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Apostila Direito Internacional Tributário
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ACIONADO, MESMO PELAS VIAS ORDINÁRIAS. VALIDADE DO DECRETO-LEI Nº 427, DE 22.01.1969. EMBORA A CONVENÇÃO DE GENEBRA QUE PREVIU UMA LEI UNIFORME SOBRE LETRAS DE CÂMBIO E NOTAS PROMISSÓRIAS TENHA APLICABILIDADE NO DIREITO INTERNO BRASILEIRO, NÃO SE SOBREPÕE ELA ÀS LEIS DO PAÍS, DISSO DECORRENDO A CONSTITUCIONALIDADE E CONSEQUENTE VALIDADE DO DEC-LEI Nº 427/69, QUE INSTITUI O REGISTRO OBRIGATÓRIO DA NOTA PROMISSÓRIA EM REPARTIÇÃO FAZENDÁRIA, SOB PENA DE NULIDADE DO TÍTULO. SENDO O AVAL UM INSTITUTO DO DIREITO CAMBIÁRIO, INEXISTENTE SERÁ ELE SE RECONHECIDA A NULIDADE DO TÍTULO CAMBIAL A QUE FOI APOSTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. Desde então firmou-se no Direito brasileiro a adoção do modelo monista, incorporando os tratados internacionais ao ordenamento pátrio com esse enquadramento. Por outro lado, ainda que dentro da teoria monista, deve sempre se resguardar a posição dos tratados internacionais de direitos fundamentais. Como cediço, os atos internacionais podem ser incorporados ao direito interno equiparados às emendas constitucionais, como dado no festejado art. 5º §3º da Constituição (introduzido pela Emenda nº 45, de 2004), desde que, obviamente, observadas as exigências de aprovação ali estampadas e típicas do poder constituinte reformador (dois turnos de votação, quórum de três quintos, em casas separadas). Assim já ocorreu com Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007,9 e Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Yorque, em 30 de março de 2007.10 Distinto a isso ocorreu na apreciação feita pelo Supremo Tribunal Federal para os demais tratados que versam sobre Direitos Humanos, anteriores à promulgação da Emenda nº 45/2004, que não foram, portanto, sujeitos àquele procedimento especial que os equipara ao poder constituinte reformador. No julgamento do Recurso Extraordinário nº 466.343-SP, apreciando a situação do Direito interno que previa a prisão civil do depositário infiel diante das normas do Pacto de São José da Costa Rica, prevaleceu a tese da supralegalidade dos tratados, posicionando-os abaixo da Constituição, mas acima das leis internas do país. E neste campo tem se mantido o STF: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PROVIMENTO CONJUNTO 03/2015 DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. 1. A Convenção Americana sobre Direitos do Homem, que dispõe, em seu artigo 7º, item 5, que “toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz”, posto ostentar o status jurídico supralegal que os tratados internacionais sobre direitos humanos têm no ordenamento jurídico brasileiro, legitima a denominada “audiência de custódia”, cuja denominação sugere-se “audiência de apresentação”. (...) 9 Decreto Legislativo nº 186, de 9.7.2008. 10 Decreto nº 6.949, de 25.8.2009. (STF – ADI 5240, Pleno, rel. Min. Luiz Fux, j. em 20.8.2015, DJe 29.1.206 Validade, Vigência e Eficácia dos Tratados Internacionais Genericamente, os tratados e convenções internacionais são determinados atos acordados entre dois ou mais países com a intenção de administrar interesses sociais, econômicos ou políticos, evitando conflitos entre esses mesmos interesses. Das referências do Direito como um todo, o art. 84, VIII, da CRFB/1988 determina que compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. Ainda da carta constitucional, o art. 49, I, decide que cabe ao colegiado do legislativo resolver definitivamente sobre esses atos internacionais. Pela relevância do procedimento, importante recordar as formas e o procedimento de elaboração dos tratados, não apenas de conteúdo tributário. São várias as etapas. 1º) Em primeiro lugar, a competência para a celebração de tratados internacionais é do Poder Executivo. Ainda que negociados por agentes diplomáticos ou representantes do Ministério das Relações Exteriores, só o Presidente da República tem competência para a sua conclusão. Segundo a Constituição Federal – art. 84, VIII –, compete privativamente ao presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais. 2º) Em seguida, o Presidente remete os tratados para apreciação do Congresso Nacional, a quem cabe resolver definitivamente sobre a sua aprovação – art. 49, I, da Constituição. É de se observar que a própria designação de competência ao Presidente da República (art. 84, VIII, CRFB/1988) afirma que aquela sua manifestação de adesão ou celebração depende de ratificação pelo Congresso Nacional. Para exteriorizar tal ato será expedido um Decreto Legislativo. 3º) Na sequência, os atos internacionais voltam ao Executivo para a ratificação. Essa é manifestação do Poder Executivo, que é dada no sentido de que o propósito de pactuar o tratado continua, atendendo aos interesses superiores do Estado. Essa providência de ratificação do que fora combinado anteriormente serve para confirmar a negociação, agora já com o aval do legislativo interno de cada país. Essa ação é transmitida às contrapartes estrangeiras, pelo depósito do instrumento de ratificação. Representa uma providência no intuito de formalizar o compromisso do país. 4º) Por derradeiro, para aperfeiçoar-se o ato e ter vigência no território nacional, o Presidente da República expede um decreto de promulgação. Naturalmente, esse Decreto Presidencial é publicado. A partir dessa divulgação, no âmbito interno (seguindo o padrão do Diário Oficial), inicia a sua vigência no território nacional. Então, de acordo com esse procedimento, para que sejam aplicados no país, os tratados e convenções internacionais precisam ser aprovados pelo Congresso Nacional, pois sem essa aprovação não se aderem às fontes do Direito do país. Apesar de prevalecer no Brasil a teoria monista, o que se percebe é que o tratado tem um momento de validade na ordem internacional e outra validade na ordem interna. O tratado tem validade na ordem internacional no momento em que o governo brasileiro, depois desses procedimentos, acredita o tratado, deposita o tratado no consulado do outro país contratante. Na ordem interna, o tratado tem validade como lei interna no momento em que o decreto do Presidente é publicado no Diário Oficial. O tratado em matéria tributária Sem prejuízo de todo o narrado, os tratados em matéria tributária ganham uma qualidade ainda maior no debate jurídico por conta do próprio tratamento reconhecido pelas normas do Código Tributário Nacional. Isto porque assim dispõe o art. 98 do CTN: Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. O que dispõe esse artigo é que a legislação que se refere àquele país que realizou o tratado ou convenção é que terá tratamento diferenciado, sendo muito comum para disciplinar e evitar situações de bitributação na esfera internacional, ou questões aduaneiras, entre outras medidas. Justamente em razão dessa aplicabilidade, restou sedimentada a concepção de que os tratados tanto podem ser elaborados para funcionar como uma norma geral e abstrata, como um pacto celebrado entre duas nações