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Prefeitura Municipal de Indaiatuba do Estado de São Paulo INDAIATUBA-SP Assistente Social Concurso Público de Provas nº 01/2018 MA100-2018 DADOS DA OBRA Título da obra: Prefeitura Municipal de Indaiatuba do Estado de São Paulo Cargo: Assistente Social (Baseado no Concurso Público de Provas nº 01/2018) • Conhecimentos Específicos da Função • Legislação Autores Ana Maria Gestão de Conteúdos Emanuela Amaral de Souza Diagramação/ Editoração Eletrônica Elaine Cristina Igor de Oliveira Camila Lopes Thais Regis Produção Editoral Suelen Domenica Pereira Julia Antoneli Capa Joel Ferreira dos Santos APRESENTAÇÃO CURSO ONLINE PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO. A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas. Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público. Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a matéria é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. 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Ex: FV054-18 PASSO 3 Pronto! Você já pode acessar os conteúdos online. SUMÁRIO Conhecimentos Específicos da Função ACOSTA, A.R.; VITALE, M.A.F. (Orgs.) Família: redes, laços e políticas públicas. 3 ed. São Paulo: Ed. Cortez. 2007. ......... 01 BAPTISTA, M V; BATTINI, O (Orgs.). A Prática Profissional do Assistente Social. volume I - 2ª ed. São Paulo: Veras, 2009. ............................................................................................................................................................................................. 02 BAPTISTA, M.V. Planejamento Social: Intencionalidade e Instrumentação. 2. ed. São Paulo: Veras Editora , 2002. ........ 04 BRISOLA, E.M.A; SILVA, A.L. O Trabalho do Assistente Social no SUAS: Entre velhos dilemas e novos desafios. Taubaté-SP: Cabral editora, 2014. .............................................................................................................................................................................................06 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Sistema Único de Assistência Social. Política Nacional de Educação Permanente do SUAS. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2013. ............................................... 13 COUTO.B.R.; YASBEK, M.C.; SILVA,M.O.S.;RAICHELIS,R. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2011. ..............................................................................................................................................................27 CFESS – Conselho Federal de Serviço Social (org.). O Estudo Social em Perícias, Laudos e Pareceres Técnicos. São Paulo: Cortez Editora, 2016. .............................................................................................................................................................................................27 CFESS. Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasília, 2009 em pdf. ................................................................................30 Artigos: Estudos Socioeconômicos; Supervisão em Serviço Social; O significado sócio-histórico da profissão; O projeto ético político do Serviço Social; A dimensão investigativa no exercício profissional; Mobilização social e práticas educa- tivas. .............................................................................................................................................................................................................................30 GUERRA, Yolanda; BACKX, Sheila; Santos, Cláudia M. (orgs.). A dimensão técnico operativa no Serviço Social: desafios contemporâneos. 3ed.São Paulo:Cortez, 2017. .......................................................................................................................................... 65 IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cor- tez Editora, 1999; .....................................................................................................................................................................................................74 SANTOS, S. Josiane. Questão Social – Particularidades no Brasil. São Paulo, Cortez, 2012(Coleção Biblioteca básica de serviço social; v 6). ...................................................................................................................................................................................................91 YAZBEK, Maria Carmelita. Classes Subalternas e Assistência Social. São Paulo, Cortez Editora, 2009 (7ª Ed.) ................... 93 Legislação BRASIL, Constituição Federal de 1988 – Titulo II - Cap. I - Dos direitos e deveres individuais e coletivos; Cap. II – Dos Di- reitos Sociais; Titulo VIII – Cap. III – Da Educação, da cultura e do Desporto; Seção I - Da Educação; Seção II – Da cultura; Cap. VII – Da família, Da criança, Do adolescente, Do Jovem e Do Idoso); ...................................................................................... 01 Lei Federal 8.662 de 07/06/1993 -Código de Ética Profissional do Assistente Social. Edição atualizada 2011; ................ 36 BRASIL, Lei 8.069 de 13/07/1990. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Atualizado com a Lei 12.010; ................ 39 BRASIL, LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE1993. Lei Orgânica da Assistência Social ............................................................. 95 - LOAS BRASIL. LEI Nº 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011. Sistema Único de Assistência Social - SUAS BRASIL; ..............103 LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo ..........................................107 BRASIL, Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, 2006; .............................................................................................................................................................................................110 BRASIL, Lei 13.146 de 6 de julho de 2015. Estatuto da Pessoa com Deficiência; .........................................................................110 BRASIL, Lei 10.741 de 1 de outubro de 2003. Estatuto do Idoso. ......................................................................................................137 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO ACOSTA, A.R.; VITALE, M.A.F. (Orgs.) Família: redes, laços e políticas públicas. 3 ed. São Paulo: Ed. Cortez. 2007. ......... 01 BAPTISTA, M V; BATTINI, O (Orgs.). A Prática Profissional do Assistente Social. volume I - 2ª ed. São Paulo: Veras, 2009. ............................................................................................................................................................................................. 02 BAPTISTA, M.V. Planejamento Social: Intencionalidade e Instrumentação. 2. ed. São Paulo: Veras Editora , 2002. ........ 04 BRISOLA, E.M.A; SILVA,A.L. O Trabalho do Assistente Social no SUAS: Entre velhos dilemas e novos desafios. Taubaté-SP: Cabral editora, 2014. .............................................................................................................................................................................................06 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Sistema Único de Assistência Social. Política Nacional de Educação Permanente do SUAS. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2013. ............................................... 13 COUTO.B.R.; YASBEK, M.C.; SILVA,M.O.S.;RAICHELIS,R. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2011. .............................................................................................................................................................. 27 CFESS – Conselho Federal de Serviço Social (org.). O Estudo Social em Perícias, Laudos e Pareceres Técnicos. São Paulo: Cortez Editora, 2016. .............................................................................................................................................................................................27 CFESS. Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasília, 2009 em pdf. ................................................................................ 30 Artigos: Estudos Socioeconômicos; Supervisão em Serviço Social; O significado sócio-histórico da profissão; O projeto ético político do Serviço Social; A dimensão investigativa no exercício profissional; Mobilização social e práticas educa- tivas. .............................................................................................................................................................................................................................30 GUERRA, Yolanda; BACKX, Sheila; Santos, Cláudia M. (orgs.). A dimensão técnico operativa no Serviço Social: desafios contemporâneos. 3ed.São Paulo:Cortez, 2017. .......................................................................................................................................... 65 IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cor- tez Editora, 1999; .....................................................................................................................................................................................................74 SANTOS, S. Josiane. Questão Social – Particularidades no Brasil. São Paulo, Cortez, 2012(Coleção Biblioteca básica de serviço social; v 6). ...................................................................................................................................................................................................91 YAZBEK, Maria Carmelita. Classes Subalternas e Assistência Social. São Paulo, Cortez Editora, 2009 (7ª Ed.) ................... 93 1 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO ACOSTA, A.R.; VITALE, M.A.F. (ORGS.) FAMÍLIA: REDES, LAÇOS E POLÍTICAS PÚBLICAS. 3 ED. SÃO PAULO: ED. CORTEZ. 2007. A construção deste livro, portanto, somente foi possível a partir de parcerias com instituições preocupadas com a temática, a saber: Oficina Municipal da Fundação Konrad Adenauer, Universidade Cruzeiro do Sul, Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Fundação Prefeito Faria Lima, Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam) e Unicef. Como resultado surgiu esse livro, que recolhe parte das reflexões realizadas e aponta questões diversas, dentre elas a tentativa da construção de uma metodologia de trabalho com famílias. Sendo assim, Família: redes, laços e políticas públicas está organizado segundo três eixos: 1) Vida em Família; 2) Trabalhando com Famílias; 3) Famílias e Políticas Públicas. “Vida em Família”, a primeira parte do livro, é composta pelos conteúdos “Famílias enredadas”, “Família e afetividade: a configuração de uma práxis éticopolítica, perigos e oportunidades”, “Ser criança: um momento do ser humano”, “O jovem e o contexto familiar”, “Homens e cuidado: uma outra família?” E “Avós: velhas e novas figuras da família contemporânea”. Este item corresponde à incursão pelas transformações da vida familiar, contribuições indispensáveis para a discussão atual sobre as famílias da sociedade atual. A mudança dos laços familiares constitui o cerne dessa parte. Para melhor acompanhar essas mudanças, o caminho que as autoras delinearam foi considerar as dimensões de gênero e de geração. A família é o espaço de mudanças já perceptíveis no convívio e no confronto entre gênero e gerações. Esta parte apresenta importantes subsídios para melhor entender os aspectos contemporâneos, possibilitando melhor desenho das políticas públicas. No primeiro conteúdo, “Famílias enredadas”, faz-se retrospectiva das mudanças na concepção e no padrão da família nas últimas décadas, especialmente com as mais recentes inovações tecnológicas em reprodução humana, mudanças essas que abalam o modelo idealizado existente, sendo importante considerar a própria concepção de família e os significados específicos que estas mudanças trazem sobre ela. Em “Família e afetividade: a configuração de uma práxis ético-política, perigos e oportunidades”, defendem-se a importância e também os perigos da adoção da família e da afetividade como estratégia de ação emancipadora que permite enfrentar e resistir à profunda desigualdade social modelada pelo neoliberalismo e o conjunto de valores individualistas. Constata-se que, apesar de diversas tentativas e previsões sobre seu desaparecimento, as quais não se concretizaram, a família continua sendo a mediação entre o indivíduo e a sociedade, assistindo-se na atualidade ao enaltecimento dessa instituição. “Ser criança: um momento do ser humano” apresenta análise das mudanças na forma como as crianças são vistas pelos adultos ao longo da história e as consequências na formulação de modelos de desenvolvimento humano e práticas educacionais. Neste contexto, chama-se a atenção para a perda da responsabilidade dos adultos pelo mundo ao qual trouxeram as crianças e para os reflexos decorrentes na família e na escola. O conteúdo “O jovem e o contexto familiar” analisa o jovem e o contexto família, partindo do pressuposto de que é necessário situar o eixo do discurso em “famílias”, na sua pluralidade. Evidencia a necessidade de aprofundar a reflexão sobre o que é ser jovem, também num contexto de diversidade e complexidade, e sobre como se tem estabelecido os laços dos jovens com outros jovens, dos jovens com suas famílias e dos jovens com a sociedade. Quais as redes que têm sido tecidas para seu atendimento e que políticas estão sendo operacionalizadas, ou não, em direção aos jovens e as suas famílias. Em “Homens e cuidado: uma outra família?”, incitam-se reflexões sobre a participação dos homens no contexto do ato de cuidar e demonstrar carinho, tendo como foco principal os processos de socialização para a masculinidade. Situando a estrutura familiar dentro de um contexto histórico e social, são avaliadas as diversas formas pelas quais as relações de gênero se processam e como a paternidade foi exercida em diferentes momentos históricos. Finalizando, o capítulo “Avós: velhas e nova figuras da família contemporânea” trata da importante figura dos avós, envolvidos como protagonistas nas cenas das relações familiares. Enfocando as relações intergeracionais e de gênero, indaga-se qual o papel por eles desempenhado nas famílias de hoje, dentro do contexto de mudanças dos laços familiares, a lhes demandar novos papeis e exigências. O segundo eixo, “Trabalhando com Famílias”, é composto por “Metodologia de trabalho social com famílias”, “Reflexões sobre o trabalho social com famílias”, “Famílias beneficiadas pelo Programa de Renda Mínima em São José dos Campos - SP: aproximaçõesavaliativas”, “Programa de Garantia de Renda Mínima e de Geração de Emprego e Renda de São José dos Campos-SP”, “Famílias: questões para o Programa de Saúde da Família (PSF)”, “Experiência do Programa de Saúde da Família de Nhandeara-SP”, “Experiência do Programa de Saúde da Família de Itapeva-SP: horta comunitária, uma experiência em andamento”, “Sistema de Informação de Gestão Social: monitoramento e avaliação de programas de complementação de renda”, “Programa Mais Igual de Complementação de Renda Familiar da prefeitura de Santo André - SP” e “Políticas públicas de atenção à família. Esses conteúdos focalizam as diversas metodologias do trabalho com famílias, e as que são apresentadas revelam elementos comuns que se opõem na implementação de programas voltados para as famílias de baixa renda. 2 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO No primeiro capítulo desta segunda parte, “Metodologia de trabalho social com famílias”, descreve-se o projeto Agente de Famílias, desenvolvido pelo Movimento de Organização Comunitário (MOC) e o Unicef, no Programa Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil, na área sisaleira da Bahia. “Reflexões sobre o trabalho social com famílias” trata de indicações metodológicas para o trabalho com famílias pobres, a partir de pesquisas e trabalhos de intervenção realizados em diferentes realidades sociais. O terceiro escrito, “Famílias beneficiadas pelo Programa de Renda Mínima em São José dos Campos-SP: aproximações avaliativas”, apresenta algumas hipóteses avaliativas em relação à rede municipal de proteção social e a inserção da família junto a ela. Como ilustração, há o relato da equipe responsável pelo Programa de Garantia e Renda Mínima e de Geração de Emprego e Renda da Prefeitura de São José dos Campos. Em seguida, “Famílias: questões para o Programa de Saúde da Família (PSF)” enfoca a implantação do Programa de Saúde da Família no Sistema Único de Saúde (SUS), seus pontos positivos e as possibilidades de desenvolvimento de experiências inovadoras em diversos municípios. Enfatizam-se como ilustração, ao final dos escritos, as experiências dos municípios de Itapeva e Nhandeara, cidades, respectivamente, de médio e pequeno porte do Estado de São Paulo. Como ilustração é apresentada, ao final, a experiência da Prefeitura de Santo André na implantação do Programa Mais Igual de complementação de renda familiar. Na terceira parte, “Famílias e Políticas Públicas”, estão incluídas as temáticas “Formulação de indicadores de acompanhamento e avaliação de programas socioassistenciais”, “O Índice de Desenvolvimento da Família (IDF)”, “Famílias e políticas públicas; Programa Bolsa-Escola Municipal de Belo Horizonte / MG: educação, família e dignidade” e “A economia da família”. Nesta, são discutidas as relações propriamente entre as famílias e as políticas públicas, a partir das abordagens da educação, economia e formulação de indicadores de acompanhamento dessas políticas. O primeiro capítulo do terceiro eixo, “Formulação de indicadores de acompanhamento e avaliação de programas socioassistenciais”, discute a formulação de indicadores de acompanhamento e avaliação de programas/ políticas voltadas a famílias em situação de pobreza, ressaltando o desafio em se estabelecer indicadores quantitativos e criar formas de medir adequadamente os indicadores qualitativos. Em “O Índice de Desenvolvimento da Família (IDF)”, discorre-se sobre a construção de um indicador denominado Índice e Desenvolvimento da Família, que seja sintético nos moldes do IDH, mas que ao mesmo tempo sugere algumas limitações deste e de outros similares, podendo ser calculável para cada família e facilmente agregado para diferentes grupos demográficos. “Famílias e políticas públicas” reflete sobre algumas das dimensões entre a família e as políticas públicas, as quais revelam funções correlatas e imprescindíveis ao desenvolvimento e a proteção social dos indivíduos. Em um mundo marcado por profundas transformação, é ressaltada a exigência de partilha de responsabilidades na proteção social entre Estado e Sociedade, descartando-se alternativas tão somente institucionalizadoras. Analisa, ainda, as relações existentes entre a família e a esfera pública, vista como indutora de relações horizontais, valor democrático sempre esperado da vida pública. Para ilustração do artigo, enfatizam-se as experiências do Programa Bolsa- Escola da Prefeitura do Município de Belo Horizonte, assim como suas metodologias de trabalho com as escolas e as famílias. Por fim, “A economia da família” discorre sobre a economia da família, analisando as relações familiares sob o prisma econômico e em face das mudanças ocorridas na estrutura familiar, pergunta: quais seriam seus impactos nas dinâmicas da reprodução social? A transformação da família pertence a um conjunto de mudanças mais amplas, que nos faz repensar o processo de rearticulação do nosso tecido social. Desta forma, no quadro das relações famílias e políticas públicas que se inscreve no presente livro, a diversidade de contribuições, pontos de vista e de partida se entrecruzam e constituem um tecido, por vezes irregular ou heterogêneo, mas certamente indispensável para a aproximação desta relação que não pode ser percebida como desprovida de tensões. O livro é se mostra bem estruturado, sua temática está atualizada, é desenvolvida de forma clara, explicativa e interessante. Tem formato adequado, que estimula o leitor, pois apresenta conteúdos e relatos de caso. Resenha de: HAMMERSCHMIDT, K. S. de A.; SANTOS, S. S. C. Referência ACOSTA, A.R.; VITALE, M.A.F. (Orgs.) Família: redes, laços e políticas públicas. 3 ed. São Paulo: Ed. Cortez. 2007. BAPTISTA, M V; BATTINI, O (ORGS.). A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL. VOLUME I - 2ª ED. SÃO PAULO: VERAS, 2009. A obra traz uma contribuição teórico-metodológica e científica à efetivação e apreensão do significado social da prática profissional do assistente social na contemporaneidade. Tem como fio condutor das temáticas de seus artigos a centralidade da prática profissional do assistente social fundamentada na teoria social crítica, impulsionada pela reflexão radical, de conjunto e de totalidade, tendo como ponto de partida e de chegada a prática mediada pela teoria e pelo método, propulsora da construção de conhecimento no Serviço Social e nas Ciências Sociais. 3 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO Questões em torno da prática profissional: sua historicidade A primeira questão que apontamos como presente nas ações profissionais é sua historicidade. Nesse sentido, as ações profissionais não podem ser compreendidas sem levarmos em conta as relações concretas da sociedade em que se situam, uma vez que seu presente está “cotidianamente sendo criado e recriado com a construção e incorporação seletiva de saberes, a mobilização e recriação do passado e a produção e experimentação de novas abordagens” (BAPTISTA, 2009, p. 19). A legitimidade da prática profissional pauta-se também nas interpretações normativas, cognitivas e de controle social que se estabelecem no seu processo de historização e objetivação na sociedade. Desta maneira, ela passa a se sustentar por meio de complexos mecanismos institucionais/legais que vão moldando seu corpo e forma, como as leis que regulamentam a profissão, o currículo mínimo para formação profissional, o código de ética dos assistentes sociais, entre outros instrumentos, ressaltando assim, que a constituição da prática profissional não se estabelece ou se define apenas pela simples vontade de grupos determinados, mas sim num complexo jogo de relações presentes em determinado momento histórico. Porém, a discussão não se esgota aqui. Para Netto, há uma importante diferenciação que precisa ser levada em conta quando discutimos projetos societários e projetos profissionais. Segundo ele, os projetos societários são projetos coletivos, que se constituemcomo “projetos macroscópicos, como propostas para o conjunto da sociedade. Somente eles apresentam esta característica” e, portanto, não devem ser confundidos com projetos profissionais que, segundo o próprio autor, são: [...] a autoimagem de uma profissão, elege os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas. Nicolau (2004, p. 86), ao discutir o exercício profissional, apresenta-o como sendo um “composto de processos de trabalho [...] historicamente construídos e socialmente determinados pelo jogo de forças, que articulam uma dada totalidade social”. Insere-se num âmbito maior na produção e reprodução material e espiritual da força de trabalho, incidindo “sobre a consciência dos outros indivíduos sociais e de si próprio, objetivando a mudança de atos e comportamentos”. Ao enunciarmos essa particularidade, caminhamos para pensar a prática profissional do assistente social dentro de específicos espaços institucionais. Um tocante relacionado ao trabalho desempenhado pelo assistente social repousa na especificidade deste no contexto da sociedade capitalista. Por meio da apropriação privada dos meios de produção e das formas pelas quais os homens materializam a reprodução da vida social, o trabalho passa a se configurar como uma negação das potencialidades emancipadoras do ser social, impondo aos trabalhadores um processo de alienação tanto em relação à atividade realizada como de si mesmo e na sua relação com os outros. Esse processo de produção e reprodução social, que podemos chamar de atividades humanas, contém em si valores, e os de caráter econômico, devido à centralidade da produção em nossa sociedade apoiada na busca pelo lucro, sobrepõem-se aos outros. Como resultado, todos os demais valores éticos, estéticos se expressam como valores de posse, “de consumo, reproduzindo sentimentos, comportamentos e representações individualistas”. Assim, um traço comum a todos os espaços institucionais nos quais os assistentes sociais atuam diz respeito às questões relacionadas ao corpo coletivo da categoria, uma vez que o Serviço Social “é uma das especializações do trabalho, parte da divisão social e técnica do trabalho social”. Nessa condição, implica reconhecer que o assistente social, enquanto trabalhador que vende sua força de trabalho em troca de um valor monetário (valor de troca), também participa como parte da alíquota do trabalho total produzido. Seu trabalho possui tanto a dimensão de trabalho abstrato quanto de trabalho concreto. Na dimensão de trabalho concreto exige-se que este seja, ao mesmo tempo, um produto universal, vazio de individualidade, padronizado, que possa ser trocado por qualquer outro, fato esse presente somente em nossa sociedade mercantil. Na dimensão de trabalho abstrato é exigido que este se apresente de forma quantificada e medida pelo tempo de trabalho socialmente necessário para a sua produção. O exercício profissional na perspectiva descrita acima assume sua dimensão de trabalho concreto, qual seja: “uma atividade programática e de realização que persegue finalidades e orienta-se por conhecimentos e princípios éticos, requisitando suportes materiais e conhecimentos para a sua efetivação” com seu valor de uso social devidamente reconhecido. Neste âmbito constatamos uma importante questão que caracteriza o exercício profissional dos assistentes sociais: o fato de que, enquanto profissionais que possuem um direcionamento por meio do projeto ético-político hegemônico da categoria, têm de lidar com os limites impostos pela condição de assalariamento na qual se encontram. Nesse contexto é que podemos dizer que os assistentes sociais estão condicionados pelas relações capitalistas no seu exercício profissional, mesmo que enquanto sujeitos detenham “uma autonomia relativa, pautada por seus valores, projetos profissionais e societários que determinam, em parte, a sua ação”. A relativa autonomia certamente impõe uma dinâmica de enfrentamento em relação às demandas do cotidiano. É nesse sentido que verificamos uma tensão, pela qualidade intrínseca presente na relação de objetivos delimitados pelo projeto ético-político versus a condição de assalariamento. Além disso, a autonomia profissional, para além do processo de assalariamento, também é ameaçada pelos embates institucionais que muitas vezes possuem 4 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO objetivos e metas diferentes dos contidos no projeto ético- político profissional, produzindo tensões entre esses polos. Iamamoto (2007) explicita essa tensão, afirmando sobre o projeto profissional, que afirma o assistente social como um ser prático-social dotado de liberdade e teleologia, capaz de realizar projeções e buscar implementá-las na vida social; e a condição de trabalhador assalariado, cujas ações são submetidas ao poder dos empregadores e determinadas por condições externas aos indivíduos singulares, às quais socialmente forjadas a subordinar-se, ainda que coletivamente possam rebelar-se. Em consonância com a autora, entendemos que essas especificidades do exercício profissional no bojo de uma sociedade classista, na qual o trabalhador necessita vender a sua força de trabalho, estão presentes em todos os espaços institucionais nos quais os assistentes sociais atuam, seja em maior ou menor grau, de forma explícita ou camuflada por outras relações mais latentes. De todo modo, elas são fundamentais para pensar a atuação profissional cotidiana. Ainda nesta direção, Netto (1999) afirma que a composição das categorias profissionais não se faz de forma isolada, mas num espaço de disputas coletivas. Nesse sentido, o Serviço Social está perpassado por lutas coletivas que imprimem à profissão características específicas e reconhecidas socialmente, que de certa maneira condicionam a prática profissional. Um olhar mais amplo para o conjunto das profissões também nos mostra a construção coletiva como um importante fator presente nas suas conquistas, garantias, avanços e retrocessos, todos esses como produtos da dinâmica social. Fonte BAPTISTA, M V; BATTINI, O (Orgs.). A Prática Profissional do Assistente Social. Volume I - 2ª ed. São Paulo: Veras, 2009. BAPTISTA, M.V. PLANEJAMENTO SOCIAL: INTENCIONALIDADE E INSTRUMENTAÇÃO. 2. ED. SÃO PAULO: VERAS EDITORA, 2002. • O QUE É PLANEJAMENTO? São inúmeras as formas de definir - Aplicação SISTEMÁTICA do conhecimento humano para PREVER e AVALIAR cursos de ação alternativos com vistas à tomada de decisões adequadas e racionais que sirvam de base para AÇÃO FUTURA (Holanda, 1975). - “PLANEJAR É DECIDIR ANTECIPADAMENTE O QUE DEVE SER FEITO...” Planejamento ⇒ planejamento estratégico ⇒ planejamento contingencial ⇒ contradição que Ansoff passa a tratar como administração/gestão estratégica • a relação TEMPORAL e as diferentes formas de abordagem • como PROCESSO - Processo PERMANENTE e METÓDICO de abordagem racional e científica de problemas - PERMANENTE porque supõe AÇÃO CONTINUADA sobre conjunto dinâmico de variáveis num dado momento histórico; - METÓDICO/RACIONAL/CIENTÍFICO porque supõe uma sequência de atos decisórios, ORDENADOS em FASES definidas e baseados em CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS e técnicos. - Ao mesmo tempo: -Definição de ATIVIDADES que objetivam atender a um problema, OTIMIZADAS em termos de uma SEQUÊNCIA e INTER-RELACIONAMENTO. - Tomar providências para ADOÇÃO, ACOMPANHAMENTO, CONTROLE, AVALIAÇÃOE REDEFINIÇÃO da AÇÃO. Independente da abordagem, Planejar é um conceito relacionado com ⇒ INTERFERIR MODIFICAR DECIDIR AGIR • a proposta para se fazer planejamento se insere num CONTEXTO,ou seja, se constrói a partir de uma determinada realidade - momento histórico - é também um PROCESSO SOCIAL, uma vez que reflete as especificidades e contradições inerentes a este processo; - revela uma DICOTOMIA entre CONCEITOS E PRINCÍPIOS técnicos e metodológicos ligados ao planejar e a PRÁTICA REAL da elaboração de programas e projetos. Ex: projetos pró-forma, programas para justificar ação política, retóricos, etc. - O PAPEL histórico-social-econômico do planejamento (o planejamento econômico em países subdesenvolvidos como forma sistematizada, racional de desenvolvimento econômico e social) Um falso questionamento sobre a dimensão temporal em relação ao planejamento, uma vez que PLANEJAR pode ser entendido COMO UMA ATITUDE presente ao administrar. Este posicionamento é importante para o administrador, significa uma diferença substancial em relação ao ADMINISTRADOR AGENTE e o ADMINISTRADOR MEIO. Do ponto de vista estratégico a atitude do planejamento pode ser avaliada como ATIVA ou PASSIVA. 5 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO A importância do planejamento como INSTRUMENTO DE MUDANÇA SOCIAL e de RACIONALIZAÇÃO da atividade humana. Sua inserção histórica no processo administrativo, principalmente na esfera pública representa um avanço da racionalidade técnico-administrativa sobre formas tradicionais (ARBÍTRIO PESSOAL) de ação administrativa. A dimensão POLÍTICA do planejamento é muito importante no processo de DEMOCRATIZAÇÃO do Estado. • a NATUREZA do processo de planejamento envolve: - DIMENSÃO RACIONAL ⇒ prática que norteia (naturalmente) as ações ⇒ “hábito de pensar e agir dentro de uma sistemática própria” (Holanda) ⇒ “mais importante raciocinar como planejador que produzir planos acabados” (Friedmann) - processo racional (Whitaker): - - - - - - - - - DIMENSÃO POLÍTICA ⇒ processo contínuo de tomada de decisões (pública ou privada); - ocorrem (normalmente): - definição de objetivos e metas, escolha de prioridades e de alternativas de intervenção, definição do - volume e composição de recursos, etc. - elemento técnico x elemento político - DIMENSÃO VALORATIVA ⇒ conteúdo ÉTICO e desenvolvimento de tecnologias que implicam na CENTRALIZAÇÃO DE PODER. - Necessidade de o técnico ter presente no processo o sistema de valores e as idéias que norteiam o processo, análise CRÍTICA dos resultados, perspectiva de PARTICIPAÇÃO dos influenciados pela ação. - DIMENSÃO TÉCNICO-ADMINISTRATIVA ⇒ atividades que dizem respeito à organização à ação, sob a linha mestra da política de ação. Deve conter: - estrutura organizacional; - normas de conduta; - sistema de informações; - sistema de avaliação e controle. • o conceito de planejamento como PROCESSO, como PRODUTO (seus documentos) e como EMPREENDIMENTO (a implementação do processo, dos programas e planos) • relação entre PLANEJAMENTO, PLANO, PROGRAMA E PROJETO (DOCUMENTOS - conhecimento materialmente fixado). A planificação se dá APÓS a tomada de um CONJUNTO DE DECISÕES para a realização de uma política, de uma ação face um problema, uma conjuntura, uma determinada realidade que foi o fermento da atividade de planejamento até este momento. - necessidade, de APROFUNDAR, ESPECIFICAR, EXPLICITAR e DETALHAR. - agora, um DOCUMENTO começa a ser elaborado, preliminarmente até um documento final que SISTEMATIZA, INTERPRETA e OPERACIONALIZA a ação decidida. - o documento tem um TEMPO onde se realiza, um ESPAÇO onde atua e um VOLUME (uma quantidade) a ser aplicado e esperado. 6 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO PLANO Decisões de caráter geral, grandes linhas políticas, estratégias, diretrizes e responsabilidades. Fornecer referencial para planos setoriais (coerência) Componentes estruturais de um PLANO: - síntese dos fatos, necessidades que motivam o plano e a formulação de objetivos; - política de prioridades (com justificativa da escolha); - o quadro ordenado das mudanças a operar; - quadro cronológico das metas ou resultados esperados em cada mudança a operar; - volume e composição das inversões e gastos; - especificação das fontes e modalidades de financiamento; - a previsão de mudanças, legais, institucionais e administrativas necessárias à implementação; - distribuição das responsabilidades na execução e avaliação. PROGRAMA Aprofundamento do plano, os objetivos setoriais do plano são os centrais do programa. Detalha por setor a política, as diretrizes, metas e medidas planejadas. Quadro de referência do projeto Elementos básicos do programa: - síntese de informações a respeito da mudança a ser programada; - formulação explícita das funções de cada agente do programa; - formulação de objetivos gerais e específicos em coerência explícita com o plano e o relacionamento com outros programas; - atividades e projetos que comporão o programa e sumário de objetivos e ação; - recursos humanos, físicos e materiais mobilizados; - explicitação das medidas administrativas necessárias à execução e manutenção. PROJETO - Traçado prévio da operação de uma unidade de ação (mais abstrato). - Unidade elementar do processo sistemático de racionalização de decisões. - Proposição de produção de algum bem ou serviço, com emprego de técnicas determinadas e com objetivo de resultados definidos (mais material) - Meios necessários à realização e adequação de meios aos fins pretendidos. - Instrumental mais próximo da execução (estabelece prazos, recursos, materiais, custos e receitas). - administrar como a arte de tomar decisões, geração de recursos ⇐ CURTO PRAZO ⇒ produzir hoje com a estrutura existente aplicação de recursos ⇐ LONGO PRAZO ⇒ planejar, projetar a ação - EX: - projeto de ampliação de capacidade, - análise de viabilidade (maximizar retornos e minimizar riscos); - captação de recursos (importante no Brasil, análise racional para concessão de recursos) PLANO/PROGRAMA/PROJETO - níveis de HIERARQUIZAÇÃO sistematizados de decisões e objetivos de longo prazo ⇓ cuja OTIMIZAÇÃO pretende o melhor projeto ⇔ o melhor programa - PROJETO como soma de diversas ferramentas e técnicas de administração como MKT (determinação de demanda, preço, etc.), PRODUÇÃO (dimensionamento, tecnologia, localização) e FINANCEIRA (estrutura do capital, determinação de receitas e custos, análise viabilidade). - nenhuma ferramenta nova mas uma SÍNTESE de ferramentas ⇒ poderoso processo de tomada de decisão ⇓ INTERRELACIONADAS, de tal forma que, separadamente não podem ser utilizadas nem se prestam a um resultado satisfatório. - processo que parte da identificação de idéias - pré- viabilidade - viabilidade final (aproximações sucessivas). Fonte BAPTISTA, M.V. Planejamento Social: Intencionalidade e Instrumentação. 2. ed. São Paulo: Veras Editora, 2002. BRISOLA, E.M.A; SILVA, A.L. O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SUAS: ENTRE VELHOS DILEMAS E NOVOS DESAFIOS. TAUBATÉ-SP: CABRAL EDITORA, 2014. O ASSISTENTE SOCIAL COMO TRABALHADOR NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Elisa Maria Brisola Esse texto retrata os achados sobre o trabalho do assistente social no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) desenvolvida na região Metropolitana do Vale do Paraíba- SP. A pesquisa objetivou identificar as dificuldades do exercício profissional do Assistente Social no SUAS e as estratégias individuais e coletivas construídas para sua superação; buscou também conhecer as formas de resistência dos profissionais frente aos rumos neoliberais tomados na administração pública, na perspectiva de privatização do SUAS. Antes mesmo de adentrar no debate acerca do trabalho do assistente social, importa reportar-nos ao contexto contemporâneo de crise do capital. Essa crise desenrola- se desde os anos de 1970. Trata-se de uma crise estrutural “que expõe as contradições da dinâmica da acumulação, manifestando-se em diversas frentes: a financeira, a ambiental, a urbana e a do emprego” (MOTA, 2010, p. 13), dentre outras.7 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO Na análise criteriosa de Mészáros (2002), trata-se de uma crise de longa duração, de caráter global, de alcance mundial, sem saídas a curta ou longo prazo. Nesse sentido, visando recompor os patamares de acumulação o capital engendra uma série de estratégias, algumas delas amplamente estudadas por autores como Mészáros - o metabolismo do capital (2002); Antunes – as metamorfoses e a perda do sentido do trabalho (2005); Harvey - a acumulação flexível (2003); Mandel - o capitalismo tardio (1990), dentre outros. As estratégias de recomposição do capital em seu conjunto afetam a vida e o trabalho dos trabalhadores aprofundando e redimensionando os processos econômicos e políticos com a globalização e financeirização da economia, a reestruturação produtiva e o neoliberalismo, produzindo mudanças culturais e ideológicas, dentre outras. As mudanças forjadas pelo capital no escopo da crise de acumulação do último quartel do século XX trouxeram, segundo Thébaud-Mony e Druck (2007, p. 25), “uma nova conjuntura histórica, dando conteúdo a um novo modelo de trabalho e vida” (grifos dos autores). Os processos de externalização, precarização e flexibilização como estratégias integrantes do capitalismo mundializado, afetam os trabalhadores de diferentes países, ainda que com particularidades, dadas as condições históricas de cada um (THÉBAUD-MONY; DRUCK, 2007). Nesse sentido, o processo de precarização: [...] compreendido como processo social constituído pela amplificação e institucionalização da instabilidade e da insegurança, expressa nas novas formas de organização do trabalho – onde a terceirização/subcontratação ocupa um lugar central - e no recuo do papel do Estado como regulador do mercado de trabalho e da proteção social através das inovações da legislação do trabalho e previdenciária. Um processo que atinge todos os trabalhadores, independente de seu estatuto, e que tem levado a crescente degradação das condições de trabalho, saúde (e de vida), dos trabalhadores e da vitalidade da ação sindical (THÉBAUD-MONY; DRUCK, 2007, p. 31). István Meszáros (2007, p.148) explica que os verdadeiros obstáculos confrontados pelo trabalho na contemporaneidade podem ser resumidos em duas palavras: “flexibilidade” e “desregulamentação” às quais equivalem à “implacável precarização da força de trabalho”. Para o autor, tais perspectivas carregam “agressivas inspirações” anti-trabalho e políticas neoliberais. Nesse contexto, as mudanças na dinâmica do capitalismo orientam-se por uma perspectiva de classe revelando-se como uma ofensiva do capital contra o trabalho assalariado (ALENCAR; GRANEMANN, 2009). Na América Latina, esses processos ganham contornos ainda mais perversos tendo em conta as condições precárias de grande parte dos trabalhadores, os quais se encontram desprotegidos, seja por sua inserção no mercado informal, seja pelas mudanças operadas nas relações de trabalho. No caso brasileiro, tais processos são favorecidos pela ausência de regulação do Estado e a “liberalização da ação empresarial com ou sem o respaldo em leis que não só flexibilizaram o uso da força de trabalho, mas também favoreceram a fraude e a fuga ao cumprimento das normas e das já limitadas obrigações trabalhistas” (THÉBAUD- MONY; DRUCK, 2007, p. 43), lembremos, por exemplo, o Projeto de Lei 4.330/2004 da terceirização aprovado pela Câmara de Deputados em 15/04/15, a qual significa, conforme análise da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA): [...] redução de custos, o que na prática tem implicado cortes de despesas com direitos trabalhistas. A realidade demonstra, então, que a terceirização de serviços funciona como mecanismo de diminuição de garantias e de direitos para boa parte dos empregados terceirizados, os quais recebem salários mais baixos e tem menos benefícios quando comparados com trabalhadores da mesma função que não sejam terceirizados. [...] A terceirização comprovadamente também diminui a disponibilidade de postos de empregos e paralelamente aumenta a rotatividade de mão de obra, pontos que são absolutamente prejudiciais não só à classe trabalhadora, mas também a toda a sociedade (ANAMATRA, 2015). No que tange à precarização, Alves (2009, p. 189) afirma que essa experiência no Brasil decorre da “síndrome objetiva da insegurança de classe (insegurança de emprego, de representação, de contrato etc.) que emerge numa textura histórica específica–a temporalidade neoliberal”. Tal experiência, conforme o autor é “elemento compositivo do novo metabolismo social que emerge a partir da constituição do Estado neoliberal”. A precarização, segundo o autor fundamenta-se na “intensificação (e a ampliação) da exploração (e a espoliação) da força de trabalho e o desmonte de coletivos de trabalho e de resistência sindical-corporativa” (ALVES, 2009, p.189), bem como na fragmentação social e aumento do desemprego, exercendo pressão sobre a organização dos trabalhadores, os quais perdem SUAS referências de luta coletiva. As mudanças contemporâneas afetam o mundo do trabalho, como também provocam redefinições profundas no Estado e nas políticas sociais. As políticas sociais expressam as contradições e os antagonismos das relações entre as classes e destas com o Estado (MOTA, 1995). No capitalismo atual estão cada vez mais submetidas aos ditames da política econômica, “redimensionada(s) ante as tendências de privatização, de cortes nos gastos públicos para programas sociais, focalizados no atendimento à pobreza e descentralizados em sua aplicação” (IAMAMOTO, 2008, p. 147) e com o processo de precarização/flexibilização das condições de trabalho dos agentes que prestam serviços públicos aos usuários das políticas sociais. Essas mudanças decorrentes da nova etapa da acumulação capitalista atravessam diferentes dimensões da vida social, afetam as relações e gestão do trabalho, “imprimem novas racionalidades às formas de organização do Estado, das políticas públicas e dos sistemas de 8 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO proteção social, alterando os critérios de distribuição do fundo público e, em consequência, modelando as formas de organização e prestação dos serviços sociais públicos” (RAICHELIS, 2013, p. 611). Na análise lúcida de Behring (2008) longe do sentido de solidariedade, pacto social, reforma democrática e redistributivista vividas na perspectiva beveridgeana e socialdemocrata de seguridade, as políticas sociais no escopo da crise do capital, instituem-se a partir de critérios cada vez mais seletivos e focalizados para o atendimento aos direitos sociais. Trata-se de um processo de assistencialização das políticas sociais - funcional à modernização conservadora em curso. As políticas governamentais contemporâneas são “favorecedoras da esfera financeira e do grande capital produtivo das instituições e mercados financeiros e empresas multinacionais enquanto forças que capturam o Estado” (IAMAMOTO, 2009, p. 31), redimensionando “a questão social”, “radicalizando SUAS expressões”, agravando as condições de vida e trabalho dos trabalhadores em geral. Nessa direção, a lógica orientadora das Políticas Sociais em geral e particularmente da política de assistência social, “fundamentam-se, para a força de trabalho que as executam, com fortes traços e tendências de precarização, focalização e descentralização ” (ALENCAR; GRANEMANN, 2009, p.166). A partir dessa breve contextualização da crise do capital e seus impactos na Política Social, passa-se agora a refletir sobre o trabalho do Assistente Social no âmbito da Política de Assistência Social, à qual, desde a aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) em 1993, da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) em 2004 e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em 2005, expressa um conjunto de contradições, pois ao mesmo tempoem que se constitui em conquista para a área da assistência social - historicamente foi vista como não- direito, com a construção de mecanismos de organização, profissionalização e financiamento da política, de outro, efetiva-se por meio de terceirizações e precarização do trabalho dos trabalhadores sociais. Cabe lembrar que a inserção da Assistência Social no tripé da Seguridade Social pressupõe, conforme Silveira (2009), compreendê-la em uma perspectiva ampla, democrática, pública, redistributiva e com serviços de qualidade articulando o direito socioassistencial aos demais direitos de proteção social, além de “reformas estruturantes para o enfrentamento das desigualdades e as garantias do trabalho”. Pressupõe, conforme a autora, a necessidade de construção e da universalização de direitos e políticas públicas de proteção social, ainda que se reconheçam as contradições que atravessam a Seguridade Social. Bochetti (2005) por sua vez afirma que a efetivação da Assistência Social como política de Seguridade demanda entendê-la não apenas como uma política exclusiva de proteção social, mas articular seus serviços e benefícios aos direitos assegurados pelas demais políticas sociais, a fim de estabelecer, no âmbito da seguridade social, um amplo sistema de proteção social. A Política de Assistência Social guardada em sua especificidade não atende de forma exclusiva as demandas e necessidades de seus usuários porque permeada por contradições inerentes ao modo de produção capitalista, para o qual é funcional. Mota (2008, p. 141) chama atenção para a capacidade de as classes dominantes capitalizarem politicamente a Assistência Social, “transformando-a no principal instrumento de enfrentamento da crescente pauperização relativa, ampliando o exército industrial de reserva no seio das classes trabalhadoras”. Vejamos o que acontece com as (os) Assistentes Sociais: Ao tratar do trabalho do assistente social uma primeira questão desponta para situar o escopo da reflexão desenvolvida nesse texto: o Assistente Social é um trabalhador assalariado, razão pela qual, conforme Iamamoto (2007, p. 430) “as dimensões desse trabalho realizam-se por mediações distintas em função da forma assumida pelo valor-capital e pelos rendimentos”. Estas mesmas formas, explica a autora, “condicionam, sob a ótica do valor, a contribuição desse trabalhador ao processo de produção e reprodução das relações sociais sob a égide das finanças” No contexto contemporâneo alteram-se as demandas de trabalho do Assistente Social, modifica-se o mercado de trabalho, alteram-se as condições em que este trabalho se realiza. O assistente social como trabalhador assalariado, experimenta em seu cotidiano profissional, tanto no setor privado, como no público, mudanças nas condições e relações de trabalho às quais se apresentam precarizadas, entendendo a precarização como um processo de mudança na qualidade das condições de trabalho, evidenciada no capitalismo, com a passagem da forma de produção fordista para a produção flexível. A precarização, portanto, na ordem contemporânea, se refere às más condições de trabalho, a ausência e/ ou redução dos direitos trabalhistas, ao desemprego que assola grande parte da população, à fragilidade dos vínculos de trabalho (CAVALCANTE; PRÉDES, 2010). Na Política de Assistência Social essa realidade cada vez mais se intensifica: pesquisas realizadas por estudiosos da área, bem como estudos realizados pelo próprio governo federal Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) apontam para o processo de precarização das condições de trabalho dos profissionais da área no que tange ao tipo de vínculos, apesar da expansão de postos de trabalho para os assistentes sociais confirmadas pelos Censos SUAS/2014/2013/2012: em 2014 atuavam na política de assistência social 17.567 assistentes sociais nos CRAS; 5420 nos CREAS; 599 nos Centro Pop; 4789 nas Unidades de Acolhimento, perfazendo um total de 28.375 profissionais. No ano de 2013 no CRAS 25.203 e em 2012, 24. 087. Importante ressaltar que de maneira geral, os trabalhadores do SUAS encontram-se em situação de precarização no que tange ao tipo de vínculos, conforme os dados apontados no Censo /SUAS /2014: 9 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO Tabela 1 - Percentual de profissionais lotados em unidades públicas e privadas que ofertam serviços socioassistenciais segundo o tipo de vínculo – 2014. Os dados acima citados podem indicar também o processo de terceirização dos serviços socioassistenciais, sobretudo nas Unidades de Acolhimento e Centros de Convivência com contratações pela CLT (38,9% e 46,1% respectivamente). Por outro lado, há fragilização de vínculos nas unidades estatais (CRAS E CREAS), na medida em que os percentuais de “outros tipos de vínculos ” é alto: 53,4% para o CRAS; 47.8 para o CREAS; 48,4% para o Centro Pop; 44,0% para as Unidades de acolhimento e 40,7% para os centros de Convivência. Os dados encontrados em nossas pesquisas na região do Vale do Paraíba são a expressão exata da realidade mais ampla, com a terceirização dos serviços socioassistenciais, a exemplo dos dados do Censo SUAS 2012, segundo o qual nesse ano 35,5% dos profissionais que atuavam no SUAS eram estatutários; 7,2% eram contratados em regime CLT; 14,2% possuíam outro vínculo não permanente; 31,6% eram temporários; 8,7% comissionados; e 5,4% eram terceirizados (BRASIL, 2013). Excetuando-se os estatutários e somando-se os percentuais de trabalhadores com outro tipo de vínculo, tem-se que 67,1% dos profissionais do SUAS não eram servidores públicos. Os dados coletados na primeira etapa da pesquisa na Rede SUAS em 2012 evidenciaram que na, hoje, Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo (RMVP-LN) atuavam 370 profissionais nos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e nos Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), dos quais 238 (64.3%) são assistentes sociais e os demais se dividem entre psicólogos, advogados, pedagogos e outras profissões de nível superior. Verificou-se também que, dos trabalhadores sociais que atuam no SUAS, cerca de 111 (30%) são estatutários, ou seja, são servidores públicos municipais, aprovados em concurso; 177 (50%) são contratos pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT); 29 (7,8%) são temporários; 21 (5,6%) são comissionados, ou seja, cargos de indicação política; 10 (2,7%) são cooperados; 15 (4,0%) possuem outro vínculo não especificado e 7 (1,8%) não possuem vínculo empregatício de qualquer natureza (são, possivelmente, autônomos [RPAs] e/ou voluntários). A Tabela 2 abaixo explicita o número de trabalhadores sociais e seus respectivos vínculos empregatícios por município da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte: 10 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO Tabela 2 - Número de trabalhadores conforme o Vínculo Empregatício por município da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Nos dados apresentados pelo Censo SUAS/2014 essa tendência permanece, visto que em 2010, eram 36,6% de profissionais estatutários no Brasil; em 2011, 34,0%; no ano de 2012, 35,5%; em 2013, 35,8% e em 2014 35,1%. Em contrapartida, tem-se em 2014 o aumento de profissionais com “outros vínculos” alcançado o maior percentual da série histórica analisada, 37%; 16,9% comissionados; 11% celetistas. O Censo SUAS/2014 ainda traz um dado que merece análise: do conjunto de profissionais que atuam no SUAS a maior concentração se dá no nível médio no CRAS com 23.934, contra 9.507 psicólogos, 5.690 pedagogos, 7.705 outras formações e 26.038 sem formação. Também se registra a expansão de trabalhadores de nível médio no CREAS (1004) e no Centro Pop (952). A constatação da realidade dos trabalhadores do SUAS quanto ao tipo de contratação remete à seguinte questão: “a não obediência dos direitos trabalhistas nos vínculos de trabalho configura a supressão doacesso à proteção social do próprio trabalhador” (NERY, 2009, p. 96) e, nessa perspectiva, pergunta-se como um trabalhador sem direitos irá defender 11 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO os direitos do outro. Por outro lado, entende-se que a composição das equipes de referência por meio de concursos públicos que atestem o conhecimento técnico e científico dos profissionais, “confere estabilidade do ponto de vista trabalhista” e “é parte fundamental do processo de construção de uma política pública de Estado” (FERREIRA, 2009, p. 110). A precarização das condições de contratação e, consequentemente, de trabalho dos profissionais que atuam no SUAS não garante continuidade dos trabalhadores em SUAS funções e, na maioria das vezes, as contratações são em tempo parcial (10 ou 20 horas semanais) e/ou por prazo determinado, por projetos ou cooperativas. Entretanto, uma das diretrizes da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-RH/SUAS) é que “a gestão do trabalho no âmbito do SUAS deva garantir a formalização dos vínculos dos trabalhadores do SUAS e o fim da terceirização, além de garantir a educação permanente dos trabalhadores” (BRASIL, 2013, p. 7). Exemplo desse processo é verificado também no Estado de Santa Catarina conforme estudos de Santos e Manfroi (2012), revelando um percentual importante de assistentes sociais que trabalham, não apenas em mais de um projeto no âmbito das organizações sociais prestadoras de serviços socioassistenciais, mas também profissionais que atuam em dois a três municípios, em razão de baixos salários. As pesquisas realizadas em Alagoas por Prédes e Cavalcante (2010) sobre o mercado de trabalho do serviço social, apontam para a mesma lógica, ou seja, foi “constatado que embora haja uma ampliação da inserção dos assistentes sociais no mercado de trabalho no âmbito do setor público, os profissionais vivenciam diversos. Aspectos de um trabalho precarizado. Principalmente devido às condições precárias em que se encontram os serviços públicos em todas as esferas de governo, implicando na redução de profissionais e na escassez de recursos financeiros, devido aos ajustes neoliberais”. Esse processo de precarização do trabalho socioassistencial é gerador de inúmeras dificuldades tanto para os profissionais que atuam na área quanto para os usuários da política, visto que a “mercadorização” (ANTUNES, 2007) dos serviços socioassistenciais, têm se expressado como desresponsabilização estatal e adoção da cultura gerencial característica da chamada flexibilização produtiva, a qual visa à racionalização e intensificação dos ritmos e processos de trabalho, transferindo a execução dos serviços para organizações sociais “filantrópicas”, frequentemente vinculadas a instituições religiosas. A terceirização dos serviços socioassistenciais “desconfigura o significado e a amplitude do trabalho técnico realizado pelos assistentes sociais e demais trabalhadores sociais”, além de deslocar “as relações entre a população, SUAS formas de representação e gestão governamental, pela intermediação de empresas e organizações sociais” (RAICHELIS, 2009, p. 384). A autora ainda aponta que a terceirização dos serviços socioassistenciais opera uma cisão entre serviço e direito, na medida em que “a lógica que preside o trabalho não é pública, obscurecendo-se a responsabilidade do Estado perante seus cidadãos” (RAICHELIS, 2009, p. 384). A terceirização dos serviços socioassistenciais e a contratação precária de profissionais assumem, conforme Raichelis (2010), características específicas na Assistência Social, considerando o seu histórico de desprofissionalização e descontinuidade das ações. Ao que parece, a política vive uma espécie de retorno ao passado no que concerne à parceria público-privado, visto que historicamente as organizações sociais compuseram o quadro dessa política. Evidentemente, as bases dessa nova lógica se diferenciam daquelas do passado, porém os efeitos deletérios continuam presentes tanto para os usuários da política, como para os profissionais. A pesquisa, base dessa análise, identificou as principais dificuldades que os profissionais enfrentam ao trabalhar no campo do SUAS, quais sejam: falta de estabilidade; insegurança no trabalho; precarização das condições de trabalho; aumento do trabalho com exigências de cumprimento de metas; burocratização, baixos salários, ausência de capacitações, dentre outras. Analisar, portanto, o trabalho do Assistente Social no SUAS demanda a identificação das contradições do fazer profissional como trabalhador assalariado que atua no âmbito das políticas e não dispõe dos recursos para sua ação e, nessa condição, lhe são impostos “parâmetros institucionais e trabalhistas que regulam as relações de trabalho”, os quais “condicionam o conteúdo do trabalho realizado e estabelecem limites e possibilidades à realização dos propósitos profissionais” (IAMAMOTO, 2009, p. 38). A condição assalariada do exercício profissional pressupõe a mediação do mercado de trabalho. Assim, as exigências impostas pelos distintos empregadores materializam demandas, estabelecem funções e atribuições, impõem regulamentações específicas a serem empreendidos no âmbito do trabalho coletivo (CEOLIN, 2014, p.241). No âmbito das instituições empregadoras, o assistente social integra o trabalho coletivo para a implementação de ações determinadas pelas instituições, logo, o resultado de seu trabalho depende, dentre outros aspectos, “do prévio recorte das políticas definidas pelos organismos empregadores, que estabelecem demandas e prioridades a serem atendidas” (IAMAMOTO, 2007, p. 421), o que, certamente, contribui para a diminuição da autonomia profissional. Silva (2012, p. 156) confirma essa lógica ao afirmar que a: Política de Assistência Social impacta diretamente o cotidiano profissional, tensionando as dimensões das competências e atribuições privativas do assistente social que postula um profissional crítico vinculado às demandas coletivas de usuários, ao acesso aos direitos, e as demandas institucionais que vêm exigindo um profissional com um perfil mais tecnicista, cuja tendência é de fortalecimento das bases conservadoras do Serviço Social, e, portanto, de mero controle de parcelas da classe trabalhadora usuária desta política. 12 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO Em artigo publicado por Raichelis (2013) acerca dos impactos da crise mundial sobre o Sistema de Proteção Social e o trabalho do assistente Social, os achados da autora corroboram com as vivências dos profissionais entrevistados na pesquisa que serve de base nesse texto, explicitando que no contexto da precarização há um excessivo aumento de “trabalho”, aumento esse funcional à despolitização, visto que os profissionais dedicam- se ao trabalho burocrático, “com o preenchimento de formulários e planilhas padronizadas, a multiplicação das visitas domiciliares para fins de controle institucional das provisões e prestações sociais, a realização de cadastramentos da população”, ou seja, cada vez mais os assistentes sociais dedicam-se a tarefas que não permitem a reflexão, rebaixando a qualidade e importância de seu trabalho, além de não permitir a articulação com os usuários da política (RAICHELIS. 2013, p. 624). A burocracia, nesse sentido, assume lugar de destaque nas práticas profissionais, ocultando o sentido do fazer profissional, impondo uma racionalidade de tipo novo, a qual inibe a reflexão crítica e as possibilidades de resistência dos profissionais, que estão trabalhando cada vez mais. Conforme Raichelis (2013) na conjuntura contemporânea além da intensificação do trabalho, as exigências são cada vez maiores assim como as cobranças de resultados quantitativos em detrimento dos qualitativos, com evidente “degradação e exploração do trabalho, em outros termos, a adoção de estratégias de redução do trabalho pago e ampliaçãodo trabalho excedente, o que está na raiz do sofrimento do trabalhador assalariado” (RAICHELIS, 2013, p. 623). Nesse sentido, a precarização é idelogicamente funcional ao novo modelo de gestão do trabalho, na medida em que permite a emergência da “racionalidade” nova do capital e, ao mesmo tempo, subtrai dos trabalhadores o tempo necessário para sua organização política, articulação com movimentos sociais e usuários, seja pelo excesso de trabalho que os mobiliza no ambiente laboral, seja pelo esgotamento físico provocado por esse excesso. Cabe lembrar que a redução do tempo de trabalho - propiciada pela “flexibilização” representada pelo emprego em tempo parcial, temporário, autônomo e informal - não corresponde ao aumento do tempo livre - possivelmente destinado à organização política dos trabalhadores -, já que a diminuição das jornadas significa, geralmente, a “redução dos salários, obrigando as pessoas a multiplicar SUAS ocupações” (ORGANISTA, 2006, p. 68). Do ponto de vista da gestão do trabalho, os profissionais apontam para a nova racionalidade do Estado que passa a reordenar e regulamentar as prestações de serviços com o intuito de evitar supostos desperdícios e a racionalizar o trabalho visando a “eficiência” e a “eficácia” nos moldes gerenciais. A adoção da lógica ou da linguagem do capital (RAICHELIS, 2010) gera, no mínimo, o esvaziamento do espaço público como arena de disputas de interesses antagônicos, convertendo-se, em um espaço despolitizado. Os profissionais, por seu turno, ressentem-se de espaços para expor SUAS ideias e experiências na medida em que o planejamento não passa por essa instância. Aos profissionais é delegada apenas a função executora. Tal perspectiva produz, no limite, desânimo (e, em alguns casos, desistência dissimulada) no que se refere ao potencial emancipatório do projeto profissional do Serviço Social. Outro elemento derivado da precarização das condições de trabalho se refere ao processo de despolitização da categoria. Conforme Antunes (2007, p. 22) na “nova morfologia do trabalho”, a classe trabalhadora é mais fragmentada, heterogênea e complexificada, consequentemente, mais despolitizada. As narrativas dos profissionais entrevistados, ou melhor, no silêncio desses, observa-se distância no que se refere à participação nos organismos da categoria (conjunto CFESS/CRESS); movimentos sociais, sindicatos ou partidos, os quais se constituem mecanismos de fortalecimento da luta pelos direitos socioassistenciais, bem como pelos direitos dos trabalhadores em geral. Dos profissionais entrevistados somente um destaca a importância do diálogo constante com os organismos da categoria como forma de enfrentamento dos desafios postos à profissão: Acredito que o conjunto CFESS/CRESS, apesar de alguns problemas existentes, ainda assim são canais legítimos de discussão e fortalecimento da categoria. Basta à gente participar (AS. de município de Grande Porte/ Organização Social). Identifica-se, nessa perspectiva, um processo de despolitização no interior da assistência social, na medida em que os profissionais estão submersos à rotina do trabalho: [...] o trabalho é extremamente burocratizado, não temos tempo para mais nada (AS. de município de Médio Porte). [...] nós não temos momentos para nos reunir e refletir sobre o próprio trabalho, sobre as nossas condições de trabalho (AS. Município de Porte Grande). [...] A gente trabalha em muitas frentes, às vezes com três projetos. Aí, a gente não dá conta de mais nada (AS de Organização social conveniada com município Porte Grande). Como adverte Antunes (2007, p. 22) a reversão desse processo se dará por meio de “um novo desenho das formas de representação das forças sociais”. Considerações finais Como foi possível apontar nessa reflexão, o assistente social como trabalhador é impactado, assim como os demais trabalhadores, pelas estratégias e táticas perversas do capital com vistas à recomposição de SUAS taxas de lucro. Nessa direção, evidenciam-se novos desafios postos aos profissionais na medida em que os processos de terceirização, flexibibilização e precarização atingem o campo das políticas sociais públicas, restringindo o poder 13 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO de negociação dos trabalhadores, exponenciando o trabalho e reduzindo os direitos conquistados por meio de lutas sociais. As mudanças ocorridas na dinâmica do trabalho atingem os profissionais em geral por sua condição de assalariamento. Especificamente, no caso dos Assistentes Sociais, a insegurança gerada por contratos precários, associada ao acúmulo de trabalho cada vez mais burocrático inibe a organização dos profissionais, levando-os a sofrimentos tanto físicos como emocionais e a enfrentamentos de caráter individual de questões afetas ao coletivo. De outro lado, as condições precárias de trabalho afetam a qualidade do trabalho desenvolvido junto à população usuária dos serviços socioassistenciais, comprometendo o projeto profissional do Serviço Social. O processo de precarização que atinge a todos “é um processo que mina as formas de resistência e luta dos trabalhadores, disseminando a (falsa) ideia de fatalidade econômica e irreversibilidade política da situação presente” (RAICHELIS, 2013, p. 618). O contexto contemporâneo, portanto, conforme Berhing (2008) aponta a necessidade de associar coragem e racionalidade para o enfrentamento dos processos em curso nesse período regressivo, contrarrevolucionário e contra reformista, de falta de nitidez dos projetos societários e confusão dos espíritos, e diríamos de superexploração da força de trabalho, de precarização das condições de trabalho e vida, de desregulamentação dos direitos conquistados pela classe trabalhadora, de barbárie. No que se refere aos assistentes sociais, impõe- se cada vez a necessidade de articulação com outros profissionais, usuários, sindicatos e partidos de forma a fortalecer o projeto democrático e os direitos das classes trabalhadoras. Por outro lado, conforme Mota (2014, p. 700) a problematização das “expressões cotidianas e imediatas da realidade e que se constituem em demandas às instituições e ao Serviço Social [pode] levar o profissional exercitar uma relativa autonomia intelectual que oriente SUAS propostas de intervenção com base nas condições objetivas existentes”. Da mesma maneira, a participação nos organismos da categoria, é estratégica para a resistência coletiva. Assim, apesar das contradições identificadas na realidade social, não podemos perder de vista as possibilidades de resistência e enfrentamento coletivo. Em tempos tão sombrios, cabe o fortalecimento e defesa do projeto ético-político do serviço social, contra a superexploração da força de trabalho. Fonte BRISOLA, E.M.A; SILVA, A.L. O Trabalho do Assistente Social no SUAS: Entre velhos dilemas e novos desafios. Taubaté-SP: Cabral editora, 2014. BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DO SUAS. BRASÍLIA: SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2013. 1. INTRODUÇÃO Caracterizada historicamente por ações assistencialistas, paternalistas, fundadas na caridade e na benesse e alicerçadas no voluntariado, a Assistência Social tem dado passos significativos em direção à sua consolidação como política de direito. A mudança no paradigma assistencial historicamente dominante se deu na medida em que os movimentos sociais afetos ao campo da Assistência Social, que haviam sido silenciados durante o período da Ditadura Militar (1964- 1985), emergiram na cena política nacional e, quando da redemocratização do País, deixaram sua marca no processo de elaboração da Carta Magna de 1988. Assim, por força da Constituição Federal de 1988 e da Lei n. 8.742, de 1993, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), e suas atualizações,a Assistência Social foi elevada ao estatuto de política pública integrante da Seguridade Social e, portanto, passou a constituir-se como um direito do cidadão e dever do Estado. Os procedimentos, mecanismos, instrumentos, princípios e diretrizes de sua operacionalização foram regulamentados pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) e pela Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS/2005), revogada e substituída pela NOB/ SUAS/2012). Arcabouço normativo por meio do qual a Assistência Social ganhou a configuração institucional de um sistema descentralizado e participativo que, por meio de uma rede socioassistencial, composta de órgãos governamentais e de entidades e organizações de Assistência Social, oferta à população serviços, benefícios, programas, projetos e transferências de renda, destinados à garantia da proteção social e ao atendimento das necessidades básicas da população. O conjunto de processos, procedimentos e atividades, relacionadas ao planejamento, operacionalização, monitoramento, avaliação e controle social do conjunto de ações finalísticas, as quais compõem a Política de Assistência Social; bem como o financiamento e a gestão sistêmica, descentralizada, participativa e compartilhada, exigem a mobilização de novos saberes e competências e uma permanente atualização - impondo ao mesmo tempo a necessidade de um trabalho combinado e qualificado e de uma grande variedade de profissionais, com diferentes graus de formação escolar, atuando nas três esferas de governo. 14 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO Visando a atender as exigências desse novo contexto e a promover a profissionalização da Assistência Social, a LOAS coloca em evidência a necessidade de implementação da Gestão do Trabalho e da Educação Permanente na Assistência Social e atribui ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) a responsabilidade de “formular política para a qualificação sistemática e continuada de recursos humanos no campo da Assistência Social” (LOAS, art. 19, IX). Tal perspectiva é reafirmada pelo Plano Decenal da Assistência Social (2005) e pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS/2006). Assim, em resposta a esses desafios, o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), com o apoio da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), iniciou um amplo processo de debate e de pactuação, envolvendo gestores das três esferas federativas, como trabalhadores, conselheiros e usuários do SUAS; visando à elaboração do texto desta Política Nacional de Educação Permanente. As diretrizes e princípios que a orientam foram apresentados e discutidos, pela primeira vez, em 2011, durante o Fórum Nacional de Secretários de Estado da Assistência Social (FONSEAS), sendo que as responsabilidades que ela estabelece entre os entes federados foi pactuada, nesse mesmo ano, por ocasião da 108ª Reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Após essa pactuação, uma versão preliminar desta política foi apresentada e discutida em uma reunião do CNAS, a qual deliberou pela sua publicização e disseminação na VIII Conferência Nacional da Assistência Social, realizada em dezembro de 2011, bem como pela organização de uma oficina de trabalho, destinada ao aprofundamento do debate sobre o seu conteúdo. A oficina, realizada em 25 de abril de 2012, contou com a participação de representantes de Instituições de Ensino Superior das cinco regiões do País; de Associações de Ensino e Pesquisa; do Fórum Nacional dos Trabalhadores do SUAS; de conselheiros de Assistência Social; do FONSEAS; do Colegiado Nacional dos Gestores Municipais da Assistência Social (Congemas); de representantes das Entidades de Classe representativas das categorias profissionais com Ensino Superior que atuam no SUAS; e de colaboradores/ especialistas. Com base no debate realizado e a fim de que fosse incorporado ao texto as contribuições resultantes, o CNAS, por meio da Resolução n. 19, de 06 de junho de 2012, instituiu um Grupo de Trabalho com o objetivo de sistematizar o texto final da Política Nacional de Educação Permanente do SUAS. Essa Política Nacional de Educação Permanente constitui, portanto, uma resposta às demandas por qualificação do provimento dos serviços socioassistenciais, da gestão e do controle social do SUAS, não apenas representativa dos anseios do conjunto de sujeitos envolvidos na construção desse Sistema, mas também de um ousado e arrojado modo de se conceber e fazer a formação de pessoas para e pelo trabalho, visando à emancipação dos trabalhadores e dos usuários do Sistema. Para o desafio de implementá-la estão convocados todos os que contribuíram, estejam contribuindo ou pretendam contribuir para a profissionalização do SUAS e consolidação da Assistência Social enquanto política pública de direito: MDS; Secretarias Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Assistência Social; Conselhos de Assistência Social; Entidades e Organizações de Assistência Social; organizações de classe e organizações sindicais representativas dos trabalhadores do SUAS; organizações representativas de usuários do SUAS; Comissões Intergestores Tripartite e Bipartites; Instituições vinculadas à Rede Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS, entre outros. 2. HISTÓRICO O reconhecimento da Assistência Social como política pública integrante da Seguridade Social, direito do cidadão e dever do Estado, bem como a lógica de sua organização na forma de sistema único, descentralizado e participativo, possibilitaram a institucionalização dos conselhos e conferências como espaços centrais e privilegiados do debate democrático, relativamente aos diferentes aspectos e dimensões de sua implementação. Entre eles, os temas da gestão do trabalho e da qualificação e valorização dos trabalhadores da área figuraram desde o primeiro momento nos debates e deliberações das conferências de Assistência Social, culminando com a realização da VIII Conferência Nacional, que teve como lema “A consolidação dos SUAS e a Valorização dos seus Trabalhadores”. A preocupação com esses temas, porém, não se limitou ao campo do debate. Com relação à qualificação dos trabalhadores e dos conselheiros envolvidos na implementação da Política de Assistência Social, algumas ações foram desenvolvidas e executadas nos âmbitos municipal estadual, distrital e federal; possibilitando um importante aprendizado institucional quanto ao tema. Sendo assim, como ponto de parti da para as definições estratégicas contidas nessa Política Nacional de Educação Permanente, vale proceder ao registro e ao balanço da trajetória histórica do modo como as conferências de Assistência Social enfrentaram o debate quanto aos temas acima anunciados, bem como das principais ações de formação e capacitação que buscaram responder às demandas por qualificação na área. 2.1 Trajetória histórica do debate desenvolvido nas Conferências de Assistência Social sobre trabalho e valorização dos trabalhadores As duas primeiras Conferências Nacionais – realizadas respectivamente em 1995 e 1997 – convergiram com o período de extinção da Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), que desde sua criação, em 1942, havia se constituído no principal veículo por meio do qual o Estado implementava ações de assistência. Nesse período, a gestão federal da Assistência Social financiava entidades sociais com verbas para a manutenção de variados serviços como creches, internação de idosos e serviços de atenção continuada. 15 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA FUNÇÃO A LBA contava com um grupo de servidores organizados e ativos na defesa da Assistência Social enquanto política de direito. Em sua trajetória, a Associação Nacional dos Servidores da Legião Brasileira de Assistência (ANASELBA) teve uma participação intensa no processo constituinte e, em seguida, no debate e na formulação da LOAS. A ANASELBA foi também uma das representações
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