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1 ANTÔNIO G. SOBREIRA 2 3 ANTÔNIO G. SOBREIRA DOUTRINA II ECLESIOLOGIA E GRAÇA 1ª Edição 2017 4 5 Sumário Palavra do Professor autor Sobre o autor Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE 1 – ORIGEM, FUNÇÃO E NATUREZA DA IGREJA O significado bíblico da “Igreja” A igreja - propriedade de Deus Instruídos por Jesus A igreja manifestada pelo Espírito Santo A Igreja do Novo Testamento Descrições metafóricas da igreja A igreja visível e invisível Cristo a cabeça da igreja UNIDADE 2 – ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA A organização eclesiológica da igreja A natureza da organização A função principal da organização da igreja Propósitos da igreja Modelos bíblicos da organização da igreja O governo da igreja Os oficiais da igreja do Novo Testamento Os anciãos da igreja do Novo Testamento A igreja serva de Deus 6 UNIDADE 3 – DOUTRINA DA SALVAÇÃO (GRAÇA) O mundo e a vida no pecado A revelação da justiça de Deus A nova vida e a nova obediência A graça no debate teológico O Arminianismo Calvinismo (João Calvino) Karl Barth Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Saiba mais Pesquisando com a Internet Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 7 Palavra do professor Caro estudante, Neste estudo, você deve refletir sobre a Igreja como o único propósito de Deus sobre a natureza da Igreja que é relacionar os principais elementos que compõem seu caráter e sinal da Igreja de Cristo. É entendida no sentido de que consiste do corpo dos eleitos, os quais são chamados para a vida eterna no transcorrer dos tempos. Mas também considerada como a comunidade dos santos (ekklesia), composta dos que professam a fé em Jesus Cristo. A igreja consiste em uma instituição da sociedade, que pode ser analisada e estudada pelos métodos da ciência social, mas podemos ser tentado a definir a igreja empiricamente. A Igreja de Cristo é um aspecto da doutrina cristã sobre o qual quase todos, crentes e descrentes, têm uma opinião. Entretanto a maneira de analisar e definir a igreja são usar os mesmos meios utilizados nas outras partes da teologia sistemática, ou seja, estudando o material bíblico. No estudo dessa disciplina você terá oportunidade de aprofundar os temas a partir das leituras dos textos desse livro elaborado para colaborar com sua aprendizagem. Bons estudos! 8 Sobre o autor Antônio Gonçalves Sobreira é pós - graduado em Ciências da Educação e Psicopedagogia. Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA (2013). Possui Bacharelado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (2009). Seu primeiro Bacharelado em Teologia foi através do Seminário Latino Americano de Teologia (1997). Atualmente é professor do Instituto Superior de Teologia Aplicada. Tem experiência na área de Teologia, Antropologia e Filosofia com ênfase em Teologia Sistemática. 9 Ambientação Nessa disciplina você terá oportunidade de entender e identificar a definição de igreja que surge da palavra grega “Ecclesia”. O sentido de “igreja” não faz menção a edifício, mas o significado de pessoas. A Escritura utiliza-se de metáforas para explicar a natureza da Igreja do Novo Testamento. É importante conhecê-las, pois assim conheceremos mais acerca do que é a Igreja, ou o que deveria ser nos planos de Deus. Se você ler o texto de Romanos 16:5: “Saudai também a igreja que está em sua casa.” O apóstolo Paulo se refere à igreja em sua casa, não à igreja morada, mas um grupo de pessoas crentes. A Igreja nada tem a ver com templos ou edifícios, mas com o povo de Deus que se reúne no mundo todo. Essa Igreja que tem um fundamento, Jesus Cristo. Manifesta-se como a “pedra que vive, rejeitada sim pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa” (I S. Ped. 2:4). Para Paulo Jesus Cristo era o único fundamento seguro, dizendo: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (I Cor. 3:11). Também ao identificar Jesus com a rocha mencionada por Moisés: “E beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo” (I Cor. 10:4). Quando Jesus falou essas palavras a Igreja era constituída por um pequeno grupo de seguidores. Alguns poderiam considerar que aquele movimento não iria muito longe, não prosperaria. Após a morte de Jesus seus discípulos se dispersariam e tudo não daria em nada, como tantos outros movimentos religiosos daqueles dias. A Igreja de Cristo deve cooperar com ele na missão de salvar almas. Ele é o sumo sacerdote, capaz de fazer a mediação perfeita entre Deus e os seus filhos. “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos Céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”. 10 Aqueles que são salvos por Jesus tem a oportunidade de se unirem a sua Igreja. Logo Deus tem a sua igreja na terra. Esses são seus escolhidos, são aqueles que responderam positivamente ao seu chamado. 11 Trocando ideias com os autores Sugerimos a leitura do livro Teologia da Igreja, uma obra excelente para orientar estudantes de teologia, pastores nas responsabilidades eclesiásticas, que desafia os líderes do povo de Deus no que diz respeito à doutrina e as práticas eclesiásticas à luz da Bíblia. A grande vantagem deste livro é o fato de o autor conhecer a cultura brasileira, pois passou muitos anos ensinando no contexto brasileiro. Ele entende a mentalidade e cultura que moldam as atitudes e ambições dos membros das diversas comunidades evangélicas. MULHOLLAND, Dewey M. Teologia da Igreja: uma igreja segundo os propósitos de Deus. São Paulo: Shedd, 2004. Propomos também a leitura da obra Lei, Graça e Santificação num estilo claro, envolvente e atual, o Dr. Shedd expõe a perspectiva bíblica acerca de pontos fundamentais na experiência cristã individual: lei, graça e santificação. Ele nos ensina a evitar os perigos extremos do legalismo, do formalismo e do tradicionalismo, mostrando- nos, por outro lado, como fugir de um evangelho teórico, sem vida e até mesmo libertino. SHEDD, Russell P. Lei, graça e santificação. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2005. Guia de Estudo: Após a leitura das obras, realize uma comparação entre as ideias dos autores, em seguida faça um texto dissertativo-argumentativo sobre o que mais lhe chamou atenção. 12 13 ORIGEM, FUNÇÃO E NATUREZA DA IGREJA 1 CONHECIMENTO Conhecer os aspectos relevantes da doutrina da Igreja, sua origem, função e natureza. HABILIDADE Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminários em ambientes acadêmicos acerca do tema. ATITUDE Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la na sua práxis. 14 15 SIGNIFICADO BÍBLICO DA “IGREJA” O termo Igrejano grego significa “chamar para fora, convocar, geralmente uma reunião religiosa”. Na versão grega do Antigo Testamento ele aparece para designar a assembleia do povo de Deus, como a assembleia do Sinai. A primeira comunidade dos seguidores de Jesus usou esse termo, talvez porque se consideravam herdeiros dessa Assembleia. O termo “Kyriakè”, do qual deriva “Church”, “Kirche”, significa “a que pertence ao Senhor”. Para os cristãos o termo Igreja pode designar a reunião ou assembleia reunida em adoração, bem como a comunidade local e universal dos seguidores de Jesus. A igreja nada tem a ver com templos ou edifícios, mas com o povo de Deus que se reúne no mundo todo. Essa igreja tem um fundamento, Jesus Cristo como a “pedra que vive, rejeitada sim pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa” (I S. Ped. 2:4). Para Paulo Jesus Cristo era o único fundamento seguro, dizendo: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (I Cor. 3:11). Também ao identificar Jesus com a rocha mencionada por Moisés: “E beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo” (I Cor. 10:4). Jesus mesmo usou essa ilustração da Pedra quando disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela” (S. Mat. 16:18). Assim a Igreja Cristã está edificada sobre o próprio Senhor Jesus Cristo. Ele sacrificou a si mesmo, o seu próprio corpo foi ferido, assim como a rocha ferida no deserto, pelo benefício de muitos. Nada poderia prevalecer contra uma igreja fundada em tão sólido fundamento. Quando Jesus falou essas palavras a igreja era constituída por um pequeno grupo de seguidores. Alguns poderiam considerar que aquele movimento não iria muito longe, não prosperaria. Após a morte de Jesus seus discípulos se dispersariam e tudo não daria em nada, como tantos outros movimentos religiosos daqueles dias. Porém a igreja não estava fundada sobre a sabedoria humana, nem sobre a força do homem, mas sobre a Rocha Viva. A história mostrou que nem mesmo o tempo, e todas as adversidades foram capazes de barrar o avanço da igreja, com 16 todos seus problemas, ela continua até hoje cumprindo sua missão de glorificar a Deus e conduzir homens ao Salvador. (Atos 4:12, 13, 20-33). Foi parte do designo divino que todos que viessem a crer em Cristo, deveriam compor uma comunidade universal, pois a todos os povos, nações e línguas deveriam se estender o convite à salvação. Aqueles que eram alcançados com a pregação eram reunidos na comunidade cristã, como retrata o livro de Atos dos Apóstolos. É um privilégio para qualquer ser humano participar dessa comunidade. Deus deseja constituir um povo composto por todos os que creem em Jesus, todos que são feitos filhos de Deus fazem parte desse corpo do qual Jesus é a cabeça. Os membros desse corpo podem desfrutar do companheirismo mútuo e com seu Senhor e Mestre. O termo Igreja aparece na própria escritura nos seguintes versos por meio das expressões como “a igreja de Deus” (Atos 20:28), “o corpo de Cristo” (Efés. 4:120), e “a igreja do Deus vivo” (I Tim. 3:15). A aplicação do termo Igreja na Bíblia A palavra igreja é usada num sentido geral para designar todas as igrejas ou o conjunto de todas as igrejas (Mat. 16:18; I Cor. 12:28). Mas também é usada em sentido particular designando a igreja local, em uma determinada cidade, como a igreja de Roma (Rom. 1:6 e 7), a igreja de Corinto (I Cor. 1:2), a igreja de Tessalônica (I Tess. 1:1). Notem-se as referências feitas às igrejas provinciais: as igrejas da Galácia (I Cor. 16:1), as igrejas da Ásia (I Cor. 16:19), as igrejas da Síria e Cilícia (Atos 15:41). Cristo é a cabeça da igreja, é o seu senhor, ele tem amor profundo aos membros do corpo. Ele deve ser glorificado na igreja (Efés. 3:21), por meio da igreja o Senhor, revelará a “multiforme sabedoria de Deus” (Efés. 3:10). Dia a dia ele “alimenta” a igreja (Efés. 5:29); e seu maior anelo é fazer dela uma igreja “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efés. 5:27). 17 Cristo com seu exemplo e por meio dos seus ensinos revelou ao mundo uma verdade não ainda conhecida pelos judeus da sua época. A verdade era que Deus estava derrubando o muro de separação entre Israel e as outras nações (João 4;4- 42; 10:16; Lucas 9:51-56; Mat. 15:21-28). O apóstolo Paulo escreveu: “Os gentios são coerdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (Efésios 3:16). Entre os membros do corpo de Cristo não deve haver diferenças, todos devem ser tratados com a mesma dignidade, não deve haver preferência de raça, nacionalidade, pois todos são irmãos filhos do mesmo Pai espiritual, e “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Os salvos formam uma irmandade universal, uma nova humanidade, “todos… um em Cristo Jesus” (João 3:16; Gál. 3:28). A IGREJA - PROPRIEDADE DE DEUS A Igreja é propriedade de Cristo e ele sabe que ela está constantemente sujeita as tentações do Diabo. Ao ser glorificado Jesus não perdeu a sua humildade e amor que demostrara quando esteve entre nós na forma de servo. Ele está familiarizado com os seus sofrimentos, pois ele mesmo foi um varão de dores. Sabe que o mundo odeia sua igreja assim como o odiou. Ele está no céu, mas acompanha bem de perto os seus. O mais frágil servo está ligado ao seu coração por laços eternos. Jesus é o representante da humanidade, ele possui a natureza humana. A Igreja de Cristo deve cooperar com ele na missão de salvar almas. Ele é o sumo sacerdote, capaz de fazer a mediação perfeita entre Deus e os seus filhos. Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos Céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno. (HEBREUS 4: 14-16). Jesus vive para interceder pelos seus. Ele é o Redentor, que abençoa e liberta do cativeiro os presos do Diabo, agregando cada vez mais o número dos 18 salvos à sua igreja. A igreja entra em conflito com as forças das trevas, e Satanás fará de tudo para lançar todo o opróbrio sobre os escolhidos que ele não pode enganar e iludir com suas invenções e falsidades satânicas. Mas Jesus o Salvador, dará aos seus, arrependimento e a remissão dos pecados. Cristo identifica-se com sua Igreja Aqueles que são salvos por Jesus tem a oportunidade de se unirem a sua igreja. Logo Deus tem a sua igreja na terra. Esses são seus escolhidos, são aqueles que responderam positivamente ao seu chamado. A oração de Cristo denota isso: “Pai, aqueles que me deste, quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a Minha Glória”. Jesus deseja que a sua Igreja um dia esteja consigo. Isso se tornará uma realidade quando ele retornar uma segunda vez. Mas a igreja compartilhará dos sofrimentos e provas antes de chegar ao momento de deslumbrar a glória de Cristo e dela participe. Cristo quer que sua igreja participe da sua glória. Raízes da Igreja Cristã No Antigo Testamento Deus tinha a sua congregação organizada do povo de Deus. No início eram famílias que serviam a Deus, através da linhagem de Adão, Sete, Noé, Sem e Abraão – eles foram como que guardiães da verdade. Essas famílias viviam em um sistema de patriarcado muito comum no mundo antigo. O pai exercia funções de sacerdote, podia julgare sentenciar alguém a morte. Deus prometeu a Abraão que sua família se tornaria uma nação. Essa nação, Israel deveria ser uma continuação daquilo que Deus pretendia que Abraão fosse: uma benção para todas as nações da Terra (Gên. 12:1-30). Israel foi chamada de “igreja [ou “congregação”] do deserto” (Atos 7:38). Seus membros foram considerados “um reino de sacerdotes e nação santa” (Êxo. 19:5), o “povo santo” de Deus (Deut. 28:9; cf. Lev. 26:12) – sua igreja. Deus plantou Israel em um território chamado Palestina, o centro das principais civilizações do mundo e o encontro de três grandes continentes – Europa, Ásia e África. 19 Os judeus deveriam ministrar o conhecimento do verdadeiro Deus às demais nações. Elas deveriam ter a oportunidade de ser incorporada a fé verdadeira (Isa. 56:7). Isso mostra que Deus tinha planos para toda humanidade e Israel seria um instrumento que ele usaria. Deus pretendia ter uma grande congregação (igreja) onde pudesse reunir pessoas de todas as nações. Eles viriam adorar a Deus e aprender a respeito dele. Mas apesar de todo favorecimento com conhecimento verdadeiro, Israel caiu em idolatria, se isolou, tornaram-se orgulhosos e egoístas. Enfim eles fracassaram em sua missão. A primeira vinda de Jesus colocou Israel numa situação de decisão final, como se o tempo de oportunidade para arrependimento houvesse chegado. Caso aceitasse continuaria a ministrar ao mundo, caso fracassassem Deus instituiria a sua Igreja, independente da resposta de Israel, Deus tinha seu plano. Infelizmente apenas um pequeno grupo respondeu positivamente. Esses o apóstolo Paulo chama de remanescente, eles se tornaram a Igreja cristã primitiva. Agora o fracasso de Israel foi não reconhecer o Messias. Eles aguardavam um messias que viesse libertar a Nação Judaica do poderio romano. Mas o Messias veio libertá-los de si mesmos. E ao enviarem Jesus para a cruz, mostraram a depravação e decadência espiritual em que se encontravam. O tipo da sua decadência foi esquecerem a promessa do Messias Rei vindouro, e abraçaram a César (S. João 19:15). Assumiram que quem os governava era Cesar e não Deus. A cruz foi uma grande revelação acerca de duas missões: a missão de Israel e a de Cristo. A cruz revelava que Israel, o povo de Deus estava centralizado demais em si mesmo ao ponto de não reconhecerem o Messias prometido. A segunda revelação é sobre a missão de Cristo, que mostra o quanto estava empenhado na sua missão de salvar a humanidade, sacrifica a si mesmo para que outros tenham a vida eterna. Quão diferentes são os resultados de ambas as missões. Com a morte de Cristo chega o fim da missão de Israel, e com sua ressurreição, temos o início da igreja cristã e sua missão: a proclamação do evangelho de salvação através dos méritos de Cristo. Israel se tornou só mais uma nação, igual a tantas outras, deixaram de ser a Igreja de Deus. Assim, Deus estabeleceu uma nova Igreja que deveria ministrar ao mundo inteiro. (S. Mat. 21:41 e 43). 20 Instruídos por Jesus Jesus Cristo o maior mestre que os homens já conheceram apresentou muitos dos seus ensinamentos ao público em geral, mas também instruiu diretamente em particular seus discípulos mais próximos. Eles foram preparados por Jesus por um período aproximadamente de três anos e meio. Mas Cristo não ensinou na teoria ou por máximas. Ele viveu na prática seus ensinamentos. Ele tratou as pessoas com o máximo de bondade e humanidade, curou, libertou, consolou, alcançando parte da população antes quase que negligenciada pela elite da sociedade judaica. Os seus discípulos mais próximos eram pessoas do povo comum, pescadores, gente humilde, também tinha um coletor de imposto, Levi Mateus, mas isso não significava que tivesse grande cultura, bastava um pouco de esperteza. Embora ensinasse a grandes multidões, em particular junto aos seus discípulos, Jesus esclareceu muitas questões que não falara diretamente a multidão. Explicou o motivo do ódio demostrado contra ele pelos escribas, fariseus e sacerdotes, e lhes falou de seu sofrimento, traição e morte. Preparou-os para o que viria acontecer, coisas que seus discípulos só compreenderiam depois dos fatos concretizados. Após o derramamento do Espírito Santo seus ensinos foram lembrados e corretamente interpretados. A IGREJA – MANIFESTADA PELO ESPÍRITO SANTO Após conclusão do ministério do Filho na Terra o Espírito Santo no dia de Pentecostes foi derramado. Alguns veem nesse momento a inauguração da Igreja de Cristo. Agora revestidos do poder do alto, a igreja se manifesta ao mundo, publicamente diante da multidão reunida em Jerusalém. Começa a pregação do evangelho, onde ela convida todos os homens ao arrependimento e a salvação. Para que a Igreja possa cumprir a sua missão, o Espírito Santo confere a cada membro os dons espirituais. Capacitada por esses dons doados pelo próprio Cristo por meio do Espírito, ela anuncia ao mundo o Reino dos Céus. 21 A IGREJA DO NOVO TESTAMENTO A Igreja Cristã surge no contexto do antigo judaísmo. Quase que não dar para distinguir a nova religião cristã do judaísmo, isso porque no início da igreja Cristã ela era formada exclusivamente por judeus. Praticamente a única diferença era que esse grupo havia aceitado Jesus de Nazaré como Messias. É fácil pensar que na sua origem os cristãos judeus não se consideravam uma nova religião mais o verdadeiro Israel. Mas logo foram anexados os gentios que creram em Cristo. Então a compreensão foi ampliada, o novo Israel também é composto por gentios desde que tenham fé e aceitam a Cristo (Gál. 3:26-29). Essa nova realidade, marcada pelo convívio orgânico e harmônico entre judeus e gentios, é ilustrada por Paulo através da imagem de duas árvores: a oliveira natural e a oliveira silvestre (Rom. 9:6-8). Os galhos da oliveira natural são os filhos de Israel. As oliveiras silvestres são os gentios. Os gentios que aceitaram a Cristo são os ramos da oliveira silvestre que foram enxertados na boa oliveira (Rom. 11:17-25). Eles devem respeitar a herança espiritual do antigo Israel, eles foram os primeiros a servirem a Deus. “Se for santa a raiz, também os ramos o serão. Se, porém, alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo oliveira brava, foste enxertado em meio deles, e te tornaste participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; porém se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti” (Rom. 11:16-18). A Igreja Cristã é diferente do Antigo Israel. Deve ser dito que a Igreja não é uma extensão de Israel, mas algo novo, e totalmente independente. Israel era uma nação, o nacionalismo era uma barreira que separava o povo de Deus de aproximar de outros povos. Com a Igreja essas barreiras foram derrubadas. Não havia mais uma religião nacional, pois a Igreja era universal e missionária. Assim o propósito inicial de Deus seria cumprido, pessoas de todas as nações deveriam vir a conhecê- lo e adorá-lo. E assim a ordem de Cristo refletia exatamente esse plano inicial. “Fazei discípulos de todas as nações” (S. Mat. 28:19). 22 DESCRIÇÕES METAFÓRICAS DA IGREJA A escritura utiliza-se de metáforas para explicar a natureza da igreja do Novo Testamento. É importante conhecê-las, pois assim compreenderemos mais acerca do que é a igreja, ou o que deveria ser nos planos de Deus. A igreja como um corpo A Igreja é comparada a um corpo composto por seus vários membros. Essa metáfora quer salientar a unidade da Igreja e a posição funcional de cada membro em relação ao todo. A morte de Jesus reconciliou judeus e gentios “em um só corpo com Deus” (Efés. 2:16). Através do Espírito Santo, são “batizados em um só corpo” (I Cor. 12:13) a igreja. Como corpo,a igreja é nada menos que o corpo de Cristo (Efés. 1:23). Ela é o organismo através do qual ele compartilha de sua plenitude. Os crentes são os membros de seu corpo (Efés. 5:30). Consequentemente, ele concede vida espiritual por intermédio de seu poder e graça, a cada crente genuíno. Cristo é a “cabeça do corpo” (Col. 1:18), a “cabeça da Igreja” (Efés. 5:23). Para que a Igreja obtenha êxito em sua missão é necessário que cada membro atue devidamente, que cumpra a sua função adequadamente por meio dos dons que foram conferidos a cada membro. É necessário que cada um desenvolva seus dons, do contrário a igreja irá se tornar fraca, morna e morta. Mas esses dons não são fins em si mesmo, não tem como objetivo o desenvolvimento pessoal, mas o desenvolvimento do corpo inteiro. A igreja como um templo A Igreja também é comparada a um “edifício de Deus”, o “templo de Deus” no qual habita o Espírito Santo. Jesus Cristo é seu fundamento e a “pedra angular” (I Cor. 3:9-16; Efés. 2:20). Esse templo apresenta crescimento dinâmico. Assim como Cristo é a “Pedra viva”, no dizer de Pedro, assim os crentes são “pedras vivas” que constituem a “casa espiritual” (I. S. Pedro 2:4-6). 23 Esse edifício ainda não foi concluído e novas pedras podem ser agregadas ao templo, que está sendo edificado “para habitação de Deus no Espírito” (Efés. 2:22). Esse edifício deve ser construído com os melhores materiais para que possa resistir ao teste de fogo do Dia do Juízo (I Cor. 3:12-15). Ao comparar a Igreja com um templo se quer enfatizar a santidade da congregação. O templo de Deus é santo, diz Paulo. “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá” (I Cor. 3;17). O pecado é uma forma de macular esse templo, bem como as relações e alianças com os descrentes: “que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade?… Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?” (II Cor. 6:14 e 16). A Igreja que se reservar do mundo e de suas influências, pois ela é alvo da mais sublime vocação. A igreja como noiva A Escritura também compara Jesus como um noivo e a igreja como sua noiva. “Desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdia” (Osé. 2:19). Em outro lugar ele também declara: “Eu sou o vosso esposo” (Jer. 3:14). O apóstolo Paulo utiliza das mesmas imagens: “Tenho vos preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (II Cor. 11:2). O amor de Cristo por sua igreja é tão profundo e duradouro que ele “a si mesmo se entregou por ela” (Efés. 5:25). Ele efetuou esse sacrifício “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Efés. 5:26). Por meio da influência santificante da Palavra de Deus e por meio do batismo, Cristo pode purificar sua igreja, livrando-a das suas vestes imundas e vestindo-a com as roupas puras da sua própria justiça (S. João 17:17). Ele mesmo é que prepara sua igreja para ser sua noiva, “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém, santa e sem defeito” (Efés. 5:27). A plena glória e esplendor da igreja não serão vistos até o retorno de Cristo. 24 A igreja como “Jerusalém Celestial” No Velho Testamento a nação do povo de Deus tinha uma capital, a cidade de Jerusalém também chamada de Sião, uma pátria terrestre. Ali Deus habita no meio de seu povo (Sal. 9:11): é de Sião que provém a salvação (Sal. 14:7; 53:6). Esta cidade deveria ser a “alegria de toda a Terra” (Sal. 48:2). Mas o Novo Testamento vê a Igreja como a “Jerusalém lá de cima”, a contrapartida espiritual da Jerusalém terrestre (Gál. 4:26). Os cidadãos desta Jerusalém possuem sua “cidadania no céu” (Filip. 3:20). Eles são os “filhos da promessa”, que são “nascidos segundo o espírito”, e desfrutam da liberdade pela qual Cristo os tornou livres (Gál. 4:22, 26, 31; 5:4); “através do Espírito”, eles almejam avidamente a “esperança da justiça pela fé”. Compreendem que em Cristo Jesus é a “fé que opera pelo amor”, que lhes confere a cidadania (Gál. 5:5 e 6). Aqueles que são parte dessa gloriosa multidão têm chegado “ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Heb. 12;22 e 23). A igreja como uma família A igreja também é comparada a uma família (Efés. 3:15). E existem duas formas de se unir a esta família: por adoção (Rom. 8:14-16; Efés. 1:4-6) e o novo nascimento (S. João 3:8). Por intermédio da fé em Cristo, aqueles que foram batizados não mais são escravos, mas filhos do Pai celestial (Gál. 3:26 a 4:7) que vivem com base no concerto. Agora eles pertencem a “família de Deus” (Efés. 2;19), a “família da fé” (Gál. 6:10). Os membros dessa família dirigem-se a Deus como “Pai” (Gál. 4:6) e relacionam-se uns com os outros como irmãos e irmãs (S. Tia. 2:15; I Cor. 8:11; Rom. 16:1). Pelo fato de haver conduzido a muitos para dentro da Igreja, Paulo referiu-se a si próprio como um pai espiritual. “Eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (I Cor. 4:15). Dirigiu-se àqueles que trouxera para a Igreja como “meus amados filhos” (I Cor. 4:14; cf. Efés. 5:1). 25 Um aspecto importante enfatizado por esta metáfora é que a família é um lugar de companheirismo, chamado de Koinonia, em grego, não é meramente socialização e sim “cooperação no Evangelho” (Filip. 1:15). Envolve genuíno companheirismo com Deus Pai, Seu Filho e o Espírito Santo (I S. João 1:3; I Cor. 1;9; II Cor. 13:140), bem como com os crentes (I S. João 1:3 e 7). Portanto, os membros estendem a todos aqueles que se tornam parte da família, a “destra da comunhão” (Gál. 2:9). A metáfora da Igreja como uma família é muito rica. Ela implica que na Igreja as pessoas devem se interessar genuinamente uma pelas outras, as pessoas devem ser amadas e respeitadas, supridas, orientadas, aconselhadas, valorizadas, pois todos precisam uns dos outros para se desenvolver. A Igreja é um lugar para se praticar responsavelmente o papel que cada um assume como membro dessa família, o cuidado e vigilância entre os irmãos espirituais. Cada membro deve amar profundamente seu irmão, sendo leais, assim a família será fortalecida. A Igreja como uma família é um lugar onde diferentes membros habitam, é um lugar onde deve existir apoio mútuo. Devem aprender a viverem em unidade, a despeito das diferenças de personalidade de cada um. A unidade não deve fazer perder a individualidade. Mas a individualidade não deve se sobrepor ao ponto de prejudicar a unidade da mesma. A igreja como pilar e fortaleza da verdade A igreja do Deus vivo acredita possuir a verdade. Ela se ver como “coluna e baluarte da verdade” (I Tim. 3:15). Como uma fortaleza, uma cidade bem protegida capaz de abrigar e guardar a verdade protegendo-a do ataque do inimigo. Mas devemos lembrar que a verdade tem caráter dinâmico, e não estática. Mas isso não significa que a igreja deve estar pronta a acolher todos os pontos de vistas, porque aí já não teria uma verdade, mas um puro relativismo que redundaria em confusão e ceticismo. Se um membro do corpo acredita ter recebido uma nova luz, uma nova compreensão de um aspecto relevante da verdade deve juntamente com seus irmãos testá-los a luz da palavra (Isa. 8:20). Se essa nova compreensão estiver de acordo com a escritura deve a igreja aceitá-la; caso contrário, deve rejeitá-la. Todos 26 os membros deveriam submeter-se a esse julgamento baseado na bíblia, pois “na multidão de conselheiros há segurança” (Prov. 11:14). Na prática o que vemos é que as mais variadas expressões do cristianismo estão divididas por seus credose não é tão fácil fazer qualquer alteração nos mesmos. Ao espalhar a luz que possui, isto é, através de seu testemunho, a igreja se torna “a luz do mundo”, “uma cidade edificada sobre o monte” que “não pode ser escondida”, e “o sal da Terra” (S. Mat. 5:13:15). A igreja como um exército – militante e triunfante A igreja é semelhante a um exército disposto em uma batalha. Ela deve guerrear contra os poderes do mal. “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efés. 6:12). Os cristãos devem tomar “toda a armadura de Deus”, a fim de que possam “resistir no dia mau, e, depois de ter vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Efés. 6:13). A igreja desde que foi fundada por Jesus teve que enfrentar muitas lutas contra o inimigo. Às vezes esse inimigo é uma força externa, às vezes interna (Atos 20:29 e 30; I Tim. 4:1). Embora tenha obtido muitas vitórias ainda não é a Igreja Triunfante, ela possui muitos defeitos. Os defeitos da igreja foram explicados por Jesus em uma parábola: “O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens os dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se” (S. Mat. 13:24 e 25). O joio deve crescer junto com o trigo até a colheita final. A orientação foi: “Deixai-os crescer juntos até à colheita” (S. Mat. 13:29 e 30). Os inconversos chegam na igreja e aí permanecem por obra do inimigo. Essas duas classes permanecerão na igreja até que Jesus volte no seu Segundo Advento. A guerra continua em pleno andamento, tribulação e lutas existirão até o fim, o Diabo sabe que pouco tempo lhe resta e fará de tudo para prejudicar a igreja. Ele está irado contra ela (Apoc. 12:12 e 17), mas quem for perseverante até o fim será salvo (S. Mat. 24:13). 27 Após o retorno de Jesus a igreja finalmente se tornará triunfante, apresentar- se-á diante de Jesus como “Igreja gloriosa” – os fiéis de todos os tempos, os comprados por seu sangue, “sem mácula, nem ruga, … porém santa e sem defeito” (Efés. 5:27). A IGREJA VISÍVEL E INVISÍVEL Alguns manuais de Teologia Sistemática tratam da Igreja em dois aspectos, a Igreja Visível e a Igreja Invisível. Mas esses conceitos são válidos? Existe uma Igreja Invisível? Chama-se de Igreja Visível a igreja de Deus organizada para o serviço, é a Igreja local. Ela está comissionada por Cristo para levar o evangelho ao mundo (S. Mat. 28:18-20), e está trabalhando para que pessoas estejam preparadas para a volta gloriosa de Jesus. (I Tess. 5:23; Efés. 5:27). Ela faz uma obra parecida com a que o Senhor Jesus fez quando esteve na terra (S. Luc. 4:18 e 19). A Igreja Invisível ou Igreja Universal (não é uma denominação) seria composta dos filhos de Deus em todo o mundo. Inclui os crentes que estão dentro da Igreja Visível, têm seguido a luz que Cristo lhes concedeu (S. João 1:9). Ela é composta por pessoas que nunca ouviram falar de Jesus Cristo, mas que têm procedido “por natureza de acordo com a lei” (Rom. 2:14). Essa compreensão inclui a ideia que a verdadeira adoração a Deus é espiritual, ou seja, não está limitada por paredes de templos ou denominações. Jesus mesmo disse: “Vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores” (S. João 4:23). Sendo assim somente Deus tem condição de identificar seus verdadeiros adoradores, os seres humanos não tem condição de saber com exatidão. Acredita-se que o Espírito Santo trabalha no sentido de conduzir seu povo da Igreja Invisível para sua Igreja Visível. “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um Pastor” (S. João 10:16). As verdades de Deus são mais profundamente conhecidas e experimentadas na Igreja Visível, pois ali os seus membros poderão desfrutar do amor e companheirismo mútuo. Ela é portadora dos 28 dons espirituais que são utilizados para crescimento espiritual e para edificação da igreja (Efés. 4:4-16). Paulo ao converter-se ao evangelho foi apresentado a Igreja de Cristo onde pode desenvolver seus dons (Atos 9:10-22). Assim deseja o Senhor que todos seus filhos sejam conduzidos ao aprisco a fim de que todos sejam um e estejam prontos para a vitória final (S. Mat. 24:14). A igreja do céu e na terra tem sido incluídas no conceito de Igreja Invisível (Efés. 1:22 e 23). Cristo - a cabeça da igreja No primeiro sentido, Cristo é considerado como cabeça da Igreja (cf. Col 2: 18-19 e Efésios 4: 15-16). Isso significa duas coisas: primeiro, que ele é o governante, o líder, o gerente que guia a comunidade cristã como seu líder e Senhor (cf. Col 1: 18: "Ele é a cabeça do corpo, a Igreja"); e o outro significado é que ele é como a cabeça que anima todos os membros do corpo que governa (na verdade, de acordo com Col 2: 19 é preciso "ficar unida à cabeça, da qual todo o corpo, recebe nutrição e a coesão"): isto é, ele não é apenas o líder, mas aquele que está organicamente ligado com a gente, que também tem a força para agir no caminho certo. Em ambos os casos, a igreja é considerada sujeita a Cristo, tanto para seguir e obedecer a seus mandamentos, e absorver toda vitalidade que vem com ele. Seus mandamentos não são apenas palavras, mandatos, mas são forças vitais que vêm com ele e nos ajudam. Esta ideia é particularmente desenvolvida em Efésios, onde até os ministérios da igreja, são conferidos por Cristo Ressuscitado: é ele quem "deu uns para apóstolos; alguns profetas; outros para evangelistas; alguns pastores e mestres" (Ef 4, 11). E para ele que "todo o corpo, unidos e mantidos juntos por toda junta, (...) realizando assim o crescimento do corpo para a edificação em amor" (Ef 4, 16). Cristo, de fato, ele tende a "apresentá-la (à igreja) para si mesmo em esplendor; sem mancha nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e sem defeito" (Ef 5, 27). Com isto nos diz que o amor é precisamente a força que constrói a igreja, que guia a igreja, com o qual também dá a direção certa para a igreja. Portanto, o primeiro 29 significado é Cristo, a Cabeça da Igreja, tanto em termos de condução, é acima de tudo em termos de inspiração e vitalização orgânica em virtude do seu amor. Então, em um segundo sentido, Cristo é considerado não só como cabeça da igreja, mas como chefe das potências celestes e todo o cosmos. Assim, em Colossenses, lemos que Cristo "uma vez despojado os principados e potestades e fez um exemplo público deles, triunfando sobre eles" (Col 2, 15). Da mesma forma, em Efésios encontramos que, com a sua ressurreição, Deus colocou Cristo "acima de todo principado, poder, força, dominação e tudo tem um nome não só neste mundo, mas no próximo" (Ef 1, 21). Com estas palavras, as duas cartas nos dar uma mensagem muito positiva e frutífera: Cristo não precisa temer qualquer possível concorrente, porque é superior a qualquer forma de poder que tentam humilhar o homem. Só que ele "nos amou e se entregou por nós" (Ef 5, 2). Então, se estamos unidos a Cristo, devemos temer nenhum inimigo e nenhuma adversidade; mas isso também significa que devemos permanecer intimamente unidos a ele. O anúncio de que Cristo era o único vencedor e quem estiver com Cristo não tem que temer ninguém, apareceu como uma verdadeira libertação para o mundo pagão, que acreditava em um mundo cheio de espíritos, um lugar muito perigoso e do qual tinham que se defender mesmo todo o cosmos se submete a ele, e a ele converge como sua própria cabeça. São famosas palavras da Carta aos Efésios que falam do plano de Deus de "unir todasas coisas em Cristo, as coisas no céu e na terra" (1, 10). Da mesma forma, na carta aos Colossenses lemos que "nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, visíveis e invisíveis" (1, 16) e que "pelo sangue da sua cruz reconciliou por ele e para ele todas as coisas, o que na terra e no céu" (1, 20). Assim, por um lado, o mundo material e, por outro, esta pequena realidade da história da nossa terra, o mundo das pessoas: Tudo é um só em Cristo. Ele é a cabeça do cosmos; também o cosmos foi criado por ele, foi criado para nós, como estamos nele. É uma visão racional e personalista do universo. É uma visão mais universalista que isso não era possível conceber, e isto converge apenas em Cristo ressuscitado. Cristo é o todo-poderoso (grego Pantokrator), que são submetidas 30 todas as coisas: o pensamento vai para Cristo Pantocrator, que enche a abside das igrejas bizantinas, descrito às vezes sentado no topo do mundo, ou mesmo acima de um arco-íris para indicar a sua igualdade com o próprio Deus, em cuja mão direita está sentado (cf. Ef 1, 20; Col 3: 1), e, portanto, seu condutor exclusivo dos destinos humanos. 31 32 ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA 2 CONHECIMENTO Conhecer os aspectos relevantes da doutrina da Igreja, com ênfase no tema organização eclesiástica da Igreja. HABILIDADE Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminários em ambientes acadêmicos acerca do tema. ATITUDE Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la na sua práxis. 33 34 A ORGANIZAÇÃO ECLESIOLÓGICA DA IGREJA Sempre que um pequeno grupo de pessoas se associa em uma pequena comunidade e começa a crescer, torna-se necessário algum tipo de organização, por mais simples que seja. Mas com o crescimento do grupo, é forçoso tornar essa organização mais elaborada e complexa. Duas preocupações básicas estão presentes desde o início da igreja: a nutrição espiritual daqueles que compõem a igreja e conquista de novos membros para a igreja por meio da pregação do evangelho ou evangelismo. Cristo mandou que se pregasse o evangelho em todo mundo, mas isso inclui também o ensino e nutrição espiritual dos que aceitam o convite. Esses dons devem ser usados com equilíbrio e sabedoria. Eles devem aprender a usar seus talentos para a causa de Cristo. Uma vez “Deus não é de confusão”, antes deseja que todas as coisas sejam feitas “com decência e ordem” (I Cor. 14:33 e 40), a igreja deve dispor de uma organização simples mas eficaz. A Natureza da Organização Consideremos a qualidade de membros e a organização. 1- Qualidade do membro de igreja. Quando um convertido aceita a qualidade de membro torna-se parte da comunidade de fé da nova aliança. Isso significa que aceita entrar em novo relacionamento com Deus e com outras pessoas. a. Qualificações do membro. A primeira condição para se tornar membro da igreja é aceitar Jesus Cristo como seu salvador, o que deve vir seguido de arrependimento dos pecados. b. Deve-se aceitar ser batizado (Atos 2:36-41; cf. 4:10-12), e espera-se que tenham experimentado a conversão. Também deve aceitar a grande comissão de Cristo, de ir e ensinar outras pessoas a observar todas as coisas que ele ordenou (veja S. Mat. 28:20). c. Igualdade e serviço. Segundo Jesus seus seguidores deviam viver em harmonia e ser todos irmãos e o “o maior dentre vós será vosso servo” (S. Mat. 23:8 e 11), existe aqui o pressuposto da igualdade. Devem entender que seguir a Cristo significa imitá-lo, pois ele ministrava em favor dos necessitados. 35 d. Sacerdócio de todos os crentes. Com a Nova Aliança o antigo regime sacerdotal Araônico perde a validade. Não há mais mediadores humanos, Jesus é o único mediador. No entanto a Igreja se tornara “sacerdócio santo” (I S. Ped. 2;5). O apóstolo prosseguiu: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, o povo é propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (I S. Ped. 2:9). O sacerdócio de todo crente não significa que cada um individualmente deva criar suas próprias crenças e passar a agir separadamente do corpo de crentes. Quer dizer que cada um pode ir a Deus diretamente por meio de Cristo e que todos possuem a responsabilidade de ministrar a outros em nome de Deus, e de comunicar-se diretamente com ele, sem a necessidade de qualquer intermediário humano. Os membros precisam um dos outros para crescerem organicamente, mas também há uma esfera para a individualidade, é a parte onde cada um é responsável por si mesmo diante de Deus. Também podemos concluir que não existe diferença qualitativamente entre clérigos e leigos, embora existam funções diferentes, funções entre as duas categorias. e) Obediência a Deus e ao Estado. A Bíblia reconhece que por trás dos negócios humanos, Deus realmente tem em suas mãos o poder sobre os governantes da terra e por isso pede que os crentes respeitem e obedeçam as autoridades civis, desde que não fira a nossa fidelidade para com Deus: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29). Aquele que tem nas mãos a autoridade civil é “ministro e Deus para o teu bem,… para castigar o que pratica o mal”. Portanto, os membros da Igreja devem pagar “a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra” (Rom. 13:4 e 7). O crente é um cidadão do reino dos céus, mas ao mesmo tempo em que está no mundo é cidadão, e deve cooperar para que a vida em sociedade seja a mais justa e pacífica possível. Na sua relação com as autoridades seculares, eles procuram cumprir o que Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (S. Mat. 22:21). 36 A FUNÇÃO PRINCIPAL DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA A fim de cumprir o plano de Deus a Igreja precisou ser organizada. Sem organização nenhum empreendimento pode lograr êxito. O plano de Deus é que o mundo inteiro conheça a sua palavra. Jesus pretendia que todos ouvissem o evangelho, por isso enviou seus discípulos para pregarem a todo o mundo, e não apenas a uns poucos “eleitos”. a. Adoração e exortação. Uma das funções da Igreja é congregar pessoas em torno do culto ao Criador. Jesus e os discípulos adoravam, e a Escritura pede para não deixemos de congregar “como é costume de alguns; antes façamos admoestações, e tanto mais quando vedes que o dia se aproxima” (Heb. 10:25; cf. 3:13). Participar do culto a Deus em uma congregação trás grande refrigério espiritual, encorajamento e alegria. b. Companheirismo cristão. O companheirismo é uma necessidade humana, e o convívio com os “irmãos” de fé supre esta necessidade “Cooperação no evangelho” (Filip. 1:5). Inclusive também numa relação com o transcendente, e também com os outros da mesma fé (I S. João 1:3, 6 e 7). c. Instruções nas Escrituras. Certa feita Jesus Cristo dirige-se a Pedro e diz que entregaria “as chaves do reino dos Céus” (S. Mat. 16:19). Pedro como apóstolo de Jesus é um autêntico representante da Igreja, portanto Cristo deu a sua igreja as chaves que abriria o reino de Deus para as pessoas. Em outro momento Jesus dirige-se aos fariseus e diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mat. 23:13). Estas chaves são o conhecimento da Escritura e no caso do Novo Testamento,são as palavras de Cristo – todas as palavras da Bíblia. Mais especificamente, incluem “a chave do conhecimento” referente a como entrar no reino do Céu (S. Luc. 11:52). As palavras de Jesus são espírito e vida para aquele que as recebe (S. João 6:63). Trazem a vida eterna (S. João 6:68). 37 A proclamação da Palavra de Deus por parte da Igreja tem o poder de abrir e fechar o céu, elas são como as chaves para acessar a salvação. Ela tem o poder de abrir o céu, quando recebidas com fé, e de fechá-las quando recebidas com incredulidades. Portanto, a proclamação do evangelho por parte da igreja libera “aroma de vida para a vida” ou “cheiro de morte para morte” (II Cor. 2:16). Cumpre a igreja obedecer às palavras de Cristo, assim como fez Jesus, viver “de acordo com toda a palavra que procede da boca de Deus” (S. Mat. 4:4). Somente obedecendo à palavra de Deus pode a igreja cumprir sua missão, e assim está apta para ensinar outros a fazerem o mesmo, e assim cumprirem o ide e pregai o evangelho, ensinando “todas as coisas que Eu vos tenho ordenado”. (Mat. 28:20). d. Administração dos iniciados. Cabe a igreja a função de batizar os novos membros, sendo esse o ritual de iniciação a fé. e. Proclamação o evangelho ao mundo. Segundo Jesus a grande missão da igreja era proclamar o evangelho todo mundo, alcançando o máximo de pessoas, e cumprindo a missão que Israel falhara (S. Mat. 24:14), sob o poder do batismo do Santo Espírito. A pregação do evangelho inclui a pregação do preparo e vigilância acerca do segundo retorno de Cristo a esse mundo, essa mensagem é tanto para a igreja como para o mundo. (I Cor. 1:7 e 8; II S. Ped. 3:14-22; 14:5; Apoc. 14:6-12; 18:4). PROPÓSITOS DA IGREJA Deus tem um propósito com a igreja O universo tanto o macro como o micro cosmo denotam perfeita organização. Isso denota que todas as obras de Deus são perfeitamente organizadas. Tão precisa é a ordem que os calendários humanos são todos baseados na constância do movimento dos astros. Deus não é um Deus de confusão, mas de ordem, diz o apóstolo Paulo. Deus tem uma obra a ser realizada na terra, a obra de salvar o pecador. A sua igreja é uma agência pela qual o Espírito Santo opera a fim de realizar o seu grande propósito. Não é estranho pensar que Deus tenha sua organização na terra 38 para ajudá-lo nessa tarefa de salvar almas. A primeira organização de Deus na terra foi a família que ele criou no jardim do Éden seguida pelo sistema patriarcal. Depois ele criou a própria nação de Israel e no Novo Testamento, Deus criou a Igreja, uma comunidade organizada de crentes, chamados para fora do mundo para adorar a Deus e servi-lo. Na Igreja cristã, os primeiros líderes, depois dos apóstolos, foram chamados de anciãos, eles desempenhavam tarefa importante na organização da igreja. Eles deveriam amar a igreja e servi-la com eficiência. A igreja não veio à existência por vontade humana. É o Senhor que diretamente conduz as pessoas a igreja, como diz Atos 2:47 “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” Este verso também revela uma certa relação entre ser salvo e pertencer a igreja, pois Deus acrescenta à igreja aos que estão sendo salvos. Poderíamos ilustrar a igreja com a arca de Noé, sem dúvida, era uma embarcação imperfeita, pois foi construída por seres humanos. Mas quando veio a enchente, cumpriu seu papel de ajudar a Deus no salvamento de seu povo, pois foi construída de acordo com seu plano. Certamente Deus está interessado que a sua igreja tenha êxito, que tenha sucesso, é claro que a igreja é humana, tem suas fraquezas bem como seus defeitos, mas ela é objeto da atenção de Deus, ele está atento a mesma, e com certeza concede seu Espírito Santo a fim de vitalizá-la com seu poder e força. A Igreja foi fundada por Cristo. Jesus afirma que a igreja é sua propriedade quando afirmou: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mat. 16:18). Ele está aqui dizendo algumas coisas importantes. Primeiro ele diz que a igreja deve ser edificada sobre ele mesmo, pois ele é a Pedra, a Rocha, e não pode haver outro fundamento além de Jesus. Segundo que a igreja pertence a Cristo, não é propriedade de homem algum. Ele é a Cabeça da Igreja. (Efés. 5:23). Ele designou seus primeiros líderes (Mar. 3:14). Ama sua igreja como um noivo ama sua noiva (Efés. 5:25-32). Por mais defeituosa que ela seja devemos ter receio de criticá-la, pois estamos criticando a noiva de Cristo. O verdadeiro cristão 39 ama a Cristo e deseja viver como ele viveu. Como Cristo procedeu assim ele procederá. Em Efésios 5:25 afirma: “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela”. Então antes de tentar melhorar ou reformá-la você deve primeiro amá-la. Ser semelhante a Cristo é amar a igreja e dar-se por ela. MODELOS BÍBLICOS DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA Sabemos que a organização é necessária para que as coisas funcionem, visto ser imensa a tarefa da igreja, congregar um grande número de pessoas, a organização torna-se não apenas uma opção viável, mas necessária. Qualquer empresa sem organização certamente fracassará. Um governo sem organização provocará o caos. Mas, que tipo de organização a igreja deve ter? Modelo do Novo Testamento. Podemos ver no livro de Atos especialmente como se desenvolveu a organização da igreja no Novo Testamento. Diferente de Israel de quem temos informações de como se constituía sua organização, no caso um Estado Teocrático, o Novo Testamento não mostra um modelo pronto, acabado, mas em desenvolvimento. A medida que surge as necessidades, ela vai criando algumas funções novas. Primeiramente, em nível organizacional temos o grupo dos apóstolos reunidos em concílio em Jerusalém, como descreve (Atos 6:2; 8:14). Outro grupo foi instituído para auxiliar os apóstolos, os diáconos (Atos 6:2-4). Um grupo de igrejas em uma determinada área parecem terem se agrupado em organizações similares ao que hoje chamamos de associações (Gál. 1:2). O Governo da Igreja Depois que Jesus ascendeu aos céus, à liderança humana da igreja coube aos apóstolos. O primeiro ato administrativo dos apóstolos e na igreja nascente foi escolher outro apóstolo para substituir Judas. (Atos 1:15-26). Logo, com o crescimento da igreja os apóstolos ficaram impossibilitados de atenderem a todas as demandas, como por exemplo, a distribuição dos recursos com os carentes e ao mesmo tempo manter o trabalho da pregação. Decidiram então deixar os encargos sociais nas mãos dos diáconos, que foram escolhidos pela 40 própria igreja. Embora a Igreja distinguisse entre “ministrar a palavra” e “servir as mesas” (Atos 6:1-4), não percebemos que a igreja naquele momento fizesse qualquer tipo de distinção entre ambos os grupos no que tange a cumprir a missão de pregar o evangelho, pois dentre os diáconos, Estevão e Filipe – notabilizaram-se pela pregação e evangelismo (Atos 7 e 8). A igreja cresceu na Ásia e Europa e isso exigiu novas lideranças, então os anciãos vieram suprir essa necessidade, em cada igreja havia um presbítero ordenado “em cada igreja” a fim de assegurar uma liderança estável (Atos 14:23). Quando surgia uma crise de âmbito maior que o líder local, o presbítero não tinha condições de resolver, a questão era resolvida em um concílio geral, composto pelos apóstolos e anciãos que representavam a igreja em geral. As decisões do concílio eram aplicadas a todo o corpo de crentes, e era aceito como sendo uma decisão do próprio Espírito (Atos 15:1-29). O exemplo citado em Atos mostra que a igreja se fazia representar por seus líderes convocados e esse Concílio tinha uma autoridade maior que a igreja local. As igrejas locais deviam submeter-se a orientação do Concílio. Ele ouviu ambas as partesenvolvidas, dando a todos a oportunidade de expressarem seu ponto de vista e decidirem pelo que parecia ser o mais correto diante dos argumentos apresentados e segundo a vontade do Espírito Santo. Acreditamos que nesse tempo o Espírito realmente presidia os negócios da igreja, algo que nem sempre aconteceu, pois muitas vezes os líderes afastavam-se da sua orientação (Atos 15:22 e 25). O que vemos em Atos é uma igreja que mesmo sob ameaça de fragmentar-se diante de dois pensamentos opostos, está disposta a seguir a voz do Espírito Santo, de deixar-se e orientar-se por ele, de seguir suas sugestões. Essa foi a única razão de naquele momento não ter havido uma divisão entre cristãos judeus e cristãos gentis. A unidade almejada por Jesus em sua oração prevaleceu nesse momento da História da Igreja. Bom seria que esse Presidente celestial, o Espírito Santo, tivesse sido sempre ouvido pela liderança da igreja ao longo da História. Princípios Bíblicos de Administração da Igreja 1 – Cristo é a Cabeça da Igreja. A obra que Jesus realizou garante a sua Liderança espiritual sobre a Igreja. A Cristo foi concedida “toda autoridade”, “no Céu 41 e na Terra” (S. Mat. 28:18). Deus colocou “todas as coisas debaixo de seus pés e para ser a cabeça sobre todas as coisas, o deu à Igreja” (Efés. 1:22; cf. Filip. 2:10 e 11). Ele é, portanto “Rei dos reis e senhor dos senhores”. Cristo é também a cabeça da Igreja em virtude de ser ela o seu corpo (Efés. 1:23; Col. 1;18). Os crentes são “membros de seu corpo, ou sua carne e seus ossos” (Efés. 5:30). Ela deve manter íntima ligação com ele, pois é dele que a Igreja é nutrida e bem suprida “por todas as suas juntas e ligamentos” (Col. 2:19). 2 – Cristo é a fonte de toda autoridade. Cristo demostrou sua autoridade (a) pelo estabelecimento da igreja cristã (S. Mat. 16:18), (b) pela instituição das ordenanças que a igreja deve ministrar (S. Mat. 26:26-30; 28:19 e 20; I Cor. 11:23- 29; S. João 13:1-17), (c) pela concessão à igreja de autoridade divina para agir em seu nome (S. Mat. 16:19; 18:15-18; S. João 20:21-23), (d) pelo envio do Espírito Santo para guiar a igreja sob sua autoridade (S. João 15:26; 16:13-15), (e) pela concessão, dentro da igreja, de certos dons especiais de modo que alguns indivíduos pudessem funcionar como apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e professores, de modo a preparar os membros para o serviço, e para edificar o “corpo de Cristo” até que este atinja a unidade da fé e experimente a “plenitude de Cristo” (Efés. 4:7-13). 3 – As Escrituras possuem a autoridade de Cristo. Embora Cristo conduza sua igreja através do Espírito Santo, a Palavra de Deus é o único padrão através do qual toda a igreja já deve operar. Todos os seus membros devem obedecer à palavra, pois ela é lei no mais absoluto sentido. Todas as tradições humanas, costumes e práticas culturais, devem sujeitar-se à autoridade das Escrituras (II Tim. 3:15-17). OS OFICIAIS DA IGREJA DO NOVO TESTAMENTO O Novo Testamento menciona dois grupos de oficiais de igreja – os anciãos e os diáconos. A importância destes oficiais é vislumbrada a partir dos elevados requisitos morais e espirituais que deveriam ser encontrados naqueles que 42 ocupariam estes cargos. A igreja reconhecia a santidade do chamado à liderança mediante a ordenação, ou imposição de mãos (Atos 6:6; 13;2 e 3; I Tim. 4:14; 5:22). OS ANCIÃOS Anciãos do grego (presbuteros), “bispo” (episkospos) eram os líderes mais importantes da igreja. Ancião é um homem “mais velho”, no oriente isso implicava naturalmente dignidade e respeito. Esse termo passou a designar um cargo que na igreja cristã era equivalente àquela exercida por quem supervisiona a sinagoga. O termo bispo significa “supervisor”. Paulo utiliza os dois termos alternadamente, igualando ancião a supervisores ou bispos (Atos 20:17 e 28; Tito 1:5 e 7). Era função do ancião ou bispo supervisionar as novas igrejas, recentemente formadas. Ancião refere-se a um estado ou posição, enquanto, bispo denota o dever ou responsabilidade do ofício – “supervisionar”. Uma vez que os apóstolos também são identificados como anciãos (i S. Ped. 5:1; II João 1; III S. João 1), aparentemente desempenhavam eles tanto a função de anciãos locais e de anciãos itinerante, ou anciãos plenos (gerais). Ambos os tipos de anciãos, porém funcionavam como pastores das congregações. A palavra “anciãos”, no Antigo Testamento, não significa necessariamente uma pessoa, mas envolve alguém que possui maturidade e experiência. Designa pessoas em posição oficial, como chefes de família ou tribos (Gên. 50:7; Êxo. 3:16; II Sam. 5:3). Quando Moisés tentou pôr sobre os ombros toda a carga da liderança, Deus lhe deu mensagem por intermédio de Jetro, seu sogro. Referindo-se à tentativa de Moisés carregar sozinho todo o fardo da liderança de Israel, Jetro disse: “Não é bom o que fazes. Sem dúvida desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo, pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer” (Êxo. 18:17 e 18). Por meio desta experiência no início da história de Israel, Deus estava ensinando a sua igreja uma lição que muitos líderes ainda não aprenderam – a autoridade da liderança deve ser delegada. A responsabilidade da liderança deve ser compartilhada. 43 Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo. Então descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente. (NÚM. 11:16 e 17). A Inspiração nos diz mais sobre as qualificações desses anciãos: “Ao escolher setenta anciãos para com eles repartir as responsabilidades da liderança, Moisés foi cuidadoso em selecionar seus auxiliares; homens que possuíssem dignidade, juízo e experiência. Em suas instruções a esses anciãos ao tempo em que foram ordenados, ele esboçou algumas das qualificações que habilitam um homem a ser dirigente sábio na igreja. “Ouvi a causa entre vossos irmãos”, disse Moisés, e julgai justamente entre o homem e seu irmão, e entre o estrangeiro que está com ele. Não atentareis para pessoa alguma em juízo; ouvireis assim o pequeno como o grande. Não temereis a face de ninguém, porque o juízo é de Deus” (Deut. 1:16 e 17). Anciãos ainda estavam desempenhando deveres similares em Israel no tempo de Cristo (Mat. 15:2; 21:23; 26:3 e 47). Anciãos, pastores e bispos A igreja é o fruto da pregação da palavra de Deus. Cada congregação é composta por pessoas que foram transferidos do reino das trevas para o reino do Filho amado. Para ser capaz de cumprir tudo o que enviou o cabeça da igreja, deve haver uma certa ordem, uma certa maneira de governar. De acordo com o Novo Testamento para a permanência e a eficácia das congregações locais, é necessário que algumas pessoas assumam a responsabilidade de cuidar do rebanho de Deus e instruir. Esta responsabilidade foi dada por nosso Senhor para um certo grupo de homens no Novo Testamento e são conhecidos por vários títulos. O mundo não apenas deturpou a organização da igreja do Senhor, mas também confundiu os diferentes termos utilizados em referência a estes irmãos que Deus colocou como líderes espirituais entre o seu povo. Estes títulos são: presbíteros, pastores, bispos e mestres; embora há vários títulos, que tem a referência para o mesmo cargo e está evidente a partir das seguintes passagens que mostram que anciãos e bispo são usados para designar o pastor alternadamente no Novo Testamento. 44 Enviando, pois, de Mileto a Éfeso, e chamou os anciãos da igreja, quando chegaram a ele e disse a eles: Guardai-vos e todo orebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue (Atos 20:17, 28). Aqui mesmo, os que são chamados de anciãos em versículo 17, também são chamados de bispos no versículo 28 e também exortados a serem pastores do rebanho. Os melhores comentadores, novos e velhos, concorda que estes termos diferentes têm referência a mesma função. Sem dúvida, essas pessoas (anciãos v. 17) são chamadas como mostra no verso 28 (bispos) e, especialmente, quando comparados com outras passagens como (1 Timóteo 3: 1) e também os seguintes versículos: Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. (TITO 1:5-9) Está claro nesta passagem que Paulo usa os termos “ancião e bispo” e que devem ser mestre da palavra; pelo menos, deve ser um defensor fiel da sã doutrina para convencer os adversários. Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: (v. 1) Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; (v. 2) Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. (v. 3). E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória. (I PEDRO 5.1-4). Aqui, novamente, os anciãos são exortados a serem pastores do rebanho de Deus, e tomar o bispado voluntariamente. E, portanto, isso é claro que na opinião de ambos Paulo e Pedro. Os anciãos e bispos tinham a mesma carga e estava se 45 referindo às mesmas pessoas e eles foram admoestados a serem mestres e pastores do rebanho. Requisitos para anciãos Tem sido dito que há certos requisitos que um homem pode ser oficialmente um ancião da igreja; são requisitos estabelecidos nas Sagradas Escrituras pelo qual podemos ver que um bispo deve ser um homem de qualidades superiores. Estes requisitos são dadas a nós em 1 Timóteo 3: 1-7 e Tito 1: 5-9. Observe as qualidades previstas em 1 Timóteo e observe que um homem deve primeiro assear pelo bispado; ou seja, deve ter o desejo de servir em tal capacidade. 1. O Bispo deve ser irrepreensível - Deve ser um homem a quem o adversário, que está sempre pronto para criticar e condenar, você não pode acusar a base; no entanto, o homem que vive uma vida ordenada, ele não pode ser acusado de qualquer erro básico. 2. Marido de uma mulher – O ancião certamente não deve praticar a poligamia. Um bispo deve ter apenas uma esposa. A passagem implica que o celibato desqualifica uma pessoa em tal capacidade. Alguns argumentam que o celibato não desqualifica porque o celibato não é um mal em si. Eles dizem que duas das figuras mais eminentes na igreja primitiva não eram casados, Paulo é um deles. No entanto, em nenhum lugar nas escrituras nos dizem que Paulo era um presbítero na igreja; e, no entanto, sabe-se que o próprio Pedro era um ancião (1 Pedro 5: 1) e Pedro era casado. 3. Sóbrio - Deve conhecer bem os problemas comuns e era capaz de raciocinar e fazer julgamentos sobre eles. 4. Prudente - Um bispo não deve cair no sono como um bêbado. 46 5. Decente - deve ser um homem com boas maneiras, casto e gracioso em todo o seu ser. Um homem rude e sem instrução não deve ser colocado como um ancião do rebanho do Senhor. 6. Caridoso - Deve ser um homem com o espírito do bom samaritano; sempre pronto para ajudar ou servir qualquer um e especialmente coisas espirituais. 7. Apto para ensinar - Deve conhecer o plano da redenção e ser capaz de ensinar isso para os outros. Portanto, é necessário que cada ancião tenha essa qualidade importante; um ancião é oficialmente um mestre na igreja do Senhor e, portanto, deve estar bem preparado para executar esta tarefa nobre. 8. Não dado ao vinho - Que é não um bêbado. 9. Não briguento - Não deve ser um homem contencioso, mas estar em paz em todos os sentidos. 10. Não de torpe ganância - Não deve ser um homem que ganha seu dinheiro de forma ilegal ou desonesta. Este item iria desqualificar muitos que estão no comércio hoje. 11. Amável - O ancião deve ser diferenciado em sua gentileza e paciência para ensinar aqueles que se opõem esperando que eles se arrependam e reconheçam a verdade. 12. Pacífico - Não deve ser dada à ira. Em outras palavras, não deve falar de forma agressiva; mas pacífica, e dentro do espírito do grande apóstolo Paulo que, enquanto disputando a fé que ele fez com o espírito de humildade e táticas para vencer todos os que fossem possíveis para o Senhor. 13. Não avarento - Não deve ser um amante do dinheiro, porque "o amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal”. 47 14. Educar bem seus filhos. O bispo não deve apenas se casar para ter filhos, mas ter filhos fiéis, criados em conformidade com os ensinamentos do Todo-Poderoso; aqui é um dos requisitos que desqualifica muitos pastores, que nem sequer são casados, e muito menos tem filhos fiéis (1 Timóteo 3: 5). 15. Não é um neófito - não deve ser uma pessoa iniciante na fé, "para que não seja vaidoso e caia na condenação do diabo". 16. Boa Fama. "Você também precisa ter bom testemunho de pessoas de fora, ou seja, você deve ter um bom testemunho dos que não são cristãos, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo". Como as casas devem estar em cada congregação? Não deve haver uma pluralidade de anciãos em cada congregação; ou seja, duas ou mais. Você nunca vê o caso de uma congregação que tinha pastor apenas um ancião ou no Novo Testamento. Vendo os problemas que surgem em congregações, pode-se ver a sabedoria do Senhor para estabelecer uma pluralidade de presbíteros em cada congregação. As passagens seguintes provam isso: Atos 11: 29-30; 14:23; 15: 4, 22, 23; 20:17; Filipenses 1: 1; 1 Timóteo 4:14; 5:17; Tito 1: 5; Tiago 5:14; 1 Pedro 5: 1. As atribuições dos anciãos Deve ter cuidado constante da respectiva congregação: "Atendei por vós e por todo o rebanho no qual o Espírito vos constituiu bispos, para pastorear a igreja de Deus" (Atos 20:28). Eles devem ser ativos na obra pessoal ao exercer o cuidado para o estado espiritual de cada um dos irmãos da congregação. Isto é muito essencial e muitas vezes isso é negligenciada. Os anciãos têm a administração dos interesses da congregação. Embora eles vigiem o estado espiritual do rebanho, eles também são responsáveis por cuidar das finanças da igreja. 48 Cada presbítero deve ser "capaz de ensinar" deve ser um mestre. De acordo com as escrituras, ele deve ser treinado para ensinar, corrigir e ensinar a sã doutrina para os outros e ainda mais, deve ser capaz de convencer os que se opõem bem como alimentar bem o rebanho sobre sua responsabilidade. O ancião deve estar pronto para executar a disciplina na congregação (1 Timóteo 5:17; Hebreus 13: 7, 17). O bispo, então, é um líder com alguma autoridade. A forma como os pais em uma família corrigem seus filhos, os anciãos tem o dever de corrigir aqueles que erram, faz parte da sua função reprová-los. São medidas punitivas com objetivo de restauraro irmão, e não de condená-lo ou destruí-lo. Com o apoio da congregação deve afastar "todo irmão que anda desordenadamente" (2 Tessalonicenses 3: 6). Idealmente, todos os homens de uma congregação têm a chance de se preparar para este trabalho sublime e um dia ter os requisitos para servir como um ancião, bispo, ou pastor, é o mesmo, e os mais jovens podem começar mais cedo se preparando; e tudo isso, não pela honra do cargo, mas para melhor servir a Deus por sua glória e honra. A IGREJA SERVA DE DEUS A Igreja é um fenômeno complexo. Muitos criticam em virtude de suas falhas atuais e históricas. Mesmo assim ela continua a exercer uma influência no indivíduo bem como na sociedade. Sabemos que ela é humana, mas foi constituída por um poder Divino que continua atuar na mesma e continuará até o fim da história humana. A Igreja não é uma organização meramente humana, é algo que o próprio Senhor Jesus estabeleceu, é uma coisa que ele considera sua. A palavra grega empregada para designar “igreja”, traz a ideia de que igreja é um grupo de pessoas que atenderam a uma convocação. Seu emprego no Novo Testamento transmite a ideia de uma assembleia de pessoas, uma comunidade ajuntada por Deus através de Cristo, e o povo de Deus. Isso revela que Deus existe e está ativo nos acontecimentos humanos. Se estes fatos forem negados a Igreja perdeu a sua razão de existir. 49 A Igreja segundo a Bíblia é o lugar onde podemos encontrar uma representação do caráter e propósito divino. Deus trabalha no e com seu povo e o dirige segundo seu propósito. Ele quer que aqueles que ele criou o adorem de forma livre e conscientemente. Por isso ele concedeu a liberdade, mesmo a liberdade de optar pelo mal. Isto envolve um tremendo risco, que, na verdade, foi assumido. Infelizmente o risco tornou-se uma realidade, pois o homem pecou. Deus agora tem a tarefa de salvar a humanidade e mostrar que a culpa do pecado não consistiu numa falha dos seus planos e propósitos. Deus não é o culpado do mal existir. A igreja é uma parte fundamental do grande plano de Deus para vindicar seu caráter, e eliminar o pecado sem prejudicar a liberdade que o amor divino requer no Universo. Jesus teve “compaixão das multidões” e lutou por alcançar, com o seu ministério, o maior número possível de pessoas. Mas evidentemente sentiu que poderia fazer muito mais a favor do mundo, tendo ao seu lado alguns homens escolhidos, cheios do seu espírito para continuarem a sua obra, do que ele mesmo levar todo o tempo em pregações públicas. Logo no início do ministério, Jesus convidou alguns a serem seus companheiros e participantes da sua missão. Depois, dentre os que creram nele, fez escolha de doze para serem seus companheiros mais íntimos. Numa ocasião também escolheu setenta aos quais preparou para o ministério da pregação. As relações de Jesus para com seus discípulos, especialmente para com os doze, constituem uma das partes características mais importantes de sua obra. A estes, ministrou, ensinou que não deu aos demais de modo geral, e os preparou, de sorte que, após a sua volta aos céus, esses apóstolos pudessem revelar um conhecimento perfeito do mestre, do seu ensino, da Revelação de Deus, e da salvação que, pelo Filho mandou ao mundo; e também a conduta de vida para a qual Cristo chamou todos os homens. Próximo ao fim do seu ministério, Jesus dedicou-se mais e mais a esta natureza de trabalho com seus discípulos. Após a ressurreição apareceu somente aos discípulos, suas últimas palavras foram uma ordem definida para que levassem o anúncio do Evangelho a “todas as nações” e uma promessa de assisti-los com poder, através de todos os tempos enquanto estivesse realizando a sua missão por todo o mundo. Evidentemente Jesus deixou clara a necessidade de haver uma sociedade constituída dos seus seguidores, a fim de oferecer ao mundo o Evangelho e 50 ministrar, em Seu Espírito, os ensinos que lhes dera. O objetivo era propagar o Reino de Deus. Ele não modelou qualquer organização ou plano de governo para esta sociedade. Não indicou oficiais para exercerem autoridade sobre os membros de tal organização. Credo algum prescreveu para ela. Nenhum código de regras lhe fora imposto. Não prescreveu ordem ou formas de culto. Apenas deu aos seguidores os ritos religiosos mais simples: o batismo com água, para santificar a purificação espiritual e consagração ao seu discipulado; a ceia do Senhor na qual usou um pouco dos elementos mais comuns na alimentação, como uma comemoração ou lembrança dele próprio, especialmente da sua morte para a redenção dos homens. Consequentemente, em nada do que Jesus fez, podemos descobrir a organização da Igreja. Fez mais do que dar organização, deu vida à Igreja. Ele fundou a Igreja, ou melhor, ele mesmo a criou. Jesus formou uma sociedade dos seus seguidores, agrupando-os ao redor de si mesmo. Comunicou a esse grupo, até onde era possível, sua própria vida, seu espírito e propósito. Prometeu dar, através dos séculos vitalidade a esta sociedade, sua Igreja. E sua grande dádiva a ela foi o dom dele próprio. Nele, a Igreja teria de encontrar os seus princípios, os seus objetivos e o seu poder. Deixou a Igreja livre para escolher as formas de organização e de culto, afirmações de crença, método de trabalho, etc. O propósito de Cristo era que a vida da sua Igreja, isto é, a vida do Salvador latentes em seus seguidores, se expressasse pelos modos que lhes parecessem mais apropriados para a consecução do grande objetivo em vista. 51 52 DOUTRINA DA SALVAÇÃO (GRAÇA) 3 CONHECIMENTO Conhecer os aspectos relevantes da doutrina da graça, com destaque ao tema da predestinação e do livre arbítrio. HABILIDADE Ser capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, compreender e interpretar textos bem como seminários em ambiente acadêmicos acerca do tema. ATITUDE Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la na sua práxis. 53 54 O MUNDO E A VIDA NO PECADO O conceito de mundo em Paulo refere-se à concepção da humanidade qualificada pelo pecado (Rm 4.13). Esse mundo em sua unidade e totalidade é domínio dos poderes das trevas (Gál 1.4). Essa subordinação do mundo aos poderes do mal não vem de uma dualidade original. Deus é o criador de todas as potestades (Col. 1.16). A criação foi sujeita a vaidade (RM 8.20). “Pertencer ao mundo significa ser um pecador, participar do pecado e experimentar o julgamento pelo pecado (I Co 11.32). Para Paulo, portanto, o pecado não é, primeiramente, um ato individual ou condição a ser considerada isoladamente, mas sim um modo supraindividual de existência do qual se compartilha por meio do simples fato de fazer parte do contexto da vida humana e do qual só se pode ser redimido ao ser levado para dentro do novo contexto de vida revelada em Cristo (Cl 2.13)”. (RIDDERBOS, 2010, p. 103). A universalidade do Pecado Sendo que, para Paulo o conceito de pecado é equivalente a se estar no mundo, todos que aqui nascem possuem a natureza humana, são pecadores. Tanto os gentios e até mesmo os judeus são pecadores (Rom 3.9; Rm 1.18; Rm 2.1, 21- 24; Rm 3.10-20; 2.24. Rm 5.12). Em Adão todos pecamos. Solidariedade e corporativismo em Adão. A Ira de Deus O pecado é universal e a lei revela seu caráter terrível. É verdade que ele também não permanece sem consequências. E o termo que Paulo usa para mostrar o castigo pelo pecado em toda sua extensão é “A ira de Deus”. Tem menos a ver com uma emoção divina e mais com o julgamento divino sobre o pecado. A ira divina não indica só o que Deus faz, mas o que ele é (Rm 2.8), a ira de
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