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UFF ESPAÇO AVANÇADO VIAGENS MUSICAIS Niterói, 16 de setembro de 2020 Primórdios da Música com Finalidades Terapêuticas ±1.500 a.C., médicos egípcios indicavam a música para otimizar a fertilidade feminina. Platão recomendava a música ao corpo, à alma e para a superação de fobias - “quem canta seus males espanta”. Aristóteles defendia benefícios musicais ao equilíbrio emocional. Esculápio prescrevia música p/ pessoas mentalmente perturbadas. Primórdios da Música com Finalidades Terapêuticas # Nos EUA, em 1944, a Musicoterapia foi muito impulsionada graças a um estudo comparativo onde combatentes cuidados com música apresentavam melhor recuperação que os tratados sem ela. # Em 1950, médicos e músicos fundaram a Associação Nacional de Musicoterapia naquele país. E daí, outras entidades surgiram na Europa, América Latina, etc. # Na Itália, em 1985, foi criada a Federação Mundial de Musicoterapia (WFMT). Musicoterapia “é o uso profissional da música e de seus elementos como intervenção em contextos médicos, educacionais e sociais, com indivíduos, grupos, famílias e comunidades, que procuram melhorar o seu bem-estar físico, social, comunicativo, emocional, intelectual, espiritual e a sua qualidade de vida. A pesquisa, a prática, o ensino e a formação clínica estão estruturadas conforme os contextos culturais, sociais e políticos” (WFMT, 2011). Musicoterapia: Brasil e Portugal BRASIL (Graduação e Pós-graduação): Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Piauí e Pará. ⚫UBAM: União Brasileira das Associações de Musicoterapia ⚫Revista Brasileira de Musicoterapia PORTUGAL (Mestrado): Lisboa, na Universidade Lusíada; (Pós- graduação): Coimbra, no Instituto Miguel Torga. ⚫APMT: Associação Portuguesa de Musicoterapia. ⚫Música nos Hospitais - IPSS Música em Idosos: Múltiplos Efeitos Para Fernandes (2006), a musicoterapia enquadra-se como intervenção no rol das psicoterapias usadas no atendimento geriátrico. Souza (2005) ressalta os grandes benefícios da educação musical para os idosos nos aspectos neurológicos, psicológicos e sociais, promovendo uma “velhice bem-sucedida e com qualidade de vida”. Jacob (2007) defende a importância do canto como expressão das emoções e destaca o papel da música, vocal ou instrumental, no desenvolvimento da memória auditiva. Princípios Terapêuticos da Música Segundo Delicati (2008), o tratamento com a Música possibilita: ❑ redução da ansiedade e das complicações cardíacas; ❑ aumento da disposição física e mental; ❑ melhoria da resistência física; ❑ relaxamento em situações estressantes; ❑ promoção do bom humor; ❑ reelaboração de sentimentos; ❑ melhoria da concentração nas atividades intelectuais. Música em Gerontologia: Resgate da Identidade A Musicoterapia estimula no idoso o prazer de cantar, tocar, improvisar, (re)criar musicalmente e (re)descobrir as canções que outrora fizeram parte do seu quotidiano. Há uma abertura dos canais de comunicação, permitindo a expressão das potencialidades individuais e favorecendo a busca de sua identidade» (Souza, 2002). A memória reativada pela música permite ao idoso reviver experiências significativas da sua vida, resgatando sua identidade (Barcia-Salorio, 2009). Música em Quadros Demenciais Há evidências que a resposta à música tem sido preservada, mesmo nos casos de Doença de Alzheimer. Portanto, justifica-se a utilização da Música como uma terapia promotora da estabilização e orientação das pessoas idosas (Silva Neto & Alves, 2010 e 2012). Nas demências, a Musicoterapia «visa dirigir-se às emoções, aos poderes cognitivos, aos pensamentos e memórias, ao self sobrevivente do paciente, a fim de estimular e trazer à tona». Deve haver um enriquecimento e alargamento existencial (Sacks, 2008, p. 338). A Resiliência e Abrangência da Música “Como a música parece resistir ou sobreviver à distorção dos sonhos ou do Parkinson, ou às perdas da amnésia ou do Alzheimer, pode assim resistir também às distorções da psicose e penetrar nos estados mais profundos de melancolia ou loucura, muitas vezes quando mais nada o consegue” (Sacks, 2008, p. 304). Utilização da Música na Prática São inúmeras as abordagens no âmbito da Musicoterapia e a maioria dos Musicoterapeutas recomenda uma escolha personalizada para cada pessoa a ser tratada. Considerando que nem sempre podemos contar com um(a) Musicoterapeuta, a seguir, apresentaremos algumas sugestões que julgamos válidas e eficazes, podendo ser utilizadas individualmente ou em grupos. França: Centro de Pesquisas e Aplicações Psicomusicais Musicoterapia Passiva: paciente apenas ouve a música específica para o seu caso. Musicoterapia Ativa: paciente toca um instrumento em grupo ou isoladamente segundo suas necessidades. Grupos de Músicas sugeridas em Saúde Mental, segundo seus Efeitos: ⚫Relaxante ⚫Tranquilizante Profundo ⚫Tonificante ⚫Exaltação e Estimulante França: Centro de Pesquisas e Aplicações Psicomusicais Músicas Sugeridas com Efeito Relaxante: ⚫Hino ao Sol, de Rimsky-Korsakov; ⚫Sonho de Amor, de Liszt; ⚫Lago do Cisne, de Tchaikovsky; ⚫Fantasia e Fuga em Sol Menor, de Bach; ⚫Serenata de Schubert; ⚫Largo do Xerxes, de Haendel. França: Centro de Pesquisas e Aplicações Psicomusicais Músicas Sugeridas com Efeito Tranquilizante Profundo: ⚫Ave Maria, de Schubert; ⚫Revêrie, de Schumann; ⚫Canção da Índia, de Rimsky-Korsakov; ⚫Suíte em Ré Maior, de Bach. França: Centro de Pesquisas e Aplicações Psicomusicais Músicas Sugeridas com Efeito Tonificante: ⚫Abertura da Aída, de Verdi; ⚫Sinfonia nº 5, de Dvorák; ⚫A Grande Marcha do Tannhauser, de Wagner; ⚫Judeus, da ópera Fausto, de Gounod. França: Centro de Pesquisas e Aplicações Psicomusicais Músicas Sugeridas com Efeito de Exaltação e Estimulante: Serenata, de Toselli; Adagio, de Albinoni; Daphnis er Chloé, de Ravel; As Criaturas de Prometeu, de Beethoven; Parte final do Réquien, Opus 48, de Fauré Efeitos da Música conforme os Instrumentos (Robert Schauffer) 1)Piano: combate a depressão e a melancolia. 2)Violino: combate a sensação de insegurança. 3)Flauta Doce: combate nervosismo e ansiedade. 4)Violoncelo: desperta introspeção e sobriedade. 5)Metais (Sopro): inspiram coragem e impulsividade. Atividades com Sons e Cantos (Lima, Margarida, 2006, p. 57) 1) Fazer Coro de Sons, todos devem inspirar e na expiração cantam-se as vogais na sequência. 2) Cada Idoso apresenta-se a fazer um Som diferente. 3) Levar o Grupo a cantar Cantos Populares, tais como: Oliveira da Serra; Ó Rosa Arredonda a Saia; Ai Agora é que me Maneio. 4) Cada Idoso peça ao Grupo que cante a sua Canção Preferida. 5) Criar Letras para Canções Conhecidas. 6) Dar oportunidade para Quem Souber Tocar algum Instrumento poder fazê-lo. Depoimentos de Idosos Portugueses que Estudam Musica numa Escola de Música (Rio Tinto, 2010) «Cantar faz uma pessoa ficar feliz, mas o prazer é duplicado , quando se canta e dedilha a guitarra. Mantendo activa a parte cognitiva , a auto-estima melhora» (Sr. Aposentado). «Aprender música faz esquecer os problemas e renova-nos a mente» (Sra. Aposentada). «Nunca imaginei depois de 2 ataques cardíacos encontrar a paz, a alegria de viver, como quando comecei a aprender musica. E tudo se torna mais gratificante por ser companheiro de aprendizagem do meu neto» (Sr. Aposentado). Depoimentos de Idosos Brasileiros que participam da Oficina Viagens Musicais (UnATI_UERJ, 2014) “Uso a Música como exercício de percepção e estímulo não só da memória mas também sensorial” (Professora Aposentada). “A Música ecoa suavemente na minha memória. Surge como referência de cada época. São momentos vividos e lembrados, sejam alegres ou tristes” (Enfermeira Aposentada). “Prefiro sintetizar como Roberto Carlos: 'Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi'(Funcionária Pública Aposentada). Livro Gerontologia: Transdisciplinaridade Silva Neto, Arthur Moreira da. Viagens Musicais: Benefícios da Música na Pessoa Idosa. In: Vitor Fragoso & Margarida Sotto Mayor. Gerontologia Transdisciplinar, vol 1. São Paulo: Portal do Envelhecimento, 2017, p. 131-144. Bibliografia: Barcia-Salorio, D. (2009). Musicoterapia en la Enfermedad de Alzheimer. In: Revista Psicogeriatría: 1 (4): 223-238. Bontempo, Márcio (2000). “Musicoterapia”. In: Márcio Bontempo. Medicina Natural . São Paulo: Nova Cultural, pp. 180-197. Delicati, Francesco (2008). La Musicoterapia Umanistica per Persone Anziane e Malati di Demenza Alzheimer. Ponteranica (Itália): F.I.M. Federazione Italiana Musicoterapeuti. Fernandes, Lia (2006). Psicoterapias no Idoso. In Horácio Firmino et al. (Ed), Psicogeriatria, Coimbra: Psiquiatria Clínica, pp. 133-154. Jacob, Luís (2007). Animação de Idosos: Actividades. Porto: Âmbar. Lima, Margarida P. Posso Participar? Actividades de desenvolvimento pessoal para idosos. Porto: Âmbar. Sacks, Oliver (2008). Musicofilia: Histórias sobre a Música e o Cérebro. Trad. Sofia Coelho e Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’ Água Editores, pp. 337-349. Saldanha, Helena (2009). Bem Viver para Bem Envelhecer: Um desafio à Gerontologia e à Geriatria. Lisboa: LIDEL. Silva Neto, Arthur M. & Alves, Jader S. (2012). Terapias Não Farmacológicas na Abordagem de Idosos com Alzheimer. In: Rita Teixeira (Ed.), Alzheimer e suas Implicações. V.N.Gaia: Eu Edito, pp. 159-190. Silva Neto, Arthur Moreira da. Viagens Musicais: Benefícios da Música na Pessoa Idosa. In: Vitor Fragoso & Margarida Sotto Mayor. Gerontologia Transdisciplinar, vol 1. São Paulo: Portal do Envelhecimento, 2017, p. 131-144. Souza,Márcia G.C.(2002). Musicoterapia e a clínica do envelhecimento. In: Tratado de Geriatria e Gerontologia. Editora Guanabara. Rio de Janeiro Souza, Sônia Leal (2005). Educação Musical com Idosos. In: Textos sobre Envelhecimento, vol.8, nº.3. Rio de Janeiro: UNATI – UERJ. Obrigadíssimo! AbraSons! Arthur Moreira da Silva Neto E-mail: amsneto1@gmail.com mailto:amsneto1@gmail.com
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