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Corrimentos vaginais (vulvovaginites) - 21/05/2020 - GO Ter muito cuidado na ginecologia na forma de abordar e conversar com a paciente., pois são questões muito intimas. Prestar atenção no olhar da paciente, sem julgamentos, sem nenhum tipo de fácies… Muito importante então ter um olhar profissional. Definição • Processo inflamatório e/ou infeccioso que acomete trato genital inferior (vulva e paredes vaginais) obs.: pode ser também um corrimento fisiológico • Mais comum: candidíase, vaginose e tricomoníase. São as principais queixas nos ambulatórios de ginecologia. • Podem ser causados (além dos patógenos mais comuns) ainda por processos alérgicos, corpo estranho (absorvente interno) ou irritação por químicos (lubrificantes, brinquedos eróticos) * Frente a uma queixa de corrimento, nosso papel é realizar uma anamnese bem detalhada e um exame fisico completo com exame especular. Podemos as vezes tratar essa paciente da maneira errada, perpetuando e gerando um desequilíbrio da flora. Conteúdo vaginal fisiológico (o que é normal ter) • Muco cervical: fica aumentado no período ovulatório devido a ação estrogênica. Muco fica mais filante. Então as secreções das glândulas no período ovulatório estão aumentadas, o que gera esse aumento do muco, deixando a vagina mais úmida. Isso ocorre durante o ciclo normalmente para facilitar a fecundação e a gestação. • Descamação do epitélio vaginal: mediado por estrogênio, progesterona. • Transudado da mucosa vaginal: é fisiológica • Secreção das glândulas vestibulares (de Bartholin e de Skene): essas glândulas tem sua secreção e também contribuem para lubrificação da vagina. As glândulas de Skene ficam dentro dos pequenos lábios; as glândulas de Bartholin ficam mais externamente. • Glicoproteínas, leucócitos e microorganismos da flora vaginal • Quando exame uma paciente tem que ter em mente que ela tem uma secreção vaginal, pois a vagina não é seca. Sempre vai ter alguma secreção no fundo de saco. • Algumas pacientes tem secreção em grande quantidade, mesmo fisiológico, mas pode incomodar a paciente. • Vemos muito auto-medicação, principalmente com creme vaginal. Isso vai perpetuar o desequilíbrio da flora. Microorganismo da flora vaginal (são comuns de serem encontrados) • Aeróbios: mantém o pH da vagina ácido. Lactobacillus (Doderlain, 90% da composição da flora, pH ácido), Staphylococcus, Epedermidis, streptococcus sp, Escherichia coli. Quando temos um desequilíbrio da flora, esses microorganismos podem aumentar e causar uma infecção, podendo mudar o pH da vagina. • Anaeróbios facultativos: Gardenerella vaginalis. Causa infecção (vaginose). Não é uma IST, pois já temos essas bactérias no nosso organismo, em pouca quantidade (clue cells - células sinalizadoras/indicadoras). Ficam grudada nas células epiteliais formando as células indicadoras (vai falar melhor sobre isso depois). O aumento de gardnerella que leva a vaginose. • Anaeróbios obrigatórios: bacteróides, peptostreptococcus, ureaplasma, urealyticum, mycoplasma hominis. • Fungos: Candida (G+, TGI e reprodutor feminino, torna-se patogênico em condições especificas). A cândida é um fungo da nossa flora. Em algumas situações especificas (uso de medicamentos, imunocomprometidos), ou em qualquer situação que possa causar desequilíbrio na flora pode-se ter um aumento de cândida causando manifestação clinica de infecção por candida. Obs.: achar em uma lamina de preventivo uma cândida ou gardnerella não quer dizer que é quadro patológico. Características do conteúdo vaginal fisiológico: • Pra saber se é patológico tem que saber o que é fisiológico • Coloração clara (branca ou transparente) • Ausencia de odor • Ph ácido (4,0 a 4,5): lactobacillus deixam o pH ácido. • Mais abundante no período peri-ovulatório, gestação ou quando há excitação sexual (ação hormonal) • Presente normalmente no fórnice vaginal (anterior e posterior) • Pode ocorrer nas recém nascidas devido à ação hormonal placentária (hormônio da mãe passa pela placenta pro bebê) logo nos primeiros dias pós nascimento (não é tão comum). Isso é fisiológico e passa assim que os hormônios são depurados. Devido a essa mesma ação hormonal pode acontecer de o bebê ter broto mamário. Mecanismo de defesa do trato genital: barreiras para evitar que tenhamos infecção • Imunidade natural: integridade da pele e mucosa, muco cervical, lactobacilos (deixam o ph ácido… a maioria dos patógenos aumentam replicação em ambiente mais alcalino). Se você tem lesões por exemplo, ter a perda de continuidade da pele, fissuras… aumenta muito o risco de entrada de microorganismos. • Imunidade celular (linfócitos T e B) • Imunidade humoral (imunoglobulinas, IgA, IgM e IgG secretadas pelo muco e parede vaginal) *Quando tem qualquer quebra de qualquer um desses mecanismos de defesa temos o aumento de chance de ter infecção (IST ou desequilíbrio da própria flora) **Qualquer alteração da flora vaginal ou dos mecanismos de defesa pode ser responsável por corrimentos (patológicos). Vários exemplos de como podemos ter a quebra do mecanismo de defesa da mucosa vaginal/ trato genital: —> Quebra na interação dos componentes da flora * Antibiotico sistemico ou local de uso prolongado * Água clorada/duchas vaginais(alcaliniza pH)/espermicidas (alcaliniza pH): alteram pH da vagina * Quando falamos por exemplo de vaginose bacteriana; ela não é sexualmente transmissível. Entretanto, se tem ducha vaginal recorrente, relações sexuais com muita freqüência, pode alcalinizar o pH e aumenta o risco de vaginose. Porém, continua não sendo sexualmente transmissível —> Flora nativa entra em contato com superfície diferente do habitual * Episiorrafia, histerectomia: é um trauma local, que é uma quebra da barreira de defesa. Além disso tem o fio de sutura, que é uma superfície diferente do habitual * Cervicites: infecção do colo uterino * Calcinhas de algodão sao melhores. Indica-se também dentro de casa não usar calcinha pra não abafar o local. —> Alteração na imunidade do hospedeiro * Transplantes, câncer, em uso de quimioterapia Corrimentos vaginais Apesar de ser a causa mais frequente de consulta: • É também o mais frequentemente negligenciado na sua condução: alguma amiga indica um creme e paciente acaba usando sem passar por um exame… • Causa mais comum de insatisfação de pacientes: se trata de forma errada a gente tá piorando a situação da paciente, aumentando o desequilíbrio porque tô tratando uma coisa que de repente é outra. • Queixas vaginal são qualificadas como banais e resolvidas de forma rotineira • Pacientes não procuram orientação médica e se automedicam em até 50% • Normalmente quando a paciente tem um desequilíbrio de flora uma vez, em menos de 1 ano ela repete essa infecção anterior… então viram queixas recorrentes e a paciente acaba usando o mesmo creme sempre, o que perpetua o desequilíbrio da flora. • Orientar que: queixa de corrimento vaginal necessita de um exame fisico/especular • A paciente pode ter um queixa de cândida bem característica porém pode ter outras infecções associadas. Principais causas de corrimento: • Secreção fisiológica: não tem nenhuma repercussão na saúde. Tomar cuidado em pacientes com secreção vaginal exacerbada. Quando a paciente deita a secreção se acumula no fórnice e quando levanta acaba saindo mais secreção. Isso atrapalha a vida intima e social da paciente. Deve-se orientar essa paciente que é normal e acalmá-la. • Vulvovaginites: candidíase, tricomoníase (IST), vaginose bacteriana • Cervicites: clamídia e gonorreia ———VAGINOSE BACTERIANA ——— • Sindrome clinica polimicrobiana (principal agente isolado é a Gardnerella vaginalis) • Desequilíbrio de flora: ausência de lactobacilos (que é o responsável pelo pH normal da vagina, ou seja, ácido) e aumento de anaeróbios • Gardnerella vaginalis • Ph vaginal > 4,5 (devido àausência de lactobacilos) • Está associada às duchas vaginais e à multiplicidade de parceiros sexuais (porém NÃO É UMA IST). Muito mais relacionado que a multiplicidade de parceiros, é a freqüência das relações sexuais. Vimos que o sêmen alcaliniza pH. Além disso com as duchas você retira a flora, os lactobacilos, e com isso alcaliniza o meio. • 50 a 70% são assintomáticas • Características: corrimento vaginal acizentado, homogêneo, com odor fétido, mais acentuado após relação sexual e período menstrual. Isso pois na relação sexual e no período menstrual você tem uma alcalinização maior da secreção, alem da volatilização de aminas. Diagnóstico Clinico: critérios de Amsel (podem ser feitos no consultório). Se tiver 3 ou mais desses 4 critérios pode-se fechar o diagnóstico. • Corrimento cremoso, cinzento, homogêneo, aderente, sem sinais inflamatórios • pH vaginal aumentado > 4,5 Usa-se uma fita de pH que geralmente tem em consultórios de GO. Passar espéculo vaginal -> coloca a fita de pH na ponta da pinça -> passa essa fita na secreção vaginal. Essa fita de pH tem uma graduação de cor; e quanto mais alcalino for vai pra parte mais azulada; quanto mais ácido, vai pra parte mais laranja/amarelo. • Teste das aminas: adição de KHO 10% na secreção e exala odor de peixe em putrificação (Whiff-test). É positivo se houver a percepção do odor de peixe em putrificação. • Exame a fresco (microscopia): clue cells Nessa imagem (página anterior) vemos a célula epitelial normal (rosinha) e aqui são as células indicadoras que já estão com a gardnerella, que se gruda/funde na célula epitelia. Achamos essas clue cells no exame a freco. A gente então pega um pouco de secreção, passa na lamina, leva pro microscópio e vê essas células indicadoras. Laboratorial: • Bacterioscopia pelo Gram: clue cells *Obs.: é bom pois se já fizermos o diagnóstico clínico a paciente já sai com tratamento naquela ida ao consultório. Tratamento Mais importante do que atentar para as doses, é saber qual a medicação. Na vaginose sabemos que o ideal é uma tratamento mais prolongado e não tratamentos em dose única pelo risco de recorrência em menos de 1 ano. Tem maior sucesso quando trata a paciente por 7 dias (no caso de VO) • Metronidazol: 500 mg VO 12/12 horas por 7 dias OU Gel 0,75% 1 aplicação (5g) VV por 5 noites • Clindamicina (alternativa): creme 2% 1 aplicação 5g VV, por 5 noites • Tratar gestantes (riscos de parto prematuro): alguns trabalhos mostram aumento do risco de parto prematuro em pacientes com vaginose. Então se achou vaginose na gestante, trata. Na primeira consulta de pré-natal a gente faz um exame especular pra ver N fatores, um deles é a vaginose. Porém não é toda consulta de pré natal que vamos realizar o exame especular, vamos fazer de acordo com as queixas da paciente. Obs.: muito importante ensinar a paciente como usar o creme vaginal. Instruir que na embalagem vem uma pomada e o aplicador que parece um êmbolo de seringa. Tem que colocar o creme dentro da seringa. Falar para a paciente que é pra ela aplicar depois de fazer tudo (escovar os dentes…) e deitar, tentando não levantar após a aplicação. Introduzir o aplicador na vagina, aperta o embolo pra soltar todo o creme no fundo da vagina e vai dormir. Orientar que durante os 7 dias de tratamento o ideal é que não tenha relação sexual; e se tiver, usar o preservativo para não manter a alcalinização do meio. Usar protetor diário na calcinha pois pode sair durante o dia um pouco de creme que ela colocou na noite anterior. É importante lembrar do uso de bebida alcoólica com o metronidazol, que faz o efeito que chamamos de antabuse, que é tipo uma sensação de morte eminente. Temos sempre que falar para os pacientes não fazerem o uso de nenhum imidazólico com alcool. ———CANDIDIASE VULVOVAGINAL——— • Agente etiológico: candida albicans (existem outras mas a albinas é a principal causadora de candidíase). • Prurido é o principal sintoma. Esse prurido atrapalha muito a vida da paciente, pois é muito intenso. Paciente geralmente procura atendimento mais pelo prurido e pela hiperemia do que pelo corrimento. • Hiperemia vulvovaginal, edema (de pequenos e grandes lábios muito proeminentes) e fissuras vulvar (ardência), maceração da pele • Corrimento branco, aderente a parede vaginal, tipo leite “talhado”/nata de leite em vagina e colo (patognômonico de cândida) • Disúria, dispareunia Obs.: essa queixa de disúria é muito importante para fazermos diagnostico diferencial, principalmente na gestação de ITU. A disúria na candidíase é devido a urina passando por essa área macerada, não é uma disúria uretral (por microorganismo no trato urinário). • Recorrente: 4 ou mais episódios/ano (mesmo tratando). Quando isso acontece devemos investigar se tem algum quadro de imunosupressão, se é pela cândida albicans mesmo (e não por outros tipos de candida). Dependendo do numero de infecções que ela tem por ano, piora muito a vida da paciente, tanto social como sexual… **Importância clínica: nem toda queixa de prurido vulgar significa candidíase! (apesar de ser o principal sintoma). Por isso, devemos examinar todas as pacientes! Diagnósticos diferenciais do prurido (na ordem das imagens) • Herpes: lesões vesiculares. Pode causar prurido e ardência • Líquen: lesões que aparecem principalmente em pacientes mais velhos e causam prurido muito intenso. • Verrugas anus-genitais: é um pouco mas raro mas pode cursar com prurido • Eczema: pode ser uma lesão alérgica e causa bastante prurido. Pode ter queratinização, parece que nessa imagem tem um tempo maior de evolução. Pode ser uma outra infecção fúngica, alergia pelo uso de calcinha ou absorventes… Diagnóstico • pH vaginal normal (3,4 a 4,5 - ácido), ou seja, não tem alteração do pH normal da vagina. Nas outras vistas hoje acontece o contrário, tem uma alcalinizarão do meio. Se quiser pode fazer fitinha de pH, nessa irá mostrar ph ácido (fitinha fica mais amarela) • Exame a fresco: pega a lâmina, bota a secreção e joga um pouco de soro fisiológico, este permite a visualização em 40% das pseudo-hifas. Quando a gente adiciona o KOH a visualização melhora em 30% (somando 70% de visualização). Esse tracinhos na imagem são as pseudo-hifas. - Com soro fisiológico pseudo-hifas (40%) - Adicionar KOH 10% (70% visualização) • Cultura (ágar-sabouraud): se você tá tratando e não melhora, se você acha que pode estar um pouco atípico, pode fazer cultura. O meio de cultura pra cândida é o Ágar-Sabouraud. Qual a importância? Quadro clinico complicado, trato e a paciente volta em 2 semanas com a mesma queixa, ou seja, ta bem recorrente, ta achando que é uma espécie que não a cândida albicans, faz a cultura pra confirmar. - Importante para identificar espécies não albicans - Indicada em casos de candidíase recorrente ou resistente Tratamento • Antifúngico sistêmico (VO, p.ex fluconazol) • Derivados azólicos (via vaginal, p.ex miconazol) • Gestantes: tratamento tópico ou sistêmico, não faz diferença. Os dois tem a mesma eficácia. *Obs.: nistatina era muito usado porém começou a mostrar muita resistência, então algumas candidíases não melhoravam com nistatina. Então a primeira escolha hoje, via vaginal é o miconazol. **Obs 2.: não precisa usar medicação VO e via vaginal. Pode fazer um OU outro. Isso deve ser discutido com a paciente, ver qual ela prefere. No SUS tem que ver o que tem na farmácia. A eficácia do tratamento é o mesmo entre os 2. ———TRICOMONIASE ——— • Agente: Trichomonas vaginalis (protozoário flagelado) • Transmissão sexual (IST) e o parceiro pode ser assintomático (a mulher também pode ser assintomática) • Corrimento amarelo-esverdeado, abundante e bolhoso • Prurido vulvar intenso (lembrar da candidíase que também da prurido) • Hiperemia eedema de vulva e vagina (candidíase também tem isso. A diferença é o tipo de corrimento) • Sintomas urinários (disúria, polaciúria, dor suprapúbica). Essa dor é por ser uma IST (pode fazer uma infecção no colo uterino), ou seja, não é um microorganismo comum da flora local. • Colpite difusa (colo com “aspecto de framboesa”): pontinhas vermelhas. Isso pode ficar bem friável, pode ter sangramento na relação sexual… • Sintomas mais intensos: após menstruação (devido ao pH) e durante a gestação (devido à imunomodulação) Obs.: A maioria das infecções sexualmente transmissíveis são assintomáticas. E quando falamos em doença sexualmente transmissível pensamos mais em sintomas e sinais. E na infecção não, você pode estar infectado e não apresentar nenhum sinal ou sintoma. Diagnóstico • pH vaginal > 4,5 (cursa com alcalinização). Isso é importante pro diagnostico clinico, com a fitinha de pH. • Exame a fresco: passou espéculo, viu corrimento característico, coleta o material e faz a lâmina. Não pode demorar entre passar o material na lâmina e levar ao microscópio, tem que ser em menos de 10 minutos, pra conseguir ver os protozoários se movimentando. Vão ser vistos parasitas flagelados, ovóides e móveis, muitas células inflamatórias e vaginais (sensibilidade de 50 a 70%) • Bacterioscopia e citologia: menos sensível obs.: Se achamos trichomonas no preventivo acabamos tratando porque é uma IST. Agora, se eu encontro gardnerella ou cândida eu não trato. • Cultura: sensibilidade de 75 a 96% (no caso de dúvida) • Mediante o diagnóstico, outras ISTs devem ser rastreadas!!! A gente oferece ao paciente, não pode obrigar ela a fazer nada, nem a chamar o parceiro. Então tem que pedir permissão pra tudo. Obs.: o ideal é que esses testes com a lamina a fresco, fita de pH… sejam feitos. Porém, nem sempre tem isso, ai acaba fazendo diagnóstico pelo aspecto do corrimento. Mas o ideal mesmo é fazer esses testes no consultório para confirmar. Tratamento: pode fazer dose única • Metronidazol/tinidazol: via oral (normalmente 2g, dose única) • Tratamento via vaginal não é recomendado pois não funciona tão bem. • O tratamento empírico do parceiro está indicado (maioria dos homens é assintomático), levando a aumento das taxas de cura. Porque não adianta nada traçar a mulher e ela se recontaminar com o homem não tratado. • Tomar cuidado com a abordagem da questão do parceiro com a paciente. Observações referentes ao fluxograma: • Hoje não levamos tanto em consideração a região com alta prevalência de gonococo e clamídia. • Gonococo e clamídia veremos no próximo semestre, não precisamos saber agora. • Esse fluxograma é no caso de não termos o exame a fresco, o tratamento é mais sindromicamente. • Se eu tenho Whiff test positivo eu vou tratar por 7 dias, e automaticamente eu vou estar tratando trichomonas (porque é dose unica) e a vaginose. Se eu tenho a lâmina eu consigo diferenciar eles. • Se tem whiff test negativo não preciso tratar vaginose, posso tratar só trichomonas. • Se tem whiff test positivo preciso tratar vaginose porque não exclui trichomonas. Isso é no caso de não ter lamina, nem bacterioscopia. • No caso de diagnóstico de IST, oferecer outras sorologias, vacinas, enfatizar adesão ao tratamento, notificar, convocar e tratar parceiros e agendar retorno. Pontos importantes corrimento vaginal: • Evitar diagnóstico do corrimento vaginal baseado apenas na descrição dada pela paciente sem exame físico (especular) • Evitar o tratamento “intuitivo” com uso de cremes polivalentes que alteram a flora. Deve-se saber qual o patógeno e tratar pra ele! • Não perca a oportunidade de identificar um agente sexualmente transmissível!!!! Rastrear para outras ISTs, tratar parceiro, orientar uso de preservativos… Na presença de um agente sexualmente transmissível: • Convocar e tratar o parceiro • Pesquisar outras ISTs do trato genital • Citologia cérvico-vaginal para HPV (colpocitologia oncótica) - preventivo • Oferecer sorologias para: - Sífilis - Hepatites B e C - ELISA anti-HIV (AIDS) WHIFF test/teste de aminas: O teste de aminas, também conhecido como teste de WHIFF é um método muito eficaz para auxiliar o diagnóstico de vaginites e vaginose bacteriana. Esse teste baseia-se na presença de aminas originadas da flora anaeróbia vaginal. Quando em pH ácido estas aminas encontram-se em estado sólido e em pH alcalino elas volatizam-se, o que ocorre com a aplicação de hidróxido de potássio 10% e em sua forma não protonada exalam odor característico de “peixe podre em decomposição”. Critérios de Amsel: basta a associação de três sinais ou sintomas para o diagnóstico de VB (vaginose bacteriana) -> O pH vaginal 4,5 (presente em 80-90% das VB); isoladamente, tem um pequeno valor preditivo positivo (52,6%). -> Leucorreia: cremosa, homogênea, cinzenta e aderida às paredes vaginais e ao colo. -> Whiff-test: adicionar de 1 a 2 gotas de hidróxido de potássio (KOH) a 10% na secreção vaginal e depositar em uma lâmina. O surgimento imediato de um odor desagradável (peixe em putrificação), causado pela volatilização das bases aminadas, é característico das vaginoses. Exame simples e de fácil avaliação. -> Exame a fresco (microscopia): presença de clue cells (células epiteliais vaginais recobertas de Gardnerella vaginalis, que aderem à membrana celular, tornando seu contorno granuloso e impreciso). Essas células constituem um dos melhores indicadores de vaginose (sensibilidade de 98,2%, especificidade de 94,3%, valor preditivo positivo [VPP] de 89,9% e valor preditivo negativo [VPN] de 90%) quando pre- sentes em mais de 20% das células.
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