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Universidade Estácio de Sá Curso de Farmácia Profª FERNANDA MARQUES PEIXOTO 2020.2 Ensaios de Pureza Introdução • Indústrias farmoquímicas e farmacêuticas: avaliação de substâncias estranhas à formulação e que por qualquer mecanismo possam trazer prejuízos à saúde. • Segundo Krstulovic et al, (1997), "pureza" trata-se de conceito metafísico, pureza absoluta não existe e o grau de pureza de um produto é reflexo da técnica analítica utilizada para sua avaliação. As impurezas podem ser decorrentes: Síntese ou processamento da matéria-prima: características de cada rota sintética proposta por cada fabricante: • Perfil de impurezas completamente distinto para cada fabricante • Demanda de abordagens e metodologias analíticas distinta Degradação durante o prazo de validade Regulamentação Contemplam procedimentos capazes de monitorar a presença destas substâncias • International Conference on Harmonization – ICH, • Q3A(R2): Impurities in New Drug Substances (Revised Guideline), • Q3B(R2): Impurities in New Drug Products (Revised Guideline) • Q3C(R4): Impurities: Guideline for Residual Solvents Obs: Esta orientação trata das impurezas (solventes orgânicos, inorgânicos e residuais) em novas substâncias ativas e define limites quanto às quais as impurezas devem ser identificadas ou qualificadas(Q3A(R2) • Resolução RDC n° 349 de setembro de 2005 que regulamenta os procedimentos para as Boas Práticas de Fabricação de empresas produtoras de Insumos Farmacêuticos Ativos – IFAs • Resolução RDC n° 57 de novembro de 2009 que trata do registro destes IFAs. Impurezas Água Íons metálicos Cloretos Sulfatos Outros ânions Destaque: -água (abundância na natureza) -Arsênio e cádmio(potencial tóxico) Inorgânicas Intrínsicas: processos de decomposição. Ex.: ácido Acetilsalicilico em AS. Extrínsecas: contaminação ambiental e processos de purificação Orgânicas Impurezas Síntese da Ciplofoxacina – CIP Clorofluoranilina Produto Final: detecção de resíduos do próprio material de partida (CFA) e de vários intermediários. diclorofluroacetofenona ciclopropil acrilato piperazina ciclopropilamina Impurezas Síntese do Ácido acetilsalicílico: 1- ácido salicílico 2- anidrido acético 3- ácido acético • Armazenamento prolongado: cheiro de vinagre, decomposição por hidrólise, originando o ácido salicílico e ácido acético(ácido presente no vinagre). • O consumo não é recomendado, podendo causar violenta irritação. Impurezas Oxidação do captopril a dissulfeto de captopril: • A degradação é promovida pela elevada temperatura e umidade, com formação de quantidades crescentes do dímero, dissulfeto de captopril. Esta degradação se intensifica com o pH>4 • Os componentes da formulação e seus produtos de degradação são potencialmente tóxicos para o meio ambiente. Sendo assim, não devem ser descartados na rede de esgoto, em coleções de água ou no solo. Ensaios de pureza e relevância Ensaio Tipo Relevância Teor de umidade Q Dosagem e estabilidade Substâncias voláteis/Não voláteis Q Parâmetro Qualitativo Cinzas Q Parâmetro Qualitativo Cinzas sulfatadas Q Parâmetro Qualitativo Cinzas insolúveis em HCl Q Parâmetro Qualitativo Substâncias solúveis/insolúveis Q Parâmetro Qualitativo Metais pesados S Toxicidade e estabilidade Ferro S estabilidade Cloretos S estabilidade Sulfatos S estabilidade Arsênio S Toxicidade amônia S Toxicidade e estabilidade Q= qualitativo ; S= semiqualitativo Ensaios de pureza Impurezas Inorgânicas • Métodos Quantitativos • São basicamente gravimétricos, com exceção do método Karl Fisher (volumétrico) • Umidade: é a quantidade de água existente em determinada amostra de matéria prima. • Existem 2 formas de água contida nas substâncias: • Água de absorção: é a água absorvida do meio ambiente, livre da molécula do composto, ocupando os seus espaços intermoleculares. É facilmente retirada do meio através de aquecimento ou substâncias dessecantes, para a maioria das substâncias, o máximo de água permitida é de 0,5 à 1,0%; • Água de cristalização: é a água ligada quimicamente à molécula do composto. Dificilmente consegue ser separada da molécula sem haver degradação do composto. Quando presente, acrescenta-se no nome dos compostos as partículas hemihidratada (quando existe meia molécula de água ligada a uma do composto), monohidratada ou dihidratada. Métodos Oficiais: Ensaios gravimétricos, métodos aquamétricos Karl Fischer / Métodos não-oficias: liofilização Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica Dessecação em estufa: Caso a substância possua alto ponto de fusão e não degrade facilmente, pode-se deixar por 2h à 105ºC. Para fitoterápicos, vitaminas, carboidratos, proteínas e outros bioativos a temperatura máxima deve ser de 55ºC (a menos que na literatura esteja especificado diferente). • Pesa-se amostra do composto sólido e coloca-se em dessecação por 1h em estufa pré-aquecida. Se a temperatura for muito baixa, deixar a amostra por 90min. • As cápsulas podem ser deixadas à 60ºC por 25 minutos. • Após, resfriar em dessecador. Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica A equação para cálculo do teor é a seguinte: 𝑼𝒎𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 % = 𝟏𝟎𝟎 𝒙 𝑷𝒆𝒔𝒐 𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒍 − 𝑷𝒆𝒔𝒐 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 𝑷𝒆𝒔𝒐 𝒊𝒏𝒊𝒄𝒊𝒂𝒍 Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica Equipamentos Dessecador Sílica + Cloreto de cobalto: azul Cloreto de cobalto hidratado: rosa Estufa de secagem e esterilização • É um processo de determinação de umidade baseado em reações que ocorrem na presença de água. • Determinação da água total. • O reagente utilizado é composto por iodo, dióxido de enxofre e piridina em metanol. • O reagente não é estável e deve ser padronizado diariamente. • A determinação ocorre por titulação automática : o volume de RKF gasto na titulação da amostra é utilizado nos cálculos do teor de umidade 14 Método de Karl-Fisher Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica Método de Karl-Fisher Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica H2O + I2 + SO2 + 3C5H5N + CH30H 2C5H5N.HI + C5H5NH.SO4CH3 Reagente Karl Fischer: Iodo metalóide 8,47g Dióxido de enxofre 6,40g Piridina anidra 26,9ml Metanol anidro 66,7ml Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica Método de Karl-Fisher A piridina dissolve o dióxido de enxofre. O iodo é reduzido pelo dióxido de enxofre, na presença da água. Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica Liofilização • Processo pelo qual a água e outros solventes são removidos do produto congelado pelo processo de sublimação. • A sublimação ocorre quando a água no estado sólido é convertida diretamente em vapor de água, sem passar pelo estado líquido. Caracteríticas: • Alto custo • Pré-congelamento • Indústria farmacêutica • Capaz de retirar água livre e ligada Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica Fundamentos da Liofilização: • Liofilização só pode ocorrer quando a temperatura e a pressão parcial do vapor da água forem inferiores às do ponto triplo da água (610 Pa à temperatura de 0,01 ºC, para a água pura) Teor de umidade ou perda por dessecação Impureza inorgânica Liofilizadores • Ex.: Liofilizador de bancada Liofilizador industrial Teor de substâncias voláteis e não- voláteis • Visa determinar a quantidade de substância volátil de qualquer natureza eliminada nas condições especificadas na monografia. Geralmente segue-se o método gravimétrico de aquametria. Teor de substânciassoluvéis e insolúveis a. Pesar quantitativamente a amostra e diluir volumetricamente em solvente conforme monografia; b. Filtrar em funil de vidro sinterizado previamente tarado; c. Levar o funil à estufa e secar até peso constante; 100 % Pax PpPa solúveis 100 % Pax Pp insoúveis Pp = Peso precipitado seco ; Pa = peso amostra Teor de cinzas e cinzas sulfatadas DETERMINAÇÃO DE CINZAS • Visa determinar resíduos sólidos inorgânicos metálicos a. Pesar exatamente cerca de 3g da amostra pulverizada b. Incinerar a 450ºC DETERMINAÇÃO DE CINZAS SULFATADAS • Cinzas sulfatadas compreendem o resíduo inorgânico metálico e a presença de ácido sulfúrico confere maior poder oxidante. • Em geral, o ensaio visa a determinar o teor de constituintes ou impurezas inorgânicas contidos em substâncias orgânicas. • Também se destina à determinação de componentes inorgânicos em misturas e da quantidade de impurezas contidas em substâncias inorgânicas termolábeis. Teor de cinzas e cinzas sulfatadas • Pesar exatamente de 1 a 2 g (ou a quantidade especificada na monografia) de substância pulverizada, transferir para cadinho (como exemplo: platina, porcelana, sílica, quartzo) previamente calcinado, esfriado em dessecador e tarado. • Adicionar cerca de 2 mL de ácido sulfúrico. • Aquecer brandamente até carbonização em temperatura não superior a 600oC ± 50 oC. • Incinerar a 800ºC até desaparecer o carvão Teor de cinzas e cinzas sulfatadas • Esfriar e adicionar lentamente cerca de 1 mL de ácido sulfúrico para umedecer o resíduo, carbonizar e incinerar com aquecimento gradativo até 800 oC. • Esfriar, pesar novamente e incinerar por mais 30 minutos. • Repita este procedimento até que a diferença entre duas pesagens sucessivas não seja maior que 0,5 mg. 1 2 3 Ensaios de pureza Impurezas Inorgânicas Metodologias empregadas na determinação de impurezas Inorgânicas: Métodos Semi-quantitativos: baseados em reações químicas que geram alterações na amostra visíveis a olho nu. Visam determinar se a amostra ultrapassa os limites máximos estabelecidos pelas farmacopéias. Impurezas orgânicas • As impurezas orgânicas são particulares de cada insumo farmacêutico, de forma que fica inviável a formulação de métodos gerais de análise. • Cada monografia descreve a metodologia a ser aplicada para cada tipo de impureza. • Em algumas farmacopéias, tais impurezas são denominadas como substâncias aparentadas ou correlatas. Insumo Impurezas orgânicas/ métodos Fonte AAS Ac.salicílico/volumetria IP3 Betametasona Esteróides correlatados/CCD IP3 Cimetidina Substâncias correlatas /CLAE USP 24 Diclofenaco K 1-(2,6-diclorofenil)-1,3-di- hidr-2H-2-indolona FP 7 gelatina Conservantes/fenóis FP 7
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