versa, mas no 2o caso deve conformar/adaptar o contrato social com a lei nacional; 
-> 27.2 - nós só reconhecemos tutela jurídica q exista em Portugal. 
ii. Normas de aplicação imediata (NAI) ou normas internacionalmente imperativas - são normas, materiais, especiais do foro, espacialmente autolimitadas (elas pp dizem qd se aplicam). Visam salvaguardar valores imprescindíveis/fundamentais para a ordem jurídica /estado do foro. Pelo fim social q visam atingir e pela sua densidade valorativa reclamam a sua aplicação independentemente do âmbito de competência da OJ a q pertencem derrogando o sistema conflitual do Estado do foro. O legislador quer proteger. Estas normas foram, na doutrina mais contemporânea, reconhecidas por PHOCION FRANCESCAKIS (Creta 1910-Paris 1992). Um dos trabalhos mais importantes sobre as NAI é de um autor português ANTÓNIO MARQUES DOS SANTOS (Coimbra 1938-2003). EXs no nosso ordenamento: 
-> 2223 - qdo o testamento é feito por um cidadão português no estrangeiro (o legislador quis proteger a vontade do testador nacional). Há estados em q se permite testamentos hológrafos, sem garantia de um 3o de q a vontade era real. O nosso legislador quer proteger um valor fundamental. É uma norma material de regulamentação, q diz qdo se aplica, é uma norma material especial. 
-> 1682-A.2 - casa de morada de família -> 64 Cód dos Autores -> 3.3 Cod Propriedade Industrial Para q estas normas se apliquem tem de haver uma ligação entre a questão em causa e a OJ. EX: para uma norma deste tipo se aplicar a uma RJ privada tem de haver ligação com essa questão. iii. Normas de dtos estrangeiros - regulam a capacidade dos estrangeiros adquirirem dtos privados. EX: tripulantes dos navios nacionais têm de ter a nossa nacionalidade ou de um EM da UE. 
3.1.2 Direito privado material uniforme Pode assumir uma de 2 vertentes: 
3.1.2.1 Aplicável às relações privadas internas e relações privadas internacionais; 3.1.2.2 Aplicável apenas às relações privadas internacionais (Direito do Comércio Internacional). 3.1.2.1 Normas q se aplicam tanto a relações internas como às relações privadas internacionais São normas materiais (leis) comuns a vários estados e resultam de convenções internacionais supraestaduais. EX: A Convenção de Genebra sobre Letras, Livranças e a Convenção de Genebra dos Cheques - 1930 e 1931. Aplicam-se às RJ dos estados contratantes. Nos pequenos âmbitos em q são aplicadas levantam-se conflitos de lei, por suscitar dúvidas, desde logo, qto à interpretação das normas. Cada trib, de cada estado, membro dessa Convenção, interpreta as normas, de distintas formas, gerando desuniformidades (no q deveria ser uniforme). EX: Dúvida sobre a interpretação da presunção do 31o parágrafo, 4o LULL - era ilidível ou não? Os tribs franceses consideraram uma presunção não ilidível e os tribs alemães consideraram ilidíveis. Aquilo q seria uma norma uniforme, é interpretada de forma diferente. 
Lacunas, o mm pode ser dito em relação a elas, pois no dto uniforme têm de ser integradas pelos tribs de vários estados. De forma a não se ter uma integração de lacunas de Estado para Estado, isto só se pode resolver através de NC. Esta questão é ultrapassada no âmbito do DUE, não havendo estas desuniformidades, uma vez q, neste âmbito há um órgão judicial q diz como interpretar este dto de fonte europeia (TJUE). 
No âmbito da UE tb existe dto material uniforme. EX: Regulamento 2027/97 de 09.1997 relativo às transportadoras aéreas em caso de acidente, aplicável tanto a relações internas, como internacionais. 
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3.1.2.2 Normas aplicáveis só a relações privadas internacionais Assumem a designação de Dto do Comércio Internacional (EX: Conv de Varsóvia, Conv de Viena sobre o CCV internacional de mercadorias). Este dto material uniforme denomina-se de DCI, e tem grandes vantagens: 
i. Está-se perante normas especificamente formuladas para regulamentar questões privads internacionais, mais ajustadas a este tipo de questões juríds. 
ii. No âmbito destas normas, se elas tiverem como fonte uma Convenção Internacional, pode ter-se o mm problema a nível de interpret de lacunas. Qdo são de fte internacionl há normas q dizem como a Conv deve ser interpretada. Por norma diz-se q se deve recorrer aos princs inspiradores, a trabalhos preparatórios, etc. 
A Conv de Viena sobre o Dto dos Tratados: apesar de Portugal não ser signatário dessa Conv considera-se q está em vigor em Portugal pq é uma codificação de costume internacional. No âmbito do DUE há a interpretação do TJUE q ajuda a ultrapassar os problemas de interpretação e integração da norma. 
Um ex de uma Convenção referente a DCI q é extremamente importante pq tem cerca de 80 EMs (China, EUA, Japão, Alemanha, França, Brasil, etc), é a Conv de Viena de 1980 sobre CCV de mercadorias. 
O Estado Português não a ratificou, apesar de ter participado nos trabalhos preparatórios representado por ISABEL MAGALHÃES COLLAÇO (Coimbra 1926 – Lisboa 2004; foi a 1a mulher a doutorar-se em Portugal). Como foi dito, são normas materiais, mas pensadas especificamente para as dificuldades q surgem no âmbito das questões privadas internacionais. Outra vantagem, desde q a situação em causa caia no âmbito daquela Convenção, é o facto de se eliminarem todos os problemas de lei aplicável. EX: Se Portugal for parte contratante de uma Convenção destas de dto uniforme (Convenção de Montreal), ao viajar-se e a bagagem desaparece, vai-se aplicar as normas desta Convenção. 
Não existem questões sobre ‘‘qual a lei aplicável?”.A vantagem é enorme. A convenção de Viena sobre o contrato de CCV de mercadorias traria enormíssimas vantagens para o dto português, gera segurança juríd, previsibilidade das soluções e harmonia internacional. Outra vantagem é ainda: Como o reg aplicável em vários Estados é o mm, é mais fácil o conhecimento deste pelos interessados e muito menos oneroso. 
É claro q tb são apontadas a estes tipos de normas desvantagens: i. Abrangência apenas de áreas setoriais/parcelares EX: Conv Viena sobre CCV só abrange esses contratos ii. A unificação é sp morosa e difícil São necessárias negociações de anos e décadas para alcançar o consenso. 
iii. A unificação é difícil em certas áreas Áreas q reflitam aspetos culturais de cada estado pode ser muito complicado. EX: Dto da Família. 
Este dto material uniforme é sectorial, só existe em certas áreas, pela dificuldade de criação de normas materiais uniformes. Mm nestes aspetos sectoriais, mm nestas áreas em q existe estes, o problema é q nem sp há unidade: nem todos os Estados do mundo fazem parte. A convenção de Viena sobre CCV de mercadorias, por ex, se a questão se colocar cá, como Portugal não é parte, haverá sp conflito de leis. 
iv. Não há uma adesão universal dos Estados. As Convenções de Haia são assim denominadas pq em Haia há a Conferência de Haia q se dedica à unificação do dto privado. Há o exemplo/experiência da Convenção de Haia - há certos Estados q aderem com mais facilidade a umas matérias do q outras. 
Mm no âmbito deste dto material uniforme, sabendo-se q a unificação não é geral, há outro problema: interpretação e integração de lacunas. A maior parte destas Convenções podem levar a recurso à Conv de Viena sobre interpret de Tratados, exceto qto ao dto material uniforme, q tem como fonte a UE. 
Este dto material uniforme, para ser aplicado, tem de existir uma ligação entre o Estado q contratou e o Estado q assinou a Conv. Esta ligação, geralmente, ocorre através da existência de uma norma q estabelece os trâmites q a Conv deve ser aplicada. O 1 da Conv de Viena contém esses trâmites de ligação. As partes têm, no 1, de ter estabelecimento em estados contratantes, para q esta Conv possa ser aplicada. EX: Se as nossas NC disserem q a determinada questão se aplica determinada lei, e o Estado dessa lei é contratante, aplica-se, então, a Convenção. 
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É necessária a ligação entre a situação e o Estado onde essas normas vigoram. 
O 1 da Convenção de Viena é uma norma de conexão: estabelece condições em q aquela Convenção se vai aplicar. Determinam o critério de nacionalidade relevante ou a ligação apropriada. 
Isto para dizer q, apesar do dto material uniforme ser uma forma da regulamentação das relações privadas internacionais, não é um meio independente. Ele precisa das chamadas NC (ligações - conexões). Conclui-se assim, q estas normas materiais de dto uniforme precisam de um método conflitual. 
Os modos de regulamentação, resumem-se a 2 grandes métodos: substantivo e conflitual. 
Estes métodos, apesar de diferentes, têm pontos de diálogo. Não são totalmente alternativos / independs. 
3.1.2.3 - Lex mercatoria (1) e Leis modelos - dto flexível (2) - não é especificamente um método 1. Lex mercatoria: é um complexo de normas materiais, conhecido como sendo constituído pelos usos ou práticas do comércio internacional e tem um gde relevo a nível da arbitragem internacional q os valoriza. 
Apesar disso esta não é aceite pelos Estados como constituindo verdadeiras OJs estaduais. Alguns estados olham para a Lex Mercatoria como sendo incompleta: tutela da parte mais fraca, entre outras. Como tal, não lhes é atribuída por determinados tribs a natureza de verdadeiras normas juríds. Apesar disso, os tribs tratam este modo como uma forma de integrar a vontade das partes. EX: Há regras q são cumpridas no âmbito do transport internac, são usos e práticas do comércio internac. Dentro da lex mercatoria (costuma sair nos testes com um contrato internacional) há 2 corpos normativos: 
-> Princípios relativos aos contratos de comércio internacional da UNIDROIT Organizaç Internacional q tem sede em Roma e q tem como grande missão uniformizar dto privado. 
-> Princípios do Dto Europeu dos Contratos (Elaborados no âmbito da UE) Pretendem transmitir um fundo comum a todos os Estados da UE, uma espécie de lex mercatoria codificada. Existem em 1o lugar para q os EM possam modelar a sua OJ a eles e para os pps sujeitos de Dto privado se servirem daqueles contratos. 2. Direito flexível, soft law: é constituído por leis modelo (EX: A da arbitragem internacional da Comissão das NU q regula o comércio internacional) q são corpos de regras uniformes, propostas ou recomendadas aos Estados para eles adotarem, no âmbito do Dto interno. 
b. O MÉTODO (via) CONFLITUAL 
3.1.3 Aplicação da lei designada através de NC de leis no espaço EX: 49, 46, 31. O 49 é uma NC q vai regular a questão através da remissão para outra norma, nomeadamente a da nacionalidade. Ie, há uma atribuição de competência para regulamentação da questão. A NC diz q para resolver uma relação privada internacional, q no caso seria a possibilidade de alguém contrair C, remete para uma OJ q está ligada àquela situação, através de um elemento de conexão: a nacionalidade. É esta q leva a q certa OJ seja declarada competente. O 46 EX: Um PT compra uma casa localizada em Ibiza. A lei será a Espanhola (o sítio onde a coisa se localiza). A NC remete através de um elemento de conexão q é o território, para uma determinada OJ q está em contacto com a situação. O 46 diz q é o lugar da localização da coisa o competente para a transmissão de DRs. 
3.2 AS NORMAS DE CONFLITO DE LEIS NO ESPAÇO NC - 2 Pressupostos 
-> Existência de limites espaciais à aplicação do dto: Isto significa q as OJs não têm aplicação universal, não vale para todas as situações da vida. A OJ de um certo Estado, só se pode aplicar a uma situação q tenha uma ligação com esse Estado. 
-> Diversidade/Pluralidade de OJs: O método conflitual é um método q se funda na diversidade das OJs. Costuma-se dizer q este método é um método q torna o DIP tolerante à diversidade de dtos. Permite q o órgão aplicador de dto, trabalhe com um dto de vários estados. 
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Funções das NC 
-> Limitam o âmbito de aplicação do dto do foro. Estado de foro: local onde se localiza o órgão q resolve a questão 
-> Conferem eficácia na OJ interna a normas materiais estrangeiras. O 46 tem uma ampla função. EX: Português compra um imóvel sito em Ibiza. Quer saber-se qdo se transmitiu o dto de propriedade? É uma questão privada internacional. O juiz português para saber qual é a lei, tem de ir ao 46 e decide q ao caso se aplica lei espanhola. O 46 permite a um juiz português aplicar dto estrangeiro em Portugal -> 2a função EX: situação inversa. O juiz vai ter q aplicar o 46. Aplicaria a lei portuguesa -> 1a função 
09.02.18 3.2.1 Caraterísticas das NC (6) 1. Normas formais ou indiretas - Por oposição às normas materiais ou de regulamentação. 
São-no pq elas pps não fornecem a regulamentação da questão. Limitam-se a fornecer o dto material ou estrangeiro onde se procura a regulamentação das questões, por remissão. 2. Normas de remissão ou de conexão 
Remetem para um sistema juríd onde se vai procurar a regulamentação da questão sub judice. Fazem-no destacando um elemento da vida q faz designar a OJ competente. EX: a nacionalidade e o lugar da situação da coisa (arts supramencionados a título de ex anterior). Há vários elementos de conexão. 3. Normas imperativas ou injuntivas 
A aplicação da lei q elas designam não está na disponibilidade das partes o seu afastamento. Não são, de todo, normas supletivas. 4. Normas q operam por categorias de RJ ou questões jurídicas EX: 25 - a lei pessoal é a lei da nacionalidade. EX: 36 - regula a forma da declaração. 
Isto são questões jurídicas, aspetosparcelares de uma RJ. Há outras NC q dizem respeito à aplicação jurídica no seu todo. EX: 41 e 42 - dizem respeito a obrigações contratuais e o 46 (supramencionado). (caso de Depeçage) EX: É celebrado em Itália um CCV cujo objeto é um imóvel sito em França, entre um Português e as partes escolhem como lei reguladora do contrato a lei Suíça. 
• Capacidade: é regulada pela Lei Pessoal. As partes têm capacidade negocial de exercício para celebrar o contrato (25). Assim, ao português aplica-se a lei PT, para saber se tem capacidade - Portugal. 
• Forma: 9 do Roma I – Reg. 593/2008 aplicável aos contratos internacionais. Lei do lugar da celebraç - Itália. 
• Substância do contrato: 3 do Roma I – Reg. 593/2008. As partes escolheram a lei reguladora - Suíça. 
• Direitos Reais (transferência do dto de propriedade): 46, lei do lugar da localização da coisa - França. Daqui decorre q a mm questão internacional pode ser regulada por várias OJs, aplicando uma lei específica a cada questão. Ie, a diferentes partes da RJ aplica-se uma NC diferente e uma lei diferente. A isto se chama DEPEÇAGE- desmembramento da RJ O método conflitual trabalha com NCs. 
EX: Um juiz português ao resolver um caso com conflito de normas, pode aplicar dto estrangeiro através de um elemento de conexão. É necessária uma norma portuguesa q remeta para uma OJ estrangeira. A 1a coisa a fazer: saber se há essa NC com elemento de conexão para o caso. 5. Em princípio determina a lei melhor localizada 
Por regra, a NC vai designar, dentro das leis q estão ligadas à situação, a lei melhor localizável tendo em conta os princípios do DIP. Aquela q tem uma conexão espacial com os factos mais relevante. E por isso, 
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tradicionalmente, as NC têm um cariz localizador. 
Contudo, há exceções, ie, há NC q têm natureza material, ie, a tal conexão q diz qual a lei aplicável e a configuração da pp norma é feita para atingir um certo resultado material q o legislador acha importante. EX: Contratos de consumo internacional. 
Há uma parte mais fraca a proteger: o consumidor. Nos contratos em geral as partes podem escolher a lei aplicável (princípio da liberdade contratual - se nas relações internas podem, nas internacionais tb), contudo no contrato de consumo q ocorresse por contrato de adesão o vendedor/comerciante escolheria o q lhe fosse mais favorável e desprotegeria o consumidor. Contudo, nestes contratos de consumo o legislador diz q se as partes quiserem, podem escolher a lei q desejarem, mas aplicam sp as normas imperativas da Convenção de Consumo (NC do 5 da Conv de Roma e a 6 do Reg Roma I – aplicam-se sp as disposições imperativas mais favoráveis à lei da residência habitual). A flexibilização do método conflitual resulta desde logo disto. EX: As partes, portuguesas, escolhem a lei da Califórnia. 
A lei aplicável ao contrato é a da Califórnia, devendo fazer-se uma comparação, se a norma imperativa de PT for mais protetora do Consumidor, aplica-se essa lei. Esta é uma NC de carácter material, substancialista. 6. Há formas de controlar o resultado material a q se chega por aplicação das normas da OJ considerada competente pela NC, através da adaptação e da ROPI 
i. A reserva da ordem pública internacional (ROPI): foi pensada como um limite à aplicação da lei competente qd o resultado dessa aplicação viole os princs fundamentais do estado do foro (22 CC e 16 da Conv Roma, 21 do Roma I, 26 do Roma II), não se pode aplicar a lei estrangeira. Diz, o 22, q a ROPI é um mecanismo, à aplicação de normas materiais estrangeiras ou ao reconhecimento de sentenças estrangeiras, qdo ponha em causa princs fundamentais e traves estruturantes da OJ. Está em causa, a alma da nossa OJ, 2o BAPTISTA MACHADO. 
São situações absolutamente excecionais q não se podem tolerar. Em 1o lugar: Pega-se na NC. Aplica-se a lei estrangeira (se a norma assim o disser). Em 2o lugar: Vê-se q o resultado não é eficaz. Em 3o lugar: Procura-se outra solução na OJ estrangeira ou aplica-se o dto do foro. EX: Análise da capacidade matrimonial de A, iraniano em Portugal, q já é casado com C e quer-se casar em Portugal com B. 49 - A lei pessoal: Lei da nacionalidade. Para averiguar-se a capacidade do iraniano tem de ir à lei iraniana, q permite a poligamia. O Conservador teria de permitir. Contudo, tem de intervir a reserva da ordem pública internacional, prevista no 22. Não sse é cego na aplicação da lei estrangeira. Controla-se o método conflitual com valores materiais. 
ii. A adaptação: Por vezes os tribs têm de controlar o resultado de aplicação no caso, agora, de diferentes leis a uma fig privada internacional. A adaptação pode ser feita: 
-> Adaptação de NC; -> Adaptação de normas materiais. 
Uma das causas q dá origem à adaptação é o Depeçage: resulta da NC operar por categorias de regulações juríds, à mm relação privada internacional podemos aplicar leis diferentes. MARQUES DOS SANTOS: “É como construir um automóvel com peças de marcas diferentes. “No final pode parecer um automóvel, mas pode não funcionar”. Resolve-se isto através da adaptação. EX: CCV de um imóvel sito na Alemanha. As partes escolheram como lei aplicável ao contrato, a lei de PT. Quid iuris? A NC opera por categoria de RJ. Ora, qual é o dto q vai regular os efeitos obrigacionais? Aos efeitos obrigacionais aplica-se a lei PT (879.b.c), à luz do 3 Roma I. Em relação aos efeitos reais temos de recorrer à NC (46). Neste caso, a este efeito real aplicar-se-á a lei alemã. Contudo, lá a transferência do dto de 
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propriedade dá-se por um ato de transmissão de bens com intervenção de uma entidade pública. O objetivo principal (transferência propriedade) não se dá. Esta incongruência resolve-se através da adaptação. Olhar para o 879.a e transforma-se o efeito real em obrigacional (“obrigação de transferência da propriedade ou titularidade do dto” através de um ato notarial). Assim, para o método conflitual atuar é necessário tb olhar para o resultado e perceber se é preciso fazer alguma correção, fazendo-se esta, através da adaptação. 
Desenvolvimento histórico do DIP 
3.2.2 Origem das NC (ie, do método conflitual) – a escola universalista e a harmonia de julgados 
Antes do surgimento do método conflitual (séc XIX) como forma de regulamentação das relações privadas internacionais, já existiam relações privadas internacionais q eram reguladas pelo pr. da territorialidade dado pelas Escolas Estatutárias (Italiana, Francesa, Holandesa – q se situaram entre os sécs XIV e XVIII). 
Como funcionava este método estatutário? Olhavam para as leis às quais chamavam Estatutos, interpretavam-nos e a partir daí determinavam o seu âmbito espacial. Isto fazia-se de forma arcaica, dividiam os estatutos em pessoais, reais e mistos (3 grupos). 
A ideia era a seguinte: -> Estatutos pessoais - aplicavam-se às pessoas q residissem em certo território onde eles vigorassem; -> Estatutos reais – aplicavam-se a todas as coisas imóveis de certo território onde os estatutos vigorassem; -> Estatutos mistos - eram aqueles q se referiam a atos jurídicos, praticados no local onde vigorassem. 
Criticas: -> Caráter rudimentar e difícil do método, com pequeno leque de conexões para resolver as questões de DIP; -> Levantava dificuldades no seu funcionamento, sobretudo na classificação e aplicação dos seus estatutos; -> Estas escolas estatutárias baseavam-se na ideia q a aplicação de dto estrangeiro em certo território implicava a violação de soberania num certo estado, olhando para as relações de um âmbito público. 
Em DIP não se fala de soberania, está já é do âmbito público. Vantagens: Apesar de ser um método muito arcaico, tem ensinamentos atuais q resultam dos estatutários. 
-> Há uma distinção q faziam, q ainda hoje se segue: a lei aplicável ao Pc e a lei aplicável ao fundo da causa. Ao Pc aplica-se sempre dto do foro, ie, em Portugal a qqPc aplica-se sempre dto português. Qdo se for julgar a questão, aí sim, pode aplicar-se dto estrangeiro. 
-> Os estatutários tinham estatutos pessoais, hoje tal é vertido no 25. Utiliza-se ainda o estatuto real (46). -> O princ da autonomia da vontade tb vem do estatutário. A certa altura começa a perguntar-se às pessoas qual era o seu estatuto e a pessoa dizia o q queria, surgindo assim este princípio - deixar às partes a escolha. O princípio de que os atos juríds são regulados pelo lugar onde são celebrados (36). 
-> Do método estatutário tb vem outra coisa: o método das NAI, elas dizem onde se podem aplicar. 
Contudo, aparece a ideia de universalismo. O método conflitual vem de FRIEDRICH CARL von SAVIGNY (Alem. 1779-1861), partindo este do pressuposto da igualdade entre OJs. Para ele as OJs estão numa posição de igualdade (até aqui dizia-se q aplicar o dto estrangeiro era contra a soberania dos Estados). 
As nações civilizadas têm uma certa identidade, 2o este autor, esta resulta dos princípios cristãos q as OJs partilham. Resulta daqui q a OJ do foro está numa posição de igualdade com as OJs estrangeiras. 
SAVIGNY parte da ideia das obrigações jurídicas. A cada categoria de RJs aplica-se uma sede, q tem de ser encontrada. Aos DRs, por ex, aplicar-se-á a lei da sede da RJ. A sede da RJ, atualmente, seria a lei q tem mais conexão/melhor localizada com a RJ. A sede da RJ será a OJ q tem uma conexão mais estreita. 
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SAVIGNY defendia q o encontro da sede é essencial: o encontro da OJ q está melhor relacionada com a questão. Nos DRs, por ex, é a lei da localização do imóvel. Isto pq gera riqueza, a maior ligação é, então, quase q obviamente, com o lugar de localização do imóvel. 
Regra geral, as NC têm uma natureza localizadora: vai aplicar-se a q tem uma conexão mais estreita. SAVIGNY defendia q o objetivo final do DIP seria a harmonia jurídica internacional ou a harmonia de julgados. Ie, dizia q as RJs esperam a mm solução onde quer q sejam julgadas. 
O objetivo na regulamentação do DIP é este. Isto só é possível se todos os estados adotarem as mms NC, ie, se à mm situação juríd aplicarem a mm sede. Há efetivamente certas NC q são idênticas em determinados Estados, por ex, a nível de DR, de atos juríds. Em todos estes casos há harmonia de julgados, cumprindo assim o superior interesse do DIP. 
2o esta ideia o DIP não tinha nenhum objetivo material, era um objetivo formal ou iminentemente formal. Qdo se diz q o DIP quer obter a harmonia de julgados - é um objetivo formal. Isto só era verdade no séc. XIX. 
3.2.3 As críticas norte-americanas Nos anos 30 do séc XX surge nos EUA a revolução metodológica do DIP. Nos EUA cada Estado tem legislação específica, cada tem o seu pp dto, sendo maioritariamente de origem jurisprudencial, com exceção do Louisiana, q tem CC. Aquilo q se fala de relações privadas internacionais eles têm dentro do pp país. Eles encontraram uma forma de esta diferença não prejudicar a sua competitividade. A doutrina norte-americana começa a olhar e a suscitar algumas críticas ao método conflitual: 
i. Excessivamente formal; ii. Não tem em conta considerações de justiça materiais, onde há valores q têm de ser salvaguardados; iii. Não tem em conta interesses dos pps Estados e q era inadequado às especificids do comércio internacion. Diziam eles q às relações privadas internacionais deviam ser aplicadas normas materiais pensadas para essas mms relações. Não era fazer como o método conflitual q manda aplicar dto interno dos Estados. Começam a surgir propostas doutrinais q os tribs norte-americanos efetivamente aplicam. 
A doutrina faz então propostas, tendo estas sido aplicadas pelos tribs dos EUA, tais como: 
• David Cavers - q sugere o result selective approach: abordagem seletiva de um resultado. O trib deve aplicar a q ache preferível, tendo em conta os resultados materiais a q a norma conduz. 
• Robert Leflar – em 1966 diz q se deve aplicar uma better law (melhor norma), ie a q abstratamente parece melhor, será a aplicada. 
• Artur Von Mehren - mandava construir soluções materiais ad hoc, o juiz olhava para uma questão e devia construir uma norma mistura das duas OJs. 
• Brainerd Currie - fala de Governmental Interest Analysis, deve olhar-se para as normas de cada OJ e tentar apurar os objetivos de política legislativa e os interesses q cada uma visa proteger e vai aplicar-se a q tem mais interesse em ser aplicada. Se estiver em causa uma OJ de foro e outra estrangeira, o estado q tem mais interesse é o de foro. Se for duas OJs estrangeiras têm de ser analisados os interesses, como é difícil, aplica-se a do foro. Há um caso q aplicou esta teoria: caso Bebcock contra Jackson 
• Backster - teoria de comparactive imparmaint (comparar o prejuízo) - aplicar a lei q dê menos prejuízo. 
• Ehrenzweig - em regra aplica-se a lei do foro. Ás vezes pode aplicar-se lei estrangeira se a do foro o disser. Para tentar resolver isto o American Law institute resolveu flexibilizar as NC, fazendo o 2and Restatements e criando o open ended rules: Espécies de códigos q se propõe aos tribs, mas q não são vinculativos. Estas propostas norte-americanas têm de comum desde logo: hostilidade a NC rígidas e uma decisão case by case, um certo casuísmo, modelação da função em caso concreto. A ideia do casuísmo resulta do primado da justiça do caso concreto q resulta de uma ideia de q há uma justiça superior à harmonia de julgados. Há, tb nestas propostas uma gde tensão para os interesses dos Estados como forma de resolução dos conflitos. 
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Críticas a estas propostas norte-americanas: 
i. Grande parte destas propostas aplica a lei do foro; ii. Este casuísmo excessivo gera incerteza e insegurança jurídica: as partes nunca conseguem prever 
qual será a solução do litígio; iii. A melhor lei do ponto de vista material pode não ser a mais justa. Uma proposta da criação da norma ad hoc. Se as partes não estiverem à espera q seja aplicada aquela solução está-se a ferir as legítimas expectativas das partes. As partes podem não estar à espera q seja aplicada determinada solução. Além dos interesses dos Estados tem de se ter em conta os interesses das partes (é uma relação privada internacional). Tem de se ter em conta os interesses dos indivíduos. iv. Tb a verdade é q nem sp é viável olhar para uma norma e tirar os interesses q ela visa salvaguardar, tirar 
os interesses de política legislativa a aplicar ao caso concreto; A questão é: se isto é assim, os autores norte-americanos tinham fundamento, levaram a uma revolução metodológica do DIP. As normas de conflito rigidamente aplicadas necessitam de flexibilização. Não podem existir normas demasiado formais q se encontrem acima da Constituição. 
3.3 O ATUAL ESTADO METODOLÓGICO DO DIP 
A renovação metodológica revela-se em dois aspetos: 
3.3.1 A abertura do DIP a uma pluralidade de métodos: as normas materiais de DIP e as NAI 
Para a resolução das questões de DIP há o método substancialista e o método conflitual. Neste momento há o recurso a ambos. Disse-se q o método substancialista é um método q funciona de forma diferente do método conflitual, mas para essas normas se aplicarem necessitam de uma certa conexão entre a situação em causa e o local de aplicação. 
Dentro do método substancialista falou-se de NAI. Se existir uma NAI e ela se quiser aplicar, ela aplica-se. 
3.3.2. A flexibilização das NC No atual estado metodológico encontramos a flexibilização das NC de Leis. Há assim outro tipo de NC. Além das NC com natureza localizadora de SAVIGNY. Além das NC já faladas, há as NC materiais e substanciais. Disse-se q são estruturalmente iguais às outras normas, mas têm subjacente uma finalidade material. Relevam para 2o plano o seu caráter localizador. Há vários exs de flexibilização das NC: 
a) normas de conflitos materiais ou substanciais EX: Caso do contratode consumo internacional. (ver p 8) 
b) a conexão mais estreita EX: O contrato de trabalho. -> O 4.1 da Conv de Roma, é uma NC flexível. Ie, o juiz deve aplicar a lei com maior ligação com o contrato. -> O 52.2 diz q se as partes não tiverem residência habitual comum deve aplicar-se a lei com maior conexão. 
c) a cláusula de exceção EX: Cláusulas de exceção. 
São um instrumento de correção das NC clássicas. Visam permitir a aplicação de uma lei com uma conexão mais estreita do q aquela. Como ex. a um caso é aplicável a norma do país X, mas se no caso em concreto existe uma norma com uma conexão mais estreita aplica-se esta (6 Conv de Roma sobre a lei aplicável às convenções contratuais e 8 Roma I). O legislador diz q o juiz deve aplicar ao contrato de trabalho internacional a lei do lugar da prestação habitual do trabalho (6.2 Conv de Roma -‘‘Mas se no caso em concreto se existir uma outra lei com uma conexão mais estreita, aplica-se essa’’). 
Em geral é a lei do lugar da prestação habitual, mas se existir uma lei mais próxima aplica-se essa. Ou seja, a cláusula de exceção corrige a NC, flexibilizando-a. 
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O estado atual metodológico do DIP consagra: 
i. Pluralidade de métodos; ii. Tem em conta valores formais, afastada q está a ideia de DIP formal; iii. Formas de resolução das questões privadas internacionais têm abertura para os interesses dos Estados de maneira excecional; 
iv. Poder acrescentado ao julgador na modelação do resultado. 
AS NORMAS DE APLICAÇÃO IMEDIATA (NAI) - Ver aula tp de 02.03.2018, pág 1, 2 e 3 do resumo TP 
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15.02.18 4. A justiça e os princípios gerais do DIP 
4.1 CONCEITO, RELEVÂNCIA E SIGNIFICADO 
Os princs são a trave mestra de todo o sistema. Há uma importância de reconhecer os princs pois com eles consegue-se encontrar a solução, pois são as traduções normativas daquilo q está nas normas, para integração de lacunas. 
São os princs q permitem dar a unidade ao sist juríd. Acaba de se ver q o juiz tem um gde poder modelar, um poder interventor discricionário sem qq limite, sendo guiado pelos princs. O juiz norteia-se sp por eles. 
4.2 OS PRINCÍPIOS DO DIP 
No DIP há 2 tipos de princípios. O DIP não é um dto formal. No estado atual os princs q há no DIP, são partilhados por qq OJ, são comuns. Não há princípios específicos, únicos, característicos do DIP. Os q existem no DIP são princípios q resultam do dto privado em geral. Como o DIP tem caraterísticas e um objeto específico, esses princípios são adaptados. Qdo há NC internacionais, o princípio q está evidente nessa norma é a proteção da parte mais fraca. 
A preservação da identidade cultural tb se evidencia por ex, na escolha da lei localizadora. Os princípios de DIP relevam a 3 títulos fundamentais: - Relevância dogmática: permite determinar o sentido geral do DIP, os fins a q ele se dirige, sendo tb muito relevantes para estabelecer a unidade do DIP; - Relevância hermenêutica: são indispensáveis à interpretação da NC, sobretudo num sistema como o nosso, em q deve haver a unidade do sistema jurid na interpretação da norma; - Relevância heurística: o conhecimento dos princs é um fator de descoberta do dto no caso concreto. 
No séc XIX dizia-se, q o DIP era um dto de especialistas. Sabe-se agora q erradamente. A partir desta conceção atual do DIP, os princípios do DIP são idênticos aos das outras OJs: 
4.2.1 Princípios q exprimem valores individuais - Do indivíduo e à realização dos bens pps, dos seus fins. 
4.2.1.1 Princ da dignidade da pessoa humana (art 1 CRP) Significa q este é a finalidade de qq solução da OJ portuguesa. Implica o reconhecimento de personalidade jurídica a qq ser humano e o reconhecimento de um certo número de dtos aos indivíduos. 
Este princ manifesta-se, em DIP, de várias maneiras: desde logo do reconhecimento do dto dos estrangeiros (15 CRP e 14 CC). Reconhecer a quem é estrangeiro a possibilidade de serem titulares de dtos privados. Está, por ex, tb qdo o nosso legislador sujeita as matérias de estatuto pessoal (25 CC). Este art 25 elenca matérias q estão sujeitas à lei pessoal (lei da nacionalidade), onde quer q a pessoa esteja vai aplicar-se a lei da nacionalidade (EX: onde quer q esteja vai estar sempre, casada). Estas matérias fazem parte da identidade da pessoa, justifica-se q seja regulada apenas por uma só lei, é uma manifestação do PDPHumana. 
4.2.1.2 Princ da autonomia da vontade/autonomia privada (fundamental do dto privado) É um princ geral do dto privado e tem uma expressão no DIP no sentido da escolha q os sujeitos possam fazer da lei adaptável às situações juríds. Ao permitir q as partes escolham qual a lei aplicável garante certeza e seg juríd (a previsibilidade). Desde início as partes sabem q àquela RJ as partes vão saber qual é a lei aplicável. 
-> Uma das razões é a segurança e certeza jurídica. -> Outra razão é a de considerar-se q a eleição de lei permite q as partes salvaguardem os seus interesses. Vamos partir do princípio q as partes vão escolher a lei q mais satisfaça os interesses de ambas. No fundo, nós no DIP reconhecemos um princípio do DIP q está relacionado com o desenvolvimento do DIP. EX: 19.2, 41 CC;3 Conv de Roma; 3 Roma I e 14 Roma II, são exs de arts onde há a autonomia da vontade. 
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4.2.1.3 Princ da tutela da confiança - estabilidade das relações jurídicas A proteção da confiança é primordial e uma das funções básicas de qq OJ, pq dá origem ao equilíbrio social e paz jurídica. Advoga a permanência das RJs e a realização das legítimas expectativas dos indivíduos. Devem estas ser ressalvadas nas relações entre privados e entre sujs privados e o Estado. A ideia é se este princ da confiança existir no tráfego juríd, haverá maior seg e uma vida social de cooperação. 
Como é q este princ se manifesta no DIP? Este princ é a justificação para pelo menos 4 soluções: i. “Desvios” (exceções) à competência da lei pessoal (regulamentação de matérias do estatuto pessoal) - 25, sucedem para salvaguardar, dar cumprimento às legítimas expectativas do declarante ou na aparência de 3o: 
- Qto às pessoas singulares: 28 (11 Conv Roma corresponde ao 28), 31.2, 47 CC e 13 Roma I; EX: Nacional Português, reside em França habitualmente, e faz um testamento em França de acordo com a Lei Francesa, quid iuris? É a exceção do 31.2 (aplica-se a lei da residência habitual, em vez da lei da nacionalidade). Portugal, vai nesta situação reconhecer a vontade do declarante para a tutelar. O princípio da confiança vai justificar q se coloque de lado o dto regra-geral competente em favor da lei da residência habitual pq tem como conexão a residência, isto para garantir a segurança e estabilid. Todos os desvios têm uma justificação para abandonar a regra geral em favor de regras específicas. 
- Qto às pessoas coletivas: 3.1, 2a parte CSC. ii. Princípio da proximidade (conexão mais estreita), justifica-se tb face à tutela de confiança. 
A ideia deste princípio é q geralmente as pessoas nas suas relações privadas orientam-se pelo dto q lhes é mais próximo, o dto a q estão mais ligadas é o dto mais previsível e permite respeitar a conexão natural entre o caso e a OJ. Esta é a ideia base q está nas NC tradicionais de cariz localizador de SAVIGNY. EX: Transmissão da propriedade. A conexão natural é a aplicação da lei mais próxima (46). 
Sendo esta a ligação natural vai perceber-se q a lei do lugar da situação da coisa é quase q unanimemente a mais usada em todo o mundo. A aplicação da lei mais próxima permite justificar as legítimas expectativas das partes, a ideia de q as pessoas se orientam pelo dto q lhes for mais previsível e esta aplicação da lei mais próxima permite acolher o interesse dos Estados em q certas situações têm interesse em ver aplicada a sua lei (o caso datransmissão da propriedade está ligado com os meios de riqueza do país tb). 
Qdo se fala de princípio da proximidade pode-se falar de: -> Proximid com o objeto do litígio (EX: acidente de carro entre um PT e um espanhol com culpa do PT); -> Proximid com as partes (EX: 2 portugueses q vão a Espanha e embatem um no outro – 45.3), -> Proximid com o conjunto de situações (EX: Sp q há um ilícito civil diz o 45 q tem competência a lei do lugar do delito - onde este for praticado). 
O princ da tutela da confiança está na base da justificação de alguns mecanismos q o DIP europeu desenvolveu, as flexibilizações das NC (ver ultima aula), são determinadas caso a caso (em concreto): iii. Conexão alternativa - aplica-se aquela q melhor atue in favor negotii (para favorecer o NJ). Prescinde-se da harmonia juríd internacional, para melhor tutelar as expectativas das partes e assim se justificam estas cláusulas em nome do princ da tutela da confiança. Cfr. 36.1 e 65.1 CC, 9.1.2 Conv Roma e 11.1.2 Roma II. 
iv. Justifica os mecanismos de autolimitação ao sistema conflitual do foro: 
- Cláusulas de exceção (visam cumprir a tutela das legítimas expectativas das partes, pq permite por ex q seja aplicado o dto mais próximo - pq as partes assim o esperam. Visam tb alcançar a aplicação de uma lei q não é a designada pela NC, mas a q tem uma conexão mais estreita); 
- As normas de reconhecimento de atos públicos estrangeiros (permitem q dtos adquiridos estrangeiros sejam reconhecidos no foro - quer atos jurisdicionais - sentenças, quer do registo, etc), há um reconhecimento automático no 1096 CPC, 32 Regulamento Bruxelas I bis; 
- Regras q disciplinam o reenvio ou devolução (preocupação q subjaz a estas normas é assegurar a estabilidade e continuidade das RJ e garantem ainda a segurança jurídica) – 16 a 19. 
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4.2.1.4 Princípio da Igualdade O DIP tb se preocupa em assegurar a igualdade das pessoas perante a lei, tanto interna como externamente. Este princ reclama uma valoração uniforme das relações privadas internacionais e das relações sociais. A uma causa igual deve ser dado tratamento igual. Tratar por igual o q é igual e diferente o q é diferente na medida da diferença. Se transpusermos a ideia, este princípio significa q as situações privadas internacs idênticas, as plurilocalizadas, dentro do possível, devem ser apreciadas à luz das mms normas onde quer q sejam julgadas. O q acontece frequentemente é q os tribs de vários Estados consideram-se competentes para julgar uma questão. No Regulamento Bruxelas I tem competência o trib do domicílio do réu, regra geral. 
A nível da responsabilidade extracontratual no art 7.2 do Regulamento Bruxelas é competente o trib do lugar do delito, mas em alternativa. O STJ interpretou o trib do lugar do delito: quer o lugar do comportamento, quer o lugar do dano e ainda veio dizer q existe o trib do lugar onde se situam os interesses do lesado. Ia ser escolhido o trib q fosse aplicar o dto q desse razão. Isto é o q se chama de forum shopping e põe em causa a igualdade entre as partes, o autor iria escolher a lei q lhe fosse mais favorável. 
O princípio da harmonia de julgados (questão privada deve ter a mm resolução em todos os tribs q a julguem, independentemente do estado q a julgue, tendo assim obtenção de uma regulamentação certa e segura) dita q o legislador de DIP deve criar condições para obter soluções uniformes dos litígios: a harmonia jurídica internacional. A harmonia de julgados anula assim o forum shopping e como dizia Savigny é um princípio pp do DIP, resultante do princípio da igualdade. 
Na responsabilidade extracontratual o ROMA II uniformiza NC dentro da Europa exceto nas situações relacionadas com violação dos dtos de personalidade, por ex. O princípio da igualdade, nomeadamente a harmonia de julgados verifica-se quer na formação das NC quer na resolução dos conflitos de sistema. O legislador ao fazer NC deve ter o cuidado de garantir a harmonia, uniformização, através da adoção das mms normas de conexão. As NC bilaterais tb garantem uma harmonia de julgados, q são aquelas q tanto remetem para OJ internacional, quer para o estado do foro, não há prioridade à lei do foro, há sim uma tendencial paridade entre ambas, q é outra forma de obter a harmonia dos julgados. 
Na ROPI demonstra-se o porquê de utilizar a palavra ‘‘tendencial’’: há limites à paridade de tratamento. A harmonia de julgados também se manifesta qdo aplicamos os mms elementos de conexão quer a nacionais, quer a estrangeiros, tratamos ambos da mm forma. Não colocando elementos discriminatórios nas NC a outro nível, o 52 e o 53 na relação de família manda-se aplicar a ‘‘lei nacional comum’’, antes de 77 aplicava-se a lei da nacionalidade do marido. A eliminação de elementos discriminatórios tb promove a harmonia de julgados. Nas situações de normas absolutamente imperativas para relações internas tb o devem ser para as relações internacionais, isto tb promove a harmonia de julgados. 
Através do reenvio tb conseguimos a HJ, é uma forma de reconhecimento a normas estrangeiras. No art 25 disse-se q às matérias de estatuto pessoal se aplicam as leis da nacionalidade. EX: Um brasileiro quer casar em Pt e ele vive em Itália, a lei brasileira diz q quem deve regular é a lei da residência habitual (Itália). A LEI 1 (49) remete para LEI2 (nacionalidade) e esta remete para LEI 3 (Lei Italiana) - Isto é um conflito negativo de sistemas (REENVIO). A solução para o reenvio (onde através dele se vai ver o q as NC dizem) é pensada para garantir a HJ a tal igualdade juríd, garantindo uma solução uniforme. 16 a 19 são regras do reenvio. 
O princípio da igualdade é tb concretizado pelo princípio da harmonia jurídica material ou da unidade/integridade das OJs. Este princípio implica q exista uniformidade, implica q exista unidade das questões plurilocalizadas no seio da mm OJ. No âmbito da mm OJ as questões de DIP devem ser julgadas uniformemente, evitando contradições normativas (ex do q pode ocorrer com o depeçage). 
Este princípio da harmonia jurídica material concretiza-se desde logo pelo facto q deve existir uma unidade dentro das valorações da mm OJ. Não deve haver tratamento diferente da questão plurilocalizada dentro da mm OJ. Tb é um princípio da ordem, evitar q ocorra o depeçage - q se utilizava a adaptação de forma a evitar contradições normativas, no nosso caso utilizamos a adaptação para evitar transmissões de propriedade em q 
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o efeito real nunca se produziria. É tb a harmonia jurídica material q aponta para as limitações das questões de depeçage. É tb este princípio q aconselha q questões interdependentes estejam sujeitas ao mm dto através da conexão acessória (se uma situação estiver conectada com outra vamos aplicar a lei desse local). No concurso de responsabilidades no dto interno aplica-se o regime da contratual (preferimos este pq é mais favorável ao lesado). No DIP um caso de concurso de responsabilidades q dá origem a responsabilidade contratual e extracontratual: um só facto, dá origem a duas responsabilidades. À responsabilidade contratual aplica-se o 3 Roma I e este facto dá origem à responsabilidade extracontratual, 4 Roma II. Claro q daqui se vai ter leis diferentes, o 4.3 Roma II diz q qdo exista um contrato subjacente pode- se aplicar a lei do contrato (a lei q o regula), ie, o 4.3 diz q como há um contrato relacionado com a situação vai ter de se aplicar à situação o regime da responsab contratual evitando assim a duplicação, entre outras. 
4.2.2 Princípios que exprimem valores sociais - dizem respeito à prossecução do bem comum; 
4.2.2.1 Princípio da proteção da parte mais fraca Este princípio é um princípio q traduz valores sociais e foi pensado para reequilibrar as RJs fazendo com q o legislador intervenha para proteger a parte mais débil (EX: Contrato de Consumo, Regimede Contratos de Adesão dos regimes da cláusula geral, 23 CC- q “diz” que em contratos internacionais em q existam cláusulas internacionais gerais, as normas referentes ao contrato de consumo são absolutamente imperativas, essa norma diz q aquelas normas têm uma natureza mais do q imperativa, uma espécie de natureza de NAI). 
4.2.2.2 A salvaguarda da soberania nacional A salvaguarda da soberania nacional pressupõe uma certa autodeterminação de cada país. Isso é o q está na base do 46. Desta forma a lei do lugar da coisa vai conseguir garantir os meios de riqueza. 
4.2.2.3 A paz social É um princípio q tem projeção do DIP e é neste princípio q se fundamenta a aplicação da lei do lugar do delito às obrigações não contratuais, ie, no fundo, estamos a reconhecer à lei do delito aplicação territorial. Para evitar intromissões ilícitas na esfera jurídica alheia, o interesse da proteção dos dtos subjetivos absolutos no lugar onde estamos. A ideia de convivência pacífica em certo território. É neste princípio q se limite q se justifica a limitação da aplicação de lei estrangeira q viole DFs. 
4.2.2.4 A preservação da identidade cultural Este princípio está presente nas relações plurilocalizadas qdo se aplica a lei nacional de estatuto pessoal. 
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5. O DIP e outras disciplinas jurídicas 16.02.18 
5.1 O DIP E O DIREITO CONSTITUCIONAL Qto às relações q podem existir entre as NC e o dto constitucional suscitam-se alguns problemas: 
5.1.1 Sujeição das NC aos princípios constitucionais (problema de saber se as NC e os princípios constitucionais impõem ao legislador a escolha de certos elementos de conexão); 
5.1.2 Admissibilid de um controlo de normas materiais do estrangeir, q são competentes, pela CRP. Saber se é admissível o controlo de compatibilidade pela CRP, das normas materiais estrangeiras aplicáveis segundo uma regra de conflitos portuguesa; 
5.1.3 Será admissível uma fiscalização da constitucionalidade do dto estrangeiro aplicável pelos tribs portugueses à luz da Constituição do Estado estrangeiro de q dimana esse dito. 
5.1.1 A sujeição das NC de fonte nacional à CRP Ora, este ponto é autonomizado pq esta já foi uma questão. Alguns autores viam o DIP como normas axiologicamente neutras, pq a justiça do DIP era meramente formal. O DIP queria assegurar a harmonia dos julgados. Se as normas eram axiologicamente neutras não havia maneira de elas irem contra preceitos constitucionais. Como é q os princípios constitucionais seriam respeitados? 
Nesta forma de ver as coisas não seria extensível às NC. Outros autores, ainda no âmbito desta perspetiva, sustentavam a ideia de q as NC têm uma eficácia superior ou pelo menos idêntica à CRP, BAPTISTA MACHADO, diz q são normas sob normas, ou são superiores à CRP ou pelo menos paralelas à CRP. Esta é uma visão absurda. A justiça do DIP não é formal, é uma justiça q se inspira na justiça do Dto Privado em geral, com uma consideração específica. As NC estão sujeitas à nossa CRP. Dentro desta ideia há vários argumentos: -> As NC estão sujeitas às normas da CRP, pq a hierarquia é superior, tese defendida por JORGE MIRANDA -> FERRER CORREIA defendia q a justiça do DIP é muito formal, mas não totalmente. Escreveu isto antes de 1970. É uma justiça q visa sobretudo a certeza e segurança juríd através da harmonia dos julgados q está aberta a algumas considerações de justiça material, qdo, por ex, o legislador procura os EC a algumas matérias EX: permite a ROPI, é uma posição q vai buscar o conceito antigo, mas está na transição. 
-> Outros autores, destacando-se RUI MOURA RAMOS, dizem q não são as NC preceitos axiologicamente neutros, estando sujeitas como qq norma de dto privado à CRP. Aquando da grande revisão do CC de 1977 algumas NC tiveram de ser alteradas, precisamente pela questão da alteração à CRP de 76. EX: Normas de família q não davam dtos à mulher, as normas relativas aos filhos ilegítimos foram expurgadas. Assim, com estes exemplos vemos q a CRP influencia o DIP. 
5.1.2 O controlo da compatibilidade das normas materiais de OJ estrangeiros, designadas por NC do foro, com a Constituição do foro. 
FERRER CORREIA e alguns autores dizem q os nossos tribs podem invocar a inconstitucionalidade de uma norma estrangeira face à nossa CRP qdo esteja em causa a reserva da ordem pública: qdo viole princípios absolutamente fundamentais. Essa é uma visão um pouco restritiva. Qdo se fala da ROPI é uma fig. de intervenção excecional q só pode ser utilizada se estiverem preenchidos 2 requisitos: 
i. Manifesta incompatibilid entre o resultado de aplicar a lei estrang e princs absolutamente fundamentais; ii. Deve existir entre os factos q estão a ser julgados e a OJ portuguesa um nexo espacial importante. EX: Uma aplicação de lei estrangeira q permita a escravatura. 
Como o princ em causa é muito importante, a ligação é ténue. Mas se o princ não for tão importante a ligação tem de ser maior. 
A posição de FERRER CORREIA no sentido de limitar a intervenção da nossa CRP é muito restritiva, na prática o q isto significaria é q poucas vezes a nossa CRP seria fundamento para não aplicar lei estrangeira. 
JORGE MIRANDA, diz q a nossa CRP pode obstar à aplicação de qq norma estrangeira, basta q a desrespeite. 
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Utiliza um argumento constitucional, o 204. Não tem sentido, as Constituições são moldadas em função do país. A nossa CRP é de cariz socialista, muito ideológico. Na prática isto significaria aplicação contínua do dto do foro. Esta posição é uma posição muito expansiva. A POSIÇÃO ADOPTADA - É uma posição intermédia, ie, não limitamos a intervenção da CRP à ROPI (como Ferrer Correia defendia) nem expandimos (como JORGE MIRANDA defendia). Temos de olhar para as normas constitucionais e olhar se o fim é justificável (o q fizemos para as NAI, nomeadamente no 53). É num Pd muito análogo àquele q vimos para as NAI, ie, só se a norma constitucional em causa salvaguardar princs absolutamente fundamentais q só podem ser salvaguardados à aplicação naquele caso em concreto. Dissemos q tem de estar em causa, por exemplo, um contrato ainda que estrangeiro, mas executado em PT. 
5.1.3 A fiscalização da constitucionalidade do dto estrangeiro aplicável pelos tribs portugueses 
em função da Constituição do Estado de origem Devemos aplicar o dto como ele é aplicável no país de origem. A interpretação e aplicação de normas estrangeiras é feita de acordo com o sistema dessas normas. Ora, a harmonia dos julgados impõe q nós em PT apliquemos dto estrangeiro tal como no país de origem. SITUAÇÕES EM Q HOUVE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE COM FORÇA OBRIGATÓRIA GERAL: Elas não vão ser aplicadas no nosso ordenamento jurídico. 
E na situação inversa? SITUAÇS EM Q AINDA NÃO HOUVE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALID COM FORÇA OBRIGATÓRIA GERAL: Temos de analisar os tribs do Estado de origem da norma - há países em q os tribs comuns não podem fazer controlo de constitucionalidade. Se no Estado estrangeiro não podem os tribs comuns apreciar a constitucionalidade, nós tb não o vamos fazer. Se a norma vem de um Estado em q os tribs comuns podem apreciar a constitucionalidade da norma, os nossos tribs têm de saber se houve ou não decisões de inconstitucionalidade (se houver podemos não aplicar a norma por inconstitucionalidade, mas têm de existir decisões nesse sentido. Segundo JORGE MIRANDA tem de ser uma inconstitucionalidade evidente – com a máxima cautela. Caso não haja decisões, aplica-se a norma). 
5.2 O DIP E O DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA 
O dto da UE é uma grande fonte de DIP hoje em dia. Qdo se fala da UE como fonte de DIP tem de se analisar o dto originário (os tratados), o dto derivado (as diretivas e regulamentos) e a jurisprudência do TJUE. 
5.2.1 O dto originário da UE (20, 18, 21 e 49 TFUE): É fonte de DIP como é fonte de outras áreas do dto privado. Olhamos para este tratado e temnormas q estão relacionadas com DIP. Há no TFUE normas de dto dos estrangeiros q acabam por influenciar o dto privado, por ex: normas de cidadania europeia e q proíbem a discriminação de estrangeiros; As normas q estabelecem o princípio da liberdade de circulação de bens; Normas de livre circulação de pessoas. 
Durante muitas décadas assim foi. O tratado originário da UE não dava competência à UE para legislar em matérias de DIP. No entanto, tinha uma norma q era o 220.2 na altura q incentivava os estados - Cooperação intergovernamental- (seguidamente) a encetar esforços para simplificar o renascimento de atos públicos e decisões feitas no estrangeiro, ie, a facilitar os dtos adquiridos no estrangeiro. Incitava-os a legislar alguns aspetos das relações de DIP. A ideia era a de q se os Estados estivessem de acordo em algumas questões o mercado interno ia funcionar melhor, é uma preocupação económica e de melhoria da concorrência na UE. 
5.2.2 O dto derivado da UE Conseguimos identificar descoordenação entre as normas presentes em diretivas e as normas da Convenção, e por vezes no dto privado encontrávamos confronto. Isto para dizer q até 1999 o q se encontra no Dto Derivado não traduziam nenhuma tentativa de regulamentação extensiva de DIP, eram normas ao 
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serviço da eficiência do mercado interno (isso já não era competência da UE). Encontramos então normas de DIP q visam coordenar o dto de vários EM. Normas da UE q reenviam. 
5.2.2.1 O DIP no âmbito da cooperação intergovernamental dos EMs Convenção de Bruxelas de 1968 relativo à competência judiciária e à execução de decisões em matéria civil e comercial. Foi esta Convenção de Bruxelas q deu origem ao Regulamento Bruxelas I, mais tarde. Nesta altura a UE ainda não tinha competência para fazer regulamentos. A Convenção de Bruxelas trazia um gde problema q era o facto desta Convenção, no art 2 estabelecer a regra básica de q o trib competente era o domicílio do réu, mas depois estabelecia normas de competência alternativa. Em algumas matérias tinha várias competências. Isto era o fórum shopping q punha em causa a harmonia dos julgados, a seg e certeza juríd, a igualdade, entre outros. A UE apercebeu-se q isto era prejudicial pq as empresas multinacionais jogavam com esta alternatividade de foros. Andavam sp à procura do trib mais favorável aos seus interesses, a UE entendeu q isto prejudicava os objetivos da UE e sugere ao Estado a unificação de NC pelo menos nas áreas q eram mais importantes no Comércio Internacional, pelo menos a nível de contratos e de obrigações não contratuais. 
A ideia era de unificação era a de acabar com o fórum shopping e pôr o mercado interno a funcionar. O problema é q isto implica q os Estados tenham de negociar e chegar a acordos, a um consenso, logo apesar da sugestão, os Estados só chegaram a acordo face às obrigações contratuais. 
Convenção de Roma de 1980 (sobre a lei aplicável às obrigações contratuais): surge para complementar Bruxelas, mas fica incompleta (não se chegou a acordo para as extracontratuais). A UE não tinha competência para legislar, por isso já foi uma boa inovação. Até 1969 havia no dto derivado da UE algumas NC e normas de DIP q estavam lá não como uma questão de regulamentação de DIP, mas para completar as diretivas e regulamentos: as NC estavam ao serviço dos objetivos de integração europeia. As normas de DIP existiam em aspetos muito sectoriais com objetivos muito específicos. 
5.2.2.2 As NC ao serviço dos objetivos de integração europeia a) Reenvio para o dto do EM - Regulamento relativo ao estatuto da soc europeia 2157/2001, art 9 e 15; b) Aplicação de normas de DIP q indicavam como aplicar a Lei Europeia se fosse mais favorável e com maior ligação com a UE - Art 23 da Lei das Cláusulas Contratuais Gerais, diretiva relativa às cláusulas abusivas do contrato de consumo, 6.2. Se o contrato tiver uma ligação estreita com a UE aplicam-se as disposições da diretiva com maior ligação com o consumidor. É uma técnica de DIP para aplicar a lei europeia se esta for mais favorável ao consumidor. Assim conseguia-se proteger a parte mais fraca, a UE conseguia maximizar a aplicação do DUE. Consegue-se, no ex supra indicado, proteger o consumidor, mas o grande objetivo é ampliar as situações em q se aplica DUE, a aplicação imperativa de DUE em todas as situações q tivessem uma situação com território da UE. Outros exs são as diretivas relativas aos seguros. c) Outras normas de DIP de forma dispersa - Diretiva 2000/31CE sobre o comércio eletrónico, art 3 NC q diz 
em q situações se aplica a diretiva. 
CRONOLOGIA: 
- Até 1997, ao tratado de Amesterdão: não havia regulamentação sistemática, as normas de DIP apareciam de forma sectorial e apareciam para complementar outras normas de legislação Europeia. - Tratado de Amesterdão 1997 (61, 65): dão competência à UE para legislar em matéria de DIP, começa a falar do Espaço Europeu de Liberdade, Segurança e Justiça. Esta é a ideia de q indivíduos e agentes económicos devem poder exercer no estrangeiro os seus dtos sem qq entrave. É dito pela Comissão Europeia q as fronteiras não devem constituir um impedimento ao exercício de dtos privados, devem ser criadas condições para q os indivíduos e agentes económicos, exerçam sem obstáculos. A 1a ideia é a de q há uma competência dos Estados em matéria de DIP e não da UE. A comissão europeia começou a legislar em matérias de DIP como se não houvesse amanhã (lista de regulamentos da plataforma). EX: Responsabilidade Civil, a UE tentou harmonizar durante décadas a legislação sobre isto. Mas a única coisa q conseguiu harmonizar foi a 
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responsabilid do produtor. O q acontecia era: 2 empresas concorrentes têm um litígio absolutamente idêntico contra a mm parte. A empresa A propõe a ação em tribunal Português. O trib português aplica a sua NC e A ganha a causa. A empresa B propõe a ação em trib Espanhol, e a empresa B perde a causa. Isto significa q há uma empresa q é a A q retirou vantagem de propor a ação em trib. já q não conseguiu harmonizar é preciso: unificar NC. Ao mm litígio vai aplicar-se o mm dto, chegando assim à mm conclusão. Promove a igualdade no mercado interno e a concorrência. 
- O 77 TFUE consagra este espaço de LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA, q é concretizado através de duas políticas: 
- Política de Cooperação judiciária em matéria penal (82 TFUE); - Política de cooperação judiciária em matéria civil- abrange matérias civis e comerciais (81 TFUE). 
5.2.2.3 A previsão de uma competência específica da União em matéria de DIP OS GRANDES OBJECTIVOS DO ESPAÇO DE LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA 
- Promover o melhor acesso à justiça, simplificando e unificando regras processuais simples. - Reconhecimento mútuo e automático de decisões judiciais dentro da UE - visa eliminar entraves a dtos adquiridos no estrangeiro. 
- Unificar o dto conflitual - evitar as distorções no mercado interno, não prejudicar indivíds e agentes econs. 
ÁREAS DO ESPAÇO DE LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA 
- Rede judiciária em matéria civil e comercial. Esta rede cria em cada Estado um ponto de contacto. Criar um site q tem informações sobre todos estes atos em matérias de DIP e de dto estrangeiro relevante. Decisão 2001/470/CE e Decisão 568/2009CE. Esse ponto de contacto tem outras funções, para quem tem de aplicar dto podem pedir informação a este ponto de contacto q tem a obrigação de responder em 15 dias, pelo q, se for em 30 dias terá de justificar o porquê da demora. 
- Matérias Civis Comercial: Regulamento Bruxelas I bis; Regulamento Roma I (sobre obrigações contratuais); Regulamento Roma II (obrigações extracontratuais); Regulament relativo aos Pcs de insolvência internacionais. - Dto da Família e Sucessões: Regulamento relativo às matérias matrimoniais e responsabilidade parental – Regulamento Bruxelas II bis. Regulamentoem matéria de alimentos. Há ainda um regulamento em matéria de divórcio, em matéria de sucessões. 
- Aspetos Processuais: Regulamento relativo à notificação e citação de atos, há um em matéria de obtenção de prova, um em matéria de apoio judiciário, titulo executivo Europeu. 
5.2.3 A jurisprudência do TJUE 
5.2.3.1 A competência do TJUE em matéria de DIP 
• Desde logo tem competência sp q a UE celebra um contrato de DIP, à luz do 272 TFUE. A UE celebra vários contratos. À luz do artigo supramencionado o TJUE tem competência; 
• Tb em matéria de responsabilid extracontratual, pode resolver qdo a questão é transnacional (268 TFUE); 
• A Convenção de Bruxelas de 1968, qdo foi celebrada, foi com um protocolo interpretativo q dava ao TJUE competência para, ao abrigo desse protocolo interpretativo da Convenção, interpretar qq norma da Convenção q verse sobre questões privadas internacionais; 
• Além disso o TJUE tem competência para interpretar qq ato da UE q verse sobre questões de DIP (Bruxelas I, bis; etc), à luz do 267 TFUE. 5.2.3.2 A influência da jurisprudência do TJUE sobre os mecanismos q interferem na aplicação da NC e na determinação dos resultados da sua aplicação 
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A influência das decisões do TJUE nas matérias do DIP é bastante elevada. Vejamos em 2 itens: i. A jurisprudência do TJUE tem influenciado mecanismos q interferem com a aplicação das NC – As NAI Desde logo nas NAI. Na decisão Ingmar1(Ac), o TJUE vai utilizar a fig das NAI - dissemos q passam por cima do sistema conflitual de foro- para aplicar imperativamente disposições comunitárias q no caso protegiam o agente comercial após a cessação da relação comercial. O TJUE a partir do caso Arblad chegou à conclusão q se podia servir dos mecanismos do DIP para aplicar o DUE. Dando uma definição de NAI muito próxima das q nós usamos. Este caso Arblad é uma ref na doutrina sendo a 1a vez q reconhece as NAI. O TJUE vem dizer q as NAI dos EMs são limitadas pelas liberdades comunitárias. As NAI dos Estados devem respeitar os tratados basicamente. As NC, as NAI dos Estados não devem ser aplicadas qdo os agentes estejam sujeitos a normas de aplicação idênticas.2 
O caso Centros tb revela influência do TJUE. Neste caso o TJUE vem dizer q é limitado o uso da fraude à lei no uso das liberdades comunitárias. A fraude à lei é uma matéria que vamos dar adiante. A fraude à lei começa a ser falada num caso julgado em1968 ‘‘Bauffremont”. A Sra. Brauffremont queria casar com um principie romeno, embora já fosse casada. A Sra tinha nacionalidade francesa, mas na França não era permitido ainda o divórcio. Ela e o marido estavam separados, mas ainda não existia divórcio. Esta Sra. lembra-se de q para ser avaliada a capacidade é pela lei da nacionalidade, sendo assim, adquire a nacionalidade alemã, q na altura considerava a separação era equivalente ao divórcio e logo a seguir casa-se com um príncipe romeno. A Court de Cassation vem dizer q o q a Sra. fez foi uma fraude à lei de dto, para passar a existir elemento de conexão q lhe fosse permitido casar (21). Uma situação de facto seria por exemplo a residência. 
A fraude à lei (definição): é a constituição de uma situação formalmente regular de uma situação de facto ou de dto q serve de elemento de conexão a uma NC para evitar a aplicação da lei normalmente competente e assim dessa forma conseguir um resultado q a lei normalmente competente não permitia. No DIP tradicionalmente considera-se fraude à lei qdo se manipula a lei dos Estatutos - por ex na internacionalização ficcional/artificial de sociedades. EX: Alteração do lugar da sede estatutária. No caso Centros é o ex disso. A lei dinamarquesa exigia a constituição de um capital mínimo para as sociedades, serem constituídas, então, as pessoas em questão constituíram a sociedade no Reino-Unido (q não exigia tal formalismo) sendo o objetivo exercer a atividade na Dinamarca. Para exercer atividade na Dinamarca qq soc tinha de se registar. Invocaram, no momento do registo, as autoridades dinamarquesas a fraude à lei. Pode estar e está relacionado com o exercício de liberdade de estabelecimento. 
1 Era um contrato de agência comercial q ligava a socied Ingmar com sede no Reino Unido e uma socied com sede na Califórnia. A 1a passava a ser agente comercial da 2a no território da UE. Esse contrato seria regido pela lei da Califórnia. Ao celebrar os contratos as pessoas não olharam para o contrato e adotaram a lei Californiana. A certa altura a relação comercial entre as partes cessa. A socied da Califórnia rescinde o contrato invocando a lei da Califórnia, sem direito a indemnização (q era possível). Regra geral aos contratos aplica-se a lei escolhida pelas partes (Lei da Califórnia), a Ingmar assim não teria dto a nada. Contudo, o TJUE invocou uma diretiva q protege os agentes comerciais q estejam a atuar no território da União devem ser protegidos e em caso de resolução de contrato devem ter dto a uma indemnização (regula o contrato de agência). Reconhecendo o princípio da liberdade contratual mas salvaguardando a diretiva q tem como objetivo (âmbito de aplicação especial) aplicar-se aos agentes que prestem atividade no território da UE - q era o caso- visando proteger o agente comercial. Têm, estas normas, uma imperatividade tal, para proteger os agentes. O TJUE basicamente utilizou as normas classificando-as como NAI para conseguir a aplicação imperativa de normas comunitárias. 2 Este caso Arblad: havia 2 socieds comerciais a construir um silo de cereais na Bélgica, sendo ambas Francesas. Era um contrato privado, mas houve uma série de propostas. Levaram os trabalhadores franceses para a Bélgica, não contratando assim Belgas. Chegando lá, são alvo de uma inspeção da SS Belga q as fiscaliza e aplica multas elevadas por 2 razões: 
1o Os trabalhadores franceses q a Arblad trouxe de França não estavam a ganhar o q deveriam ganhar na Bélgica. 2o Considerar q existia uma série de exigências na legislação Belga em relação a pedidos de autorização - administrativas- q Arblad tb não tinha cumprido. Recorreram ao TJUE. Os tribs Belgas dizem q isto são NAI. Em relação ao salário deram toda a razão aos Belgas, invocando uma igualdade entre os trabalhadores. Agora, em relação às exigências administrativas , apesar de resultarem de NAI Belgas, tb existiam na 
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lei Francesa. Arblad tinha as exigências de acordo com a lei Francesa (q existiam lá). Podia levar a q houvesse uma discriminação. O TJUE considerou as exigências administrativas equivalentes, visto q tb existam na França. Sujeitar a Arblad duplamente a 2 tipos de NAI é limitar a possibilidade de empresas estrangeiras a trabalharem na Bélgica. O TJUE veio dizer q isto limitava a liberdade de circulação de serviços. Como Arblad estava sujeita a NAI Francesas não deviam ser sujeitas de novo a normas Belgas. 
O TJUE disse q qdo uma socied se internacionaliza artificialmente criando uma sede estatutária num certo Estado e acaba por exercer através de vários estabelecimentos noutros Estados, q isto é um exercício da liberdade de estabelecimento e q é garantido pelo TFUE e não é abuso. Neste caso Centros ficou limitado o uso da fraude à lei no uso de uma liberdade comunitária. 
ii. A jurisprudência do TJUE tb influencia os mecanismos q têm a ver com a aplicação das NC - A ROPI No caso Eco Suiss 3 o TJUE veio dizer q a ROPI varia de Estado para Estado e é uma fig de intervenção excecional. E veio dizer q os princípios fundamentais da UE são tb princípios fundamentais para cada EM. Tudo o q é princípio fundamental da UE integra a reserva de ordem pública dos Estados- pela 1a vez veio falar sobre a ROPI. O q é intolerável para o DUE, é intolerável para os pps Estados. Vem falar de uma ROPI europeia q integra os princípios da UE e de cada EM. 
3 Tínhamos uma sociedade Benetton com sede em Amesterdão e celebra

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