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Cidadania: Origem e Socialização

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CIDADANIA
ORIGEM DO TERMO CIDADANIA
Cidadania é uma das palavras que mais se ouvem hoje em dia. Fala-se a todo momento em resgate da cidadania; direitos do cidadão etc. Entretanto, o termo cidadania não é recente. A origem da palavra encontra-se na Grécia antiga. Embora cidadão signifique morador da cidade, eram considerados cidadãos somente os membros da classe dominante. Mulheres, escravos, estrangeiros e crianças eram excluídos dessa classe. A cidadania, portanto, referia-se aos moradores das cidades que possuíam privilégios e direitos em oposição aqueles que não os possuíam. Hoje o termo não se restringe mais aos moradores das cidades. Consideram-se cidadãos todos os habitantes de uma nação.
Você acredita que basta a localização geográfica para fazer de uma pessoa um cidadão?
Vamos seguir com nossas reflexões.
 
SOCIALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
Conforme já vimos, o homem é o que é graças à sociedade em que vive. A partir do seu nascimento, a criança sofre um processo de socialização para a vida em sociedade, isto é, são ensinados a ela o modo de vida, os valores e os comportamentos considerados adequados. Dos hábitos de higiene ao aprendizado da língua, tudo é ensinado de modo a tornar a criança "educada", pronta para o convívio social.
Desde cedo, portanto, a criança adquire normas culturalmente aprovadas, ou seja, aprende todo um conjunto de padrões de conduta que são compartilhados pelos membros da comunidade de que faz parte.
A família é o primeiro – e talvez o mais importante – agente de socialização. É na família que se inicia o processo de aprendizado para a vida em sociedade. Para a criança, a família representa todo o mundo exterior. A percepção que tem de si da sociedade e das pessoas que a rodeiam será influenciada pelas atitudes e pelas crenças de sua família.
Enquanto nas sociedades mais tradicionais — corno nas comunidades camponesas — a família é a principal responsável pela socialização dos jovens, nas sociedades industriais complexas, esta função da família foi transferida parcialmente para outras instituições sociais, como a escola, por exemplo O fato de a criança nas sociedades "modernas" ir muito cedo para a escola, afastando-se do convívio familiar, faz desta o principal agente de socialização, o órgão que tem mais responsabilidade na transmissão do conhecimento acerca da sociedade da qual o indivíduo faz parte.
O grupo de amigos ou de vizinhança, ainda que aparentemente o lazer seja o seu principal objetivo, constitui-se, também, em um agente de socialização que influencia a conduta e a formação dos valores morais do jovem, principalmente na adolescência. Assim, internalizar e expressar os valores do grupo de amigos é a condição necessária para que seja aceito e influenciará — informalmente — a afirmação da sua personalidade, da sua maneira de ver o mundo e de nele se comportar.
Os meios de comunicação de massa, como jornais, rádio, televisão etc., constituem-se em mais um agente de socialização. Nas sociedades complexas, fazem parte do dia a dia do indivíduo, desempenhando, portanto, um importante papel, seja por informar tudo o que acontece na sua sociedade e no mundo, por propiciar lazer e entretenimento, seja por inculcar valores, padrões de comportamento e aspirações.
As novelas de TV, por exemplo, além de diversão, sugestionam toda uma escala de valores da sociedade de consumo, que vão do luxo dos cenários às vestimentas dos atores, bem como à popularização de gírias e novas maneiras de expressão e de comportamento. Embora a manipulação dos meios de comunicação possa tanto reforçar as normas sociais como deturpá-las ou forçar a sua superação por um outro conjunto de valores, sua eficácia como agente de socialização é relativa, visto não serem os meios de comunicação os únicos agentes influenciadores da formação da personalidade e da posição do homem diante do mundo e da sociedade em que vive.
Em síntese, o homem, desde o seu nascimento, sofre um processo de socialização de hábitos e valores comuns aos membros da comunidade a que pertence, a fim de familiarizar-se com o mundo a sua volta e estar apto para o convívio social. Como tudo recebe da sociedade, esta em troca, espera dele o mínimo, isto é, um padrão de conduta e de valores afinados com os modos de agir e pensar coletivos.
 
CIDADANIA OU CIVISMO
Partindo destas considerações podemos compreender o conceito de cidadania ou de civismo. Tradicionalmente, aprendemos que "o civismo é o amor à pátria". Na verdade, o patriotismo é apenas um elemento do civismo, que seria a atuação consciente, livre e espontânea (voluntária) de todo o cidadão em favor da sociedade em que vive. No entanto, ao mesmo tempo em que a sociedade transmite aos indivíduos os valores e normas vigentes, o indivíduo não se apresenta apenas como um ser passivo, simples receptor do que lhe é ensinado. A sociedade não é uma ordem social estática, e sim, dotada de um permanente dinamismo e de um processo constante de alterações nos setores social, econômico e político. O indivíduo não só capta tudo que lhe é ensinado, como assume também uma postura ativa, crítica, como sujeito social, imprimindo à sociedade a sua escala de valores e o seu ponto de vista político.
 
CIDADANIA COMO COMPROMISSO COM PRINCÍPIOS ÉTICOS E COM DIREITOS E DEVERES
A atitude cívica do cidadão, ou cidadania, mais do que o culto à bandeira e aos símbolos nacionais, significa um compromisso com princípios éticos, com toda a escala de direitos e deveres do cidadão.
E que princípios máximos seriam estes, que dariam os fundamentos de uma sociedade ideal que deve ser alcançada?
Cada comunidade, região ou país são dotados de culturas, princípios éticos e religiões diferentes, no entanto, na Carta da Organização das Nações Unidas (1945), seu estatuto básico, constitui-se no documento maior da civilização humana e seus artigos refletem as mais altas conquistas da cultura e as aspirações de todos os homens, como membros de suas respectivas nações.
Segundo a ‘Carta’, toda nação-membro obriga-se a fazer respeitar os Direitos Humanos que consistem nos princípios básicos do exercício da cidadania.
Assim, todo cidadão tem direito:
— à vida;
— à liberdade de palavra e expressão;
— à liberdade pessoal;
— à liberdade de religião;
— à liberdade de reunião;
— à liberdade de associação,
— de petição
— de propriedade;
— de nacionalidade;
— de liberdade de relações familiares;
— à proteção contra prisão arbitrária;
— à processo e julgamento regulares;
— político pleno
— à liberdade de trabalho;
— à participar dos beneficio da ciência;
— à segurança econômica;
— à educação
— à igualdade perante a lei.
A característica central da Carta da ONU, como podemos notar, é a preocupação com as liberdades individuais, com os direitos de todos os cidadãos de toda a humanidade.
Propugnar pela efetivação desses direitos, no dia-a-dia, é exercer a cidadania, é ser um homem cívico.

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