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i ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS: UM ESTUDO A PARTIR DO MODELO FLEURIET ii iii Lista de Quadros Quadro 1: Balanço Patrimonial reclassificado segundo a Metodologia Fleuriet ........ 21 Quadro 2: Balanço da Petro Rio – Lista dos ativos ................................................... 23 Quadro 3: Balanço da Petro Rio – Lista dos Passivos .............................................. 25 Quadro 4: Índice de Liquidez – Petro Rio .................................................................. 29 Quadro 5: Variáveis Dinâmicas – Petro Rio .............................................................. 29 Quadro 6: Tipos de Estrutura e Situação Financeira - Conceituação ........................ 33 Quadro 7: Tipos de Estrutura e Situação Financeira ................................................. 33 Quadro 8: Tipos de Estrutura e Situação Financeira – Petro Rio .............................. 34 Quadro 9: Demonstrações Petro Rio no Modelo Tradicional .................................... 39 Quadro 10: Demonstrações Petro Rio Transformadas no Modelo Fleuriet ............... 39 iv Lista de Gráficos Gráfico 1: Liquidez Geral ........................................................................................... 29 Gráfico 2: Liquidez Corrente...................................................................................... 29 Gráfico 3: Liquidez Seca ........................................................................................... 30 Gráfico 4: Liquidez Imediata ...................................................................................... 30 Gráfico 5: Necessidade de Capital de Giro ............................................................... 31 Gráfico 6: Capital de Giro .......................................................................................... 31 Gráfico 7: Tesouraria ................................................................................................. 32 v Lista de Siglas BP Balanço Patrimonial CCL Capital circulante líquido CDG Capital de giro EBIT Earnings Before Interest and Taxes EBITDA Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (Lucro antes dos juros, impostos, Depreciação e Amortização) LG Liquidez geral LS Liquidez seca LI Liquidez Imediata LC Liquidez corrente PC Passivo circulante NCG Necessidade de Capital de Giro T Saldo de Tesouraria vi Resumo O Modelo Fleuriet foi desenvolvido em 1978 pelo professor francês Michel Fleuriet e se trata de uma abordagem que envolve análise do desempenho econômico- financeira da empresa de uma forma diferente dos mecanismos tradicionais; bem como envolve procedimentos relacionados à forma de administrar uma empresa com foco na sustentabilidade financeira e econômica de curto e longo prazo (OLIVEIRA e BRAGA, 2004; BRAGA, NOSSA e MARQUES, 2004; FLEURIET, 2015). O Modelo Fleuriet evidencia a necessidade de capital de giro (NCG) como uma obrigação de financiamento permanente ligado as operações da organização, mostrando-se útil para o monitoramento da liquidez de uma empresa, a saúde das suas operações e o gerenciamento dos ciclos financeiros, ao mesmo tempo permitindo decisões estratégicas ligadas a estruturas de capital (FLEURIET, 2015). O modelo também remodela a forma de apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício, começando com o volume de vendas e a margem de lucro, seguido da apuração do valor EBITDA( Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), que mede a capacidade da companhia de autofinanciar sua NCG; também mostra como o fluxo de caixa resulta do EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) e da variação da NCG (FLEURIET, 2015). Para tanto, a fim de nortear e responder satisfatoriamente tal questionamento foi desenvolvido o objetivo geral a seguir: analisar o comportamento financeiro da empresa de petróleo e gás Petro Rio diante da Necessidade de Capital de Giro e Efeito Tesoura propostos no Modelo Fleuriet. Palavras-Chave: Modelo Fleuriet, modelo dinâmico, liquidez, capital de giro, efeito tesoura. vii Abstract The Fleuriet Model was developed in 1978 by the French professor Michel Fleuriet and it is an approach that involves analyzing the economic-financial performance of the company in a different way from the traditional mechanisms; As well as involves procedures related to how to manage a company focused on short and long term financial and economic sustainability (OLIVEIRA and BRAGA, 2004; BRAGA, NOSSA and MARQUES, 2004; FLEURIET, 2015). The Fleuriet Model evidences the need for working capital (NCG) as a permanent financing obligation linked to the operations of the organization, proving useful for monitoring the liquidity of a company, the health of its operations and the management of financial cycles, At the same time allowing strategic decisions linked to capital structures (FLEURIET, 2015). The model also reshapes the presentation of the Profit and Loss Statement, starting with sales volume and profit margin, followed by EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), which measures the Company to self-finance its NCG; Also shows how the cash flow results from EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) and the NCG variation (FLEURIET, 2015). Therefore, in order to guide and satisfactorily answer such questioning, the following general objective was developed: to analyze the financial behavior of the oil and gas company Petro Rio in face of the Need for Working Capital and Scissors Effect proposed in the Fleuriet Model. KEY-WORDS: Fleuriet Model, dynamic model, liquidity, working capital, scissors effect. viii Sumário 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 1.1 O Problema de Pesquisa..................................................................................... 12 1.2 Objetivo da Pesquisa .......................................................................................... 12 1.3 Delimitações do Estudo. ...................................................................................... 13 1.4 Relevância do Estudo ......................................................................................... 13 1.5 Metodologia ......................................................................................................... 13 2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 14 2.1 O Balanço Patrimonial ......................................................................................... 14 2.1.1 Demonstrações Contábeis ............................................................................... 14 2.1.2 Indicadores de Liquidez.................................................................................... 15 2.1.2.1 Liquidez Geral ............................................................................................... 17 2.1.2.2 Liquidez Corrente .......................................................................................... 17 2.1.2.3 Liquidez Seca ................................................................................................ 18 2.1.2.4 Liquidez Imediata .......................................................................................... 18 2.1.3 Estrutura de Capital ......................................................................................... 18 2.2 O Modelo Dinâmico ............................................................................................. 19 2.2.1 Modelo dinâmico de análise Fleuriet ................................................................ 20 2.2.2 Reclassificação de acordo com o ModeloDinâmico ........................................ 21 2.2.2.1 Ativo .............................................................................................................. 22 2.2.2.2 Passivo .......................................................................................................... 23 2.2.2.3 Patrimônio Liquido ........................................................................................ 24 2.2.3 Necessidade De Capital De Giro (NCG) .......................................................... 26 2.2.3.1 Capital de Giro .............................................................................................. 26 2.2.3.2 Saldo de Tesouraria ...................................................................................... 28 3. ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DA PETRO RIO .................................. 29 3.1 Índice de Liquidez Geral ...................................................................................... 29 3.2 Índice de Liquidez Corrente ................................................................................. 30 ix 3.3 Índice de Liquidez Seca ...................................................................................... 29 3.4 Índice de Liquidez Imediata ................................................................................. 30 3.5 Necessidade de Capital de Giro - NCG ............................................................... 31 3.6 Capital de Giro - CDG ......................................................................................... 31 3.7 Saldo de Tesouraria ............................................................................................ 32 3.8 Tipos de Estrutura e Situação Financeira............................................................ 33 4. CONCLUSÃO .................................................................................................... 35 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 38 ANEXO 1................................................................................................................... 39 10 1. INTRODUÇÃO A busca por novos modelos de análise econômico-financeira que possam contribuir para fomentar o processo decisório é fundamental para garantir a busca e manutenção pela saúde financeira das empresas e sua capacidade de sobrevivência no mercado competitivo (OLIVEIRA e BRAGA, 2004). Assim, pode-se dizer que existe um vasto instrumental de análise à disposição daqueles que desejam avaliar os aspectos econômicos e financeiros refletidos nas demonstrações contábeis das empresas, ferramentas de análise que vão desde os índices financeiros tradicionais, calculados isoladamente ou apresentados em modelos integrados como a fórmula Du Pont, até sistemas como o modelo Fleuriet (BRAGA, NOSSA e MARQUES, 2004). O Modelo Fleuriet foi desenvolvido em 1978 pelo professor francês Michel Fleuriet e se trata de uma abordagem que envolve análise do desempenho econômico- financeira da empresa de uma forma diferente dos mecanismos tradicionais; bem como envolve procedimentos relacionados à forma de administrar uma empresa com foco na sustentabilidade financeira e econômica de curto e longo prazo (OLIVEIRA e BRAGA, 2004; BRAGA, NOSSA e MARQUES, 2004; FLEURIET, 2015). O Modelo Fleuriet evidencia a necessidade de capital de giro (NCG) como uma obrigação de financiamento permanente ligado as operações da organização, mostrando-se útil para o monitoramento da liquidez de uma empresa, a saúde das suas operações e o gerenciamento dos ciclos financeiros, ao mesmo tempo permitindo decisões estratégicas ligadas a estruturas de capital (FLEURIET, 2015). O modelo também remodela a forma de apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício, começando com o volume de vendas e a margem de lucro, seguido da apuração do valor EBITDA( Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), que mede a capacidade da companhia de autofinanciar sua NCG; também mostra como o fluxo de caixa resulta do EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) e da variação da NCG (FLEURIET, 2015). 11 O modelo apresenta dois resultados importantes, um relacionado ao lucro operacional por evidenciar o lucro antes dos impactos do imposto de renda e juros de forma a mostrar a capacidade de geração de caixa da empresa e o conceito de NCG, por estar associado à taxa de retorno (FLEURIET, 2015). Vale ressaltar que o modelo se apresenta como uma alternativa aos modelos tradicionais de análise econômico-financeira, o seu uso do Brasil sofreu severas críticas de estudiosos, evidenciando que o seu uso não representaria um incremento significativo na interpretação dos resultados justamente pela então impossibilidade de realizar a separação entre ativo e passivo financeiros do ativo e passivo cíclicos (operacionais), respectivamente, permitindo a criação dos conceitos de saldo de tesouraria e de necessidade de capital de giro, o que faria que o então o ativo circulante e o passivo circulante devessem ser analisados integralmente, levando ao modelo convencional (BRAGA, NOSSA e MARQUES, 2004; MEDEIROS e RODRIGUES, 2004; OLIVEIRA e BRAGA, 2004; PIRES, PANHOCA e BANDEIRA, 2010). Entretanto, estudos recentes têm apontado o Modelo Fleuriet como um importante instrumento de análise econômico-financeira, apresentando, inclusive, vantagens no uso desta metodologia em relação ao modelo tradicional, visto que nos estudos realizados, as empresas pesquisadas apresentaram resultados de desempenho econômico-financeiro mais adequados à realidade da empresa do quando avaliadas à luz dos pressupostos da modelagem francesa (AMBROZINI, MATIAS e PIMENTA JUNIOR, 2015; AMORIM, DUARTE, MACHADO, 2016; CAVALCANTI, LONGHIN, 2016; LIMA ET AL, 2015). Vale reforçar que alguns autores destacam que o Modelo Fleuriet apresenta algumas incongruências no seu uso que conduz naturalmente para uma análise econômico-financeira tradicional das demonstrações contábeis (PIRES, PANHOCA e BANDEIRA, 2010). Entretanto, considerando que outros destacam o modelo como sendo um instrumento relevante para realização de análises dessa natureza (AMBROZINI, MATIAS e PIMENTA JUNIOR, 2015; AMORIM, DUARTE, MACHADO, 2016; CAVALCANTI, LONGHIN, 2016; LIMA ET AL, 2015). 12 Assim, o presente TCC tem como interesse principal apresentar os pressupostos que fundamentam o Modelo Fleuriet e sua aplicação para realização de análise econômico-financeira de uma companhia aberta. 1.1 O Problema de Pesquisa Considerando que há controvérsias entre pesquisadores brasileiros sobre o uso do Modelo de Fleuriet como sendo um inovador instrumento de análise econômico- financeiro, e que a modelagem parece ser pouco conhecida por estudantes de graduação em contabilidade. Considerando que o presente trabalho não pretende evidenciar se o uso do Modelo Fleuriet é melhor ou pior do que o modelo tradicional de análise econômico- financeira de demonstrações contábeis, mas apenas apresentar as características básicas do Modelo Fleuriet e como seria seu uso em companhias abertas. Considerando ainda que o uso de empresa do setor de petróleo e gás foi completamente aleatório, isto é, sem nenhuma motivação aparente para sua escolha que transcenda o acesso às demonstrações contábeis da companhia. O presente TCC tem o seguinte questionamento de pesquisa: Como se daria a análise das demonstrações financeiras da empresa de petróleo e gás Petro Rio à luz do Modelo Fleuriet? 1.2 Objetivo da Pesquisa O problema de pesquisa é a questão a ser investigado, o objetivo da pesquisa retrata o resultado que se espera alcançar (Vergara, 2006). O problema de pesquisa reflete a questão a ser investigada enquanto o objetivo representa o resultado a ser alcançado, ou seja, é aquilo que responde à pergunta de pesquisa (Vergara, 2006).Para tanto, a fim de nortear e responder satisfatoriamente tal questionamento foi desenvolvido o objetivo de verificar como se daria a análise das demonstrações financeiras da empresa de petróleo e gás Petro Rio à luz do Modelo Fleuriet. 13 1.3 Delimitações do Estudo. Delimitação do estudo se refere à moldura que o autor coloca em seu estudo. É o momento em que se explicita para o leitor o que fica dentro do estudo e o que fica fora. Já que a realidade é extremamente complexa, por um lado, e histórica, por outro não se pode analisa-la em seu todo; logo cuida-se apenas de parte dessa realidade (Vergara, 2006 p. 30). O estudo não pretende, como já relatado, evidenciar se o uso do Modelo Fleuriet é melhor ou pior do que o modelo tradicional de análise econômico-financeira de demonstrações contábeis, mas apenas mostrar as características básicas do Modelo Fleuriet e como seria seu uso em uma companhia aberta, no caso a PETRO RIO. Também há que se ressaltar que o estudo se valeu dos dados publicados na área de transparência da PETRO RIO não se tendo feito nenhum contato com aquela companhia para dirimir possíveis dúvidas. 1.4 Relevância do Estudo A relevância do estudo é a resposta que o autor oferece ao seu questionamento de pesquisa, ressaltando os aspectos que o estudo é importante para área na qual se está atuando (Vergara, 2006). O estudo se torna importante por permitir ao leitor um breve panorama do que é o Modelo Fleuriet e exemplificado pela realização de análise econômico-financeira em uma companhia aberta do setor de petróleo e gás, ressaltando-se que o uso desse seguimento foi completamente aleatório, não reforçando que o uso do modelo deve ser aplicado neste ou naquele seguimento da economia. 1.5 Metodologia A metodologia utilizada neste estudo foram materiais informativos e manuais para oferecer meios que auxiliam na definição e resolução dos problemas, bem como a exploração de novos conceitos. 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO O balanço patrimonial é uma demonstração financeira que descreve, de maneira organizada e resumida, o patrimônio da empresa em determinado momento. Braga (2006, p. 8) afirma que “o balanço patrimonial tem por objetivo demonstrar a situação do patrimônio da empresa, em determinada data”. Mas somente com a análise do balanço não é possível, segundo defende Fleuriet, concluir com exatidão como se apresenta no momento a solvência da organização. Faz-se necessário analisar o capital de giro da mesma através de índices de liquidez, visando assim identificar se hoje os recursos que essa organização possui, são suficientemente capazes de atender a demanda de obrigações. 2.1 O Balanço Patrimonial O propósito do balanço é listar todos os ativos de um negócio e todos os recursos financeiros em um determinado ponto no tempo. A utilidade do balanço é aprimorada quando ativos e recursos estão grupados de acordo com características em comum. (Fleuriet, 2015) Segundo Vieira (2008, p. 65) a análise do capital de giro “é tradicionalmente realizada através do cálculo dos chamados índices de liquidez e do valor do capital circulante líquido (CCL) obtidos a partir das informações extraídas do balanço patrimonial.” 2.1.1 Demonstrações Contábeis Com o desenvolvimento da contabilidade verificou-se a necessidade dos registros contábeis. A partir de então surgiram várias demandas, dentre elas as demonstrações contábeis com o objetivo de se obter uma avaliação correta dos resultados operacionais. As demonstrações contábeis permitem uma melhor compreensão e análise da situação financeira e patrimonial da empresa, dos resultados de suas operações e as alterações do seu patrimônio líquido. Os relatórios contábeis visam atender as necessidades dos usuários externos, e nesse caso, a estrutura conceitual da contabilidade, a partir das alterações promovidas na lei das Sociedades por Ações, em decorrência da internacionalização dos procedimentos, estabelece os preceitos de como devem ser elaborados. 15 Quando, porém, as informações buscam atender os usuários internos, as informações devem ser geradas de acordo com as necessidades do ambiente gestor. Nesse caso, esses relatórios ficam a cargo da contabilidade gerencial que busca por meio do estudo dos dados e informações internas de uma organização, aliados com as informações do ambiente externo, produzir e desenvolver relatórios com informações econômica e financeira da organização, visando auxiliares os gestores nas tomadas de decisões. Os indicadores mais utilizados para a análise da saúde financeira das empresas são agrupados em três categorias: capacidade de pagamento ou liquidez, estrutura de capital e rentabilidade ou lucratividade. (SILVA, 2012). 2.1.2 Indicadores de Liquidez Os indicadores de liquidez objetivam indicar a capacidade de pagamento das empresas diante das suas obrigações, através do cálculo e interpretação dos índices de liquidez juntamente com o cálculo dos ciclos financeiro e operacional da empresa. Os índices de liquidez normalmente empregados são: Liquidez Geral, Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Imediata. Todos eles relacionam bens e direitos com obrigações da empresa, por intermédio de uma simples operação de divisão. (ASSAF NETO, 2012, pag. 178) Os indicadores de liquidez remetem em números a saúde financeira da organização, correlacionando ativos circulantes e as dívidas que a mesma possui. (MATARAZZO, 2010). É interessante ressaltar, ainda, a existência de um índice de liquidez, muitas vezes adotado pelo mercado, denominado capital de giro próprio. É normalmente obtido pela diferença entre o patrimônio líquido e o total do ativo não circulante, e interpretando como o volume de capital próprio da empresa que está financiando suas circulantes. 16 2.1.2.1 Liquidez Geral O índice de liquidez geral transmite quanto à instituição possui de recursos a curto e longo prazo para promover o pagamento das obrigações a curto e longo prazo (BERTI, 1999). Este índice ilustra como está a situação das finanças da empresa, retratando através de números se a mesma possui recursos suficientes a fim de quitar suas dívidas. Para calcular a liquidez geral, Marion (2011), apresenta a fórmula abaixo: LG = AC + RLP PC + PNC LIQUIDEZ GERAL= ATIVO CIRCULANTE + REAL. A LONGO PRAZO PASSIVO CIRCULANTE+ PASSIVO NÃO CIRCULANTE O resultado obtido a partir do cálculo deste índice informa quanto a empresa tem no ativo circulante e realizável à longo prazo para cada R$ 1,00 de dívida total (MATARAZZO,2010). 2.1.2.2 Liquidez Corrente A liquidez corrente retrata a situação financeira de curto prazo da organização indicando se existe dinheiro disponível ou recursos rapidamente realizáveis para liquidar somente as dívidas de curto prazo. Segundo Marion (2011, p. 169) esse “quociente relaciona quantos reais temos imediatamente disponíveis e conversíveis, em curto prazo, em dinheiro com relação às dívidas de curto prazo”. 17 Para calcular a liquidez corrente Matarazzo (2010) apresenta a fórmula abaixo: LG = AC PC LIQUIDEZ CORRENTE = ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE O resultado do índice de liquidez corrente apresenta quanto à organização possui no seu ativo circulante, para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo (ASSAF NETO; SILVA, 2012). 2.1.2.3 Liquidez Seca Este indicador retrata a situação financeira de curto prazo da empresa, ele transmite se todas as obrigações de curto prazo podem ser cumpridas sem considerar os estoques. O índice de liquidez seca para Assaf Neto e Silva (2012, p. 22) mede “o percentual das dívidas de curto prazo em condições de serem liquidadas mediante o uso de ativos monetários de maior liquidez”. Paraobtenção do índice de liquidez seca Vieira (2008) apresenta a fórmula abaixo: LS = AC - E PC LIQUIDEZ SECA = ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES PASSIVO CIRCULANTE 2.1.2.4 Liquidez Imediata Este indicador verifica se a organização possui a capacidade de honrar suas obrigações correntes apenas com o saldo disponível (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Segundo Berti (1999, p.35) a liquidez imediata “é a relação entre o disponível (caixa, 18 banco c/movimento etc.) e as obrigações em curto prazo. Quanto à empresa possui recursos imediatos para pagamento de obrigações em curto prazo”. Para obtenção da liquidez imediata Berti (1999) apresenta a fórmula abaixo: LI = D PC LIQUIDEZ IMEDIATA= _DISPONIVEL__ PASSIVO CIRCULANTE Em relação ao resultado da Liquidez Imediata Vieira (2008, p. 51) afirma que na “ótica da liquidez, quanto mais elevada melhor”. 2.1.3 Estrutura de Capital A estrutura de capital pode ser definida como uma área importante de tomada de decisão que afeta diretamente o custo de capital, as decisões de investimento de capital e o valor de mercado de ações. É o resultado da forma como uma empresa financia suas atividades. Na concepção de Matarazzo (2012, pag. 187), toda aplicação em bens, direitos ou custos que beneficiarão exercícios seguintes é Investimento. Porém, para Fleuriet, o modelo de análise por indicadores de liquidez estrutura de capital e lucratividade, denominados como análise tradicional real não considera a realidade dinâmica das empresas. Para Fleuriet, as contas contábeis devem ser classificadas levando em consideração o ciclo de realização, ou seja, algumas contas patrimoniais apresentam uma realização lenta, outras contas movimentam continuamente em decorrência do ciclo operacional da empresa. Outras contas, não estão diretamente relacionadas ao ciclo operacional da empresa não apresentam movimento continuo (FLEURIET, 2015). Sendo assim, o autor propôs um modelo de análise a partir da reclassificação das contas do Balanço Patrimonial, levando em consideração o ciclo operacional do negócio, caracterizado como modelo dinâmico de Fleuriet (FLEURIET, 2015). 19 2.2 O Modelo Dinâmico O Modelo Dinâmico resultou do estudo especificamente das empresas brasileiras, sugerindo um novo modelo, diferente dos modelos clássicos de análise das demonstrações contábeis. O estudo foi então adaptado a realidade do Brasil, onde havia um contexto de crescimento rápido, conjugado com inflação crescente, e os autores propuseram uma mudança na forma de se analisar a situação financeira da empresa que, até o momento, era feita na base contábil e estática. (Silva e Pereira,2012) Fleuriet (2015) explica, que algumas contas quando analisadas isoladamente ou em relação ao conjunto de outras, apresentam movimentação tão lenta que pode ser considerada como permanentes ou não cíclicas. Outras, em contrapartida, apresentam movimento contínuo e cíclico bem de acordo com o ciclo operacional da empresa. Existem outras, finalmente, que apresentam movimento descontínuo ou errático, em nada. Para utilizar o modelo dinâmico é necessário reclassificar as contas circulantes do balanço patrimonial, tanto as do ativo como as do passivo, em contas cíclicas e em erráticas. É interessante ressaltar, ainda, a existência de um índice de liquidez, muitas vezes adotado pelo mercado, denominado capital de giro próprio. É normalmente obtido pela diferença entre o patrimônio líquido e o total do ativo não circulante, e interpretando como o volume de capital próprio da empresa que está financiando suas circulantes. A estrutura de capital pode ser definida como uma área importante de tomada de decisão que afeta diretamente o custo de capital, as decisões de investimento de capital e o valor de mercado de ações. É o resultado da forma como uma empresa financia suas atividades. Na concepção de Matarazzo (2012, pag. 187), toda aplicação em bens, direitos ou custos que beneficiarão exercícios seguintes é Investimento. Porém, para Fleuriet, o modelo de análise por indicadores de liquidez estrutura de capital e lucratividade, denominada como análise tradicional real não considera a realidade dinâmica das empresas. Para Fleuriet, as contas contábeis devem ser classificadas levando em consideração o ciclo de realização, ou seja, algumas contas 20 patrimoniais apresentam uma realização lenta, outras contas movimentam continuamente em decorrência do ciclo operacional da empresa. Outras contas, não estão diretamente relacionadas ao ciclo operacional da empresa não apresentam movimento contínuo. (FLEURIET 2015). Sendo assim, o autor propôs um modelo de análise a partir da reclassificação das contas do Balanço Patrimonial, levando em consideração o ciclo operacional do negócio, caracterizado como modelo dinâmico de Fleuriet. (FLEURIET 2015). 2.2.1 Modelo dinâmico de análise Fleuriet Na década de 70, com o apoio da Instituição de ensino brasileira Fundação Dom Cabral, o professor francês Michel Fleuriet difundiu um novo método teórico, desenvolvido no Brasil, com enfoque de mudanças na análise das empresas, passando da estática análise dos indicadores de liquidez e capital de giro para uma base dinâmica, utilizando dados contábeis atualizados, visando enxergar a capacidade de captação de recursos e a sua utilização para a obtenção de retornos maximizados. Neste modelo, para se analisar as demonstrações financeiras, é necessário reclassificar as contas do balanço patrimonial, agrupando-as por afinidade, atendendo assim aos novos objetivos de utilizados dos dados financeiros. As contas do ativo e do passivo devem ser reclassificadas conforme a realidade dinâmica da empresa, de acordo com o tempo necessário que esta leva para completar o ciclo. De acordo com Fleuriet, (2015, p.15) “Certas contas apresentam uma movimentação lenta quando analisadas isoladamente em relação ao conjunto de outras”. A partir desta reclassificação em operacional ou cíclico, financeiro ou errático e não circulante ou não cíclico, o modelo Fleuriet isola e combina três variáveis: NCG (Necessidade de Capital de Giro), CDG (Capital de Giro) e T (Tesouraria). Segundo o autor do modelo, são conceitos econômico-financeiros, ao contrário do conceito do Capital Circulante Líquido (CCL), que é uma definição legal. 21 Quadro 1: Balanço Patrimonial reclassificado segundo a Metodologia Fleuriet ATIVO PASSIVO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE ATIVO ERRÁTICO (FINANCEIRO) PASSIVO ERRÁTICO (FINANCEIRO) • Caixa e Bancos • Empréstimos e financiamentos • Aplicações financeiras •Debêntures • Outras contas não operacionais •Dividendos a pagar •Outras contas não operacionais ATIVO CÍCLICO (OPERACIONAL) PASSIVO CÍCLICO (OPERACIONAL) • Clientes •Fornecedores • Estoques •Salários e encargos • Outras contas operacionais •Impostos operacionais •Outras contas operacionais ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE •Realizável a longo prazo •Exigível a longo prazo •Permanente PATRIMÔNIO LÍQUIDO Fonte: Vieira (2008, p.74) – Adaptado pela Autora 2.2.2 Reclassificação de acordo com o Modelo Dinâmico No Ativo, as contas que não possuem conexão explicita com as atividades operacionais da empresa, ficam relacionadas no ativo circulante errático ou financeiro, em contrapartida as contas que estão diretamente correlacionadas com o operacional compõem o ativo circulante cíclico ou operacional. No Passivo, as dívidas com instituições financeiras e obrigações que estão indiretamente ligadas às atividades operacionais formam o passivo circulante errático ou financeiro. As obrigações de curto prazo ficam alocadas no passivo circulante cíclico ou operacional. (ASSAF NETO; SILVA, 2012).22 2.2.2.1 Ativo Em vez de separar ativos em duas grandes categorias (circulantes e não circulantes) os separei em 3 categorias: Ativo Errático: São ativos disponíveis para uso imediato e aqueles que são sensatamente esperados a serem convertidos em dinheiro ou consumidos no próximo ano ou dentro do ciclo normal do negócio. Ativos financeiros circulantes incluem: ● Disponível (dinheiro e equivalentes) ● Investimentos de curto prazo ● Impostos não ligados à produção diferidos ● Outros ativos circulantes (se não ligados à produção) Ativo Cíclicos (ou operacionais): são ativos mantidos por menos de 12 meses em princípio e necessários para produção, venda ou ambos. Ativos cíclicos incluem: ● Clientes ou contas a receber ● Estoques ● Adiantamento a fornecedores ● Despesas de produção antecipadas Ativos de Longo Prazo: São ativos que a empresa usará por mais de um ano a fim de gerar lucros. Eles incluem: realizável a longo, investimentos, imobilizado líquido e intangível. Para a empresa Petro Rio, então a nova reclassificação de ativos significa que esse lado do Balanço Patrimonial, para os anos de 2017 a 2019 fica: 23 Quadro 2: Balanço da Petro Rio – Lista dos ativos 2019 2018 2017 Ativo 5.483.787 1.537.063 1.270.244 Ativo Errático 685.698 797.892 604.308 Caixa 459.397 154.109 92.445 Outros Ativos 226.301 643.783 511.863 Ativo Cíclico 769.190 241.670 245.347 Outros Ativos Circulantes 266.648 147.952 142.127 Contas a receber 374.598 34.932 62.046 Estoques 127.944 58.786 41.174 Ativo Não Circulante 4.028.899 497.501 420.589 Realizável a longo prazo 229.794 66.266 98.755 Investimento - - - Imobilizado Líquido 2.981.143 45.292 61.286 Intangível 817.962 385.943 260.548 Fonte: Fleuriet (2015) – Adaptado pela Autora 2.2.2.2 Passivo Em vez de separar o passivo em duas grandes categorias, como no Modelo Tradicional, o Modelo Dinâmico os divide em três categorias: Passivos Erráticos, Passivos Cíclicos (ou operacionais), Recursos de longo prazo incluindo passivo total não circulante e patrimônio líquido. (FLEURIET, 2015) Contas Erráticas do Passivo De acordo com Fleuriet (2015, p. 36), “são contas de curto prazo não necessariamente renováveis ou ligadas a atividade operacional da empresa”. ● Duplicatas descontadas ● Obrigações de Curto Prazo (dívidas de curto prazo incluindo empréstimos bancários de curto prazo) ● Outros passivos circulantes (não ligados a produção) 24 Passivos Cíclicos ou Operacionais Conforme Fleuriet (2015, p. 37), “são contas de curto prazo, renováveis e ligadas à atividade operacional da empresa”. ● Fornecedores ● Salários e encargos a pagar ● Impostos a pagar (ligados a operações) Recursos de Longo Prazo incluem Passivos totais não Circulantes e Patrimônio Líquido. São contas que compõem o passivo permanente da empresa (recursos de longo prazo), segundo Fleuriet (2015, pág. 37) Passivo não Circulante Nas palavras de Fleuriet (2015, p. 38), os Passivos não circulantes, “englobam as obrigações da entidade cuja liquidação excede o prazo do exercício social (em prática, um ano)”, fazem parte do respectivo grupo, as contas: Instituições financeiras Créditos de sócios acionistas Obrigações Tributárias 2.2.2.3 Patrimônio Líquido Para Fleuriet (2015, p.39), “o patrimônio líquido é formado pelo grupo de contas que registra o valor contábil pertencente aos acionistas ou quotistas” Capital social Reservas de capital Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de lucros Ações em tesouraria Prejuízos Acumulados 25 Na nova classificação, os dados de passivo total da empresa Petro Rio: Quadro 3: Balanço da Petro Rio – Lista dos Passivos 2019 2018 2017 Passivo 5.483.787 1.537.063 1.270.244 Passivo Errático 1.509.169 259.753 116.708 Empréstimos e Financiamentos 1.425.925 222.743 96.632 Outros 83.244 37.010 20.076 Passivo Cíclico 181.482 111.233 100.144 Fornecedores 129.727 73.258 70.536 Salários e Encargos a Pagar 39.359 14.923 9.979 Outras obrigações 12.396 23.052 19.629 Passivo Não Circulante 1.914.009 159.481 170.262 Provisões 979.833 86.154 89.238 Outras Obrigações 14.918 14.057 13.456 Tributos Diferidos 147.522 2.311 36.177 Empréstimos e Financiamentos 771.736 56.959 31.391 Patrimônio Líquido 1.879.127 1.006.596 883.130 Capital Social 3.316.411 3.273.114 3.265.256 Reserva de Capital 114.996 58.183 73.852 Avaliação Patrimonial - -75.856 26.698 Prejuízos Acumulados -1.552.280 -2.248.845 -2.482.676 Fonte: Fleuriet (2015) – Adaptado pela Autora 26 2.2.3 Necessidade De Capital De Giro (NCG) Pode-se definir a Necessidade de Capital de Giro (NCG) quando as saídas do caixa ocorrerem primeiro que as entradas, a operação da empresa cria uma necessidade de aplicação permanente de fundos (Fleuriet 2015) Matarazzo (2010, p. 284) afirma que a necessidade de capital de giro representa “quanto a empresa necessita de capital para financiar o giro”. Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p. 12) afirmam que o capital de giro constitui “uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a necessidade de capital de giro da empresa”. Para Fleuriet esta necessidade é demonstrada pela diferença das contas cíclicas do passivo e das contas cíclicas do ativo. Define-se a necessidade de capital de giro pela fórmula abaixo: NCG = ATIVO CÍCLICO – PASSIVO CÍCLICO A NCG está relacionada com fatores internos e externos da empresa. Ela é sensível às modificações que ocorrem no ambiente econômico. Com isso o domínio do estoque é de grande importância para se controlar a NCG. É importante ressaltar que a NCG é diferente de CCL, em virtude da NCG ser composta somente por parte do ativo e passivo circulantes (somente as contas relacionadas com as operações). 2.2.3.1 Capital de Giro Outro conceito que se apresenta é o Capital de Giro, que representa uma fonte de fundos permanentes da empresa com a finalidade de financiar a sua Necessidade de Capital de Giro. O Capital de Giro corresponde ao mesmo valor do cálculo do CCL, mas feito de forma diferente, conforme fórmula abaixo: CDG = PASSIVO PERMANETE – ATIVO PERMENTE 27 2.2.3.2 Saldo de Tesouraria Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p. 13) definem o saldo de tesouraria como “a diferença entre o ativo e o passivo erráticos” ou financeiros. Ou ainda Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p. 14) “o Saldo de Tesouraria representa um valor residual correspondente à diferença entre o Capital de Giro e a Necessidade de Capital de Giro”. Para encontrarmos o saldo de tesouraria, utilizaremos duas fórmulas: T = AE – PE Saldo de Tesouraria = Ativo Errático - Passivo Errático O saldo de tesouraria pode ser positivo ou negativo, quando positivo, a empresa possui fundos de curto prazo que poderão ser aplicados em outras atividades, como por exemplo, em títulos de liquidez imediata, aumentando assim a folga financeira da organização. Quando o Saldo de tesouraria for negativo, implica que o capital de giro não é suficiente para financiar a necessidade de capital de giro, ou seja, a empresa está financiando parte da NCG com fundos de curto prazo, aumentado assim o risco de insolvência (FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003). 28 3. ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DA PETRO RIO O trabalho foi desenvolvido baseado em informações obtidas ao examinar as demonstrações financeiras da PETRO RIO (vide ANEXO 1). Quadro 4: Modelo Tradicional - Índice de Liquidez – PETRO RIO Índice de Liquidez Fórmula 2019 2018 2017 Corrente LC = AC / PC 0,86 2,80 3,92 Seca LS = (AC-E) / PC 0,78 2,64 3,73 Imediata LI = D / PC 0,41 2,15 2,79 Geral LG = (AC+RLP) / (PC+PNC) 0,47 2,08 2,45 Fonte: Autora Quadro 5: Modelo Fleuriet - VariáveisDinâmicas – PETRO RIO Variáveis Dinâmicas Fórmula 2019 2018 2017 NCG ATIVO CÍCLICO - PASSICO CÍCLICO 587.708 130.437 145.203 CDG PASSIVO NÃO CÍCLICO - ATIVO NÃO CÍCLICO -2.114.890 -338.020 -250.327 T ATIVO ERRÁTICO - PASSIVO ERRÁTICO -823.471 538.139 487.600 Fonte: Autora 3.1 Índice de Liquidez Geral A análise da liquidez geral da Petro Rio apresentou em 2017 e 2018 uma situação favorável com índices de 2,45 e 2,08 respectivamente, porém em 2019 seu índice foi para 0,47 apresentando uma queda abrupta com relação aos anos anteriores, sendo inferior a 1, demonstrando que a mesma não possui capacidade de saldar suas dívidas de curto e longo prazo no ano de 2019. 29 Gráfico 1: Liquidez Geral Fonte: Autora 3.2 Índice de Liquidez Corrente O índice de liquidez corrente da Petro Rio, referente ao período já mencionado, evoluiu de forma decrescente, apresentando em 2017 o maior valor, a empresa obteve no último ano o índice de 0,86 não estando apta ao pagamento das dívidas de curto prazo, pois para cada R$ 1,00 de dívida a Petro Rio possuía para liquidá-las R$ 0,86 em 2019. Gráfico 2: Liquidez Corrente Fonte: Autora 3.3 Índice de Liquidez Seca A liquidez seca demonstrou uma oscilação no período de 2017 a 2019, apresentando em 2019 o menor resultado, obtendo índice de 0,78 inferior a 1,00 retratando que os estoques da empresa estão comprometidos em dívidas com 2,45 2,08 0,47 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 2017 2018 2019 Liquidez Geral 3,92 2,80 0,86 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 2017 2018 2019 Liquidez Corrente 30 terceiros, ou seja, se a empresa renegociasse o seu ativo circulante (sem os estoques), teria dificuldade para pagar seus fornecedores (curto prazo). Gráfico 3: Liquidez Seca Fonte: Autora 3.4 Índice de Liquidez Imediata A liquidez imediata da Petro Rio em 2017 e 2018 apresentou números favoráveis contudo em 2019 seu índice foi de 0,78 inferior a 1, denotando que a empresa não possui capacidade de saldar suas obrigações de curto prazo somente com seu saldo disponível. Mesmo seu indicador remetendo a valor inferior a 1, não é correto afirmar que a mesma possua problemas em pagar suas obrigações, neste indicador não é considerado valores que a empresa tinha direito a receber. Gráfico 4: Liquidez Imediata Fonte: Autora 3,73 2,64 0,78 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 2017 2018 2019 Liquidez Seca 2,79 2,15 0,41 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 2017 2018 2019 Liquidez Imediata 31 3.5 Necessidade de Capital de Giro - NCG A NCG é uma das variáveis do modelo dinâmico e representa quanto a empresa necessita de recursos para financiar o giro, consiste na diferença entre Ativos e Passivos Operacionais, sendo positiva quando o ciclo operacional for maior que o prazo médio de pagamento e negativa quando o ciclo operacional for menor que o prazo médio de pagamento. (MONTEIRO, 2015) O gráfico abaixo ilustra que a NCG da Petro Rio oscilou negativamente e positivamente no decorrer do período, remetendo em números uma amostra notória do seu aumento no último ano, os índices encontrados demonstram que 2017 a 2018 houve uma diminuição de 10%, já de 2018 a 2019 a mesma evoluiu 350%, com base nesses números, atribui-se a necessidade de que a empresa precisa de aplicação de recursos em seu giro sejam estes por meio de fontes de curto ou de longo prazo. Gráfico 5: Necessidade de Capital de Giro Fonte: Autora 3.6 Capital de Giro - CDG O CDG apresenta o excedente de fontes a longo prazo em relação às aplicações de longo prazo, podendo ser positivo ou negativo (FLEURIET, 2010). Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p. 11), apresentam ainda o conceito de “Capital de Giro (CDG)” que é a diferença entre o passivo permanente (ou não cíclico) e o ativo permanente (ou não cíclico). A Petro Rio apresentou um CDG instável ao longo do período analisado, obtendo o maior resultado negativo em seu exercício mais recente, 2019. Para a Petro Rio o resultado de seu CDG foi negativo, isto é, a organização não possui um excedente de longo prazo disponível para financiar suas atividades operacionais. 145.203 130.437 587.708 - 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 2017 2018 2019 Necessidade Capital de Giro 32 Gráfico 6: Capital de Giro Fonte: Autora 3.7 Saldo de Tesouraria O saldo de tesouraria (T) é um montante residual de recursos de curto prazo, que pode admitir resultado positivo ou negativo, o mesmo compreende as contas dentro do circulante que não estão diretamente ligadas à operação da empresa e remetem em números a folga financeira da organização. (FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003). O saldo de tesouraria (T) da Petro Rio oscilou positivamente nos anos de 2017 e 2018, porém foi negativo no último exercício, tal situação indica que os recursos de curto prazo da organização, estão financiando o bloco operacional da mesma, não havendo, portanto, recursos de curto prazo excedentes. A persistência desse índice negativo para os próximos anos eleva o risco financeiro da empresa. Gráfico 7: Tesouraria Fonte: Autora -250.327 -338.020 -2.114.890 -2.500.000 -2.000.000 -1.500.000 -1.000.000 -500.000 - 2017 2018 2019 Capital de Giro 487.600 538.139 -823.471 -1.000.000 -800.000 -600.000 -400.000 -200.000 - 200.000 400.000 600.000 800.000 2017 2018 2019 Tesouraria 33 3.8 Tipos de Estrutura e Situação Financeira Marques e Braga (1995) acreditam na formação de vários tipos de balanço que resultam da análise dinâmica do modelo de Fleuriet: Quadro 6: Tipos de Estrutura e Situação Financeira - Conceituação TIPO CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO TIPO 1 Excelente Evidencia uma situação financeira excelente, pois denota que a empresa possui Capital de Giro, ou seja, recursos disponíveis, uma necessidade negativa na qual as origens de capital se sobrepõem as saídas de caixa, por conseguinte, o saldo de tesouraria positivo mostra fundos disponíveis para investimentos; TIPO 2 Sólida Demonstra uma situação financeira sólida, onde as saídas de caixa ocorrem antes das entradas, mas o capital de giro se torna suficiente para atender as necessidades da empresa (atividades operacionais do período) e gerar saldo em tesouraria; TIPO 3 Insatisfatória Revela uma situação insatisfatória, pois a entidade não possui recursos financeiros para investimentos, pois seus ativos estão sendo financiados por recursos de curto prazo (empréstimos, financiamentos), uma vez que o capital de giro supre a necessidade momentânea; TIPO 4 Péssima Mostra um risco de insolvência, pois financia seus ativos permanentes com dívidas de curto prazo e não possuem perspectivas de expansão devido saldo de tesouraria negativo; TIPO 5 Muito Ruim Apresenta estrutura financeira muito ruim, com CDG, NCG e ST negativos, deste modo pode–se inferir na necessidade de recursos de longo prazo para melhorar o CDG, por conseguinte o ST; TIPO 6 Alto Risco Revela uma estrutura de alto risco, na qual o CDG se apresenta numa situação negativa inferior a NCG tornando o Saldo de Tesouraria positivo, entretanto, esse cenário infere uma série de questões a respeito do desempenho adequado das operações, recursos de ativos circulantes investidos em não circulantes e etc Quadro 7: Tipos de Estrutura e Situação Financeira Tipos de Estrutura e Situação Financeira Tipo/ Item CDG NCG T Situação 1 + - + Excelente 2 + + + Sólida 3 + + - Insatisfatória 4 - + - Péssima 5 - - - Muito Ruim 6 - - + Alto Risco Notas: (+) Indicativo valor positivo (-) Indicativo valor negativo Fonte: Adaptado pela autora 34 Após a análise das variáveis NCG, CDG e T concluída, é possível verificar em qual situação financeira encontra-se a PetroRio ao efetuarmos a combinação dos resultados encontrados. A mesma possui uma estrutura financeira alarmante, levando em consideração os três exercícios, que foram objetos desse estudo como destacado na Tabela abaixo: Quadro 8: Tipos de Estrutura e Situação Financeira – PETRO RIO Situação Financeira – PETRO RIO 2017 Situação 2018 Situação 2019 Situação CDG -250.327 - -338.020 - -2.114.890 - NCG 145.203 + 130.437 + 587.708 + T 487.600 + 538.139 + -823.471 - Situação 3 - Insatisfatória 3 - Insatisfatória 4 - Péssima 35 4. CONCLUSÃO Assaf Neto e Silva (2012, p. 65) afirmam que os indicadores do modelo tradicional “não costumam fornecer informações mais conclusivas a respeito de determinada evolução na posição financeira corrente e esperada da empresa, omitindo principalmente as efetivas necessidades de investimento em capital de giro”. A análise das demonstrações contábeis por meio do modelo Fleuriet é uma excelente ferramenta para compreensão da situação financeira das organizações. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi demonstrar de que forma o modelo Fleuriet contribui para a gestão de uma empresa de petróleo e gás Petro Rio. Para tal, busca- se evidenciar resultados provenientes da análise do capital de giro por meio de seus modelos tradicionais e dinâmicos. Foram analisados os balanços dos anos de 2017 a 2019. Constatou-se que os indicadores financeiros de liquidez evoluíram de forma decrescente no decorrer dos anos analisados, apresentando em 2017 o maior valor para todos os índices. Obteve o pior resultado em seu exercício mais recente, 2019, onde todos os índices apresentaram valores abaixo de 1, indicando que a empresa não possui capacidade para saldar suas dívidas de curto e longo prazo. Os indicadores do modelo Fleuriet evidenciaram que a Petro Rio não tem capital de giro suficiente para suprir as suas necessidades operacionais. Sendo que a empresa tem grande dependência de recursos financeiros para financiar os seus ativos fixos. Esse fato ficou registrado na variável NCG onde no decorrer do período, demonstrou em números uma amostra notória de sua dependência financeira, os índices encontrados demonstraram que de 2017 a 2018 houve uma diminuição de 10%, já de 2018 a 2019 a mesma evoluiu 350%, com base nesses números, atribui- se a necessidade de que a empresa precisa de aplicação de recursos em seu giro sejam estes por meio de fontes de curto ou de longo prazo. Diante disso conclui-se que, em ambos os modelos e preciso que a Petro Rio busque novas alternativas para minimizar as necessidades de capital de giro, para assim, conseguir atingir seus objetivos propostos e honrar as obrigações com terceiros. Percebe-se que, a análise das demonstrações contábeis é muito útil para a tomada de decisão. Ela evidencia os pontos fortes e fracos na gestão das organizações, além de auxiliar a traçar novas diretrizes. 36 Ao fim desse estudo concluiu-se que diferença básica entre os modelos é o fato de que na análise tradicional a empresa é analisada como se estivesse para encerrar suas atividades e no modelo dinâmico a mesma é considerada como um organismo sustentável e em constante evolução. Outra diferença é referente ao capital de giro onde no modelo dinâmico ele é obtido pelas contas de longo prazo podendo representar uma fonte de financiamento de longo prazo enquanto que no tradicional ele é obtido pelas contas de curto prazo, sendo um excedente de bens e direitos no curto prazo. 37 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços. 10º Ed. São Paulo: Atlas, 2012. ASSAF NETO, Alexandre; e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do Capital de Giro. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2012. FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo; e BLANC, Georges. O modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. FLEURIET, Michel; Zeidan, Rodrigo. O modelo Dinâmico de gestão financeira. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2015 MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanço: abordagem básica e gerencial. 7ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. VERGARA. Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 2006. 38 ANEXO 1 Quadro 9: Demonstrações PETRO RIO no Modelo Tradicional BALANÇO PATRIMONIAL 2019 2018 2017 TOTAL DO ATIVO 5.483.787 1.537.063 1.270.244 ATIVO CIRCULANTE 1.454.888 1.039.562 849.655 Caixa e Equivalente de caixa 459.397 154.109 92.445 Aplicações Financeiras 226.301 643.783 511.863 Contas a Receber 374.598 34.932 62.046 Estoques 127.944 58.786 41.174 Tributos a Recuperar 116.773 67.011 59.492 Despesas Antecipadas 10.333 1.659 3.106 Outros Ativos Circulantes 139.542 79.282 79.529 ATIVO NÃO CIRCULANTE 4.028.899 497.501 420.589 Ativo Realizável a LP 229.794 66.266 98.755 Imobilizado 2.981.143 45.292 61.286 Intangível 817.962 385.943 260.548 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO 5.483.787 1.537.063 1.270.244 PASSIVO CIRCULANTE 1.690.651 370.986 216.852 Obrigações Sociais e Trabalhistas 39.359 14.923 9.979 Fornecedores 129.727 73.258 70.536 Obrigações Fiscais 83.244 37.010 20.076 Empréstimos e Financiamentos 1.425.925 222.743 96.632 Outras Obrigações 12.396 23.052 19.629 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 1.914.009 159.481 170.262 Empréstimos e Financiamentos 771.736 56.959 31.391 Outras Obrigações 14.918 14.057 13.456 Tributos Diferidos 147.522 2.311 36.177 Provisões 979.833 86.154 89.238 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.879.127 1.006.596 883.130 Capital Social 3.316.411 3.273.114 3.265.256 Reserva de Capital 114.996 58.183 73.852 Avaliação Patrimonial - - 75.856 26.698 Prejuízos Acumulados - 1.552.280 - 2.248.845 - 2.482.676 39 Quadro 10: Demonstrações PETRO RIO Transformadas no Modelo Fleuriet BALANÇO PATRIMONIAL 2019 2018 2017 TOTAL DO ATIVO 5.483.787 1.537.063 1.270.244 ATIVO ERRÁTICO (FINANCEIRO) 685.698 797.892 604.308 Caixa e Equivalente de Caixa 459.397 154.109 92.445 Aplicações Financeiras 226.301 643.783 511.863 ATIVO CÍCLICO (OPERACIONAL) 769.190 241.670 245.347 Contas a Receber 374.598 34.932 62.046 Estoques 127.944 58.786 41.174 Tributos a Recuperar 116.773 67.011 59.492 Outros Ativos Circulantes 149.875 80.941 82.635 ATIVO NÃO CÍCLICO 4.028.899 497.501 420.589 Ativo Realizável a Longo Prazo 229.794 66.266 98.755 Imobilizado 2.981.143 45.292 61.286 Intangível 817.962 385.943 260.548 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO 5.483.787 1.537.063 1.270.244 PASSIVO ERRÁTICO (FINANCEIRO) 1.509.169 259.753 116.708 Empréstimos e Financiamentos 1.425.925 222.743 96.632 Obrigações Fiscais 83.244 37.010 20.076 PASSIVO CÍCLICO (OPERACIONAL) 181.482 111.233 100.144 Obrigações Sociais e Trabalhistas 39.359 14.923 9.979 Fornecedores 129.727 73.258 70.536 Outras Obrigações 12.396 23.05219.629 PASSIVO NÃO CÍCLICO 1.914.009 159.481 170.262 Empréstimos e Financiamentos 771.736 56.959 31.391 Outras Obrigações 14.918 14.057 13.456 Tributos Diferidos 147.522 2.311 36.177 Provisões 979.833 86.154 89.238 PATRIMÔNIO LÍQUIDO CONSOLIDADO 1.879.127 1.006.596 883.130 Capital Social 3.316.411 3.273.114 3.265.256 Reserva de Capital 114.996 58.183 73.852 Avaliação Patrimonial - - 75.856 26.698 Prejuízos Acumulados - 1.552.280 - 2.248.845 - 2.482.676
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