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Projetos de Máquinas UNIDADE 4 - COEFICIENTES DE SEGURANÇA E NORMAS DE PROJETOS E CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 1 Plano de aula PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 2 1. Conceito de tensão admissível PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 3 A tensão limite de escoamento ou resistência ao escoamento representa os materiais que foram testados e ensaiados no ensaio de tração. Mas o material real que vai ser utilizado pode ter imperfeições ou particularidades que revelem uma resistência menor do que a revelada nos testes. Outro problema típico é o uso inadequado ou abuso por parte do usuário. Você já viu um elevador com mais pessoas que o permitido? Para compensar essas dificuldades de ordem prática o engenheiro deve limitar a tensão do material a um nível seguro. Este nível seguro é conhecido como tensão admissível e é obtido com auxílio do Fator de Segurança (F.S.) ou Coeficiente de Segurança (N). A tensão admissível é o valor máximo de tensão que um material pode resistir. 2. Coeficiente de segurança PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 4 Uma vez que pode haver mais de uma forma de falha em potencial para qualquer elemento da máquina, pode haver mais de um valor para o coeficiente de segurança N. O menor valor de N para qualquer peça é o mais importante, já que ele prevê a forma mais provável de falha. Quando N é reduzido a 1, a tensão sobre a peça é igual à resistência do material (ou a carga aplicada é igual à carga que provoca falha, etc.), e a falha ocorre. Portanto, desejamos que N seja sempre superior a 1. 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝑆𝑦 𝑁 Resistência ao escoamento em tração ou compressão 3. Critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 5 A avaliação das tensões e deformações sempre é feita em função de certas propriedades do material. Entretanto, não basta apenas calcular essas grandezas. É necessário confortar com limites pré-estabelecidos para verificar o estado de tensão em que o material se encontra, após as solicitações que venha sofrer, e identificar os valores de tensão e deformação que levarão o material a falhar. “Falha” pode significar que a peça: 1. Se separou/rompeu em dois ou mais pedaços; 2. Tornou-se permanentemente distorcida, prejudicando sua geometria. 3. Teve sua confiabilidade depreciada; 4. Teve sua função comprometida. 3. Critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 6 Para o caso de um elemento estrutural sujeito a um estado uniaxial de tensões, a condição para que ele não falhe, é simples. Mas, e para um caso de solicitação mais geral e/ou complexa, como a mostrada abaixo? 3. Critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 7 Para analisar as tensões atuantes nas estruturas de engenharia e conseguir projetar materiais adequados para específica aplicação, prever falhas dúcteis e frágeis do material etc., os engenheiros frequentemente fazem aproximações ou simplificações das cargas que agem sobre um corpo de modo que a tensão produzida em um elemento estrutural ou mecânico possa ser analisada em um único plano. Quando isso ocorre, diz-se que o material está sujeito a tensões no plano. Estado Plano de Tensões 3. Critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 8 O estado plano de tensões em um ponto é representado exclusivamente por três componentes que agem sobre um elemento que tenha uma orientação específica neste ponto. 3. Critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 9 As tensões principais 𝜎1 e 𝜎2 representam a tensão normal máxima e a tensão normal mínima no ponto, respectivamente. Quando o estado de tensão é representado pelas tensões principais, nenhuma tensão de cisalhamento age sobre o elemento. 3. Critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 10 Portanto, quando o elemento está submetido a um estado multiaxial de tensões já não é tão simples assim! Nesses casos, é necessário considerar o mecanismo real de falha, ou seja, é necessário identificar qual combinação de todas as componentes de tensão presentes no elemento estrutural (tração, compressão, cisalhamento) levará o material a falhar. Infelizmente, não há uma teoria universal de falha para o caso geral de propriedades de materiais e estados de tensão. Várias hipóteses foram propostas e testadas ao longo dos anos, levando em consideração práticas aceitas na atualidade. Sendo aceitas, caracterizaremos esses práticas como teorias, tal como o fazem muitos projetistas. 3.1 Teorias de falha para materiais dúcteis e frágeis PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 11 Materiais Dúcteis Teoria da Tensão máxima de cisalhamento (MSS) – Teoria de Tresca Teoria da Energia de Distorção (DE)– Teoria de Von Mises Teoria de Coulomb-Mohr para materiais dúcteis (DCM) Materiais Frágeis Teoria da Tensão Normal Máxima (MNS) Teoria de Mohr Modificada (BCM) 3.2 Características de materiais dúcteis PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 12 Suportam grandes deformações antes de romper. A falha se dá por escoamento, após a ocorrência de deformações plásticas (irreversíveis). Exemplos: Aço, cobre, ouro, etc. 3.2.1 Teoria de Tresca Aplicada para materiais dúcteis. Também chamada de Teoria da Tensão Máxima de Cisalhamento. O critério de Tresca se enuncia como: “Um elemento estrutural (dúctil) irá falhar se a tensão cisalhante máxima ultrapassar a máxima tensão cisalhante obtida em um ensaio de tração uniaxial realizado no mesmo material”. PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 13 Resistência ao escoamento em cisalhamento Resistência ao escoamento em tração ou compressão 3.2.1 Teoria de Tresca PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 14 𝜎1 − 𝜎2 2 ≥ 𝑆𝑦 2 𝜎1 − 𝜎2 ≥ 𝑆𝑦 = 0 Estado plano de tensão 𝜏𝑚á𝑥 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛 2 Onde: 𝑆𝑦 = Resistência ao escoamento em tração ou compressão 𝜎1 = Tensão normal máxima (principal) 𝜎2 = Tensão normal mínima (principal) Coeficiente de segurança pela Teoria de Tresca PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 15 Para propósito de projeto, pode ser modificada para incorporar um fator de segurança N. 𝑁 = 𝑆𝑦 𝜎1 − 𝜎2 Estado plano de tensão 𝜎1 𝜎2 𝑁 = 𝑆𝑦 𝜎𝑎𝑑𝑚 3.2.2 Teoria de Von-Mises Aplicada para materiais dúcteis. Também chamada de Teoria da Energia de Distorção. O critério de Von-Mises se enuncia como: “Um elemento estrutural (dúctil) irá falhar se a energia associada à mudança de forma de um corpo, submetido a um carregamento multiaxial, ultrapassar a energia de distorção de um corpo de prova submetido a um ensaio uniaxial de tração”. PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 16 Resistência ao escoamento em tração ou compressão 𝜎1 − 𝜎2 2 + 𝜎2 − 𝜎3 2 + 𝜎3 − 𝜎1 2 2 1 2 ≥ 𝑆𝑦 Estado triaxial de tensão No caso bidimensional, ou seja, para o estado plano de tensões: 𝜎3 = 0 PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 17 𝜎1 − 𝜎2 2 + 𝜎2 − 𝜎3 2 + 𝜎3 − 𝜎1 2 2 1 2 ≥ 𝑆𝑦 𝜎1 2 − 2𝜎1𝜎2 + 𝜎2 2 + 𝜎2 2 + 𝜎1 2 2 1 2 ≥ 𝑆𝑦 𝜎1 2 − 𝜎1𝜎2 + 𝜎2 2 1 2 ≥ 𝑆𝑦 3.2.2 Teoria de Von-Mises Onde: 𝑆𝑦 = Resistência ao escoamento em tração ou compressão 𝜎1 = Tensão normal máxima (principal) 𝜎2 = Tensão normal mínima (principal) Coeficiente de segurança pela Teoria de Von-Mises PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 18 Para propósito de projeto, pode ser modificada para incorporar um fator de segurança N. 𝑁 = 𝑆𝑦 𝜎12 − 𝜎1𝜎2 + 𝜎22 1 2 Estado plano de tensão 𝜎1 𝜎2 A resistência ao escoamento prevista pela Teoria de Von-Mises é 15% maior que a prevista pela Teoria de Tresca. 𝑁 = 𝑆𝑦 𝜎𝑎𝑑𝑚 3.2.3 Teoria de Coulomb-Mohr para ductéis Baseia-se na premissa de que nem todos materiais têm resistências à compressão igual a de tração. A resistência ao escoamento de ligas de magnésio em compressão pode representar valores tão pequenos quanto 50% das correspondentes resistências à tração. A resistência última de ferros fundidos cinza em compressão é entre três e quatro vezes maior que a resistência última à tração. A teoria de Coulomb-Mohr é utilizada para predizer a falha de materiais cujas resistências em tração e compressão não sejam iguais. PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE19 3.2.3 Teoria de Coulomb-Mohr para ductéis A hipótese de Coulomb-Mohr foi usar os resultados de ensaios de tração, compressão e cisalhamento à torção para construir os três círculos mostrados abaixo a fim de definir a envoltória de falha (representada pela linha ABCDE). PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 20 3.2.3 Teoria de Coulomb-Mohr para ductéis PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 21 𝜎1 𝜎2 𝑁 = 1 𝜎1 𝑆𝑦𝑡 − 𝜎2 𝑆𝑦𝑐 Onde: 𝑁 = Coeficiente de Segurança 𝑆𝑦𝑡 = Resistência ao escoamento em tração 𝑆𝑦𝑐 = Resistência ao escoamento em compressão 𝜎1 = Tensão normal máxima (principal) 𝜎2 = Tensão normal mínima (principal) Comparativo entre os critérios para materiais dúcteis PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 22 3.3 Características de materiais frágeis PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 23 Rompe à tração ou compressão ainda na fase elástica (sem “aviso prévio”). A falha se dá por ruptura, sem que haja escoamento. Exemplos: Concreto simples, fibra de carbono, ferro fundido, vidro, porcelana, tijolo cerâmico etc. 3.3.1 Teoria da Tensão Normal Máxima Aplicada para materiais frágeis. Conhecido como o Critério de Rankine. A teoria da Tensão Normal Máxima (TNM) afirma que: “A falha ocorre sempre que a tensão principal máxima iguala-se ou excede o limite de resistência que o material suporta quando submetido a tração simples”. PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 24 Resistência última de tração 𝜎1 ≥ 𝑆𝑢𝑡 𝜎2 ≥ 𝑆𝑢𝑡 3.3.1 Teoria da Tensão Normal Máxima PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 25 𝜎1 𝜎2 Para propósito de projeto, pode ser modificada para incorporar um fator de segurança N. 𝜎𝑚á𝑥 pode ser 𝜎1 ou 𝜎2 𝑁 = 𝑆𝑢𝑡 𝜎𝑚á𝑥 É uma modificação da teoria de Mohr para materiais frágeis. PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 26 3.3.2 Teoria de Coulomb-Mohr para frágeis n = coeficiente de segurança 3.3.3 Teoria de Mohr Modificada Aplicada para materiais frágeis. É basicamente a mesma TNM quando as tensões principais têm o mesmo sinal, mas é diferente quando as tensões têm sinais diferentes. PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 27 Comparativo entre os critérios para materiais frágeis PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 28 Seleção do critério de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 29 PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 30 Aplicação dos critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 31 Aplicação dos critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 32 Exercício 1: O estado de tensão que age sobre um ponto crítico na estrutura de um banco de automóvel durante uma colisão é mostrado na figura. Determine a menor tensão de escoamento para um aço que possa ser selecionado para fabricar o elemento estrutural com base no Critério de falha de Tresca. Aplicação dos critérios de falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 33 𝜎𝑥 = 560𝑀𝑃𝑎 𝜎𝑦 = 0𝑀𝑃𝑎 𝜏𝑥𝑦 = 175𝑀𝑃𝑎 𝜎1 = 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 2 + 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 2 2 + 𝜏𝑥𝑦 2 = 560 + 0 2 + 560 − 0 2 2 + 1752 = 610,19 𝑀𝑃𝑎 𝜎2 = 𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 2 − 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 2 2 + 𝜏𝑥𝑦 2 = 560 + 0 2 − 560 − 0 2 2 + 1752 = −50,19 𝑀𝑃𝑎 𝜎1 − 𝜎2 ≥ 𝑆𝑦 610,19 − (−50,19) ≥ 𝑆𝑦 660,38 𝑀𝑃𝑎 ≥ 𝑆𝑦Para falhar Consequentemente, o material selecionado deve ter Sy maior do que 660,38 MPa. PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 34 Exercício 2: O estado de tensão que em um ponto crítico sobre uma chave de porca é mostrado na figura abaixo. Determine a menor tensão de escoamento para o aço que poderia ser selecionado para a fabricação da ferramenta com base na Teoria de Von-Mises. 3. Critérios de Falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 35 Exercício 3: Um elemento está sujeito às tensões mostradas na figura abaixo. Se Sy= 350 Mpa, determine o fator de segurança para essa carga com base na (a) teoria da tensão de cisalhamento máxima (Teoria de Tresca) e (b) teoria da energia de distorção máxima (Teoria de Von-Mises). 3. Critérios de Falha PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 36 Exercício 4: Um eixo com diâmetro de 25 mm é estaticamente torcido até 230 N.m. Ele é feito de alumínio 195-T6 fundido com uma resistência ao escoamento em tração de 160 MPa e uma resistência ao escoamento em compressão de 170 MPa. Estime o fator de segurança desse eixo. 3. Critérios de Falha 𝐿𝑒𝑚𝑏𝑟𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑒: 𝜏𝑚á𝑥 = 𝑇𝑟 𝜋𝑟4 2
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