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POR QUE ESTE CAPÍTULO É IMPORTANTE PARA VOCÊ Em sua vida profissional Contabilidade: para compreender o ciclo de conversão de caixa, a administração de estoque e de contas a receber, e recebimentos e pagamentos. Sistemas de informação: para conhecer o ciclo de conversão de caixa, estoque, contas a receber e recebimentos e pagamentos, de modo a projetar sistemas de informações financeiras que facilitem uma administração financeira eficaz de curto prazo. Administração: para entender a administração do capital de giro, de modo a geren- ciar com eficiência o ativo circulante e decidir entre financiar as necessidades de recursos de uma empresa de maneira agressiva ou conservadora. Marketing: para saber o que é seleção e monitoramento de crédito, uma vez que as vendas serão afetadas pela disponibilidade de crédito aos clientes e pela gestão de estoque. Operações: para compreender o ciclo de conversão de caixa e buscar reduzi -lo por meio de uma administração eficiente da produção, do estoque e dos custos. Em sua vida pessoal Com frequência, você terá de lidar com decisões de compra de curto prazo, que tendem a se concentrar em bens de consumo. Muitas delas envolvem a escolha entre quantidade e preço: é melhor comprar grandes quantidades para pagar um preço unitário menor, guardar os bens e consumi -los ao longo do tempo? Ou adquirir quantidades menores com mais frequência e pagar um preço unitário um pouco mais elevado? A análise desses tipos de decisão de compra de curto prazo o ajudará a extrair o máximo de seu dinheiro. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OA 1 Compreender a administração financeira de curto prazo, o capital de giro líquido e a relação entre rentabilidade e risco. OA 2 Descrever o ciclo de conversão de caixa, suas necessidades de financiamento e as principais estratégias para geri -lo. OA 3 Discutir a administração de estoques: diferentes enfoques, técnicas comuns e considerações internacionais. OA 4 Explicar o processo de seleção de crédito e o procedimento quantitativo de avaliação de mudança dos padrões de concessão de crédito. OA 5 Rever os procedimentos de avaliação quantitativa das alterações em descontos financeiros e outros aspectos dos termos de crédito e do monitoramento de crédito. OA 6 Compreender a administração de recebimentos e pagamentos, incluindo float, aceleração de cobrança, retardamento de pagamentos, concentração de caixa, contas com saldo nulo e aplicação em títulos de liquidez imediata. 14 Capital de giro e administração do ativo circulante Gitman-12_P5-C14.indd 545Gitman-12_P5-C14.indd 545 29/10/2009 16:02:4829/10/2009 16:02:48 OA 1 14.1 | FUNDAMENTOS DO CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO O balanço patrimonial da empresa fornece informações, de um lado, sobre a estrutura de seus investimentos, e, de outro, sobre a estrutura de suas fontes de financiamento. As estruturas escolhidas devem levar consistentemente à maximização do valor do investimento dos proprietários na empresa. Administração financeira de curto prazo Entre os principais componentes da estrutura financeira de uma empresa estão o nível do investi- mento em ativo circulante e o de financiamento com passivo circulante. Nas indústrias norte -americanas, o ativo circulante responde por cerca de 40% do ativo total; o passivo circulante representa aproxima- damente 26% do financiamento total. Portanto, não deve surpreender que a administração financeira de curto prazo — a gestão do ativo e do passivo circulantes — seja uma das atividades mais impor- tantes e que mais consome tempo do administrador financeiro. Um estudo com empresas listadas na Fortune 1000 revelou que mais de um terço do tempo dedicado à administração financeira é gasto com a gestão do ativo circulante e cerca de um quarto com a gestão do passivo circulante.1 O objetivo da administração financeira de curto prazo é gerenciar cada elemento do ativo circu- lante (estoques, contas a receber, caixa e títulos negociáveis) e de seu passivo circulante (contas a pagar a fornecedores, despesas e empréstimos bancários a pagar) para atingir um equilíbrio entre rentabili- dade e risco que contribua positivamente para o valor da empresa. Este capítulo não trata do nível ótimo de ativo circulante e passivo circulante que se deve ter. Essa questão está em aberto na literatu- ra de finanças. Aqui, começaremos abordando o capital de giro líquido para tratar da relação básica 1 Lawrence J. Gitman e Charles E. Maxwell, “Financial activities of major U.S. firms: survey and analysis of Fortune’s 1000”, Financial Management (inverno de 1985), p. 57-65. Administração financeira de curto prazo Gestão do ativo circulante e do passivo circulante. A AT&T está entre as principais empresas de comunicação de voz, vídeo e dados do mundo, atendendo a pessoas físicas e jurídicas e ao governo. Com respaldo na capacidade de pesquisa e desenvolvimento da AT&T Labs, a empresa administra a maior e mais sofisticada rede mundial de comunicação. Um de seus serviços é o de cartões telefônicos pré -pagos. Apesar da espe- cialização na prestação de serviços de telecomunicação, a empresa tinha pouca experiência na administração dos processos da cadeia de suprimentos necessários para levar bens tangíveis e acabados a canais como lojas de conveniência e varejo de massa. A AT&T tomou a decisão estratégica de terceirizar as funções de gestão da cadeia de suprimentos de seu cartão pré -pago. Para isso, contratou a Accenture, uma empresa global de serviços de consultoria empresarial e tecnologia. A Accenture uniu -se à AT&T para desenvolver uma cadeia de suprimentos voltada para o cliente, que integrasse todos os processos empresariais necessários — compras, produção, programação, serviço de contas, armazenagem, atendimento, estoque, cobrança e administração de sistemas. Usando sua experiência em administração da cadeia de suprimentos, a consultoria transformou os processos de tomada de decisões de compras e estoque. Juntas, a AT&T e a Accenture reduziram os custos de produção em 15%, melhoraram a produtividade dos armazéns em 25% e reduziram o estoque de matérias -primas em 25%. Reduzir o estoque de matérias -primas por meio da terceirização ou de conversão para a produção just -in -time pode diminuir a necessidade de capital de giro líquido, a diferença entre o ativo circulante de uma empresa — inclusive estoques — e seu passivo circulante. Como os ativos de longo prazo fornecem retorno mais elevado do que os de curto prazo, a redução destes pode liberar capital para que seja, então, mais bem empregado pela empresa. Satisfeita com a parceria com a Accenture, a AT&T recorreu novamente a ela para desenvolver e levar ao mercado uma oferta nova e exclusiva chamada PrePaid WebCentsSM Service, uma alternativa segura para a compra de conteúdo online com cartões de crédito. Neste capítulo, trataremos das técnicas e estratégias de gestão do capital de giro e do ativo circulante. Primeiro, discutiremos os fundamentos do capital de giro líquido e, em seguida, demonstraremos o ciclo de conversão de caixa. O restante do capítulo tratará da administração de estoques, das contas a receber e dos recebimentos e pagamentos no contexto do ciclo de conversão de caixa. Quais são os possíveis benefícios da terceirização das atividades financeira e contábil? AT&T A terceirização é inevitável 546 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 546Gitman-12_P5-C14.indd 546 29/10/2009 16:02:5029/10/2009 16:02:50 entre ativo circulante e passivo circulante e, depois, usaremos o ciclo de conversão de caixa para tratar dos principais aspectos da administração do ativo circulante. No capítulo seguinte, abordaremos a administração do passivo circulante. Capital de giro líquido O ativo circulante, comumente chamado de capital de giro, representa a porção do investimento que circula, de uma forma para outra, na condução normal dos negócios. Esse conceito abrange a transição recorrentede caixa para estoques, destes para os recebíveis e de volta para o caixa. Na qualidade de equivalentes de caixa, os títulos negociáveis também são considerados parte do capital de giro. O passivo circulante representa o financiamento de curto prazo de uma empresa, uma vez que inclui todas as dívidas vincendas (isto é, a pagar) em um ano ou menos. Essas dívidas normalmente abrangem valores devidos a fornecedores (contas a pagar), funcionários e governo (despesas a pagar), além de bancos (empréstimos bancários), entre outros. Como vimos no Capítulo 8, o capital de giro líquido é normalmente definido como a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante de uma empresa. Quando o ativo circulante supera o passivo circulante, a empresa tem capital de giro líquido positivo. Quando o primeiro é inferior ao segundo, tem -se capital de giro líquido negativo. A conversão dos estoques para recebíveis e destes para caixa fornece os recursos para pagar o passivo circulante. As saídas de caixa do passivo circulante são relativamente previsíveis. Ao incorrer em uma obrigação, a empresa sabe quando será devido o pagamento correspondente. Mais difíceis de prever são as entradas de caixa — a conversão do ativo circulante em formas mais líquidas. Quanto mais previsíveis as entradas de caixa, menor o capital de giro líquido necessário. Como a maioria das empresas é incapaz de conciliar com certeza as entradas e as saídas de caixa, costumam manter um ativo circulante mais do que suficiente para cobrir as saídas associadas ao passivo circulante. De modo geral, quanto maior a margem pela qual o ativo circulante supera o passivo circulante de uma empre- sa, maior sua capacidade de pagar as contas à medida que se tornem devidas. Compensação entre rentabilidade e risco Há uma compensação entre a rentabilidade da empresa e seu risco. Rentabilidade, neste contex- to, é a relação entre as receitas e os custos gerados pelo uso dos ativos de uma empresa — tanto cir- culantes quanto fixos — em atividades produtivas. Pode -se aumentar os lucros (1) aumentando -se as receitas ou (2) reduzindo -se os custos. O risco, no contexto da administração financeira de curto prazo, é a probabilidade de que a empresa não consiga pagar suas contas à medida que vençam. Nesse caso, ela é considerada tecnicamente insolvente. Supõem -se, de modo geral, que, quanto maior o capital de giro líquido, menor o risco. Em outras palavras, quanto mais capital de giro líquido a empresa tiver, menor o risco de tornar -se tecnicamente insolvente. Usando essas definições de rentabilidade e risco podemos demonstrar o intercâmbio entre os dois por meio das variações no ativo circulante e passivo circulante. Variação do ativo circulante Podemos usar o quociente entre ativo circulante e ativo total para demonstrar como a mudança do nível do ativo circulante de uma empresa afeta a relação entre rentabilidade e risco. Esse quocien- te indica a porcentagem circulante do ativo total. Para exemplificar, admitiremos que o nível do ativo total permaneça inalterado.2 Os efeitos sobre a rentabilidade e o risco de aumento ou diminuição desse quociente encontram -se resumidos na parte superior da Tabela 14.1. Quando o quociente aumenta — ou seja, quando aumenta o ativo circulante — a rentabilidade diminui. Por quê? Porque o ativo circulante é menos lucrativo do que o imobilizado. O ativo imobilizado é mais lucrativo porque agre- ga mais valor ao produto. Sem ele, a empresa não poderia gerar o produto. O efeito risco, entretanto, diminui à medida que aumenta o quociente entre ativo circulante e ativo total. O aumento do ativo circulante aumenta o capital de giro líquido, reduzindo, assim, o risco de insolvência técnica. Além disso, à medida que descemos pelo lado do ativo do balanço patrimonial, o risco associado aos ativos aumenta: o investimento em caixa e títulos negociáveis é menos arriscado do que o investimento em contas a receber, estoques e ativo imobilizado. O investimento em contas 2 Para isolar o efeito da mudança do mix de ativo e financiamento sobre a rentabilidade e o risco da empresa, supomos um nível constante de ativo total para os fins desta discussão e da que segue. Capital de giro Ativo circulante, representando a porção do investimento que circula de uma forma para outra, no curso normal das atividades da empresa. Capital de giro líquido O valor pelo qual o ativo circulante supera o passivo circulante de uma empresa; pode ser positivo ou negativo. Dica Em outras palavras, parte do ativo circulante costuma ser mantida para proporcionar liquidez, em caso de necessidade inesperada. Rentabilidade A relação entre receitas e custos decorrentes do uso dos ativos da empresa — tanto circulantes quanto fixos — em atividades produtivas. Risco (de insolvência técnica) A probabilidade de a empresa tornar -se incapaz de saldar suas contas à medida que vencem. Tecnicamente insolvente Diz -se da empresa que é incapaz de pagar suas contas assim que vencem. Dica Costuma ser mais fácil transformar os recebíveis em ativo líquido caixa do que os estoques. Como veremos no Capítulo 15, a empresa pode vender seus recebíveis em troca de caixa. Os estoques são frequentemente vendidos a crédito e, portanto, convertidos em recebíveis antes de se tornarem caixa. Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 547 Gitman-12_P5-C14.indd 547Gitman-12_P5-C14.indd 547 29/10/2009 16:02:5129/10/2009 16:02:51 Vladimir Destacar a receber é menos arriscado do que o investimento em estoques e ativo imobilizado. O investimento em estoques é menos arriscado do que o investimento em ativo imobilizado. Quanto mais próximo um ativo estiver do caixa, menor será o seu risco. Os efeitos opostos sobre lucro e risco resultam da diminuição do quociente entre ativo circulante e ativo total. Variação do passivo circulante Também podemos demonstrar como a variação no nível do passivo circulante de uma empresa afeta a relação entre rentabilidade e risco, usando o quociente entre passivo circulante e ativo total. Esse quociente indica a porcentagem do ativo total financiada com passivo circulante. Mais uma vez, supondo -se que ativo total permaneça constante, os efeitos sobre a rentabilidade e o risco de aumen- to ou diminuição do quociente encontram -se resumidos na parte inferior da Tabela 14.1. Quando o quociente aumenta, a rentabilidade aumenta. Por quê? Porque a empresa usa mais financiamento com passivo circulante e menos financiamento de longo prazo. O passivo circulante é mais barato porque apenas a conta empréstimos bancários, que representa cerca de 20% do passivo circulante de uma indústria típica, tem custo. As demais formas de passivo circulante são, basicamente, dívidas sobre as quais a empresa não paga encargos ou juros. Entretanto, quando o quociente entre passivo circulante e ativo total aumenta, o risco de insolvência técnica também aumenta porque o aumento do passivo circulante reduz o capital de giro líquido. Efeitos opostos sobre lucro e risco resultam de uma redução do quociente entre passivo circulante e ativo total. Q U E S TÕ E S PA R A R E V I S ÃO 14-1 Por que a administração financeira de curto prazo é uma das atividades mais importantes e que mais demanda tempo do administrador financeiro? O que é capital de giro líquido? 14-2 Qual a relação entre a previsibilidade das entradas de caixa da empresa e seu nível requeri- do de capital de giro líquido? Como se relacionam o capital de giro líquido, a liquidez e o risco de insolvência técnica? 14-3 Por que um aumento do quociente entre ativo circulante e ativo total reduz tanto o lucro quanto o risco, medido pelo capital de giro líquido? Como as variações do quociente entre passivo circulante e ativo total afetam a rentabilidade e o risco? OA 2 14.2 | CICLO DE CONVERSÃO DE CAIXA Entender o ciclo de conversão de caixa de uma empresa é essencial para a administração finan-ceira de curto prazo.3 Esse ciclo fornece as bases para a discussão da administração do ativo circulan- te, tanto neste capítulo quanto na discussão da administração do passivo circulante do Capítulo 15. Aqui, começaremos pela demonstração do cálculo e da aplicação do ciclo de conversão de caixa. 3 O modelo conceitual usado nesta seção para demonstrar estratégias básicas de administração financeira de curto prazo foi desen- volvido por Lawrence J. Gitman em “Estimating corporate liquidity requirements: a simplified approach”, The Financial Review (1974), p. 79-88 e refinado e operacionalizado por Lawrence J. Gitman e Kanwal S. Sachdeva em “A framework for estimating and analyzing the required working capital investment”, Review of Business and Economic Research (primavera de 1982), p. 35-44. Quociente Variação do quociente Efeito sobre o lucro Efeito sobre o risco Ativo circulante Ativo total Aumento Diminuição Diminuição Diminuição Aumento Aumento Passivo circulante Ativo total Aumento Aumento Aumento Diminuição Diminuição Diminuição Efeitos da variação do quociente sobre o lucro e o risco T A B E L A 14.1 548 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 548Gitman-12_P5-C14.indd 548 29/10/2009 16:02:5129/10/2009 16:02:51 Cálculo do ciclo de conversão de caixa O ciclo operacional (CO) de uma empresa é o período de tempo que vai do começo do processo de produção até o recebimento de caixa resultante da venda do produto acabado. O ciclo operacional abrange duas principais categorias de ativo de curto prazo: estoque e contas a receber. É medido em tempo decorrido por meio da soma da idade média do estoque (IME) e do prazo médio de recebimen- to (PMR). CO = IME + PMR (14.1) Entretanto, o processo de produção e venda de um produto também inclui a compra a prazo de insumos de produção (matérias -primas), resultando em contas a pagar a fornecedores. Estas reduzem o número de dias de recursos de uma empresa comprometidos com o ciclo operacional. O tempo até a quitação das contas a pagar a fornecedores, medido em dias, é o prazo médio de pagamento (PMP). O ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento é chamado de ciclo de conversão de caixa (CCC) e representa o prazo pelo qual os recursos da empresa ficam aplicados. A fórmula do ciclo de conversão de caixa é CCC = CO – PMP (14.2) Substituindo a relação da Equação 14.1 na Equação 14.2, podemos ver que o ciclo de conversão de caixa tem três componentes principais, como mostra a Equação 14.3: (1) idade média do estoque, (2) prazo médio de recebimento e (3) prazo médio de pagamento. CCC = IME + PMR – PMP (14.3) Evidentemente, se a empresa alterar qualquer um desses períodos, afetará o valor dos recursos comprometidos com a operação rotineira da empresa. EXEMPLO A MAX Company, fabricante de pratos descartáveis, tem vendas anuais de $ 10 milhões, custo das mercadorias vendidas de 75% das vendas e compras que correspondem a 65% do custo das mercadorias vendidas. A idade média dos estoques (IME) é de 60 dias, o prazo médio de recebimento (PMR) de 40 dias e o prazo médio de pagamento (PMP) de 35 dias. Logo, o ciclo de conversão de caixa da MAX é de 65 dias (60 + 40 – 35). A Figura 14.1 apresenta o ciclo de conversão de caixa da MAX Company em uma linha de tempo. Os recursos investidos pela MAX nesse ciclo de conversão de caixa (supondo -se um ano de 365 dias) são Ciclo operacional (CO) Prazo decorrido do início do processo de produção até a entrada de caixa resultante da venda do produto acabado. Dica As empresas podem reduzir seu capital de giro por meio da aceleração do ciclo operacional. Por exemplo, se uma empresa aceitar crédito bancário (como um cartão de crédito), receberá caixa mais rapidamente após a transação do que se tiver que esperar até que o cliente pague a conta. Ciclo de conversão de caixa (CCC) O período durante o qual os recursos da empresa ficam aplicados. É calculado subtraindo -se o prazo médio de pagamento do ciclo operacional. O ciclo operacional da MAX Company é de 100 dias e seu ciclo de conversão de caixa de 65 dias. Linha de tempo do ciclo de conversão de caixa da MAX Company F I G U R A 14.1 Tempo = 0 100 dias Compra de matéria-prima a prazo Idade média do estoque (IME) 60 dias Prazo médio de recebimento (PMR) 40 dias Recebimento de contas a receber Venda de produto acabado a prazo Pagamento a fornecedores Prazo médio de pagamento (PMP) 35 dias Ciclo de conversão de caixa (CCC) 65 dias Entrada de caixa Saída de caixa Ciclo operacional (CO) Tempo Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 549 Gitman-12_P5-C14.indd 549Gitman-12_P5-C14.indd 549 29/10/2009 16:02:5129/10/2009 16:02:51 Estoques = ($ 10.000.000 × 0,75) × (60/365) = $ 1.232.877 + Contas a receber = ( 10.000.000 × 40/365) = 1.095.890 – Contas a pagar a fornecedores = ( 10.000.000 × 0,75 × 0,65) × (35/365) = 467.466 = Recursos aplicados = $ 1.861.301 Quaisquer alterações de prazo alterarão os recursos comprometidos com as operações. Por exemplo, se a MAX pudesse reduzir em cinco dias o prazo médio de recebimento de contas a receber, reduziria a linha de tempo de conversão de caixa e, com isso, o valor dos recursos investidos nas operações. Para a MAX, uma redução de cinco dias no prazo médio de recebi- mento reduziria os recursos investidos no ciclo de conversão de caixa em $ 136.986 [$ 10.000.000 × (5/365)]. Necessidades de financiamento resultantes do ciclo de conversão de caixa Podemos usar o ciclo de conversão de caixa como base para discutir como uma empresa financia o investimento requerido em ativos operacionais. Primeiro, faremos a distinção entre as necessidades de financiamento permanente e financiamento sazonal e, depois, descreveremos as estratégias agres- siva e conservadora de financiamento sazonal. Necessidades de financiamento permanente versus financiamento sazonal Se as vendas de uma empresa forem constantes, o seu investimento em ativos operacionais também deverá ser constante e ela terá apenas necessidade de financiamento permanente. Se as vendas forem cíclicas, o investimento em ativos operacionais variará ao longo do tempo conforme os ciclos de vendas e a empresa terá necessidade de financiamento sazonal, além do financimanto permanente necessário para um investimento mínimo em ativos operacionais. EXEMPLO A Nicholson Company mantém, em média, $ 50.000 em caixa e títulos negociáveis, $ 1.250.000 em estoques e $ 750.000 em contas a receber. O negócio é muito estável ao longo do tempo, de modo que seus ativos operacionais podem ser considerados permanentes. Além disso, as contas a pagar a fornecedores de $ 425.000 são estáveis ao longo do tempo. Logo, a empresa tem um investimento permanente em ativos operacionais de $ 1.625.000 ($ 50.000 + $ 1.250.000 + $ 750.000 – $ 425.000). Esse valor também corresponde à sua necessidade de financiamento permanente. Por outro lado, a Semper Pump Company, fabricante de bombas para pneu de bicicleta, tem necessidades de financiamento sazonal. As vendas são sazonais, atingindo seu pico durante o verão. A Semper mantém, no mínimo, $ 25.000 em caixa e títulos negociáveis, $ 100.000 em estoques e $ 60.000 em contas a receber. Em momentos de pico, os estoques aumentam para $ 750.000 e as contas a receber para $ 400.000. Para obter eficiência de produção, o ritmo de produção é mantido constante durante o ano. Por isso, as contas a pagar a fornecedores perma- necem em $ 50.000 o ano todo. Nesses termos, a Semper tem necessidade de financiamento permanente para sustentar seu nível mínimo de ativos operacionais de $ 135.000 ($ 25.000 + $ 100.000 + $ 60.000 – $ 50.000) e necessidade de financiamento para os picos sazonais (além da permanente) de $ 990.000 [($ 25.000 + $ 750.000 + $ 400.000 – $ 50.000) – $ 135.000]. A necessidade total de financiamento dos ativos operacionais da empresa varia entre um mínimo de $135.000 (permanente) e um pico sazonal de $ 1.125.000 ($ 135.000 + $ 990.000). A Figura 14.2 representa essas necessidades ao longo do tempo. Estratégias agressiva versus conservadora de financiamento sazonal Os fundos de curto prazo costumam ser mais baratos do que os de longo prazo (a inclinação da curva de rendimento costuma ser positiva). Entretanto, os de longo prazo permitem que a empresa ‘congele’ o custo dos fundos por um determinado tempo e, dessa forma, evite o risco de aumento das taxas de juros de curto prazo. Além disso, o financiamento de longo prazo garante disponibilidade de fundos no momento em que a empresa necessita, enquanto o de curto prazo a expõe ao risco de não poder obter os fundos necessários para cobrir seus picos sazonais. Com uma estratégia de financia- mento agressiva, financiam -se as necessidades sazonais com dívida de curto prazo e as permanentes Necessidade de financiamento permanente Um investimento constante em ativos operacionais, resultante de vendas constantes. Necessidade de financiamento sazonal Investimento em ativos operacionais que varia no tempo em razão do comportamento cíclico das vendas. Estratégia de financiamento agressiva Uma estratégia de financiamento segundo a qual a empresa cobre suas necessidades sazonais com dívida de curto prazo, e suas necessidades permanentes com dívida de longo prazo. 550 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 550Gitman-12_P5-C14.indd 550 29/10/2009 16:02:5229/10/2009 16:02:52 com obrigações de longo prazo. Com uma estratégia de financiamento conservadora, financiam -se as necessidades tanto sazonais quanto permanentes com obrigações de longo prazo. EXEMPLO A Semper Pump Company tem necessidade de financiamento permanente de $ 135.000 em ativos operacionais e de financiamento sazonal que varia entre $ 0 e $ 990.000, com média de $ 101.250 (calculada a partir de dados não apresentados). Se a empresa puder tomar fundos de curto prazo a 6,25% e de longo prazo a 8% e puder ganhar 5% sobre o investimento de qualquer saldo excedente, o custo anual de uma estratégia agressiva de financiamento sazonal será Custo do financiamento de curto prazo = 0,0625 × $ 101.250 = $ 6.328,13 + Custo do financiamento de longo prazo = 0,0800 × 135.000 = 10.800,00 – Rendimentos de aplicações financeiras4 = 0,0500 × 0 = 0 Custo total da estratégia agressiva $ 17.128,13 Alternativamente, a Semper pode optar por uma estratégia conservadora, segundo a qual os saldos excedentes de caixa serão integralmente investidos (na Figura 14.2, esses saldos serão a diferença entre a necessidade máxima de $ 1.125.000 e a total, que varia entre $ 135.000 e $ 1.125.000 ao longo do ano). O custo da estratégia conservadora será Custo do financiamento de curto prazo = 0,0625 × $ 0 = $ 0 + Custo do financiamento de longo prazo = 0,0800 × 1.125.000 = 90.000,00 – Rendimentos de aplicações financeiras5 = 0,0500 × 888.750 = 44.437,50 Custo total da estratégia conservadora $ 45.562,50 Esses cálculos demonstram claramente que, para a Semper, a estratégia agressiva é muito mais ‘barata’ do que a conservadora. Entretanto, também fica claro que ela tem consideráveis necessidades de pico de ativos operacionais e deve contar com fundos suficientes para atender a suas necessidades máximas e garantir a continuidade das operações. Evidentemente, a alta dependência da estratégia agressiva de financiamento de curto prazo torna- -a mais arriscada do que a opção conservadora, devido às oscilações das taxas de juros e de possíveis dificuldades de obtenção rápida do financiamento de curto prazo necessário quando ocorrerem os 4 Como, segundo essa estratégia, o valor do financiamento é exatamente igual à necessidade estimada de financiamento, não há saldo excedente a investir. 5 O saldo excedente médio seria calculado subtraindo -se a soma entre a necessidade permanente ($ 135.000) e a sazonal média ($ 101.250) da necessidade sazonal máxima ($ 1.125.000), chegando a $ 888.750 ($ 1.125.000 – $ 135.000 – $ 101.250). Isso representa o excedente de financiamento que poderia, em média, ser investido em instrumentos de curto prazo com retorno anual de 5%. Estratégia de financiamento conservadora Uma estratégia de financiamento segundo a qual a empresa financia suas necessidades sazonais e permanentes com dívida de longo prazo. A necessidade máxima de fundos da Semper Pump Company é de $ 1.125.000, e a necessidade mínima é de $ 135.000. Necessidade total de financiamento da Semper Pump Company F I G U R A 14.2 1.000.000 1.125.000 500.000 1 ano Necessidade total (entre $ 135.000 e $ 1.125.000) Necessidade sazonal ($ 0 a $ 990.000, média = $ 101.250 [cálculo a partir de dados não apresentados]) Necessidade total Necessidade permanente ($ 135.000) 135.000N ec es si d a d es d e fi n a n ci a m en to d o s a ti vo s o p er a ci o n a is ( $ ) 0 Necessidade mínima Necessidade máxima Tempo Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 551 Gitman-12_P5-C14.indd 551Gitman-12_P5-C14.indd 551 29/10/2009 16:02:5229/10/2009 16:02:52 picos sazonais. A estratégia conservadora evita esses riscos com o ‘congelamento’ da taxa de juros e o financiamento de longo prazo, mas é mais dispendiosa por causa do spread negativo entre a taxa de lucro do excedente de fundos (5% no exemplo) e o custo dos fundos de longo prazo que criam o excedente (8% no exemplo). O ponto entre os dois extremos das estratégias agressiva e conservadora de financiamento sazonal em que uma empresa opera depende da propensão de sua administração ao risco e da solidez de seus relacionamentos bancários. Estratégias de gestão do ciclo de conversão de caixa Algumas empresas estabelecem uma meta para o ciclo de conversão de caixa e, então, monitoram e gerenciam o ciclo efetivo para aproximá -lo dessa meta. Um ciclo de conversão de caixa positivo, como vimos no exemplo anterior da MAX Company, significa que a empresa usa passivos negociados (como empréstimos bancários) para sustentar seus ativos operacionais. Os passivos negociados apre- sentam um custo explícito, de modo que a empresa beneficia -se ao minimizar o seu uso para manter ativos operacionais. Em termos simples, o objetivo é minimizar a duração do ciclo de conversão de caixa, o que minimiza os passivos negociados. Esse objetivo pode ser realizado por meio das seguintes estratégias: 1. Girar o estoque o mais rapidamente possível, sem faltas que resultem em vendas perdidas. 2. Cobrar as contas a receber o mais rapidamente possível sem perder vendas por conta de técni- cas de cobrança muito agressivas. 3. Gerir os prazos de postagem, processamento e compensação para reduzi -los ao cobrar dos clientes e prolongá -los ao pagar fornecedores. 4. Quitar as contas a pagar a fornecedores o mais lentamente possível, sem prejudicar o rating de crédito da empresa. O restante deste capítulo e o seguinte tratarão das técnicas usadas para implementar essas quatro estratégias. Q U E S TÕ E S PA R A R E V I S ÃO 14-4 Qual a diferença entre o ciclo operacional de uma empresa e seu ciclo de conversão de caixa? 14-5 Por que é útil dividir as necessidades de financiamento de atividade instáveis em permanen- tes e sazonais ao desenvolver uma estratégia de financiamento? 14-6 Quais são os benefícios, custos e riscos de uma estratégia de financiamento agressiva e de uma estratégia de financiamento conservadora? Segundo qual delas o endividamento fre- quentemente supera a necessidade efetiva? 14-7 Por que é importante para uma empresa minimizar a duração de seu ciclo de conversão de caixa? OA 3 14.3 | ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES O primeiro componente do ciclo de conversão de caixa é a idade média dos estoques. O objetivo da administração de estoques, como já vimos, é girá -los o mais rapidamente possível, sem causar perda de vendasdecorrente de faltas. O administrador financeiro tende a agir como assessor ou ‘vigia’ no que se refere aos estoques; não tem controle direto sobre eles, mas fornece dados ao processo de sua gestão. Diferentes pontos de vista quanto aos níveis de estoque É comum haver, entre os administradores financeiro, de marketing, de produção e de compras de uma empresa, pontos de vista divergentes quanto aos níveis apropriados de estoques. Cada um enca- ra essa questão à luz de seus próprios objetivos. A inclinação geral do administrador financeiro ante o nível de estoque é mantê -lo baixo para garantir que o dinheiro da empresa não seja desnecessariamen- te investido em recursos excessivos. O responsável pelo marketing, por outro lado, prefere contar com 552 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 552Gitman-12_P5-C14.indd 552 29/10/2009 16:02:5229/10/2009 16:02:52 grande estoque de produtos acabados. Isso garantiria atendimento rápido a todos os pedidos, elimi- nando atrasos causados por faltas. A principal responsabilidade do administrador de produção é implementar o plano de produção de tal maneira que resulte na quantidade desejada de produtos acabados, com qualidade aceitável, disponíveis no prazo e a baixo custo. Para cumprir esse papel, ele manteria elevado o estoque de matérias -primas para evitar atrasos na produção. Também favoreceria grandes lotes de produção para reduzir o custo unitário, resultando em elevado estoque de produtos acabados. O administrador de compras preocupa -se exclusivamente com o estoque de matérias -primas. Precisa ter disponíveis, nas quantidades corretas, no momento desejado e a um preço favorável, quais- quer dos itens solicitados pela produção. Na ausência de um controle efetivo, ao tentar obter descon- tos por volume ou antecipando -se a elevações de preços e escassez de determinados itens, o respon- sável por compras pode adquirir quantidades de recursos maiores do que as efetivamente necessárias. Técnicas comuns de administração de estoques Há diversas técnicas de gestão eficaz do estoque de uma empresa. Aqui, trataremos sucintamen- te de quatro das mais comuns. Sistema ABC As empresas que usam o sistema ABC de estoques classificam seu estoque em três grupos: A, B e C. O grupo A inclui os itens que exigem maior investimento monetário; normalmente, compreende 20% dos itens mantidos em estoque, mas requer 80% do investimento. O grupo B inclui os itens que respondem pelo segundo maior investimento desse gênero. O grupo C consiste em grande número de itens que exigem um investimento relativamente pequeno. O grupo de estoque em que se encontra cada item determina seu nível de monitoramento. Aqueles pertencentes ao grupo A costumam ser monitorados com maior intensidade devido ao elevado inves- timento monetário. Normalmente, esses itens são acompanhados por meio de um sistema de estoque permanente que permite verificação diária do nível de cada um deles. Os itens do grupo B são fre- quentemente controlados por meio de verificações periódicas de seus níveis, provavelmente semanais. Os do grupo C são monitorados com técnicas rudimentares, como o método das duas gavetas, segun- do o qual o item é estocado em duas gavetas. Quando há necessidade dele, utiliza -se o estoque da primeira gaveta. Quando ela se esvazia, é feito um pedido para reabastecê -la enquanto o estoque passa a ser retirado da segunda gaveta, que é usada até se esvaziar, e assim por diante. O grande investimento feito nos itens dos grupos A e B sugere a necessidade de um método de administração melhor do que o sistema ABC. O modelo EOQ, discutido a seguir, é apropriado para a gestão dos itens dos grupos A e B. Modelo do lote econômico (EOQ) Uma das técnicas mais comuns para determinar o tamanho ideal do pedido de itens em estoque é o modelo do lote econômico (EOQ, do inglês, economic order quantity). Esse modelo considera diversos custos para determinar qual o volume de pedido que minimiza o custo total do estoque. O EOQ supõe que os custos relevantes de estoque possam ser divididos em custos de pedido e custos de carregamento (o modelo exclui o custo do item propriamente dito). Cada um deles tem determinados componentes e características. Os custos de pedido incluem os custos administrativos fixos de colocação e recebimento de pedidos: o custo de preenchimento de uma ordem de compra, de processamento da documentação resultante, de recebimento de um pedido e de sua conferência com a fatura. Eles são estabelecidos em valores monetários por pedido. Os custos de carregamento são os custos variáveis unitários de manutenção de um item em estoque por um determinado prazo e abrangem os custos de armazenagem, seguro, deterioração e obsolescência, além do custo de opor- tunidade ou financeiro de investir fundos em estoque. Esses custos são estabelecidos em valores monetários por unidade, por período. Os custos de pedido diminuem com o tamanho do pedido, enquanto que os de carregamento aumentam. O modelo EOQ analisa a compensação entre custos de pedido e custos de carregamen- to para determinar o tamanho do pedido que minimiza o custo total do estoque. Desenvolvimento matemático do EOQ. Podemos desenvolver uma fórmula para determinar o EOQ de uma empresa para um dado item de estoque, onde Sistema ABC de estoques Técnica de gestão de estoques que classifica os bens em três grupos, A, B e C, em ordem decrescente de importância e nível de monitoramento, com base no valor monetário do investimento em cada grupo. Método das duas gavetas Técnica pouco sofisticada de monitoramento de estoques que, em geral, se aplica a itens do grupo C e envolve a emissão de novos pedidos quando uma das duas gavetas fica vazia. Modelo do lote econômico (EOQ — economic order quantity) Técnica de administração de estoques que visa determinar o tamanho ótimo do pedido de um bem, minimizando a soma dos custos de pedido com os custos de carregamento. Custos de pedido Os custos administrativos fixos de emissão e recebimento de um pedido para estoque. Custos de carregamento Os custos variáveis por unidade, ao se manter um item em estoque por um determinado período. Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 553 Gitman-12_P5-C14.indd 553Gitman-12_P5-C14.indd 553 29/10/2009 16:02:5329/10/2009 16:02:53 S = consumo em unidades por período O = custo de pedido, por pedido C = custo de carregamento por unidade, por período Q = número de unidades do pedido O primeiro passo é derivar as funções de custo de pedido e custo de carregamento. O primeiro pode ser expresso como o produto do custo por pedido e do número de pedidos. Como o número de pedidos é igual à utilização no período dividida pelo volume pedido (S/Q), o custo de pedido pode ser expresso como: Custo de pedido = O × S/Q (14.4) O custo de carregamento é definido como o custo de carregamento de uma unidade em estoque por período, multiplicado pelo estoque médio da empresa. Este corresponde ao volume pedido divi- dido por 2 (Q/2), uma vez que admitimos que o estoque esgote -se a uma taxa constante. Logo, o custo de carregamento pode ser expresso como: Custo de carregamento = C × Q/2 (14.5) O custo total de estoque de uma empresa é dado pela soma do custo de pedido com o custo de carregamento. Logo, a função do custo total é Custo total = (O × S/Q) + (C × Q/2) (14.6) Como o EOQ é definido como a quantidade pedida que minimiza a função de custo total, deve- mos solucionar essa função para EOQ.6 A equação resultante é EOQ = × ×2 S O C (14.7) Embora o modelo EOQ tenha seus pontos fracos, é certamente melhor do que tomar decisões de modo subjetivo. Apesar de seu uso extrapolar o controle do administrador financeiro, este deve estar ciente de sua utilidade e fornecer determinados dados, especificamente no que se refere aos custos de carregamento dos estoques. EXEMPLO Às vezes, precisamos tomar decisões de finanças pessoaisque envolvem compensações de custos semelhantes à que se dá entre o custo fixo de pedido e o custo variável de carregamento de estoques no âmbito empresarial. Vejamos o caso dos von Damme, que estão avaliando o que seria mais eficaz em matéria de custo, comparando um carro convencional (à gasolina) com um híbrido (à gasolina e bateria). Os von Damme pretendem ficar com o veículo escolhido por três anos e rodar com ele 12.000 quilômetros por ano. Usarão o mesmo valor financiado, com as mesmas condições de pagamen- to e pressupõem os mesmos custos de manutenção. Supõem, ainda, que o valor de revenda dos dois carros após três anos seja idêntico. Ambos usam gasolina comum, que estimam custar, em média $ 3,20 por litro ao longo desse período. Eis os dados dos veículos: Convencional Híbrido Custo total $ 24.500 $ 27.300 Média de km por litro 27 42 Podemos começar calculando o custo total com combustível para cada um dos carros ao longo dos três anos: 6 Nesse modelo simplificado, o EOQ ocorre no ponto em que o custo de pedido (O × S/Q) iguala -se ao custo de carregamento (C × Q/2). Para demonstrar, fixamos os dois custos no mesmo nível e solucionamos para Q: OS/Q = CQ/2 Multiplicando em cruz, temos: 2OS = CQ2 Dividindo os dois lados por C, temos: Q² = 2OS/C, portanto Q = 2SO C/ Custo total de estoque Soma dos custos de pedido com os custos de carregamento de estoque. Dica O cálculo do EOQ ajuda a administração a minimizar o custo total do estoque. Reduzir o custo de pedido leva a um aumento do custo de carregamento e pode elevar o custo total. Da mesma forma, uma redução do custo de carregamento pode resultar em uma diminuição do custo total. A meta, que o EOQ pode ajudar a atingir, é reduzir o custo total. EXEMPLO DE FINANÇAS PESSOAIS 554 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 554Gitman-12_P5-C14.indd 554 29/10/2009 16:02:5329/10/2009 16:02:53 Convencional: [(3 anos × 12.000 quilômetros por ano)/27 quilômetros por litro] × $ 3,20 por litro = 1.333,33 litros × $ 3,20 por litro = $ 4.267 Híbrido: [(3 anos × 12.000 quilômetros por ano)/42 quilômetros por litro] × $ 3,20 por litro = 857,14 litros × $ 3,20 por litro = $ 2.743 Para comprar o carro híbrido, os von Damme terão que pagar $ 2.800 a mais ($ 27.300 – $ 24.500) do que pelo modelo convencional, mas economizarão cerca de $ 1.524 ($ 4.267 – $ 2.743) em combustível durante os três anos em que ficarão com o veículo. Desconsiderando as diferenças de tempo, em termos estritamente econômicos eles deveriam comprar o carro convencional porque o custo marginal de $ 2.800 do híbrido resulta em uma economia marginal de combustível de apenas $ 1.524. Evidentemente, há outros fatores que poderiam afetar sua decisão, como preocupações ambien- tais e a razoabilidade das premissas. Ponto de emissão de novo pedido. Uma vez que a empresa tenha determinado o seu lote econô- mico, precisa determinar quando emitir um pedido. O ponto de emissão de novo pedido reflete o número de dias necessários para emitir e receber um pedido e a utilização diária do item em estoque. Supondo -se que o estoque seja usado a um ritmo constante, a fórmula do ponto de emissão de novo pedido é Ponto de emissão de novo pedido = Dias de prazo × Utilização diária (14.8) Por exemplo, se uma empresa sabe que precisa de três dias para emitir e receber um pedido e usa 15 unidades por dia do item em estoque, o ponto de emissão de novo pedido será de 45 unidades em estoque (3 dias × 15 unidades/dia). Portanto, assim que o nível de estoque do item atingir o ponto de emissão de novo pedido (45 unidades, nesse caso) será emitido um pedido do lote econômico do item. Se as estimativas de prazo de utilização estiverem corretas, o pedido chegará no exato momento em que o nível do estoque atinja zero. Entretanto, os prazos e as taxas de utilização não são precisos, de modo que a maioria das empresas mantém um estoque de segurança (estoque extra) como prevenção contra a falta de itens importantes. EXEMPLO A MAX Company tem um item de estoque do grupo A que é vital para o seu processo de produção. O item custa $ 1.500 e seu consumo é de 1.100 unidades por ano. A MAX deseja determinar a estratégia ideal de pedido do item. Para calcular o EOQ, precisamos dos seguintes dados: Custo de pedido, por pedido = $ 150 Custo de carregamento, por unidade por ano = $ 200 Substituindo na Equação 14.7, temos EOQ = 2 1 100× ×. $ 150 $ 200 ≈ 41 unidades O ponto de emissão de novo pedido da MAX depende do número de dias em que a empre- sa opera por ano. Supondo -se que opere 250 dias por ano e use 1.100 unidades do item, sua utilização diária será de 4,4 unidades (1.100 ÷ 250). Se o prazo de recebimento for de dois dias e a MAX desejar manter um estoque de segurança de 4 unidades, o ponto de emissão de novo pedido para o item em questão será de 12,8 unidades [(2 × 4,4) + 4]. Entretanto, como os pedi- dos são feitos apenas em unidades inteiras, o pedido será emitido quando o estoque atingir 13 unidades. A meta das empresas para os estoques é fazer com que girem o mais rapidamente possível, sem ocasionar faltas. A melhor maneira de calcular o giro dos estoques é dividir o custo das mercadorias vendidas pelo estoque médio. O modelo EOQ determina o tamanho ideal de pedido e, indiretamente, o estoque médio, ao supor utilização constante. Assim, esse modelo determina a taxa ideal de giro do estoque de uma empresa, dados os custos específicos. Ponto de emissão de novo pedido Ponto no qual se deve fazer um novo pedido de bens para estoque, dado pelo número de dias do prazo de entrega multiplicado pelo consumo diário. Estoque de segurança Estoque adicional mantido pela empresa para evitar a falta de itens importantes. Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 555 Gitman-12_P5-C14.indd 555Gitman-12_P5-C14.indd 555 29/10/2009 16:02:5329/10/2009 16:02:53 Sistema just -in -time (JIT) O sistema just -in -time (JIT) é usado para minimizar o investimento em estoques. A ideia é que os materiais cheguem exatamente no momento em que são necessários para a produção. Idealmente, a empresa deveria ter apenas estoque de produtos em elaboração. Como o objetivo consiste em mini- mizar o investimento em estoque, esse sistema não usa estoques de segurança (ou, se usa, são muito pequenos). Deve haver uma ampla coordenação entre a equipe da empresa, seus fornecedores e as transportadoras, para garantir que os insumos cheguem a tempo, já que um atraso resultará na inter- rupção da produção, até que o pedido seja entregue. Pelo mesmo motivo, os sistemas JIT exigem que os fornecedores entreguem peças de alta qualidade. Quando surgem problemas de qualidade, a pro- dução precisa ser interrompida até que a questão seja solucionada. O objetivo do sistema JIT é a eficiência na produção. O estoque serve como uma ferramenta para atingir a eficiência por meio da ênfase que se dá à qualidade das matérias -primas e ao prazo de entre- ga. Quando o JIT funciona, faz com que as ineficiências produtivas venham à tona. Conhecer o nível do estoque é, evidentemente, uma parte importante de qualquer sistema desti- nado a administrá -lo. Como mostra o quadro Foco na prática deste capítulo, a tecnologia de identifi- cação por radiofrequência pode ser a ‘próxima novidade’ em gestão de estoque e cadeias de suprimentos. Sistemas computadorizados de controle de recursos Atualmente há diversos sistemas de controle de estoque e outros recursos. Um dos mais básicos é o sistema de planejamento de necessidades de materiais (MRP), usado para determinar quais mate- riais pedir e quando emitir o pedido. O MRP aplica os conceitos de EOQ para determinar a quantida- Sistema just -in -time (JIT) Técnica de gestão de estoques que minimiza o investimento em estocagem, ao fazer com que as matérias -primas cheguem exatamente no momento em que são necessárias para a produção. Sistema de planejamentode necessidades de materiais (MRP, do inglês, materials requirement planning) Técnica de gestão de estoques que aplica os conceitos do lote econômico de compra (EOQ) para determinar quais materiais comprar e quando comprar ; simula cada pedido, a situação dos estoques e o processo de fabricação. A Wal -Mart Stores, Inc., maior rede de varejo do mundo, tem mais de 6.700 pontos de venda, incluindo lojas de descontos, Supercenters, Sam’s Clubs, Neighborhood Markets e quase 2.800 unidades internacionais. Com faturamento de $ 345 bilhões no exercício fiscal de 2007, a Wal -Mart é capaz de exercer enorme pressão sobre seus fornecedores. Assim, quando anunciou, em abril de 2004, que estava lançando um programa piloto para testar a tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID, do inglês, radio frequency iden- tification) e dessa forma aprimorar a administração de estoque e cadeia de suprimentos, tanto fornecedores quan- to concorrentes ficaram atentos. Como uma das primeiras empresas a introduzir o código de barras, no começo da década de 1980, a Wal -Mart pre- tendia exigir que seus 100 maiores fornecedores incluíssem etiquetas de RFID em engradados e pallets até janeiro de 2005, devendo os 200 seguintes adotar a tecnologia até janeiro de 2006. Em fevereiro 2007, segundo representantes da empresa, 600 de seus fornecedores estavam habilitados para usar a RFID. A meta é fazer com que todos os seus mais de 86.000 fornecedores usem a codificação eletrônica de produto (EPC, do inlgês, electronic product codes) com tec- nologia RFID. O principal problema das etiquetas RFID é o custo por chip. Em 2004, quando a Wal -Mart anunciou sua intenção de usá -las, elas custavam entre 30 e 50 centavos de dólar cada. A empresa solicitou um preço de 5 centavos por eti- queta, esperando que a demanda e as economias de escala pressionassem o custo para baixo, tornando -a mais compe- titiva em relação às de código de barras. A maior demanda reduziu o preço das atuais etiquetas de RFID para 15 cen- tavos cada, mas as de códigos de barras custam frações de centavo. O código de barras ajuda a acompanhar o estoque e pode ‘casar’ um produto com seu preço, mas carece da capacidade que têm as etiquetas eletrônicas de armazenar informações mais detalhadas, como o número de série de um produto, a localização da fábrica que o produziu e suas datas de fabricação e venda. Quando usados em controle de estoques, chips de RFID passivo equipados com pequenas antenas são afixados a caixas e pallets. Uma leitora ativa o chip, e o código indi- vidual de identificação de produto é transmitido para um sistema de controle de estoque. A Wal -Mart espera que a tecnologia de RFID melhore sua administração de estoques. Uma de suas medidas de eficiência é um crescimento dos estoques inferior à metade da taxa de crescimento das vendas. Em 2003, os estoques da Wal -Mart cresceram 9,1% contra um aumento de 11,6% das vendas; no ano fiscal de 2007, os estoques aumentaram 5,6% comparado ao nível de 2006, contra um aumento de 11,7% das vendas no ano. Que problemas podem surgir com a plena utilização da tecnologia RFID no varejo? Mais especificamente, considere o valor dos dados que poderiam ser coletados. N a p rá t ic a FOCO NA PRÁTICA RFID: a onda do futuro 556 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 556Gitman-12_P5-C14.indd 556 29/10/2009 16:02:5429/10/2009 16:02:54 de pedida e, por computador, simula a lista de materiais, a situação dos estoques e o processo produ- tivo de cada item. A lista de materiais nada mais é que uma relação de todas as peças e matérias -primas utilizadas para fabricar o produto acabado. Para um dado plano de produção, um sistema computa- cional simula os recursos necessários, comparando as necessidades de produção com o estoque dis- ponível. Com base no tempo necessário para que um produto em processamento passe pelos diversos estágios de produção e no prazo necessário para receber materiais, o MRP determina quando emitir pedidos dos diversos itens da lista de materiais. O objetivo do sistema é reduzir o investimento em estoques sem prejudicar a produção. Se o custo de oportunidade do capital de uma empresa para investimentos de igual risco for de 15%, cada unidade monetária de investimento liberado dos estoques aumentará o lucro antes do imposto de renda em $ 0,15. Uma extensão bastante popular do MRP é o planejamento de recursos de produção II (MRP II), que usa um sistema computacional sofisticado para integrar dados de diversas áreas, como finanças, contabilidade, marketing, engenharia e produção. Esse sistema gera planos de produção, além de diversos relatórios financeiros e administrativos. Essencialmente, modela os processos de uma empre- sa de modo a permitir a avaliação e o monitoramento dos efeitos das variações em uma área opera- cional sobre as demais. Por exemplo, o sistema MRP II permite que se avalie o efeito de um aumento nos custos de mão de obra sobre vendas e lucros. Enquanto o MRP e o MRP II tendem a focar as operações internas, os sistemas de enterprise resource planning (ERP) ampliam o foco para o ambiente externo, incluindo informações sobre forne- cedores e clientes. O ERP integra eletronicamente todos os departamentos de uma empresa, de modo que, por exemplo, a produção possa levantar informações de vendas e saber imediatamente o quanto produzir para atender aos pedidos de clientes. Como todos os recursos — humanos e materiais — são conhecidos, o sistema pode eliminar atrasos de produção e controlar os custos. Ele aponta de modo automático alterações como a incapacidade de um fornecedor para honrar uma data programada de entrega, permitindo a realização dos ajustes necessários. Administração de estoque em âmbito internacional A administração internacional de estoque costuma ser muito mais complicada para os exportado- res em geral — e para as multinacionais em especial — do que para as empresas com atuação pura- mente nacional. As economias de escala em produção e fabricação que seriam de se esperar da venda global de produtos podem ser difíceis de obter, se os produtos precisarem ser adaptados a cada mer- cado local, como frequentemente ocorre, ou se a produção propriamente dita ocorrer em fábricas espalhadas pelo mundo. Quando as matérias -primas, os produtos intermediários ou os acabados pre- cisam ser transportados por longas distâncias — sobretudo em transporte oceânico — haverá mais atrasos, confusão, danos e furtos do que em uma operação que envolva um só país. Por conseguinte, o administrador de estoque internacional precisa privilegiar a flexibilidade. Em geral, está menos preocupado em comprar a quantidade economicamente ideal de estoque do que com a certeza de que suprimentos em quantidade suficiente sejam entregues quando e onde necessários e em condi- ções que permitam o uso planejado. Q U E S TÕ E S PA R A R E V I S ÃO 14-8 Quanto aos níveis dos diversos tipos de estoque, quais tendem a ser os pontos de vista de cada um dos administradores a seguir: de finanças, marketing, produção e compras? Por que o estoque é um investimento? 14-9 Descreva sucintamente as seguintes técnicas de gestão de estoques: sistema ABC, modelo do lote econômico (EOQ), sistema just -in -time (JIT) e sistemas computadorizados de controle de recursos — MRP, MRP II e ERP. 14-10 Que fatores dificultam a gestão de estoques para empresas exportadoras e multinacionais? OA 4 OA 5 14.4 | ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER O segundo componente do ciclo de conversão de caixa é o prazo médio de recebimento. Esse prazo representa o período de tempo médio entre uma venda a prazo e a conversão do pagamento em Planejamento de recursos de produção II (MRP II — manufacturing resource planning II) Um sofisticado sistema computacional que integra dados de diferentes áreas — tais como finanças, contabilidade, marketing, engenharia e produção — e gera planos de produção, bemcomo diversos relatórios financeiros e administrativos. Enterprise resource planning (ERP) Um sistema computadorizado que integra eletronicamente as informações externas de clientes e fornecedores da empresa com os dados internos dos departamentos da empresa, de tal modo que as informações sobre todos os recursos disponíveis — humanos e materiais — possam ser obtidas de forma instantânea, eliminando -se atrasos na produção e permitindo -se o controle de custos. Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 557 Gitman-12_P5-C14.indd 557Gitman-12_P5-C14.indd 557 29/10/2009 16:02:5429/10/2009 16:02:54 fundos que a empresa possa usar. O prazo médio de recebimento divide -se em duas partes. A primei- ra é o intervalo entre a venda e o momento em que o cliente remete o pagamento. A segunda vai da remessa do pagamento até a entrada de fundos na conta bancária da empresa. A primeira parte do prazo médio de recebimento envolve a gestão do crédito para os clientes da empresa e a segunda envolve o recebimento e processamento de pagamentos. Esta seção discute a gestão de crédito de uma empresa. O objetivo da administração das contas a receber é cobrá -las o mais rapidamente possível, sem perder vendas devido a técnicas muito agressivas de cobrança. Atingir essa meta envolve três tópicos: (1) seleção e padrões de crédito, (2) termos de crédito e (3) monitoramento de crédito. Seleção e padrões de crédito A seleção de crédito envolve a aplicação de técnicas para determinar quais clientes fazem jus ao crédito. O processo abrange a avaliação da qualidade do crédito do cliente e sua comparação com os padrões de crédito da empresa, seus requisitos mínimos para conceder crédito a um cliente. Cinco Cs do crédito Uma técnica popular de seleção de crédito é conhecida como os cinco Cs e fornece uma estru- tura para a análise aprofundada de crédito. Devido ao tempo que consome e das despesas envolvidas, esse método só é usado para solicitações de alto valor. Os cinco Cs são 1. Caráter: o histórico de cumprimento de obrigações pelo solicitante. 2. Capacidade: a capacidade do solicitante de honrar o crédito pedido, julgada com base na análise de demonstrações financeiras, com ênfase nos fluxos de caixa disponíveis para o pagamento de dívidas. 3. Capital: a relação entre a dívida do solicitante e seu patrimônio líquido. 4. Colateral: o valor dos ativos que o solicitante dispõe para dar em garantia do crédito. Quanto maior o valor dos ativos disponíveis, maior a chance de que a empresa concedente recupere os fundos, em caso de inadimplência do devedor. 5. Condições: as condições econômicas gerais e setoriais e quaisquer condições especiais vin- culadas a uma transação específica. A análise por meio dos cinco Cs do crédito não resulta em uma decisão específica de aceitação/ rejeição, de modo que o seu uso exige a experiência de um analista em solicitação e concessão de crédito. A aplicação desse modelo tende a garantir que os clientes da empresa paguem, sem necessi- dade de pressão, segundo os termos acordados. Scoring de crédito Scoring de crédito é um método que as empresas frequentemente usam em caso de solicitações de crédito de alto volume e baixo valor unitário. O scoring de crédito aplica pesos estatisticamente derivados à pontuação do solicitante em diversas características financeiras e de crédito para prever se ele honrará, no prazo, o crédito solicitado. Em termos simplificados, o procedimento resulta em uma pontuação (score) que mede a qualidade geral do crédito do solicitante, sendo essa pontuação usada para tomar a decisão de aceitação ou rejeição do crédito. Esse scoring é mais usado por grandes operações de cartões de crédito, como as de bancos, postos de gasolina e lojas de departamentos. Seu objetivo é que se tome uma decisão de crédito relativamente bem informada, de maneira rápida e barata, reconhecendo -se que o custo de uma única decisão errada é baixo. Entretanto, se os créditos de liquidação duvidosa decorrentes de decisões equivocadas de scoring aumentarem, o sistema como um todo precisará ser reavaliado. Para uma demonstração do scoring de crédito, incluindo o uso de planilha, veja o site de apoio do livro www.prenhall.com/gitman_br. Mudança dos padrões de crédito Pode ocorrer que uma empresa avalie a possibilidade de alterar seus padrões de crédito, para tentar melhorar os retornos e criar maior valor para os proprietários. Para demonstrar isso, consideremos as seguintes mudanças e seus efeitos sobre o lucro esperado de um relaxamento dos padrões de crédito. Dica Algumas pequenas empresas resolvem esses problemas por meio da venda de suas contas a receber a um terceiro, com desconto. Embora dispendiosa, essa estratégia contorna a questão da falta de pessoal adequado. Cria, ainda, um escudo entre a pequena empresa e clientes que precisem de um pouco de incentivo para manter suas contas em dia. Padrões de crédito As exigências mínimas da empresa para conceder crédito a um cliente. Cinco Cs do crédito As cinco dimensões básicas — caráter, capacidade, capital, colateral (garantia) e condições — usadas pelos analistas de crédito como base de uma análise aprofundada do risco de crédito. Dica Os computadores são muito usados para ajudar no processo de tomada de decisão de crédito. Arquivam -se dados sobre os padrões de pagamento de cada cliente, que podem ser usados para avaliar solicitações de renovação ou aumento de crédito. Scoring de crédito Um método de seleção de clientes comumente usado quando se trabalha com pequenos pedidos de crédito e em grande quantidade. Baseia -se em uma pontuação determinada pela aplicação de pesos estatisticamente calculados à pontuação obtida por um solicitante, em certas características financeiras consideradas importantes. Dica Afrouxar os padrões e/ou termos de crédito aumenta o risco da empresa, mas também pode aumentar seu retorno. O prazo médio de recebimento e os créditos de liquidação duvidosa aumentarão com padrões e/ou termos de crédito mais tolerantes, entretanto o aumento da receita pode produzir lucros maiores do que esses custos. 558 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 558Gitman-12_P5-C14.indd 558 29/10/2009 16:02:5529/10/2009 16:02:55 Efeitos do relaxamento dos padrões de crédito Variável Direção da variação Efeito sobre o lucro Volume de vendas Aumento Positivo Investimento em contas a receber Aumento Negativo Perdas com créditos incobráveis Aumento Negativo Se os padrões de crédito fossem mais rigorosos, seriam esperados efeitos opostos. EXEMPLO A Dodd Tool, uma empresa fabricante de ferramentas de moldagem, está vendendo seu produto a $ 10 por unidade. As vendas (todas a prazo) do ano passado foram de 60.000 unida- des. O custo variável por unidade é $ 6, e o custo fixo total do negócio é $ 120.000. A empresa está avaliando um relaxamento dos padrões de crédito que espera resultar no seguin- te: aumento de 5% das vendas unitárias, para 63.000 unidades; aumento do prazo médio de recebimento de 30 dias (o nível atual) para 45 dias; aumento das perdas com créditos incobrá- veis de 1% das vendas (nível atual) para 2%. O retorno requerido da empresa sobre investi- mentos de risco equivalente, ou seja, o custo de oportunidade do fundos empatados nas contas a receber, é 15%. Para determinar se deve ou não relaxar seus padrões de crédito, a Dodd Tool precisa calcular o efeito da contribuição das vendas adicionais ao lucro da empresa, o custo do investimento marginal em contas a receber e a perda marginal com créditos incobráveis Contribuição das vendas adicionais ao lucro. Como os custos fixos não são afetados por variações no nível das vendas, o único custo relevante para essa análise é o custo variável. As vendas devem aumentar 5%, ou 3.000 unidades. A contribuição para o lucro será igual à dife- rença entre o preço de venda por unidade ($ 10) e o custovariável por unidade ($ 6). A contri- buição unitária para o lucro, portanto, será de $ 4. A contribuição total das vendas adicionais ao lucro será de $ 12.000 (3.000 unidades × $ 4 por unidade). Custo do investimento marginal em contas a receber. Para determinar o custo de um investimento marginal em contas a receber, a Dodd precisa encontrar a diferença entre o custo dos recebíveis sob os dois padrões de crédito. Como sua única preocupação é com o custo dos desembolsos, só o custo variável é relevante. O investimento médio em contas a receber pode ser calculado pela seguinte fórmula: Investimento médio em contas a receber = Custo variável total das vendas anuais (14.9) Giro das contas e receber onde Giro das contas e receber = 365 Prazo médio de recebimento O custo variável total das vendas anuais sob a condição atual e a proposta pode ser encon- trado como segue, usando o custo variável unitário de $ 6. Custo variável total das vendas anuais Com o plano atual: ($ 6 × 60.000 unidades) = $ 360.000 Com o plano proposto: ($ 6 × 63.000 unidades) = $ 378.000 O giro das contas a receber é o número de vezes por ano que as contas a receber de uma empresa transformam -se efetivamente em caixa. Pode ser encontrado dividindo -se o prazo médio de recebimento por 365 (o número presumido de dias do ano). Giro das contas a receber Com o plano atual: 365 = 12,2 30 Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 559 Gitman-12_P5-C14.indd 559Gitman-12_P5-C14.indd 559 29/10/2009 16:02:5529/10/2009 16:02:55 Com o plano proposto: 365 = 8,1 45 Substituindo na Equação 14.9, para cada caso, os dados de custo e giro que acabamos de calcular, temos os seguintes investimentos médios em contas a receber: Investimento médio em contas a receber Com o plano atual: $ 360.000 = $ 29.508 12,2 Com o plano proposto: $ 378.000 = $ 46.667 8,1 Calculamos o investimento marginal em contas a receber e seu custo como segue: Custo do investimento marginal em contas a receber Investimento médio, no plano proposto $ 46.667 – Investimento médio, no plano atual 29.508 Investimento marginal em contas a receber $ 17.159 × Retorno requerido sobre o investimento 0,15 Custo do investimento marginal em C/R $ 2.574 O valor resultante de $ 2.574 é considerado um custo porque representa o valor máximo a ser obtido sobre os $ 17.159, se aplicados em um investimento alternativo de risco equivalente, à taxa de retorno requerida pela empresa, de 15%. Perda marginal com créditos incobráveis. Encontramos a perda marginal com créditos incobráveis como a diferença entre os níveis de perdas antes e depois do relaxamento proposto dos padrões de crédito. Perdas marginais com créditos incobráveis Com o plano proposto: (0,02 × $ 10/unidade × 63.000 unidades) = $ 12.600 Com o plano atual: (0,01 × $ 10/unidade × 60.000 unidades) = $ 6.000 Perdas marginais com créditos incobráveis = $ 6.600 Observe que as perdas com créditos incobráveis são calculadas usando -se o preço de venda por unidade ($ 10) para deduzir não só a perda efetiva de custo variável ($ 6) resultante quan- do um cliente deixa de pagar sua conta, mas também a contribuição unitária para o lucro (nesse caso, de $ 4) que está incluída na ‘contribuição das vendas adicionais ao lucro’. Assim, a perda marginal com créditos incobráveis resultante é de $ 6.600. Tomada de decisão quanto ao padrão de crédito. Para decidir se relaxa ou não seus padrões de crédito, a empresa deve comparar a contribuição das vendas adicionais ao lucro com os custos adi- cionais do investimento marginal em contas a receber somados às perdas marginais com créditos incobráveis. Se a contribuição adicional ao lucro superar os custos marginais, os padrões de crédito devem ser relaxados. EXEMPLO Os resultados e principais cálculos referentes à decisão da Dodd Tool sobre relaxar ou não seus padrões de crédito encontram -se resumidos na Tabela 14.2. O acréscimo total ao lucro resultante da medida será de $ 2.826 ao ano. Portanto, a empresa deve relaxar seus padrões de crédito da maneira proposta. O procedimento aqui descrito para avaliação de uma proposta de mudança nos padrões de cré- dito também é frequentemente usado para avaliar outras alterações na administração de contas a receber. Se a Dodd Tool estivesse pensando em apertar os seus padrões de crédito, por exemplo, o custo seria uma redução da contribuição das vendas ao lucro e o retorno seria uma redução do custo 560 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 560Gitman-12_P5-C14.indd 560 29/10/2009 16:02:5629/10/2009 16:02:56 do investimento em contas a receber e da perda com créditos incobráveis. Outra aplicação desse procedimento será demonstrada mais adiante neste capítulo. Gestão internacional de crédito A gestão de crédito já é difícil o bastante para os administradores de empresas puramente nacionais e torna -se muito mais complexa quando se trata de operações internacionais. Isso, em parte, porque (como já vimos) essas operações normalmente expõem a empresa ao risco de taxa de câmbio. E, tam- bém, devido aos perigos e atrasos envolvidos na remessa de bens a locais distantes e na necessidade de cruzar pelo menos duas fronteiras internacionais. As exportações de produtos acabados costumam ter seus preços fixados na moeda do importador; a maioria das commodities, por outro lado, tem seus preços cotados em dólares norte -americanos. Assim, uma empresa dos Estados Unidos que venda um produto no Japão, por exemplo, terá que fixar seu preço em ienes e conceder crédito a um atacadista japonês na moeda local (o iene). Se o iene sofrer uma depreciação em relação ao dólar antes que o exportador norte -americano consiga cobrar a conta a receber, ele terá prejuízo com a taxa de câmbio; os ienes recebidos valerão menos dólares do que o esperado no momento da venda. É claro que o dólar também poderia depreciar -se em relação ao iene, resultando em um ganho de câmbio para o exportador. A maioria das empresas teme a perda muito mais do que aprecia o ganho. No caso de moedas fortes como o iene, o exportador pode fazer um hedge contra esse risco por meio dos mercados de futuros, a termo ou de opções em moedas, mas isso é dispendioso, sobretudo quando os valores envolvidos são pequenos. Se a venda for para um país em desenvolvimento — que atualmente compram 40% das exportações norte -americanas — provavelmente não haverá um instru- mento disponível que ofereça proteção eficaz contra o risco de taxa de câmbio. E esse risco ainda pode ser amplificado porque os padrões de crédito podem ser muito inferiores (e as técnicas aceitáveis de cobrança muito diferentes) nos países em desenvolvimento. Embora possa parecer tentador simples- Contribuição das vendas adicionais ao lucro [3.000 unidades × ($ 10 – $ 6)] $ 12.000 Custo do investimento marginal em C/Ra Investimento médio, de acordo com o plano proposto: $ 6 × $ 63.000 = $ 378.000 8,1 8,1 $ 46.667 Investimento médio, de acordo com o plano atual: $ 6 × $ 60.000 = $ 360.000 12,2 12,2 29.508 Investimento marginal em C/R $ 17.159 Custo do investimento marginal em C/R (0,15 × $ 17.159) ($ 2.574) Perdas marginais com créditos incobráveis Perdas com créditos incobráveis, sob o plano proposto (0,02 × $ 10 × 63.000) $ 12.600 Perdas com créditos incobráveis, sob o plano atual (0,01 × $ 10 × 60.000) 6.000 Perdas marginais com créditos incobráveis ($ 6.600) Lucro líquido com a implementação do plano proposto $ 2.826 a Os denominadores 8,1 e 12,2 no cálculo do investimento médio em contas a receber sob os planos proposto e atual correspondem ao giro das contas a receber em cada um dos planos (365/45 = 8,1 e 365/30 = 12,2). Efeitos do relaxamento dos padrões de crédito na Dodd Tool T A B E L A 14.2 Capítulo 14 – Capital de giro e administração do ativo circulante 561 Gitman-12_P5-C14.indd 561Gitman-12_P5-C14.indd 561 29/10/2009 16:02:5629/10/2009 16:02:56 mente‘não se dar ao trabalho’ de exportar, as empresas norte -americanas não podem mais ceder mercados estrangeiros às concorrentes internacionais. Essas vendas internacionais, se cuidadosamen- te monitoradas e (se possível) protegidas por hedges contra o risco de taxa de câmbio, muitas vezes se revelam altamente lucrativas. Termos de crédito Os termos de crédito são as condições de venda a clientes aos quais a empresa tenha concedido crédito. Termos como líquido 30 significam que o cliente tem 30 dias a contar do início do período de crédito (normalmente o final do mês ou a data de faturamento) para pagar o valor integral da conta. Algumas empresas oferecem descontos financeiros, ou seja, deduções percentuais do preço de compra concedidas em troca de pagamento dentro de um determinado prazo. Por exemplo, condições de 2/10, líquido 30 significam que o cliente pode abater 2% do valor da fatura, se efetuar o pagamento dentro de 10 dias a contar do início do período de crédito ou, alternativamente, pagar o valor integral da fatura dentro de 30 dias. O setor de atuação de uma empresa afeta muito seus termos regulares de crédito. Por exemplo, uma empresa que vende perecíveis terá termos de crédito muito curtos porque os itens que oferece têm pouco valor como garantia no longo prazo; aquela que opera em um segmento sazonal pode adequar seus termos aos ciclos do setor. As empresas querem que seus termos regulares de crédito estejam adequados aos padrões do setor. Se os termos forem mais rígidos do que os dos concorrentes, a empresa perderá clientes; se forem mais relaxados, atrairão consumidores que buscam baixa quali- dade e provavelmente seriam incapazes de pagar segundo os termos adotados pelo setor como um todo. Em última análise, a empresa deve competir com base na qualidade e no preço dos bens e ser- viços que oferece, não nos seus termos de crédito. Dessa forma, os termos regulares de crédito das empresas devem conformar -se aos padrões setoriais, mas os termos de cada cliente específico devem refletir suas próprias características de risco. Desconto financeiro Incluir nos termos de crédito um desconto financeiro é uma maneira comum de acelerar os rece- bimentos, sem exercer pressão sobre os clientes. O desconto financeiro fornece um incentivo para que eles paguem mais rapidamente. Ao acelerar os recebimentos, o desconto reduz o investimento da empresa em contas a receber, mas também o lucro unitário. Ademais, a oferta do desconto financeiro deve reduzir as perdas com créditos incobráveis porque os clientes pagarão mais rapidamente e deve, ainda, aumentar o volume de vendas porque aqueles que aceitarem o desconto pagarão um preço menor pelo produto. Por conseguinte, as empresas que considerem oferecer um desconto financeiro devem proceder a uma análise de custo -benefício para determinar se essa oferta é lucrativa. EXEMPLO A MAX Company tem prazo médio de recebimento de 40 dias (giro = 365/40 = 9,1). Segundo seus termos de crédito de líquido 30, esse período divide -se em 32 dias até que os clientes reme- tam os pagamentos (nem todos pagam em 30 dias) e oito dias para receber, processar e trans- formar em caixa os pagamentos uma vez enviados. A empresa está pensando em implantar um desconto financeiro, alterando seus termos de crédito de líquido 30 para 2/10, líquido 30. Com essa mudança, espera -se reduzir o prazo para remessa do pagamento, levando a um prazo médio de recebimento de 25 dias (giro = 365/25 = 14,6). Como já vimos no exemplo sobre o EOQ, a MAX usa uma matéria -prima cuja utilização anual é de 1.100 unidades. Cada produto acabado produzido exige uma unidade dessa matéria- -prima a um custo variável de $ 1.500 por unidade, incorre em mais $ 800 de custo variável no processo de produção e é vendido por $ 3.000 em termos líquido 30. Assim, os custos variáveis totalizam $ 2.300 ($ 1.500 + $ 800). A empresa estima que 80% de seus clientes aceitem o desconto de 2% e que a oferta desse desconto vá aumentar as vendas do produto acabado em 50 unidades (de 1.100 para 1.150 unidades) ao ano, mas sem afetar a porcentagem de créditos incobráveis. O custo de oportunidade dos fundos da MAX investidos em contas a receber é de 14%. Ela deve oferecer o desconto financeiro proposto? Uma análise semelhante à realizada antes para a decisão do padrão de crédito, apresentada na Tabela 14.3, mostra um prejuízo líquido de $ 6.640 com o desconto financeiro. Logo, a MAX não deve implantar o desconto financei- ro proposto. Entretanto, outros descontos podem ser vantajosos. Termos de crédito Condições de venda para clientes aos quais a empresa concedeu crédito. Desconto financeiro Uma dedução percentual no preço de compra concedida ao cliente que compra a prazo e paga sua conta dentro de um período estipulado. 562 Princípios de administração financeira Gitman-12_P5-C14.indd 562Gitman-12_P5-C14.indd 562 29/10/2009 16:02:5629/10/2009 16:02:56 Prazo do desconto financeiro O administrador financeiro pode alterar o prazo do desconto financeiro, isto é, o número de dias após o início do prazo de crédito durante o qual o desconto permanece disponível. O efeito líquido das alterações desse prazo é de difícil análise devido à natureza das forças envolvidas. Por exemplo, se a empresa aumenta seu prazo do desconto financeiro em 10 dias (digamos, alterando seus termos de crédito de 2/10 líquido 30 para 2/20, líquido 30), pode -se esperar as seguintes mudanças: (1) aumento das vendas, com efeito positivo sobre o lucro; (2) diminuição da perda com créditos incobrá- veis, com efeito positivo sobre o lucro; e (3) redução do lucro unitário porque mais clientes aceitariam o desconto, com efeito negativo sobre o lucro. A dificuldade para o administrador financeiro está em avaliar o impacto de um aumento no prazo do desconto financeiro sobre o investimento da empresa em contas a receber. Esse investimento dimi- nuirá por conta daqueles que não usavam o desconto e passaram a pagar mais cedo. Entretanto, o investimento em contas a receber aumentará por dois motivos: (1) clientes que já usam o desconto continuarão a fazê -lo, mas pagarão mais tarde e (2) novos clientes atraídos pela nova política resulta- rão em novas contas a receber. Se a empresa reduzisse o prazo do desconto financeiro, os efeitos seriam o inverso dos que acabamos de descrever. Período de crédito Alterações do período de crédito, o número de dias entre o início do período de crédito e o ponto em que se torna devido o pagamento efetivo da conta, também afetam a rentabilidade do negócio. Por exemplo, estender o período de crédito de uma empresa de líquido 30 para líquido 45 dias deve aumentar as vendas, com efeito positivo sobre o lucro. Mas tanto o investimento em contas a receber quanto as perdas com créditos incobráveis também aumentariam, afetando negativamente o lucro. O maior investimento em contas a receber resultaria tanto do maior volume de vendas quanto do paga- mento mais demorado decorrente do período de crédito estendido. O aumento das perdas com crédi- tos incobráveis resultaria do fato de que, quanto mais longo o período de crédito, maior o intervalo de tempo em que o cliente pode enfrentar dificuldades, impossibilitando -o de satisfazer suas contas a pagar. Um aumento do período de crédito provavelmente terá os efeitos opostos. Observe que as Prazo do desconto financeiro O número de dias, após o início do período de crédito, em que o desconto financeiro encontra -se disponível. Período de crédito Número de dias decorrido entre o ato de concessão do crédito e o pagamento integral da conta no vencimento. Contribuição das vendas adicionais ao lucro [50 unidades × ($ 3.000 – $ 2.300)] $ 35.000 Custo do investimento marginal em C/Ra Investimento médio atual (sem o desconto): $ 2.300 × $ 1.100 unidades = $ 2.530.000 9,1 9,1 $ 278.022 Investimento médio com o desconto financeiro proposto:b $ 2.300 × $ 1.150 unidades = $ 2.645.000 14,6 14,6 181.164
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