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DIREITO PENAL P R O F . T A S S I O D U D A 2020 Direito Penal Tema: Concurso de Pessoas Prof. Tassio Duda Fala pessoal, tudo bem? No presente resumo, iremos abordar o concurso de pessoas - seu conceito e requisitos. O concurso de pessoas, regulado pelos arts. 29 a 31 do CP, também conhecido como concurso de agentes e codelinquência, ocorre quando duas ou mais pessoas participam da prática de uma infração penal. Nucci (2020, pg. 537) conceitua o concurso de pessoas como sendo: Para a caracterização do concurso de pessoas, é necessário o preenchimento de 05 (cinco) requisitos. A doutrina, basicamente, indica: a) Pluralidade de agentes; O concurso de pessoas depende de pelo menos duas pessoas e de ao menos duas condutas penalmente relevantes. Ambas as condutas podem ser principais ou principal e acessória, a depender do caso concreto. Nesse sentido, Victor Gonçalves (2020, pg. 695) esclarece que: 1. INTRODUÇÃO 2. CONCEITO DE CONCURSO DE PESSOAS (...) a cooperação desenvolvida por mais de uma pessoa para o cometimento de uma infração penal. Chama-se, ainda, em sentido lato, coautoria, participação, concurso de delinquentes, concurso de agentes, cumplicidade. 3. REQUISITOS Para que seja possível a punição de duas ou mais pessoas em concurso, é necessário que cada uma delas tenha realizado ao menos uma conduta. Caso se trate de coautoria, existem duas condutas classificadas como principais. Ex.: duas pessoas efetuando disparos na vítima; três indivíduos subtraindo bens da vítima; dois funcionários públicos desviando dinheiro público etc. No caso de participação, existe uma conduta principal — do autor — e outra acessória — do partícipe. Ex.: uma pessoa atira na vítima, e o partícipe, verbalmente, a incentiva a fazê-lo; um empregado deixa destrancada a janela da casa e comunica o fato ao ladrão, que, de noite, vai à residência e subtrai os bens da vítima. Direito Penal Tema: Concurso de Pessoas Prof. Tassio Duda Também é necessário, em regra, que os agentes participantes sejam culpáveis. Caso contrário, ou seja, a ausência de culpabilidade por doença mental de um dos indivíduos, por exemplo, afastaria o concurso de agentes. Nesse sentido, Cléber Masson (2018, pg. 538) expõe que: Há, contudo, algumas exceções. Cléber Masson (2018, pg. 238) explica que: Do mesmo modo, nos crimes eventualmente plurissubjetivos – aqueles geralmente praticados por uma única pessoa, mas que têm a pena aumentada quando praticados em concurso, a culpabilidade de um dos envolvidos é dispensável. É o que acontece no furto praticado por um maior de idade na companhia de um adolescente, em que incide a qualificadora do concurso de pessoas, prevista no art. 155, § 4.º, IV, do Código Penal. b) Relevância causal das condutas para a produção do resultado; Não basta a presença de duas pessoas. É necessário que as condutas praticadas tenham, de maneira efetiva, contribuído para o resultado criminoso. Nas palavras de Cléber Masson (2018, pg. 539): Os coautores ou partícipes, entretanto, devem ser culpáveis, ou seja, dotados de culpabilidade. Com efeito, a teoria do concurso de pessoas desenvolveu-se para solucionar os problemas envolvendo os crimes unissubjetivos ou de concurso eventual, que são aqueles em regra cometidos por uma única pessoa, mas que admitem o concurso de agentes. Nesses delitos, a culpabilidade dos envolvidos é fundamental, sob pena de caracterização da autoria mediata. Exemplificativamente, se um maior de 18 anos penalmente capaz encomenda a morte de sua sogra a um menor de idade, não há por que falar em concurso de pessoas, mas em autoria mediata. (...) no tocante aos crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário, é dizer, aqueles em que o tipo penal exige a realização da conduta por dois ou mais agentes, a culpabilidade de todos os coautores ou partícipes é prescindível. É o que se dá, por exemplo, nos crimes de rixa (CP, art. 137) e associação criminosa (CP, art. 288), nos quais o crime estará perfeitamente caracterizado quando existir entre os rixosos ou quadrilheiros pessoas sem culpabilidade, desde que algum dos envolvidos seja culpável. (...) a conduta deve ser relevante, pois sem ela a infração penal não teria ocorrido como e quando ocorreu. Destarte, não pode ser considerado coautor ou partícipe quem assume em relação à infração penal uma atitude meramente negativa, quem não dá causa ao crime, quem não realiza qualquer conduta sem a qual o resultado não teria se verificado. (...) Anote-se que esse requisito (relevância causal) depende de uma contribuição prévia ou concomitante à execução, isto é, anterior à consumação. A concorrência posterior à consumação configura crime autônomo (receptação, favorecimento real ou pessoal, por exemplo), mas não concurso de pessoas. Direito Penal Tema: Concurso de Pessoas Prof. Tassio Duda Importante destacar que se a colaboração for posterior à consumação, mas combinada previamente, háverá concurso de pessoas. c) Vinculo subjetivo entre os agentes; Por esse requisito, é necessário que todos os agentes envolvidos estejam ligados por um vínculo de ordem subjetiva, um nexo psicológico. Nesse sentido, Victor Gonçalves (2020, pg. 969) expõe que: No mesmo sentido, Cléber Masson (2018, pg. 540) elucida que “os agentes devem revelar vontade homogênea, visando a produção do mesmo resultado. É o que se convencionou chamar de princípio da convergência. Logo, não é possível a contribuição dolosa para um crime culposo, nem a concorrência culposa para um delito doloso.” d) Unidade de infração penal para todos os agentes; Outro requisito apontado pela doutrina é necessidade de que todos os envolvidos respondam pelo mesmo crime. Essa necessidade decorre da teoria unitária ou monista adota pelo CP. Cléber Masson (2028, pg. 541), explica que: Importante destacar que excepcionalmente o Código Penal permite a incidência da teoria pluralista, segundo a qual se separam as condutas, com a criação de tipos penais distintos para os agentes que buscam um mesmo resultado. É o que ocorre quando uma pessoa oferece dinheiro a um policial para este não lavrar uma multa e o policial recebe os valores. O primeiro responde por corrupção ativa, e o segundo, por corrupção passiva. Para que exista concurso de pessoas, é necessário que os envolvidos atuem com intenção de contribuir para o resultado criminoso. Sem esta identidade de desígnios, existe autoria colateral, que não constitui hipótese de concurso de agentes. É de se salientar que não é requisito para a configuração do concurso de pessoas a existência de prévio ou expresso ajuste entre as partes. É suficiente que o envolvido tenha ciência de que, com sua conduta, colabora para o resultado criminoso. Para a caracterização do concurso de pessoas, adotou-se, como regra, a teoria unitária, monística ou monista: quem concorre para um crime, por ele responde. Todos os coautores e partícipes se sujeitam a um único tipo penal: há um único crime com diversos agentes. Assim, se 10 (dez) pessoas, com unidade de desígnios, esfaqueiam alguém, tem-se um crime de homicídio, nada obstante existam 10 (dez) coautores. Direito Penal Tema: Concurso de Pessoas Prof. Tassio Duda e) Existência de fato punível. É imprescindível que o fato praticado pelos agentes seja punível. É necessário que o fato corresponda a pelo menos uma tentativa de crime ou crime tentado. Nesse sentido, Cléber Masson (2018, pg. 542) ensina que: O concurso de pessoas depende da punibilidade de um crime, a qual requer, em seu limite mínimo, o início da execução. Tal circunstância constitui o princípio da exterioridade. Nessa linha de raciocínio, dispõe o art. 31 do Código Penal: “O ajuste, a determinaçãoou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. Microsoft Word - CONCURSO DE PESSOAS - REQUISITOS.pdf DIREITO PENAL CAPA.pdf
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