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Wesley Nascimento – PATOLOGIAS OCLUSAIS E DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES RELAÇÕES MAXILOMANDIBULARES ESTÁTICAS RC: relação central ou relação cêntrica é definida como a relação maxilomandibular em que os côndilos estão centralizados nas fossas mandibulares e apoiados sobre as vertentes posteriores das eminências articulares, com os respectivos discos articulares devidamente interpostos. -> não diz respeito a contatos dentários. Normalmente, apenas um ou dois contatos dentários acontecem nessa posição e caracterizam os chamados contatos deflectivos. MIH: máxima intercuspidação habitual, é definida como aquela em que ocorre o maior número possível de contatos entre os dentes superiores e inferiores, independentemente da posição condilar. ORC: oclusão em relação cêntrica, coincidência entre MIH e RC. DINÂMICAS → Os movimentos mandibulares podem ser divididos em LATERAL e PROTUSIVO. → Durante o movimento lateral da mandíbula, idealmente deve haver desoclusão dos dentes posteriores. Tal desoclusão pode ser provida somente pelo canino -> GUIA CANINA ou pelo canino auxiliado pelos dentes posteriores de uma maneira uniforme -> FUNÇÃO EM GRUPO . → Por definição, o lado para o qual a mandíbula se movimenta é chamado de lado de trabalho, enquanto o lado oposto recebe o nome de lado de não trabalho ou balanceio. → Durante os procedimentos de confecção de PPF, o provimento de um guia canino é a melhor opção, principalmente pela facilidade dos procedimentos técnicos → Já durante o movimento protrusivo, os dentes anteriores desocluem os dentes posteriores, protegendo -os de contatos direcionados para fora do longo eixo. CONCEITO DE OCLUSÃO IDEAL As características de uma oclusão ideal podem ser resumidas da seguinte forma: • Transmissão da resultante das forças oclusais em direção ao longo eixo dos dentes posteriores: quando se exerce uma força oclusal sobre qualquer dente posterior, o vetor final dessa força deve ser direcionado o mais próximo possível do longo eixo do dente. Essa característica propicia a manutenção da homeostasia das estruturas periodontais, mantendo a relação dente/osso alveolar em equilíbrio. • Contatos dentários posteriores bilaterais e simultâneos: idealmente, na posição final do fechamento mandibular, deve haver contatos simultâneos em todos os dentes posteriores. • Dimensão vertical de oclusão (DVO) adequada: o relacionamento maxilomandibular no sentido vertical permite não somente uma aparência estética satisfatória, mas principalmente um equilíbrio muscular durante os processos de mastigação, deglutição e fala. • Guias laterais e anterior: durante os movimentos excursivos da mandíbula, os dentes posteriores não devem participar da oclusão. Essa desoclusão deve ser obtida à custa dos dentes anteriores. Durante o movimento lateral, não deve haver contato entre os demais dentes anteriores e posteriores. Esses conceitos são importantes para definir o padrão oclusal em indivíduos com dentição completa, conhecido como oclusão mutuamente protegida. • RC coincidente com a MIH: Essa condição é necessária nos casos de PPF ou reabilitação oral em que não existe estabilidade oclusal entre os dentes remanescentes. Nesses casos, torna -se necessária a utilização de uma posição condilar, no caso a RC, como ponto de partida para a determinação da posição intermaxilar para a reconstrução oclusal. -> VALE RESSALTAR QUE A GRANDE MAIORIA APRESENTA UMA OCLUSÃO FISIOLÓGICA. CONTATOS PREMATUROS E INTERFERÊNCIAS OCLUSAIS CONTATO PREMATURO é um termo genérico que se refere a qualquer contato oclusal que prematuramente impede o fechamento mandibular na posição de MIH ou RC ou durante os movimentos excursivos. -> Um contato prematuro não interfere necessariamente na função e na parafunção, tampouco Wesley Nascimento – causa patologias oclusais. Aproximadamente 90% da população é livre de qualquer sinal ou sintoma de trauma oclusal e apresenta contatos prematuros na posição de RC, que não devem ser considerados interferências oclusais. INTERFERÊNCIA OCLUSAL é uma relação de contato oclusal que interfere de alguma forma na função ou na parafunção. Portanto, uma definição operacional para o tratamento de uma interferência oclusal requer alguma evidência de dano ao sistema estomatognático. → A presença de interferências oclusais define os chamados traumas oclusais, que são definidos como: Trauma oclusal primário: se refere às interferências oclusais que atuam sobre dentes com suporte periodontal sadio. Trauma oclusal secundário: diz respeito às interferências oclusais sobre dentes previamente comprometidos por doença periodontal inflamatória e, consequentemente, debilitados em relação ao suporte ósseo. PATOLOGIAS RELACIONADAS DIRETAMENTE À OCLUSÃO Para a realização do diagnóstico e a execução de um plano de tratamento associado à confecção de próteses, essas patologias de origem oclusal são subdivididas em três tipos: mobilidade e movimentação dentária, desgaste dentário e lesões cervicais de origem não cariosa. MOBILIDADE DENTÁRIA → O trauma de oclusão é definido como uma condição de lesão que resulta do ato de os dentes entrarem em contato, causando alterações microscópicas na membrana periodontal e mobilidade dentária patológica. -> um dente sob trauma oclusal e sem doença periodontal, há o desenvolvimento de áreas com perda óssea e mobilidade dentária, sem, contudo, haver perda de inserção periodontal e/ou formação de bolsas periodontais. Um aspecto interessante é a observação do comportamento desse dente em relação à mobilidade. A progressão da mobilidade associada ao aumento do espaço periodontal é um indicativo de traumatismo oclusal. Espessamento do ligamento periodontal decorrente de trauma oclusal. DESGASTE DENTÁRIO Outra forma de manifestação clínica das patologias relacionadas diretamente à oclusão é o desgaste dentário patológico. É perfeitamente normal encontrar pessoas em idade avançada com características de desgaste dentário. Desse modo, é importante verificar se o desgaste dentário é compatível com a idade do paciente. No entanto, antes do planejamento e da execução do tratamento reabilitador, o profissional deve estar atento a casos de desgaste dentário patológico. Os desgastes dentários são classificados de acordo com a etiologia em ABRASÃO, EROSÃO OU ATRIÇÃO. → ABRASÃO é a perda de estrutura dentária ou de restauração não relacionada com contato dentário proveniente de fricção de objetos sobre os dentes, como escovação com força exagerada, interposição de objetos entre os dentes, etc. Desgaste generalizado na região cervical na maioria dos dentes, causado por uso excessivo de escova dental. → EROSÃO é a perda de estrutura dentária ou de restauração por ação química não relacionada a bactérias, como excesso de ingestão de refrigerantes, frutas ácidas e presença de refluxo gástrico, também conhecido como biocorrosão ou perimólise. Wesley Nascimento – Desgaste generalizado na superfície oclusal dos dentes posteriores, causado por ingestão excessiva de substâncias ácidas. → ATRIÇÃO é a perda de estrutura dentária ou de restaurações causada por contato direto com dentes antagonistas, incluindo função normal e hábitos parafuncionais. -> Os desgastes dentários provenientes da atrição podem apresentar -se de três maneiras, discutidas a seguir. o Desgaste isolado em elementos dentários localizados na região posterior ou anterior: Ocorre na presença de contatos oclusais anormais durante os movimentos laterais. Nesses pacientes, os dentes se desgastam devido à boa qualidade do tecido ósseo. Desgaste dentário localizado isoladamente no pré -molar por ausência de guia lateral pelo canino decorrentede mordida aberta anterior. o Desgaste localizado em caninos com caráter progressivo: Nesse caso, o desgaste provavelmente é reflexo de uma atividade parafuncional (bruxismo) ou de uma posição incorreta ao dormir, ocorrendo com frequência em pacientes jovens. Desgaste do canino e dos dentes posteriores decorrente de parafunção. O desgaste começou no canino e, após a perda do guia, estendeu -se para os demais dentes. o Desgaste dentário generalizado: Esse tipo de desgaste também está relacionado a atividades parafuncionais em pacientes que normalmente não pertencem ao grupo de risco de doen ça periodontal. Deve -se salientar mais uma vez a necessidade de excluir o desgaste fisiológico, como citado anteriormente. Desgaste dentário generalizado decorrente de bruxismo. LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS Outro tipo de patologia oclusal são as lesões cervicais com aspecto em forma de cunha e com bordas cortantes. As lesões cervicais de causas idiopáticas são comumente confundidas com erosões causadas por ácido ou com abrasões causadas por escovação. Os dentes mais afetados pelas lesões cervicais de origem não cariosa são os pré -molares superiores, seguidos por molares e caninos. A participação exclusiva da oclusão na formação das lesões cervicais não cariosas é discutível na literatura em razão da causa dessas lesões ser multifatorial. Wesley Nascimento – A abfração é a perda da superfície dentária nas áreas cervicais dos dentes causada por forças tensionais e compressivas advindas da flexão do dente por excesso de carga oclusal, por exemplo, contato pré maturo, forças da mastigação e hábito parafuncional. DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES (DTMS) As DTMs constituem uma série de sinais e sintomas de dor e disfunção na musculatura mastigatória, na ATM ou em ambas. Elas são caracterizadas principalmente por dores faciais, dores e ruídos na ATM, dores de cabeça e dificuldade de abertura ou movimentação mandibular. As DTMs podem ser classificadas em dois grandes grupos: PATOLOGIAS MUSCULARES E PATOLOGIAS INTRA-ARTICULARES. → PATOLOGIAS MUSCULARES incluem desde mialgias localizadas na musculatura mastigatória (dores musculares esporádicas) até processos crônicos com necessidade de terapias específicas (mialgias mediadas pelo sistema nervoso central e dores miofasciais). → PATOLOGIAS INTRA-ARTICULARES englobam as patologias envolvidas no relacionamento côndilo/disco articular e os processos inflamatórios e degenerativos da ATM provenientes dessas alterações estruturais. Nesses casos, é necessário realizar um tratamento antes de qualquer procedimento reabilitador, uma vez que as relações oclusais são frequentemente alteradas por tais problemas. É importante reiterar que muitas interferências oclusais são causadas por problemas disfuncionais, como os mioespamos unilaterais ou as doenças articulares em estágios avançados. Portanto, ao contrário do que sempre se pensou, deve -se considerar a hipótese de a interferência ser consequência, e não causa, da DTM. O tratamento das DTMs envolve medidas como aconselhamento, utilização de placas oclusais, administração de medicamentos e procedimentos de fisioterapia.
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