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Irrigação + NaOCl

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C A P Í T U L O 1 4
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Substâncias químicas auxiliares da instrumentação
Requisitos
Soluções Irrigantes
Biocompatibilidade
Substâncias Químicas Empregadas no Preparo dos Canais Radiculares
Hipoclorito de Sódio
Clorexidina
Ácido Etilenodiamino Tetracético Dissódico (EDTA)
Ácido Cítrico
MTAD
RC-Prep
Glyde
Água de Cal
Água Oxigenada (Peróxido de Hidrogênio)
Glicerina e Outras Soluções
Irrigação-Aspiração
Objetivos da Irrigação-Aspiração
Fatores que Influenciam a Irrigação-aspiração
Material Utilizado
EndoVac
Princípios Fundamentais
“SMEAR LAYER”
Remoção da “Smear Layer”: Sim × Não
O preparo químico-mecânico tem como objetivo promover a limpeza, a ampliação e a
modelagem do canal radicular. A ampliação e a modelagem do canal radicular são obtidas
exclusivamente pelo desgaste de suas paredes dentinárias por meio da ação mecânica dos
instrumentos endodônticos. A ampliação e modelagem obedecem a uma forma cônica cujo
maior diâmetro está voltado para cervical e o menor, para apical. A limpeza é lograda pelo
somatório de diferentes eventos: ação mecânica dos instrumentos endodônticos junto às
paredes internas do canal radicular; ação das substâncias químicas auxiliares sobre os
componentes (tecidos orgânicos, inorgânicos e microrganismos) presentes no interior do
sistema de canais radiculares; e, por fim, irrigação-aspiração que, graças à energia cinética do
jato, à turbulência criada e ao refluxo da corrente líquida (solução irrigadora), arrasta para fora
do canal radicular os resíduos oriundos destes eventos.
As substâncias químicas podem ser empregadas no preparo dos canais radiculares como
auxiliares da instrumentação e como soluções irrigadoras. A escolha da substância química
para uma destas funções depende de suas propriedades físicas e químicas.
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS AUXILIARES DA
INSTRUMENTAÇÃO
As substâncias químicas auxiliares são empregadas no interior do canal radicular com o
objetivo de promover a dissolução de tecidos orgânicos vivos ou necrosados, a eliminação, ou
máxima redução possível, de microrganismos, a lubrificação, a quelação de íons cálcio e a
suspensão de detritos oriundos da instrumentação. Devem apresentar propriedades físicas e
químicas que as qualifiquem para esse objetivo. São usadas durante a instrumentação dos
canais radiculares, desempenhando ações químicas e físicas, concomitantemente com a ação
mecânica dos instrumentos endodônticos. Também são usadas após a instrumentação para
remover das paredes do canal radicular a smear layer. Podem ser empregadas em forma de
solução líquida, de creme ou de gel. Geralmente, são utilizadas em forma de soluções líquidas.
Uma solução é formada pela adição de um ou mais solutos ao solvente. Em uma solução, o
soluto é o disperso e o solvente, o dispersante. O estado físico do solvente é que determina o
estado físico da solução. Em Endodontia se emprega soluções líquidas, nas quais o solvente é
sempre um líquido e o soluto, um sólido, um líquido ou um gás.
Requisitos
Tensão Superficial
Em um líquido, as forças de atração entre as moléculas da superfície são maiores que as do
interior. Isto ocorre porque, no interior do líquido, as moléculas estão cercadas por outras e, na
superfície, há uma região de contato com o meio exterior. A superfície do líquido se comporta
como uma película elástica, que tende a minimizar sua área superficial. A essa película se
atribuem as forças de tensão superficial.
A tensão superficial é uma propriedade característica de cada líquido, variando com a
temperatura e com o tipo de superfície contatada. Por exemplo, a água a 20ºC possui tensão
superficial igual a 72,75 dinas/cm em contato com o ar, e 21 dinas/cm em contato como óleo de
oliva.1 Existem substâncias que, em solução, são capazes de reduzir a tensão superficial de
outras. São os agentes tensoativos, entre os quais se incluem os detergentes e o hipoclorito de
sódio.
Os sólidos exercem força de atração sobre as moléculas dos líquidos. Quando esta força é
maior do que a tensão superficial do líquido, ocorre o molhamento (ou a umectação) dos
sólidos pelo líquido, o que não ocorre quando a força de atração é menor. Esta interação
também explica a capilaridade, que é o poder de o líquido se elevar em tubos capilares ou
entre duas superfícies próximas entre si. A capilaridade, que é inversamente proporcional à
tensão superficial, traduz o comportamento do líquido em anfractuosidades, reentrâncias ou
ramificações comuns na cavidade pulpar.1, 2
Estudos in vitro e in vivo mostram que a tensão superficial das soluções químicas auxiliares
determina a profundidade de penetração do líquido no canal radicular. Portanto, quanto menor
a tensão superficial de uma substância, maior será sua capacidade de umectação e
penetração, aumentando a efetividade da limpeza das paredes do canal radicular.2, 3
Viscosidade
Viscosidade é a resistência ao movimento relativo das moléculas de um fluido em escoamento,
por causa das forças de coesão intermolecular. Ao se tentar deslocar uma camada de líquido
sobre outra, é necessário vencer a força de atração entre as moléculas. Esta força é dada pela
expressão:
onde ∆v/∆l é a relação entre as velocidades das duas camadas e a distância entre elas, S é a
área de contato entre as camadas e η é a viscosidade. O inverso desta propriedade é
chamado fluidez e, quanto maior a viscosidade, mais difícil o escoamento. Assim como a
tensão superficial, a viscosidade diminui com o aumento da temperatura, como é mostrado na
Tabela 14-1.1
TABELA 14-1
Variação da Viscosidade (H) da Água com a Temperatura (em Centipoise)
Devemos considerar que uma solução química muito viscosa escoa com dificuldade nas
cânulas finas e mais longas, permitindo a formação de um jato líquido, com menor alcance e
refluxo. O aumento da viscosidade reduz a capacidade de penetração da solução química em
anfractuosidades e reentrâncias do canal radicular.
A tensão superficial e a viscosidade das soluções químicas influenciam na efetividade de
suas ações físicas e químicas, não apenas quando empregadas como auxiliares da
instrumentação, mas também quando usadas na irrigação-aspiração dos canais radiculares.
Atividade de Solvente de Tecido
A capacidade de dissolução de matéria orgânica é uma propriedade necessária na escolha da
substância química auxiliar da instrumentação, sendo de particular importância no preparo
químico-mecânico do canal radicular, visando à remoção de tecido pulpar vivo ou necrosado.
Por causa da complexidade da morfologia interna dos canais radiculares, que formam
verdadeiro sistema de canais mecanicamente inacessíveis, há necessidade de se explorar a
capacidade de dissolução tecidual da solução química auxiliar da instrumentação. Todo tecido
pulpar, mesmo vivo e não infectado, deve ser eliminado no momento do tratamento
endodôntico, para não servir de substrato potencial a uma proliferação microbiana (Figs. 14-1A
e B).4, 5
FIGURA 14-1 Complexidade da morfologia interna dos canais
radiculares. A, Seção longitudinal e MicroCT. B, Seção reta transversal
de um canal radicular. Forma. Canal com istmo. Canal arqueado (oval).
(cortesia do Dr. José Eduardo Mattos); (Cortesia dos Profs. Marco
Versiani, Jesus D. Pecora e Manoel Sousa-Neto − FORP/USP.)
A capacidade de dissolução de uma solução química auxiliar depende de vários fatores:
relação entre o volume de solução e a massa de tecido orgânico; área de contato com os
tecidos; tempo de ação; temperatura da solução; agitação mecânica; concentração da solução
e frequência da renovação da solução no interior do canal radicular.
Atividade Antimicrobiana
Microrganismos e seus produtos são os principais responsáveis pela iniciação e perpetuação
das patologias pulpoperirradiculares.6 A infecção do canal radicular usualmente é mista, com
predomínio de bactérias anaeróbias estritas, as quais correspondem a mais de 90% dos
isolados.7 Assim, no tratamento endodôntico, a limpeza e a desinfecçãodos sistemas de
canais radiculares são importantes, sendo logradas pela ação mecânica dos instrumentos,
pela ação antimicrobiana das soluções químicas auxiliares da instrumentação e pelo fluxo e
refluxo da solução irrigadora.
Vários estudos demonstraram que o emprego de substâncias químicas dotadas de
atividade antimicrobiana, durante o preparo dos canais radiculares, exerce um efeito
significativo na eliminação de bactérias.8–11 Assim, enquanto uma solução desprovida de
ação antimicrobiana (por exemplo, água destilada, soro fisiológico) exerceria apenas um efeito
de lubrificação e suspensão de detritos oriundos do preparo do canal radicular, a solução que,
reconhecidamente, possui atividade antimicrobiana teria um efeito adicional, representado pela
eliminação ou máxima redução de microrganismos não removidos mecanicamente.
Atividade Quelante
Os quelantes usados em Endodontia são substâncias orgânicas que removem íons cálcio da
dentina, fixando-os quimicamente. O mecanismo de desmineralização da dentina ocorre por
quelação, definido como a incorporação de um íon metálico em uma cadeia fechada
heterocíclica, na qual o metal é ligado por dois ou mais íons, dentro do complexo molecular,
chamado ligante. Certos átomos ligantes fornecem elétrons ao átomo metálico e,
consequentemente, partilham pares de elétrons com o íon metálico. A quelação corresponde à
ação dessas substâncias sobre os íons metálicos e o composto dessa adição é denominado
quelato.12
A atividade do quelante depende de sua solubilidade e capacidade de dissociação iônica,
necessitando de água para que possa se dissociar. Sabemos que, por causa da forte
polarização existente nas moléculas da água, estas agem sobre a substância iônica
promovendo o afastamento de seus íons. Assim, podemos depreender que há maior eficiência
nos agentes quelantes, quando estes se apresentam na forma de solução aquosa do que
quando na forma de cremes.
Durante a instrumentação de canais atresiados, recomenda-se o uso de quelantes para
facilitar o trabalho de alargamento do canal. O efeito descalcificante do agente quelante resulta
em menor resistência dentinária à ação de corte dos instrumentos endodônticos durante a
instrumentação dos canais atresiados.
Todavia, é preciso ressaltar que as dimensões dos canais radiculares são exíguas e o
volume de solução quelante empregado é pequeno. Além do mais, há dificuldade física para
estas soluções preencherem os canais radiculares em sua plenitude. Em decorrência, é lícito
supor que a eficiência das soluções quelantes na quelação de dentina, durante instrumentação
de canais atresiados é questionável, sob o ponto de vista clínico. Possivelmente, os resultados
favoráveis obtidos estão relacionados à ação lubrificante, e não à ação quelante da solução
química.
Segundo Walton e Rivera,13 os agentes quelantes não revelam resultados satisfatórios
quanto à ação de descalcificação, principalmente em canais atresiados. Tal fato se deve à
pequena velocidade da reação química, provavelmente menos eficiente que a ação cortante
dos instrumentos endodônticos. Não existe evidência de que os agentes quelantes
empregados durante a instrumentação de canais atresiados reduzam a dureza da dentina ou
removam, de modo suficiente, as obstruções do canal, para permitir a passagem do
instrumento.
Após a instrumentação dos canais radiculares, recomenda-se o uso de quelantes para a
remoção da smear layer presente nas paredes dentinárias do canal. Todavia, não há, por parte
dos pesquisadores, um consenso quanto à necessidade da remoção da smear layer após o
preparo dos canais radiculares.
Atividade Lubrificante
Os instrumentos endodônticos, assim como as paredes dentinárias, apresentam rugosidades
diferentes quando observados em nível microscópio. Assim, durante a instrumentação do
canal, há contato físico apenas dos picos das rugosidades superficiais do instrumento com as
rugosidades das paredes dentinárias, surgindo forças que se opõem ao deslocamento do
instrumento. A resistência a este deslocamento é denominada atrito. Estando o instrumento
imóvel no interior do canal radicular, à medida que a força motriz aumenta, a força de atrito
estática cresce, para impedir o seu deslocamento. Ocorrendo o movimento, a força de atrito
estática deixa de existir, passando a atuar a de atrito dinâmica ou cinética, oposta ao sentido de
deslocamento do instrumento e de valor inferior ao da força de atrito estática. As forças de atrito
estática ou dinâmica que se opõem ao movimento do instrumento estão relacionadas à força
que o instrumento exerce contra as paredes do canal, através da equação:
onde: Fa é a força de atrito estática ou dinâmica; µ é o coeficiente de atrito dinâmico para o
instrumento em movimento; e Fp é a força de pressão.
A força de atrito não depende da área de contato entre as superfícies, mas depende da
rugosidade e natureza das superfícies de contato (secas ou umedecidas). Para um mesmo par
de superfícies, as forças de atrito dinâmicas são menores que as estáticas e decrescem com o
aumento da velocidade e quando há lubrificação.
As soluções químicas empregadas no preparo químico-mecânico dos canais radiculares,
por meio de seu poder de umectação, conservam as paredes dentinárias hidratadas e atuam
também como lubrificantes, reduzindo a força de atrito e formando uma película que diminui o
contato físico entre as superfícies do instrumento e da dentina. Em consequência, diminuem o
desgaste e preservam a capacidade de corte dos instrumentos, durante o preparo dos canais
radiculares. Em canais atresiados, favorecem a passagem dos instrumentos até alcançar o
comprimento de trabalho.
Suspensão dos Detritos
As substâncias auxiliares têm como função manter os detritos orgânicos e inorgânicos
liberados durante a instrumentação do canal radicular, em suspensão, com o objetivo de
impedir a sua sedimentação, mormente na região apical. Detritos podem ser acumulados e
obstruir o canal, favorecendo desvios e perfurações radiculares ou, em virtude da ação de
êmbolo dos instrumentos, podem ser forçados a se difundir para os tecidos perirradiculares,
onde atuariam como agente irritante. A maioria das substâncias químicas utilizadas em
Endodontia apresenta fluidez satisfatória. Entretanto, a ação mecânica dos instrumentos
endodônticos, durante a instrumentação do canal radicular, leva à suspensão de partículas no
seio da substância química auxiliar, reduzindo sua fluidez. Antes de a substância atingir uma
viscosidade crítica, devemos renová-la, por meio da irrigação-aspiração, o que favorece a
remoção dos detritos mantidos em suspensão no interior do canal radicular. A seguir, repete-se
o preenchimento da cavidade pulpar com a substância química auxiliar da instrumentação.
Esta renovação deve ser realizada não somente a cada troca de instrumento, mas após um
pequeno número de movimentos (5 a 10) imprimidos ao mesmo, durante o preparo do canal
radicular. Nos canais atresiados, principalmente, é um erro grave realizar a renovação da
solução química auxiliar somente após o instrumento ganhar liberdade em seu interior. A
saturação da quantidade de líquido existente no interior do canal, por meio de resíduos
oriundos da instrumentação, em vez de favorecer, dificulta o movimento do instrumento
endodôntico. Além disso, favorece a extrusão do material além do forame, o que pode provocar
reações inflamatórias ou mesmo uma resposta imunológica do organismo.14
É importante salientar que o volume de líquido que um canal pode conter é muito pequeno.
Segundo Campos,15 após a instrumentação dos canais radiculares, o volume médio, para o
maxilar superior, era de 10,3 mm3 e, para a mandíbula, de 11,1 mm3. Assim, esses pequenos
volumes de solução existentes no interior dos canais têm suas propriedades esgotadas
rapidamente. Para minimizar esse problema, devemos:
a) manter a cavidade de acesso preenchida com solução química auxiliar. A movimentação e
retirada do instrumento endodôntico no interior do canal favorecem a penetração e renovação
do líquido;b) realizar renovações frequentes da solução química auxiliar.
A capacidade da cavidade de acesso dos dentes funciona como reservatório. Infelizmente,
este é um fator subestimado durante o preparo químico-mecânico dos canais radiculares,
porque a solução aí presente geralmente é aspirada durante a renovação da solução química
auxiliar. Na Tabela 14-2, apresentamos os valores médios dos volumes ocupados pelas polpas
dentárias nos diferentes grupos de dentes humanos.16
TABELA 14-2
Médias dos Volumes Ocupados pelas Polpas Dentárias (mm3)
Dente Superior (mm3) Inferior (mm3)
Incisivo central 12,4 6,3
Incisivo lateral 11,4 7,1
Canino 14,7 14,2
Primeiro pré-molar 18,2 14,9
Segundo pré-molar 16,2 14,9
Primeiro molar 68,2 52,5
Segundo molar 44,3 32,9
Terceiro molar 22,6 31,1
Outro fator importante que deve ser considerado é que certas substâncias, como o
hipoclorito de sódio, são inativadas ao entrar em contato com a matéria orgânica. Assim, para
que sua ação solvente e antimicrobiana seja efetiva, é necessário renovar sempre a solução
que entra em contato com as paredes do canal. Isto é imperioso para que o hipoclorito de
sódio mantenha seus efeitos antimicrobianos e solventes de matéria orgânica durante o
preparo químico-mecânico.
SOLUÇÕES IRRIGANTES
São soluções químicas usadas na irrigação-aspiração dos canais radiculares. Sendo a
irrigação-aspiração um procedimento de curta duração, é de se esperar que a sua eficiência
dependa mais das propriedades físicas do que das propriedades químicas das soluções
empregadas. As soluções irrigadoras devem possuir pequeno coeficiente de viscosidade e
pequena tensão superficial. Estes requisitos favorecem o aumento do alcance do jato, a
formação da turbulência e o refluxo do líquido em direção coronária, permitindo uma maior
efetividade da limpeza do canal radicular.
BIOCOMPATIBILIDADE
Toda substância desinfetante apresenta toxicidade para as células vivas. Isto ocorre porque
estas substâncias, ao contrário da maioria dos antibióticos, não apresentam seletividade para
microrganismos. Portanto, torna-se uma utopia querer conciliar forte ação antimicrobiana ou
solvente de tecido e compatibilidade biológica.17, 18
Para Harrison,18 os ensaios laboratoriais são excelentes para a determinação do potencial
relativo da toxicidade dos agentes químicos. Todavia, a extrapolação de tais testes para a
situação clínica pode ser enganosa, pois o procedimento de uso clínico não é levado em
consideração. O modo clínico, no qual o agente químico é usado, afeta diretamente seu
potencial de toxicidade.
Os efeitos lesivos causados por uma substância desinfetante sobre os tecidos dependem de
sua própria toxicidade, de sua concentração, do tempo e da área de contato com os tecidos.
Provavelmente, pelo curto período de tempo que permanece em contato com uma área
reduzida dos tecidos perirradiculares, durante os procedimentos de preparo químico-
mecânico, o efeito irritante de uma substância química auxiliar da instrumentação ou de uma
solução irrigadora pode ser minimizado. É isto o que acontece com o hipoclorito de sódio a
5,25%.19 Embora in vitro, ele apresente pronunciada citotoxidade,20 in vivo este efeito não é
observado,21 desde que a solução não seja extravasada pelo forame apical.22 Além disso,
uma vez controlada a infecção endodôntica por um preparo químico-mecânico adequado e por
uma ulterior medicação intracanal, o efeito irritante e transitório causado pela substância
química coadjuvante da instrumentação, ou por uma solução irrigadora, torna-se irrelevante,
não interferindo no reparo dos tecidos perirradiculares. Em outras palavras, na ausência de
infecção e de uma agressão química persistente, o reparo tecidual ocorrerá naturalmente.
O tratamento endodôntico radical não visa à manutenção ou à cura da polpa dentária, e sim
a sua completa remoção. Sabendo-se que a busca de um preparo ideal, quanto à forma e à
limpeza, tem esbarrado em dificuldades, associadas, principalmente, à complexidade
anatômica dos canais radiculares e às propriedades físicas e mecânicas das ligas metálicas
usadas na fabricação dos instrumentos endodônticos, é fundamental que a substância química
auxiliar da instrumentação seja dotada de atividade solvente sobre o tecido vivo ou necrosado e
de atividade antimicrobiana.
A seleção da concentração clínica ideal de uma solução de hipoclorito de sódio não deve
ser determinada pelo tipo e pela intensidade de resposta inflamatória do tecido conjuntivo, mas
sim pela sua capacidade solvente de matéria orgânica e efeito antimicrobiano.23
A postura adotada por diversos profissionais em não empregar substâncias químicas ativas
durante o preparo do canal radicular pode, em longo prazo, ser responsável pelo fracasso do
tratamento endodôntico. É fundamental o respeito aos tecidos perirradiculares, mas os
resultados dos testes de toxicidade das substâncias químicas obtidos em laboratório não
podem ser extrapolados de forma absoluta para a clínica.13
É preciso considerar que os resultados laboratoriais, geralmente, não produzem condições
reais da prática, sendo, portanto, desaconselhável aplicar diretamente seus resultados sem
que haja uma adequada análise dos mesmos em relação ao comportamento clínico das
substâncias químicas auxiliares da instrumentação.
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS EMPREGADAS NO PREPARO DOS
CANAIS RADICULARES
Entre as substâncias químicas existentes na Endodontia, serão analisadas as rotineiramente
empregadas no preparo químico-mecânico dos canais radiculares.
Estudo in vitro têm demonstrado a eficiência relativa de diferentes substâncias químicas
quanto às suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Entretanto, essa efetividade não
tem sido claramente demonstrada em estudos clínicos. Assim, pode-se afirmar que a maioria
das informações é teórica.18
Certamente, isso se deve à complexidade anatômica do canal radicular que dificulta o
contato da substância com os tecidos ou microrganismos; a rapidez da instrumentação que
reduz o tempo de permanência da substância no interior do canal; ao pequeno volume de
substância que um canal pode conter e a renovação deficiente da substância química durante
o preparo do canal radicular.
A substância química auxiliar deve ser aplicada no interior do canal radicular com uma
seringa e agulha hipodérmica. É importante que a substância penetre em toda a extensão do
canal radicular. Isso geralmente ocorre em canais amplos, porém na maioria dos canais é
necessário um preparo coronário para facilitar a penetração da substância auxiliar em direção
apical. Nestes casos, a movimentação do instrumento, durante o cateterismo ou o preparo
endodôntico, favorece a penetração e a renovação da substância química em toda a extensão
de um canal radicular.
Machtou24 relatou que o sucesso da terapia endodôntica repousa sobre a tríade preparo
químico-mecânico, controle da infecção e obturação dos canais radiculares. Salientou que se
devem eliminar todos os resíduos e os microrganimos do interior dos canais radiculares e
relatou que a ação de uma substância química auxiliar depende de dois fatores: área de
contato entre a substância química e os resíduos e o tempo de ação.
Hipoclorito de Sódio
Industrialmente, o hipoclorito de sódio (NaOCl) é obtido por processos eletrolíticos que originam
a chamada indústria eletroquímica do cloro. A eletrólise de uma solução de cloreto de sódio,
dependendo das condições, poderá fornecer: hidróxido de sódio, cloro, hipoclorito de sódio e
ácido clorídrico.
O valor de um hipoclorito ou cloróforo é em função do teor de cloro que libera. Este cloro
liberado é denominado cloro ativo. O teor de cloro ativo é definido pelo grau clorométrico, que
representa o peso de cloro liberado por 100 gramas do cloróforo em natureza ou 100 mililitros
(mL) de solução (grau clorométrico inglês). O teor de cloro ativo é determinado pelo método de
titulometria iodométrica. O teor de hipoclorito de sódio normalmente é obtido multiplicando-se o
resultado final do percentual de cloro ativo por um fator deconversão.25, 26
O fator de conversão é obtido dividindo-se os pesos moleculares do hipoclorito de sódio pelo
do cloro (Na = 23, O = 16, Cl = 35,5). Assim: NaOCl/Cl2 = 74,5/71 = 1,0493, que é o fator de
conversão. Este fator multiplicado pelo resultado final de cloro ativo (t) fornece o teor de
hipoclorito de sódio % diretamente, isto é: % NaOCl = t × 1,0493.
Tomando-se como exemplo: Água Sanitária Clorox
• teor de cloro ativo = 2,309 %
• teor de hipoclorito de sódio = 2,309 × 1,0493 = 2,423 %
Indubitavelmente para o hipoclorito de sódio, a análise mais importante é a determinação
quantitativa dos teores de cloro ativo e de hipoclorito. É evidente que o teor de cloro ativo é
função do teor de hipoclorito, pois este é quem dará origem ao primeiro.
As soluções aquosas de NaOCl, obtidas através de processo eletrolítico, apresentam
concentração variável de 10% a 17%. Normalmente a diluição dessas soluções origina as
diferentes concentrações de soluções cloradas usadas em Endodontia, assim como as
diversas marcas comerciais de águas sanitárias.27
Classificado como um composto halogenado, o NaOCl pode ser encontrado em uma série
de produtos, contendo concentrações e aditivos variáveis:
• Líquido de Dakin: solução de NaOCl a 0,5% (equivalente a 5.000 ppm), neutralizada por ácido
bórico para reduzir o pH (pH próximo de neutro)
• Líquido de Dausfrene: solução de NaOCl a 0,5% (equivalente a 5.000 ppm), neutralizada por
bicarbonato de sódio.
• Solução de Milton: solução de NaOCl a 1% (equivalente a 10.000 ppm), estabilizada por
cloreto de sódio (16%).
• Licor de Labarraque: solução de NaOCl a 2,5% (equivalente a 25.000 ppm).
• Soda clorada: solução de NaOCl de concentração variável entre 4% e 6% (equivalente a
40.000-60.000 ppm).
• Água sanitária: soluções de NaOCl a 2-2,5% (equivalente a 20.000-25.000 ppm).
O hipoclorito de sódio foi utilizado para a limpeza de feridas em 1915 por Dakin,28 sendo
seu emprego em Endodontia proposto por Coolidge,25 em 1919. Walker,29 em 1936, propôs
a utilização da soda clorada na irrigação de canais radiculares. Sua utilização no preparo
químico-mecânico de canais radiculares tornou-se difundida graças a Grossman.30, 31 É, sem
dúvida, a solução química auxiliar da instrumentação de canais radiculares mais usada
mundialmente.
O hipoclorito de sódio apresenta uma série de propriedades, como: atividade antimicrobiana,
solvente de matéria orgânica, desodorizante, clareadora, lubrificante e baixa tensão superficial.
É também detergente, porque promove a saponificação de lipídios.5, 32
O hipoclorito de sódio existe somente em solução aquosa. Neste estado ele origina o
hidróxido de sódio (base forte) e o ácido hipocloroso (ácido fraco). Assim, em solução aquosa,
o hipoclorito de sódio exibe um equilíbrio dinâmico de acordo com a reação:
Cabe ressaltar que, dependendo do pH do meio, o HOCl pode encontrar-se ionizado (meio
alcalino pH > 9) ou não ionizado (meio ácido, pH ≤ 5,5).
Por outro lado, o NaOH é uma base forte estando praticamente 100% dissociada.
Para diversos autores, o ácido hipocloroso não ionizado existente em soluções de
hipoclorito de sódio com valores de pH de 5 a 9 é a substância responsável pela atividade
antimicrobiana da solução. Assim, em pH ácido, a atividade antimicrobiana da solução será
potencializada, apesar de sua estabilidade estar comprometida. A dissolução de tecido pulpar
em um pequeno período de tempo somente se dá por um efeito combinado entre o hidróxido
de sódio e o ácido hipocloroso oriundos da hidrólise do hipoclorito de sódio, cada um reagindo
com determinados componentes da polpa.27, 33, 34
As soluções de hipoclorito de sódio podem apresentar dois tipos de alcalinidades, cáustica e
por carbonato. A alcalinidade cáustica representa a concentração de hidróxido de sódio e a
alcalinidade por carbonato, a concentração de carbonato de sódio presentes nas soluções
cloradas.
O hipoclorito de sódio é um composto instável por ser oxidante, sendo estabilizado em
função da alcalinidade cáustica, por duas vias:
• Direta: o NaOH em excesso neutraliza os ácidos, em especial o ácido carbônico, presente
quase sempre sob a forma de CO2, transformando-o em carbonato de sódio. A presença do
carbonato de sódio (Na2CO3) dará origem a um segundo tipo de alcalinidade, a
alcalinidade por carbonato. O CO2 tem a sua fonte principal, a atmosfera, que vai saturar a
água usada para a obtenção do produto final.
• Indireta: a alcalinidade cáustica, que eleva o valor do pH próximo a 13,5, vai retardar uma
reação de autorredox do hipoclorito, a formação de clorato (3 ClO− → 2Cl− + ClO−3). A
velocidade desta reação é mínima em valores alcalinos, pH ≥ 12, e este valor só é mantido
pela alcalinidade cáustica. A velocidade é mínima, porém não é anulada. Assim, a solução
de hipoclorito conterá sempre pequenas concentrações de clorato.35
A alcalinidade por carbonato, sempre presente nos hidróxidos, indica a desestabilização da
solução de hipoclorito, pois o ácido carbônico libera cloro. Enquanto houver alcalinidade
cáustica, esta liberação não ocorre. Quanto maior o teor de carbonato, mais instável estará a
solução de hipoclorito de sódio.35
Portanto, a alcalinidade cáustica é um protetor da estabilidade da solução de hipoclorito. A
alcalinidade por carbonato, que é uma impureza sempre presente nos hidróxidos, indica o
contrário, isto é, a desestabilização, pois o ácido carbônico tem condições de liberar cloro.
A toxicidade da água sanitária varia em função da quantidade de NaOH presente na
solução. Para uso endodôntico, a água sanitária ideal seria aquela que apresentasse um
percentual de NaOH num valor máximo próximo a 0,4 %.26
Atividade Solvente
A atividade solvente de tecido das soluções cloradas tem sido estudada por diversos autores,
que verificaram os fatores que influenciam a capacidade dessa solução em dissolver tecido
orgânico, como: relação entre o volume da solução e a massa de tecido orgânico; superfície de
contato entre o tecido e a solução de hipoclorito; tempo de ação; temperatura da solução;
agitação mecânica; concentração da solução e frequência da renovação da solução no interior
do canal radicular.4, 21, 36
Assim, quanto maiores forem esses fatores, maior será a capacidade de dissolução do
hipoclorito de sódio sobre os tecidos orgânicos vivos ou necrosados.
A capacidade de dissolução tecidual promovida pelo hipoclorito de sódio faz com que
fragmentos de tecido pulpar sejam liquefeitos, facilitando, assim, sua remoção do interior do
sistema de canais radiculares.
A dissolução do tecido pulpar se verifica pelo efeito combinado entre o hidróxido de sódio e o
ácido hipocloroso, cada um reagindo com determinados componentes da polpa dentária. O
hidróxido de sódio reage com ácidos graxos (óleos e gorduras) presentes na matéria orgânica,
formando sais de ácidos graxos (sabão) e glicerol (álcool) (equação I). Reage também com
aminoácidos das proteínas, formando sal e água (reação de neutralização) (equação II). O
ácido hipocloroso reage com grupamento amina dos aminoácidos das proteínas, formando
cloraminas e água (equação III).34, 37, 38
Para Spanó,34 nas soluções de hipoclorito de sódio menos concentradas, houve maior
interação do ácido hipocloroso com a matéria orgânica (reação III) e que, nas soluções mais
concentradas, houve maior interação do hidróxido de sódio com a matéria orgânica (reação I).
Grossman e Meiman5 relataram que a soda clorada é capaz de dissolver o tecido pulpar
em menos de duas horas.
Abou-Rass e Oglesby39 avaliaram os efeitos da temperatura, concentração e tipo de tecido
(vital, necrosado ou fixado com formocresol), na capacidade solvente do NaOCl. Eles
verificaram que o aumento da concentração e da temperatura potencializa a dissolução de
matéria orgânica. Também observaram que o NaOCl foi mais eficaz na dissolução do tecido
vital, seguido pelo necrosado, enquanto o tecido fixado apresentou maior resistência ao
processo.
Baumgartner e Cuenin40 examinaram as superfícies instrumentadas e não instrumentadas
no terçomédio de canais radiculares, após o uso de NaOCl em várias concentrações.
Relataram que as concentrações de 5,25%, 2,5% e 1% promoveram a remoção total de
remanescentes pulpares e pré-dentina nas superfícies não instrumentadas. A solução a 0,5%
foi menos eficaz.
Cunninghan e Balekjian4 relataram que a dissolução de colágeno pela ação do hipoclorito
de sódio a 2,6%, a 37ºC, era tão efetiva quanto a solução a 5% à temperatura ambiente. A
elevação da temperatura potencializava a ação solvente de tecido.
Koskinen et al.41 verificaram que o hipoclorito de sódio dissolvia a pré-dentina das paredes
do canal radicular e, estudando a dissolução do tecido pulpar bovino, observaram a eficácia da
concentração a 5% e 2,5%. Porém, salientaram que solução de hipoclorito de sódio a 0,5% não
era eficiente.
Atividade Antimicrobiana
Vários estudos demonstram que o hipoclorito de sódio apresenta excelente atividade
antimicrobiana.10, 11, 32, 42, 44, 4 No entanto, o mecanismo exato pelo qual esta substância
destrói microrganismos ainda não foi perfeitamente elucidado. Alguns autores5, 30, 31, 33
afirmaram que o efeito antimicrobiano do hipoclorito de sódio dava-se pela liberação de
oxigênio nascente por parte do ácido hipocloroso, o qual, supostamente, destruiria o
microrganismo, pela formação de radicais oxigenados tóxicos. Esta teoria parece infundada,
uma vez que outros compostos que liberam uma quantidade muito maior de oxigênio
nascente, como a água oxigenada, não destroem microrganismos tão rapidamente quanto os
compostos clorados.45
Destarte, sabe-se que a ação desinfetante de substâncias cloradas deve-se à liberação de
cloro. Apesar de o hidróxido de sódio gerado pela reação do hipoclorito de sódio com a água
também apresentar eficácia antimicrobiana, sabe-se que a formação de compostos contento
cloro ativo, como o ácido hipocloroso e o íon hipoclorito, é a principal responsável pela
excelente atividade antimicrobiana da solução clorada.33 A dissociação do ácido hipocloroso
depende do pH, sendo que, em meio ácido, há o predomínio da forma de ácido não
dissociado, enquanto, em pH alcalino, o íon hipoclorito encontra-se em maior quantidade. O
ácido hipocloroso se encontra 100% não dissociado em pH próximo a 5,5, e 100% dissociado
em pH 10. A ação desinfetante do hipoclorito de sódio é inversamente proporcional ao pH da
solução. Assim, ela se torna pronunciada quando o pH da solução decai, o que está
relacionado com o aumento da concentração de ácido hipocloroso não dissociado. Este dado
sugere que o ácido hipocloroso apresenta maior efeito antimicrobiano do que o íon
hipoclorito.33, 46
Dois efeitos antimicrobianos têm sido atribuídos ao cloro ativo liberado de um hipoclorito ou
clorófolo: inibição enzimática e formação de cloraminas, após reação com componentes do
citoplasma microbiano. Muitas enzimas microbianas contêm o aminoácido cisteína, tendo
assim cadeias laterais terminando em grupamentos sulfidrila (SH). Tais enzimas apenas
exercem suas funções se o grupamento SH estiver livre e reduzido. O cloro é um forte agente
oxidante, que promove a oxidação irreversível de grupamentos sulfidrila das enzimas
microbianas.33 Evidentemente, tal efeito se dá tanto sobre enzimas associadas à membrana
quanto sobre as enzimas presentes no citoplasma. Como enzimas essenciais são inibidas,
importantes reações metabólicas são interrompidas, originando a morte celular. O cloro
também pode reagir com o grupamento amina (NH) de proteínas citoplasmáticas, formando
cloraminas, compostos de reconhecida toxicidade, os quais interferem com o metabolismo
celular.28 Todavia, como o efeito microbicida do cloro se dá rapidamente, mesmo em baixas
concentrações, as reações de oxidação enzimática parecem preceder o acúmulo de
cloraminas no citoplasma microbiano, sendo, por esta razão, o principal mecanismo envolvido
na destruição da célula microbiana.45 O hipoclorito de sódio também causa danos ao DNA.
Alguns fatores podem interferir na atividade antimicrobiana e solvente de tecido do hipoclorito
de sódio, como:
pH da Solução
O pH de uma solução pode ser definido como o logaritmo negativo da concentração de íons
hidrogênio: pH = − log(H+).
Tomando-se a água pura a 25ºC podemos calcular o seu pH:
Valores de pH abaixo de 7 correspondem a concentrações mais elevadas de H+ (soluções
ácidas), e valores elevados de pH (acima de 7) a concentrações baixas de H+ (soluções
básicas).
Ácido é toda substância que, ao ser dissolvida em água, sofre ionização e libera íon H+
(próton). Base é toda substância que, ao ser dissolvida em água, sofre dissociação iônica e
libera íon −OH (recebe um íon H+).
As soluções cloradas terão ação antimicrobiana em meio ácido, quando então liberam ácido
hipocloroso. Este ácido hipocloroso só atua na forma não dissociada e a acidez impede a
ionização do ácido hipocloroso, favorecendo, assim, sua acentuada ação microbicida. O ácido
hipocloroso se encontra 100% não ionizado em pH próximo a 5,5 e 100% ionizado em pH
próximo a 10. Daí, a importância do pH na ação microbiana do cloro, pois o HOCl não ionizado
é o componente ativo. Assim, em um pH acima de 9, a ionização do hipoclorito de sódio, nas
soluções aquosas usuais, pode ser considerada completa em temperaturas normais. Com a
diminuição do pH da solução de hipoclorito de sódio, com valores de pH de 9 a 5, forma-se
progressivamente ácido hipocloroso. Este ácido é classificado como ácido muito fraco e é
facilmente dissociado em meio alcalino.
Nas soluções fortemente ácidas, com pH inferior a 5, o cloro elementar aparece e constitue-
se na forma predominante, segundo a reação:
Todavia, o pH alcalino (acima de 10) mantém a estabilidade das soluções de NaOCl. Por
isso, o pH das soluções cloradas deve chegar às condições de acidez unicamente no
momento do uso, com a liberação de cloro nascente em meio ácido.47 Parks et al.35 relatam
que a própria acidez tecidual é suficiente para atingir estas condições, ou seja, abaixar o pH,
formar ácido hipocloroso e liberar o cloro.
É preciso ressaltar que, embora haja uma correlação entre a concentração de NaOH e
valores elevados de pH, isto não quer dizer que se possa avaliar a concentração do NaOH a
partir do pH. Isto porque o pH é um índice que avalia somente o grau de alcalinidade; outros
parâmetros podem estar envolvidos nos cálculos.
Spanó,34 avaliando as soluções de hipoclorito de sódio após os processos de dissolução
tecidual, observou que quanto maior a concentração inicial da solução, menor a redução de
seu potencial hidrogeniônico. A elevação da temperatura da solução causou maior redução
percentual do potencial hidrogeniônico. Isto se deve à interação do hidróxido de sódio com a
matéria orgânica. O hidróxido de sódio reage com os ácidos graxos (óleos e gorduras),
presentes na matéria orgânica, formando sais de ácidos graxos (sabão) e glicerol (álcool).
Este, por ser um composto molecular, proporcionou a diminuição da concentração de íons
hidroxilas (−OH), provocando a redução do potencial hidrogeniônico. O hidróxido de sódio
reage também com aminoácidos das proteínas da matéria orgânica formando sal e água
(reação de neutralização). Assim, essas reações são responsáveis pela retirada de íons
hidroxila do meio, causando a redução do potencial hidrogeniônico do líquido residual. Esta
diminuição do potencial hidrogeniônico das soluções de hipoclorito de sódio reduz a
velocidade de dissolução do tecido pulpar.
Temperatura
A temperatura da solução de hipoclorito de sódio exerce uma influência significativa em suas
propriedades. De acordo com diversos autores, fatores como aumento de temperatura,
aumento de concentração e longo tempo de reação química proporcionam uma eficácia maior
da solução de hipoclorito de sódio em relação à sua ação solvente e antimicrobiana.4, 33, 39,
48
O aquecimento da solução aumenta sua capacidade solvente de matéria orgânica.39 Uma
elevação de 10ºC na temperatura da solução promove uma redução de, aproximadamente,
50% a 60% no tempo necessário para destruir microrganismos. Porsua vez, se a temperatura
da solução for reduzida em 10ºC, este tempo será elevado em cerca de duas vezes.33
A velocidade de dissolução do tecido pulpar bovino é diretamente proporcional à
concentração e à temperatura de utilização da solução de hipoclorito de sódio, isto é, quanto
maiores a concentração e a temperatura utilizadas, tanto maior a velocidade de dissolução
tecidual. A elevação da temperatura aumenta a frequência das colisões moleculares, e estas
contribuem para o aumento da velocidade de uma reação. O mais importante é que uma
elevação da temperatura aumenta a proporção de moléculas que terão energia suficiente para
reagir. Consequentemente, quanto maior for a temperatura, maior será a proporção de
moléculas que colidem e que reagirão umas com as outras e, como resultado, maior será a
velocidade de dissolução tecidual.49
Matéria Orgânica
A relação entre o volume da solução e a massa de tecido tem influência na efetividade do
hipoclorito de sódio.
Quanto maior for essa relação, maior será a capacidade de dissolução e a atividade
antimicrobiana do hipoclorito de sódio sobre os tecidos orgânicos vivos ou necrosados e sobre
os microrganismos.
Durante o tratamento endodôntico, um pequeno volume de solução de hipoclorito de sódio
entra em contato com uma grande quantidade de matéria orgânica, representada,
principalmente, por tecido pulpar, fluidos teciduais e microrganismos que compõem a infecção
endodôntica. Para compensar esta relação desproporcional (volume da solução/massa de
tecido), durante o preparo químico-mecânico do canal radicular, a solução de hipoclorito de
sódio deve ser constantemente renovada. Outrossim, mormente durante o tratamento de canais
com polpa necrosada e infectada, deve-se optar pelo emprego de água sanitária, a qual é mais
estável, favorecendo a obtenção de uma concentração de hipoclorito de sódio disponível para
realizar uma ação solvente e antimicrobiana adequadas.
Concentração
A concentração de uma solução é a relação de quantidade entre soluto, solvente e solução.
Esta relação pode ser determinada de várias formas, entre elas a concentração comum ou em
gramas/litros (g/L) e a porcentagem em massa ou em peso.
Massa é a quantidade de matéria que compõe o corpo; ela varia de acordo com o tipo e
número dos átomos de que é formado. Peso, por ser uma força (F), é o produto da massa (m)
pela aceleração da gravidade (g).
P = F = m × g
Portanto, o peso de um corpo é proporcional a sua massa. Nesta equação o fator de
proporcionalidade é a aceleração da gravidade, que varia com a posição que estivermos em
relação ao nível do mar. Um mesmo corpo (mesma massa) no nível do mar é mais pesado do
que no alto de uma montanha.
Concentração (C) de uma solução é a relação entre a massa do soluto (m1), em gramas, e
o volume da solução (V), em litros.
Porcentagem em massa ou em peso (p) de uma solução é a massa de soluto dissolvida em
100 unidades de massa de solução.
p = porcentagem; m = massa da solução; m1 = massa do soluto; m2 = massa do solvente.
A atividade antimicrobiana e solvente do hipoclorito de sódio depende da concentração da
solução química, atividade que diminui à medida que a solução é diluída, sendo a capacidade
solvente mais afetada do que a antimicrobiana. Quando do uso de soluções de concentrações
menores, estas deverão ser renovadas no interior do canal radicular com maior frequência.
Soluções mais concentradas apresentam maior atividade antimicrobiana, desde que outros
fatores, como tempo de atuação, pH, temperatura e conteúdo orgânico, sejam mantidos
constantes. Siqueira et al.45 demonstraram que a solução de hipoclorito de sódio a 5,25% foi
mais eficaz do que a solução a 1%, para inibir o crescimento de bacilos produtores de
pigmentos negros. Em outro estudo, Siqueira et al.19 demonstraram que a solução a 4%
apresentou atividade antibacteriana mais pronunciada contra bactérias facultativas e bacilos
produtores de pigmentos negros (anaeróbios estritos), quando comparada às soluções a 2,5%
e a 0,5% (Fig. 14-2).
FIGURA 14-2 Efeito inibitório da solução de hipoclorito de sódio a 4%
sobre Prevotella nigrescens.
Siqueira et al.50 avaliaram in vitro a redução da população bacteriana intracanal produzida
pela instrumentação e irrigação com soluções de NaOCl a 1%, 2,5% ou 5,25%. Como controle,
empregou-se solução salina como irrigante. Todas as soluções promoveram redução
significativa no número de células bacterianas no canal. Não houve diferença significante entre
as três concentrações de NaOCl utilizadas. Todavia, todas as soluções de NaOCl foram
significativamente mais eficazes do que a solução salina, fato que realça a importância do efeito
químico, além do mecânico. Estes resultados, quanto à atividade antibacteriana, indicam que
trocas regulares da solução no canal e irrigações copiosas mantêm as propriedades das
soluções, compensando os efeitos da concentração.
Para vários autores, existe uma relação diretamente proporcional entre a concentração da
solução de hipoclorito de sódio e a velocidade de dissolução, isto é, quanto maior a
concentração da solução mais rápida é a dissolução tecidual.5, 21, 34, 41
Atividade Desodorizante
As infecções por bactérias anaeróbias usualmente resultam em odor fétido, por causa da
produção de ácidos graxos de cadeia curta, compostos sulfurados, amônia e poliaminas. O
cloro pode desodorizar por dois mecanismos:
1. Atividade letal sobre os microrganismos envolvidos na infecção pulpar;
2. Ação oxidativa sobre os produtos bacterianos, neutralizando-os e eliminando o mau odor.
Considerações Clínicas
Uma vez que o NaOCl necessita estar em concentração suficiente para exercer seus efeitos
antimicrobianos e solvente de tecidos, a questão de sua instabilidade química é crítica. Uma
solução de NaOCl apresenta decréscimos significativos de concentração quando armazenada
em condições inadequadas ou quando o frasco, durante o uso, frequentemente é aberto.
Avaliando as concentrações de cloro ativo em amostras de soluções de hipoclorito de sódio
utilizadas em consultórios de endodontistas, concluímos que:
• Nenhuma amostra apresenta a concentração prevista pelo fabricante.
• As soluções de hipoclorito de sódio são instáveis.
• As soluções a 0,5% foram as que mais perderam cloro ativo proporcionalmente (Tabela 14-3).
TABELA 14-3
Concentrações de Cloro Ativo Encontradas em Amostras de Soluções de NaOCl
(Médias)
Indicada no Rótulo Encontrada Capacidade de Atividade
5% 3,24% 64,7%
2% 1,6% 80%
1% 0,78% 78,3%
0,5% 0,06% 11,5%
Em virtude da instabilidade das soluções de hipoclorito de sódio, é aconselhável que elas
sejam adquiridas dentro do prazo de validade e o mais próximo possível da data de fabricação,
além disso, por causa da instabilidade, elas perdem eficiência com a elevação da temperatura,
com a exposição à luz e ao ar e quando armazenadas por longo período de tempo.
Grossman,30 considerando a instabilidade do hipoclorito de sódio, recomenda sua
armazenagem por, no máximo, três meses, devendo ser guardado em vidro de cor âmbar ao
abrigo da luz e do calor.
A Tabela 14-4 resume as principais vantagens e desvantagens do hipoclorito de sódio.
TABELA 14-4
Vantagens e Desvantagens do Hipoclorito de Sódio
Vantagens Desvantagens
Relativamente barato Instável ao armazenamento
Rápida atuação Inativado por matéria orgânica
Desodorizante e lubrificante Corrosivo
Atividade antimicrobiana pronunciada contra bactérias, fungos e vírus Irritante para a pele e mucosa
Relativamente não tóxico nas condições de uso Forte odor
Ação solvente de matéria orgânica Descora tecidos
Concentrações facilmente determinadas Remove carbono da borracha
Clareador 
A concentração ideal em que a solução de hipoclorito de sódio deve se apresentar, sua
toxicidade e sua instabilidade são motivos de grande discussão. Entretanto, diversos autores
consideram a concentração de 2,5% como a de primeira escolha.21, 25, 26, 51, 52
Em muitos países, as soluções de hipoclorito de sódio usadas em Odontologia são
fornecidas a partir de agentes clareadoresdomésticos (água sanitária), sendo que o mais
popular entre estas soluções é o Clorox. Foi Lewis,55 em 1954, o primeiro a sugerir tal solução
como fonte de hipoclorito de sódio para o preparo químico-mecânico de canais radiculares.
Um estudo de Marchesan et al.53 revelou que várias marcas de água sanitária nacionais
jamais apresentaram concentrações de NaOCl abaixo do especificado nos rótulos das
embalagens. Os teores de cloro disponíveis variaram entre 2,53% a 2,95%, e o pH entre 12,53
a 13,44.
Lopes et al.25 analisaram químico-quantitativamente 18 amostras de diferentes marcas de
águas sanitárias, viabilizando-as como fonte de hipoclorito de sódio e concluíram que as
marcas Clorox, Super Globo e Q-Boa são seguras como solução química auxiliar de
instrumentação na Endodontia.
O teor de cloro ativo, teor de hipoclorito de sódio, alcalinidade cáustica, alcalinidade por
carbonato de sódio e pH de soluções-mãe de sete marcas comerciais de águas sanitárias
foram determinadas por Lopes et al.26 e estão expressas na Tabela 14-5.
TABELA 14-5
Média dos Resultados de Teor de Cloro Ativo, Teor de Hipoclorito de Sódio,
Alcalinidade Cáustica, Alcalinidade por Carbonato de Sódio e pH das Soluções
Analisadas
Neste mesmo trabalho, concluíram que:
• Todas as marcas de água sanitária testadas apresentaram teor de cloro ativo dentro dos
percentuais exigidos segundo a Portaria nº 89, de 25 de agosto de 1994, da Secretaria de
Vigilância Sanitária – Ministério da Saúde.54
• As marcas Q-Boa, Super Globo e Clorox apresentaram menor teor de NaOH (alcalinidade
cáustica).
• É viável o uso das marcas Q-Boa, Super Globo e Clorox como solução química auxiliar do
preparo químico-mecânico dos canais radiculares.
Avaliando a atividade antimicrobiana das águas sanitárias Ajax (Colgate-Palmolive, São
Paulo, SP), Brilux (Pará Inds. R. Raymundo da Fonte S.A., Belém, PA), Brilhante (Indústrias
Gessy Lever Ltda., São Paulo, SP), Q-Boa (Indústrias Anhembi S.A., Osasco, SP), Kokinos
(Kokino’s Ind. Com. Ltda., D. Caxias, RJ), Bariloche (Indústrias Químicas Ribeiro Ltda., Rio de
Janeiro, RJ), Super Globo (Água Sanitária Super Globo S. A., Rio de Janeiro, RJ), contra cepas
bacterianas de Prevotella nigrescens, Propionibacterium acnes, Pseudomonas aeruginosa, E.
faecalis, Lactobacillus casei, Escherichia coli e Streptococcus bovis, uma cultura mista
(amostra de saliva total) e uma levedura (Candida albicans), Siqueira et al.10 observaram que
todas as sete marcas apresentaram atividade satisfatória, não tendo sido detectadas diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos (p > 0,05). A concentração de NaOCl das
amostras testadas variou entre 2% e 2,5%.
Várias marcas de água sanitária disponíveis no comércio nacional são fáceis de encontrar, e
mesmo em localidades mais isoladas, apresentam um baixo custo. Por causa do alto consumo
pela população em geral, são frequentemente renovadas no estoque do vendedor, o que
diminui os riscos de decomposição da solução. Portanto, as águas sanitárias podem ser
utilizadas como soluções químicas auxiliares e na irrigação de canais radiculares como uma
alternativa às soluções de NaOCl disponíveis no comércio odontológico. É recomendável que o
profissional renove frequentemente o seu estoque de água sanitária e armazene os frascos,
devidamente fechados, ao abrigo da luz e do calor.
Durante o tratamento de canais radiculares independentemente, das condições da polpa
dentária, indicamos como solução química auxiliar da instrumentação soluções de hipoclorito
de sódio a 2,5% (águas sanitárias – Clorox, Super Globo ou Q-Boa). Nesta concentração, o
hipoclorito de sódio favorece a solubilização dos remanescentes teciduais vivos ou necrosados
do sistema de canais radiculares e atua de maneira eficaz contra a microbiota dos canais
infectados. A atividade antimicrobiana de águas sanitárias também é fundamental contra
deslizes da manutenção da cadeia asséptica passíveis de ocorrerem durante o atendimento
clínico. Nos canais amplos com polpa vital, é aconselhável o uso de solução de menor
concentração. A diluição da água sanitária para uma concentração de 1% de cloro ativo pode
ser realizada facilmente no consultório, adicionando-se duas partes do produto a três partes de
água destilada. As águas sanitárias, em função de suas propriedades físicas satisfatórias e de
seu baixo custo, também são usadas como soluções irrigadoras durante a irrigação-aspiração
dos canais radiculares. O emprego de uma mesma solução química, como substância auxiliar
da instrumentação e como solução irrigadora, simplifica e agiliza o preparo do canal radicular.
Associações de outras soluções com o NaOCl em uso alternado, durante a irrigação, têm
sido propostas com o intuito de maximizar a eliminação bacteriana do canal radicular. Siqueira
et al.55 compararam a eficácia da instrumentação associada a diferentes soluções irrigantes
na redução da população bacteriana intracanal. Canais inoculados com E. faecalis foram
preparados e irrigados com as seguintes soluções: NaOCl a 2,5%; NaOCl a 2,5% e ácido cítrico
a 10%, alternados; NaOCl a 2,5% e gluconato de clorexidina a 2%, alternados; e solução salina.
Amostras foram coletadas dos canais antes e depois do preparo químico-mecânico, diluídas e
cultivadas para contagem das unidades formadoras de colônias. Todos os irrigantes reduziram
a população bacteriana dentro do canal radicular. Não houve diferenças significantes entre os
grupos experimentais. Todavia, todos os grupos foram significativamente mais eficazes do que
o grupo controle, no qual a solução salina foi usada como irrigante. Tais resultados confirmaram
a importância de se empregar substâncias dotadas de atividade antimicrobiana durante o
preparo químico-mecânico. Além disso, o uso combinado de outros irrigantes com o NaOCl
não potencializou a redução bacteriana induzida por esta substância quando usada
isoladamente na irrigação.
Clorexidina
A clorexidina é composta estruturalmente por dois anéis clorofenólicos nas extremidades,
ligados a um grupamento biguanida de cada lado, conectados por uma cadeia central de
hexametileno.56
A bisbiguanida catiônica (carregada positivamente) é uma base forte, sendo praticamente
insolúvel em água, daí a sua preparação na forma de sal, o que aumenta a solubilidade da
substância. O sal digluconato de clorexidina em solução aquosa é o mais utilizado em
Odontologia.56
Em geral, as soluções são incolores e inodoras. As aquosas são mais estáveis em pH de 5
a 8. Acima disto, há precipitação, enquanto, em pH ácido, há deterioração da atividade, por
causa da perda de estabilidade da solução. A atividade antibacteriana da clorexidina é
excelente na faixa de pH entre 5,5 e 7, o que abrange o pH das superfícies corporais e dos
tecidos.57, 58
O digluconato de clorexidina é um agente antibacteriano de amplo espectro, sendo muito
empregado na Periodontia para reduzir a formação de placas e no tratamento de suporte de

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