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Trabalho - Psicologia Construtivista

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
FACULDADE DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
BÁRBARA OLIVEIRA MARTINS 
ISABELA OLIVEIRA PERES 
JACKELLYNE TEIXEIRA RAMOS 
NÁDIA CHISTINE GOMIDES FERREIRA ALVES 
SANDRA MARA ROCHA SIQUEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO GRAFISMO INFANTIL: 
UM PARALELO COM O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE PIAGET 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia 
2020
 
 
BÁRBARA OLIVEIRA MARTINS 
ISABELA OLIVEIRA PERES 
JACKELLYNE TEIXEIRA RAMOS 
NÁDIA CHISTINE GOMIDES FERREIRA ALVES 
SANDRA MARA ROCHA SIQUEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO GRAFISMO INFANTIL: 
UM PARALELO COM O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE PIAGET 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho da disciplina de Psicologia 
Construtivista, apresentado no Curso de 
Psicologia, da Universidade Paulista. 
 
Orientador: Prof. (a) Grisiele Silva 
 
 
 
 
 
 
Goiânia 
2020
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A palavra desenho geralmente é associada à representação de ideias, objetos, à 
representação de alguma figura, imagem, e até mesmo, a uma atividade gráfica construída 
com lápis e papel. Contudo, o desenho é, também, o modo de expressão particular do 
mundo da criança, o qual revela seus sentimentos, suas vontades, seus desejos, suas ideias, 
suas representações, suas experiências e, em diversos contextos, exprime a concepção de 
mundo da criança através de diversas formas de representar o ambiente que a envolve. 
Nas atividades humanas, o desenho é partícipe ativo no cotidiano da criança, seja 
assistindo desenhos, lendo livros, realizando as atividades escolares, nas revistas de 
quadrinhos, nos jogos de vídeo game, dentre outras representações. O desenho é uma 
linguagem muito antiga, sendo que nos registros antropológicos sempre esteve presente em 
forma de pinturas rupestres, como meio de análise para contextualização da sociedade que 
vivia aquele período histórico específico. A análise do desenho faz parte da vida humana 
desde a invenção da humanidade, sendo assim, essa análise e suas evoluções, perpassaram 
por diversos caminhos ao longo da história. 
A primeira manifestação gráfica da criança é o desenho. Ele é uma linguagem, e em 
diversos casos, a primeira linguagem, assim como os gestos e a fala. Quando desenha, a 
criança manifesta em congruência pensamento e sentimento, registrando suas marcas e 
impressões, suas alegrias, descobertas, fantasias, tristezas e também descreve o mundo à 
sua maneira de enxergá-lo. “Desse modo, o desenho assume várias possibilidades para a 
criança, a possibilidade de brincar, o desenho como possibilidade de fala (...)” (MOREIRA, 
2009, p. 26). 
Diversos teóricos se dedicaram ao estudo do desenvolvimento gráfico infantil, 
porém neste trabalho, teremos como finalidade dar ênfase a dois, sendo eles, Georges Henri 
Luquet e Viktor Lowenfeld. As análises realizadas buscaram embasamento teórico nos 
estudos dos estágios do desenvolvimento do grafismo (Luquet e Lowenfeld) 
correlacionados aos estádios do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget. 
Uma vez que enquanto a criança cresce, constantemente notamos as mudanças 
ocorridas em suas grafias. Desta forma, em cada idade e fase, a criança apresenta 
características próprias e singulares na maneira de desenhar. As formas de desenhar não 
são idênticas, o que deve-se levar em conta, além das suas características individuais, os 
fatores biológicos, socias, econômicos, culturais e educacionais de cada criança. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
O liguagem gráfica, como o desenho, é a possibildiade da criança de criar, cantar, 
sonhar, e marca o desenvolvimento da infância, porém em cada estágio, o desenho assume 
um caráter próprio. Os estudiosos do tema proposto e que embasam nossa análise teórica, 
observaram e procuraram identificar e descrever as etapas gráficas do desenvolvimento do 
desenho. Os téricos abordados no presente trabalho serão Luquet, Lowenfeld e Piajet. 
 
2.1 George-Henri Luquet 
 
Georges-Henri Luquet nasceu em Rochefort, na França, em 1876, foi o mais jovem 
professor de Filosofia da França. Doutor em letras, ele também era um graduado da Ecole 
des Hautes Etudes. Bombonato e Farago (2016), afirmam que Luquet considera o desenho 
um jogo ao qual a criança se entrega, de forma lúdica, que pode exercer sozinha, manter 
ou abandonar. Para ele, assim como para Piaget, o desenho tem “finalidade sem fim”, é 
autotélico, não tem funcionalidade prática. Sendo que, mesmo que não desenhem 
perfeitamente, elas não sentem a necessidade de corrigi-los, pois acreditam no que 
desenham e ficam determinadas sobre isto. 
Com base neste autor, iremos ressaltar as quatro fases do desenho que encontramos 
dentro de estudos situados em renovação e desenvolvimento. Luquet, por exemplo, dividiu 
as etapas gráficas em realismo fortuito, realismo falhado e realismo intelectual e realismo 
visual. 
Segundo Alexandroff (2010), no Realismo Fortuito de Luquet, em sua primeira 
fase, ele subdivide em desenho involuntário e desenho voluntário. No involuntário, a 
criança desenha para fazer linhas, sem se preocupar com imagens, porque não tem 
consciência de que as mesmas linhas podem representar objetos. Aparecem figuras em 
forma de mandalas, radiais e sóis. Não há intenção para uma representação gráfica, a 
criança não considera a ideia de também possuir a habilidade. É nesta fase também que 
podemos identificar as famosas "garatujas", e de acordo com as definições de Piaget, este 
é o período sensório-motor. 
“A princípio, para a criança, o desenho não é um traçado executado para fazer uma 
imagem mas um traçado executado simplesmente para fazer linhas”. (LUQUET, 1969 
pg.145). A partir daí ela passará por uma série de transições até adquirir a totalidade das 
faculdades gráficas, como a intenção, execução e a interpretação correspondente à intenção 
chegando consequentemente ao realismo intencional. 
A Segunda Fase descrita por Luquet é o realismo falhado; quando a criança chega 
ao desenho propriamente dito, quer ser realista mas a sua intenção choca-se com obstáculos 
gráficos e psíquicos, que dificultam a sua manifestação. São exemplos de obstáculos a 
incapacidade para dirigir seus movimentos gráficos, o caráter limitado e descontínuo da 
atenção infantil e principalmente a incapacidade sintética. E, seus desenhos os elementos 
estão justapostos em vez de estarem coordenados num todo, dando aos detalhes um 
destaque maior, com o que acha importante, exagerando ou omitindo partes 
(ALEXANDROFF, 2010). 
A terceira fase, é a do realismo intelectual, de quatro a 12 anos, onde a criança 
pretende, de fato, reproduzir do objeto representado não só o que se pode ver, mas tudo o 
que ali existe e dar a cada um dos elementos a sua forma exemplar. Alexandroff (2010), 
ressalta que a criança se utiliza de descontinuidade, o rebatimento, a transparência, a 
planificação e a mudança de pontos de vista. 
“Enfim, aos quatro anos, a criança chega ao realismo visual cuja principal 
manifestação é a submissão mais ou menos infeliz na execução à perspectiva” (LUQUET, 
1969 pg. 212). De acordo com Piaget, é neste ponto que a criança se encontra no estágio 
pré- esquemático, que inicia-se por volta dos 4 anos e se estende até os 7 anos mais ou 
menos. Após esta fase a criança com idade entre 7 e 9 anos entra no estágio esquemático, 
e após os 9 anos passa para o estágio do realismo nascente, vale ressaltar que estes estágios 
compreendidos entre os 7 e 11 anos estão dentro do período das operações concretas. 
A quarta fase de Luquet, é o Realismo visual, e ocorre geralmente por volta dos 12 
anos, estando marcado pela descoberta da perspectiva e a submissão às suas leis, com um 
empobrecimento e um enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar às 
produções adultas. 
“Assim, a criança abandona as estratégias utilizadas 
anteriormente e a transparência dá lugar à opacidade, ou seja, 
a criança desenha apenas os elementos visíveis e o rebatimento 
e às mudançasde ponto de vista se coordenam, dando origem 
à perspectiva” (ALEXANDROFF, 2010, pg. 33, 34). 
Obviamente, estágios não são estáticos, imutáveis, existem crianças para passam 
mais rápidos alguns estágios de desenvolvimento, e existe crianças que param de se 
desenvolver devido a vários fatores que influenciam em sua vida, como família, situação 
social e econômica, distúrbios psicológicos e gosto particular. 
 
2.2 Viktor Lowenfeld 
 
O austríaco Viktor Lowenfeld era professor de educação artística na Universidade 
Estadual da Pensilvânia e, desenvolveu uma extensa pesquisa sobre o as etapas do grafismo 
infantil as quais também serão ilustradas neste estudo. Ele considera que é difícil perceber 
onde uma etapa termina e a outra tem início, já que o desenvolvimento desse processo é 
contínuo. Afirma que as diferenças individuais da criança devem ser levadas em conta, 
pois nem todas passam de uma fase para outra na mesma época e da mesma forma 
(PILOTTO, SILVA & MOGNOL, 2004). Para Lowenfeld o desenho infantil passa pelos 
seguintes estágios: garatujas, que é divido em três fases: garatuja desordenada, garatuja 
ordenada e garatuja nomeada, estágio pré-esquemático, estágio esquemático e realismo. 
A fase da Garatuja de 1 a 4 anos, tendo a sua prmeira fase pela garatuja 
desordenada, onde, o desenho da criança é caracterizado pela presença desordenada de 
traços, pois a criança risca apenas pelo prazer, sem controle de movimento. A segunda fase 
é a garatuja ordenada, onde estabelece a coordenação visual-motora: há repetições de 
movimentos, surgindo traços longitudinais e linhas circulares. A terceira fase é a 
garatuja nomeada, que acontece a partir do momento em que a criança garatuja e verbaliza 
nomeando seus traços, criando histórias aos seus desenhos, demonstrando mudanças de 
pensamento, do cinestésico ao imaginativo (LOWENFELD, 1977). 
Durante a etapa da garatuja, a figura humana só é presente através da imaginação, 
quando a criança pratica o ato de nomeá-la; o espaço não é representação no início dessa 
etapa, apenas quando sentido cinesteticamente, a partir de histórias contadas pela criança; 
a cor desempenha um papel secundário, sendo usada apenas para distinguir diferentes 
significados às garatujas. 
No período Pré-esquema, sendo de 4 a 7 ano, o início desta etapa há presença de 
constantes repetições de símbolos e formas. Com o seu desenvolvimento gráfico-plástico, 
a criança descobre a relação entre o objeto e a realidade atingindo a figuração, tendo intuito 
de representar o mundo que a rodeia, procurando estabelecer um padrão individual, ou 
seja, seu próprio esquema de desenhar. 
Lowenfeld (1977) afirma que neste estágio a figura humana é a primeira 
representação, surgindo em círculos (cabeça) e traços longitudinais (pernas e braços), 
formando assim, a representação “cabeça-pernas”, onde o espaço começa a ser inter-
relacionado com os objetos desenhados, predominando relações emocionais, e a criança 
não se preocupa com a realidade das cores, sendo seu uso subjetivo, desvinculado do real, 
vinculado às relações emocionais. 
A fase de desenvolvimento do estágio Esquemático, agora de 7 a 9 anos, 
corresponde em geral aos primeiros anos escolares, onde, a criança desenvolve a 
organização de seu desenho de acordo com uma relação lógica, agrupando seus 
personagens na parte inferior do papel, como se estivessem no chão, criando cenas 
(PILOTTO, SILVA & MOGNOL, 2004). 
Durante essa etapa, a figura humana se dá a partir de formas geométricas, omitindo 
ou exagerando em partes que são importantes no momento, relacionados por um foco de 
interesses visuais e emocionais. A cor se torna objetiva, tendo relação com o objeto, já o 
espaço, agora, apresenta a “linha base”, colocando seus desenhos sobre ela, causando mais 
vínculo com a realidade, onde esta linha pode representar dois ou mais planos 
(rebatimento: casas deitadas dos dois lados da rua), ocorre também a transparência ou raio-
X e representações de variações temporais num mesmo espaço. 
E no último estágio de Lowenfeld, temos a fase do realismo, compreendendo de 9 
a 12 anos, aqual existe a caracterização pelo abandono do uso de linhas geométricas, 
havendo maior representação do natural. Com a intenção do naturalismo, a atividade 
gráfica infantil começa a perder a espontaneidade, se tornando condicionada à análise e ao 
senso crítico, fixando a atenção nos detalhes. A consciência do Eu em relação ao sexo 
começa ser demonstrado (DERDYK, 1993). 
Durante essa etapa, a figura humana é representada por linhas mais realistas, onde 
surge a caracterização das roupas e diferenciação entre menino e menina; o espaço perde 
o uso da “linha base”, dando lugar ao plano e a superposição de planos. O céu baixa até a 
linha de base havendo preenchimento entre eles, construindo profundidade e o conceito de 
horizonte; não há mais a rígida relação cor-objeto, havendo agora, uma caracterização da 
cor e de tonalidades. 
 
2.3 Jean Piaget 
 
Em uma análise Piagetiana, correlacionando os dois outros autores em função das 
perpendicularidades das margens de idades em que abordam suas particularidades 
conceituais, tem-se que na fase do realismo fortuito/garatuja permeia-se parte da fase 
sensório motora (0 a 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). A criança 
demonstra extremo prazer nesta fase, e a representação da figura humana é inexistente ou 
pode aparecer da maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o 
interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente. E Piaget dividem em: 
“Garatuja Desordenada onde os movimentos são amplos e 
desordenados, parecendo mais um exercício motor. Não há 
preocupação com a preservação dos traços, que são cobertos 
com novos rabiscos várias vezes. 
Garatuja Ordenada em que os movimentos aparecem com 
traços longitudinais e circulares e a figura humana ainda 
aparece de forma imaginária, podendo começar a surgir um 
interesse pelas formas” (ALEXANDROFF, 2010, pg. 27). 
 
Na Garatuja Ordenada o símbolo já existe, e identifica-se uma mudança de 
movimentos, com formas irreconhecíveis mas com significado, e qual a criança atribui 
nomes, conta histórias. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, aparecem 
sóis, radiais e mandalas. A expressão também é o jogo simbólico. 
Alexandroff (2010), ressalta que no estágio Pré- Esquematismo, que faz parte da 
segunda metade da fase pré-operatória, até os 7 anos, ocorre a descoberta da relação entre 
desenho, pensamento e a realidade, porém observa-se que os elementos estão dispersos e 
não são relacionados entre si. O estágio Esquematismo, que faz parte da fase das operações 
concretas, de 7 a 10 anos, a criança começa a construir formas diferenciadas para cada 
categoria de objeto, e começa o uso da linha de base e a descoberta da relação cor x objeto. 
Observa-se um conceito definido quanto à figura humana, com características de exagero, 
negligência, omissão ou mudança de símbolo, aparecendo a transparência e o rebatimento. 
Temos ainda o estágios do grafismo segundo Piaget, o Realismo, que normalmente 
surge no final das operações concretas, e apresenta uma maior consciência do sexo dos 
personagens das figuras, e começa uma autocrítica pronunciada. No espaço, descobre o 
plano e a superposição, mas abandona a linha de base. As formas geométricas aparecem, 
junto com uma maior rigidez e formalismo. E por último estágio o Pseudo Naturalismo: 
“Inicia a investigação de sua própria personalidade, 
transferindo para o papel suas inquietações e angústias, 
característica do inicio da adolescência. Nos desenhos 
aparecem muito o realismo, a objetividade, a profundidade, o 
espaço subjetivo e o uso consciente da cor. Na figura humana, 
as características sexuais podem aparecer de forma 
exageradas” (ALEXANDROFF, 2010, pg. 28). 
 
O Pseudo Naturalismo, já na fase das operações abstratas, a partir dos10 anos. E 
caracteriza pelo fim da arte como atividade espontânea, e muitas crianças já desistem de 
desenhar nesta fase. 
 
 
3 ANÁLISES 
 
 Analisou-se vários desenhos de várias fases de crianças, compreendendo assim qual 
os traços que compõem os grafismos segundo Luquet, Lowenfeld, e Piaget, identificando os 
estádios do desenvolvimento cognitivo piagetiano. Cada criança realizou dois desenhos, de 
temática livre e outro representando a família, segui também o texto e diálogo explicativo da 
criança. Os desenhos foram nomeados, a título de possibilitar a fácil compreensão com letras 
e números. 
 
3.1 Criança GRI – A 
 
 
Desenho 1A: Desenho da família 
Sujeito: “Aqui sou eu, a mamãe, o papai, meu irmão, e meu outro irmão”. Parou, viu que 
tinham outros traçados e continuou... “Aqui é a vovó e o vovô. Eles moram em outra casa, 
mas é da família, né?!” (Parecendo pedir confirmação). “A gente tá na casa da titia, na 
piscina. A vovó me ensina a nadar... O vovô faz churrasco. A gente tá brincando. Minha tia 
é legal, eu gosto de ir na casa dela”. Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia? 
Sujeito: “Bom, foi legal. ” Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar 
sobre este desenho? Sujeito: “Não, é só isto mesmo”. 
 Desenho 2A: Desenho Livre 
Sujeito: “Aqui é a praia. Tem castelo de areia. Tem picolé. A gente tá andando de banana 
(se referindo a banana boat, uma embarcação para passeio no mar). Foi muito legal. Aqui 
(apontando para um traçado), eu comprei um chapéu. Ficou bonito, a mamãe até tirou 
foto”. Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este desenho? 
Sujeito: “Não, é só isto mesmo” 
Observações: A criança pensou bastante antes de começar a falar do desenho. 
 
Características e Análises dos desenhos: 
Garatuja desordenada, contém movimentos amplos e desordenados. A criança nos 
traz a sua imaginação sobre como é sua família, pois ainda não consegue desempenhar a 
figura humana. Os riscos e traços ocupam a folha toda e não possui cores. Essa criança 
mostra claramente o prazer em rabiscar. O desenho apresenta significativamente seus 
sentimentos, como a simpatia pela tia e o respeito pelos avós. Cada traço tem representação 
para criança de um elemento ou um acontecimento. 
De acordo com Lowenfeld, o grafismo está no estágio das garatujas, com 
características desordenadas. Segundo Luquet, a criança se encontra no Realismo Fortuito, 
a fase inicial de produção gráfica, a criança relaciona o rabisco com algum objeto. 
Analisando os desenhos por Piaget, a criança pode se encontra no Estágio Sensório – 
Motor, em torno de 2 anos, apresentado pelas garatujas desordenada, rabiscos, utilizando 
quase o espaço total da folha. Neste estágio o desenho pode significar diversas coisas à 
criança. É neste período que a criança inicia as primeiras manifestações sobre o papel. 
 
3.2 Criança GRI – B 
 
 
 
Desenho 1B: Desenho da família 
Sujeito: “Aqui sou eu, minha mãe, meu pai e meu irmão” (apontando para os traçados). “Nós 
estamos brincando de balança caxão– minha mãe me pega assim ó (mostrando com as mãos) 
e meu pai pega no pé – eles me balançam e a gente canta assim: Balança caxão, balança você, 
dá um tapa na bunda e vai se econdê (cantando). Aí meu irmão bate na minha bunda e a gente 
coe pra econdê do papai e da mamãe. Eu gosto de brincar de balança caxão, é legal ... o papai 
nunca me acha (risos) ”. Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre 
este desenho? Sujeito: “Não, é só isso”. 
Observações: Na palavra caxão, lê-se caixão, na palavra econdê, lê-se esconder, na 
palavra coe, lê-se corre. A criança demonstrou muita satisfação ao desenhar e ao falar sobre 
o desenho. Contou a história com muitos gestos e expressões, parecendo estar se divertindo. 
Desenho 2B: Desenho Livre 
Sujeito - “Este foi o dia que eu estava andando de bicicleta. Aqui é a bicicleta (apontando 
para traçado amarelo), não, não, é aqui a bicicleta, eu tinha esquecido (apontando para o 
traçado preto). Psicóloga: Quem está neste desenho? Sujeito: “Eu, meu pai, minha mãe e 
meu irmão. Meu irmão me empurrou, minha mãe bigou com ele, quase que eu cai. Meu 
irmão chutou a bola e meu pai tava no gol – foi legal”. Psicóloga: Como você estava se 
sentindo neste dia? Sujeito: “Foi muito legal, mas eu fiquei com frio, porque choveu, aí a 
gente foi embora”. Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre este 
desenho? Sujeito: “Não, é só isto mesmo”. 
Observações: Na palavra bigou, lê-se brigou, na palavra tava, lê-se estava. A criança 
demonstrou sentimentos ao falar sobre o desenho. Começou falando com entusiasmo, depois 
demonstrou certa tristeza ao falar do empurrão do irmão. 
Características e Análises dos desenhos: 
 Garatuja ordenada circular, início de uma representatividade com o que marcou no 
papel associando a uma imagem mental. Desenho feito com várias cores. A figura humana 
pode aparecer de uma forma imaginária, pois existe exploração do traçado e interesse pelas 
formas. Rabiscos contínuos. Movimentos longitudinais e circulares, cooerdenação viso-
motora. Desenho contendo traços que se cruzam em círculo, manufaturados em traço 
único. 
De acordo com Lowoenfeld, a criança se encontra no Estágio das Garatujas, com 
características ordenadas. Apresenta traços em formato de bolinhas, rabiscos e riscos. 
Neste estágio a criança tenta controlar o tamanho, formas e cores. Segundo Luquet, o 
grafismo se encontra no Realismo Fortuito, apresentando traços com curvaturas, tamanhos 
e formatos diferentes. Nesta fase, a criança relaciona o desenho com algum objeto, 
começando a dar nomes aos desenhos. 
Enquanto para Piaget, a criança se encontra no Estágio Sensório – Motor ou Pré-
operatório, entre 2 a 4 anos, apresentando garatujas ordenadas, podendo ser também 
nominadas, com traços circulares que quase utiliza todo o espaço da folha. Neste estágio o 
desenho pode significar diversas coisas à criança, e ela conta a história através da fala. 
 
 
3.3 Criança GRI – C 
 
 
 
Desenho 1C: Desenho da família 
Sujeito: “É a minha família. Eu, o papai, meu irmão, e a mamãe. A gente tá esperando o 
ônibus. A gente adora andar de ônibus. O papai me carrega no colo. Eu levei minha boneca, 
ela gosta de passear, mas ela ficou cansada, aí eu guardei ela na mochila. A gente tava indo 
pra viajar, lá longe. Mas eu fiquei cansada e dormi no colo do papai. Foi legal. Eu gosto de 
viajar, mas fico cansada”. Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre 
este desenho? Sujeito: “Não”. 
Desenho 2C: Desenho Livre 
Sujeito: “ É a gente de novo (referindo-se a família). A gente tá brincando. Eu levei minhas 
bonecas, aqui elas (mostrando as 2 figuras menores). Agente foi no play (referindo-se a área 
de recreação), lá é legal. Minha mãe brincou comigo, eu corri bastante e fiquei suada, mas 
foi legal. Eu gosto de brincar. Mas minhas bonecas só queriam colo, aí eu fiquei cansada, 
elas são pesadas. Psicóloga: Como você estava se sentindo neste dia? Sujeito: “Eu corri 
muito, e fiquei cansada”. Psicóloga: Tem mais alguma coisa que você gostaria de falar sobre 
este desenho: Sujeito: “Não, já falei”. 
Características e Análises dos desenhos: 
A criança já apresenta uma estrutura no seu desenho, bonecos, que representam a 
família e o seu ambiente. Mas o símbolo está relacionado com a criança, onde ela é o centro. 
Observa-se no 1C, a preocupação com a linha de base. Não se preocupa com o uso de cores. 
Observa-se exageros de algumas figuras. 
De acordo com Luquet, a criança estaria no Realismo Fracassado, em torno de 3 a 4 
anos, quando a criança descobre a identidade forma-objeto e procura reproduzir esta forma. 
Dá aos detalhes um destaque maior, exagerando ou omitindo partes, segundo o seu ponto de 
vista. Segundo Lowenfeld, estaria no Pré-esquemático, sendo de 4 a 7 ano, e o iníciodesta 
etapa há presença de constantes repetições de símbolos e formas, e a criança descobre a 
relação entre o objeto e a realidade atingindo a figuração, tendo intuito de representar o 
mundo que a rodeia, procurando estabelecer um padrão individual, ou seja, seu próprio 
esquema de desenhar. 
Para Piaget estaria dentro da fase Pré-esquemático, no estádio pré-operatório (de 2 a 
6 anos), pela descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Então aparecem 
as primeiras relações espaciais, surgindo devido à vínculos emocionais. Quanto a utilização 
das cores, pode usar, mas não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse 
emocional. 
 
3.4 Criança LNP 
 
 
 
Desenho 1A: Desenho da família 
Sujeito: “Eu desenhei minha família mesmo. Aqui tem eu, minha irmã, minha mãe e meu 
pai. Minha irmã ficou com o braço pequeno (apontando para o desenho no papel), ficou 
engraçado (risos). Eu gostei do meu desenho, ficou colorido. ” Aluna: Tem mais alguma 
coisa que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não, só isso mesmo”. 
Desenho 2A: Desenho Livre 
Sujeito: “Eu desenhei uma casa, é uma casa azul.” Aluna: É a sua casa? Sujeito: “Não, não é 
minha casa. Minha casa não é azul (risos). É só uma casa mesmo. ” Aluna: Tem mais alguma 
coisa que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não, só isso”. 
Observações: A criança mostrou certa relutância em falar sobre o segundo desenho, 
demonstrou cansaço. Quis se levantar da mesa e sair, mas depois aceitou comentar. 
Características e Análises dos desenhos: 
O desenho retrata não aquilo que vê, mas aquilo que sabe, sabe da família, até cita o 
braço pequeno da irmã, sabe que não tem, mas acou engraçado. Utiliza de processos variados, 
tais como a descontinuidade, o rebatimento, a transparência, a planificação e a mudança de 
pontos de vista. A descontinuidade está presente nos desenhos soltos no ar, sem o apoio de 
uma linha no chão) e alguma transparência. Sob a pespectiva de Luquet, a criança estaria na 
fase do realismo intelectual, estendendo-se dos quatro aos 10-12 anos. 
Já sob um olhar das fases de Lowenfeld ela se encontraria no período pré-
esquematico, de 4 a sete anos. Representando o mundo que tem ao seu redor, descrevendo 
sua família, o espaço está de certa forma inter-relacionado. A criança se utiliza das cores 
amarela para o sol e azul para o céu, mas mesmo assim, no resto do desenho parece não estar 
preocupada com o significado das mesma. 
A criança destaca que a casa é a azul, mas expoe que sua casa não é assim e também 
não diz conhecer alguma que fosse. Isso nos leva ao raciocínio de que os destaque a cor tem 
mais carga emocional que relacional. Indicando que ela provavelmene esta na fase pré-
esquemática. 
 Isso nos dar margem para compreender que para Piaget, ela encontraria-se na fase 
esquemática, fazendo parte da fase das operações concretas, através de esquemas 
representativos, pela afirmação de si mediante repetição flexível do esquema. Já tem um 
conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: 
exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das relações 
quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por 
experiência emocional. 
Segundo o estádios de desenvolvimento de Piaget, ela estaria no estádio pré-
operatório, marcado pela capacidade representativa, o que indica um avanço em seu 
desenvolvimento cognitivo, a criança ainda apresenta um pensamento pré-lógico. As formas 
de representação seriam então imitação, jogo simbólico, desenho, imagem mental e a 
linguagem. 
 
 
 
 
 
 
3.5 Criança ABPD 
 
 
 
Desenho 1A: Desenho da família 
Sujeito: “Eu desenhei a minha família. Eu, minha irmã, meu irmão, minha mãe e meu pai. 
A gente ‘tá’ na rua brincando, essa aqui é nossa casa” (apontando no desenho). Aluna: Tem 
mais alguma coisa que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não, já acabei”. 
Desenho 2A: Desenho Livre 
Sujeito: “Eu desenhei um livro. Aqui tem meu nome e minha idade. Eu desenhei um livro 
porque eu gosto de ler, e eu gosto de vermelho” (se referindo a cor do livro). Eu achei que 
meu desenho ficou muito lindo, eu gostei do meu desenho”. Aluna: Tem mais alguma coisa 
que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não”. 
Observações: A criança mostrou muito entusiasmo para falar dos desenhos e na 
realização das atividades. Sorriu o tempo todo e utilizou muitos gestos para explicar o 
desenho. 
Características e Análises dos desenhos: 
O desenho da criança parece querer demonstrar de forma real a família, rua onde 
brincavam a casa e os demais itens do ambienet. Mas ainda existe uma certa limitação gráfica, 
as figuras já se aproximam da realidade mas com poucos detalhes. A partir das ideias de 
Luquet, esta criança provavelmente estaria na fase do realismo intelectual. 
Segundo os pressupostos de Lowenfeld, o desenho poderia de uma criança que esta 
em transição da fase pré-esquema e esquema. Pois o desenho ainda possui figuras humanas 
com circulos para a cabeça e traços para braços e pernas, ela representa o mundo próximo a 
si. Mas ela também já apresenta um uso de cores próximas a realidade os objetos apesar de 
um poco soltos, já estão mais logicamente dispostos. Aqui o a figura humana é a primeira 
representação, surgindo em círculos (cabeça) e traços longitudinais (pernas e braços), 
formando assim, a representação “cabeça-pernas”, onde o espaço começa a ser inter-
relacionado com os objetos desenhados. Já a fase de desenvolvimento do estágio 
Esquemático, agora de 7 a 9 anos, corresponde em geral aos primeiros anos escolares, onde, 
a criança desenvolve a organização de seu desenho de acordo com uma relação lógica, 
agrupando seus personagens na parte inferior do papel, como se estivessem no chão, criando 
cenas 
 Neste sentido, para Piaget a criança de acordo com seu desenho ela pode estar na fase 
de esquematismo, em transição para o estádio de desenvolvimento das operações concretas. 
A criança faz esquemas representativos, com afirmação de si mediante repetição flexível do 
esquema. Quanto ao espaço, já começa a projetar uma linha de base, e possui um conceito 
definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: exagero, 
negligência, omissão ou mudança de símbolo. No estádio operatório concreto (7 a 11 anos), 
a principal característica é que o pensamento deixa de ser pré-lógico e passa a ser um 
pensamento operatório, ou seja, a criança tem a capacidade cognitiva de coordenar diferentes 
pontos de vista de maneira lógica, expressando ações cognitivas mais elaboradas. 
 
3.6 Criança MLPD 
 
 
 
Desenho 1A: Desenho da família 
Sujeito: “Essa é minha mãe, minha irmã, meu pai, meu irmão e eu. A gente ‘tá’ num lugar 
que tem esses telhados (apontando para o desenho), tipo, não tem aquele negócio embaixo, 
só tem essa parte de cima. (Apontando para os rabiscos no desenho). Tem uns passarinhos 
também. A gente ‘tá’ segurando uns balões, mas eu não gostei desses balões, ignora eles 
(risos). Eu ‘tô’ com uma blusa do ‘New United’, é uma banda que eu gosto, eu sou fã deles”. 
Aluna: Tem mais alguma coisa que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não, só 
isso mesmo”. 
Desenho 2A: Desenho Livre 
Sujeito: “Eu tentei fazer um arco-íris no fundo, ele começa com essas cores mais claras e vai 
ficando escuro, eu achei isso legal. Eu fiz um desenho meu com a minha amiga, fiz um 
desenho para ela. A gente é melhores amigas, por isso ‘tá’ escrito ‘bff’s’ lá em cima. Eu 
gostei do meu desenho”. Aluna: Tem mais alguma coisa que você queira falar sobre esse 
desenho? Sujeito: “Não”. 
Observações: A expressão “bff’s” se refere a “best friends forever” que significa 
“melhores amigas para sempre”. 
Características e Análises dos desenhos: 
O desenho desta criança para pode ser indentificado a partir das ideias deLuquet, 
como uma criança que esta na fase do realismo intelectual. Quando ela desenha o que 
segundo ela seria o telhado, ela esta tentado reproduzir um objeto a partir da ideia que tem 
dele, pois só é possível entender o que significa quando ela relata detalhadamente. Além 
disso as proporções de cada objeto vem partir de uma linha de referência, que neste caso seria 
o chão. A criança tem também a aplicação de legenda quando insere no seu desenho o termo 
“bff’s” para indicar a condição, de melhores amigas com a criança a qual dedicou o desenho. 
 Já segundo Lowenfeld, ela estaria na fase do esquema. O desenho agora possui formas 
geometricas para construção de pesssoas. Ela também faz a afirmação de si, quando desenha-
se com a blusa de sua banda preferida. A escolha das cores não é feita de forma aleatória, é 
possivel identificar uma escolha para representação da realidade. Um marco no desenho da 
menina é a descrição de que ela intencionalmente escolheu as cores claras e escuras e a 
disposição das mesmas no intuito de representar um arco-íris. 
 Neste sentido, para Piaget a criança estaria na fase do Esquematismo, que faz parte 
da fase das operações concretas, de 7 a 10 anos, a criança começa a construir formas 
diferenciadas para cada categoria de objeto, e começa o uso da linha de base e a descoberta 
da relação cor x objeto. Observa-se um conceito definido quanto à figura humana, com 
características de exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo, aparecendo a 
transparência e o rebatimento. E representaria o estádio de Operatória concreta. A criança faz 
o uso da linha de base, relaciona cor e objeto e ela se afrma no desenho, com afirmação de si 
no desenho e escolhe intencionalmente as cores para fazer representação de algo. E a 
principal característica é que o pensamento deixa de ser pré-lógico e passa a ser um 
pensamento operatório, ou seja, a criança tem a capacidade cognitiva de coordenar diferentes 
pontos de vista de maneira lógica, expressando ações cognitivas mais elaboradas. 
 
3.7 Criança RNP 
 
 
 
Desenho 1A: Desenho da família 
Sujeito: “Bom, eu desenhei aqui eu, minha mãe, meu irmão e meu pai. A gente ‘tá’ na porta 
da nossa casa, a gente ‘tá’ no jardim. A gente ‘tá’ brincando. Não, a gente ‘tá’ dançando 
(risos). Eu acho que eu gostei desse desenho. É, eu gostei”. Aluna: Tem mais alguma coisa 
que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não, só isso mesmo”. 
Desenho 2A: Desenho Livre 
Sujeito: “Eu quis fazer um desenho para a M. L., ela é minha amiga. A gente ‘tava’ brincando, 
ela ‘tava’ lá na minha casa. Eu gosto muito dela, a gente gosta de ‘New United’, a gente fica 
gravando vídeos”. Aluna: Tem mais alguma coisa que você queira falar sobre esse desenho? 
Sujeito: “Não, só isso”. 
Características e Análises dos desenhos: 
O desenho preenche toda a folha, utilizando desde a linha de base até o topo. 
Apresenta formas geométricas bem definidas, mescladas com curvas e segue uma ideia de 
perspectiva bem firme, onde os elementos apresentam tamanhos proporcionais à realidade. 
O desenho foi colorido, sendo fiel as cores dos objetos presentes. Os desenhos representam 
ela e sua família, na porta de casa, dançando no jardim. Disse, na ordem em que foi 
desenhado, o que cada personagem representava, sendo ela, sua mãe, seu irmão e seu pai, 
nessa ordem. 
No desenho livre, a criança preenche toda a folha, utilizando desde a linha de base 
até o topo. A criança coloriu toda a folha, utilizando cores diversas e desenhando elementos 
decorativos, como corações e flores, em lugares específicos do desenho. Há a presença de 
letras que simbolizam as inicias do nome de duas crianças, além da expressão “bff’s” que 
significa “best friends forever” (melhores amigas para sempre). Ela diz que desenho 
representa a amizade com sua amiga, da qual ela afirma gostar muito. 
De acordo com Piaget, a criança se encontra na fase de Esquematismo, fase essa que 
faz parte das operações concretas. Aparecem os esquemas representativos, afirmação de si 
mediante repetição flexível do esquema; experiências novas são expressas pelo desvio do 
esquema. Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido de espaço: linha de base. Já tem 
um conceito definido quanto a figura humana. Descoberta das relações quanto a cor-objeto, 
podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por experiência emocional. 
Com Lowenfeld a criança estaria na fase de desenvolvimento do estágio Esquemático, 
agora de 7 a 9 anos, corresponde em geral aos primeiros anos escolares, onde, a criança 
desenvolve a organização de seu desenho de acordo com uma relação lógica, agrupando seus 
personagens na parte inferior do papel, como se estivessem no chão, criando cenas. E 
para Luquet a criança encontra-se no estágio do Realismo Intelectual, que vai de 4 aos 10-12 
anos, nesse estágio ocorre a representação dos objetos pelo conhecimento intelectual. A 
criança, de forma deliberada e consciente, procura reproduzir o objeto, representando o que 
vê e também o que não está presente, isto é, torna transparentes partes de objetos que, a 
princípio, estariam encobertos, como órgãos sob a pele e móveis através da parede. 
 
3.8 Criança DOP 
 
 
 
 
 
Desenho 1A: Desenho da família 
Sujeito: “Eu desenhei uma família”. Aluna: É a sua família? Sujeito: “Não, não é a minha 
família. É uma família qualquer que eu quis desenhar. Não tem como ser minha família, 
minha irmã é grande, ela é maior. Aí no desenho a irmã ‘tá’ pequena”. Aluna: Tem mais 
alguma coisa que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não, só isso mesmo”. 
Desenho 2A: Desenho Livre 
Sujeito: “Eu desenhei uns quadrados, eu gosto de quadrados. Quando eles ficam assim 
(apontando para o desenho), perto um do outro, sabe? Eu gosto de ficar olhando desenhos de 
quadrados iguais esse, por isso eu desenhei esses”. Aluna: Tem mais alguma coisa que você 
queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não”. 
Observações: A criança não quis colorir os desenhos, disse que estava cansada. 
Características e Análises dos desenhos: 
O desenho preenche toda a folha, utilizando desde a linha de base até o topo. 
Apresenta visivelmente a perspectiva, com elementos seguindo a proporcionalidade real, 
sendo composto por elementos curvos, com pouca presença de formas geométricas. O 
desenho não foi colorido por opção da criança, e sua maior concentração está próxima a linha 
de base. Representa uma família qualquer que ela quis desenhar, mas que não é a sua família, 
porque sua irmã é maior e está diferente do desenho. Quando questionada do motivo por não 
querer colorir os desenhos, disse que estava cansada. 
No desenho livre, ela preenche toda a folha, utilizando desde a linha de base até o 
topo. Observa-se a presença de formas geométricas, quadrados, em toda folha, que se cruzam 
e se completam, constituindo todo o esboço. Os tamanhos variam de quadrados maiores a 
quadrados menores e o desenho também não foi colorido, por opção da própria criança. De 
acordo com a criança o desenho representa uma imagem que ela gosta de observar, gosta de 
quadrados próximos uns dos outros. 
Em Piaget e Lowenfeld, a criança se encontra na fase de esquematismo, fase essa que 
faz parte das operações concretas. Aparecem os esquemas representativos, afirmação de si 
mediante repetição flexível do esquema; experiências novas são expressas pelo desvio do 
esquema. Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido de espaço: linha de base. Já tem 
um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: 
exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das relações 
quanto a cor - cor-objeto - podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por 
experiência emocional. 
Para Luquet a criança encontra-se no estágio do realismo intelectual. Nesse estágio 
ocorre a representação dos objetos pelo conhecimentointelectual. A criança, de forma 
deliberada e consciente, procura reproduzir o objeto, representando o que vê e também o que 
não está presente, isto é, torna transparentes partes de objetos que, a princípio, estariam 
encobertos, como órgãos sob a pele e móveis através da parede. 
 
3.9 Criança JAPD 
 
 
 
Desenho 1A: Desenho da família 
Sujeito: “Aqui sou eu, minha mãe, meu pai e as meninas, minhas irmãs. É a nossa família”. 
Aluna: Tem mais alguma coisa que você queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não, só 
isso mesmo”. 
Desenho 2A: Desenho Livre 
Sujeito: “Eu não sabia bem o que desenhar (risos). Aí eu desenhei uma paisagem mesmo, eu 
gostei dessa paisagem. Ficou um desenho bonito”. Aluna: Tem mais alguma coisa que você 
queira falar sobre esse desenho? Sujeito: “Não”. 
Observações: A criança se dedicou bastante na confecção dos desenhos, muito atenta 
aos detalhes e as cores. 
Características e Análises dos desenhos: 
O desenho não apresenta linha de base e ocupa pouco espaço da folha, sendo o centro 
o local de maior concentração. Apresenta formas bem definidas, presença visível de 
proporcionalidade e fidelidade às figuras humanas. O desenho foi colorido seguindo 
rigorosamente as cores dos objetos. O desenho representa uma imagem de sua família, onde 
todos os participantes foram nomeados de acordo com a ordem do desenho, sendo a própria 
criança, a mãe, o pai e as irmãs, que a criança chama de “meninas”. Pode ser observado que 
foi escolhido obedecer fielmente a cor dos desenhos e buscou-se também seguir o tamanho 
real dos personagens. 
No desenho livre, a criança preenche toda a folha, utilizando desde a linha de base até 
o topo. Observa-se a presença de elementos de proporcionalidade, além das cores que se 
apresentam fiéis aos objetos presentes. Não há presença de formas geométricas, os desenhos 
seguem formas mais próximas do real. A maior incidência de desenhos está próxima a linha 
de base. O desenho representa uma paisagem da qual ele gostou. A criança disse que, 
inicialmente, não sabia o que desenhar, por isso optou pela paisagem. Também disse ter 
gostado do que fez. A criança não disse mais nada sobre seu desenho. 
De acordo com Piaget, a criança se encontra na fase do pseudo-naturalismo. Essa fase 
corresponde às operações abstratas, a partir dos 12 anos. É o fim da arte como atividade 
espontânea. Inicia a investigação de sua própria personalidade. Aparecem aqui dois tipos de 
tendência: visual (realismo, objetividade) e háptico (expressão, subjetividade). No espaço já 
apresenta a profundidade ou a preocupação com experiências emocionais (espaço subjetivo). 
Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença das articulações e 
proporções. A consciência visual (realismo) ou acentuação da expressão, também fazem 
parte deste período. Uma maior conscientização no uso da cor, podendo ser objetiva ou 
subjetiva. 
Para Luquet, esse estágio é denominado realismo visual e trata-se da representação 
visual que a criança tem do objeto. Nessa etapa a criança representa os elementos visíveis, 
abandonando a transparência. Afirma que os objetos passam a ser representados com essa 
nova construção, a perspectiva, e os detalhes agora têm por finalidade particularizar as formas 
que antes eram genéricas. Há, portanto, um aprimoramento do sistema do desenho 
construído no realismo intelectual. 
E no último estágio de Lowenfeld, temos a fase do realismo, compreendendo de 9 
a 12 anos, aqual existe a caracterização pelo abandono do uso de linhas geométricas, 
havendo maior representação do natural. Durante essa etapa, a figura humana é 
representada por linhas mais realistas, onde surge a caracterização das roupas e 
diferenciação entre menino e menina; o espaço perde o uso da “linha base”, dando lugar 
ao plano e a superposição de planos. O céu baixa até a linha de base havendo 
preenchimento entre eles, construindo profundidade e o conceito de horizonte; não há mais 
a rígida relação cor-objeto, havendo agora, uma caracterização da cor e de tonalidades. 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Foi observado e depois experimentado, na prática, a aplicabilidade das visões teóricas 
de Jean Willian Fritz Piaget, George Henry Luquet e Viktor Lowenfeld e os principais 
conceitos utilizados para o estudo do desenho infantil. Piaget buscou compreender o universo 
infantil através do estudo do pensamento e das imagens das crianças em seu livro “A 
formação do símbolo da criança”. Para este autor, o desenho é um jogo e é um indicativo da 
fase do desenvolvimento cognitivo infantil. 
Para Luquet, por outro lado, o desenho infantil está condicionado pelo meio onde a 
criança se desenvolve, e que a intenção de desenhar está diretamente ligada à objetos reais e 
a associação de ideias. Já para Lowenfeld, as etapas e os estágios são definidos e isso nos 
auxilia a compreender e observar o desenvolvimento da criança, embora ele mesmo nos 
afirme que não é fácil perceber a transição dessas etapas, além delas não ocorrerem na mesma 
fase e da mesma maneira para todas as crianças. 
Depreende-se da análise dos desenhos que é plenamente possível verificar diferenças 
entre crianças da mesma idade, que através de seus desenhos foram categorizadas em 
diferentes estágios, seguindo o estudo teórico proposto. Também foi possível perceber que 
as contingências e realidades distintas de cada criança são capazes de alterar o 
desenvolvimento cognitivo infantil, e que os estímulos permitem que as crianças cheguem a 
estágios diferentes em relação as suas idades. 
Concluímos que o trabalho nos permitiu aplicar a teoria na prática, além de 
possibilitar o exercício de outras técnicas ao bom desempenho profissional do psicólogo 
como as técnicas de observação, a escuta e a congruência teórica formulada com a professora 
em sala de aula. A possibilidade de troca de experiências em sala de aula, com os colegas e 
seus respectivos desenhos, também foi primordial para o bom desempenho do processo de 
desenvolvimento do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ALEXANDROFF, Marlene Coelho. Os caminhos paralelos do desenvolvimento do desenho 
e da escrita. Constr. psicopedag., São Paulo , v. 18, n. 17, p. 20-41, dez. 2010 . Disponível 
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
69542010000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 21 maio 2020. 
 
DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: O desenvolvimento do grafismo infantil. 
São Paulo. Scipione, 1993. 
 
DERDYK, Edith. O desenho da figura humana. São Paulo. Scipione, 1993. 
 
LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. São Paulo: Mestre Jou, 1977. 
 
LUQUET, G. H. O Desenho Infantil. Porto: Editora do Minho, 1969. 
 
PIAGET. J; INHELDER, B. O desenho. In: A Psicologia da Criança. 3 ª ed. Trad. Octavio 
Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003. (Cap. III pág. 46-59). 
 
PILLOTTO, Silvia Sell Duarte. SILVA, Maryahn Koehler. MOGNOL, Letícia T. Grafismo 
infantil: linguagem do desenho. Núcleo de Pesquisa em arte na Educação – NUPAE. 
Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, 2004. 
 
MOREIRA, Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do educador. 13ª ed. São 
Paulo: Editora Loyola, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA 
FACULDADE DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
BÁRBARA OLIVEIRA MARTINS 
ISABELA OLIVEIRA PERES 
JACKELLYNE TEIXEIRA RAMOS 
NÁDIA CHISTINE GOMIDES FERREIRA ALVES 
SANDRA MARA ROCHA SIQUEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
“COMO ESTRELAS NA TERRA” 
 EM UMA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO NA 
PERSPECTIVA DE JEAN PIAGET 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia 
2020
 
 
BÁRBARA OLIVEIRA MARTINS 
ISABELA OLIVEIRA PERES 
JACKELLYNE TEIXEIRA RAMOS 
NÁDIA CHISTINE GOMIDES FERREIRA ALVES 
SANDRA MARA ROCHA SIQUEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
“COMO ESTRELAS NA TERRA” 
 EM UMA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO NA 
PERSPECTIVADE JEAN PIAGET 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho da disciplina de Psicologia 
Construtivista, apresentado no Curso de 
Psicologia, da Universidade Paulista. 
 
Orientador: Prof. (a) Grisiele Silva 
 
 
 
 
 
 
Goiânia 
2020
25 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 O desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento da Psicologia 
cujas proposições principais concentram-se no esforço de entender o homem em todos os 
seus aspectos, desde as fases do nascimento até o seu mais completo grau de maturidade e 
estabilidade. São várias as teorias que procuram constituir, a partir de diferentes 
metodologias e pontos de vistas, as condições que melhor representam o desenvolvimento 
com suas visões de mundo e de homem. E embora seja antiga a concepção filosófica de que 
o conhecimento humano é uma construção do próprio homem, tanto coletiva como 
individual, foi Jean Piaget que se apresenta como o pioneiro do enfoque Construtivista à 
Cognição Humana. 
O presente trabalho tem por finalidade a análise do filme “Como Estrelas na Terra”. 
Um filme indiano de 2007, dos gêneros infantil e comédia dramática, dirigido por Aamir 
Khan, que também atua, no papel do professor Nikumbh. O filme traz a história do jovem 
Ishaan, que tem muita dificuldade para se concentrar nos estudos, e mal consegue escrever o 
alfabeto, ao longo do filme descobriremos que se trata de um caso de dislexia. Seu pai então 
o leva para um internato, e Ishaan acaba por desenvolver depressão. Mas, um professor 
substituto de artes, Nikumbh, logo percebe o problema de Ishaan, e entra em ação com seu 
plano para devolver a ele a vontade de aprender e, sobretudo, viver. 
A objetivo da análise deste filme será exatamente relacionar o processo de 
desenvolvimento de Ishaan, protagonista do filme, com a teoria do Desenvolvimento 
Cognitivo de Jean Piaget, compreendendo assim como se dá a construção da inteligência, 
mediante as teorias inatista, empirista e construtivista; entendendo esse desenvolvimento 
através da assimilação, acomodação, adaptação, e equilibração majorante. Estudaremos 
também os estádios de desenvolvimento segundo Piaget, e a importância da análise dos 
desenhos de acordo com os estágios do desenvolvimento do grafismo de Luquet e Lowenfeld, 
relacionando os mesmos com os estádios do desenvolvimento cognitivo piagetiano. 
A hipótese do trabalho se refere à importância de se analisar a postura das escolas, 
dos professores, diretores e pais no processo de desenvolvimento da aprendizagem da 
criança, relatando a consequência das diferentes posturas no seu desenvolvimento cognitivo 
e emocional, e faremos isso compreendendo a história de uma criança tão especial como 
Ishaan. 
 
26 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
 
O filme “Como Estrelas na Terra - Toda criança é especial”, de origem indiana, foi 
lançado em 2007 com a direção de Aamir Khan e roteiro de Amole Gupte. O diretor Aamir 
Khan também é ator na trama, representando o professor substituto Ram Shankar Nikumbh, 
que vai auxiliar o menino Ishaan Awasthi (Darsheel Safary) em seu progresso na escola 
durante o enredo. 
O filme gira em torno da vida e do desenvolvimento do menino Ishaan, no meio 
escolar e social, com a família e os amigos. Aos 9 anos de idade, apresentando dificuldades 
no aprendizado e na relação com os professores, além de notas muito baixas, Ishaan aparenta 
ser diferente das outras crianças, por apresentar características de um aluno desinteressado e 
teimoso, que não quer focar nas suas atividades. Com isso, seus pais Maya Awasthi (Tisca 
Chopra) e Nandkishore Awasthi (Vipin Sharma) parecem não saber o que fazer com o filho 
que, tendo repetido o terceiro ano já pela segunda vez, não apresenta nenhuma evolução na 
leitura e escrita. 
Após uma visita à escola e uma conversa com os professores, o pai de Ishaan, 
temendo que o mesmo repetisse o ano novamente, resolve mandá-lo a um colégio interno no 
meio do ano, para tentar melhorar o desenvolvimento e a disciplina do filho. O menino 
mostra-se extremamente relutante em relação à decisão e insiste em não querer ir dizendo 
que vai se esforçar e melhorar em suas atividades. Mas, com muito pesar, os pais acabam 
decidindo que é o melhor a ser feito e levam o filho para o internato. 
Percebe-se, nesse momento, a ocorrência do desequilíbrio em Ishaan. Ao ingressar 
no colégio, o menino passa a lidar com situações novas ao seu entendimento, sem ter 
alcançado as estruturas mentais básicas necessárias para a resolução daqueles problemas. 
Com dificuldades de assimilar e acomodar a nova vida e ensino, tendo ainda que lidar com 
professores extremamente indiferentes ao verdadeiro aprendizado e técnicas nada concretas 
de ensino, o menino vê-se em uma situação desanimadora que se agrava, principalmente, por 
estar longe de sua família. 
Quando o professor substituto Ram Shankar Nikumbh adentra a sala de aula, encontra 
uma criança triste, desanimada e sem vontade de fazer até mesmo o que mais amava: 
desenhar. Ishaan estava experimentando o início de um quadro depressivo, após sucessivas 
imposições violentas de disciplina e castigos que sofria de seus professores, por não 
conseguir alcançar os padrões que eram impostos. Ram Shankar, preocupado com o menino, 
27 
 
busca conhecer melhor a situação e ajudar Ishaan a se sentir melhor, sem saber que a criança 
era mais semelhante a ele do que o mesmo imaginava. 
Ao identificar que Ishaan apresenta dislexia, um distúrbio de aprendizagem muito 
comum, caracterizado pela dificuldade na leitura, o professor decide conhecer melhor a 
situação para conseguir ajudar o menino. Numa visita a casa de Ishaan, conversando com os 
pais, Ram Shankar descobre a habilidade fantástica que o menino tem com a pintura e sua 
paixão por desenhos. Nessa hora, o professor decide ajudar o menino a obter sucesso em suas 
atividades e começa a dedicar-se totalmente ao seu aprendizado. 
Segundo Oliveira (2013), de modo geral, a dislexia é uma específica dificuldade de 
aprendizado da linguagem, expressão do pensamento por meio de palavras. É um processo 
mental de caráter essencialmente consciente, significativo e orientado para o social. Neste 
caso, a dificuldade relacionada ao aprendizado da linguagem estaria associada a leitura, 
soletração, escrita em linguagem expressiva ou receptiva, cálculos matemáticos, linguagem 
corporal, social e razão. É interpretado erroneamente como motivado pela falta de interesse, 
vontade ou esforço, pois não há ligação com acuidade visual ou auditiva. Com isso, 80% dos 
disléxicos possuem dificuldades no aprendizado da leitura e escrita. 
É neste contexto de Ishaan, junto com Ram Shankar, professores, pais, escola, 
sociedade e a própria dislexia, que iremos compreender todo o processo de desenvolvimento 
a partir dos estudos e teorias de Jean Piaget (1896-1980), uma vez que Piaget dedicou-se a 
estudar a inteligência, cominando em sua mais conhecida teoria do Desenvolvimento 
Cognitivo. Apoiando-se na ideia piagetiano de uma inteligência construída, sendo constituída 
de dois componentes interdependentes, o afetivo e o cognitivo. 
A seguir apresentaremos a análise do filme em paralelo com os princípios das teorias 
de Jean Piaget: 
 
2.1 Construção da Inteligência 
 
O biólogo e psicólogo suíço Jean Piaget afirma em seus escritos que a construção da 
inteligência na criança se dá pela interação do aparato biológico com as estruturas mentais 
respectivas de cada etapa do desenvolvimento infantil (KAMII, 1991). A inteligência vai 
sendo desenvolvida conforme o indivíduo vai sendo exposta às situações. 
Segundo Goulart (2008), Piaget compreende então o estudo da constituição dos 
conhecimentos válidos com sua Epistemologia Genética, que se trata de uma abordagem 
visando compreender o desenvolvimento do conhecimento desde o momento em que a 
28 
 
pessoa nasce até o momento em que é capaz de um raciocínio complexo. Segundo o autor,Piaget: 
“... conclui que o comportamento mostra diferenças nítidas na 
capacidade de estruturar o meio (...) e o desenvolvimento de 
crianças e adolescentes se caracteriza pela sucessão de 
estruturas mentais diferentes, cada uma regida por leis 
próprias e caracterizando um modelo de compreensão da 
realidade que inclui percepção, pensamento, linguagem e 
afetividade (...) marcando, assim, o desenvolvimento 
cognitivo como um processo de sucessão de esquemas mentais 
(GOULART, 2008, pag. 16)”. 
 
No filme, pode-se observar que o menino Ishaan apresenta todas as qualificações 
necessárias para o pleno funcionamento de sua inteligência, visto que é uma criança alegre, 
brincalhona e que possui talentos incríveis relacionados a sua motricidade, como observa-se 
em seus desenhos. Contudo, o modelo escolar no qual Ishaan se encontra, a postura dos 
professores e a abordagem de ensino, de fato, não são efetivas em seu conhecimento, 
colaborando, assim, para o agravamento de suas condições de não-aprendizagem. 
 
2.2 Teoria Inatista, Teoria Empirista e Teoria Construtivista 
 
Com base na pedagogia diretiva - tradicional, o aluno aprende e o professor ensina. 
Nada de novo pode acontecer. Assim, analisamos as cenas marcantes que retratam fortemente 
a passagem do ensino tradicional junto ao inatismo. Dentro do regime tradicional, esperam-
se alunos com o comportamento moldado e único, uniformes alinhados, cabelos arrumados 
e uma higiene impecável, e em contraposição a isto se tem o aluno Ishaan, que não se 
importava em ser assíduo. A escola é semelhante a um sistema racionalista/comportamental 
de ensino, muito defendido por teóricos como Descartes, Spinoza e Kant, que tinham como 
base o apriorismo, onde acreditava-se ser o conhecimento inato ao sujeito (KAMII, 1991) – 
visto suas dificuldades anteriores em conseguir identificar as letras e formar palavras. 
A cena que retrata tal modelo se passa quando o aluno chega na escola com o tênis 
sujo e então é retirado da fila de entrada (exclusão). Como vemos, as duas escolas têm uma 
característica vertical – professor e aluno, onde o ensino e aprendizado não são polos 
complementares, e sim, base de comportamentos. Ishaan é retratado pelos pais e professores, 
o tempo todo, com uma criança mal-educada e preguiçosa, onde o diretor acredita que, para 
melhorar a disciplina do menino seria preciso domar a criança como um animal - 
“domesticamos aqui os cavalos mais selvagens”, - mostrando ser o aluno somente um 
depósito de conhecimento. Dentro dessas perspectivas, as duas escolas e os pais esperam que 
29 
 
o filho siga a linha do ensino tradicional e que seja como o irmão mais velho - obediente, 
estudioso, esportista para seguir uma carreira. O pai de Ishaan esperava que o filho tivesse 
herdado características da família, esperando que ele fosse igual ao seu irmão, e não entendo 
porquê de o menino ser tão diferente do que ele e a sociedade esperava. 
A respeito do que se entende por empirismo, Silva (2017) cita John Locke como nome 
representante da expressão. John Locke define que a aprendizagem não ocorre por uma 
característica genética, mas pela experiência que o sujeito tem com o objeto e isto produz 
sensações e aprendizagem ao mesmo, e este conhecimento se configura de forma empírica. 
Durante o filme, não é possível verificar isto de forma isolada em nenhuma das escolas, nem 
antes que haja uma intervenção diferente do que havia sendo feito. 
Contudo, para um terceiro grupo de teóricos, que inclui Piaget, o conhecimento 
resultaria da interação do sujeito com o ambiente. Goulart (2008), apresenta o sistema 
piagetiano, conhecido como Construtivismo, a qual cada criança constrói o seu próprio 
modelo de mundo, importando a própria ação do sujeito, e o modo pela qual isto se converte 
num processo de construção interna. Piaget considera que o conhecimento resulta da 
interação entre o sujeito e o ambiente, sem prevalência de um sobre o outro, sendo assim, 
entende a inteligência como algo construído a partir das experiências e das estruturas 
biológicas, e essa construção ativa do conhecimento advém dos conceitos de assimilação e 
acomodação. 
Fazem parte deste conceito de inteligência construída duas fontes de inteligência, a 
do inatismo e do empirismo. Macedo (2002) em seus escritos aponta o inatismo como as 
capacidades inerentes ao indivíduo advinda da carga genética que possui. Para o autor, o 
empirismo é a inteligência com base nas experiências, a medida em que se erra ou acerta a 
aprendizagem é desenvolvida. Esta ideia de uma aprendizagem construída pode ser 
verificada no filme, quando o professor Ram Shankar altera o método de ensino direcionado 
a Ishaan. 
 
2.3 Assimilação, Acomodação e Adaptação 
 
Ferreira e Lautert (2003), apontam o conceito piagetiano de assimilação como a 
incorporação de novo elemento numa estrutura mental existente, e para isso necessitamos de 
estruturas já utilizadas anteriormente, alterando pouco a pouco a estrutura inicial inata. Ao 
posso que para as autoras, a acomodação é concebida no sentido de um processo 
complementar a assimilação, que surge quando esta é capaz de incorporar o novo elemento, 
30 
 
e cria-se então uma nova estrutura a partir das que já foram assimiladas, então após rever o 
esquema já utilizado anteriormente, e modificá-lo, ou criar novas estruturas para se adaptar 
a uma nova situação, estamos passando pelo processo de acomodação. 
No filme podemos compreender assimilação quando nos deparamos com coisas que 
facilmente podem ser compreendidas por serem familiares. O professor substituto usou uma 
metodologia inovadora, motivando-o, pois, bem diferente dos professores tradicionais, tinha 
uma visão construtivista de educação, e usou um método com elementos por ele conhecido, 
e dentro da limitação neurológica dele. O professor Nikumbh começa a dedicar algumas 
horas para ajudar Ishaan. O primeiro passo é pegar seu caderno e começar a mostrar que a 
letra B muitas vezes aparece no lugar do D, o R é trocado com o S, e o H com o T. Nikumbh 
mostra algo que ele já conhece, e com a explicação do professor ele incorpora as ideias já 
existentes dentro de seu cognitivo, mas em outros ambientes, como areia e massa de modelas, 
que envolvem cores, tons e elementos, tão valorizados por Ishaan. 
Acomodação é a modificação de conhecimentos já existentes, para podermos 
assimilar o que já conhecemos. O professor utilizou o lúdico para ajudar o garoto, começou 
a estimular a criatividade e não a produtividade, e por meios de brincadeiras despertou em 
Ishaan a vontade de aprender. Podemos observar essa situação no filme em algumas cenas, 
onde o professor ensina matemática, utilizando uma escada para que Ishaan aprenda adição 
subindo os degraus e subtraindo descendo a cada degrau, aprendendo a escrever usando tinta 
para pintar as letras, e massinha para modelar cada letra do alfabeto. 
Assim, o menino começa a reconhecer o que já era familiar, começa a utilizar um 
esquema já existente para ser aplicado em uma nova situação. Com o empenho do professor 
ele passa a acomodar o conhecimento de uma forma mais fácil, ou seja, começa a criar 
estruturas novas, a mudar um esquema existente para receber novas informações e para 
melhorar seu crescimento intelectual. 
Os dois conceitos anteriores são complementares e fazem parte de um processo que 
recebe o nome de adaptação. A adaptação à uma nova situação se dá graças ao desequilíbrio 
provocado por um evento que nos obriga a utilizar nossas estruturas cerebrais já existentes, 
ou de reorganizá-los, ou ainda de criarmos novos esquemas. De acordo com Ferreira e Lautert 
(2003) a adaptação acontece quando em equilíbrio o sujeito incorpora uma nova estrutura e 
assimilando-a, e não sendo possível faz assimilação e no futuro uma acomodação. Dentro do 
processo de adaptação, não é possível que se separe assimilação da acomodação. É atravésdesse processo que se desenvolve a capacidade progressiva e linear de conhecer o mundo. 
31 
 
Ao chegar no internato, Ishaan inicia um processo muito doloroso de adaptação, pois 
não consegue acompanhar o ritmo do colégio – muito rígido e indiferente ao aluno, focado 
unicamente na aprendizagem a qualquer custo, na figura onipotente do professor, na 
obediência e reprodução dos conteúdos. Seu processo de adaptação foi doloroso, pois não 
conseguia assimilar e nem acomodar nenhuma experiência, causando assim o estado 
depressivo. Somente após todo o empenho de Ram Shankar, sua metodologia e capacidade 
de inclusão, que Ishaan conseguiu assimilar e assim acomodar novas experiências, 
aprendizados e com isso se adaptando ao meio de ensino, mas sobretudo a escola e se inter-
relacionando. 
 
2.4 Equilibração Majorante 
 
Através dos processos de assimilação e acomodação é constituída a Equilibração 
Majorante, que pode ser definida como a combinação da maturação genética e o contato com 
os objetos do mundo e da experiência social. As pessoas têm necessidade de aprender para 
se manterem em equilíbrio, se sentem melhores quando entendem o mundo que as cerca. 
Ferreira e Lautert (2003), segundo a teoria de Piaget (1976), uma espécie de garantia 
de que para esse processo de desenvolvimento não falhe, é o conceito de equilibração. Este 
surge quando o indivíduo entra em desequilíbrio por: 
“... uma insatisfação de necessidades por parte do indivíduo, 
gerando nele uma sensação de falta (equilibração por lacuna); 
ou quando o indivíduo é impedido de assimilar o objeto com 
o qual interage, necessitando reorganizar as suas estruturas 
cognitivas para acomodá-lo (equilibração por assimilação). 
(FERREIRA & LAUTERT, 2003, p. 548) ”. 
 
 Este processo possibilita que o indivíduo volte ao estado de equilíbrio antes existente. 
Ao passo que isto acontece, ele não apenas retorna a esse nível basal de equilíbrio mas entra 
em um nível mais refinado e superior conceituado como Equilibração Majorante. 
Em uma competição de pintura realizada pela escola, todos foram tratados iguais, 
tanto professores como alunos. Não havia divisão de quem era o mais inteligente ou possuía 
algum tipo de necessidade. Foi onde Ishaan mostrou todo seu talento com desenhos, sendo o 
primeiro colocado na competição. O menino foi aplaudido por uma multidão, simbolizando 
verdadeiramente uma estrela. Nikumbh, o professor, deu nova cor a vida de Ishaan, 
transformando-o para sempre, e assim permitindo que entendesse o mundo que o cerca, e que 
32 
 
esse mundo o compreendesse, neste sentido entendemos que Ishaan conseguiu seu Equilíbrio 
Majorante na escola. 
 
2.5 Os Estádios de Desenvolvimento da Inteligência segundo Piaget 
 
Para Piaget, os quatro estádios de cognição ocorrem para todas as crianças, seguindo 
a mesma ordem. Em cada fase as crianças apresentam níveis diferentes. Em cada um desses 
estádios o pensamento se organiza de uma maneira específica, correspondendo ao nível em 
que a criança se encontra. Não é possível pular estágios nem retroceder, existe o progresso 
de desenvolvimento dentro da própria fase e é possível que, ao final de cada fase, o indivíduo 
já seja capaz de dar algumas respostas que são características da fase seguinte. 
Segundo Goulart (2008), os estádios de desenvolvimento cognitivo de Piaget são 
divididos em quatro: Sensório Motor, compondo de 0 a 2 anos, sendo baseado na 
coordenação motora, no agir por instinto, e é dividido em 6 subestágios. O segundo é o Pré 
Operatório, de 2 a 7 anos, marcado pela passagem da inteligência sensório-motora prática 
para a inteligência representativa. A criança, a partir dos dois anos, passa a ter uma função 
de pensamento, uma função simbólica, que possibilita a representação de um objeto ausente 
(significante) por meio de um significado. 
O terceiro estádio é o Operatório Concreto, de 7 a 11 anos, e a principal característica 
é que o pensamento deixa de ser pré-lógico e passa a ser um pensamento operatório, ou seja, 
a criança tem a capacidade cognitiva de coordenar diferentes pontos de vista de maneira 
lógica, expressando ações cognitivas mais elaboradas. No entanto, embora tenha essa 
possibilidade de maior expressão do pensamento, para poder utilizá-lo de maneira lógica, são 
necessários o manuseio e a observação de objetos concretos (GOULART, 2008). 
É nesta fase que Ishaan se encontra, e apesar de sua dislexia, apresenta as 
características autenticas de sua fase, pois é uma criança que precisa de fatos concretos, 
números e relacionamentos, apresenta habilidade de solucionar problemas, como a parte que 
ele pediu para seu irmão mentir sobre sua falta da aula; tem noção de espaço, tempo e 
capacidade de relacionar o pensamento lógico, como sua fugida da escola para passear pela 
cidade e voltar em tempo para ir embora no ônibus. 
Essa fase é também o início da descentralização, tem noção de peso e tamanho. 
Apresenta ainda capacidade de fazer abstrações a partir do concreto, que podem ser 
observados ou manipulados, solucionar problemas através do raciocino lógico; tem o espírito 
de correlação e cooperação, ações essa apresentada por Ishaan na escola, ao ajudar o amigo 
33 
 
deficiente, pela própria tristeza com o abandono e depois com o próprio professor em seu 
processo de aprendizado reformulado. 
O quarto e último estágio é o Operatório Formal, de 11 anos em diante, e nesta fase 
a criança consegue raciocinar sobre coisas que tem pouco ou nenhuma base na realidade, ou 
seja, conceitos abstratos, hipóteses, afirmações contrárias aos fatos; torna-se capaz de 
entender a linguagem figurada, a criança entende que deve agir com calma, ter paciência 
(GOULART, 2008). 
 O conhecimento destes estádios é fundamental para estudarmos o desenvolvimento 
cognitivo, o julgamento moral e a linguagem, e como a criança, ou o adolescente, conseguiu 
perceber a relação entre as estruturas cognitivas e o desenvolvimento social. 
 
2.6 Os Estágios do Desenvolvimento do Grafismo 
 
 Segundo Piaget, no ato de desenhar, a criança elabora conceitualmente objetos e 
eventos. Nesse sentido, a criança desenha menos o que vê e mais o que sabe. O menino 
Ishaan, com 9 anos, localiza-se no estágio operatório concreto do desenvolvimento. Logo, 
em seus desenhos, encontra-se na fase do realismo. Nessa fase a criança apresenta uma 
consciência maior do sexo e uma autocrítica pronunciada. No espaço são descobertos o plano 
e a superposição e o abandono da linha de base. Na figura humana aparece o abandono das 
linhas. 
As formas geométricas aparecem, além de uma maior rigidez e formalismo. Surge 
também uma acentuação das roupas, diferenciando o sexo, e o abandono do esquema de cor 
e a acentuação será de enfoque emocional. A criança chega no início do realismo quando 
ultrapassa a frustração do enfrentamento com o real. A forma e o fundo são conquistados, 
havendo um apuramento da decoração com riqueza de detalhes. Aparecem as perspectivas 
no desenho e acentua-se a necessidade do trabalho em grupo e da diversificação de técnicas. 
 
34 
 
No filme, os desenhos de Ishaan apresentam traços do realismo, como a presença da 
perspectiva, riqueza de detalhes e preocupações com cores e formas. Percebe-se também o 
abandono da linha de base e das linhas em figuras humanas. Aparecem também uma grande 
rigidez e formalismo. Segundo Alexandroff (2010), para Luquet esse estágio é denominado 
de realismo visual, tratando-se da representação visual que a criança tem do objeto. Nesse 
estágio, a criança representa os elementos visíveis, abandonando a transparência. E ocorre 
geralmente por volta dos 12 anos, a criança abandona as estratégias utilizadas anteriormente 
e a transparência dá lugar à opacidade, ou seja, a criança desenha apenas os elementos 
visíveis e o rebatimento e às mudanças de ponto de vista se coordenam, dando origem à 
perspectiva. Neste contextoo desenho de Ishaan é mais desenvolvido para sua idade, 
compreendendo assim o seu talento. 
 
2.7 O Desenvolvimento Cognitivo e Emocional nos Diversos Contextos Sociais 
 
A postura dos pais de Ishaan, nesse contexto, revela o desconhecimento da condição 
de seu filho, uma vez que, sem saber de fato qual era o bloqueio de Ishaan em relação à 
escola, acreditaram se tratar de indisciplina e descaso por parte do menino. Mais ainda, 
reforça como os pais estão, de fato, mais interessados em obter resultados acadêmicos pelos 
filhos do que realmente colaborar para o seu efetivo aprendizado. Prova-se isso pelo próprio 
irmão de Ishaan, Yohan Awasthi (Sachet Engineer). Isso mostra como é importante que os 
pais estejam presentes e verdadeiramente interessados na vida escolar e, principalmente, no 
desenvolvimento de seus filhos desde a pré-escola. 
Os professores de Ishaan, desde a escola inicial onde o menino estudava até o 
internato, assumem uma postura de ensino tradicional/comportamental, visto que utilizam de 
métodos como o enfileiramento de carteiras, aplicação de testes e verbalismo autoritário, 
buscando manter sua figura de detentores do conhecimento absoluto, o que obriga as crianças 
a obedecerem a qualquer custo. 
É certo que esse tipo de posicionamento na educação não é efetivo, uma vez que não 
há aprendizado verdadeiro, mas somente a transmissão do conhecimento entre os alunos. 
Vale ressaltar também que esse tipo de postura escolar não leva em conta outros tipos de 
inteligência, como a do próprio menino Ishaan, uma vez que seu foco é voltado unicamente 
para a linguagem e a inteligência lógico-matemática. Para Kamii (1991), os 
comportamentalistas estão interessados na previsão e no controle do comportamento, sem 
tentar entender o que se passa na cabeça do aprendiz. 
35 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Tendo em vista o exposto nas linhas anteriores, é possível acompanhar o 
desenvolvimento escolar de Ishaan a partir de uma perspectiva do desenvolvimento cognitivo 
de Piaget. Após a apresentação de um ambiente favorável para que as condições cognitivas 
do garoto fossem desenvolvidas, a criança evolui de um estado de muita assimilação e pouca 
acomodação, para um processo de equilibrarão onde ele consegue assimilar e acomodar. 
Sendo capaz por fim de transpor sua condição de disléxico, alcançado o desenvolvimento 
cognitivo necessário para se interagir e adaptar ao ambiente escolar. 
Aqui cabe um importante destaque, de que a evolução das capacidades cognitivas só 
foi possível, porque em um primeiro momento um professor altamente comprometido com a 
real aprendizagem, se dispôs a um processo investigação e coordenação de um ambiente com 
alterações metodológicas, conscientização e parceria entre os pais e os professores, e de 
possiblidades para o garoto. Portanto a construção, confirma-se a hipótese inicial de 
aprendizagem com qualidade de uma criança, deve sempre dispor de uma relação 
comprometida entre pais, professores e dirigentes da instituição. 
Confere-se ainda, o essencial papel que pode ser exercido pelo profissional psicólogo 
no ambiente escolar. Pois este profissional possui aparatos técnicos para identificar quando 
dificuldades na aprendizagem estão em seus níveis basais, ou se de fato a criança possui 
algum problema emocional ou cognitivo. Mas não apenas para isso, também para auxiliar os 
pais e professores quanto as fases do desenvolvimento daquela criança e orientá-los sobre 
como agir diante de situações relacionadas as dificuldades educacionais. 
Assim, compreendemos com Piaget que aprendizagem é toda mudança de 
comportamento em resposta a experiências anteriores, porque envolve o sujeito como um 
todo, considerando todos os seus aspectos, sendo eles psicológicos, biológicos e sociais. Se 
algum desses aspectos estiver em desequilíbrio haverá a dificuldade de aprendizagem.
36 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ALEXANDROFF, Marlene Coelho. Os caminhos paralelos do desenvolvimento do desenho 
e da escrita. Constr. psicopedag., São Paulo , v. 18, n. 17, p. 20-41, dez. 2010 . Disponível 
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
69542010000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 21 maio 2020. 
 
FERREIRA, Sandra Patrícia Ataíde; LAUTERT, Síntria Labres. A Tomada de Consciência 
Analisada a partir do Conceito de Divisão: Um Estudo de Caso. Psicologia: reflexão e 
crítica. Volume 16, nº 3, Porto Alegre 2003 
 
GOULART, Iris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 24ª 
ed. Ver. – Petrópolis, RJ. Vozes, 2008. 
KAMII, Constance. A teoria de Piaget, o behaviorismo e outras teorias de educação. In: 
Jogos em grupo na educação infantil – implicações da teoria de Piaget. São Paulo, Trajetória 
Cultural, 1991 (p. 325 - 346). 
MACEDO, LINO DE. A questão da inteligência: todos devem aprender? Em Marta Kohl de 
Oliveira, Denise Trento R. Souza e Teresa Cristina Rego (Orgs.). Psicologia, educação e as 
temáticas da vida contemporânea. SãoPaulo: Editora Moderna, 2002 (Capítulo 5) 
 
OLIVEIRA, Aislane Cristina. Como Estrelas na Terra – vivenciando a Dislexia. In: (En) 
Cena, novembro 2013. Disponível em: https://encenasaudemental.com/cinema-tv-e-
literatura/como-estrelas-na-terra-vivenciando-a-dislexia/ 
 
SILVA, Juliane Paprosqui Marchi da. Psicologia da Aprendizagem. Rio Grande do Sul, 
2017

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