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Brasil: uma biografia. Fichamento capitulo 9

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FICHAMENTO
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 846p
Capítulo. 9
HABEMUS INDEPENDÊNCIA: INSTABILIDADE COMBINA COM PRIMEIRO REINADO 
· O Império Brasileiro era constituído continuidade e ruptura das tradições políticas de Portugal e da era colonial. Continuidade porque o imperador era de Portugal com sua monarquia e a escravidão prevalecia. A Constituinte, que havia sido convocada pelo imperador durante a independência , foi rapidamente destruída, e uma nova Constituição foi outorgada em 1824. O Parlamento que era formado por Senado e Câmara dos Deputados, foi destruído também pelo Palácio de São Cristóvão. Seus componentes foram perseguidos e exilados. D. Pedro I exerceu os poderes que a Carta de 1824 lhe concebia.
· Em 1831 d. Pedro I, acusado de lusofilia, ele abdicou em favor do seu primogênito, o príncipe Pedro, com seis anos incompletos. Logo após regressou à Portugal para recuperar o trono à sua filha Maria da Glória (Maria II de Portugal, que sucedera ao pai na Coroa portuguesa depois da sua abdicação, em 1826), ameaçado pelas ambições do seu irmão mais novo d. Miguel, que se proclama rei em 1828. No Brasil foi instalado o governo regente que durarua até 1843, quando o príncipe completasse dezoito anos. (p.135)
· Toda história tem muitas camadas, e um “Império brasileiro” representava para alguns o prolongamento dos desejos milenaristas que datavam da época da Reconquista e do movimento de expansão lusitano, que visava recuperar as terras ibéricas, perdidas para os muçulmanos. A Reconquista durou sete séculos, e a partir do XI tomou ares de guerra santa pela cruz cristã, sendo cercada de todo tipo de misticismo. As guerras só estariam concluídas em 1492, com a conquista do último reino muçulmano. Logo na sequência, Portugal dava início a uma espetacular expansão marítima, e ao começo da história de um império de proporções gigantescas e que, no seu apogeu, unia da Ásia até a América. (p.135)
· Porem e importante ressaltar que essa história percorreu caminhos tortuosos antes de tomar um certo prumo, e um dos tormentos envolveu d. Sebastião I, sétimo rei da dinastia de Avis, que motivado pelo desejo de recuperar as glorias do passado, partiu para o Marrocos numa cruzada santa. Sua derrota em Alcácer-Quibir, no ano de 1578, e seu desaparecimento levariam a uma crise dinástica e ao nascimento do mito do Sebastianismo. D. Sebastião, que reinara apenas por três anos, ficaria conhecido como o Encoberto: o Adormecido. (Pag.135)
· O ato da coroação teve lugar em 1º de dezembro, aniversário da restauração portuguesa e da União Ibérica e início do reinado dos Bragança: mais uma vez, a festa aglutinava datas e vinculava a realeza independente à monarquia destituída, porém atenta, em Portugal. (p. 136)
· A simbologia era quase óbvia em sua apresentação, unindo elementos mais tradicionais aos novos símbolos da terra. Nessa lógica feita de detalhes, ajuntou-se à indumentária imperial uma murça feita de papos de tucano, retirada da arte plumária dos aborígenes locais, numa homenagem dizia-se aos chefes indígenas da terra. Para completar o ato, o novo imperador recebeu a unção sagrada que o fazia rei legítimo diante dos demais soberanos europeus e perante seu povo. Desejando romper com o costume português, por um lado, e influenciado pela sagração e coroação de Napoleão, em 1804, por outro, d. Pedro I empenhou-se, junto com seus representantes políticos, na realização dessa cerimônia religiosa, regida pelo livro I do antigo Pontifical Romano. Nesse documento estabelecia-se que os soberanos deveriam ser ungidos e sagrados com óleo santo no contexto solene da missa pontifical, costume que os reis portugueses tinham abolido havia muito tempo. Construía-se, a partir de então, uma cultura imperial pautada em dois elementos constitutivos da nova nacionalidade: de um lado o Estado monárquico, como portador do projeto civilizatório; de outro a natureza, como base territorial desse Estado. (P.136).
· Portugal, demorou a aceitar a Independência, e só o fez em 1825. Não é preciso ser oráculo para adivinhar que a Inglaterra se ofereceu para intermediar as negociações, enviando um representante especial, Sir Charles Stuart, com o tanto de conseguir, em Portugal, os termos de negociação para a independência do Brasil. Começava então uma série de conferências em Lisboa, com direito a agenda repleta. [...] Logo se decidiu que haveria reciprocidade de tratamento para os súditos das duas nações, cessariam as hostilidades, o valor das baixas feitas a Portugal seria restituído, e se fixaria um princípio básico para reger as relações comerciais, introduzindo uma tarifa comum de 15% de direitos de importação. Mas restava a questão capital: o Estado português exigia que fosse pago o valor de todos os objetos deixados no Rio de Janeiro. (P.138).
CRISE INTERNA: UM IMPÉRIO DIVIDIDO
· Internamente o ambiente político continuava marcado pela divisão. Se a forma final que tomou a independência brasileira representou a vitória do grupo coimbrão e conservador liderado por José Bonifácio e pelos Andrada, logo após a emancipação as cisões ficaram mais evidentes. Não havia, por exemplo, acordo acerca das estruturas básicas sobre as quais o Estado iria se organizar. E não por acaso, nos dois primeiros anos de país independente entre 1822 e 1824, os debates centraram-se na primeira Constituição brasileira. Começavam, então, as eleições para os deputados constituintes, e já em maio de 1823 ocorreu a primeira reunião da Assembleia. (P. 140).
CRISE INTERNA: UM IMPÉRIO DIVIDIDO 
· Internamente o ambiente político continuava marcado pela divisão. Se a forma final que tomou a independência brasileira representou a vitória do grupo coimbrão e conservador liderado por José Bonifácio e pelos Andrada, logo após a emancipação as cisões ficaram mais evidentes. Não havia, por exemplo, acordo acerca das estruturas básicas sobre as quais o Estado iria se organizar. E não por acaso, nos dois primeiros anos de país independente entre 1822 e 1824, os debates centraram-se na primeira Constituição brasileira. Começavam, então, as eleições para os deputados constituintes, e já em maio de 1823 ocorreu a primeira reunião da Assembleia. (P.140).
· Já os “liberais exaltados” lutavam por transformações mais amplas, advogando mudanças não só sociais como políticas. Havia divisões no grupo, mas, de uma maneira geral, seus integrantes defendiam o sistema federalista, a separação da Igreja do Estado, o incentivo à indústria nacional, o sufrágio universal, a emancipação gradual de escravos e, em alguns casos, a implantação de uma República democrática.23 Eram responsáveis, pois, por propor projetos políticos alternativos, assim como se mostravam mais atentos à extensão da cidadania e à redução das desigualdades sociais. (P.140).
PROBLEMAS NA VIDA PÚBLICA E NA VIDA PRIVADA DO IMPÉRIO
· O ambiente, na esfera íntima de d. Pedro, também não se mostraria dos mais tranquilos. Sabemos que, na vida dos reis, a separação entre a esfera pública e a esfera privada é tênue. Afinal, casamentos são questões diplomáticas, assim como o nascimento e a morte de entes queridos. E nesse caso a história se repetiria. Em 2 de dezembro de 1825, d. Leopoldina, a esposa cada vez mais isolada de Pedro I o qual desde a viagem a São Paulo, na época da Independência, continuava a só ter olhos para Domitila, dá à luz um filho homem, herdeiro das esperanças de continuidade do Império: o futuro monarca Pedro II. Pela linha paterna, o príncipe imperial descendia de antepassados ilustres, imortalizados pela prosa portuguesa.
· D. Pedro era o 19º duque de Bragança, cuja família estava entrelaçada aos Capeto da França. Pela linha materna, d. Pedro era ligado ao imperador Francisco I, da Alemanha, Áustria, Hungria e Boêmia, ele mesmo filho de Leopoldo II, imperador da Alemanha e irmão de Maria Antonieta, mulher de Luís XVI. Descendia também de Francisco José, duque de Toscana, marido de Maria Teresa, imperatriz da Alemanha,Áustria e Boêmia (P.143).
1831: UMA NOVA INDEPENDÊNCIA
· Enquanto isso, a vida pública era retomada no Brasil, com a abertura de eleições para a Câmara no final de 1824 e sua primeira reunião em 1826. Deputados de todo o país se reuniram, e, se os trabalhos começaram tímidos, logo ganharam força com a oposição se reorganizando e tomando a direção do movimento social. Também surgiram muitos e combativos jornais aos quais d. Pedro costumava reagir e responder, pessoalmente. (p. 144)
· O imperador ainda fez uso de seu Poder Moderador, dispensando ministros por conta de pequenos deslizes ou por mero capricho. O caráter voluntarioso e romântico de d. Pedro ia fazendo escola, assim como seu costume de deixar questões privadas interferirem diretamente nos assuntos do Estado. No âmbito externo o monarca manteve a política expansionista de seu pai, que pretendera estender as fronteiras meridionais do Brasil até as margens do Prata. O resultado foi a continuidade da guerra na Cisplatina, com a Argentina. A província Cisplatina se transformou no atual Uruguai, e os dois contendores saíram igualmente derrotados, com seus cofres públicos literalmente arrombados. (P.144).
· E também no Brasil as coisas se aceleravam. Uma série de pequenos conflitos vinha se acumulando desde 1830, deixando a cidade em contínua tensão. De um lado, a onda revolucionária que se abateu pela Europa, e que levou à queda de Carlos X e deu o trono francês a Luís Felipe de Orléans o conhecido monarca cidadão, que se pronunciara abertamente em favor dos ideais da Revolução de 1789, despertou os liberais brasileiros contra o caráter absolutista do governo de d. Pedro. (P.144)
· De outro, o assassinato do jornalista Libero Badaró em São Paulo, no dia 20 de novembro, acirrou ainda mais os humores da imprensa e da população. Jornalista italiano radicado no Brasil, proprietário do jornal de oposição O Observador Constitucional, Badaró argumentava que o governo imperial andava exercendo uma espécie de autoritarismo negligente. Seus artigos pregavam a liberdade dos brasileiros através do rompimento com qualquer mandatário lusitano, incluindo-se, é claro, o próprio Pedro I. Correu, então, o boato de que o mandante do crime, o ouvidor Cândido Japiaçu, contava com a proteção de d. Pedro. (Pag.145).

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