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Direito dos Seguros - Francisco Luis F Ribeiro Alves

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Prévia do material em texto

Direito	dos	Seguros
CESSAÇÃO	DO	CONTRATO.	PRÁTICAS	COMERCIAIS
2013
Francisco	Luís	F.	Ribeiro	Alves
Mestre	em	Direito
Doutorando	em	Direito	dos	Seguros
Diretor	de	Departamento	no	Instituto	de	Seguros	de	Portugal
DIREITO	DOS	SEGUROS
cessação	do	contrato.	práticas	comerciais
AUTOR
Francisco	Luís	F.	Ribeiro	Alves
EDITOR
EDIÇÕES	ALMEDINA,	S.A.
Rua	Fernandes	Tomás,	nºs	76-80
3000-167	Coimbra
Tel.:	239	851	904	·	Fax:	239	851	901
www.almedina.net	·	editora@almedina.net
DESIGN	DE	CAPA
FBA.
Junho,	2013
Apesar	 do	 cuidado	 e	 rigor	 colocados	 na	 elaboração	 da	 presente	 obra,	 devem	 os	 diplomas	 legais	 dela
constantes	ser	sempre	objeto	de	confirmação	com	as	publicações	oficiais.
Toda	a	reprodução	desta	obra,	por	fotocópia	ou	outro	qualquer	processo,	sem	prévia	autorização	escrita	do
Editor,	é	ilícita	e	passível	de	procedimento	judicial	contra	o	infrator.
__________________________________________________
BIBLIOTECA	NACIONAL	DE	PORTUGAL	–	CATALOGAÇÃO	NA	PUBLICAÇÃO
ALVES,	Francisco	Luís
Direito	dos	seguros	:	cessação	do	contrato,
práticas	comerciais.	–	(Monografias)
ISBN	978-972-40-5211-3
CDU	347
368
Em	memória	do	meu	pai
Francisco	Ribeiro	Alves
NOTA	PRÉVIA
Os	estudos	que	se	dão	a	conhecer	na	presente	publicação	 foram	elaborados	no
âmbito	 das	 investigações	 que	 o	 autor	 se	 encontra	 a	 realizar	 no	 âmbito	 da
preparação	 da	 tese	 de	 doutoramento	 a	 apresentar	 na	 Faculdade	 de	 Direito	 da
Universidade	de	Lisboa	(Clássica).
Atendendo	 a	 que	 as	 matérias	 de	 direito	 dos	 seguros	 são	 cada	 vez	 mais
estudadas,	 mas	 ainda	 não	 existem	 muitas	 publicações,	 optou-se	 por	 divulgar
desde	de	já	os	estudos	elaborados	sobre	a	cessação	do	contrato	de	seguro	e	sobre
a	incidência	do	regime	jurídico	das	práticas	comerciais	desleais	nos	seguros.
Estes	 temas	 não	 foram	muito	 desenvolvidos	 de	 forma	 autónoma	 no	 direito
comparado.	 Assim,	 pretende-se	 que	 os	 mesmos	 possam	 contribuir	 para	 o
aprofundamento	e	desenvolvimento	do	direito	dos	seguros	e	auxiliar	aqueles	que
no	dia-a-dia	lidam	com	questões	de	cariz	prático.
Uma	 palavra	 ainda	 de	 agradecimento	 ao	 Professor	 Doutor	 Pedro	 Romano
Martinez	por	aceitar	fazer	o	prefácio	e	orientar	a	minha	tese,	bem	como	a	todos
aqueles	que	contribuíram,	de	uma	forma	direta	ou	indireta,	para	a	publicação	da
presente	obra.
Lisboa,	2	de	abril	de	2013
PREFÁCIO
Em	 Portugal,	 a	 investigação	 na	 área	 dos	 seguros	 foi	 diminuta,	 comparando
nomeadamente	com	o	que	ocorreu	noutros	países	onde	este	ramo	do	Direito	não
tem,	 por	 tradição,	 um	 peso	 significativo.	 Com	 efeito,	 descurando	 os
desenvolvidos	 estudos	 de	 seguros	 feitos	 na	 Grã-Bretanha	 ou	 na	 Alemanha,
mesmo	 em	 França,	 Itália	 ou	 Espanha,	 proporcionalmente,	 a	 ciência	 jurídica
encontrou	nos	seguros	um	ramo	de	particular	relevo.
A	situação	alterou-se	com	a	entrada	em	vigor	do	novo	regime	(aprovado	pelo
Decreto-Lei	nº	72/2008,	de	16	Abril	de	2008)	–	que	podemos	designar	de	Lei	do
Contrato	de	Seguro	–,	não	só	por	via	do	debate	que	este	 regime	suscitou,	mas
particularmente	 pela	 necessidade	 de	 discutir	 as	 soluções	 plasmadas	 no	 novo
regime,	mesmo	quando	estas	seguiram	a	tradição	vigente	no	Código	Comercial.
Tal	 como	 noutras	 áreas	 do	Direito,	 o	 surgimento	 de	 um	 novo	 regime	 jurídico
desperta	a	crítica,	com	inerentes	vantagens	para	a	investigação	científica.
Antes	do	debate	relacionado	com	a	aprovação	da	Lei	do	Contrato	de	Seguro,
mesmo	nas	faculdades	de	direito,	com	raras	excepções,	não	se	dinamizaram	os
estudos	de	seguros	e	pode	dizer-se	que	a	investigação	nesta	área	esteve	a	cargo
do	Instituto	de	Seguros	de	Portugal	e	da	Associação	Portuguesa	de	Seguradores;
no	fundo,	a	investigação	era	feita,	quase	em	exclusivo,	por	entidades	–	públicas	e
privadas	–	directamente	ligadas	ao	sector.
O	 estudo	 que	 agora	 se	 divulga	 integra-se	 nesta	 nova	 era	 de	 expansão
científica	do	Direito	dos	Seguros,	mas	com	a	sua	origem	tradicional	de	análise
por	parte	de	quem,	por	via	profissional,	se	encontra	ligado	ao	sector.	De	facto,	o
Senhor	Dr.	Francisco	Luís	Alves	definiu	o	seu	percurso	de	 investigação	com	o
especial	apoio	do	Instituto	de	Seguros	de	Portugal;	apoio	que	decorre	não	só	do
incentivo	 que	 esta	 instituição	 tem	 dado	 em	 especial	 aos	 seus	 colaboradores,
como	igualmente	decorrente	da	sua	actividade	como	jurista	do	ISP.	A	esta	mais
valia	 –	 de	 jurista	 do	 ISP	 com	 amplo	 conhecimento	 de	 vários	 sectores	 –	 o	Dr.
Francisco	 Luís	 Alves	 tem	 investido	 no	 estudo	 dos	 seguros,	 com	 especial
incidência	na	preparação	da	tese	de	doutoramento	nesta	área.
Na	 preparação	 da	 tese	 de	 doutoramento,	 além	 de	 outros	 estudos	 já
publicados,	surgem	agora	dois	 textos	com	particular	 interesse	teórico	e	prático.
O	 primeiro	 estudo,	 intitulado	 «A	 cessação	 do	 contrato	 de	 seguro»,	 aborda	 um
tema	clássico,	começando	por	analisar	o	regime	comum	da	cessação	de	vínculos
jurídicos	e	concretizando	com	a	análise	do	novo	regime,	constante	dos	arts.	105º
e	ss.	da	Lei	do	Contrato	de	Seguro,	explicando	muitas	das	soluções	consagradas
na	 lei.	 O	 segundo	 estudo,	 que	 tem	 por	 título	 «O	 regime	 jurídico	 das	 práticas
comerciais	desleais	e	os	seguros»,	analisa	a	directriz	comunitária	transposta	pelo
Decreto-Lei	 nº	 57/2008,	 explicando	 os	 problemas	 suscitados	 por	 práticas
comerciais	 desleais	 que	 surgem	 no	 âmbito	 dos	 seguros,	 apontando	 para	 as
soluções	legislativas.
Os	dois	estudos	que	 integram	este	 livro	Direito	dos	Seguros,	 pelos	motivos
apontados,	 justificam	 a	 sua	 divulgação	 e,	 naturalmente,	 o	 seu	 estudo	 para
qualquer	investigação	nesta	área	dos	seguros.
Lisboa,	Abril	de	2013
Pedro	Romano	Martinez
(Professor	Catedrático
da	Faculdade	de	Direito	da	Universidade	de	Lisboa)
ABREVIATURAS	MAIS	UTILIZADAS
CC	Código	Civil
DL	57/2008	Decreto-Lei	nº	57/2008,	de	26	de	março
ISP	Instituto	de	Seguros	de	Portugal
LCCG	 Lei	 das	 Cláusulas	 Contratuais	 Gerais	 aprovada	 pelo	 Decreto-Lei	 nº
446/85,	de	25	de	outubro,	com	as	alterações	subsequentes
LDC	Lei	 de	Defesa	 do	 Consumidor	 aprovada	 pela	 Lei	 nº	 24/96,	 de	 31	 de
julho
Ob.	Cit.	Obra	citada
RJCS	Regime	Jurídico	do	Contrato	de	Seguro	aprovado	pelo	Decreto-Lei	nº
72/2008,	de	16	de	abril
RGAS	ou	DL	94-B/98	Decreto-Lei	nº	94-B/98,	de	17	de	abril	 (republicado
pelo	Decreto-Lei	nº	2/2009,	de	5	de	janeiro	e	alterado	pela	Lei	nº	28/2009,	de	19
de	junho;	Decreto-Lei	nº	52/2010,	de	26	de	maio	e	pela	Lei	nº	46/2011,	de	24	de
junho)
STJ	Supremo	Tribunal	de	Justiça
A	cessação	do	contrato	de	seguro
Parte	I
1.	Formas	de	cessação	dos	contratos	em	geral	–	Breve	referência
1.1.	Enunciação	geral
A	vinculação	 das	 partes	 aos	 contratos	 através	 da	 liberdade	 que	 dispõem	não	 é
eterna	 e	 conhece	 várias	 vicissitudes	 que	 levam	 à	modificação	 ou	 extinção	 das
obrigações.	 CUNHA	 GONÇALVES,	 a	 propósito	 da	 liberdade	 contratual	 e	 das
convenções	entre	as	partes	 refere	que	«não	podendo	 intervir,	a	cada	passo,	na
infinita	variedade	das	relações	jurídicas,	a	lei	empresta	a	força	às	convenções,
transformando	 estas	 em	 leis	 secundárias,	 por	 serem	 um	 factor	 valiosamente
adjuvante	da	ordem	pública,	 incentivo	da	prosperidade	geral	e	 instrumento	de
solidariedade	social»1.
Apesar	 da	 liberdade	 das	 partes,	 a	 cessação	 dos	 contratos,	 devido	 à	 sua
importância,	tem	regras	e	é	uma	matéria	que	aparece	relacionada	com	a	extinção
das	 obrigações	 ou	 dos	 negócios	 jurídicos,	 sendo	 tratada	 pela	 generalidade	 da
doutrina.
Colocamos	a	ênfase	no	tratamento	autónomo2	que	é	feito	por	PEDRO	ROMANO
MARTINEZ	e	que	constitui	uma	referência	imprescindível	para	o	seu	estudo.
A	doutrina	faz	um	tratamento	díspare	ao	nível	dos	conceitos,	mas	aborda,	na
análise	do	Código	Civil	de	uma	forma	ou	de	outra,	as	quatro	figuras	típicas	para
a	 extinçãodo	 negócio	 jurídico	 que	 também	constam	no	RJCS:	 a	 revogação,	 a
resolução,	a	denúncia	e	a	caducidade.	Enquanto	as	 três	primeiras	dependem	de
um	 ato	 de	 alguma	 das	 partes	 ou	 das	 duas	 quando	 resulte	 de	 um	 acordo,	 a
caducidade	decorre	de	um	facto	alheio	à	vontade	das	partes.
Existem	 ainda	 outras	 figuras	 como	 a	 inexistência,	 a	 nulidade	 e	 a
anulabilidade3,	 bem	 como	 a	 ineficácia,	 que	 fazem	 com	 que	 o	 contrato	 não
produza,	por	 regra,	 efeitos4.	O	RJCS	 faz	 referência	 às	mesmas,	mas	como	são
figuras	que	colocam	em	causa	a	própria	validade	do	negócio	 jurídico,	 fazendo
com	que	não	se	cesse	aquilo	que	 juridicamente	não	se	 iniciou,	 faremos	apenas
menções	 breves	 para	 contextualização5.	 Não	 trataremos	 o	 regime	 do
cumprimento	que	a	doutrina	identifica	como	sendo	a	causa	natural	de	cessação
por	 via	 da	 extinção	 das	 prestações	 das	 partes	 que	 se	 encontram	 realizadas6.
Assim,	interessa-nos	em	particular	as	quatro	figuras	identificadas	no	RJCS	que
podem	 levar	 a	 colocar	 um	 fim	 ao	 contrato	 antes	 do	 seu	 tempo	 previsível	 de
duração7.ANTUNES	VARELA	 engloba	 na	 extinção	 das	 obrigações,	 com	 base	 nos
artigos	837º	e	seguintes	do	CC,	para	além	do	próprio	cumprimento	da	obrigação,
a	 dação	 em	 cumprimento,	 a	 consignação	 em	 depósito,	 a	 compensação,	 a
novação,	 a	 remissão	 e	 a	 confusão8.	 A	 resolução,	 revogação	 e	 denúncia	 do
contrato	 considera-as	 enquanto	 extinção	 de	 relações	 obrigacionais	 complexas9.
Como	o	cumprimento	da	obrigação	não	 levanta	problemas	a	debater,	quando	o
contrato	tenha	cumprido	o	seu	fim,	não	se	justifica	a	sua	análise	e	quando	tenha
ocorrido	 alguma	 incidência	 relacionada	 com	 o	 contrato	 como	 falta	 de
pagamentos	 de	 prémios	 ou	 sinistros	 o	RJCS	menciona-os	 e	 repercutem-se	 nas
formas	 gerais	 de	 cessação,	 pelo	 que	 serão	 alvo	 de	 estudo.	Quanto	 às	 restantes
figuras,	 por	 serem	 de	 reduzida	 aplicabilidade	 consideramos	 não	 se	 justificar	 a
sua	análise.
LUÍS	 MENEZES	 LEITÃO,	 na	 linha	 do	 que	 é	 referindo	 pela	 generalidade	 da
doutrina,	 faz	 uma	 divisão,	 em	 termos	 genéricos,	 referindo	 que	 «quando	 as
obrigações	 resultam	 da	 autonomia	 privada,	 a	 sua	 extinção	 verifica-se	 sempre
que	o	negócio	que	 lhes	 serve	de	 fonte	 vem	a	 ser	posteriormente	destruído,	 ou
por	 um	 negócio	 jurídico	 posterior	 (a	 revogação,	 resolução	 e	 a	 denúncia)	 ou
através	de	um	facto	jurídico	stricto	sensu	(a	caducidade)	ou	ainda	por	um	efeito
conjugado	dos	dois	(a	oposição	à	renovação)»10.
Teremos	oportunidade	de	verificar	que	estas	figuras	 jurídicas	 têm	contornos
próprios	 no	 RJCS	 e	 nem	 sempre	 a	 mesma	 designação	mas	 para	 as	 destrinçar
faremos	 uma	 breve	 referência	 aos	 seus	 aspetos	 gerais	 decorrentes	 do	 Código
Civil	para	posteriormente,	com	maior	detalhe,	analisar	o	que	resulta	do	RJCS.
1.2.	Revogação
1.2.1.	Tendo	por	base	o	artigo	406º,	nº	1,	do	Código	Civil,	retiramos	a	definição
de	 revogação	 ou	 distrate11	 como	 sendo	 a	 extinção	 total	 ou	 parcial	 do	 negócio
jurídico	 através	 do	 uso	 pelas	 partes	 da	 liberdade	 contratual	 que	 lhes	 permitiu
criar	 a	 relação	 jurídica.	 Esta	 pode	 ser	 unilateral	 ou	 bilateral	 dependendo	 das
partes	 que	 levaram	 à	 vinculação.	 Caracterizando	 a	 revogação,	 atendendo	 à
autonomia	 privada,	 o	 seu	 exercício	 é	 livre	 e	 os	 efeitos	 em	 termos	 temporais,
apesar	de	por	regra	se	referir	que	se	projetam	«apenas	para	o	futuro»12,	estão	na
disponibilidade	das	partes13,	 já	que	por	acordo	as	partes	são	 livres	de	ajustar	o
que	pretenderem	desde	que	não	afetem	direitos	de	 terceiros.	Como	bem	 refere
LUÍS	 MENEZES	 LEITÃO	 «a	 revogação	 retroactiva	 deixa,	 no	 entanto,	 de	 ser
possível	sempre	que	se	 tenha	criado	uma	situação	em	benefício	de	 terceiro»14.
Em	 termos	 teóricos	 nas	 relações	 derivadas	 de	 contratos	 de	 seguro	 apenas	 será
possível	a	 revogação	com	efeito	 retroativo	quando	não	haja	um	terceiro	 lesado
num	sinistro	ou	um	beneficiário	que	já	tenha	adquirido	determinados	direitos.
1.2.2.	 No	 entanto	 existem	 limitações	 próprias	 da	 natureza	 dos	 seguros	 que
levantam	outras	complicações,	a	saber:
a)	 se	 o	 objeto	 do	 seguro	 é	 a	 cobertura	 de	 um	 risco,	 como	 é	 a	 regra15,	 o
período	decorrido	do	contrato	corresponde	a	um	cumprimento	do	mesmo	em	que
houve	cobertura	de	risco,	pelo	que	não	se	justifica	que	o	segurador	revogue	um
contrato	com	efeitos	retroativos,	sob	pena	de	estar	a	proceder	a	uma	liberalidade;
b)caso	 estejamos	 perante	 um	 seguro	 obrigatório,	 sendo	 fiscalizado	 pelas
autoridades,	retroagir	os	efeitos	da	revogação	com	devolução	do	prémio	poderá
potenciar	 situações	 de	 fraude,	 o	 que	 poderá	 contrariar	 a	 ordem	 pública	 ou	 ser
ofensivo	aos	bons	costumes	(artigos	280º,	nº	2,	e	281º	do	Código	Civil)16;
c)	quando	o	beneficiário	tenha	uma	designação	irrevogável	será	necessário	o
assentimento	do	mesmo	para	a	revogação.
1.2.3.	 Quanto	 à	 forma	 exigida	 para	 a	 revogação,	 como	 bem	 refere	 ROMANO
MARTINEZ	 «pode	 resultar	 de	 declarações	 de	 vontade	 que	 possam	 ser
interpretadas	no	sentido	de	o	vínculo	ser	distratado»17.	Atendendo	à	segurança
jurídica	será	sempre	conveniente	para	as	partes	que	o	façam	por	escrito	ou	que
pelo	menos	exista	posteriormente	um	documento	que	materialize	essas	vontades.
O	RJCS	prevê	para	a	 formalização	do	contrato	no	seu	artigo	32º,	nº	1,	que	«a
validade	 do	 seguro	 não	 depende	 da	 observância	 de	 forma	 especial»,	 mas	 de
acordo	 com	 o	 nº	 2	 «o	 segurador	 é	 obrigado	 a	 formalizar	 o	 contrato	 num
instrumento	escrito…».
Revogar	 o	 contrato	verbalmente	poderá	 trazer	 incerteza	 às	 partes	 caso	uma
delas	se	arrependa	e	a	interpretação	de	declarações	de	vontades	das	partes	deve-
se	basear	em	elementos	dos	quais	fique	registo	se	já	tiver	existido	algum	ato	de
formalização.
Assim,	se	uma	apólice	ainda	não	tiver	sido	emitida	e	as	partes	apenas	tinham
contratado	 verbalmente,	 sem	 existir	 qualquer	 suporte	 duradouro	 com	 as
declarações	de	vontade,	será	suficiente	o	distrate	verbal18.
1.2.4.	 Uma	 última	 nota	 para	 a	 possibilidade	 de	 revogações	 unilaterais	 de
negócios	bilaterais,	matéria	abordada	por	ROMANO	MARTINEZ19	e	que	tem	todo	o
interesse	 atendendo	 à	 análise	 que	 faremos	 do	 artigo	 118º	 do	 RJCS	 quanto	 à
«livre	resolução».
Refere	o	autor	que	a	revogação	unilateral	é	possível	«quando,	com	base	legal
ou	 convencional,	 se	 admita	 uma	 desvinculação	 sem	 acordo»,	 que	 é	 o	 que
acontece	nas	situações	previstas	no	artigo	118º	e	em	outros	preceitos	dispersos
que	 permitem	 a	 desvinculação	 unilateral	 com	 base	 normalmente	 em
incumprimentos	do	segurador,	mas	tratados	como	resolução20.
Precisamente	por	 isso	 refere	o	mesmo	autor	 que	pode	questionar-se	 se	 esta
forma	de	revogação	não	deveria	identificar-se	«com	outras	formas	de	cessação
do	 vínculo,	 em	 particular	 a	 denúncia	 e	 a	 resolução»21,	 concluindo	 optar	 pela
resolução.	 Atendendo	 à	 opção	 tomada	 no	 RJCS	 somos	 forçados	 a	 concordar,
pelo	que	na	 revogação	unilateral	de	negócio	bilateral	 estaremos	na	verdade	ao
nível	segurador,	como	o	artigo	118º	e	outros	o	demonstram,	perante	a	figura	da
resolução22.
1.3.	Resolução
1.3.1.	Os	artigos	432º	e	seguintes	do	Código	Civil	estabelecem	o	regime	para	a
resolução	 do	 contrato23,	 desencadeando-se	 a	 sua	 efetivação	 através	 de
declaração	 unilateral	 enviada	 à	 outra	 parte24.	 ANTUNES	 VARELA	 refere	 que	 «a
resolução	 é	 a	 destruição	 total	 da	 relação	 contratual,	 operada	 por	 um	 dos
contraentes,	 com	 base	 num	 facto	 posterior	 à	 celebração	 do	 contrato»25.	 No
entanto,	 em	 termos	 de	 RJCS,	 em	 particular	 do	 artigo	 118º	 quanto	 à	 livre
resolução,	 não	 é	 necessário	 que	 exista	 um	 fundamento	 enquanto	 facto	 jurídico
novo.	Pode	simplesmente	corresponder	a	uma	reflexão	mais	ponderada	quantoà
necessidade	de	contratação	que	leve	a	um	arrependimento26.
Como	assinala	a	doutrina,	por	exemplo	LUÍS	MENEZES	LEITÃO,	«a	resolução
caracteriza-se	 ainda	 por	 ser	 normalmente	 de	 exercício	 vinculado	 (e	 não
discricionário)»27,	 apoiando-se	 no	 artigo	 432º,	 nº	 1,	 do	 Código	 Civil,	 o	 qual
refere	 que	 a	 resolução	 se	 funda	 na	 lei	 ou	 em	 convenção28.	 Assim,	 em	 termos
civilistas	 é	 sempre	 necessário	 um	 fundamento,	 sendo	 que	 o	 mais	 corrente	 e
pacífico	é	o	incumprimento	de	uma	das	partes	com	base	no	artigo	801º,	nº	2,	do
CC29.	 Podem	 ainda	 as	 partes	 ajustar	 livremente	 cláusulas	 que	 permitam	 a
resolução	 do	 contrato	 tanto	 tendo	 por	 base	 incumprimentos	 das	 partes	 como
condições	 que	 permitam	 a	 uma	 das	 partes	 desvincular-se	 por	 ser	 contrato
associado	a	outros	nos	quais	deixou	de	ter	interesse3031.
ROMANO	MARTINEZ	 refere	 também	 com	 base	 no	 artigo	 432º	 do	CC	 que	 há
duas	modalidades	de	resolução:	a	 legal	e	a	convencional32.	Dentro	da	primeira
distingue	 a	 resolução	 fundamentada,	 enquanto	 regra	 geral,	 da	 resolução
imotivada,	 por	 exceção,	 onde	 entendemos	 de	 acordo	 com	 a	 explicação	 dada33
que	 se	 integra	 o	 direito	 ao	 arrependimento	 configurado	 no	 RJCS	 como	 livre
resolução.	 Autonomiza	 ainda	 a	 resolução	 baseada	 em	 alteração	 das
circunstâncias34.
1.3.2.	Relativamente	a	condicionantes35	 da	 resolução	e	devolução	das	quantias
recebidas	entre	as	partes36,	o	que	em	termos	seguradores	significará	o	valor	dos
prémios	 ou	 quantias	 relativas	 ao	 pagamento	 de	 sinistros,	 há	 que	 analisar	 os
artigos	432º,	nº	2;	433º;	434º	e	435º,	em	confronto	com	as	particularidades	do
RJCS.
Este	 primeiro	 preceito	 limita	 a	 possibilidade	 de	 uma	 das	 partes	 resolver	 o
contrato	 ao	 facto	 de	 restituir	 o	 que	 tenha	 recebido.	 Isto	 percebe-se	 devido	 ao
facto	de,	sem	prejuízo	dos	efeitos	da	nulidade	e	anulabilidade37	consequentes	da
previsão	do	artigo	433º,	por	regra,	a	resolução	tem	efeito	retroativo	(artigo	434º,
nº	 1,	 1ª	 parte,	 do	 CC),	 embora	 haja	 casos	 em	 que	 não	 tem	 esse	 efeito38.	 No
entanto,	o	contrato	de	seguro,	por	regra,	pode	ser	encarado	como	um	contrato	de
execução	 continuada	 ou	 periódica39	 enquanto	 contrato	 pelo	 qual	 o	 segurador
cobre	um	risco	durante	um	determinado	tempo40.
Para	 esses	 casos	 refere	 o	 artigo	434º,	 nº	 2,	 que	 a	 resolução	não	 abrange	 as
prestações	 já	efetuadas,	exceto	se	entre	estas	e	a	causa	da	resolução	existir	um
vínculo	 que	 legitime	 a	 resolução	 de	 todas	 elas.	 Tal	 pode	 ser	 o	 caso	 da	 não
regularização	 de	 um	 sinistro	 pelo	 segurador,	 coberto	 pelo	 contrato,	 que	 faça
considerar	que	ainda	que	o	 sinistro	 tivesse	ocorrido	antes	 também	não	haveria
pagamento	de	indemnização.
Referindo	 o	 artigo	 116º	 do	 RJCS	 que	 «o	 contrato	 de	 seguro	 pode	 ser
resolvido	 por	 qualquer	 das	 partes	 a	 todo	 o	 tempo,	 havendo	 justa	 causa,	 nos
termos	 gerais»	 e	 não	 fazendo	 qualquer	 previsão	 especial	 quanto	 aos	 efeitos
dessa	 resolução,	 tal	 como	o	 faz	 para	 a	 livre	 resolução	 prevista	 no	 artigo	 118º,
então	 deveremos	 atender	 às	 presentes	 regras	 gerais	 do	 CC	 e	 ao	 conteúdo	 das
regras	 contidas	 no	 RJCS	 que	 possam	 ter	 aplicação,	 nomeadamente	 os	 artigos
106º	a	108º	aos	quais	daremos	um	tratamento	detalhado	mais	adiante.
1.3.3.	Em	resumo,	e	sobre	esta	matéria	há	que	fazer	a	destrinça	entre	o	regime
geral	(Código	Civil)	e	o	regime	especial	(RJCS),	a	saber:
a)	o	CC	exige	fundamento	para	a	resolução	mas	o	RJCS	pelo	seu	artigo	118º
permite	a	livre	resolução;
b)	o	CC,	por	regra,	condiciona	o	exercício	da	resolução	à	restituição	do	que
uma	 parte	 tiver	 recebido	 da	 outra	 (artigo	 432º,	 nº	 2),	 mas	 em	 contratos	 de
execução	continuada	ou	periódica,	como	é	o	caso	dos	seguros,	a	resolução	não
abrange	as	prestações	já	efetuadas,	embora	haja	particularidades	que	obrigam	a
uma	análise	casuística	(artigo	434º);
c)	 tanto	 no	 CC	 como	 no	 RJCS	 são	 acautelados	 os	 direitos	 adquiridos	 por
terceiros	de	boa	fé,	por	via	do	artigo	435º	e	108º,	respetivamente;	d)é	comum	a
forma	de	tornar	efetiva	a	resolução,	ou	seja,	através	de	mera	declaração	enviada
à	outra	parte	(artigo	436º	do	CC41)	não	tendo	o	RJCS	disposição	específica	para
a	resolução	com	justa	causa,	embora	para	a	resolução	após	sucessão	de	sinistros
e	na	 livre	resolução	(artigos	117º,	nº	4,	e	118º,	nº	5,	respetivamente)	refira	que
deve	 ser	 exercida	 por	 declaração	 escrita	 e	 o	 artigo	 120º	 refira	 enquanto	 regra
geral	 que	 todas	 as	 comunicações	 devem	 revestir	 forma	 escrita	 ou	 serem
prestadas	por	meio	de	que	fique	registo	duradouro.
1.3.4.	Uma	última	nota	para	a	possibilidade	apontada	pela	doutrina,	por	exemplo
por	 VAZ	 SERRA	 e	 ANTUNES	 VARELA,	 de	 resolução	 por	 alteração	 das
circunstâncias42,	 tomando	 por	 base	 o	 artigo	 437º	 do	 Código	 Civil,	 as	 quais
podem	 derivar	 até	 de	 alterações	 legislativas	 que	 tornem	 a	 relação	 contratual
desequilibrada43	e	em	que	poder-se-ia	admitir	uma	resolução	meramente	parcial
quando	 tendo	 um	 contrato	 de	 seguro	 várias	 coberturas	 cessassem	 apenas
algumas	delas	ou	em	que	o	prémio	de	seguro	fosse	alterado.
Com	interesse	para	o	setor	segurador,	por	poder	estar	sujeito	ao	mesmo	tipo
de	problemas,	é	de	salientar	que	a	jurisprudência	já	admite	que	a	crise	financeira
justifique	 a	 alteração	 do	 contrato	 com	 fundamento	 em	 alteração	 das
circunstâncias.	A	este	propósito	um	acórdão	do	Tribunal	da	Relação	de	Lisboa,
de	14-06-2012,	refere	no	seu	sumário	que:
«I.	É	possível	a	modificação	do	contrato	por	alteração	das	circunstancias
sempre	que	se	verificar	uma	alteração	anormal	das	circunstancias	em	que	as
partes	 fundaram	 a	 decisão	 de	 contratar,	 a	 manutenção	 do	 conteúdo
contratual	afecte	gravemente	os	princípios	da	boa	fé	e	não	esteja	abrangida
pela	álea	própria	do	contrato	e	o	cumprimento	das	obrigações	impostas	ao
lesado	não	esteja	coberto	pelos	riscos	próprios	do	contrato.
II.	 A	 grave,	 inesperada	 e	 incontornável	 crise	 económica	 que	 se	 vem
verificando	 desde	 2008	 alterou	 as	 circunstâncias	 em	 que	 as	 partes
convencionaram	o	contrato	de	abertura	de	crédito,	em	 termos	que	 ferem	a
boa	fé,	não	sendo	normal	o	correspondente	risco.	Em	tal	caso	justifica-se	a
modificação	 do	 contrato	 segundo	 juízos	 de	 equidade,	 nos	 termos	 do	 artº
437/1,	Código	Civil»	44	.
1.4.	Denúncia
1.4.1.	 A	 denúncia	 caracteriza-se	 por	 ser	 uma	 decisão	 unilateral	 comunicada	 à
outra	 parte,	 sendo	 de	 exercício	 livre	 pelas	 partes,	 ou	 seja,	 não	 precisa	 de
fundamento45.	Por	regra,	o	seu	campo	de	aplicação	é	 limitado	aos	contratos	de
execução	continuada	ou	duradoura	como	forma	de	possibilitar	o	fim	do	contrato
quando	 as	 partes	 não	 o	 tenham	 estipulado	 contratualmente.	 Deste	 modo	 a
denúncia	 não	 afeta	 os	 efeitos	 do	 contrato	 retroativamente46	 e	 destina-se,	 sob
comunicação	 prévia	 e	 normalmente	 com	uma	determinada	 antecedência,	 a	 dar
previsibilidade	para	o	futuro	salvaguardando	o	passado47.
Aplicando-se	o	referido	aos	seguros	há	que	notar	que	estes	por	regra	têm	um
prazo	 estabelecido	 e	 caso	 não	 tenham	 entende-se	 que	 é	 de	 um	 ano
sucessivamente	 prorrogado,	 pelo	 que	 passam	 a	 existir	 sucessivamente	 outros
prazos	 fixados	para	o	 fim	do	 contrato.	Por	 essa	 razão,	os	 contratos	 renováveis
não	 terminam	 por	 caducidade	 e	 é	 necessário	 que	 uma	 das	 partes	 proceda	 à
denúncia	para	evitar	a	prorrogação	do	contrato48.
PINTO	MONTEIRO	sobre	a	necessidade	de	os	contratos	terem	um	fim	refere	que
«o	 art.	 406º	 do	 Código	 Civil	 não	 prejudica	 o	 direito	 de	 livre	 denúncia	 de
contratos	 não	 regulados	 por	 lei,	 porque	aquela	 norma	não	pode	 isolar-se	 das
demais,	do	art.	280º,	desde	logo,	sendo	contrário	à	ordem	pública	um	contrato
que	estabelecesse	vínculos	perpétuos,	pelaintolerável	restrição	à	liberdade	dos
sujeitos	que	isso	acarretaria»49.
1.4.2.	A	doutrina	divide-se	ainda	na	caracterização	da	denúncia	quando	esteja	em
causa	a	oposição	à	 renovação.	LUÍS	MENEZES	LEITÃO50	e	MENEZES	CORDEIRO51
entendem	que	 será	 uma	 figura	 hibrida	 que	 conjuga	 a	 caducidade	 e	 a	 denúncia
enquanto	 ALMEIDA	 COSTA52	 e	 PEDRO	 ROMANO	 MARTINEZ53	 entendem	 que	 se
deve	enquadrar	numa	noção	ampla	de	denúncia.
Por	nós,	ainda	que	ambas	as	posições	sejam	defensáveis,	parece-nos	que	será
mais	coerente	integrar	a	oposição	à	renovação	na	denúncia,	já	que	a	caducidade
como	 veremos	 não	 pressupõe	 qualquer	 ato	 das	 partes.	 Um	 contrato
sucessivamente	 prorrogável	 torna-se	 num	 contrato	 que	 pode	 perdurar
indefinidamente,	 pelo	 que	 para	 evitar	 esse	 efeito	 terá	 que	 existir	 denúncia.
Destes	 casos	decorre	 simplesmente	que	 a	denúncia	 já	 tem	a	 sua	data	de	 efeito
previamente	 fixada	 e	 deverá,	 por	 regra,	 ser	 efetuada	 dentro	 de	 determinados
prazos,	 mas	 ainda	 assim	 trata-se	 de	 uma	 denúncia	 que	 é	 exercida	 de	 forma
livre54.
1.5.	Caducidade
A	caducidade	de	um	contrato	consiste	na	verificação	de	um	facto	que	determina
a	extinção	de	um	vínculo	sem	necessidade	de	qualquer	ato	das	partes	para	o	seu
exercício	 em	 específico.	 Podemos	 apontar,	 em	 termos	 genéricos,	 diversas
situações55	que	materializam	a	caducidade,	a	saber:
a)	a	simples	decorrência	do	tempo56;
b)a	verificação	de	condição	resolutiva5758;
c)	 a	 morte	 ou	 extinção	 de	 uma	 das	 partes;	 d)a	 extinção	 do	 objeto	 do
contrato59.
O	 regime	 da	 caducidade	 está	 previsto	 no	 CC	 nos	 artigos	 328º	 a	 333º
estabelecendo	 o	 mesmo	 que	 a	 caducidade	 pode	 decorrer	 da	 lei	 ou	 ser
convencional.	Caso	seja	convencional	há	que	ter	atenção	quanto	às	matérias	em
que	a	mesma	é	estabelecida	devido	às	limitações	impostas	pelos	artigos	12º	e	13º
do	RJCS	quanto	às	disposições	imperativas.
MENEZES	CORDEIRO60	a	propósito	desta	matéria	faz	menção	à	caducidade	em
dois	planos,	em	sentido	lato	e	em	sentido	estrito,	no	seguinte	sentido:
a)	em	sentido	lato,	corresponde	a	um	esquema	geral	de	cessação	de	situações
jurídicas	resultantes	de	um	facto	que	a	lei	ou	outras	fontes	atribuam	esse	efeito;
b)em	sentido	estrito,	está	relacionado	com	o	tempo.
Assim,	as	várias	situações	inicialmente	referidas	também	se	integram	nestas
duas	 visões	 da	 caducidade.	 De	 um	 lado	 temos	 factos	 que	 produzem	 efeitos,
como	a	extinção	do	objeto	seguro,	e	do	outro	lado	a	decorrência	do	tempo.
-
1	Cfr.	CUNHA	GONÇALVES,	Tratado	 de	Direito	Civil	 em	 comentário	 ao	Código	Civil	Português,
Vol.	IV,	Coimbra	Editora,	Coimbra,	1932,	págs.	483	e	484.
2	V.	Da	cessação	do	contrato,	2ª	edição,	Almedina	Coimbra,	2006.
3	V.	a	este	propósito	ROMANO	MARTINEZ,	Da	cessação…,	Ob.	Cit.,	pág.	25,	em	que	a	propósito	da
invalidade	refere	que	«em	sentido	técnico,	a	extinção	dos	efeitos	de	um	contrato	pressupõe	a	sua	validade,
pelo	 que	 a	 declaração	 de	 invalidade	 não	 se	 inclui	 entre	 os	meios	 de	 cessação	 do	 contrato.	 Tal	 como	 a
invalidade,	 a	 inexistência	 e	 a	 ineficácia,	 pondo	 em	 causa	 o	 próprio	 negócio	 jurídico	 ab	 initio,	 não
conduzem	 à	 cessação	 do	 vínculo.	 Em	 suma,	 a	 cessação	 do	 contrato	 relaciona-se	 com	 situações
supervenientes	surgidas	após	a	celebração	de	um	negócio	jurídico	válido	e	eficaz».
4	 Por	 exemplo,	 a	 comercialização	 de	 um	 seguro	 por	 entidade	 não	 autorizada	 embora	 tenha	 como
consequência	a	nulidade	ainda	assim	produz	efeitos,	devendo	essa	entidade	cobrir	os	riscos	para	os	quais
recebeu	prémio	(artigo	16º,	nº	2,	do	RJCS).
5	V.	sobre	este	assunto	ALMEIDA	COSTA,	Direito	das	Obrigações,	12ª	Edição,	Almedina,	Coimbra,
2009,	pág.	318	e	com	maior	detalhe	INOCÊNCIO	GALVÃO	TELLES,	Manual	dos	Contratos	em	Geral,
4ª	edição,	Coimbra	Editora,	2002,	págs.	355	a	380.
6	 V.,	 por	 todos,	 PEDRO	 ROMANO	MARTINEZ,	 Da	 cessação	 do	 contrato,	 2ª	 edição,	 Almedina
Coimbra,	2006,	pág.	21.
7	Ainda	que	a	caducidade,	como	veremos,	tenha	contornos	um	pouco	diferentes.
8	 Cfr.	 JOÃO	 DE	 MATOS	 ANTUNES	 VARELA,	 Das	 Obrigações	 em	 geral,	 Vol.	 II,	 5ª	 edição,
Almedina,	Coimbra,	1992,	págs.	167	a	270.	Sobre	estas	figuras	jurídicas	e	a	sua	aplicação	aos	seguros	V.
JOSÉ	VASQUES,	Contrato	de	Seguro,	Coimbra	Editora,	1999,	págs.	375	a	377.	Sobre	a	novação,	remissão
e	 confusão	 V.	 igualmente	 PESSOA	 JORGE,	 Lições	 de	 Direito	 das	 Obrigações,	 1º	 Volume,	 AAFDL,
Lisboa,	1976,	págs.	681	a	690.
9	 Cfr.	Ob.	Cit.,	 págs.	 271	 a	 281.	 Refere	 o	 autor	 na	 primeira	 das	 páginas	 indicadas	 que	 as	 relações
obrigacionais	complexas	ou	múltiplas	são	compostas	«de	dois	ou	mais	deveres	principais	de	prestação	e
dos	 correlativos	 direitos	 de	 crédito	 e	 de	 toda	 a	 corte	 de	 deveres	 secundários	 de	 prestação	 e	 de	 deveres
acessórios	de	conduta,	que	amiudadas	vezes	seguem	aqueles».
10	Cfr.	LUÍS	MENEZES	LEITÃO,	Direito	das	Obrigações,	volume	II,	7ª	edição,	Almedina,	Coimbra,
2010,	 pág.	 103.	 A	 figura	 da	 «oposição	 à	 renovação»	 será	 tratada	 com	 maior	 detalhe	 a	 propósito	 da
denúncia.
11	Como	refere	DIAS	MARQUES,	a	revogação	plurilateral	é	«conhecida	por	distrate.	Dos	autores	de
um	contrato	que	posteriormente	o	revogam	diz-se	que	o	distratam».	Cfr.	DIAS	MARQUES,	Introdução	ao
Estudo	do	Direito,	I	Parte,	AAFDL,	Lisboa,	1967,	pág.	102.
12	V.	JOÃO	DE	MATOS	ANTUNES	VARELA,	Das	Obrigações	em	geral,	Vol.	II,	5ª	edição,	Almedina,
Coimbra,	 1992,	 pág.	 277.	CARLOS	ALBERTO	DA	MOTA	PINTO,	ANTÓNIO	PINTO	MONTEIRO	 e
PAULO	MOTA	 PINTO,	 Teoria	 Geral	 do	 Direito	 Civil,	 4.ª	 Edição,	 2ª	 reimpressão,	 Coimbra	 Editora,
Coimbra,	2012,	pág.	629,	referem	as	duas	possibilidades	(a	retroativa	e	para	o	futuro).
13	 Sobre	 a	 revogação	 retroativa	 V.	 DIAS	 MARQUES,	 Introdução	 ao	 Estudo	 do	 Direito,	 I	 Parte,
AAFDL,	Lisboa,	1967,	pág.	103.
14	Cfr.	Ob.	Cit.,	pág.	104.
15	Existem	seguros	do	ramo	vida	com	caráter	financeiro	onde	a	componente	risco	não	tem	os	mesmos
contornos	que	estamos	a	abordar.
16	Sobre	o	que	 se	entende	por	ordem	pública	e	bons	costumes	V.,	por	 todos,	ANTÓNIO	MENEZES
CORDEIRO,	Da	boa	fé	no	direito	civil,	Almedina,	Coimbra,	2007,	págs.	1197	a	1224.
17	Cfr.	do	autor,	Da	cessação…,	Ob.	Cit.,	pá.	52.
18	Refere	PAIS	DE	VASCONCELOS	que	«a	 forma	da	 revogação	 é	 também,	 em	 regra,	 a	mesma	do
acto	revogado».	Cfr.	do	autor,	Teoria	Geral	do	Direito	Civil,	6ª	edição,	Almedina,	Coimbra,	2010,	pág.	772.
19	Cfr.	Da	cessação…,	Ob.	Cit.,	págs.	52	a	57.
20	V.,	por	exemplo,	artigo	34º,	nº	6,	do	RJCS.
21	Cfr.	Da	cessação…,	Ob.	Cit.,	pág.	52.	Acrescenta	o	autor	na	pág.	53	da	sua	obra	que	«a	revogação
unilateral	pode	 ter	por	 fundamento	a	necessidade	de	um	dos	 contraentes	ponderar	os	 termos	do	acordo
ajustado.	A	possibilidade	de	uma	das	partes	revogar	o	contrato	num	período	breve	após	a	sua	celebração,
porque	 se	 arrepende,	 é	 conferida	 para	 protecção	 de	 quem	 se	 considera	 mais	 fraco	 numa	 relação
contratual,	 nomeadamente	 o	 consumidor».	 Esta	 é	 precisamente	 a	 previsão	 do	 artigo	 118º	 do	 RJCS	 que
possibilita	um	período	de	reflexão	ao	tomador	do	seguro.
22	Nestas	situações	de	desvinculação	unilateral	estamos	perante	o	direito	de	arrependimento	 típico	na
proteção	do	consumidor.	V.	artigo	8º,	nº	4,	da	Lei	nº	24/96,	de	31	de	julho	(Lei	de	Defesa	do	Consumidor).
23	PAIS	DE	VASCONCELOS,	em	Teoria	Geral	do	Direito	Civil,	Ob.	Cit.,	pág.	772,	define	resolução
referindo	que	«é	uma	declaração	unilateral	recipienda	ou	receptícia	pela	qual	uma	das	partes,	dirigindo-se
à	outra,	põe	termo	ao	negócio	retroactivamente,	destruindo	assim	a	relação	contratual».	Sobre	os	conceitos
de	rescisão	e	resolução,	que	se	equiparam,	V.	também	ANA	PRATA,	Dicionário	Jurídico,	I	Vol.,	5ª	Edição,
Almedina,	 Coimbra,	 2008,	 págs.	 1292,	 1293	 (para	 a	 rescisão),	 1198	 e	 1299	 (para	 a	 resolução).	 Sobre	 a
resoluçãoV.	também	VAZ	SERRA,	Resolução	do	contrato,	BMJ,	nº	68,	Lisboa,	1957,	págs.	153	a	289	e
JOSÉ	CARLOS	BRANDÃO	PROENÇA,	A	resolução	do	contrato	no	direito	civil,	 reimpressão,	Coimbra
Editora,	Coimbra,	2006.
24	Cfr.	artigo	436º	do	Código	Civil.
25	Cfr.	JOÃO	DE	MATOS	ANTUNES	VARELA,	Das	Obrigações	…,	Ob.	Cit.,	pág.	273.
26	JOSÉ	ENGRÁCIA	ANTUNES	define	o	direito	de	arrependimento	ou	desistência	como	«a	faculdade
que	a	lei	atribui	a	uma	das	partes	de	um	contrato	mercantil	já	celebrado	de,	durante	um	determinado	prazo
e	através	de	mera	declaração	unilateral	e	discricionária,	 se	desvincular	desse	mesmo	contrato».	Cfr.	do
autor,	Direito	dos	Contratos	Comerciais,	Almedina,	Coimbra,	2009,	pág.	325.	Sobre	o	arrependimento	V.
também	 o	 estudo	 bastante	 detalhado	 e	 interessante	 de	 JOSÉ	 CARLOS	 BRANDÃO	 PROENÇA,	 A
desvinculação	não	motivada	nos	 contratos	de	 consumo,	 in	Revista	 da	Ordem	dos	Advogados,	Ano	 70,
Lisboa,	Jan.	/	Dez.	2010,	págs.	219	a	270	e	ROMANO	MARTINEZ,	Da	cessação	do	contrato,	2ª	edição,
Almedina	Coimbra,	2006,	págs.	160	a	167,	onde	faz	menção	aos	seguros	na	pág.	165.
27	Cfr.	do	autor,	Ob.	Cit.,	pág.	105.
28	Como	assinala	Dias	Marques	quando	distingue	revogação	de	rescisão	(entendida	como	resolução),	«o
critério	que	serve	para	as	diferenciar	liga-se	à	liberdade	de	que,	eventualmente	dispõe	o	respectivo	autor
ou	autores.	 Se	 o	 acto	 é	 tal	 que	 os	 seus	 efeitos	 podem	 ser	 eliminados	 sem	dependência	 da	 invocação	de
quaisquer	motivos,	 fala-se	de	 revogação;	 se,	 pelo	 contrário,	 essa	 eliminação	 se	 encontra	dependente	da
prévia	ocorrência	de	um	certo	condicionalismo	justificativo,	fala-se	de	rescisão.	O	acto	revogatório	é,	pois,
um	acto	livre,	ao	passo	que	o	acto	rescisório	é	vinculado».	Cfr.	DIAS	MARQUES,	Introdução	ao	Estudo
do	Direito,	Vol.	I,	Lisboa,	1963,	pág.	369.
29	 Refere	 este	 último	 preceito	 que	 «tendo	 a	 obrigação	 por	 fonte	 um	 contrato	 bilateral,	 o	 credor,
independentemente	 do	 direito	 à	 indemnização,	 pode	 resolver	 o	 contrato	 e,	 se	 já	 tiver	 realizado	 a	 sua
prestação,	exigir	a	restituição	dela	por	inteiro».
30	Cfr.	artigo	270º	do	Código	Civil,	o	qual	refere	que	«as	partes	podem	subordinar	a	um	acontecimento
futuro	e	 incerto	a	produção	dos	 efeitos	do	negócio	 jurídico	ou	a	 sua	 resolução:	no	primeiro	caso	diz-se
suspensiva	a	condição;	no	segundo,	resolutiva».
31	Estas	cláusulas	podem	ou	não	ter	efeito	automático,	ou	seja,	não	necessitar	de	uma	manifestação	de
uma	das	partes	que	faça	operar	o	efeito	da	condição.	Como	refere	ANTUNES	VARELA,	Ob.	Cit.,	pág.	276,
«a	cláusula	resolutiva	distingue-se	da	condição	resolutiva,	porque	arrasta	consigo	a	 imediata	destruição
da	relação	contratual,	logo	que	o	facto	futuro	e	incerto	se	verifica.	Ao	passo	que	a	cláusula	resolutiva,	uma
vez	verificado	o	facto,	apenas	concede	ao	beneficiário	o	poder	de	resolver	o	contrato».	Sobre	esta	matéria
V.	 também	 JOÃO	 CALVÃO	 DA	 SILVA,	 Cumprimento	 e	 Sanção	 Pecuniária	 Compulsória,	 4ª	 edição,
Almedina,	Coimbra,	2007,	págs.	321	a	328	e	Vaz	Serra,	Resolução	do	contrato,	BMJ,	nº	68,	Lisboa,	1957,
págs.	249	a	251.
32	A	convencional	corresponde	ao	mero	acordo	ao	abrigo	da	liberdade	contratual	através	de	cláusulas
pré-fixadas.	 Sobre	 a	 resolução	 convencional	 V.	 ROMANO	 MARTINEZ,	 Da	 Cessação…,	 Ob.	 Cit.,
págs.170	a	174.
33	V.	Da	cessação…,	Ob.	Cit.,	pág.	67,	nota	de	rodapé	118.
34	V.	para	maiores	pormenores	do	autor,	Da	Cessação…,	Ob.	Cit.,	pág.	67.
35	Quanto	aos	efeitos	da	resolução	V.,	por	exemplo,	NUNO	MANUEL	PINTO	OLIVEIRA,	Princípios
de	Direito	dos	Contratos,	Coimbra	Editora,	2011,	págs.	879	a	897.
36	ANÍBAL	DE	CASTRO,	A	Caducidade	na	Doutrina,	na	Lei	e	na	Jurisprudência,	2ª	edição,	Livraria
Petrony,	 Lisboa,	 1980,	 pág.	 210,	 em	 crítica	 à	 solução	 legislativa	 defende	 que	 é	 «doutrinária	 e
cientificamente	 errado	 o	 recurso	 a	 um	 instituto	 tipicamente	 retroactivo	 para	 enquadrar	 situações,	 por
natureza	 não	 retroactivas,	 quando	 o	 instituto	 da	 dissolução,	 mediante	 a	 rescisão	 ou	 revogação	 seria	 o
adequado	à	respectiva	subsunção».
37	A	ratio	genérica	do	legislador	do	CC	terá	sido	a	de	reconstituir	a	situação	anterior	à	contratação,	daí
os	efeitos	fixados	nos	artigos	289º	e	290º	do	CC.
38	O	artigo	434º,	nº	1,	2ª	parte,	 refere	que	não	será	 retroativo	se	contrariar	a	vontade	das	partes	ou	a
finalidade	da	resolução.
39	 Cfr.	 PIRES	DE	LIMA	 e	 ANTUNES	VARELA,	Código	 Civil	 Anotado,	 Vol.	 I,	 Coimbra	 Editora,
1987,	pág.	411,	em	que	os	autores	utilizam	o	contrato	de	seguro	como	exemplo	de	um	contrato	de	execução
continuada	ou	periódica.
40	 Se	 as	 partes	 nada	 estipularem	 quanto	 ao	 tempo	 do	 contrato	 entende	 que	 é	 por	 um	 ano	 com
prorrogações	sucessivas.	Cfr.	artigos	40º	e	41º	do	RJCS.
41	Sobre	este	preceito	V.	NUNO	MANUEL	PINTO	OLIVEIRA,	Princípios	de	Direito	dos	Contratos,
Coimbra	Editora,	2011,	págs.	879	a	897.
42	V.	MENEZES	CORDEIRO,	Da	alteração	das	circunstâncias,	in	Separata	dos	Estudos	em	Memória
do	 Prof.	 Doutor	 Paulo	 Cunha,	 Lisboa,	 1987;	 CARVALHO	 FERNANDES,	A	 Teoria	 da	 imprevisão	 no
Direito	Civil	português,	reimpressão,	Lisboa,	2001,	VAZ	SERRA,	Resolução	ou	modificação	do	contrato
por	 alteração	 das	 circunstâncias,	 BMJ,	 nº	 68,	 1957,	 págs.	 293	 a	 384;	 ANTUNES	 VARELA,	 Das
Obrigações	 em	 geral,	 Vol.	 II,	 5ª	 Ed.,	 Almedina,	 Coimbra,	 1992,	 págs.279	 a	 281;	 PEDRO	 ROMANO
MARTINEZ,	Da	cessação	do	contrato,	2ª	edição,	Almedina,	Coimbra,	2006,	págs.	157	a	159	e	CARLOS
ALBERTO	DA	MOTA	PINTO,	ANTÓNIO	PINTO	MONTEIRO	e	PAULO	MOTA	PINTO,	Teoria	Geral
do	Direito	Civil,	4.ª	Edição,	2ª	reimpressão,	Coimbra	Editora,	Coimbra,	2012,	págs.	608	a	613.
43	No	direito	 italiano	V.,	por	exemplo,	ENRICO	GABRIELLI,	Contratto	 e	Contratti,	UTET,	Torino,
2011,	 págs.	 230	 a	 267,	 que	 trata	 a	 alteração	 de	 circunstâncias	 através	 da	 designação	 «resolução	 por
excessiva	 onerosidade»	 em	 comentário	 aos	 artigos	 1467º	 e	 seguintes	 do	 Codice	 Civile;	 MARIO
BARCELLONA,	Clausole	generali	e	giustizia	contrattuale,	G.	Giappichelli	Editore,	Torino,	2006,	págs.
201	 a	 208	 e	 Francesco	 Camilletti,	 Profili	 del	 problema	 dell’eequilibrio	 contrattuale,	 Giuffrè	 Editore,
Milano,	2004,	págs.	66	a	83.
44	Cfr.	em	www.dgsi.pt	o	Proc.	187/10.4TVLSB.L2-2,	com	o	relator	Sérgio	Almeida.
45	Como	referem	CARLOS	ALBERTO	DA	MOTA	PINTO,	ANTÓNIO	PINTO	MONTEIRO	e	PAULO
MOTA	PINTO,	Teoria	Geral	do	Direito	Civil,	4.ª	Edição,	2ª	reimpressão,	Coimbra	Editora,	Coimbra,	2012,
pág.	631,	«o	fundamento	material	desta	denunciabilidade	ad	nutum	é	a	tutela	da	liberdade	dos	sujeitos,	que
seria	 comprometida	 por	 um	 vínculo	 demasiadamente	 duradouro».	 Sobre	 o	 conceito	 de	 denúncia	 com	 a
súmula	 de	 extensa	 doutrina	 V.	 RUI	PINTO	 DUARTE,	A	 denunciabilidade	 das	 obrigações	 contratuais
duradouras	propter	rem,	in	Revista	da	Ordem	dos	Advogados,	ano	70,	vols.	I	a	IV	(Janeiro-Dezembro	de
2010),	2010,	págs.	273	a	297.
46Sobre	este	assunto	V.,	por	exemplo,	o	acórdão	do	Supremo	Tribunal	de	Justiça,	de	19-03-2009,	Proc.
09A0334,	relator	Fonseca	Ramos,	em	www.dgsi.pt,	o	qual	refere	que:
«V)	 –	 Se	 a	 Seguradora/ré	 comunica	 ao	 segurado	 que	 “face	 às	 presentes	 circunstâncias	 do	 mercado
segurador,	 não	 procederemos	 à	 renovação	 automática	 da	 vigência	 da	 apólice”,	 tal	 declaração	 negocial
deveráser	 entendida	 –	 segundo	 as	 regras	 da	 hermenêutica	 negocial	 –	 como	 denúncia	 do	 contrato,
impedindo	a	renovação	automática.
VI)	–	A	denúncia	 é	um	direito	potestativo,	 assente	numa	declaração	unilateral	 recipienda,	que	produz	o
efeito	extintivo	de	uma	relação	jurídica,	em	regra	duradoura,	tendo	eficácia	apenas	em	relação	ao	futuro,	e
não	efeito	retroactivo,	como	sucede	com	a	resolução».
47	Como	veremos	também	se	integra	na	denúncia	a	proposta	de	alteração	do	contrato.	Refere	ROMANO
MARTINEZ	que	«por	 vezes,	 a	 denúncia	 resulta	 de	 uma	propostade	 alteração	do	 contrato;	 se	 uma	das
partes	 envia	 à	 outra	 uma	 declaração,	 afirmando	 que	 o	 contrato	 só	 pode	 manter-se	 se	 for	 alterado
determinado	 aspecto,	 por	 exemplo	 o	 valor	 da	 contraprestação,	 a	 recusa	 do	 destinatário	 quanto	 a	 tal
modificação	leva	a	concluir	que	a	proposta	de	alteração	contratual	vale	como	denúncia».	Cfr.	do	autor,	Da
Cessação...,	Ob.	Cit.,	pág.	117.
48	Cfr.	artigos	40º,	41º,	nº	1,	e	112º	do	RJCS.
49	Cfr.	PINTO	MONTEIRO,	Anotação	ao	Acórdão	do	Tribunal	da	Relação	do	Porto	de	27	de	junho
de	1995,	in	Revista	de	Legislação	e	de	Jurisprudência,	Ano	130,	nº	3877,	pág.	123.	Com	apoio	em	extensa
doutrina	 PAULO	 ALBERTO	 VIDEIRA	 HENRIQUES	 também	 considera	 que	 a	 admissibilidade	 de
denúncia	em	relações	contratuais	de	duração	 indeterminada	constitui	um	princípio	geral	do	nosso	direito.
Para	 maiores	 pormenores	 V.,	 do	 autor,	 A	 desvinculação	 unilateral	 Ad	 Nutum	 nos	 contratos	 civis	 de
sociedade	e	de	mandato,	nº	54,	Studia	 Iuridica,	Coimbra	Editora,	Coimbra,	2001,	págs.	210	e	211.	Com
algumas	particularidades,	admitindo	vinculações	perpétuas,	V.	RUI	PINTO	DUARTE,	A	denunciabilidade
das	obrigações	contratuais	propter	rem,	Revista	da	Ordem	dos	Advogados,	Ano	70,	Jan.	/	Dez.	2010,	pág.
285,	onde	refere	que	o	Direito	não	repele	«toda	e	qualquer	vinculação	perpétua,	mas	a	vinculação	perpétua
sem	contrapartida	ou	com	uma	contrapartida	perdida	no	tempo.	Quando	essa	vinculação	surge	associada	a
um	direito	 –	 pelo	menos,	 a	 um	direito	 real,	mormente	 ao	 de	 propriedade	 –	 o	Direito	 admite-a».	Assim,
podemos	concluir	que	o	contrato	de	seguro	não	preenche	esta	exceção,	sendo	suposto	que	 tenha	um	fim,
ainda	que	o	contrato	de	seguro	possa	ser	transmitido	por	morte	do	tomador,	como	veremos,	já	que	tendo	o
contrato	duração	indeterminada	o	RJCS	prevê	expressamente	a	possibilidade	de	denúncia.
50	Cfr.	LUÍS	MENEZES	LEITÃO,	Direito	das	Obrigações,	Ob.	Cit.,	pág.	109	e	110.
51	Cfr.	MENEZES	CORDEIRO,	Tratado	de	Direito	Civil	Português,	II,	Tomo	IV,	Almedina,	Coimbra,
2010,	pág.	342,	onde	refere	que	«a	denúncia	deve	distinguir-se	da	oposição	à	renovação,	instituto	pelo	qual
as	partes,	em	contratos	a	prazo	de	renovação	automática,	podem	obstar	unilateralmente	a	que	tal	suceda.
Na	 oposição	 não	 se	 verifica,	 logicamente,	 a	 supressão	 de	 um	 contrato	 com	 a	 consequente	 extinção	 de
obrigações,	mas	tão	só	a	não	continuação	de	idênticas	situações	obrigacionais».
52V.	ALMEIDA	COSTA,	Direito	das	Obrigações,	12.ª	ed.,	Almedina,	Coimbra,	2009,	pág.	322.
53	V.	PEDRO	ROMANO	MARTINEZ,	Da	cessação	do	contrato,	2ª	edição,	Almedina,	Coimbra,	2006,
págs.	45	e	116	a	125,	onde	refere	que	a	oposição	à	renovação	é	uma	modalidade	da	denúncia.
54	Acompanhamos,	deste	modo,	PEDRO	ROMANO	MARTINEZ	quando	refere	que	«sendo	a	denúncia
um	meio	para	evitar	que	a	vinculação	dos	contraentes	se	protele	indefinidamente,	vale	nos	mesmos	moldes,
tanto	para	relações	duradouras	sem	limite	 temporal	estabelecido,	como	para	aquelas	em	que	exista	uma
renovação	automática.	A	diferença	reside	no	 facto	de,	por	um	lado,	nas	primeiras,	a	denúncia	não	estar
sujeita	 a	 prazos,	 enquanto,	 nas	 segundas,	 é	 para	 se	 exercer	 no	 fim	 da	 vigência	 ou	 da	 renovação	 do
contrato,	e,	por	outro	lado,	porque	nos	contratos	celebrados	por	tempo	indeterminado	a	denúncia	é	o	meio
autónomo	(directo)	de	cessação	do	negócio	jurídico,	ao	passo	que,	nos	contratos	de	renovação	automática,
a	denúncia	conduz	à	cessação	do	vínculo	conjugada	com	a	caducidade,	ou	seja,	é	um	meio	 indirecto	de
extinção	do	contrato».	Cfr.	do	autor,	Da	Cessação…,	Ob.	Cit.,	pág.	63	e	64.
55	ANÍBAL	DE	CASTRO,	A	Caducidade	na	Doutrina,	na	Lei	e	na	Jurisprudência,	2ª	edição,	Livraria
Petrony,	Lisboa,	1980,	págs.	227	a	241,	identifica	várias	situações	de	caducidade	para	além	da	decorrência
do	tempo,	nomeadamente	o	falecimento	anterior;	a	incapacidade	superveniente;	a	falência	ou	insolvência;	o
repúdio,	aceitação	da	herança,	renúncia	e	retratação;	a	perda	de	objeto;	e	a	falta	ou	ausência	de	causa.
56	MENEZES	CORDEIRO	refere-se	ao	efeito	do	tempo	como	a	caducidade	em	sentido	estrito	enquanto
a	verificação	de	um	facto	superveniente	com	eficácia	extintiva	corresponderá	a	uma	caducidade	em	sentido
amplo.	V.	do	autor,	Tratado	de	Direito	Civil	Português,	II,	Tomo	IV,	Almedina,	Coimbra,	2010,	pág.	342.
ROMANO	MARTINEZ	faz	a	mesma	divisão	referindo	que	«a	caducidade	pode	ser	entendida	em	sentidos
estrito	e	amplo.	No	sentido	estrito,	há	caducidade	se	decorreu	o	prazo	pelo	qual	o	contrato	foi	celebrado.
Em	sentido	amplo	(por	vezes	dito	impróprio),	alude-se	igualmente	à	caducidade	como	forma	de	extinção
dos	contratos	em	caso	de	impossibilidade	não	imputável	a	uma	das	partes	de	efetuar	a	sua	prestação;	de
facto,	num	contrato	sinalagmático,	se	uma	das	partes	não	pode	realizar	a	sua	prestação,	a	contraparte	fica
desobrigada	da	contraprestação	(art.	795º,	nº	1,	do	CC)».
57	Será	a	única	situação	que	pode	ter	efeitos	retroativos	sem	decorrer	da	convenção	das	partes.	V.	artigo
276º	do	Código	Civil.
58	Incluindo	esta	situação	na	caducidade	com	algumas	particularidades	V.	ROMANO	MARTINEZ,	Da
cessação…,	Ob.	Cit.,	págs.	46	e	49.	Refere	o	autor	na	pág.	48	que	se	«as	partes	podem	ajustar	variadas
condições,	nomeadamente	relacionadas	com	o	cumprimento	(ou	incumprimento)	de	prestações	contratuais,
caso	em	que	a	cláusula	pode	corresponder	a	uma	resolução	convencional».	Acrescenta	ainda,	quanto	a	esta
situação	 de	 resolução	 convencional	 que	 «como	 o	 contrato	 cessa	 pela	 verificação	 de	 um	 facto	 jurídico
stricto	 sensu	 estar-se-á	 perante	 uma	 hipótese	 de	 caducidade;	 contudo,	 no	 que	 respeita	 à	 condição
resolutiva,	 diferentemente	 do	 termo	 final	 ou	 resolutivo,	 o	 legislador	 remete	 para	 o	 regime	 da	 resolução
(arts.	274º,	nº	2,	276º	e	277º,	nº	1,	do	CC).	Assim	sendo,	a	condição	resolutiva	aponta	para	uma	solução
híbrida,	em	que	estruturalmente	a	cessação	do	vínculo	corresponde	à	caducidade,	não	obstante	o	regime
ser	 de	 resolução».	 No	 sentido	 de	 incluir	 a	 condição	 resolutiva	 na	 figura	 da	 caducidade	 V.	 igualmente
ANÍBAL	DE	CASTRO,	A	 Caducidade	 na	 Doutrina,	 na	 Lei	 e	 na	 Jurisprudência,	 2ª	 edição,	 Livraria
Petrony,	Lisboa,	1980,	pág.	208.	Sobre	a	cláusula	resolutiva	expressa	V.	ainda	JOSÉ	CARLOS	BRANDÃO
PROENÇA,	Lições	de	cumprimento	e	não	cumprimento	das	obrigações,	Coimbra	Editora,	2011,	págs.	362
a	 374;	 e	BAPTISTA	MACHADO,	Pressupostos	 da	 resolução	 por	 incumprimento,	 in	 «Obra	 Dispersa»,
vol.	I,	Scientia	Iuridica,	Braga,	1991,	págs.	184	a	187.
59	V.	artigo	795º	do	CC.
60	Cfr.	para	maiores	detalhes	do	autor,	Direito	dos	Seguros,	Almedina,	Coimbra,	2013,	págs.	714	e	715.
Parte	II
2.	As	formas	de	extinção	do	contrato	de	seguro	no	RJCS	–	Breve	enunciação
2.1.	Considerações	gerais
O	RJCS	 tem	 um	 capítulo	 próprio	 para	 a	 cessação	 do	 contrato	 (artigos	 105º	 a
118º),	mas	as	formas	aí	previstas	(caducidade,	revogação,	denúncia	e	resolução)
não	são	as	únicas	que	levam	à	extinção	das	obrigações	decorrentes	do	contrato,
razão	 pela	 qual	 cabe	 analisar	 essas	 outras	 figuras	 jurídicas	 e	 a	 forma	 como
produzem	efeitos61.	O	artigo	84º	para	os	seguros	de	grupo	também	prevê	que	o
tomador	 do	 seguro	 pode	 fazer	 cessar	 o	 contrato	 por	 revogação,	 denúncia	 ou
resolução.	Não	é	referida	a	caducidade	pois	não	pressupõe	um	ato	do	tomador	e
o	preceito	centra-se	nas	formas	que	podem	ser	utilizadas	pelo	mesmo.
Primeiramente,	 abordaremos	 as	 situações	 que	 levam	 à	 nulidade	 e
anulabilidade	do	contrato	e	que	tem	as	suas	regras	gerais	nos	artigos	285º	a	294º
do	CC,	mas	que	o	RJCS	faz	menção	prevendo	também	os	seus	efeitos.	O	artigo
285º	 é	 claro	 ao	 referir	 que	 «na	 falta	 de	 regime	 especial,	 são	 aplicáveis	 à
nulidade	 e	 à	 anulabilidade	 do	 negócio	 jurídico	 as	 disposições	 dos	 artigos
subsequentes».	 Este	 regime	 especial	 existe	 quando	 o	 RJCS	 estipulaprazos	 e
efeitos	 para	 cada	 uma	 das	 figuras	 jurídicas	 embora	 possam	 ocorrer	 situações
genéricas,	não	reguladas	pelo	RJCS,	em	que	se	deva	aplicar	o	CC62.
Seguidamente	veremos	as	situações	que	não	podem	no	futuro	originar	efeitos,
para	desse	modo	serem	suscetíveis	de	cessação,	como	é	o	caso	da	 ineficácia63.
Finalmente,	 em	 capítulo	 próprio,	 serão	 analisadas	 as	 quatro	 figuras	 gerais	 de
cessação	do	contrato	de	seguro,	já	identificadas.
2.2.	A	invalidade	–	nulidade	e	anulabilidade
2.2.1.	Existe	um	conjunto	de	preceitos	no	RJCS	em	que	o	legislador	menciona	a
anulabilidade	 e	 a	 nulidade64	 fixando	 os	 respetivos	 efeitos.	 O	 artigo	 16º,	 nº	 2,
prevê	a	situação	da	nulidade	por	falta	de	autorização	legal	do	segurador,	embora
tal	 não	 resulte	 em	 perda	 de	 efeitos	 em	 relação	 ao	 que	 foi	 contratado65.	 O
legislador	 não	 pretende	 reconhecer	 legitimidade	 a	 quem	 não	 tem	 autorização
para	exercer	uma	atividade,	mas,	como	sanção66	e	para	proteção	de	contraentes
de	 boa	 fé,	 não	 retira	 eficácia	 às	 garantias	 contratadas.	 Atendendo	 a	 estas
consequências	não	pode	o	suposto	segurador	alegar	nulidade	para	se	desvincular
das	suas	obrigações.
Nos	ensinamentos	de	DIAS	MARQUES	poderíamos,	na	verdade,	aproximar	esta
figura	da	nulidade	prevista	no	artigo	16º	à	da	irregularidade,	já	que	refere	aquele
que	 quando	 existem	 atos	 jurídicos	 que	 não	 respeitam	 a	 lei,	 com	 ofensa	 das
normas	que	 proíbem	em	dadas	 circunstâncias	 a	 sua	 celebração,	«mas	 uma	 vez
celebrados,	o	Direito	entende	conveniente	não	os	 ferir	de	 invalidade,	a	 fim	de
não	prejudicar	 certos	 interesses	particularmente	dignos	de	protecção.	E	 então
aplica	aos	seus	autores	uma	sanção	de	outra	ordem:	v.g.,	uma	multa,	uma	pena
disciplinar,	etc…».	Acrescenta	o	autor	que	«este	regime	jurídico	tem	o	nome	de
irregularidade»67.
Também	 Carlos	 ALBERTO	 DA	 MOTA	 PINTO,	 ANTÓNIO	 PINTO	 MONTEIRO	 e
PAULO	MOTA	PINTO	 referem	que	«enquanto	 a	 invalidade	 importa	 a	 destruição
dos	 efeitos	 negociais,	 a	 irregularidade,	 embora	 provenha	 de	 um	 vício	 interno
negocial,	tem	consequências	menos	graves,	não	afectando	a	eficácia	do	negócio,
mas	dando	apenas	lugar	a	sanções	especiais»68.
Deste	 modo,	 através	 do	 artigo	 16º	 do	 RJCS	 o	 contrato	 produz	 efeitos	 e	 o
autor	 da	 infração	 é	 punido.	A	 falta	 de	 autorização	 legal	 é	 punível	 com	 coima
através	de	contraordenação	nos	termos	do	artigo	214º,	alínea	a),	do	RGAS.
2.2.2.	Com	bastante	relevância	temos	também	a	sanção	para	o	caso	de	existirem
omissões	 por	 parte	 do	 tomador.	 O	 artigo	 25º,	 nº	 1,	 do	 RJCS,	 refere	 que	 as
omissões	dolosas	tornam	o	contrato	anulável69,	pelo	que	está	dependente	de	uma
ação	 do	 segurador	 a	 exercer	 em	 três	 meses	 a	 contar	 do	 conhecimento	 do
incumprimento	do	dever	de	informar	do	tomador.
O	 contrato	 com	 esse	 incumprimento	 pode	 ou	 não	 produzir	 efeitos
dependendo	do	exercício	do	direito	de	anulação	pelo	segurador,	sendo	certo	que
enquanto	não	decorra	esse	prazo	não	terá	que	cobrir	nenhum	sinistro	nos	termos
do	 artigo	 25º,	 nº	 3.	 Em	 termos	 práticos	 o	 contrato	 apenas	 começa	 a	 produzir
efeitos	 após	 o	 decurso	 do	 prazo	 de	 três	 meses,	 caso	 o	 segurador	 não	 remeta
declaração	ao	tomador	considerando	o	contrato	anulado.
O	 artigo	 26º,	 nº	 1,	 alínea	 b),	 faz	menção	 de	 que	 o	 segurador	 nas	 omissões
negligentes70	 pode	 fazer	 cessar	o	contrato,	demonstrando	que,	 em	caso	algum,
celebra	contratos	para	a	cobertura	de	riscos	relacionados	com	o	facto	omitido	ou
declarado	inexatamente.
Se	 houver	 sinistro	 antes	 de	 o	 segurador	 conhecer	 a	 omissão	 ou	 cessar	 o
contrato,	prevê	o	nº	4	sobre	as	opções	de	que	dispõe,	a	saber:
a)	cobre	o	sinistro	na	proporção	da	diferença	entre	o	prémio	pago	e	o	prémio
que	 seria	 devido	 como	 se	 na	 celebração	 do	 contrato	 tivesse	 conhecido	 o	 facto
omitido	ou	declarado	inexatamente	[alínea	a)];
b)não	 cobre	 o	 sinistro	 demonstrando	 que	 em	 caso	 algum	 teria	 celebrado	 o
contrato	se	tivesse	conhecido	a	omissão	ou	inexatidão.
Assim,	enquanto	na	primeira	situação	o	contrato	continuou	a	produzir	efeitos,
ainda	que	reduzidos	proporcionalmente	ao	prémio	recebido	e	risco	assumido,	na
segunda	os	efeitos	extinguem-se	ab	initio71.
Quando	 o	 vício	 se	 relaciona	 com	 a	 própria	 coisa	 segura,	 o	 artigo	 124º
também	 remete	 para	 os	 efeitos	 dos	 artigos	 24º	 a	 26º	 e	 94º,	 o	 que	 determina	 a
possibilidade	de	anulação	do	contrato	ou	cobertura	de	sinistro	na	proporção	do
risco	existente.
2.2.3.	Para	a	falta	de	 interesse	ou	de	risco	o	RJCS	prevê	como	consequência	a
nulidade.	 O	 artigo	 43º	 prevê	 a	 nulidade	 se	 não	 existir	 um	 interesse	 digno	 de
proteção	legal	relativamente	ao	risco	coberto.
O	artigo	44º	prevê	igualmente	a	nulidade	se	o	risco	cessou	ou	se	também	não
chegar	a	existir	risco	no	futuro.	Assim,	sempre	que	cesse	o	risco	cessa	o	contrato
por	desaparecer	o	fundamento	que	permite	segurar.
Para	 estas	 situações,	 quando	 se	 esteja	 perante	 uma	 contratação	 inicial	 o
contrato	nem	chega	a	produzir	efeitos,	pois	é	nulo	desde	o	seu	início,	mas	caso	a
nulidade	 se	 verifique	 já	 na	 vigência	 pela	 superveniência	 de	 um	 facto,	 então	 já
estaremos	 perante	 uma	 caducidade.	É	 o	 que	 decorre	 da	 análise	 que	 fazemos	 à
caducidade	 no	 presente	 artigo	 e	 em	 particular	 do	 artigo	 110º	 do	 RJCS,	 que
analisaremos	com	maior	detalhe.
Quanto	a	forma	de	a	nulidade	ou	anulabilidade	produzirem	efeitos	há	a	referir
que	ambas	podem	ser	invocadas	ou	arguidas	(artigos	286º	e	287º	do	CC),	sendo
que	a	nulidade	pode	ser	declarada	oficiosamente	pelo	tribunal.	Assim,	a	nulidade
opera	 ipso	 jure	 distinguindo-se	 da	 anulabilidade,	 já	 que	 regra	 geral	 o	 negócio
anulável	é	válido	enquanto	não	for	anulado72.	O	RJCS,	em	particular	no	regime
da	anulação,	como	vimos,	 fixa	os	seus	efeitos	de	forma	díspare	a	propósito	do
artigo	25º	 e	 26º,	 pelo	 que	 será	 a	 este	 que	deveremos	 atender	 enquanto	 regime
especial.
2.2.4.	 Relativamente	 à	 nulidade	 pretendemos	 ainda	 deixar	 uma	 breve	 nota
para	 a	 possibilidade	 de	 redução	 ou	 extinção	 de	 cobertura	 devido	 a	 cláusulas
abusivas.	O	artigo	3º	do	RJCS	abre	a	porta	para	a	receção	do	regime	relativo	a
cláusulas	 contratuais	 gerais	 e	 defesa	 do	 consumidor,	 pelo	 que	 ganha	 especial
relevância	 o	 Decreto-Lei	 nº	 446/85,	 de	 25	 de	 outubro	 (Lei	 das	 Cláusulas
Contratuais	Gerais)73,	o	qual	constitui	um	 limite	a	ser	observado	nos	contratos
de	seguros74.	Dispõe	aquele	diploma,	no	seu	artigo	15º,	que	«são	proibidas	as
cláusulas	 contratuais	gerais	 contrárias	à	boa	 fé»,	 constituindo	 este	 um	aspeto
decisivo	 para	 extinguir	 ou	 reduzir	 um	 contrato	 se	 o	 mesmo	 não	 servir	 os
interesses	 do	 consumidor75,	 fornecendo	 ainda	 a	 lei	 elencos	 de	 cláusulas
relativamente	e	absolutamente	proibidas	que	são	por	essa	via	abusivas76.
Os	 artigos	 9º	 e	 13º	 da	 LCCG	 dispõem	 sobre	 a	 regra	 de	 subsistência	 dos
contratos	depois	de	excluídas	as	cláusulas	que	não	devam	constar	dos	mesmos,
mas	se	um	contrato	não	puder	subsistir	 sem	essas	cláusulas	expurgadas	haverá
nulidade	 de	 todas	 as	 obrigações	 a	 que	 as	 partes	 se	 vincularam.	 O	 artigo	 12º
reafirma	 a	 nulidade	 para	 as	 cláusulas	 contratuais	 gerais	 proibidas,	 mas	 tem
presente	que	se	deve	aproveitar	sempre	que	possível	o	negócio	jurídico	através
da	figura	da	redução,	conforme	prevê	o	artigo	14º.
Atendendo	a	que	o	regime	do	Código	Civil	também	é	acolhido	nos	termos	do
artigo	4º	do	RJCS,	é	de	atender	aos	artigos	292º	e	293º	do	CC	que	determinam	a
redução	ou	conversão	do	negócio	jurídico.
2.2.5.	 Por	 último,	 cabe	 fazer	 referência	 à	 faculdade	 de	 cessar	 o	 contrato	 nos
termos	 referidos	 pelo	 regime	 das	 práticas	 comerciais	 desleais77,	 constante	 do
Decreto-Lei	nº	57/2008,	de	26	de	março,	que	no	seu	artigo	14º,nº	1,	prevê	que
«os	contratos	celebrados	sob	a	influência	de	alguma	prática	comercial	desleal
são	 anuláveis	 a	 pedido	 do	 consumidor,	 nos	 termos	 do	 artigo	 287º	 do	 Código
Civil».
Esta	é	uma	faculdade	à	disposição	do	consumidor	entre	outras,	as	quais	não
obedecem	a	qualquer	hierarquia.	A	escolha	é	livre,	pelo	que	pode	o	mesmo	ainda
«requerer	 a	 modificação	 do	 contrato	 segundo	 juízos	 de	 equidade»	 (nº	 2)	 ou
reduzir	o	contrato	ao	seu	conteúdo	válido	anulando-se	as	restantes	cláusulas	(nº
3).
2.3	Ineficácia
Há	algumas	situações	que	o	RJCS	apenas	dispõe	sobre	os	efeitos,	referindo	que
o	contrato	não	tem	eficácia78	embora	possa	ter	sido	celebrado.	Nestas	situações
pode	 o	 contrato	 produzir	 efeitos	 relativamente	 a	 algumas	 pessoas	 e	 não
relativamente	 a	 outras.	 Para	 as	 que	 não	 chega	 a	 produzir	 efeitos	 não	 se	 pode
chegar	a	falar	em	cessação	do	contrato	porque	a	condição	para	um	efeito	findar	é
o	de	se	ter	iniciado.
No	que	se	refere	à	representação	do	tomador	o	artigo	17º,	nº	2,	menciona	que
a	 falta	 de	 ratificação	 do	 contrato	 de	 seguro	 leva	 à	 falta	 de	 eficácia	 para	 o
tomador,	mas	nos	termos	do	nº	3	pode	produzir	efeitos	para	o	representante.	Não
existindo	ratificação	o	contrato	 inicia-se,	mas	não	retroage	os	seus	efeitos	nem
vincula	o	potencial	representado.
Para	 a	 representação	 do	 segurador	 dispõe	 o	 artigo	 30º	 mencionando	 a
possibilidade	 de	 o	 contrato	 ser	 celebrado	 por	mediador	 de	 seguros	 agindo	 em
nome	 do	 segurador.	 No	 entanto,	 não	 existindo	 poderes	 específicos	 para	 tal,	 o
contrato	 é	 ineficaz	 originariamente79	 em	 relação	 ao	 representado	 até	 que	 o
ratifique.
Três	situações:
i.	segurador	nunca	chega	a	conhecer	o	contrato	e	não	fica	vinculado;
ii.	segurador	conhece	o	contrato	e	não	manifesta	oposição	no	prazo	de	cinco
dias	a	contar	do	conhecimento,	o	que	o	vincula	(art.	30º,	nº	2);
iii.	 existem	 razões	 ponderosas	 que	 justificam	 a	 confiança	 do	 tomador	 do
seguro	 de	 boa	 fé	 na	 existência	 e	 validade	 do	 contrato	 devido	 ao	 facto	 de	 o
próprio	segurador	ter	contribuído	para	gerar	a	confiança.
Assim,	quando	não	chega	a	existir	formalmente	contrato	por	falta	de	poderes
de	representação	ou	ratificação,	o	mesmo	não	chega	a	cessar.	Se	ocorrer	a	última
situação	já	existe	vinculação	e	efeitos	jurídicos.
3.	Os	 preceitos	 de	 natureza	 imperativa	 absoluta	 e	 relativa	 na	 cessação	 do
contrato
O	 RJCS	 nos	 seus	 artigos	 12º	 e	 13º	 elenca	 determinadas	 situações	 que	 não
admitem	convenção	 em	 sentido	diverso	 e	 outras	 em	que	 se	 admite	 um	 regime
mais	 favorável	 ao	 tomador	 do	 seguro,	 ao	 segurado	 ou	 ao	 beneficiário	 da
prestação	de	seguro80.
O	capítulo	referente	à	cessação	do	contrato,	que	abarca	os	artigos	105º	a	118º,
está	 na	 sua	 maioria	 classificado	 como	 regime	 de	 caráter	 imperativo	 relativo,
estando	 apenas	 o	 artigo	 117º,	 nº	 3,	 classificado	 como	 sendo	 imperativo
absoluto81.
Existem	 ainda	 alguns	 preceitos	 dispersos	 que	 têm	 relevância	 para
classificarmos	 como	 imperativos	 e	 que	 se	 refere	 à	 cessação	 do	 contrato	 ou
extinção	de	obrigações,	pelo	que	sem	prejuízo	de	existirem	outros,	identificamos
os	seguintes:
a)	imperativos	absolutos	–	artigos	16º,	34º,	43º,	44º,	61º,	80º,	86º;
b)imperativos	relativos	–	artigos	17º	a	26º,	86º,	88º,	92º,	nº	1,	93º	e	101º.
Atendendo	 a	 que	 a	maioria	 do	 regime	 relativo	 à	 cessação	 do	 contrato	 tem
índole	imperativa	relativa	haverá	sempre	alguma	margem	de	liberdade	para	que
as	partes	estabeleçam	soluções	mais	vantajosas	para	os	consumidores82.
No	 entanto,	 como	 nos	 seguros	 de	 grandes	 riscos	 não	 estará	 em	 causa	 a
relação	com	consumidores,	o	artigo	12º,	nº	2,	permite	que	o	conteúdo	dos	artigos
59º	e	61º,	quanto	ao	pagamento	prévio	do	prémio	e	a	resolução	automática	por
falta	de	pagamento,	seja	contrariado	através	de	convenção	em	sentido	diverso.
Do	 mesmo	 modo,	 aquilo	 que	 se	 entende	 como	 disposições	 imperativas
relativas,	 identificadas	 no	 artigo	 13º,	 nº	 1,	 não	 são	 aplicáveis	 aos	 seguros	 de
grandes	riscos,	pelo	que	rege	a	liberdade	contratual	conforme	prevista	no	artigo
11º.
Assim,	torna-se	importante,	antes	de	mais,	fazer	uma	breve	destrinça	sobre	as
situações	e	ramos	de	seguro	em	que	poderemos	estar	perante	riscos	de	massa	e
grandes	riscos.
4.	Seguros	de	massa	e	de	grandes	riscos
4.1.	Atendendo	a	que	a	distinção	entre	 seguros	de	massa	e	 seguros	de	grandes
riscos	 tem	 relevância	 para	 apuramento	 das	 situações	 em	 que	 o	 regime	 é
imperativo	 ou	 em	 que	 existe	 liberdade	 contratual	 máxima	 para	 as	 partes
estipularem	 as	 soluções	 que	 entendam,	 nomeadamente	 para	 o	 regime	 da
cessação	do	contrato,	que	é	o	regime	de	que	nos	ocupamos	no	presente	estudo,
faremos	uma	breve	distinção	dos	ramos	que	cabem	em	cada	tipologia83.
Os	 riscos	 de	 massa	 são	 aqueles	 em	 que	 atendendo	 à	 sua	 generalização	 se
configura	uma	maior	proteção	ao	tomador	do	seguro84	ou	segurado	enquanto	nos
grandes	 riscos	 é	 suposto	 que	 haja	 maior	 igualdade	 entre	 as	 partes,	 as	 quais
atendendo	 aos	 seguros	 em	 causa	 ou	 valores	 de	 prémios	 envolvidos	 terão
capacidade	 ou	 conhecimentos	 específicos	 para	 analisar	 com	 maior	 detalhe	 as
condições	contratuais	ajustadas.
Nos	 seguros	 de	 massa	 os	 segurados	 estarão	 protegidos	 por	 regimes
imperativos	que	pretendem	tornar	a	relação	contratual	mais	equilibrada,	situação
que	não	se	justificará	nos	grandes	riscos.
A	 propósito	 da	 proteção	 do	 segurado	 consumidor,	 no	 sentido	 exposto,
também	referem	GERALDINE	IFRÁN	e	ANDREA	SIGNORINO	BARBAT	que	no	seguro
de	grandes	riscos	há	uma	flexibilização	dessa	proteção,	que	pode	até	ser	afastada
no	caso	de	relações	com	impérios	empresariais	que	têm	um	potencial	económico
que	faz	com	que	não	precisem	de	ser	protegidos,	 já	que	se	 relacionam	com	os
seguradores	 num	 plano	 de	 igualdade85.	 Têm	 os	 segurados	 de	 grandes	 riscos,
como	menciona	TAPIA	HERMIDA,	uma	capacidade	de	autoproteção86.
4.2.	A	delimitação	no	regime	português87	do	que	se	entende	por	grandes	riscos
consta	do	artigo	2º,	nº	3,	do	RGAS,	estando	abrangidos:
a)	os	riscos	que	respeitem	aos	ramos	de	seguro	referidos	nos	nºs	4),	5),	6),	7),
11)	e	12)	do	artigo	123º,	ou	seja,	os	ramos	«veículos	ferroviários»,	«aeronaves»,
«embarcações	 marítimas,	 lacustres	 e	 fluviais»,	 «mercadorias	 transportadas»,
«responsabilidade	civil	de	aeronaves»	e	«responsabilidade	civil	de	embarcações
marítimas,	lacustres	e	fluviais»,	respetivamente;
b)os	riscos	que	respeitem	aos	ramos	de	seguro	referidos	nos	nºs	14)	e	15)	do
artigo	123º,	ou	seja,	os	ramos	de	«crédito»	e	«caução»,	 sempre	que	o	 tomador
exerça	 a	 título	 profissional	 uma	 atividade	 industrial,	 comercial	 ou	 liberal	 e	 o
risco,	se	reporte	a	essa	atividade;
c)	os	 riscos	que	 respeitem	aos	 ramos	de	 seguro	 referidos	nos	nºs	3),	8),	9),
10),	 13)	 e	 16)	 do	 artigo	 123º,	 ou	 seja,	 «veículos	 terrestres»,	 «incêndio	 e
elementos	da	natureza»	 ,	«outros	danos	em	coisas»,	«responsabilidade	civil	de
veículos	 terrestres	 a	 motor»,	 «responsabilidade	 civil	 geral»	 e	 «perdas
pecuniárias	 diversas»	 desde	 que,	 relativamente	 ao	 tomador,	 sejam	 excedidos
dois	dos	seguintes	valores,	referidos	no	artigo	2º,	nº	4,	a	saber:
i.	total	do	balanço	–	6,2	milhões	de	euros	[alínea	a)];
ii.	montante	 líquido	do	volume	de	negócios	–	12,8	milhões	de	euros	[alínea
b)];
iii.	 número	médio	 de	 empregados	 durante	 o	 último	 exercício	 –	 250	 [alínea
c)].
Os	não	mencionados	são	entendidos	como	riscos	de	massa,	como	seja	o	ramo
«acidentes»	 ou	 «doença»,	 os	 quais	 merecem	 tipicamente	 uma	 preocupação
superior	 do	 legislador	 para	 proteção	 dos	 tomadores,	 segurados,	 beneficiários	 e
lesados.
5.	Tipos	de	classificação
5.1.	Formas	originárias	e	supervenientes
5.1.1.	 No	 RJCS	 tal	 como	 noCódigo	 Civil	 podemos	 verificar	 que	 existem
impossibilidades	 originárias	 e	 supervenientes88,	 que	 como	 veremos	 se
relacionam	com	a	 invalidade	 a	que	 já	 fizemos	menção.	Enquanto	 a	primeira	 é
anterior	 ao	 contrato	 já	 existindo	 no	 momento	 da	 celebração	 do	 contrato	 a
impossibilidade	 superveniente	 surge	 após	 o	 vínculo	 das	 partes	 perante	 certos
pressupostos	que	se	alteram.
A	 impossibilidade	 pode	 ser	 total	 ou	 parcial	 e,	 colocando	 em	 causa	 a
subsistência	da	relação	contratual	no	futuro,	deverá	ser	absoluta	e	definitiva.
O	 Código	 Civil	 distingue	 a	 impossibilidade	 originária	 da	 superveniente,
através	dos	seguintes	preceitos:
a)	impossibilidade	originária	–	artigos	280º,	286º	e	289º	a	294º;
b)impossibilidade	superveniente	–	artigos	790º	e	seguintes	e	801º	e	seguintes.
Na	 impossibilidade	 originária	 constam	 as	 situações	 em	 que	 o	 objeto	 do
negócio	 é	 impossível,	 física	 ou	 legalmente,	 enquanto	 as	 supervenientes89	 são
posteriores	à	celebração	tornando	a	prestação	também	impossível.
No	RJCS	poderemos	também	identificar	esta	divisão,	da	seguinte	forma:
a)	impossibilidade	originária	–	artigos	25º;	26º;	43º	e	44º;
b)impossibilidade	superveniente	–	43º;	61º,	nº	4;	91º	a	94º	e	96º.
5.1.2.	 No	 que	 se	 refere	 às	 impossibilidades	 originárias,	 as	 omissões	 de
declaração	do	 risco	dolosas	ou	negligentes	por	parte	do	 tomador	ou	 segurador
tornam	o	 contrato	 anulável,	 pelo	que	no	 caso	das	omissões	 serem	dolosas	não
está	obrigado	a	cobrir	o	sinistro	que	entretanto	ocorra	(artigo	25º,	nº	3)	e	no	caso
de	serem	negligentes	teremos	que	distinguir	duas	situações:
i.	 impossibilidade	 originária	 parcial	 –	 o	 segurador	 cobre	 o	 sinistro	 na
proporção	 da	 diferença	 entre	 o	 prémio	 pago	 e	 o	 que	 seria	 devido	 caso	 não
houvesse	omissão	[artigo	26º,	nº	4,	alínea	a)]90;
ii.	 impossibilidade	 originária	 total	 –	 o	 segurador	 não	 cobre	 o	 sinistro
demonstrando	que	em	caso	algum	teria	celebrado	o	contrato	se	tivesse	conhecido
o	facto	omitido.
Embora	 estas	 impossibilidades	 originárias	 sejam	 verificadas	 a	 posteriori,
reportam-se	 ao	 momento	 da	 contratação	 fazendo	 com	 que	 o	 contrato	 nem	 se
tivesse	concretizado	ou	fosse	celebrado	em	moldes	diferentes.
Do	mesmo	modo,	a	referência	aos	artigos	43º	e	44º	deriva	da	consequência
prevista	 de	 nulidade	 que	 faria	 com	 que	 o	 contrato	 nem	 fosse	 celebrado	 não
existindo	 interesse	 do	 tomador	 ou	 segurado,	 bem	 como	 risco	 a	 cobrir	 pelo
segurador.	 Exemplo	 desta	 situação	 é	 o	 de	 alguém	 que	 faz	 um	 seguro	 com	 a
cobertura	de	desemprego	estando	já	desempregado	e	não	sendo	possível	usufruir
de	qualquer	cobertura.
5.1.3.	Quanto	à	 impossibilidade	superveniente,	 aplica-se	 o	 artigo	 43º	 quando
tenha	 deixado	 de	 existir	 interesse	 durante	 a	 execução	 do	 contrato.	 Poderemos
referir	como	exemplo	o	desaparecimento	do	objeto	seguro.
O	 artigo	 61º,	 nº	 4,	 faz	 menção	 à	 alteração	 superveniente	 à	 celebração	 do
contrato	que	gere	o	pagamento	de	um	prémio	adicional,	pelo	que	não	existindo
esse	pagamento	o	contrato	só	subsiste	reduzido	se	tal	não	se	revelar	impossível.
No	mesmo	 raciocínio	quando	 exista	 um	agravamento	do	 risco	o	 segurador,
nos	termos	do	artigo	93º,	nº	2,	tem	duas	possibilidades,	a	saber:
i.	apresentar	ao	tomador	do	seguro	proposta	de	modificação	do	contrato,	que
se	 entende	 tacitamente	 aceite	 pelo	 tomador	 ou	 segurado	 se	 nada	 disser	 em	 30
dias	[alínea	a)];
ii.	 resolver	o	contrato,	demonstrando	que,	em	caso	algum,	celebra	contratos
que	cubram	riscos	com	as	características	resultantes	do	agravamento	[alínea	b)].
Deste	 regime	 resulta	 que	 na	 execução	 do	 contrato	 de	 seguro	 podem	 existir
alterações	 que	 levam	 à	 cessação	 do	 contrato	 por	 se	 tornar	 impossível	 para	 o
segurador	a	cobertura	dos	riscos.	Ainda	que	consideremos	que	em	absoluto	não	é
impossível	ao	segurador	cobrir	esses	riscos	o	legislador	faz	equivaler	o	facto	de
o	segurador	não	ter	como	prática	a	cobertura	de	determinados	riscos	como	uma
impossibilidade	que	leva	à	resolução	do	contrato.
Numa	 situação	 em	 que	 a	 alteração	 do	 risco	 se	 materializa	 para	 um	 ramo
diferente	em	que	o	segurador	não	tenha	autorização	legal91	para	o	seu	exercício
será	 natural	 essa	 impossibilidade.	 Pensemos	 num	 caso	 em	 que	 uma	 empresa
altera	o	objeto	da	sua	atividade	e	que	por	essa	via	passa	a	ter	riscos,	pelo	menos
em	parte,	diferentes.
Poderemos	 ainda	 apontar	 outros	 exemplos,	 não	 exaustivos,	 de
impossibilidades	supervenientes,	embora	muitos	tenham	raiz	na	falta	de	interesse
do	artigo	43º,	a	saber:
i.	o	desaparecimento	do	objeto	seguro92;
ii.	a	morte	do	tomador	do	seguro,	a	não	ser	o	contrato	preveja	e	seja	possível
de	transmitir	ao	segurado	ou	terceiro	interessado	(artigo	96º)93;
iii.	 a	 cessação	 de	 contrato	 associado	 do	 qual	 o	 contrato	 de	 seguro	 estava
dependente	em	união	de	contratos.
5.2.	Formas	voluntárias	e	involuntárias
O	contrato	de	seguro	pode	cessar	como	veremos	através	de	várias	formas,	mas
há	umas	que	dependem	de	um	ato	de	vontade	de	uma	ou	ambas	as	partes	e	outras
que	são	alheias	às	mesmas.
Temos,	 então	 nesta	 matéria	 a	 extinção	 ipso	 iure94,	 resultante	 de	 um	 facto
jurídico	 a	 que	 lei	 atribui	 efeitos,	 e	 a	 extinção	 ex	 voluntate,	 que	 advém	 de
declarações	 de	 vontade	 de	 uma	 ou	 ambas	 as	 partes	 que	 permitem	 a
desvinculação	das	mesmas	às	obrigações	assumidas.
A	 resultante	 de	 um	 facto	 corresponde	 à	 caducidade,	 onde	 tem	 superior
relevância	o	decurso	do	 tempo	ou	a	extinção	do	objeto	seguro.	A	resultante	da
vontade	encaixa	na	revogação,	denúncia	e	resolução.
Na	 revogação	 de	 um	 contrato	 terão	 que	 existir	 declarações	 de	 vontade	 de
todas	 as	 partes	 que	 deram	 origem	 ao	 vínculo95,	 mas	 em	 todas	 as	 formas	 que
sejam	 unilaterais,	 como	 é	 o	 caso	 da	 resolução	 e	 da	 denúncia96,	 a	 declaração
partindo	 apenas	 de	 uma	 das	 partes	 torna	 a	 cessação	 voluntária	 para	 essa	 e
involuntária	 para	 a	 parte	 que	 se	 desvincula	 sem	 ter	 tido	 qualquer
comportamento,	 ainda	 que	 tácito,	 que	 levasse	 à	 conclusão	 da	 pretensão	 de	 se
desligar	do	contrato.
Para	 os	 beneficiários	 que	 constam	 do	 contrato	 temos	 duas	 situações.	 Se	 a
designação	 for	 irrevogável	 é	 necessário	 um	 ato	 voluntário	 do	 beneficiário
permitindo	a	cessação	do	contrato97.	Se	não	for	esse	o	caso	o	contrato	cessa	sem
a	sua	intervenção.
No	que	diz	respeito	ao	seguro	de	vida	o	artigo	199º,	nº	1,	do	RJCS	prescreve
que	«a	pessoa	que	designa	o	beneficiário	pode	a	qualquer	momento	revogar	ou
alterar	 a	 designação,	 excepto	 quando	 tenha	 expressamente	 renunciado	 a	 esse
direito	 ou,	 no	 seguro	 de	 sobrevivência,	 tenha	 havido	 adesão	 do	 beneficiário».
Por	 esta	 ordem	 de	 ideias	 também	 a	 cessação	 do	 contrato	 pode	 vincular
involuntariamente	 ou	 voluntariamente	 o	 beneficiário	 conforme	 seja	 ou	 não
necessário	o	seu	assentimento.
5.3.Formas	diretas	e	indiretas
Dentro	das	formas	que	designamos	de	voluntárias	encontramos	ainda	aquelas	em
que	uma	das	partes	ou	ambas	tomaram	atitudes	que	levaram	diretamente	ao	fim
do	 contrato	 e	 outras	 situações	 em	que	 embora	 o	 pensamento	 final	 não	 fosse	 o
contrato	de	seguro,	o	efeito	 jurídico	dos	seus	atos	 teve	repercussão	no	mesmo,
como	seja	a	venda	do	veículo	automóvel	que	tem	os	efeitos	descritos	no	artigo
21º	do	Decreto-Lei	nº	291/2007,	de	21	de	agosto98.
A	 propósito	 da	 distinção	 entre	 resolução	 direta	 e	 indireta	 refere	 ROMANO
MARTINEZ	que	na	direta	a	dissolução	do	vínculo	é	consequência	imediata	de	uma
declaração	 de	 vontade,	 enquanto	 a	 indireta	 implica	 «a	 dissolução	 de	 outro
vínculo	 como	 consequência	 do	 facto	 extintivo.	 Assim,	 havendo	 coligação
negocial,	a	resolução	de	um	contrato	pode	ter	como	efeito	a	extinção	de	outrovínculo»99.
Está	 em	 causa	 a	 matéria	 da	 união	 de	 contratos100	 sobre	 a	 qual	 a
jurisprudência	se	tem	debruçado,	por	ser	matéria	que	provoca	alguma	litigância.
Assim,	 por	 exemplo,	 refere	 um	 acórdão	 do	Tribunal	 da	Relação	 de	 Lisboa
que:
«	 1	 –	 A	 recíproca	 dependência	 entre	 o	 contrato	 de	 financiamento	 e	 o
respeitante	 à	 aquisição	 financiada,	 corresponde	 à	 figura	 da	 união	 de
contratos,	 repercutindo-se	 as	 vicissitudes	 de	 um	 no	 outro,	 arrastando	 a
invalidade	 de	 um	 deles	 a	 destruição	 do	 outro,	 mostrando-se	 a	 ligação
funcional	 entre	 venda	 e	 mútuo,	 mostrando-se	 a	 união	 desses	 contratos,	 a
nulidade	ou	anulabilidade	do	contrato	de	compra	e	venda	incidirá	também
sobre	o	contrato	de	mútuo.
2	–	Os	actos	praticados	à	sombra	de	um	negócio	nulo,	nulos	são	também,
e,	 portanto,	 os	 negócios	 praticados	 à	 sombra	 de	 um	 negócio	 anulável,
anuláveis	são	também»101.
O	Decreto-Lei	 nº	 222/2009,	 de	 11	 de	 setembro,	 que	 estabelece	medidas	 de
proteção	do	consumidor	na	celebração	de	contratos	de	seguro	de	vida	associados
ao	 crédito	 à	 habitação,	 dispõe	 no	 artigo	 3º,	 nº	 1,	 a	 propósito	 da	 união	 de
contratos102	que	«(...)	sempre	que	exista	uma	união	entre	o	contrato	de	seguro
de	 vida	 e	 o	 contrato	 de	 crédito	 à	 habitação,	 a	 validade	 e	 a	 eficácia	 daquele
contrato	depende	da	validade	e	eficácia	deste».
Assim,	 a	 extinção	 dos	 efeitos	 de	 um	 contrato	 de	 crédito	 pode	 levar
indiretamente	à	cessação	do	contrato	de	seguro	por	desaparecimento	do	contrato
principal	 ao	 qual	 o	 seguro	 se	 destinava	 a	 dar	 garantia.	 Se	 houver	 uma
correspondência	 num	 contrato	 de	 crédito	 entre	 o	 capital	 em	 dívida	 e	 o	 capital
seguro,	 desaparecendo	 o	 contrato	 de	 crédito	 deixa	 de	 existir	 capital	 seguro
levando	à	inexistência	de	risco,	o	que	determina	a	nulidade	nos	termos	do	artigo
43º	do	RJCS.
-
61	 Sobre	 a	 enumeração	 das	 formas	 de	 cessação	 do	 contrato	 de	 seguro	 V.,	 por	 exemplo,	 JOSÉ
ENGRÁCIA	ANTUNES,	Direito	dos	Contratos	Comerciais,	Almedina,	Coimbra,	2009,	págs.	723	e	724.
62	MARCEL	FONTAINE	assinala	que	existem	causas	comuns	de	nulidade	e	outras	causas	específicas
dos	seguros.	Nas	comuns	o	autor	integra,	por	exemplo,	a	falta	ou	vício	de	consentimento,	incapacidade	ou
ilicitude.	Nas	específicas	integra	a	falta	de	interesse	no	seguro,	ausência	de	risco,	omissões	e	inexatidões	de
má	fé,	contratos	por	menores	ou	contratos	celebrados	por	segurador	não	habilitado	a	exercer	a	atividade.
Para	maior	detalhe	V.	MARCEL	FONTAINE,	Droit	des	Assurances,	Quatrième	édition,	Larcier,	Bruxelles,
2010,	págs.	302	a	304.
63	Fazendo	a	distinção	de	 forma	detalhada	entre	 as	 figuras	da	 inexistência,	 invalidade	e	 ineficácia	V.
INOCÊNCIO	GALVÃO	TELLES,	Manual	 dos	Contratos	 em	Geral,	 4ª	Edição,	Coimbra	Editora,	 2002,
págs.	355	a	383	e	António	Menezes	Cordeiro,	Tratado	de	Direito	Civil	Português,	I	Parte	Geral,	Tomo	I,	3ª
Edição,	Almedina,	Coimbra,	2011,	págs.	853	a	888.
64	Sobre	 a	matéria	 da	 anulabilidade	 e	 nulidade	 em	geral	V.,	 por	 exemplo,	CARLOS	ALBERTO	DA
MOTA	PINTO,	ANTÓNIO	PINTO	MONTEIRO	e	PAULO	MOTA	PINTO,	Teoria	Geral	do	Direito	Civil,
4.ª	 Edição,	 2ª	 reimpressão,	 Coimbra	 Editora,	 Coimbra,	 2012,	 págs.	 617	 a	 632	 e	 JEAN-CLAUDE
MONTANIER,	Le	contrat,	4e	édition,	PUG,	Grenoble,	2005,	págs.	185	a	202.
65	Quanto	 à	 questão	 da	 essencialidade	 da	 empresa	 para	 que	 exista	 contrato	 de	 seguro	 existe	 intensa
discussão	 doutrinária	 V.,	 por	 todos,	 MARIA	 ELISABETE	 GOMES	 RAMOS,	 O	 Seguro	 de
Responsabilidade	Civil	dos	Administradores,	Almedina,	Coimbra,	2010,	págs.	411	a	414,	em	particular	a
nota	de	rodapé	1596	nas	págs.	412	e	413.	Por	nós,	atendendo	a	que	a	escolha	do	legislador	do	RJCS	recaiu
sobre	 penalizar	 aquele	 que	 não	 tem	 autorização	 para	 segurar	 os	 riscos	 mas	 protegendo	 o	 tomador,
conferindo-lhe	 direitos	 como	 se	 o	 contrato	 tivesse	 sido	 validamente	 celebrado	 entre	 partes	 legítimas,
tendemos	a	 considerar	que	a	 autorização	do	 segurador	não	é	um	elemento	 imprescindível	 ainda	que	 seja
obrigatório.
66	Sobre	a	nulidade	como	sanção	V.,	por	exemplo,	HERBERT	HART,	O	conceito	de	direito,	tradução
de	 Armindo	 Ribeiro	 Mendes,	 5ª	 edição,	 Fundação	 Calouste	 Gulbenkian,	 Lisboa,	 2007,	 págs.	 41	 a	 43.
Entendendo	que	o	 legislador	estabeleceu	uma	forma	de	sanção	civil	para	prevenir	e	penalizar	o	exercício
ilícito	da	atividade	seguradora	V.	MARIA	EDUARDA	RIBEIRO,	em	anotação	ao	artigo	16º,	AAVV,	Lei	do
Contrato	de	Seguro	Anotada,	Ob.	Cit.,	pág.	94.	Na	mesma	obra	PEDRO	ROMANO	MARTINEZ	conclui
em	apreciação	ao	artigo	16º,	nº	2,	que	«a	nulidade	(atípica)	(…)	manifesta-se	nas	faculdades	que	o	tomador
tem	de	a	todo	o	momento	passar	a	desconsiderar	o	contrato	com	o	segurador	não	autorizado	e	de	exigir
reaver	o	montante	do	prémio	pago	que	exceda	aquilo	que	se	possa	determinar	como	o	valor	de	mercado	da
cobertura»	(pág.	96).
67	Cfr.	DIAS	MARQUES,	Introdução	ao	Estudo	do	Direito,	Volume	I,	Lisboa,	1963,	pág.	353.
68	Cfr.	CARLOS	ALBERTO	DA	MOTA	PINTO,	ANTÓNIO	PINTO	MONTEIRO	e	PAULO	MOTA
PINTO,	Teoria	Geral	do	Direito	Civil,	4.ª	Edição,	2ª	 reimpressão,	Coimbra	Editora,	Coimbra,	2012,	pág.
627.
69	MENEZES	CORDEIRO,	com	base	no	regime	alemão,	aborda	a	possibilidade	de	a	lei	ter	optado	pela
resolução	do	contrato.	Cfr.	Direito	dos	Seguros,	Almedina,	Coimbra,	2013,	pág.	584.	Refere	ainda	o	autor
na	pág.	586	que	em	termos	de	cessação	de	contrato	estamos	perante	uma	«anulação	sui	generis,	 total	ou
parcial».
70	 A	 omissão	 negligente	 pressupõe	 a	 não	 conformidade	 com	 a	 diligência	 e	 deveres	 de	 cuidado	 que
seriam	exigíveis.
71	Caso	não	ocorra	sinistro	os	prazos	a	respeitar	para	a	cessação	ou	proposta	de	alteração	constam	do
artigo	26º,	nº	2.
72	Neste	sentido	V.	PIRES	DE	LIMA	e	ANTUNES	VARELA,	Código	Civil	Anotado,	Vol.	I,	Coimbra
Editora,	1987,	pág.	263.
73	Sobre	a	importância	das	cláusulas	contratuais	gerais	refere-se	JOÃO	CALVÃO	DA	SILVA	no	sentido
em	que	«permitem	a	racionalização	da	contratação	em	massa	com	milhares	de	pessoas,	ganhando	tempo	e
poupando	 incomodidades	aos	clientes	que	desejam	ser	atendidos	depressa	e	bem».	Cfr.	Do	autor,	Banca
Bolsa	e	Seguros,	Tomo	I,	2ª	Ed.,	Almedina,	Coimbra,	2007,	págs.162	e	163.	Para	maior	detalhe	sobre	o
tema	V.	 também	do	mesmo	 autor	 págs.	 159	 e	 segs.;	ALMENO	DE	SÁ,	Cláusulas	 contratuais	 gerais	 e
Directiva	 sobre	 cláusulas	 abusivas,	 2ª	 ed.	 Revista	 e	 aumentada,	 Almedina,	 Coimbra,	 2005;	MENEZES
CORDEIRO,	Manual	de	DireitoBancário,	3ª	ed.,	Almedina,	Coimbra,	2006,	págs.	363	a	403;	MENEZES
CORDEIRO,	Tratado	de	Direito	Civil	Português,	 Parte	Geral,	Tomo	 I,	Almedina,	Coimbra,	 2005,	 págs.
613	a	652;	OLIVEIRA	ASCENSÃO,	Cláusulas	contratuais	gerais,	cláusulas	abusivas	e	boa	fé,	in	Revista
da	Ordem	dos	Advogados,	ano	60,	II,	Lisboa,	2000,	págs.	573	e	segs.;	OLIVEIRA	ASCENSÃO,	Cláusulas
contratuais	 gerais,	 cláusulas	 abusivas	 e	 o	 novo	 Código	 Civil,	 2003,	 em	 http://
www.fd.ul.pt/Portals/0/Docs/Institutos/ICJ/LusCommune/AscensaoJoseOliveira6.pdf	 (acedido	 em
novembro	de	2012);	CARLOS	FERREIRA	DE	ALMEIDA,	Contratos	I,	4ª	Ed.,	Almedina,	Coimbra,	2008,
págs.	175	a	200;	JOAQUIM	DE	SOUSA	RIBEIRO,	O	Problema	do	Contrato–	As	Cláusulas	Contratuais
Gerais	e	o	Princípio	da	Liberdade	Contratual,	Almedina,	Coimbra,	1999;	JOSÉ	ENGRÁCIA	ANTUNES,
Contratos	Comerciais	–	Noções	fundamentais,	in	Direito	e	Justiça	–	Revista	da	Faculdade	de	Direito	da
Universidade	Católica	Portuguesa,	Lisboa,	2007,	págs.	131	a	152;	ANA	PRATA,	Contratos	 de	 adesão	 e
cláusulas	contratuais	gerais	:	anotação	ao	Decreto-Lei	nº	446/85,	de	25	de	Outubro,	Almedina,	Coimbra,
2010,	 JOÃO	 BOTELHO,	 Cláusulas	 contratuais	 gerais	 –	 notas	 de	 jurisprudência,	 Livraria	 Petrony,
Lisboa,	2010;	JOSÉ	MANUEL	DE	ARAÚJO	BARROS,	Cláusulas	Contratuais	Gerais,	Coimbra	Editora,
Coimbra,	2010.
74	 Sobre

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